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Capítulo sobre TAG

Para certos tipos de pessoas, imaginar um problema indica que de fato há um


problema que precisa ser enfrentado.

Em vez da morte que esperamos evitar com a preocupação, acabamos sofrendo


milhares de pequenas mortes diariamente. Como retorno da suposta segurança em
relação à catástrofe (uma segurança dúbia, na melhor das hipóteses), perdemos a
oportunidade de viver nossa vida ao máximo.

E, de fato, quem se preocupa, se preocupa até com o fato de se preocupar demais.

Em poucas palavras, a preocupação, além de ser uma estratégia para se defender do


desastre, é também uma maneira de bloquear emoções.

Quando suas emoções estão causando desconforto, a atividade racional da


preocupação é uma maneira certeira de desligá-las. Você, essencialmente, anestesia
seus sentimentos desagradáveis.

A hipótese de que você não suporta ficar infeliz, ansioso, assustado ou desconfortável,
que esses sentimentos devem ser evitados a todo custo.

A de que as emoções negativas não podem ser toleradas.

Na verdade, seu relacionamento com a preocupação é similar àquele do alcoólatra


com o álcool: você precisa dela para atenuar a dor. A diferença é que aqui a droga é
pensar: você tenta pensar em um modo de sair do desconforto. Você está pensando,
não sentindo. Você pensa que precisa pensar, mas, como veremos, você realmente
precisa é sentir e chegar a um acordo com suas emoções.

Para neutralizar o sofrimento causado por sentimentos difíceis, tais sentimentos


devem ser confrontados – eles devem ser sentidos a fim de ser libertados. Você tem
de passar por seu desconforto para superá-lo. É por isso que seu tratamento para o
TAG implicará entrar em contato com emoções subjacentes. Somente dessa forma sua
agonia poderá se dissipar.

Isso ocorre porque elas estão em um estado constante de prontidão para o perigo,
como se estivessem caminhando por um terreno hostil em busca de predadores e
inimigos.

Elas continuam hiperalertas para o perigo, sempre o vendo como se fosse a primeira
vez. É quase como se estivessem constantemente enfrentando ameaças.

É como se fosse preciso dar uma resposta do tipo “encare ou fuja” todos os dias. Mas
os perigos nesse caso estão, em grande parte, em sua mente.

Primeiramente, sua mente busca perigos possíveis, tentando prevê -los com a maior
antecedência possível. A seguir, transforma a ameaça em catástrofe, presumindo o
pior cenário possível e fazendo dele a base para suas previsões (a preocupação parece
estar acompanhada do pessimismo). Depois, você começa o estágio do controle,
verificando toda e qualquer informação, não descansando nunca, incomodando os
outros, tentando cobrir todas as situações. E você dirige seu controle à sua própria
mente, dizendo a você mesmo para parar de se preocupar. Isso não funciona.

Ao mesmo tempo, você evita as situações que acionam a sua preocupação: uma tarefa
desagradável, uma conversa difícil, uma visita ao médico.

Você precisa ter certeza absoluta: É improvável que aconteça, e exigir certeza só fará
com que você se preocupe mais.

Você precisa ter controle: Você sente que essa é a única maneira de evitar que coisas
terríveis aconteçam.

Se uma preocupação surgir na sua cabeça, você tem de fazer algo a respeito: Você
acha que precisa estar no controle. Mas não precisa. Pode se sentar, tranquilo, e dizer:
“Há outros pensamentos”.

Você precisa evitar qualquer desconforto emocional: Mas a realidade da vida é que
todos nós sofremos, fracassamos, e ficamos surpresos se coisas ruins acontecem.
Passar a vida se preocupando apenas aumenta o sofrimento.

Você precisa da resposta neste momento: É como se você sentisse que algo terrível
estivesse se aproximando rapidamente.

Você não consegue viver o momento presente: Você vive em um futuro que nunca
acontece.Você não vive uma vida em que aceita e aproveita a experiência corrente.
Você está sempre vivendo em outro lugar – o futuro.
Você, então, ativou a preocupação como uma maneira de evitar o risco, de prever o
perigo, de resolver problemas, de motivar a si mesmo, de eliminar a incerteza e de,
finalmente, evitar emoções difíceis.

Ironicamente, já que as coisas ruins não acontecem, você conclui que sua preocupação
está funcionando. Se algo de ruim acontece, você conclui que precisa se preocupar
ainda mais. Você não aceita o fato de que coisas ruins vão acontecer de qualquer
modo, mesmo se você se preocupar.

Mas a melhor maneira de estar pronto para alguma coisa ruim é ser capaz de resolver
problemas que de fato existem – e ser capaz de viver uma vida que valha a pena.
Porque você vive em um mundo de perigo e de per da, que existe em sua cabeça –
você não se dá conta inteiramente das coisas maravilho sas que estão bem diante de
você.

Tenha em mente o fato de que, quando você está se preocupando, você está pensando
em termos abstratos, tentando resolver ou evitar problemas, e está temporariamente
bloqueando suas emoções.

A preocupação realmente é seu comportamento de segurança. É o que você faz para


ficar temporariamente seguro e evitar o que você realmente mais teme. Você escapa
da sua ansiedade por meio da preocupação.
De um lado, ela o está desgastando, arruinando a possibilidade de aproveitar a vida,
interferindo em seus relacionamentos,mantendo-o acordado à noite e deixando-o
deprimido. De outro lado, você pode estar abrigando uma crença secreta – secreta até
mesmo para você – de que a sua preocupação vai protegê-lo e ajudá-lo a resolver os
problemas.

Tenha isto em mente: ação é diferente de preocupação. Não se preocupe – aja!

Livrar -se de uma preocupação inteiramente é uma tarefa impossível. Só pensar nisso
já é algo avassalador, justamente porque se trata de uma tarefa impossível. Você
nunca será capaz de eliminar a preocupação de sua vida.

A meta não é se livrar das preocupações, mas continuar funcionando apesar delas.

A preocupação vai mesmo me ajudar?


Que conselho você daria a um amigo?
Como eu poderia lidar com a preocupação se ela ocorresse?
Quais são algumas boas razões para que eu não precise da preocupação para que tudo
funcione?
Quantas vezes me enganei no passado ao me preocupar?
Com o que me preocupei no passado e que hoje não me preocupo mais?

É bom ver no papel as voltas que sua mente dá (em vez de ouvi-las ecoar de maneira
caótica em sua cabeça).

Como vimos, parte da estratégia de se preocupar é evitar emoções dolorosas.

Você pode ter desenvolvido a percepção de que certas emoções (ansiedade, raiva,
frustrações, tristezas) sairão de controle. Você pressupõe uma necessidade de ser
racional a toda hora. Você pode até ter vergonha da maneira como se sente.

Em poucas palavras, você precisa validar suas emoções. Você não só tem direito a
elas como o fato de ser capaz de senti -las é absolutamente crucial para superar seu
TAG.

Uma técnica útil é manter um diário de suas emoções. Toda vez que você tiver ciência
de um sentimento (tristeza, ira, ansiedade, confusão, medo, desesperança, felicidade,
curiosidade, empolgação), anote-o, juntamente com a situação que o produziu. Tente
não comentar sobre o sentimento de maneira alguma (se ele é prazeroso ou não, por
que o sentiu, se se justifica, o que significa psicologicamente), somente fique com o
sentimento em estado puro. Esta última observação é importante porque qualquer
dessas distrações pode retirá-lo do mundo do sentimento e jogá-lo de volta ao mundo
do pensamento.

Todas as pessoas têm sentimentos difíceis. Os sentimentos são temporários e não o


matarão. Não há problema em ficar confuso, porque a vida é complicada. Os
sentimentos não são fatos e não machucam as pessoas. Apenas os comportamentos
podem machucar alguém. Seus sentimentos mudam de intensidade. Já que são
temporários, passarão, e você vai se sentir de maneira diferente.
Você sente uma forte e quase irresistível urgência de fazer algo, muito embora não
haja nada a fazer. Na verdade, você está se preocupando com o fato de que deveria
estar fazendo algo para corrigir a situação.

Com frequência, não percebemos o quanto nosso sentimento de precisarmos fazer


algo pessoalmente, de sermos responsáveis por resolver uma situação ruim, aumenta
nosso nível de tensão. Quando nos rendemos a essa responsabilidade, erguemos um
fardo. A questão de você se atrasar ou não para o trabalho foi provocada por um
engarrafamento e não por você. Por isso, não há razão para se preocupar.

Ainda assim, continuamos a planejar e a nos comportarmos como se nossas vidas


dependessem de o plano transcorrer perfeitamente. Contudo, a realidade é a realidade,
independentemente de nós a controlarmos. Se não podemos controlá-la, não há
sentido em protestar, criar obsessões, reclamar, buscar afirmação ou, nosso tema
atual, se preocupar. Nenhuma dessas ações vai mudar o que é.

“Deus, dai-me a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem
para mudar as coisas que posso e a sabedoria para saber a diferença entre ambas”.

Quais são as limitações que você pode aceitar? Você pode aceitar não estar no con
trole, a possibilidade de se decepcionar, o fato de que as coisas podem não acontecer
exatamente como planejadas?

Se for desagradável, injusta, incerta e desconhecida, então você tem de aceitá-la como
é, mesmo se você não gostar dela ou não conhecê-la – e mesmo se não puder
controlá-la. A realidade é o que é, e protestar, se preocupar, ruminar ou buscar
afirmação não mudará o que ela é. Você pode protestar contra ela, pode reclamar e
pode bater pé. Mas a realidade é o que é.Você não sabe ou não controla todas as
coisas – e liberte -se. Inspire, expire. Deixe as coisas serem como são.

Como aceitar serenamente a incerteza da vida?

“Quais são as vantagens e desvantagens de aceitar a incerteza?”. A vantagem é que


você vai se preocupar menos e viver mais o momento.

Em que áreas de sua vida você atual mente aceita a incerteza?

Você está equiparando a incerteza a um resultado negativo? A incerteza não indica


resultados terríveis. Na verdade, é neutra.

“Eu de fato tenho a necessidade de alguma incerteza?”. Sim, uma necessidade de


incerteza. A vida seria entediante. Você assistiria ao mesmo programa de televisão se
ele fosse inteiramente previsível, ou a um jogo esportivo se sempre soubesse o
resultado antes de o jogo ocorrer – e se soubesse antes do jogo o que exata mente
aconteceria? Duvido. Seria muito entediante.

Pratique repetir para si mesmo: “É possível que algo de ruim aconteça”. Repita isso
lentamente, várias vezes, por 20 minutos, todos os dias. Repita sua preocupação
específica: “É possível que seja câncer” ou “É possível que eu seja demitido”. Você
descobrirá que é difícil prestar atenção à sua preocupação durante 20 minutos. Torna -
se entediante.

Está a urgência para descobrir as coisas agora.você precisa saber a resposta de


imediato. Você começa a pensar sobre o assunto, pesando os pontos positivos contra
os negativos, passando da esperança ao desespero. Você fica deitado durante horas,
mas em vez de fazer alguma coisa, seus pensamentos apenas geram mais e mais
ansiedade. Pela manhã, você está em farrapos; mas, é claro, não está mais perto de
saber a resposta do que estava quando acordou.

De alguma forma, uma crença de que você não mais pode descansar antes de saber
como será o futuro se alojou em sua consciência.

Mas não se trata de uma emergência. Em primeiro lugar, porque não há maneira de
descobrir o que vai acontecer, a não ser esperar para ver. Também não há maneira de
saber se o que acontece será bom ou ruim. E mesmo que você soubesse tudo isso, não
haveria muito a fazer a respeito de problemas no meio da madrugada, na cama.

Você acha que as suas preocupações serão tão avassaladoras que você perderá o
controle e ficará insano.

Enfrentar os seus piores medos e praticá-los pode ajudá-lo a superar suas


preocupações. Se você consegue enfrentar o seu pior medo, não precisará se
preocupar com ele ou evitá-lo.

Relaxamento Muscular Progressivo:Essa técnica pode produzir um efeito muito


calmante. Entretanto, seu maior efeito não será imediato; ele apenas será sentido na
prática contínua. Enquanto praticar, este já ciente de qualquer tensão específica que
possa sentir em seu corpo. Concentre -se mais nessa área. Por exemplo, neste
momento quando me inclino para a frente, digitando em meu computador, noto uma
leve tensão em meu ombro direito. Reclino -me, tensiono e relaxo o ombro. Sinto -me
melhor. Tensão e relaxamento: uma boa prática.

Quando nos preocupamos, construímos cenários de ansiedade a partir do passado (de


coisas ruins que aconteceram) e do futuro (coisas ruins que imaginamos que venham a
acontecer).Mas o passado e o futuro são construções de nossa mente, o que é real é o
presente.

Praticar mindfulness pode ter um impacto poderoso: interrompe a sequência de


pensamentos voltados ao passado e ao futuro e que nos mantêm em um constante
estado de pânico interno.

As pessoas que se preocupam o tempo todo estão acostumadas a considerar seus


pensamentos como reflexos da realidade.

A chave para considerá-los dessa maneira, sem o seu aspecto assombroso, é parar de
lutar contra eles e apenas observá-los.
Quando você se sentar se preocupando conscientemente sobre tudo que existe, faça
uma lista de todos os pensamentos ansiosos que passam por sua mente.

Use o tempo para estudar sua experiência sobre o pensamento: como ele o faz reagir,
que ansiedades provoca, o impacto que tem sobre seu corpo (é importante estar
consciente dessa questão em especial). Continue fisicamente presente. Tente prestar
atenção a cada pensamento no momento, sem ficar preso ao ponto para onde ele se
desloca. Afinal de contas, trata -se apenas de um pensamento. Se seus pensamentos
fossem realidade, você estaria morto há muito tempo.

Você precisará desenvolver novos hábitos de relaxamento, aceitação e pensamento e


um modo de lidar com sua sensação de urgência, incerteza, controle e risco. Isso não
acontece rá de um dia para outro e você provavelmente tenha alguns acessos de
preocupação. Não se preocupe com eles – simplesmente continue usando essas
técnicas.

Não espere a perfeição ou eliminar suas preocupações nesse exato momento. Progrida
aos poucos.

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