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As cinco fases do luto não são vividas linearmente, como se costuma

acreditar. Cada indivíduo enlutado passa por essa experiência de modo


singular, de acordo com as suas competências emocionais e história de vida.
Não há regras para viver o luto.

1. Negação
Normalmente, a reação imediata ao ouvir a notícia da morte de alguém amado
é rejeitá-la. A pessoa enlutada não acredita nem quer tentar acreditar na
possibilidade de ter perdido um ente querido, então, rejeita a própria realidade.
“É impossível!”, ela pensa constantemente.
A negação, neste caso, tem como objetivo protegê-la de uma verdade
inconveniente, a qual pode desestruturá-la psicologicamente. Deste modo,
esse estágio do luto pode demorar minutos, dias ou semanas para passar.
É comum que a pessoa enlutada busque o isolamento social e o
distanciamento de tudo que lembre o indivíduo que partiu neste período.

2. Raiva
Sentimentos de raiva, angústia, desespero, medo, culpa e frustração se
manifestam constantemente. Este turbilhão domina a mente da pessoa
enlutada, fazendo-a ter condutas ríspidas e desagradáveis. Quando alguém
tenta trazê-la para realidade, ela reage com agressividade, ainda incapaz de
aceitar a perda.
É possível que a pessoa em luto expresse a sua raiva por meio de atitudes
autodestrutivas, como beber exageradamente, brigar com desconhecidos e
destruir propriedade alheia. Como está transtornada, ela não compreende a
gravidade de suas ações.

3. Barganha ou Negociação
Esta fase do luto se constitui por negociações. A pessoa enlutada negocia
consigo mesma ou com a entidade superior em que acredita na tentativa
desesperada de aliviar a sua dor. Diversos pensamentos de “e se eu tivesse
feito isso” ou de “se eu fizer X coisa, posso reverter a situação” rondam a
mente da pessoa em luto. Mesmo que ela tenha consciência da impossibilidade
desses feitos, ela os alimenta para consolar a si mesma.

4. Depressão
Uma das cinco fases do luto mais intensas é a depressão. A pessoa é
acometida por um grande sofrimento, o qual pode se prolongar por semanas ou
meses. Ela se apega à dor causada pela partida do ente querido, usando-a
como combustível para permanecer em estado depressivo.
Assim, a pessoa enlutada chora copiosamente, repensa as suas decisões e
experiências de vida, se isola de familiares e amigos, tem crises de saudade e
não consegue retomar à vida normal da mesma maneira que antes.
Este estágio do luto requer muita conversa e apoio de pessoas próximas, além
de acompanhamento psicológico. A pessoa em luto pode acabar
desenvolvendo um transtorno de depressão profundo e não conseguir chegar
ao estágio de aceitação da morte.

5. Aceitação
A aceitação é o último estágio do luto, mesmo quando a experiência não é
linear. É neste momento que a pessoa enlutada compreende a sua nova
realidade, constituída pela ausência de quem partiu. Os sentimentos e
angústias já foram externalizados, resultando em uma sensação de paz
interior.
Aceitar a perda não significa seguir a vida como se a pessoa amada nunca
tivesse existido. Não é esquecer os momentos bons partilhados com ela nem
enterrar lembranças calorosas em um canto da mente. A saudade ainda vai
mexer com as emoções e a pessoa amada ainda vai visitar os pensamentos,
mesmo anos após a sua partida.
Aceitar significa conviver pacificamente com a perda. É o mesmo que se
lembrar da pessoa que partiu com carinho, ser grato por ela ter participado de
sua vida, compreender que é preciso continuar a viver mesmo sem a presença
dela e compreender a finitude da vida.
A aceitação pode ser trabalhada muito antes do luto começar.
Apesar de ser difícil aceitar que a vida cessará algum dia, precisamos fazê-lo
para lidar melhor com as nossas perdas. Afinal, nada está escrito. Embora seja
comum esperar pelo fim somente ao chegar a uma idade avançada, todos nós
estamos suscetíveis a encontrá-lo a qualquer momento.
Por isso, abrace, beije, diga “eu te amo”, se apaixone, perca a vergonha e viva
de acordo com seus anseios e valores para não se arrepender depois. Além
disso, converse sobre a morte sem medo para se acostumar com a partida
iminente de pessoas queridas.

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