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Aluno: Mauri Manoel da Silva Junior

Disciplina: Organização e Gestão da Educação

ANÁLISE CRÍTICA: Pedagogia das Competências, Currículos e BNCC

Refletindo sobre os textos de Júlia Malanchem e Jéferson S. Dantas sobre a pedagogia das
competências e os documentos norteadores que a valida, somos levados a uma análise que
transcende o aspecto puramente escolar.
O texto de Jéferson S. Dantas faz uma reflexão profunda sobre os aspectos econômicos e
como estes influenciam a educação. De fato, estamos falando do Brasil, um país que, ao mesmo
tempo que se situa entre as dez maiores economias do mundo, enquadra-se entre as dez maiores
desigualdades! Isto por si só já caracteriza uma profunda e cruel concentração de renda. Num trecho
do texto de Jéferson ele nos diz que o BM (banco mundial) não analisa as consequências da quase
ausência de tributos sobre a renda, o patrimônio, a herança e as transações financeiras (Dantas,
2021, p. 5). Realmente no Brasil, dos aproximadamente R$ 2 trilhões arrecadados em impostos,
mais de 50% advém da tributação sobre o consumo, caracterizando um sistema absolutamente
regressivo o qual, mais uma vez, privilegia a classe dominante.
Os artigos evidenciam uma influência muito forte do neoliberalismo na educação. Num
país com tamanhas mazelas sociais, uma escola que prepare o educando para o mundo do trabalho
poderá trazer algum conforto. Os autores argumentam o fato de ser difícil teorizar quando os
problemas reais permeiam a sociedade e os educandos.
Neste sentido, os governos utilizam a escola como meio de prepararem uma força de
trabalho, ao mesmo tempo que conformam seus educandos a uma educação compensatória.
Tudo que foi exposto, corrobora-se por meio de inúmeros documentos balizadores da
construção de nossos currículos escolares. Desde os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais),
passando pela nova LDB de 96 (Lei de Diretrizes e Bases) e mais recentemente com a BNCC (Base
Nacional Curricular Comum), somos levados a uma pedagogia pragmática. A própria BNCC em
seus textos fala inúmeras vezes em competências e habilidades, características muito valorizadas no
mercado de trabalho. Após o período de redemocratização e principalmente após a década de 90,
fomos levados ao mundo do neoliberalismo catalisado pela globalização. Tudo isto fica evidenciado
no texto de Júlia Malanchem quando ela diz “que o marco regulatório da implementação da
pedagogia das competências no Brasil sucedeu-se com a LDB 9.394/96. Essa lei pressupõe,
especialmente para o Ensino Médio, que a formação educacional seja pautada no desenvolvimento
de competências e habilidades para o mercado de trabalho. Tal orientação esteve (“está”) alinhada
aos pressupostos pedagógicos emanados pelos organismos multilaterais, especialmente a UNESCO
e o Banco Mundial”. (Malanchem, 2020, p.9).
Os textos de Júlia e Jéferson falam no “aprender a aprender”. Apesar de ser um conceito
utilizado atualmente, sendo uma das principais características da pedagogia das competências, ele
vem sendo discutido desde as décadas de 60/70 pelo modelo de educação construtivista. O século
XX por sinal, é um bom relato histórico de nossas tendências tecnicistas.
Os textos registram também o papel da pedagogia histórico-crítica e como ela é importante
para o entendimento e consciência de classes. Uma pedagogia que privilegia o entendimento do
sujeito dentro do contexto social, necessitando assim, de um currículo que vá além da mera
exposição de disciplinas. Aqui o conhecimento formal é valorizado, mas de forma que ele propicie a
formação de um sujeito integral.
Neste contexto a autora Júlia aduz sobre as dificuldades de implementar um currículo
teórico num país como o Brasil. Em seu texto ela relata que

Segundo Moraes (2003) numa análise crítica sobre essas inversões, o fim da teoria
passa a ser aclamado como o primeiro passo para a construção de um novo homem,
que será construído a partir das experiências imediatas. Uma prática aproximada
aos pressupostos filosóficos do pragmatismo. A teoria passa a ser compreendida e
divulgada como uma perda de tempo, uma mera especulação metafísica. (apud
(Malanchem, 2020)

Concluindo, a educação sob o viés neoliberal explorada nos textos traz resultados
imediatos e sem o compromisso com a formação integral do educando. Uma educação baseada em
competências, que ensina o educando a aprender a aprender, ou seja, a ser futuramente um bom
funcionário para o mercado de trabalho.

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