Este documento discute a importância da formação de educadores para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) considerando a diversidade cultural dos alunos. A pesquisadora defende que a formação deve adotar uma perspectiva multicultural crítica para preparar os educadores a valorizar as identidades e culturas dos alunos e promover a transformação social. O referencial teórico inclui o trabalho de Paulo Freire e o paradigma do multiculturalismo crítico. A metodologia é um estudo de caso etnográfico de uma disciplina de formação de educ
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A Formação de Educadores de EJA Numa Perspectiva Multicultural Crítica
Este documento discute a importância da formação de educadores para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) considerando a diversidade cultural dos alunos. A pesquisadora defende que a formação deve adotar uma perspectiva multicultural crítica para preparar os educadores a valorizar as identidades e culturas dos alunos e promover a transformação social. O referencial teórico inclui o trabalho de Paulo Freire e o paradigma do multiculturalismo crítico. A metodologia é um estudo de caso etnográfico de uma disciplina de formação de educ
Este documento discute a importância da formação de educadores para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) considerando a diversidade cultural dos alunos. A pesquisadora defende que a formação deve adotar uma perspectiva multicultural crítica para preparar os educadores a valorizar as identidades e culturas dos alunos e promover a transformação social. O referencial teórico inclui o trabalho de Paulo Freire e o paradigma do multiculturalismo crítico. A metodologia é um estudo de caso etnográfico de uma disciplina de formação de educ
A FORMAO DE EDUCADORES DE PESSOAS JOVENS E ADULTAS NUMA
PERSPECTIVA MULTICULTURAL CRTICA ARBACHE, Ana Paula R. B. Instituio: FUNREI I - INTRODUO Neste final de sculo, estamos vivendo as perplexidades, os desafios e as incertezas que o acompanham. De um lado temos as novas tecnologias, revolucionando os meios de comunicaes, difundindo a informao e interferindo no mercado de trabalho, com novas exigncias para ingresso no mesmo; de outro, ainda convivemos com ndices significantes de analfabetismo e pouca escolaridade que atinge grande parte da populao. Como escreve Haddad ( 1992 ), uma grande parte de excludos do sistema formal de ensino acabar por se deparar com a necessidade de realizar sua escolaridade j como adolescentes ou adultos. Entretanto, na maioria das vezes, este ensino se distancia do olhar dos adultos por meio de um processo de ensino inadequado e infantilizado. A educao de jovens e adultos ( EJA ) vai tentar contemplar aqueles que no tiveram oportunidade educacionais em idade prpria, ou que a tiveram de forma insuficiente. Embora encontramos vrios estudos referentes a EJA, seria importante enriquec-los com outros que abarcassem as percepes dos alunos, seus saberes, suas culturas, bem como que se voltassem ao mbito da formao de professores especfica para este ensino. Quanto a este ltimo item, a verificao no CD Rom de 1997 da Associao Nacional de Ps-graduao e pesquisa em Educao ANPED, revela sua pouca presena nos trabalhos acadmicos desenvolvidos at aquela data, assim como, nos documentos do banco de dados da Ao Educativa, rgo no-governamental que trabalha com questes relativas a EJA . No entanto, cabe salientar a importncia desta rea de conhecimento, que foi objeto de reflexo na Reunio Sub-regional Para Pases do Mercosul e Chile, ocorrida em Montevido em novembro de 1998 na qual se elaborou o documento denominado de Relatoria de Montevido. Nele considerou-se a necessidade de profissionalizar os educadores de EJA, enfatizando-se que o professor, atravs de seu fazer pedaggico, deve tornar visvel as culturas locais, contribuir para seu fortalecimento, para a recuperao da diversidade cultural e para a construo de uma tica mundial de aceitao RETORNA 2 da diferena. Outro ponto abordado a falta de interesse dos rgos competentes oficiais na EJA, como tambm e espaos acadmicos para as aes e discusses em torno da mesma. ( Relatoria De Montevido, 1998, p.5). Haddad ( 1998) relata que h uma carncia de espao de reflexo sobre a EJA, tanto nos cursos de magistrio, quanto nas faculdades de educao e na ps-graduao. Embora j exista um certo movimento dentro de alguns programas, a maioria das faculdades de educao no percebem a EJA dentro do seu prprio currculo. Mister, portanto, se faz engajar a Universidade experincia como campo de investigao e faz-la parceira indispensvel na tarefa educacional e de pesquisa na formao de profissionais nesta rea. A presente pesquisa visa justamente preencher esta lacuna. Parto do pressuposto de que a educao de jovens e adultos requer, do educador, conhecimentos especficos a nvel de contedo, metodologia, avaliao, atendimento, entre outros, para trabalhar com essa clientela heterognea e to diversificada culturalmente . Neste sentido algumas questes a norteiam: Em que medida os cursos de formao de educadores de jovens e adultos, esto preparando-os para trabalhar com a diversidade cultural de seus alunos contribuindo para o desenvolvimento de suas identidades plurais? Diante desta questo outras se desdobram: Em que medida os profissionais de formao os educadores de jovens e adultos reconhecem a importncia desta preparao para uma prtica mais comprometida com a identidade dos alunos, com suas vozes e com a transformao social ? De que forma estes profissionais trabalham estas questes, em seus cursos de formao? At que ponto as prticas utilizadas para formar um educador de EJA, esto voltadas para prepar-lo para compreender e valorizar a diversidade cultural dos seus alunos? O espao de formao desses educadores tem sido um espao questionador? Para responder a essas questes, meu referencial terico baseado nas tericos- crticos, particularmente no multiculturalismo crtico, a ser explicitado a seguir. RETORNA 3 II - REFERENCIAL TERICO Ao longo da trajetria da EJA, possvel verificar que poucos so os olhares lanados para o fazer dos seus educadores. Este tema ficou localizado em discursos distintos: um dos meios oficiais, que tratavam este profissional como um voluntrio, onde no era necessrio nem formao adequada nem salrio digno; de outro lado, a viso de estudiosos que viam, neste profissional, um agente de transformao e de construo de uma realidade social mais justa.. Nesta ltima categoria, podemos destacar Paulo Freire ( 1995) , que aponta para a necessidade da presena de educadores capacitados para compreenderem todas as especificidades que cercam este campo pedaggico. A teoria de Freire abriu caminho para uma pedagogia do dilogo e do respeito s identidades dos alunos, deixando aflorar os adultos plurais, no mascarado por prticas pedaggicas infantilizadas, de seu contexto e de sua cultura. Este tipo de abordagem tem sido pensada pelo paradigma da teoria crtica, particularmente o multiculturalismo crtico. MacLaren ( 1997) apresenta a seguinte definio, que alicera o olhar desta pesquisa sobre a EJA: A perspectiva que estou chamando de multiculturalismo crtico compreende a representao de raa, classe e gnero como o resultado de lutas sociais mais amplas sobre signos e significaes e, neste sentido, enfatiza no apenas o jogo textual e deslocamento metafrico como forma de resistncia ( como no caso do multiculturalismo liberal de esquerda) , mas enfatiza a tarefa central de transformar as relaes sociais nas quais os significados so gerados. ( p. 123) Argumento que o paradigma multicultual-crtico na formao do educador de EDA, se contrape tendncia funcionalista que reduz a EJA a simples habilidades de leitura e escrita para adaptao na sociedade. Tambm, no se limita ao multiculturalismo conservador ( termo usado por McLaren, 1997), que no interroga nem questiona regimes dominantes de discursos e prticas culturais e sociais, que preparam os professores para lidarem com o educando culturalmente diferenciado. RETORNA 4 Avanando na perspectiva multicultural crtica, busco inserir tambm as discusses sobre interculturalismo crtico desenvolvido por Canen ( 1997) ,visto que, segundo ela: O desafio a preconceitos e vieses com relao diversidade cultural constitui a pedra de toque de uma perspectiva intercultural crtica na formao de docente. Nesta perspectiva, os cursos de formao de professores devem estar atentos, para que possam promover uma educao que ultrapasse o espontaneismo e a instrumentalizao tcnica e neutra, e que possibilite avanar na busca de uma educao mais justa e menos discriminatria, que respeite a diversidade e a identidade cultural dos alunos. Sendo assim, preciso que os cursos de formao docente estejam atentos para possibilitarem ao futuro educador, a compreenso de que as questes de EJA ultrapassam o mbito educacional, exigindo uma percepo ampliada das questes de poder e hegemonia que discriminam culturas e reforam desigualdades. Ao mesmo tempo seria importante que os cursos de formao incentivassem os futuros professores de EJA a perceberem seu papel de modo crtico, reflexivo e transformador, de forma a valorizar diversas culturas, reconhecendo, nelas, focos de fora para o seu fazer pedaggico. A perspectiva multicultural crtica pode ser vista como um caminho possvel a seguir no processo de formao de professores, possibilitando-os compreender e respeitar a pluralidade cultural, as identidades, as questes que envolvem a classe, gnero, raa, saber e linguagem dos seus alunos. A partir deste referencial terico, alguns caminhos metodolgicos foram escolhidos, que so objeto da prxima seo. III CAMINHOS METODOLGICOS Esta pesquisa est sendo realizada por meio de um estudo de caso etnogrfico, ( Segundo Andr, o estudo de caso muito adequado ao tipo de pesquisa etnogrfica, caracterizando se como um estudo descritivo de uma unidade mas, no impedindo que o pesquisador esteja atento ao seu contexto e s inter-relaes como um todo orgnico 1995, p. 31 ), na Disciplina Prtica de Ensino ( 8 Perodo) da Habilitao Magistrio Em Educao de Jovens e Adultos da rea de Educao de Jovens e Adultos, de uma Faculdade de Educao no Estado Rio de Janeiro. um estudo que envolve as dimenses institucionais e pedaggicas da referida disciplina, sendo investigados os aspectos referentes a: contexto da prtica escolar, formas RETORNA 5 de organizao do trabalho pedaggico, estruturas de poder e de deciso, nveis de participao dos seus agentes, disponibilidade de recursos humanos e materiais, situaes de ensino nas quais se d o encontro professor-aluno-conhecimento, envolvendo os objetivos e contedos do ensino, as atividades e o material didtico, o discurso e outras meios de comunicao entre professor e alunos e as formas de avaliar o ensino e a aprendizagem. A escolha do campo teve incio no segundo semestre de 1998, quando estabeleci os primeiros contatos com a instituio onde est ocorrendo a pesquisa e tambm com os professores envolvidos na mesma. Esta fase exploratria possibilitou, tambm, uma maior delimitao do referencial terico que d suporte a esta pesquisa. No primeiro semestre letivo de 1999 esto sendo coletados os dados por intermdio de observaes no-estruturadas em sala de aula, de entrevistas semi- estruturadas com os alunos, com o professor da disciplina, com o coordenador do Curso de Pedagogia e com o Diretor da Faculdade de Educao. Tambm, esto sendo feitos anlises de documentos referentes disciplina e habilitao na qual ela se encontra. Esta etapa da pesquisa percorrer todo o primeiro semestre letivo de 1999. Os dados coletados esto sendo transcritos de forma integral , permitindo assim, uma primeira anlise dos mesmos. Na segunda, ou seja, no segundo semestre do corrente, ser realizada a triangulao destes dados, onde, buscar-se- estabelecer conexes entre os mesmos e o suporte terico utilizado , verificando limites e possibilidades do curso pesquisado com relao formao de professores de EJA em uma perspectiva multicultural crtica. CONSIDERAES PARCIAIS A relao entre a teoria e a prtica construda na sala de aula no contexto da EJA pode ser um caminho para demarcar um compromisso maior do educador com seu fazer pedaggico. Por muito tempo os educadores de EJA ficaram margem dos espaos de reflexo e produo do conhecimento. superar essa ruptura que existe o pensar e o fazer na EJA. Sendo assim, acredito que esta pesquisa possa ser um instrumento de alerta e de busca para que cada vez mais os educadores de EJA potencializem nos cursos de formao e professores, demarcando com isso, um maior espao para as discusses em torno da EJA . RETORNA 6 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ANDR, Marli D. A de. 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