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PRIMEIRA APOSTILA DE PPIP

PRIMEIRO ANO DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM


NÍVEL MÉDIO

Alan Pimenta
pimentadj@hotmail.com
1. Sumário
1. DIFERENÇAS SOCIAIS NA EDUCAÇÃO.........................................................................2
2. O CAPITAL CULTURAL......................................................................................................4

ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Estrutura da tópica 2.......................................................................................................4
Figura 2 - Estrutura exemplificada como iceberg............................................................................4
Figura 3 - Sobre a Subjetividade.....................................................................................................7

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1. DIFERENÇAS SOCIAIS NA EDUCAÇÃO

No Brasil, o grau de educação de uma pessoa tem relação com a renda. Quanto maior o nível
educacional da pessoa maior a sua remuneração. Isso leva muitos jovens a desejar em ingressar
no ensino superior. Mas, ingressar no ensino superior não é tão simples assim. E isso não
somente pela concorrência na seleção, mas também por conta da desigualdade educacional. Essa
desigualdade pode ser percebida no começo da escolarização ou até antes. Estudos mostram que
existem diferenças desde os primeiros anos de vida de uma criança: o número de palavras que ela
conhece depende do nível socioeconômico da família. Isso mostra a importância de políticas
públicas que foquem na primeira infância, que é de 0 a 6 anos. 
Quando falamos de desigualdade escolar estamos falando sobre as diferenças nos resultados
de aprendizagem e, portanto, da necessidade de um olhar atento para as políticas públicas
educacionais que busquem reduzir essa desigualdade. Pesquisas da área de sociologia apontam,
há muito tempo, que há uma forte relação entre origem social do aluno e sucesso escolar. Quanto
maior a renda familiar melhor o desempenho escolar e, por outro lado, a pobreza, a desigualdade
social e o contexto familiar explicam o insucesso. Ou seja, é aquela velha história de que aluno
não aprende pelo fato de ser pobre. 
No entanto, pesquisas nas últimas décadas que utilizam dados comparativos de países e até
mesmo entre os estados do Brasil, constataram que alguns sistemas educacionais conseguem
reduzir essas desigualdades no aprendizado dos alunos, independente da sua origem e do grupo
social que pertence. Por isso, podemos afirmar que uma boa escola faz a diferença,
principalmente para aqueles alunos mais pobres. Isso é fundamental porque muitas vezes é a
única forma daquela criança sair do ciclo de pobreza.
No Brasil, além do nível socioeconômico de estudantes, outros fatores contribuem para
aumentar a desigualdade educacional como, por exemplo, a raça ou gênero. Além disso,
desigualdade educacional pode ocorrer dentro de uma região, estado ou mesmo dentro de um
município onde o aluno mora. Por exemplo, no Rio Grande do Norte o Sistema de Avaliação da
Educação Básica (Saeb) 2017 indica, para o 5º ano do Ensino Fundamental, que a média de
desempenho das escolas com alunos mais privilegiados economicamente está abaixo da média
desempenho das escolas com os menos privilegiados no estado do Ceará. 
Essa discussão aponta para a importância e a responsabilidade das políticas educacionais que,
em conjunto com outras políticas sociais, precisam incorporar este olhar sobre a desigualdade, no
momento da formulação. Por exemplo, há evidência de que a repetição do ano escolar penaliza
mais injustamente os mais pobres. Importante lembrar que o combate a desigualdade na
educação não deve acontecer nivelando todos por baixo, que é o que chamamos de efeito Robin
Hood – ocorre quando uma ação tem como resultado favorecer os menos privilegiados, retirando
benefícios dos mais privilegiados. Eficácia e equidade precisam ser perseguidas juntas. A escola
deve buscar a melhoria do desempenho de todos os seus alunos e, ao mesmo tempo, buscar
reduzida diferença entre alunos de grupos sociais distintos.

Como a dificuldade de acesso à educação gera desigualdade?


Quando um país investe em educação, a tendência é que isso influencie no crescimento
econômico, bem como no desenvolvimento cultural e social.
No entanto, quando há barreiras no acesso à educação, isso pode resultar no aumento:
 do desemprego;
 da criminalidade;
 da discriminação.

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Sem um ensino de qualidade, há dificuldades de inserção no mercado de trabalho, além
de chances menores de conquistar vagas em vestibulares ou concursos públicos.
A desigualdade social no Brasil fica evidente quando a educação não é prioritária, pois o
conhecimento faz com que a população tenha consciência dos seus direitos.
Quais são as perspectivas da educação brasileira?
A pandemia exerceu um forte impacto na educação básica, afinal, as escolas tiveram que
se adaptar tecnologicamente para suprir a demanda de um ensino a distância.
No entanto, o ensino remoto nem sempre é tão democrático, pois nem todos os alunos têm
condições de acompanhar as aulas, muito por conta da estrutura social vigente.
Em um país com 11 milhões de analfabetos, as barreiras atuais de acesso à educação e o
quadro econômico só reforçam o aumento dos índices de evasão escolar.
Com pouca verba destinada para a educação e trocas constantes de ministros, a percepção é
de que não há um planejamento focado em resolver essa problemática.
A perspectiva é que essa geração tenha problemas em se destacar no futuro, pois há uma
lacuna preocupante na construção de competências técnicas e socioemocionais.
Quais são os principais desafios no acesso à educação no Brasil?
É possível classificar os desafios do acesso à educação no Brasil em aspectos internos e
externos, que gradativamente mexem com a estrutura do sistema educacional.
A seguir, veja alguns dos fatores relevantes que podem contribuir com as barreiras
educacionais, gerando um entrave no progresso de um país ainda emergente.
Localidade
Especialmente para quem reside em áreas rurais, periferias, regiões de risco, encosta de rios e
demais localidades, a ida à escola é quase um trabalho hercúleo.
É necessário cuidar das condições de mobilidade urbana, tendo em vista que muitos
jovens de baixa renda utilizam transportes públicos precários.
Para garantir os direitos básicos de educação, as autoridades deveriam investir mais em
creches e escolas, a fim de gerar oportunidades para quem não tem condições.
Mesmo que o ensino seja a distância, nem todos os locais dispõem de uma boa
estrutura de luz e internet, o que tende a prejudicar o aprendizado dos alunos.
Realidade Familiar
Outra questão que impede o acesso à educação é a realidade socioeconômica das famílias,
porque populações de baixa renda nem sempre podem focar nos estudos.
Ainda tem gente com fome no país e os esforços dos familiares são para sobreviver em
primeiro lugar, sendo que muitas crianças e jovens acabam ajudando na renda.
Infelizmente, o trabalho infantil ainda é uma realidade em diversos municípios, algo que
prejudica de maneira considerável o desenvolvimento do país.
A falta de igualdade de oportunidades na sociedade faz com que nem todas as famílias
tenham acesso à educação básica, ensino técnico ou ensino superior.
Qualidade da Educação
O nível de ensino proporcionado em muitas escolas públicas é insuficiente e, com isso, os
obstáculos são cada vez maiores no caminho de uma carreira profissional.
Sabemos bem que existe um abismo em termos de qualidade de ensino entre instituições
públicas e privadas, prejudicando assim o desempenho de muitos alunos.

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A formação dos professores e as condições dadas a eles impactam nesse processo, pois
muitos profissionais são obrigados a “tirar leite de pedra” para ensinar.
A violência escolar também é um agravante, pois muitos educadores são ameaçados,
humilhados e agredidos, tendo dificuldades de passar qualquer conteúdo relevante.

2. O CAPITAL CULTURAL

O conceito de capital cultural foi desenvolvido pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu e se
refere ao conjunto de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes que uma pessoa adquire ao
longo de sua vida por meio de sua participação em práticas culturais.
A pesquisa de Pierre Bourdieu sobre o conceito de capital cultural foi uma parte importante
de seu trabalho em sociologia. Bourdieu desenvolveu o conceito de capital cultural como uma
forma de entender as desigualdades sociais e a maneira como a cultura é valorizada em
diferentes contextos sociais.
Para Bourdieu, o capital cultural é composto por três elementos principais: o conhecimento,
as habilidades e as disposições culturais. Ele argumentou que esses elementos são valorizados de
maneira diferente em diferentes contextos sociais e que as pessoas que têm mais capital cultural
têm mais poder e influência em suas comunidades.
Para desenvolver esse conceito, Bourdieu conduziu pesquisas empíricas em diversas áreas,
incluindo educação, arte e literatura. Ele analisou as diferentes formas de capital cultural que as
pessoas possuíam e como elas eram transmitidas de geração em geração.
Por exemplo, em sua pesquisa sobre educação, Bourdieu observou que as pessoas que
vinham de famílias com mais capital cultural, como pais com níveis mais altos de educação e
profissões mais prestigiadas, tinham mais chances de obter sucesso acadêmico do que aquelas
que vinham de famílias com menos capital cultural.
O capital cultural é dividido em três tipos:
 o capital cultural incorporado, que se refere aos conhecimentos e habilidades que uma
pessoa adquire por meio de sua formação e educação formal;
 o capital cultural objetivado, que se refere aos objetos culturais, como livros, obras de
arte e instrumentos musicais, que uma pessoa possui e que representam seu
conhecimento e status cultural;
 o capital cultural institucionalizado, que se refere à valorização social de certas
formas de cultura e arte, como a música clássica ou a literatura, em detrimento de
outras formas, como a cultura popular.
O capital cultural pode ser transmitido de geração em geração e pode ser um fator importante
na mobilidade social e na construção de identidades culturais. No entanto, nem todas as formas
de capital cultural são igualmente valorizadas em uma sociedade, e algumas pessoas podem ter
mais acesso a determinadas formas de capital cultural do que outras, o que pode levar a
desigualdades e injustiças sociais.

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