Você está na página 1de 3

Evolução e Desigualdade na Educação

A educação, tendo como uma de suas formas de atuação mais importantes a


escolarização, é um fator capaz de desenvolver nos indivíduos suas
potencialidades ao permitir o “pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”, como
previsto na Constituição. Atualmente no Brasil existem diversas formas de
ingresso ao ensino superior: vestibulares da própria universidade, Enem, Pro-
uni, Fies. Diferente de anos atrás os alunos de hoje e do futuro terão mais
facilidade para adentrar ao ensino superior, mas após a criação destes meios
pode-se notar a incomensurável desigualdade entre alunos de ensino particular
para alunos de ensino público, onde a condição financeira familiar do aluno se
aplica diretamente no seu ensino.
Nos países mais desenvolvidos a educação é parte das políticas sociais,
compondo o núcleo do sistema de promoção social mediante sua capacidade
de ampliar as oportunidades para os indivíduos, além de ser um elemento
estratégico para o desenvolvimento econômico. Por isso absorve elevada
quantidade de recursos públicos. No Brasil, mais recentemente, ocorreram
avanços importantes na ampliação do acesso a todos os níveis e modalidades
educacionais como: “vestibulares da própria universidade, Enem, fies”. Mas
mesmo após a criação destes meios de acesso as universidades “pode-se
dizer que é justo a competição para ter acesso a tão requisitada universidade
federal?”. O doutor em ciências econômicas Jorge Abrahão de Castro discorda
dessa pergunta e afirma que: “A educação ao longo dos anos realmente
avançou, mas nunca posso dizer que tal afirmação é verdade, pois mesmo que
existam meios mais “fáceis” por assim dizer, de ingresso nas universidades,
posso relatar exemplos como casais de amigos que contam historias sobre
seus filhos nas escolas, onde aqueles que estudam em instituições particulares
nunca ficam sem aulas por conta de ausência de professores, pois alocam um
substituto, mas já os alunos de ensinos públicos ficam a deriva quando o
professor falta, isso mostra como uma instituição privada trata seus clientes
melhores que uma criada pelo governo que é um representante do povo.”
No inicio do ano de 2020 foi informado ao mundo a pandemia pelo Covid-19, as
ruas vazias, prédios sem funcionários, lojas fechadas, poucos transportes
circulando. Esse foi o início de um dos momentos mais assustadores em anos.
Na rua, apenas trabalhadores essências, como eletricistas, tratamento de
água, médicos, entregadores. O resto da população trancada dentro de suas
casas trabalhando via home office, e não foi diferente com a educação, criada
neste ano e veio para ficar o EAD (Educação a Distância), com sua chegada
pode-se notar cada vez mais a diferença do ensino particular para o público, a
educação declinou para ambos os lados, apesar disso o ensino particular
continuava com suas aulas, cobrando atividades, aplicando provas e
reprovando os alunos por falta de nota. Já na rede pública, aulas dadas por
vídeo chamadas eram raras, atividades apenas eram postadas na plataforma
sugerida pelo governo, o classroom, provas não existiam mais, e ao longo do
ano de 2020 ao perceberem a grande falta de alunos o governo lançou outro
decreto impedindo as escolas de reprovarem os alunos que estavam no EAD,
diminuindo ainda mais o interesse dos alunos de assistirem uma aula completa.
Pode-se observar facilmente essas afirmações ao se entrevistar alunos de
universidades federais, onde em sua maioria são ex alunos de escolas
particulares, já os alunos de escolas publicas onde muitos não possuíam as
melhores condições de vida, receberam outras motivações de seus pais, ao
invés de encoraja-los ao estudo era mais comum se ouvir “arrume um
emprego, para crescer na vida cedo”, “vou arrumar um emprego para ajudar
meus pais”. E a cada ano que se passa essa situação se torna mais comum,
um jovem recém chegado a idade punitiva, seus 18 anos, começa a trabalhar,
recebe seu primeiro salário, e não possui contas para pagar, uma ilusão de ter
uma ótima vida, e observa-se isso no índice de salario da população brasileira
onde mais de 38% recebe apenas um salário mínimo.
Desta forma é necessário que haja mudanças, incentivando os alunos a
continuarem na escola, que ele possa almejar um futuro melhor para si, com a
colaboração do MEC (Ministério da Educação) ao lado das secretarias de
educação dos estados, a criação de palestras, projetos, rodas de conversa,
para mostrar a realidade da vida para os estudantes, almejando que o mesmo
tenha para si o conhecimento de como o mundo funciona, melhore sua
educação financeira, conheça o mercado de trabalho, como lidar com seus
sentimentos, entre outros aspectos. A cada geração que se passa é criada uma
leva de profissionais que possuem medo de falhar no trabalho, não sabem
separar o profissional do pessoal, que perdem oportunidades pela timidez,
possuem o medo de procurar profissionais para receberem ajuda com doenças
psicológicas como a ansiedade.
E tratando-se da diferença educacional deve-se ser criado uma secretaria de
fiscalização que realizasse visitas recorrentes as escolas públicas, que
realizasse provas para averiguar o nível de seus alunos, criasse medidas para
alunos desistentes e repetentes, que os ajudasse e encorajassem, a mudança
na divisão das cotas aumentando as cotas de alunos de ensino público em
conjunto com as de PCD (Pessoas com deficiência), excluindo a cota racial e
realocando as vagas apenas em três divisões, ensino público, ampla
concorrência e PCD. Criando regras para a cota de ensino publico para que
não continue como os dias atuais, onde pessoas se aproveitam das
fragilidades da lei para realizar suas ambições como alunos que realizaram
seus estudos no ensino particular sua vida inteira e ao chegar no nível médio
optarem pela troca de instituição para o único objetivo de poderem utilizar a
cota de ensino público. Com a compreensão do povo que educação não é
apenas a ação de receber um diploma para adentrar do no mercado de
trabalho, a criação de formas mais justas de competição para ingresso nas
universidades e fiscalização recorrente do ensino, é possível sonhar em um
país onde os brasileiros possam se orgulhar de sua educação assim como
países de outros continentes.
Referências
BARRETO, A.M.F. Relatório de identificação dos principais avanços e
obstáculos à promoção da equidade na educação básica e profissional no
Brasil. Brasília, DF, 2007.
CASTRO, J.A. Situação educacional brasileira: alguns resultados da PNAD-
2007. Brasília, DF: IPEA, 2009.
CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (CDES).
Observatório da Equidade. Relatório de Observação, Brasília, DF, n. 1, 2006.
CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (CDES).
Observatório da Equidade. Relatório de Observação, Brasília, DF, n. 3, 2008.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios – 1992, 1993, 1995, 1996, 1997, 1998,
1999, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 e 2007.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Políticas sociais:
acompanhamento e análise. Boletim de Políticas Sociais, Brasília, DF, n. 13,
mar. 2006.

Você também pode gostar