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(adormecido) e o hereditário
1º SETÊNIO – O ninho. Interação entre o individual (adormecido) e o hereditário
– Dos 0 aos 7 anos de idade:
A fase da gestação, nascimento, nutrição e crescimento. No 1º setênio há o encontro
entre a parte espiritual da individualidade e a parte biológica, preparada após a
fecundação no ventre materno. A primeira infância é uma fase de individuação, de
construção do nosso corpo, já separado do da nossa mãe, da nossa mente e da nossa
personalidade. A hereditariedade está bem marcada nas células do corpo no 1º setênio,
pela ação das forças herdadas, e são armazenadas nos rins para a vida inteira – deixando
assim a marca na fisionomia do corpo do indivíduo.
Chamada de primeira infância, os primeiros anos da nossa vida são marcados pelo
desenvolvimento do corpo – muito ligado à nossa cabeça, ponto mais alto e que
nos faz refletir e pensar – e da nossa capacidade motora.
É quando, literalmente, cortamos o vínculo com as nossas mães e passamos a
construir a nossa personalidade.
Obviamente, isso acontece de maneira muito incipiente e sujeita a muitas
influências externas.
Ainda assim, mesmo tudo sendo primitivo, é um passo muito importante, pois
começamos a conhecer nós mesmos.
Segundo defende a pedagogia Waldorf – aquela que usa a antroposofia como base
em suas escolas -, o primeiro setênio deve ser o momento em que os pequenos
possam perceber as perspectivas positivas do mundo.
Assim, eles vão gostar do universo que se apresenta e vão ter prazer de estar neste
plano, cultivando a felicidade e os sentimentos bons por um longo tempo.
Além disso, esses primeiros setes anos precisam ser de muitas descobertas.
Por isso, os pais têm a responsabilidade de incentivar os filhos a testarem seus
corpos e conhecerem seus limites.
Tentar deixar as crianças com o maior contato possível com a natureza, evitando
ficar muito tempo em ambientes fechados, também é algo positivo para refletir e
viver a espiritualidade de forma mais intensa.
O que todo adolescente busca?… liberdade! Eles não querem os pais, irmãos mais
velhos nem professores “pegando no pé”. O que rege esse ciclo é o sentido de liberdade.
No sentido corporal, as forças que se acumulavam nos órgãos centrais se espalham e
chegam aos membros e no sistema metabólico.
A partir dos 21 anos nossa individualidade, nosso self, toma uma força considerável na
tentativa de estabilização. O “Eu” começa realmente a se mostrar, mesmo ainda estando
em formação. No entanto, para que esse “Eu” apareça e se forme, mesmo sendo algo
subjetivo e interno, ele depende do mundo exterior, da sociedade.
O espaço dessa criança é o mundo, já não pode se resumir a família nem a Escola. Ele
precisa se reconhecer e ser reconhecido, aceito, achar a “sua turma” para compor um
grupo no qual se identifique.
A liberdade nesse ciclo atua como a vivência do “bom” no primeiro ciclo e do “belo” no
segundo ciclo. Ocorre que a liberdade só se dá num ambiente de tensão entre as
possibilidades, impossibilidades e desejos. A mulher começa a menstruar e o homem se
torna fértil. Essa tensão costuma gerar rompimentos, as vezes esses rompimentos são
violentos, mas são necessários e próprios desse ciclo. Essa liberdade também tem um
sentido de exposição. Tudo está voltado para o externo, para fora, para o mundo. Há
uma dificuldade em ouvir o outro e entender suas posições, tudo deve seguir o seu
sentimento de mudança, de julgamento de certo e errado, de bom e ruim.
As trocas nesse ciclo são importantíssimas. O diálogo, a abertura ao novo, a prática da
compreensão, da solidariedade, assim como o seu reconhecimento e o pertencimento.
Os questionamentos são fruto desses choques. É o momento de questionar a tudo e a
todos.
Também é o momento do discernimento, das escolhas profissionais, do vestibular, do
primeiro emprego, pois a liberdade também só faz sentido quando percebemos a vida
econômica. O dinheiro então pode ganhar um sentido de poder que talvez não seja
saudável. É a partir desta idade que começamos a ter um pensamento mais autônomo,
ainda que, nesta época, acreditemos estar amadurecidos para efetuar julgamentos.
A fase onde o ser humano sai do mundo mais paradisíaco e cósmico da infância e entra
no mundo terreno. Ele se torna cidadão terrestre, coparticipante da cidadania, de seu
lugar, sociedade, e do mundo.
O quinto setênio é aquele que pode se apresentar como o mais complicado até
então.
Não que os outros não tenham suas dificuldades, mas esta fase envolve muitas
crises, que nos colocam em dúvida sobre o nosso papel no mundo.
A chamada crise dos 30 é a mais comum.
A cobrança em excesso, a sensação de impotência e os sentimentos de frustração
e angústia são constantes.
Isso tudo acontece porque estamos em um ciclo que é um divisor de águas. Não
somos mais jovens, mas também não estamos completamente maduros ainda.
A tendência é que tentemos nos transformar para nos enquadrarmos em
determinado lugar.
Essa mudança pode vir através da elevação da espiritualidade e a busca pela
harmonia entre todos os elementos da vida.
Por mais que esse período de crises seja atribulado, é por meio dele que também
nos renovamos e aprendemos novas coisas.
Organizar a “casa”, refletindo sobre o passado e projetando o futuro – diante de
todas as informações que agora possui -, é uma medida importante a se tomar.
Existe muita sensação de angústia e de vazio entre aqueles que estão nesta
fase. Os gostos mudam e as pessoas têm a sensação de não se conhecerem.
Sentem-se impotentes durante esta passagem da juventude para a maturidade,
quando têm de deixar de lado a impulsividade para passar a encarar a vida
com mais responsabilidade.
A Antroposofia acredita que o 56º ano de vida traz uma brusca mudança. Ela está
na forma como a pessoas se relaciona consigo e com o mundo. Como os ciclos se
correspondem, esse se liga ao primeiro setênio, aquele que vai do nascimento até
os sete anos de vida. A audição, a visão, o paladar das pessoas dessa fase se
iguala e o mundo fica estranho.
Contudo, essa fase, por exemplo, evidencia uma volta para dentro de si. O interno
passa a fazer muito mais sentido que o externo. É importante internalizar-se,
desenvolver os sentidos espirituais. A comunicação com o mundo externo passa a
ter ruídos, principalmente pelas mudanças que a sociedade sofreu nesse período
inteiro.
A reclusão passa a ser algo natural, boa para a autorreflexão e a busca pela
essência. A sabedoria pelo conhecimento acumulado e a intuição que passa a ser
mais clara, tornam-se elementos fundamentais dessas pessoas. Elas são o
contraponto do sentimento de fracasso e insucesso que, porventura, possa
aparecer, vindo dos questionamentos daquilo que se alcançou ou deixou de
alcançar.
É a etapa mística ou intuitiva: O que eu consegui realizar? Como estou cuidando do
corpo, da memória, dos órgãos dos sentidos? Como estão meus bens e
aposentadoria?
Quem fez o que tinha que ser feito, tende a chegar a essa etapa com o coração
cheio de gratidão pelas conquistas e pela colheita recebida ao longo da vida.
Já aquelas que ficaram perdido pelo caminho podem ser tomados por intensa
sensação de amargura.
Neste setênio é importante estimular a memória e a mudança de hábitos. Isso
porque o período da aposentadoria pode se mostrar como algo limitador,
principalmente para quem sempre focou a vida no status profissionais e que
agora acredita que não terá outra forma de se autorealizar.
Hoje talvez essa divisão seja um pouco diferente e, com certeza, faz sentido pensar em
mais um ou dois ciclos de sete anos, visto que estamos vivendo cada dia mais, mas o
aprendizado com a Antroposofia e a teoria dos setênios é enorme. Metaforicamente ou
não, poucas linhas de pensamento conseguem dar pensar de forma sistêmica como essa.
De forma que é impossível pensarmos em algo tão complexo quanto a nossa vida de
forma linear e homogênea.
Há uma série de arquétipos que podem ser observados nessas diversas fases, mas isso é
assunto para um novo artigo. Lembre-se sempre de se lembrar de nunca esquecer que o
saber é o nosso bem maior, cada leitura, cada livro, cada conhecimento acumulado é
uma forma de sermos melhores e mais capacitados, além de nos conhecermos mais a
cada dia.