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AFROBETIZAÇÃO: ELABORAÇÃO DE

MATERIAIS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

Camila Garcia
Elton Plaça
Orientadora: Drª Serafina Machado
A LEI 10639
 A Lei 10.639, sancionada em 9 de janeiro de 2003 pelo
Presidente Luís Inácio Lula da Silva, alterou a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional e incluiu a
obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-
Brasileira em todos os currículos escolares.
 Este advento criou a imperiosa necessidade de produção
de material didático específico, adaptado aos vários
graus e às diversas faixas etárias da população escolar
brasileira.
OBJETIVOS DO PROJETO
 Analisar obras da Literatura luso-africana, percebendo
formas de abordá-las em sala de aula.
 Compreender o discurso literário luso-africano enquanto
representações que constituem o desenvolvimento dos
sujeitos históricos, isto é, situados em determinado
tempo e espaço;
 Evidenciar a experiência estética como possibilitadoras
do desenvolvimento de um processo de ensino e
aprendizagem mais criativo, relacional, articulador e
comprometido com uma formação centrada no sujeito;
 Provocar a ampliação do senso crítico, através de aulas
que incentivem debates e ampliação da criticidade.
A LITERATURA NEGRA: INVISÍVEL?
 Através do reconhecimento e revalorização da herança
cultural africana e da cultura Literatura afro-brasileira
popular, a escrita literária é assumida e utilizada para
expressar um novo modo de se conceber o mundo.

 Cadernos Negros: 1970


 Solano Trindade 1940

 Lino Guedes

 Luiz Gama

 Maria Firmina dos Reis


Literatura negra: A busca pela
identidade
“Compor, decompor, recompor”, Mirian Alves:

Olho-me
espelhos
Imagens
que não me contêm.
Decomponho-me
Apalpo-me. (p. 94)
CARACTERÍSTICAS DA LITERATURA
NEGRA

 Temática;
 Autoria;

 Ponto de vista;

 Linguagem;

 Público;
TEMÁTICAS DO PROJETO
 Preconceito, Racismo, Exclusão
 Família

 Infância

 Passado histórico, Memórias da escravidão

 Raiva, Resistência, luta contra o preconceito

 Cultura: danças, músicas

 Aparência : físico, vestuário, estética

 Heróis negros

 Religião

 Sexualidade
PLANO DE TRABALHO: ESTRUTURA
 Identificação:

Autor  

Estabelecimento:  

Ensino:  

Disciplina:  

Conteúdo:  
 PROBLEMATIZAÇÃO DO CONTEÚDO
 Apresentar o conteúdo a ser desenvolvido na proposta.
Deve justificar a escolha do conteúdo, indicando o que
será estudado e o porquê, tendo como referência as
Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado
do Paraná.
 INVESTIGAÇÃO DISCIPLINAR
 Apresentar, a partir de questões e/ou problematizações,
o desenvolvimento de sugestões que favoreçam a
compreensão e o aprofundamento do conteúdo
pesquisado, tendo como referencial as Diretrizes
Curriculares para a Educação Básica do Estado do
Paraná.
 CONTEXTUALIZAÇÃO
 Tem objetivo estabelecer relações entre o conteúdo
proposto e realidade histórico-social a partir de
conhecimentos relevantes da ciência, da cultura, da arte,
da literatura e da filosofia.
 PROPOSTA DE ATIVIDADES
 Propor a elaboração de atividades de investigação, de pesquisa e de
estudo, que estimulem o desenvolvimento do pensamento, da análise e
do debate, bem como da criatividade e do espírito crítico
 Informar o Tipo de Atividade (análise, prática, discussão, observação
etc); Objetivos a alcançar; Recursos utilizados (computador, texto, vídeo
etc); Método Utilizado (em grupo, individual, expositivo,dramatização,
etc); Desenvolvimento (procedimentos do professor e do aluno passso a
passo); Número de alunos; Avaliação (descrever estratégia de
avaliação)
 Tipo de atividade:

 Objetivo:

 Recursos utilizados:

 Metodologia:

 Avaliação:
 PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
 Ampliar a abordagem disciplinar do conteúdo proposto sob um enfoque que estabeleça relações
com as diferentes disciplinas escolares, tendo como referencial as Diretrizes Curriculares da
Educação Básica
 SUGESTÕES DE LEITURA

 Indicações de leituras que propiciem a formação e a atualização sobre o conteúdo, servindo


para referenciar, contrapor, sustentar, articular, entre outras funções, as idéias apresentadas.
Exemplo: textos integrais ou fragmentos, artigos, poesias, cartas, peças de teatro, ditos
populares, entre outros.
 Categoria:

 Sobrenome:

 Nome:

 Título da obra:

 Edição:

 Local da Publicação:

 Editora:

 Disponível em (endereço WEB):

 Ano da Publicação:

 Comentários: (limite máximo: 250 caracteres


 NOTÍCIAS
 Apresentação de notícias para que, a partir do que foi veiculado nas
mídias impressa, televisiva ou virtual, os educadores percebam que o
conhecimento é produzido historicamente, e indiquem a relação do
conteúdo proposto com os fatos do cotidiano.
 Categoria:

 Sobrenome:

 Nome:

 Título da Notícia/Artigo:

 Nome do jornal:

 Disponível em (endereço WEB):

 *Acessado em (mês.ano):

 Comentários: (limite máximo: 250 caracteres

 Notícia na integra:
 DESTAQUES
 Apresentar fatos importantes que se destacam a respeito do conteúdo em questão, e
que propiciem estímulos para o conhecimento e o trabalho com o conteúdo. O
destaque será acompanhado de um comentário realizado pelo autor.
 Título:

 Fonte:

 Comentários: (limite máximo: 250 caracteres!

  

 SÍTIOS

 Levar ao leitor uma seleção de endereços eletrônicos cujo enfoque está relacionado
com o conteúdo em questão. As indicações devem trazer comentários sobre o sítio na
Internet, informando qual a profundidade, a abrangência e quais as possibilidades de
abordagem pedagógica para o conteúdo pesquisado.
 Título do Sítio:

 Disponível em (endereço web):

 Acessado em (mês.ano):

 Comentários: (limite máximo: 250 caracteres


 SONS E VÍDEOS
 Oferecer indicações de áudios e vídeos como filmes, entrevistas, documentários, reportagens
e músicas, que têm como objetivo auxiliar na compreensão ou ilustração do conteúdo
trabalhado. Traz, ainda, um comentário do professor-autor com explicações referentes à
relação das suas sugestões com o assunto abordado.
 Categoria:

 Título da Música:

 Intérprete:

 Título do CD:

 Número da Faixa:

 Número do CD:

 Nome da Gravadora:

 Ano:

 Disponível em (endereço web):

 Local:

 Comentário: (limite máximo: 250 caracteres

 Texto (ex: trecho letra da música):

  
EXEMPLIFICANDO: TEMÁTICA:
ESTÉTICA
CABELOS QUE NEGROS  cabelo bom que dizem que é ruim
Oliveira Silveira  e que normal ao natural

 fica bem em mim,


 Cabelo carapinha,  fica até o fim
 engruvinhado, de molinha,  porque eu quero,
 que sem monotonia de lisura  porque eu gosto,
 mostra-esconde a surpresa de mil  porque sim,
 espertas espirais,  porque eu sou
 cabelo puro que dizem que é duro,  pessoa, porque sou
 cabelo belo que eu não corto a  pessoa negra e vou
zero,  ser mais eu, mais neguim
 não nego, não anulo, assumo,
 e ser mais ser
 assino pixaim,
 assim.
 OPERAÇÃO PENTE FINO  e não adiantou nada
 Cuti – 2002
 por mais lucro havido

 na indústria de cosmético
 Muitos cortaram careca
 jamais o racismo
 escorregaram na gosma de
inúmeros alisantes  mesmo com seu riso
 ou se acariciaram com ferro em químico
brasa sobre o couro  será ético
 cabeludo
 neste comércio
 outros até à nuca

 desesperados se cobriram
 nutre-se

 com os cavalares  da inferiorização constante


 perucas e seu complexo
 PROPOSTA DE ATIVIDADES
 Tipo de atividade: leitura, discussão e produção escrita

 Objetivo: Construir conhecimentos sobre as


características físicas e estéticas do afrodescendente,
principalmente o cabelo, com sua estrutura ,
características e cuidados. Analisar criticamente como o
cabelo pode influenciar cultural e socialmente as
relações humanas.
 Recursos utilizados: cópias dos textos literários

 
 Metodologia:
 - O professor distribui o poema “Operação Pente Fino”, de Luis Silva (Cuti) e
pede uma leitura silenciosa, atentando para o fato do poema denunciar o
preconceito racial.
 - Solicitar que um aluno leia em voz alta. Após a leitura, todos escolhem
alguns versos que tenham gostado e os transcrevam no caderno.
 Solicitar que alguns exponham suas escolhas e as justifiquem.

 - Levantar os sentimentos e fatos específicos relacionados ao racismo


presentes no poema.
 Questionar qual a relação que o poeta deseja construir entre os cabelos negros
e a operação policial conhecida como “pente fino”.

 - Distribuir o texto ‘Cabelos que negros", de Oliveira Silveira. Pedir que os


alunos verifiquem se os sentimentos de preconceito e/ou dados anteriormente
levantados no poema de Cuti se encontram neste. O professor poderá fazer
uma leitura em voz alta para que os alunos percebam a sonoridade.
 Promover uma reflexão acerca dos textos, conduzindo os
alunos à percepção de que ambos vão traçando em cada
verso retratos da vivencia do negro na sociedade, ainda
marcada pela segregação, ainda parados pelas
“operações pentes finos”, mas que demonstram e lutam
pela afirmação de si, de sua identidade.
 Trabalhar os conceitos de identidade étnica, aceitação
social e visibilidade, contrapondo-os com o texto de
Muniz Sodré.
 Finalizada esta etapa de leitura, o professor poderá
conduzir os alunos para um trabalho interdisciplinar.
PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
 Trabalhar a letra SARARA MIOLO, de Gilberto Gil (1976)

 Sara, sara, sara, sarará


 Sara, sara, sara, sarará

 Sarará miolo

 Sara, sara, sara cura

 Dessa doença de branco

 De querer cabelo liso

 Já tendo cabelo louro

 Cabelo duro é preciso

 Que é para ser você, crioulo.


 Responder as questões:
 Pode-se perceber preocupação de afirmação do corpo/
estética negra? Em que sentido?
 Que denúncias podem ser percebidas na letra de Gilberto
Gil e de Cuti?
 Qual a reivindicação presentes nos dois textos?

 Vocês conhecem outros textos que abordam a questão


negra? Quais?
 Entregar aos alunos o texto de Rosa Margarida de
Carvalho Rocha, em que a autora fala sobre os cabelos
afro.
O CABELO “FALA” POR VOCÊ
  A natureza criou os fios da cabeça para ajudar você a sobreviver. Por isso, não são um
simples enfeite. Todavia, as diversas culturas os transformaram em sinal de beleza e meio de
expressão.
 Quando o ser humano ainda vivia nas cavernas, os cabelos tinham um função vital: proteger
o cérebro do calor do sol. Nas regiões quentes e secas do planeta, eles tendiam a ser mais
crespos e mais armados, formando uma cobertura protetora. Nas áreas frias e úmidas, os
cabelos lisos ajudavam a escorrer a água das chuvas. O tipo de cabelo (crespo, liso ou
ondulado) depende do formato do folículo onde nasce o cabelo.
 Temos cerca de 100.000 fios que cobrem a cabeça e 5 milhões de pêlos espalhados pelo seu
corpo. São uma herança de nossos antepassados, que precisavam deles para aquecer a pele e
se protegerem da chuva. Os pêlos nascem como célula viva, mas quando chegam à flor da
pele já estão mortos. Por isso, você não sente dor na hora de cortá-los.
 A cor dos cabelos depende da quantidade de malanina produzida. Os cabelos pretos contém
muita melanina e os louros, pouca. Os cabelos ruivos têm essa cor em consequência de um
gene especial, responsável pela produção de um pigmento avermelhado.
 A civilização, com seus chapéus e guarda-chuvas, aposentou as função originais do cabelo,
que viraram, então, símbolo de beleza, marca de identidade grupal e meio de expressão
artística. Do corte rente dos militares às trancinhas africanas, pode-se manifestar muita
coisa, devido ao estilo do cebelo. O cabelo ''fala'' por você!
  
 1- Diante das informações acima, responda ás seguintes perguntas:
 a) Quais as diversas funções dos pêlos?
 b)Por que existem cabelos escuros, claros e ruivos?
  

 2- Leia com atenção sa frases e marque a alternativa correta:

 a) A natureza criou os fios de cabelo para:


 ( ) proteger o cérebro.

 ( ) enfeitar.

 ( ) ajudar a sobreviver.

  

 b) Os cabelos crespos:
 ( ) formam uma cobertura protetora.

 ( ) nascem como células mortas.

 ( ) têm mais melanina.

  

 c)Os cabelos claros:

 ( ) têm pouca melanina.

 ( ) têm muita melanina.

 ( ) protegem o cérebro. 
 Elabore um comentário explicativo sobre cada alternativa assinalada:
  

 3- Trabalho em grupo:

 Recortar gruvuras de revistas, demonstrando os vários tipos de cabelos.


Apresente uma legenda explicativa sobre as características de cada cabelo
representado.
  

 4- De acordo com o texto, o ''cabelo virou marca de identidade grupal e


meio de expressão''. Então, monte um mural comprovando esta afirmativa
por meio de fotos, gravuras e ilustrações, para responder à seguinte questão:
  

 - Como as pessoas se expressam pelos cabelos ao longo dos tempos


(aristocratas europeus, cabelo das mulheres, hippies, punk, rastafári,
penteados afro, black power etc.)? Não se esqueça de colocar a legenda
explicativa!
 Montar, com cartolinas, bonecos de aproximadamente 50
cm. Estes bonecos devem ser caracterizados de acordo
com o estilo afrodescendente, principalmente no que diz
respeito aos penteados.
 Fazer um desfile com os bonecos elaborados.

Obs: Se os alunos aceitarem, eles mesmos podem ser os


modelos do desfile.
 SUGESTÕES DE LEITURA
 Categoria: Artigo

 Sobrenome: Augel

 Nome: Moema Parente

 Título da obra: "E Agora Falamos Nós": Literatura Feminina


Afro-brasileira
 Local da Publicação: UFMG

 Disponível em (endereço WEB):


http://www.letras.ufmg.br/literafro/data1/artigos/artigomoema0
3.pdf
 Comentários: Artigo feito por uma estudante de literatura da
UFMG que trata sobre a aceitação da mulher afro e do
descobrimento de sua beleza e de sua raízes.
 NOTÍCIAS
 Categoria: Crônica

 Sobrenome: Calligaris

 Nome: Contardo

 Título da Notícia/Artigo: A aparência da rebeldia

 Nome do jornal:Folha de São Paulo

 Disponível em (endereço WEB):


http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/2013/09/13
47251-a-aparencia-da-rebeldia.shtml
 *Acessado em (mês.ano): set-2013

 Comentários: Crônica publicada em um jornal de grande


repercussão que trata sobre o preconceito que as pessoas tem a partir
da vestimenta que, aliados a cor da pele geram um preconceito ainda
maior. Como se a roupa e a cor definissem caráter.
 SÍTIOS
 Título do Sítio: Belezas de Kianda

 Disponível em (endereço web):


http://belezasdekianda.wordpress.com/category/beleza/
 Acessado em (mês.ano): set-2013

 Comentários: Tem como tema principal a autoestima da


mulher negra. Apresenta dicas de beleza, cabelo e
maquiagem, sempre exaltando a beleza natural sem a
utilização de artifícios que mascarem a origem africana.
 SONS E VÍDEOS
 Categoria: Som

 Título da Música: Sarará Miolo

 Intérprete: Gilberto Gil


 Título do CD:

 Número da Faixa:

 Número do CD:

 Nome da Gravadora:

 Ano: 1976

 Disponível em (endereço web):

 Local:

 Comentário: (limite máximo: 250 caracteres

 Texto (ex: trecho letra da música):


 SARARA MIOLO9

 Sara, sara, sara, sarará


 Sara, sara, sara, sarará

 Sarará miolo

 Sara, sara, sara cura

 Dessa doença de branco

 De querer cabelo liso

 Já tendo cabelo louro

 Cabelo duro é preciso

 Que é para ser você, crioulo.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Acreditamos que o ensino da História e da Cultura Afro-
Brasileiras representará um passo fundamental para um
convívio social caracterizado pelo mútuo respeito entre
todos os brasileiros, na medida em que todos aprenderão
a valorizar a herança cultural africana e o protagonismo
histórico dos africanos e de seus descendentes no Brasil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
 BRASIL, LEI nº 10.639 de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394 de
20 de setembro de 1996. Diário oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 9 de janeiro de 2003.
 

 GROSSI, E. Por que lutamos e aprovamos a história da África nos currículos? In: ROCHA, M.J.; PANTOJA,
S.; org. Rompendo silêncios: história da África nos currículos da educação básica. Brasília: DP Comunicações
Ltda, 2004.
 

 MATA. A literatura e a crítica pós-colonial reconversões. São Paulo: Nzila, 2007.

 PEREIRA, Amauri Mendes. África para abandonar estereótipos e distorções. Minas Gerias: Nandyala, 2011.

 

 PEREIRA, Edilson de Almeida. Malungos na escola Questões sobre culturas afrodescendentes e educação.
São Paulo: Paulinas, 2010.
 

 SHOHAT, Ella; STAM, Robert. Crítica da imagem eurocêntrica. Trad. Marcos Soares. São Paulo: Cosac
Naify, 2006.
 

 SILVA, Ana Célia. A desconstrução da discriminação no livro didático. In. MUNANGA, Kabengele.org.
Superando o racismo na escola. Brasília: MEC, 2005.
 

 TUTIKIAN, Jane. Velhas identidades novas – pós colonialismo e a emergência das nações de língua
portuguesa. São Paulo: Sagra Luzzatto, 2006.

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