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Abalos emocionais

Pessoas queforam magoadas podem ser perigosas.

Certos abalos emocionais acompanham o trauma, da mesma forma


como ondas que passam pelo sistema nervoso após traumas físicos.
Muitas vezes, o primeiro abalo é uma dormência; as emoções entram
em choque e ficam temporariamente paralisadas. Isso permite a uma pessoa
continuar funcionando durante um período de tempo. Porém, quando essa
sensação acaba, cuidado! A dor será quase insuportável.
Essas emoções também se parecem com pequenos tremores que vêm
após grande terremoto. Às vezes, eles causam quase o mesmo estrago. Esses
tremores incluem raiva, a autocomiseração da qual falamos, pânico ou medo,
irritabilidade e oscilações de humor.
Pessoas que foram magoadas podem ser perigosas. Você já viu um ca­
chorro sentindo muita dor, mas não conseguiu chegar perto para ajudar? O
cachorro fica rosnando e talvez até morda se você estender sua mão.
Em 1 Coríntios 13.5, lemos que o verdadeiro amor não se irrita. Isso im­
plica que as coisas da vida podem deixar você com muita raiva. Há uma ira
que é justa, e essa emoção permitirá a você tomar as decisões corretas e fazer
as coisas de modo correto.
COMO CONSTRUIR UM CASAMENTO DURADOURO

A ira humana, entretanto, levará você a fazer tudo errado, a descarregar


os problemas nos outros e machucá-los; você machucará como um cachorro
sentindo dor.
Há várias coisas a lembrar em relação à ira: não peque (Ef 4.26,27) reta­
liando ou explodindo com alguém. Não amaldiçoe, não faça nada que você
não queira que façam com você! Não faça tolices.
A ira é uma atitude temporária que pode levar a atos de efeito permanen­
te. Muitas separações são resultado do acesso de ira de alguém ou de coisas
que foram ditas na hora da raiva.
Já falamos sobre a autocomiseração, e ela é uma emoção sedutora. Você
pode ficar viciado em sentir pena de si mesmo, e arruinar a sua vida inteira.
O pânico é outro sentimento sério. Quando o pânico ataca, a razão desa­
parece. Essa é a emoção que leva você a fazer coisas irracionais.
O pânico faz com que você aceite menos do que merece. Algumas pes­
soas já se casaram em um momento de pânico: “Estou ficando velho, talvez
esta seja minha última chance”. Outro antigo ditado popular diz: “Quem
casa muito prontamente, arrepende-se muito longamente”. Isso quer dizer
que você terá muito tempo para arrepender-se de sua pressa.
Lide com o pânico perguntando a si mesmo: as coisas estão tão ruins
quanto parecem? Comece a avaliar os aspectos positivos e as possíveis vanta­
gens de sua nova situação.
O pânico é o medo em ação. E uma emoção que começa com algum tipo
de medo.
O medo, geralmente, brota da insegurança, de não ter um alicerce sólido
de amor e de confiança. O medo nunca vem de Deus.

Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de


amor, e de moderação.
2 Timóteo 1.7

Moderação significa uma mente equilibrada, um modo correto de pensar.


Quando o medo atacar, pare e pense. Se você conseguir manter a racionali­
dade por tempo suficiente, verá que esse sentimento não é tão terrível assim.

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ABALOS EMOCIONAIS

A sombra da morte não mata inevitavelmente alguém. Davi escreveu


que não a temeria (Sl 23.4). A maioria de nossos medos é na verdade uma
sombra, não algo real.
A insegurança gera o medo. Por estar magoado, você tem medo de confiar
em outra pessoa. Você pode não querer mais se aproximar de outras pessoas.
Irritável ou irritabilidade guardam o mesmo sentido que o da raiz da pa­
lavra irado. Uma pessoa irritável está sempre à beira da ira, sempre esperando
para que um gatilho seja acionado ou um botão apertado para explodir. A
irritabilidade é o estágio que antecede a ira.
Oscilações de humor ocorrem na hora em que você pensa: “Não posso
suportar ficar sem ele. Sinto muito a falta daquele idiota”. Alguns minutos
depois, você pensa: “Quem precisa dele? Estou muito melhor sozinha”.
Esse estado pode levar ao estágio do misto de sentimentos ou da manuten­
ção de contato, em que a pessoa está mais disposta a submeter-se a um contato
limitado do que à separação total.
Entretanto, oscilações de humor ficam entre os altos e baixos. Os altos
são a felicidade e a alegria, e os baixos são a derrota e a depressão. Por outro
lado, o misto de sentimentos oscila entre o amor e o ódio
Qualquer um dos abalos emocionais de altos e baixos pode levar a um
colapso nervoso ou mental.

O colapso nervoso é uma válvula de escape

O colapso nervoso ocorre quando sua capacidade de lidar com o estresse


é testada. O estresse levado ao extremo produzirá um colapso. Na verdade, os
nervos não são destruídos. O que entra em colapso é a capacidade mental de
uma pessoa lidar com situações difíceis.
As pessoas não conseguem lidar com seus problemas mentalmente, en­
tão escapam para algum tipo de fantasia ou ilusão. Elas ora começam a negar
algo que aconteceu, ora inventam outra coisa.
Elas se refugiam na fantasia. Quando não conseguem lidar com o que
está acontecendo de fato, as pessoas tendem a criar um mundo em que isso
é possível.

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COMO CONSTRUIR UM CASAMENTO DURADOURO

Lembra-se de quando, na época de escola, uma prova estava marcada e


você não estava preparado para ela?
Você talvez orasse para não amanhecer, para a noite ser mais longa, como
eu; ou talvez você fantasiasse que estava doente para poder ficar em casa. E,
em algumas situações, a pessoa acabava ficando doente de verdade.
Isso é insanidade temporária.
Há pessoas vivendo em vários estágios de abalos emocionais e colapso
que vem em seguida à separação e ao divórcio. Muitas dessas pessoas têm
boa aparência e sorriem, mas não estão de fato lidando com a realidade. Elas
vivem algum tipo de fantasia.
Essa é a progressão: sentir-se anestesiado, ter reações baseadas em ondas
de choque, e depois recuperar-se de uma doença emocional crônica.

Mecanismos de sobrevivência

Já discuti os traumas envolvidos na perda decorrente de separação, morte


ou divórcio, escrevi sobre as várias reações à perda e falei sobre os abalos emo­
cionais que se seguem a tamanhas mudanças. Agora, quero abordar as várias
técnicas para lidar com essas situações.
Em resumo, há quatro maneiras básicas de sobreviver. Há quatro esco­
lhas sobre como lidar com a perda de um relacionamento:
1. Você evitou enfrentar a situação, tanto no sentido racional como no
emocional ou das atitudes tomadas ?
Isso significa que você está envolvido por todas as emoções e escolheu
a manutenção do contato, perder-se em um grupo ou retirar-se para o
isolamento.
Se você está evitando enfrentar a perda, isso significa que você se recusa a
falar sobre o assunto; você evita pessoas que lhe farão perguntas e evita situa­
ções que lhe lembram o passado.
2. Você escapa da situação de alguma forma? Você se refugiou num mun­
do de fantasia ou precipitou-se em um novo relacionamento?
As pessoas tentam escapar de uma decepção substituindo um relaciona­
mento por outro, e já falamos sobre como isso é perigoso.

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ABALOS EMOCIONAIS

3. Você nega o que aconteceu?


Isso é muito grave, porque leva a um colapso nervoso ou mental. A nega­
ção é um problema sério entre muitas pessoas que estão na Palavra, cristãos
confessos e cheios do Espírito. Elas sentem que admitir o sofrimento é admi­
tir fracassar na fé.
Elas se escondem sob a capa da falsa espiritualidade. Pessoas sofrendo
vão a muitos cultos de oração, e oram em voz alta por outras pessoas, mas
nunca admitem que precisam de oração. Para elas, isso seria como contradi­
zer o princípio da confissão positiva.
Essas pessoas precisam dizer: “Socorro! Alguém pode orar por mim? Es­
tou sofrendo. Isso está matando-me”.
Em vez disso, elas negam a realidade. Dizem: “Não estou sofrendo. Entre-
guei isso ao Senhor e deixei no altar”. Contudo, às duas e meia da manhã elas
estão agitadas virando para lá e para cá na cama, cheias de angústia. E preciso
entender que a fé verdadeira é mais do que um consentimento mental.
4. Você encarou os fatos, aceitou a realidade e buscou a abertura necessá­
ria para lidar com as consequências, os efeitos e os resultados ?
Tenho certeza de que muitos leitores estão perguntando-se: “Como você
chega a uma abertura? É fácil para você falar sobre ser aberto. Mas é difícil
agir assim. Como se faz isso?”
Elá uma porta que levará você à abertura necessária para permitir que
Deus lhe cure. E somente Deus pode curar um coração partido.

A saída

Elá uma saída, um estágio de recuperação que é saudável. Essa saída é a


abertura.
A abertura é um desejo sincero de enfrentar a verdade e lidar com a mu­
dança. A abertura permite a você começar a fazer planos para o futuro, e não
ficar horas revivendo o passado.
Aceitar o que aconteceu e aprender como ir em frente requer abertu­
ra. O que pode ajudar é a compreensão de que todo o mundo passa por essa
experiência, ainda que em intensidade e modo diferentes.

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COMO CONSTRUIR UM CASAMENTO DURADOURO

Um garotinho cujo cachorro foi atropelado terá de lidar com isso, assim
como um adulto terá de fazer quando sofrer uma perda. A vida é um proces­
so de mudança. Somente Deus permanece o mesmo. A sociedade muda, as
nações mudam, as pessoas mudam.
O apóstolo Paulo entendeu isso, quando escreveu:

Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa
faço, e ê que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando
para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da
soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
Filipenses 3.13,14

Ele estava falando sobre coisas em seu ministério e aguardando ansiosa­


mente para terminar sua corrida terrena com honra. Porém, o mesmo princí­
pio se aplica ao mover do passado para o futuro em muitas áreas.
Você não pode levar uma vida saudável se estiver vivendo no passado. Não
deixe que os fracassos do passado interfiram no seu futuro.
E preciso deixar o passado ficar no passado e seguir adiante.
Existe vida para você após o divórcio, após a separação, após a morte de
um ente querido, e após ter sido abandonado. Mas você deve, primeiro, en­
contrar sua esperança em Deus.
Paulo continuou em Filipenses dizendo: Prossigo para o alvo, pelo prêmio
da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus (Fp 3.14).
Observe que Paulo não disse: “Prossigo para uma outra cidade, ou para
um próximo reavivamento, ou para uma nova viagem”. Essas coisas vieram
como resultado de prosseguir na direção de Jesus e de Seu propósito para a
vida do apóstolo.
Você não pode buscar a abertura e a cura por meio de outro casamento,
outro namorado ou outro relacionamento. Você precisa focar seus olhos em
Jesus e no propósito que Ele tem para a sua vida.
Se você está divorciado ou passou pelo rompimento de qualquer tipo de
relacionamento, analise as idéias expostas neste capítulo. Se você admite que
está nessa situação, esse livro pode ajudá-lo a superar o trauma e a pôr sua vida
de volta nos trilhos.

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