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IFAM
MESTRADO EM REDE EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – PROFEPT
DISCIPLINA DE PRÁTICAS EDUCATIVAS EM EPT
RESUMO
Apresenta as necessidades, possibilidades e desafios para o Ensino Médio Integrado. Discute
a importância de repensar as finalidades e práticas pedagógicas no Ensino Médio, propondo
a reflexão sobre superar a ideia de ensino descontextualizado à vida do educando,
considerando a função social da escola e suas consequências na vida produtiva. Sugere uma
real integração entre a educação básica e a educação profissional, relacionando ciência,
tecnologia, cultura e o trabalho, enquanto princípio educativo.
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho analisa de forma geral as ideias discutidas no artigo “Ensino Médio
Integrado: da conceituação à operacionalização” (RAMOS, 2014). O artigo nos leva a refletir
sobre a importância de repensar as finalidades e práticas pedagógicas no Ensino Médio,
considerando a importância dessa etapa não apenas para a formação do aluno, mas para o
tipo de sociedade que almejamos construir. Assim, leva os educadores a superar a ideia de
ensino descontextualizado à vida do educando, bem como problematiza sobre a função social
da escola e suas consequências na vida produtiva.
Inicialmente é exposta uma contextualização histórica, com foco para a década de
1980, marcada pelo processo de redemocratização e de luta social, no que se refere às
políticas públicas e sociais no campo da saúde e da educação. No que concerne à saúde, há a
conquista da universalização desse direito, por meio de uma organização sistêmica nacional,
que é o Sistema Único de Saúde, referência para muitos países, apesar das contradições que
acompanham a efetivação desse direito. No campo da educação, as conquistas foram parciais,
por meio da instituição dos sistemas de ensino federal, estadual e municipal.
Ramos (2014) reflete sobre a importância das discussões em torno do Ensino Médio,
sobretudo devido ao fato de se tratar de um momento ímpar no desenvolvimento do
indíviduo, quando ocorre a transição da fase infantil para a adulta, transição essa marcada
não apenas por fenômenos psicológicos, mas sociais, especialmente sobre as definições que
1
Professora EBTT do IFPA campus Itaituba, graduada em Pedagogia e pós-graduanda do mestrado
em Educação Profissional e Tecnológica – PROFEPT. Resumo expandido apresentado à disicplina
Práticas Educativas em EPT. 2020.
2
Professora EBTT, IFAM campus Manaus Centro. Docente da disciplina de Práticas Educativas em
EPT.
envolvem a configuração social e sua relação com a divisão social do trabalho, o que por sua
vez reflete em aspectos relacionados ao desenvolvimento econômico e distribuição de
riqueza.
A autora explora assim a relevância do Ensino Médio apresentar uma real integração
entre a educação básica e a educação profissional, relacionando ciência, tecnologia, cultura e
o trabalho, enquanto princípio educativo. Dessa forma, Ramos argumenta sobre o porquê do
Ensino Médio ser um campo de luta, e o quanto é necessária a superação da dicotomia entre
o currículo com foco na humanidades e um currículo com foco na ciência e tecnologia. Para
tanto, explora as possibilidades e limites da integração do currículo no Ensino Médio.
Para dialogar com o trabalho da autora, consideramos interessante a abordagem de
Borges (2017), no artigo “Educação, escola e humanização em Marx, Engels e Lukács”, que
analisa a escola e o ensino no Brasil, além de abordar a importância de educar para humanizar,
considerando que a escola deve contribuir sobre a forma como se aprende a ser homem, isto
é, viver em sociedade, relacionando-se harmonicamente.
Ciente de que a educação tem uma função social central na humanização do homem
e em seu desenvolvimento, faz-se necessário analisar o papel e finalidade do Ensino Médio,
dentro da trajetória educacional brasileira. Nesse aspecto, percebemos o quanto é urgente que
a proposta de ensino adotada ultrapasse seu caráter dual, em que há formações diferenciadas,
conforme classe ou segmento social do educando. É nesse aspecto que cabe repensar o caráter
contraditório da escola, que deveria promover a emancipação humana, a superação das
desigualdades, porém em muitos cenários apenas reproduz o poder hegemônico
(BOURDIEU; PASSERON, 1979).
Dentro desse cenário, surge a proposta da escola unitária, a qual não é dividida para
os segmentos sociais, mas que constrói organicamente uma nova formação dos seus sujeitos,
ressignificando a relação trabalho e conhecimento, considerando o sujeito em suas múltiplas
dimensões e potencialidades. Para tanto, a formação omnilateral se faz essencial, enquanto
processo que permita o desenvolvimento em todos os sentidos, incitando a autonomia do
educando para que assim ele seja capaz de estruturar suas escolhas, dotado de múltiplas
experiências.
O trabalho como princípio educativo é outra proposta que precisa ser adotada e
vivenciada, a qual se manifesta nos diversos momentos e atividades planejadas na escola
intencionalmente com o propósito de relacionar as vivências do cotidiano com a formação
escolar, como Ramos (2014, p.21) menciona: “[...]falar da produção da existência, em todos
os sentidos, é falar de como o ser humano, como cada um de nós produzimos a nossa
existência ao longo da história e em um dado tempo-espaço histórico-social definido”.
Nesse propósito, Ramos ainda apresenta o projeto de educação politécnica,
compreendido como uma formação técnica de excelência, voltada para a aprendizagem de
múltiplas técnicas, o qual perpassa pela compreensão dos fundamentos científicos,
tecnológicos, sociais, históricos, culturais, da produção da vida, superando o ensino voltado
apenas para fundamentos da base produtiva, mas construindo um processo que considere todo
o contexto de relações e saberes envolvidos, o que será possível a partir de uma abordagem
integrada dos conhecimentos. Borges (2017) ratifica que a escola precisa garantir o acesso
aos conteúdos sistematizados pela humanidade, e não apenas isso, precisa ser: “[...]capaz de
permitir a compreensão do mundo além da mercadoria e da propriedade privada que suponha
uma sociedade em que o indivíduo apreenda sentidos ou conteúdos, que possa se entender
pleno no coletivo e que sua realização seja a realização do outro” (BORGES, 2017, p. 120).
Ao elucidar sobre o ensino médio integrado, Ramos (2014) evoca uma proposta que
considere as dimensões essenciais que a escola deve assumir para a vida do educando.
Primeiramente, no sentido de integrar currículo, prática pedagógica e prática escolar com as
dimensões fundamentais da vida, que constituem a formação humana, sendo composto por
questões da ciência, do trabalho, da cultura e da tecnologia. Vale ressaltar que o processo de
integração é um desafio constante, pois ele precisa dialogar com a configuração social em
que a escola está inserida, inclusive considerando suas transformações e novas características
assumidas ao longo do tempo.
Outro sentido da integração, refere-se ao caráter político, relacionado à cidadania,
em que ao educando é assegurado o direito à educação básica e profissional, sem valorizar
uma em detrimento da outra. Por fim, Ramos (2014) defende a integração no sentido
epistemológico, considerando o conhecimento em sua totalidade, bem como suas múltiplas
determinações, interrelacionadas. A autora sugere que os conceitos, teorias, sejam
apresentados de forma necessária para proporcionar novos conhecimentos ao aluno, com uma
abordagem útil e prática, como num debate para a análise de uma situação-problema, de
modo que as disciplinas estejam interligadas para compreensão ou resolução de um
fenômeno, construindo assim um processo não apenas de ensino, mas de aprendizagem,
significativo ao contexto do educando: “Almeja-se a construção do currículo a partir da
problematização dos processos de produção em que os componentes curriculares se
entrelaçam por dentro do currículo com o sentido de se fazer essa integração entre trabalho,
ciência e cultura” (RAMOS, 2014, p.25).
Desse modo, a escola precisa assumir sua função de transformação social, e investir
nas possibilidades que se aproximem ao máximo da realidade do educando, para assim,
explorar as potencialidades dos alunos e ultrapassar as barreiras e limites da sociedade de
classes, por meio de uma educação de fato emancipadora e relevante à vida.
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORGES, Liliam Faria Porto. Educação, escola e humanização em Marx, Engels e Lukács.
Revista Educação em Questão. Natal, 2017, p. 101-126. Disponível
em:<https://periodicos.ufrn.br/educacaoemquestao/article/download/12747/8779/>. Acesso
em: 1 mar. 2020.