Você está na página 1de 52

Política Social em Educação

Unidade II

Vanderlei da Silva

1
APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR-AUTOR

Prof. Dr. Vanderlei da Silva. Doutor em Educação (UNISO/2013). Mestre em


Educação (UNISO/2009). Especialista em EAD (UNIP/2017). Advogado
(UNISO/2004). Especialista em Direito do Terceiro Setor (FGV/SP/2005). Professor
do Curso de Graduação em Serviço Social Presencial/EAD (UNIP) (2010-2020)
e Pós-Graduação em Gestão de Políticas Públicas EAD (UNIP). Professor
convidado do curso de especialização em Gestão Ambiental e Sustentabilidade na
MBA UFSCar. Gerente Administrativo e Financeiro do Serviço de Obras Sociais
(SOS Sorocaba). Diretor de Projetos do Lar Escola Monteiro Lobato. Conselheiro
Fiscal da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA); Conselheiro Fiscal da Vila dos
Velhinhos de Sorocaba; Conselheiro Fiscal da Associação Protetora dos Insanos.
Sócio do Escritório de Advogados “Ranuzzi & Silva, Vieira”. Autor dos livros: “A
Participação da Loja Maçônica Perseverança III na Educação Escolar em Sorocaba”
e “ O Terceiro Setor e a Escola”. Participante convidado do "Social Innovationand
Global Ethics Forum" - SIGEF 2014 e 2015 realizado em Genebra/Suíça e SIGEF
2016 realizado em Marrakech/Marrocos. Participante do "Premios Latinoamerica
Verde 2016", realizado em Guyaquil/Equador. Embaixador no Brasil do “Prêmios
Latinoamérica verde 2020” e porta-voz autorizado da Fundação Latinoamérica Verde
no Brasil.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................... 04
3 A POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO NO BRASIL....................................... 07
3.1 Conhecendo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – Lei
N. 9.394/1996............................................................................................................ 10
3.2 Política Social, Educação e Cidadania............................................................ 17
4 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO ENSINO BRASILEIRO: ASPECTOS
LEGAIS E ORGANIZACIONAIS............................................................................... 20
4.1 Organização administrativa, pedagógica e curricular do sistema de
ensino....................................................................................................................... 22
4.2 Níveis e modalidades de educação e de ensino............................................ 27
4.3 Programas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação)
....................................................................................................................................43
RESUMO................................................................................................................... 48
INTRODUÇÃO

Apresentação

Neste livro-texto, temos como objetivos criar condições para que os alunos
compreendam as condições históricas que envolvem a formulação das políticas setoriais
brasileiras, conheçam as peculiaridades das políticas sociais na conjuntura brasileira e
entendam a natureza das políticas sociais de educação no Brasil. Além disso, buscamos
formar profissionais capazes de responder às demandas sociais na perspectiva de
assegurar direitos e democratizar o acesso do cidadão às políticas sociais, por meio da
instauração de práticas profissionais competentes, com potencial de produzir
conhecimentos e propor alternativas para a transformação da realidade social.
Procuramos também desenvolver no aluno conhecimentos e habilidades que possibilitem
o bom exercício profissional e a devida informação ao cidadão usuário dos serviços
sociais.

Pesquisadores que analisam a questão do desenvolvimento do Brasil destacam que o


país apresenta três problemas graves que impedem o seu crescimento e, principalmente,
uma mudança social transformadora. Sendo que os problemas que precisam ser
enfrentados são:

1 – A imensa desigualdade social.

2 – A violência existente na sociedade de uma forma geral.

3 – A falta de confiança entre os indivíduos e entre as instituições do Estado.

Porém, essas questões precisam ser enfrentadas por todas as políticas públicas
implementadas pelo Estado, pois trata-se de uma questão que transpassa todas elas.

Assim, o que vamos apresentar neste livro-texto são possíveis formas de superação
desse cenário negativo a partir da educação e o que veremos a seguir é que o Brasil
ainda não encontrou o modelo ideal de educação que consiga superar um sistema
pensado para atender determinados setores da sociedade e que agora tem sido cobrado
para estender uma educação de qualidade para todos os segmentos da população.

Também veremos que é necessário superar um modelo educacional que tem por
finalidade principal a inclusão do indivíduo no mercado de trabalho, sendo que o
emprego está diminuindo cada vez mais e que os que restam exigem um tipo de
educação qualificada e abrangente.

Assim, torna-se primordial pensar numa educação que forme cidadãos políticos,
preparados para uma nova sociedade que emerge do processo de globalização, em que
novas habilidades e exigências são apresentadas ao público escolar, ou seja, pessoas
que passaram por um processo de emancipação.

A palavra emancipação está relacionada com o ato de tornar livre ou independente.


Porém, o mesmo termo também pode ser aplicado para exemplificar a luta das minorias
pelos seus direitos de igualdade ou pelos seus direitos políticos enquanto cidadãos.

4
Nesse sentido, vamos refletir sobre vários aspectos da educação, que ainda é um
processo em construção no qual vamos encontrar as marcas profundas da exclusão
social, econômica e cultural de uma classe menos favorecida. Trata-se de uma educação
sem investimentos e oportunidades a essa parcela da população e sob o domínio de
organismos nacionais e internacionais, os quais direcionam os rumos da educação
brasileira para uma ação mercantilista.

Por esses motivos, é fundamental pensar no desenvolvimento de uma educação


diferenciada, participativa e de qualidade. Educação que deve ser construída com o
compromisso ético, com a paixão em socializar conhecimentos, a criatividade e a
dinamicidade na construção do conhecimento pelos educadores.

E para que isso seja, de fato, alcançado é necessário pensar em estratégias que
permitam a articulação da Educação com outras disciplinas, visando proporcionar uma
educação de qualidade e inclusiva como forma de transformação social.

É importante destacar que a Educação inclusiva é uma modalidade de educação que


inclui alunos com qualquer tipo de deficiência ou transtorno, ou com altas habilidades em
escolas de ensino regular. A diversidade proposta pela escola inclusiva é proveitosa para
todos. De um lado estão os alunos com deficiência, que usufruem de uma escola
preparada para ajudá-los com o aprendizado e do outro, os demais alunos que aprendem
a conviver com as diferenças de forma natural, a desenvolver o sentido de entreajuda, o
respeito e a paciência.

Assim, a inclusão ajuda a combater o preconceito buscando o reconhecimento e a


valorização das diferenças através da ênfase nas competências, capacidades e
potencialidades de cada um. Esse conceito tem como função a elaboração de métodos e
recursos pedagógicos que sejam acessíveis a todos os alunos, quebrando assim as
barreiras que poderiam vir a impedir a participação de um ou outro estudante por conta
de sua respectiva individualidade. Um dos objetivos da inclusão escolar é o de
sensibilizar e envolver a sociedade, principalmente a comunidade escolar.

Inúmeras pesquisas nacionais e internacionais apresentam dados que demonstram o


que deve ser feito para que as escolas e os sistemas de ensino funcionem a contento e
promovam o aprendizado e o desenvolvimento dos alunos.

O problema é que os resultados positivos dependem de muitos fatores que precisam


ser manejados e gerenciados ao mesmo tempo para que as melhorias aconteçam e os
resultados sejam significativos.

Assim, quando discutimos as questões relacionadas com os avanços que precisam


ser alcançados no âmbito da educação, é preciso considerar que as escolas têm cada
vez mais dificuldades para ensinar e promover o desenvolvimento integral de crianças e
adolescentes, especialmente aqueles que vivem em comunidades e famílias vulneráveis
que convivem com variadas formas de violência. Essas situações representam os fatores
de risco que podem impor limitações à trajetória escolar de crianças e adolescentes e
que estão presentes em um número cada vez mais amplo de territórios e espaços
urbanos e rurais, e não apenas naqueles tipicamente considerados como regiões críticas.
Para que esses obstáculos possam ser ultrapassados, torna-se fundamental a existência
de relações de cooperação entre as políticas setoriais.

5
A atual situação da educação no Brasil deixa evidente que o trabalho das escolas
precisa ser apoiado por ações de outras políticas setoriais, tais como assistência social,
saúde, cultura, esportes, trabalho e renda, segurança etc., pois somente com esse apoio
é que a educação conseguirá ter mais chances de sucesso. Tal proposta não é nenhuma
novidade, pois o princípio da articulação intersetorial já foi reconhecido em vários marcos
legais e planos governamentais e vem sendo reafirmado em documentos recentes.

É o que aponta o Plano Nacional de Educação (PNE) estabelecido para o período


2014-2024, que foi instituído pela Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014. Nesse
documento está disposto que o alcance das metas de melhoria do acesso, da
permanência e do aproveitamento das crianças e adolescentes na escola depende, entre
outros fatores, da existência de ações conjuntas entre as áreas da Assistência Social, da
Saúde e da Educação. O Plano também indica que uma boa integração entre essas
áreas pode favorecer a redução de problemas que limitam a trajetória escolar da
população infanto-juvenil, especialmente aquela parcela pertencente aos segmentos
mais vulneráveis da população, que são beneficiários dos programas de transferência de
renda.

Outro desafio que se torna cada mais evidente para a melhoria da educação brasileira
é a redução da tendência à evasão escolar entre a população de 15 a 17 anos, que é
significativamente maior que a registrada em outras faixas etárias, fato que tem sido
constatado pelas pesquisas divulgadas pelo IBGE. Trata-se de um problema grave e cujo
enfrentamento depende da existência de uma adequada articulação entre políticas
setoriais.

Assim, o principal objetivo deste livro-texto é o de apresentar os principais aspectos


históricos da educação no Brasil e dos desafios que ela ainda enfrenta após a
promulgação da Lei n. 9.394/1996 (LDB).

A partir dos nossos estudos vamos compreender que é necessário articular esforços
que efetivamente promovam avanços no âmbito educacional. Os objetivos somente
serão alcançados se houver o aprimoramento dos mecanismos de gestão das políticas
setoriais, que deverão ser repensadas e reorganizadas para atuar de forma colaborativa.

6
3. A POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO NO BRASIL

Como já estudamos anteriormente, a educação no Brasil é um direito social de todos,


assegurado pela Constituição Federal e de competência comum da União, do Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios. Por esse motivo, a política educacional pertence ao
grupo de políticas públicas sociais do país, ou seja, trata-se de uma política que é de
responsabilidade do Estado.

Nesse sentido, as políticas públicas de educação, considerando o poder


legislativo e o poder executivo, são uma responsabilidade compartilhada, uma vez que
cabe ao legislativo dispor sobre a matéria por meio de leis e da fiscalização e controle
dos atos do executivo e ao executivo dar materialidade à legislação por meio das
políticas públicas necessárias à sua consecução.

Em seu texto “Da nova LDB ao novo Plano Nacional de Educação: por uma outra
política educacional”, Demerval Saviani (2004) define política educacional como uma
modalidade de política social, entendida como “uma certa maneira de conceber,
organizar e operar a administração da coisa pública”. Para o autor, é necessário pensar a
possibilidade de superar uma dimensão compensatória das políticas sociais, por meio do
“empenho prático dos próprios homens”. De acordo com esse autor, são linhas
mestras na produção de “outra política social”: rever o Ensino Médio, propiciando
uma sólida formação geral de base científica e implementar, para os docentes, a
jornada de trabalho de 40 horas em uma única escola e salário compatível com a
função do ensino e atuar conforme o princípio da indissociabilidade entre ensino e
pesquisa no Ensino Superior, com ampliação de vagas nas universidades públicas e
organização de um Fórum Nacional da Educação.

As políticas públicas envolvem todos os grupos de necessidades da sociedade civil,


que são as políticas sociais, sendo que estas determinam o padrão de proteção social
implementado pelo Estado, voltadas, em princípio, à redistribuição dos benefícios sociais,
entre eles o direito a educação. E para que este direito seja garantido com qualidade e
de forma universal, é implementada a política educacional.

A noção de escola pública nos remete ao conceito de serviço público que precisa ser
oferecido pelo Estado aos cidadãos, devendo possuir um caráter universal, ou seja, para
todas as crianças em idade escolar. Além disso, oferecer a oportunidade para que todas
as crianças tenham acesso à escola pública representa a igualdade de oportunidades.

Nesse sentido, a inclusão deve estar apoiada no princípio de que a escola inclusiva
deve assegurar a igualdade entre os alunos diferentes, e esse posicionamento lhes
garante o direito à diferença na igualdade de direito à educação, sendo que esse
posicionamento do sistema escolar deve estar em consonância com o princípio da
isonomia, previsto no Artigo 5º da Constituição Federal.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade (BRASIL, 1988).

7
A educação, junto com saúde e segurança pública, é um dos deveres mais
importantes de todas as esferas governamentais e, por isso, possui uma ampla
legislação que visa garantir não somente que os governos cumpram suas obrigações,
mas também que a educação cumpra sua função social. Nesse sentido, foi criado o
Conselho Nacional de Educação (CNE), que tem por missão a busca democrática de
alternativas e mecanismos institucionais que possibilitem, no âmbito de sua esfera de
competência, assegurar a participação da sociedade no desenvolvimento,
aprimoramento e consolidação da educação nacional de qualidade.

Um aspecto fundamental da gestão democrática é a construção do Projeto Político


Pedagógico de modo que a cultura escolar esteja preocupada em manter a lógica
hierárquica, objetivando obter excelentes resultados nas avaliações institucionais.

Nesse sentido, é importante destacar que a gestão é o ato de gerir a dinâmica cultural
da escola, em articulação com as diretrizes e políticas educacionais públicas para a
implementação de seu projeto político-pedagógico. Dessa forma, a gestão escolar deve
ser compromissada com os princípios da democracia, da participação e do
compartilhamento das decisões, pois a gestão atualmente é um processo de tomada de
decisões conjunta e de efetivação de resultados, com acompanhamento e avaliação dos
encaminhamentos dados. Assim, a gestão escolar deve estabelecer o direcionamento e
a mobilização capazes de sustentar e dinamizar a cultura das escolas, para realizar
ações conjuntas, associadas e articuladas, de modo a atingir os objetivos da escola.

O emprego da expressão Gestão Escolar, em substituição à Administração Escolar,


representa uma mudança radical de postura, um novo enfoque de organização, um novo
paradigma de encaminhamento das questões escolares, ancorados nos princípios de
participação, de autonomia, de autocontrole e de responsabilidade.

No ensino superior também é preciso se pensar na promoção de uma gestão


universitária democrática, que vai exigir um conjunto de ações e elementos constitutivos,
como possibilidade da prática social da educação. Sendo necessário o reconhecimento
da existência de diferenças de identidades e de interesses que compõem a comunidade
acadêmica e buscando cada vez mais a participação da comunidade acadêmica e da
sociedade civil nos momentos de elaboração, execução e avaliação do Plano de
Desenvolvimento Institucional (PDI). Além disso, é fundamental que exista a
transparência pública em todos os atos da administração acadêmica.

No âmbito local, uma das principais ferramentas da gestão democrática é o


planejamento participativo, uma vez que ele pode envolver os mais diferentes segmentos
da comunidade local e escolar que têm representação no Conselho Escolar.

O conceito de gestão democrática é entendido como o processo gerencial dialógico


em que a autoridade decisória é compartilhada entre os participantes da ação. Porém, a
expressão gestão democrática também tem sido usada para identificar as mais variadas
práticas sociais de diferentes atores não apenas governamentais, mas de organizações
não governamentais, associações, fundações e escolas.

Um fator bastante positivo existente no processo de gestão democrática é o


surgimento da cidadania deliberativa, ou seja, a legitimidade das decisões passa a ter
origem em processos de discussão, orientados pelos princípios da inclusão, do
pluralismo, da igualdade participativa, da autonomia e do bem comum. Assim, a

8
cidadania deliberativa une os cidadãos em torno de um autoentendimento ético e numa
rede de debates e de negociações, a qual deve possibilitar a solução racional de
questões pragmáticas, éticas e morais, sendo que o marco que possibilita essas formas
de comunicação é a justiça, entendida como a garantia processual da participação em
igualdade de condições.

No ambiente escolar, o Conselho Esc deve ser o órgão máximo para a tomada de
decisões realizadas no interior de uma escola. Ele é formado pela representação de
todos os segmentos que compõem a comunidade escolar. Assim, ele se torna
responsável por zelar pela manutenção e por participar da gestão administrativa,
pedagógica e financeira da escola e deve contribuir com as ações dos dirigentes
escolares para assegurar a qualidade de ensino e a gestão democrática na escola.
Nesse sentido, cabe aos conselheiros, por exemplo, definir e fiscalizar a aplicação dos
recursos destinados

O papel do Conselho Escolar é tão relevante que existe o Programa Nacional de


Fortalecimento dos Conselhos Escolares que tem por objetivo fomentar a implantação e
o fortalecimento dos Conselhos Escolares para que contribuam para a melhoria da
qualidade do ensino ofertado e para garantir a efetiva participação das comunidades
escolar e local na gestão das escolas, como prevê a legislação.

E de acordo com as normativas desse Programa, o Conselho Escolar é responsável


por zelar pela manutenção e por participar da gestão administrativa, pedagógica e
financeira da escola. Além disso, tem um papel fundamental na democratização da
Educação, pois a meta 19 do Plano Nacional de Educação (PNE) propõe estratégias
para assegurar condições a gestão democrática da educação. Sendo que uma dessas
estratégias é justamente a formação e o fortalecimento dos Conselhos Escolares. Além
disso, o texto do PNE ressalta a necessidade da articulação do Conselho Escolar com os
outros órgãos colegiados, de forma que ele seja o aglutinador das demandas e
encaminhamentos.

Seguindo essa linha de uma gestão democrática da educação, as atribuições do


Conselho Nacional de Educação são normativas, deliberativas e de assessoramento ao
Ministro de Estado da Educação, no desempenho das funções e atribuições do Poder
Público federal em matéria de educação, cabendo-lhe formular e avaliar a Política
Nacional de Educação, zelar pela qualidade do ensino, velar pelo cumprimento da
legislação educacional e assegurar a participação da sociedade no aprimoramento da
educação brasileira.

Os compromissos do CNE são:

 Consolidar a identidade do Conselho Nacional de Educação como Órgão de


Estado, identidade esta afirmada e construída na prática cotidiana, nas ações,
intervenções e interações com os demais sistemas de ensino.

 Participar do esforço nacional comprometido com a qualidade social da


educação brasileira, cujo foco incide na escola da diversidade, na e para a
diversidade, tendo o PNE e o PDE como instrumentos de conquista dessa
prioridade.

9
 Articular e integrar, num diálogo permanente, as câmaras de educação básica
e de educação superior, correspondendo às exigências de um Sistema
Nacional de Educação que ultrapasse barreiras burocráticas, mediante prática
orgânica e unitária.

 Consolidar a estrutura e diversificar o funcionamento do CNE, para que ele


não responda apenas às demandas, mas que se constitua em espaço de
fortalecimento de suas relações com os demais sistemas de ensino e com os
segmentos sociais, espaço de estudos para as comissões bicamerais,
audiências públicas, fóruns de debates, sempre cuidando da dotação de
infraestrutura material necessária e do quadro de pessoal próprio.

 Instaurar um diálogo efetivo, articulado e solidário, com todos os sistemas de


ensino (em nível federal, estadual e municipal), em compromisso com a
Política Nacional de Educação, em regime de colaboração e de cooperação.
Talvez este se constitua no desafio maior para o CNE.

Ainda objetivando que a política de educação consiga cumprir a sua função social, a
Constituição Federal determina que os municípios apliquem ao menos 25% de sua
receita resultante de impostos e transferências na manutenção e no desenvolvimento da
educação. A lei é a mesma para os Estados e, no caso da União, o percentual mínimo
era de 18% até 2017. Porém, a Emenda Constitucional nº 95, conhecida como Lei do
Teto, estipulou que a partir de 2018 a União investirá o mesmo valor de 2017 mais o
acréscimo da inflação do ano anterior medida pelo IPCA. Isso significa que o
investimento em educação não vai acompanhar o crescimento do PIB.

Para que os Estados, os Municípios e a União cumpram as suas obrigações


constitucionais no âmbito da educação, a seção I do capítulo III da Constituição de 1988,
intitulada “Da Educação”, define os pontos mais cruciais da educação em relação aos
sistemas de ensino, aos deveres do Estado, aos recursos públicos destinados à área e
aos seus objetivos, que de acordo com Artigo 205 são o “pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Entre as definições mais importantes dessa seção, estão os princípios com base nos
quais o ensino deve ser ministrado (art. 206) e as responsabilidades que o Estado deve
exercer em vista de assegurar a efetivação do seu compromisso com a educação (art.
208).

Tais artigos constitucionais precisavam ser devidamente regulamentados para


produzir os efeitos esperados; por esse motivo, a LDB trouxe toda uma base orientada
pelos princípios, diretrizes e normas estabelecidos na Constituição de 1988, que define e
regula o sistema brasileiro de educação, conforme veremos a seguir.

3.1 Conhecendo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional


(LDB) – Lei N. 9.394/1996

A LDB foi criada para garantir o direito de toda população a ter acesso a educação
gratuita e de qualidade, para valorizar os profissionais da educação e estabelecer o
dever da União, dos Estados e dos Municípios com a educação pública.

Como já vimos, a competência legislativa em matéria educacional na Constituição


Federal se encontra na previsão do Artigo 22, XXIV, que consagra competência

10
legislativa privativa da União para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional
e na competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal para legislar
sobre educação, cultura, ensino e desporto, prevista no Artigo 24, IX.

Apesar de estamos tratando da educação, é importante irmos um pouco para a área


do direito, visando entender o que é competência legislativa privativa, concorrente e
suplementar.

 Privativa: é a competência plena, direta e exclusiva de legislar.

 Concorrente: é a competência comum.

 Suplementar: é uma subespécie da competência concorrente, aquela que


preenche os vazios da norma geral. Para alguns, ela é “complementar”.
Exemplo: aos estados cabe complementar as normas gerais.

A LDB é a principal legislação educacional brasileira, considerada a Carta Magna da


educação. Ela organiza e regulamenta a estrutura e o funcionamento do sistema
educacional público e privado em todo o Brasil com base nos princípios e direitos
presentes na Constituição Federal de 1988.

Na LDB encontramos as diretrizes que regem a educação nacional em todas suas


modalidades, do ensino básico ao superior. Por isso, é fundamental que todos que atuam
na área da educação tenham conhecimento da LDB, já que nela podemos encontrar
tanto os direitos quanto os deveres dos profissionais da educação e também de seus
governantes.

A primeira LDB foi criada em 1961, tendo sido reformulada em 1971 e 1996. Apesar
da versão de 1996 ainda estar em vigor (Lei nº. 9.394), ela já sofreu diversas alterações
ao longo dos anos, a última delas em 2017.

Antes de continuamos a tratar dos aspectos gerais da LDB, vamos nos aprofundar um
pouco nas alterações promovidas na Lei a partir de 2017, por se tratarem das mais
recentes.

Saiba mais

Lei n. 13.415, de 16 de fevereiro de 2017

Altera as Leis n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e


bases da educação nacional, e 11.494, de 20 de junho de 2007, que regulamenta o
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo
Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943, e o Decreto-lei n. 236, de 28 de fevereiro de
1967; revoga a Lei n. 11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a Política de Fomento à
Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-


2018/2017/Lei/L13415.htm. Acesso em: 14/07/2020.

11
Também é importante destacar a lei nº 13.632, de 6 de março de 2018, que alterou a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/1996), incluindo o direito à
educação e aprendizagem ao longo da vida como um dos princípios norteadores do
ensino brasileiro e estabeleceu que a educação de jovens e adultos (EJA) constituirá
instrumento para a educação ao longo da vida.

Essa lei também determina que o dever do Estado é o de garantir que a educação
especial se estenda ao longo da vida para as pessoas com deficiência, conforme o que já
estava assegurado no Art. 24 da Convenção da ONU sobre os Direitos da Pessoa com
Deficiência.

Com esse mesmo objetivo, a Lei Federal n° 8.069/1990 - Estatuto da Criança e do


Adolescente (ECA), estabeleceu que “a criança e o adolescente têm direito à educação,
visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania
e qualificação para o trabalho”, assegurando-se-lhes a participação em processos de
decisão que afetam sua experiência de escolarização, conforme o que está previsto em
seu Artigo 53:

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação,


visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para
o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho,
assegurando-se-lhes:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às
instâncias escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades
estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua
residência, garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a
irmãos que frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da
educação básica.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência
do processo pedagógico, bem como participar da definição das
propostas educacionais.

Saiba mais

Lei n. 13.632, de 6 de março de 2018

Altera a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da


Educação Nacional), para dispor sobre educação e aprendizagem ao longo da vida.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-


2018/2018/Lei/L13632.htm. Acesso em: 14/07/2020.

Em 2019 também foi sancionada a Lei nº 13.796 que assegura aos alunos o
direito de faltar a aulas e a provas por motivos religiosos e de consciência. A norma

12
altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) para garantir a
alunos direitos que estejam alinhados a sua religião. Segundo líderes religiosos,
cerca de dois milhões de brasileiros guardam o sábado e, por razões de fé, não
podem estudar ou trabalhar até o pôr do sol. Por esse motivo, de acordo com a nova
lei, as atividades que caiam em dias que, segundo os preceitos religiosos, seja
vedado o exercício de tais atividades, devem ser compensadas pela reposição de
aulas. A norma prevê ainda que a frequência seja atestada, bem como as provas
sejam realizadas em segunda chamada.

Saiba mais

Lei n. 13.796, de 3 de janeiro de 2019

Altera a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da


Educação Nacional), para fixar, em virtude de escusa de consciência, prestações
alternativas à aplicação de provas e à frequência a aulas realizadas em dia de guarda
religiosa.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2019-


2022/2019/Lei/L13796.htm. Acesso em: 14/07/2020.

Entendemos ser importante apresentar de forma detalhada as alterações promovidas


na LDB a partir de 2017, pois os temas tratados nessas mudanças dizem respeito a
questões da contemporaneidade e que modificam a forma como conhecemos e
vivenciamos a educação. Nesse sentido, é fundamental destacar que o novo texto trata
de assuntos que dizem respeito à sociedade atual mediada por novos conceitos e pela
informação.

Para uma maior compreensão da importância dessas mudanças, vamos elencar a


seguir os principais temas inseridos na LDB a partir de 2017:

 carga horária mínima anual;

 temas transversais;

 linguagens e suas tecnologias;

 matemática e suas tecnologias;

 ciências da natureza e suas tecnologias;

 ciências humanas e sociais aplicadas;

 padrões de desempenho esperados para o Ensino Médio;

13
 construção de projeto de vida e formação nos aspectos físicos, cognitivos e
socioemocionais;

 projetos e atividades on-line;

 domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção


moderna;

 conhecimento das formas contemporâneas de linguagem;

 itinerários formativos;

 formação técnica e profissional;

 ênfase técnica e profissional;

 concessão de certificados intermediários de qualificação para o trabalho;

 cursos realizados por meio de educação a distância ou educação presencial


mediada por tecnologias;

 garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida;

 medidas de conscientização, de prevenção e de combate a todos os tipos de


violência;

 ações destinadas a promover a cultura de paz nas escolas;

 educação alimentar e nutricional incluída entre os temas transversais;

 exercício da liberdade de consciência e de crença;

 notificação ao Conselho Tutelar do Município a relação dos alunos que


apresentem quantidade de faltas acima de 30%.

Entre os temas elencados, cabe um estudo um pouco mais detalhado sobre os temas
transversais, que caracterizam-se por um conjunto de assuntos que aparecem
transversalizados em áreas determinadas do currículo e se constituem na necessidade
de um trabalho mais significativo e expressivo de temáticas sociais na escola.

O Ministério da Educação também tem trabalhado tratado do tema Currículo e


Diversidade, informando que certos saberes que não encontram um lugar definido
nos currículos oficiais podem ser compreendidos como uma ausência ativa e, muitas
vezes, intencionalmente produzida. Além disso, os Técnicos do Ministério
esclarecem que há, na educação brasileira, uma monocultura do saber, que
privilegia o saber científico (transposto didaticamente como conteúdo escolar) como
único e legítimo. Dessa forma, a inserção da diversidade nos currículos implica
compreender as causas políticas, econômicas e sociais de fenômenos como
etnocentrismo, racismo, sexismo, homofobia e xenofobia. Compreendendo que há
diversos conhecimentos produzidos pela humanidade que ainda estão ausentes nos
currículos e na formação dos professores.

14
Assim, diante dessas evidências, alguns critérios utilizados para a constituição da
educação no país se relacionam à urgência social, à abrangência nacional e à
possibilidade de ensino e aprendizagem na Educação Básica e no favorecimento à
compreensão do ensino/aprendizagem, assim como da realidade e da participação
social.

E, visando ampliar a gama de conhecimentos que podem ser oferecidos aos alunos,
os temas transversais são constituídos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e
compreendem seis áreas:

Ética Respeito mútuo, justiça, diálogo, solidariedade.


Orientação Corpo: matriz da sexualidade, relações de gênero, prevenções das
sexual doenças sexualmente transmissíveis.
Meio Os ciclos da natureza, sociedade e meio ambiente, manejo e
ambiente conservação ambiental.
Saúde Autocuidado, vida coletiva.
Pluralidade Pluralidade cultural e a vida das crianças no Brasil, constituição da
cultural pluralidade cultural no Brasil, o ser humano como agente social e
produtor de cultura, pluralidade cultural e cidadania.
Trabalho e Relações de trabalho; trabalho, consumo, meio ambiente e saúde;
consumo consumo, meios de comunicação de massas, publicidade e vendas;
direitos humanos e cidadania.

Podem ser trabalhados também temas locais, como trabalho, orientação para o
trânsito etc.

É importante destacar que no Brasil, os PCNs - Parâmetros Curriculares


Nacionais são diretrizes elaboradas pelo Governo Federal com o objetivo principal
de orientar os educadores por meio da normatização de alguns fatores fundamentais
concernentes a cada disciplina, com os seguintes objetivos:
I. compreender a cidadania como participação social e política, assim como
exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia,
atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o
outro e exigindo para si o mesmo respeito;
II. posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes
situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de
tomar decisões coletivas;
III. conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais,
materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de
identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao País;
IV. conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem
como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se
contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe

15
social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e
sociais;
V. perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente,
identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo
ativamente para a melhoria do meio ambiente;
VI. desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de
confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de
inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na
busca de conhecimento e no exercício da cidadania;
VII. conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis
como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com
responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva;
VIII. utilizar as diferentes linguagens — verbal, matemática, gráfica, plástica e
corporal — como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias,
interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e
privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação;
IX. saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para
adquirir e construir conhecimentos;
X. questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los,
utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a
capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua
adequação.

Agora que já obtivemos um amplo conhecimento sobre as alterações recentes


promovidas na LDB, podemos voltar a tratar dos seus aspectos gerais.

Como vimos, assim como a Constituição, a LDB também define os princípios, fins,
direitos e deveres referentes à educação nacional. Além disso, ela estabelece e
aprofunda outros pontos relacionados ao sistema educacional, como:

 Organização da educação nacional: determina quais são as


responsabilidades e obrigações de cada esfera administrativa (União, estado,
Distrito Federal e município), das instituições de ensino e dos professores e a
composição dos diferentes sistemas de ensino (federal, estadual – inclui o
Distrito Federal – e municipal).

 Níveis e modalidades de educação e ensino: delibera sobre as finalidades e


o modo de organização dos níveis e modalidades da educação. Os níveis são
divididos em educação básica (composta por educação infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio – que pode ser profissionalizante ou não) e
ensino superior. Já as modalidades incluem educação de jovens e adultos –
conhecido popularmente como supletivo –, educação especial, educação
profissional e tecnológica, educação a distância e educação indígena.

 Profissionais da educação: indica os títulos e experiências necessárias aos


profissionais da educação e estabelece as obrigações dos órgãos
administrativos em vista da valorização deles.

Ainda sobre a Organização da Educação Nacional, a União, os Estados, o Distrito


Federal e os Municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas

16
de ensino. E na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional de Educação, com
funções normativas e de supervisão e atividade permanente, criado por lei.

Entre os avanços e novidades da atual LDB estão a implementação do conceito de


educação básica, nível de ensino que corresponde aos primeiros anos de educação
escolar, e a introdução, em 2013, da educação infantil como primeira etapa desse nível,
que também inclui o Ensino Fundamental e o Ensino Médio.

Como a educação básica é obrigatória, a educação infantil também passou a ser e,


portanto, os pais ficaram obrigados a matricular seus filhos na escola a partir dos 4 anos.

A LDB também determinou que os currículos da educação infantil, fundamental e


média tenham uma base nacional comum, porém, respeitando as diversidades de cada
região, dividiu melhor as competências entre as esferas governamentais, pôs fim à
obrigatoriedade do vestibular como única forma de ingresso à universidade, trouxe as
creches para o sistema educacional, estimulou novas modalidades como a educação a
distância e determinou a elaboração de um novo Plano Nacional de Educação. Seu
conteúdo é preciso, apontando para a ideia de "fundamento, organização, condições de
exequibilidade", pois é ela que traça a estrutura da educação nacional.

Diante do que estudamos sobre a LDB, podemos verificar que o problema da


educação do Brasil não é a falta de leis que garantam os direitos dos alunos e dos
professores a uma educação de qualidade, pois a LDB tem nos seus artigos o suficiente
para isso.

Visando melhorar cada vez mais a qualidade do ensino, em conformidade com a


Meta 16 do Plano Nacional da Educação, além da formação em nível de pós-
graduação, o plano aponta para a garantia a “todos os profissionais da educação
básica formação continuada em sua área de atuação, considerando as
necessidades, demandas e contextualização dos sistemas de ensino”. Porém, não
podemos nos esquecer que a escola, também é compreendida como espaço de
formação para o trabalho, pois incorpora uma formação continuada contextualizada
com a atuação individual e coletiva de professores.

Talvez um dos problemas seja que boa parte dos professores e dos alunos não tem
conhecimento e/ou não exige o cumprimento da lei. Assim, muitos governantes não
fazem a menor questão de proporcionar às crianças e adolescentes do Brasil uma
educação básica de qualidade.

3.2 Política Social, Educação e Cidadania

Em vários momentos deste livro-texto vamos discutir a definição do conceito de


políticas sociais públicas, pois o efeito dessas políticas afeta a vida de grande parte da
população brasileira, principalmente daqueles que se encontram em processo de
exclusão social por falta de efetividade dessas políticas.

Os direitos sociais dizem respeito inicialmente à consagração jurídica de


reivindicações dos trabalhadores. Assim, as políticas sociais ora são vistas como
mecanismos de manutenção da força de trabalho, ora como conquista dos trabalhadores,
ora como arranjos do bloco no poder ou bloco governante, ora como doação das elites

17
dominantes, ora como instrumento de garantia do aumento da riqueza ou dos direitos do
cidadão. Pois são os direitos sociais que obrigam o Estado a criar as políticas sociais.

Lembrete

A exclusão social designa um processo de afastamento e privação de determinados


indivíduos ou de grupos sociais em diversos âmbitos da estrutura da sociedade.

Por esse motivo, antes de abordar a questão da política social, educação e cidadania
é importante tratar do próprio significado de políticas sociais. A partir da leitura de vários
autores, podemos definir que as políticas sociais se referem a ações que determinam o
padrão de proteção social implementado pelo Estado, voltadas, em princípio, para a
redistribuição dos benefícios sociais visando à diminuição das desigualdades estruturais
produzidas pelo modelo de desenvolvimento socioeconômico implementado no país.

A partir dessa definição, vamos entender que uma política social deve buscar reduzir
as desigualdades entre os indivíduos produzidas pelo próprio sistema capitalista. Nesse
sentido, é importante trazer a opinião de Pedro Demo (1994, p.14) quando ele escreve
que “política social pode ser contextualizada, ... do ponto de vista do Estado, como
proposta planejada de enfrentamento das desigualdades sociais”. Assim, para o autor, as
políticas sociais não são meramente casuais, elas são organizadas e projetadas, podem
interferir no processo histórico e não permitir que o mesmo ocorra ao acaso. Existe,
assim, a possibilidade de construir uma sociedade que seja menos desigual.

O pesquisador faz questão de ressaltar que a política social deve ser preventiva, no
sentido de tocar a origem do problema como forma de evitar que ele se processe. Deve
redistribuir e desconcentrar renda e poder, precisa ser equalizadora de oportunidades e,
por fim, necessita ser, dentro das possibilidades, emancipatória, agregando autonomia
econômica, orientada para a autossustentação, e autonomia política, enraizada na
cidadania.

No processo de construção da cidadania é que surge a oportunidade para a formação


do sujeito social, consciente e organizado, capaz de definir seu destino e de
compreender a desigualdade como injustiça social. Por outro lado, uma sociedade que
fragiliza a cidadania é caracterizada pela pobreza política. Nesse sentido, o acesso à
educação para todos, dever do Estado, é uma das formas cruciais para a contribuição no
processo de formação da cidadania, pois a cidadania precisa ser apreendida por meio de
uma prática cotidiana que deve ser exercida em todos os aspectos da vida do sujeito, ou
seja, deve fazer parte do cotidiano dos indivíduos.

A cidadania possui uma amplitude em vários setores da sociedade, pois abrange os


direitos políticos, sociais e civis considerados fundamentais para as condições da vida
em sociedade.

Outra questão fundamental é também pensar nos espaços que são destinados para
que a população possa influenciar no modelo de educação que o país quer implementar.
Pois, é visível que os movimentos sociais indagam a sociedade como um todo e,
enquanto sujeitos políticos, colocam em xeque a escola uniformizadora que tanto
imperou em nosso sistema de ensino. Além disso, tais movimentos questionam os

18
currículos, buscam imprimir mudanças nos projetos pedagógicos. Da mesma forma,
querem interferir na política educacional e na elaboração de leis educacionais e diretrizes
curriculares. Diante desses posicionamentos dos movimentos sociais é visível a sua
atuação como sujeitos políticos que podem ser vistos como produtores de saber. Porém,
este nem sempre tem sido considerado enquanto tal pelo próprio campo educacional.

Nessa mesma linha, também podemos considerar que a educação é um dos mais
importantes direitos sociais, pois é a partir dele que o cidadão terá condições de ampliar
o seu acesso aos demais direitos, conhecendo e exigindo o que lhe é devido pelo
Estado. Nesse sentido, Demo (1994) aponta que as políticas educacionais também
contribuem para o enfrentamento da pobreza política das pessoas.

Saiba mais

EDUCAÇÃO E CIDADANIA - Pedro Demo (UnB, 2006)

Disponível em:
https://docs.google.com/document/d/1cNpuxnJTdiEUOG9eQQ5iqZj3ve3ikIeHsM05uHVJ
o5k/pub. Acesso em: 14/07/2020.

Em alguns momentos da história a educação resumia a própria política social, pois era
identificada como a possibilidade de ascensão social. Dessa forma, era o investimento
social mais importante, indicador privilegiado de desenvolvimento de uma nação. Porém,
essa concepção mudou significativamente, pois hoje se percebeu que as políticas sociais
devem ser inter-relacionadas para produzir os efeitos delas esperado.

Visto de outra forma, a educação pode ser um importante meio pelo qual se promove
a participação política. Com isso, temos uma valorização ainda maior da educação, pois
ela passa a ser considerada como elemento fundamental na criação das participações
nos espaços democráticos do país, onde existe a condição ideal para se discutir um
projeto de redução das desigualdades. Assim, a educação deve ser capaz de transmitir
a consciência dos direitos e dos deveres da cidadania política, contribuindo para que o
cidadão possa, a partir de articulação, de associação e de cooperação, sentir-se como
agente importante para a construção de uma sociedade com mais igualdade e mais
justiça social.

19
4. ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO ENSINO BRASILEIRO: ASPECTOS
LEGAIS E ORGANIZACIONAIS

No Brasil, o sistema escolar é formado por uma rede de escolas e estrutura de


sustentação. A rede de escolas está classificada pelos graus de ensino e pelas
modalidades de ensino. Os graus de ensino foram estruturados para atender ao
crescimento biológico e psicológico dos alunos. É o que, pela legislação atual, foi
denominado como Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino
Superior. Já as modalidades de ensino visam atender a aspectos psicológicos e sociais,
tais como o ensino técnico e profissionalizante.

E a estrutura de sustentação para o sistema escolar é formada pela parte


administrativa, que contém os elementos que passamos a descrever a seguir:

Estrutura de sustentação do sistema escola em conformidade com a LDB/96

Elementos não materiais Normas (disposições legais, constituição,


leis, decretos).
Disposições regulamentares (regimes,
portarias, instruções).
Disposições consuetudinárias (ética,
costumes, praxe).
Metodologias do ensino.
Conteúdos do ensino (currículos e
programas).
Entidades mantenedoras Poder Público (federal, estadual e
municipal).
Entidades particulares (leigas e
confessionais).
Entidades mistas (autarquias).
Administração Organismos que têm por finalidade a
gestão do sistema escolar (Secretarias
Municipais, Departamento de Educação,
Diretoria Regional/Estadual etc.).

Da mesma forma, a política de educação é composta por níveis e modalidades de


ensino, sendo que cada um deles possui particularidades no tocante a dinâmica dos
espaços ocupacionais, legislações e prerrogativa dos entes governamentais,
profissionais e públicos.

20
De acordo com o artigo 8° da LBD/96, que regulamenta o Artigo 211 da Constituição
Federal, fica estabelecido que a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios
devem organizar, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino. A
redação do artigo 211 apresenta as seguintes regras:

Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino.
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios,
financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em
matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir
equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de
qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; (Redação dada pela
Emenda Constitucional n. 14, de 1996)
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na
educação infantil. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 14, de
1996)
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino
fundamental e médio. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 14, de
1996)
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios definirão formas de colaboração, de
modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório. (Redação
dada pela Emenda Constitucional n. 59, de 2009)
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino
regular. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 53, de 2006) (BRASIL,
1988).

A LDB é uma legislação de modo geral normatiza a estrutura da organização


educacional brasileira e também traz as normas que regem o seu funcionamento. Nesse
sentido, do artigo 8º ao artigo 20 estão estabelecidas disposições que tratam da
organização da Educação Nacional, sendo que o Art. 8º afirma que a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração, os respectivos
sistemas de ensino. Todavia, o § 1º atribui à União a responsabilidade pela coordenação
da política nacional de educação, devendo neste caso, articular os diferentes níveis e
sistemas, exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais
instâncias educacionais.

Nesse sentido o Parágrafo 2º do mesmo Artigo estabelece que “os sistemas de ensino
terão liberdade de organização nos termos desta lei”. Porém, nenhuma liberdade é
absoluta ou sem restrições. Há sempre limites a serem observados. A liberdade existe,
desde que observados os preceitos constitucionais e o que está contido nos princípios
gerais da própria LDB.

Já o Art. 9º estabelece as competências da União em matéria de educação. São


incumbências que reforçam o papel de coordenação que a União deve exercer em
relação à política nacional de educação. Dentre as várias incumbências, cabe destacar
aquela que afirma ser responsabilidade desse ente federativo “elaborar o Plano Nacional
de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios”.

E o Art. 10 trata das incumbências dos Estados em matéria educacional. Neste caso,
cabe destacar duas incumbências, entre outras, a saber: “V – baixar normas

21
complementares para o seu sistema de ensino; VI – assegurar o ensino fundamental e
oferecer, com prioridade, o ensino médio”.

Saiba mais

LDB - Lei de diretrizes e bases da educação nacional.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em:


14/07/2020.

Nesse mesmo sentido, o Plano Nacional de Educação (PNE), Lei n.10.172, de 9 de


janeiro de 2001, também compõe o sistema legal formador da política de educação
brasileira e que foi projetado para oferecer novos rumos à educação. O PNE tem a sua
previsão legal no artigo 214 da Constituição Federal:

Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração


decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em
regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias
de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do
ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de
ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas
federativas que conduzam a: (Redação dada pela Emenda
Constitucional n. 59, de 2009)
I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;
III - melhoria da qualidade do ensino;
IV - formação para o trabalho;
V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.
VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em
educação como proporção do produto interno bruto. (Incluído pela
Emenda Constitucional n. 59, de 2009) (BRASIL, 1988).

Porém, precisamos compreender que a legislação por si só não assegura que as


modificações sejam incorporadas ao sistema educacional. Para que isso, de fato, venha
a ocorrer é fundamental que exista o investimento do Poder Público na política de
educação, sendo que esses investimentos são algumas das obrigações do Estado e
precisam ser exigidos por parte da sociedade.

Além disso, é imprescindível que a Política Nacional de Educação, implementada pelo


Governo Federal por meio do ministério responsável, tenha como princípio norteador de
suas ações a inclusão de todos nas políticas públicas.

4.1 Organização administrativa, pedagógica e curricular do sistema de


ensino

O termo “organização” refere-se ao modo pelo qual se ordena e se constitui um


sistema. A educação escolar no Brasil está organizada em três esferas administrativas:
União, estados, Distrito Federal e municípios, cada um abrigando um sistema de ensino,
conforme segue:

22
 a União abriga o sistema federal de ensino, com as instituições de Ensino
Médio técnico e de nível superior (públicas e privadas);

 os Estados e o Distrito Federal abrigam o sistema estadual de ensino, com as


instituições de todos os níveis (públicas e privadas);

 os municípios abrigam o sistema municipal de ensino, com instituições de


educação infantil, incluindo creches, e de Educação Fundamental.

Lembrete

As políticas educacionais são de responsabilidade do Estado e sua implementação e


manutenção ocorrem a partir de um processo de tomada de decisões que envolvem
órgãos públicos e diferentes organismos e agentes da sociedade relacionados à
educação.

O modelo de organização da educação escolar nacional distribui responsabilidades


para União, estados, Distrito Federal e municípios, seguindo a previsão legal existente
nos artigos da LDB transcritos a seguir:

Os sistemas de ensino na LDB

Artigo 14 Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática


do ensino público na educação básica, de acordo com as suas
peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
Inciso I participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto
pedagógico da escola;
Inciso II participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares
ou equivalentes.
Artigo 15 Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas
de educação básica que os integram progressivos graus de
autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira,
observadas as normas gerais de direito financeiro público.
Artigo 16 O sistema federal de ensino compreende: (Regulamento)
Inciso I as instituições de ensino mantidas pela União;
Inciso II as instituições de educação superior criadas e mantidas pela iniciativa
privada;
Inciso II os órgãos federais de educação.
Artigo 17 Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito Federal
compreendem:
Inciso I as instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo Poder Público

23
estadual e pelo Distrito Federal;
Inciso II as instituições de educação superior mantidas pelo Poder Público
municipal;
Inciso III as instituições de ensino fundamental e médio criadas e mantidas pela
iniciativa privada;
Inciso IV os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal,
respectivamente.
Parágrafo Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de educação infantil,
Único criadas e mantidas pela iniciativa privada, integram seu sistema de
ensino.
Artigo 18 Os sistemas municipais de ensino compreendem:
Inciso I as instituições do ensino fundamental, médio e de educação infantil
mantidas pelo Poder Público municipal;
Inciso II as instituições de educação infantil criadas e mantidas pela iniciativa
privada;
Inciso III os órgãos municipais de educação.

Adaptado de: Brasil (1996).

Conforme podemos observar, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação


estabelece que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão,
em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino. Nessa organização,
cabe ao Sistema de Ensino Municipal baixar normas complementares para o seu
sistema de ensino e oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com
prioridade, o ensino fundamental.

Antes de continuarmos a tratar desse tema, é importante fazer uma definição do que
vem a ser o sistema de educação, pois, segundo Godinho (2014), as expressões
“sistema de educação”, “sistema de ensino” e “sistema escolar” têm sido, muitas vezes,
empregadas indistintamente. Porém, a autora considera que devemos distinguir essas
três expressões da seguinte forma:

Sistema de educação: é a expressão que tem o sentido mais amplo de


abrangência, pois se confunde com a própria sociedade. Em última
análise, é a sociedade que educa, através de todos os agentes sociais:
pessoas, famílias, grupos informais, escolas, igrejas, clubes, empresas
etc.
Sistema de ensino: é a expressão de abrangência intermediária. Além
das escolas, inclui instituições e pessoas que se dedicam
sistematicamente ao ensino: cursos ministrados de vez em quando,
conferências, organizações não governamentais, catequistas,
professores particulares etc.
Sistema escolar: é a expressão que tem abrangência mais limitada,
pois compreende a rede de escolas e sua estrutura de sustentação. As
escolas e sua estrutura podem ser consideradas um sistema, na medida

24
em que formam um conjunto de elementos interdependentes, como um
todo organizado (GODINHO, 2014, p. 13, grifos nossos).

A premissa maior sobre a organização do sistema de ensino parte da Constituição


Federal, que determina a competência da União para estabelecer as normas e diretrizes
para que a educação se organize e estruture, isto é, para que os sistemas públicos e
particulares possam funcionar. Essa premissa legal está prevista no artigo 22 da CF:
“Compete privativamente à União legislar sobre: XXIV – diretrizes e bases da educação
nacional” (BRASIL, 1988).

Dentro do arcabouço jurídico que forma o sistema de ensino no Brasil, cabe ao


Ministério da Educação ser o órgão líder e executor do sistema federal de educação. E
como já vimos anteriormente, o Ministério da Educação conta com o apoio de um órgão
colegiado, que é o Conselho Nacional de Educação (CNE). O CNE tem por missão a
busca democrática de alternativas e mecanismos institucionais que possibilitem, no
âmbito de sua esfera de competência, assegurar a participação da sociedade no
desenvolvimento, aprimoramento e consolidação da educação nacional de qualidade.

As atribuições do Conselho são normativas, deliberativas e de assessoramento ao


Ministro da Educação, no desempenho das funções e atribuições do Poder Público
federal em matéria de educação, cabendo-lhe formular e avaliar a Política Nacional de
Educação, zelar pela qualidade do ensino, velar pelo cumprimento da legislação
educacional e assegurar a participação da sociedade no aprimoramento da educação
brasileira.

25
Figura – Estrutura organizacional do Ministério da Educação:

Disponível em: http://portal.mec.gov.br/institucional/estrutura-organizacional. Acesso em: 19/07/2020.

Já no âmbito dos estados, temos o Sistema Estadual de Educação, representado pelo


conjunto de organismos que integram a rede de ensino, reunindo escolas e seus
departamentos, Secretarias de Estado e seus órgãos (executivos) e os Conselhos de
Educação, em esfera estadual, que têm função consultiva e legislativa.

Como já descrevemos anteriormente, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da


Educação (LDB), de 1996, os sistemas de ensino dos estados e do Distrito Federal
compreendem:

 as instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo Poder Público


estadual e pelo Distrito Federal;

 as instituições de educação superior mantidas pelo Poder Público municipal;

 as instituições de Ensino Fundamental e Médio criadas e mantidas pela


iniciativa privada;

26
 os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal, respectivamente. De
acordo com a LDB, no Distrito Federal, as instituições de educação infantil,
criadas e mantidas pela iniciativa privada, também integram seu sistema de
ensino.

E nos municípios temos o Sistema Municipal de Educação, formado pelo conjunto de


organismos que integram uma rede de ensino, reunindo escolas e seus departamentos,
Secretarias de Estado e seus órgãos (executivos) e os Conselhos de Educação, em
esfera municipal, que têm função consultiva e legislativa.

Da mesma forma que o Sistema Estadual, segundo a LDB, os Sistemas Municipais de


Ensino compreendem:

 as instituições do Ensino Fundamental, Médio e de Educação Infantil mantidas


pelo Poder Público municipal;

 as instituições de educação infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada;

 os órgãos municipais de educação.

4.2 Níveis e modalidades de educação e de ensino

O sistema educacional brasileiro apresenta uma divisão em níveis, etapas, fases,


cursos e modalidades. Inicialmente, a educação escolar é dividida em dois níveis,
segundo a LDB, em seu artigo 21: Educação Básica e Educação Superior.

A Educação Básica apresenta três etapas: Educação Infantil, Ensino Fundamental e


Ensino Médio, e ainda temos as fases da Educação Infantil e do Ensino Fundamental,
conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica (DCN).

A Educação Infantil compreende a creche e a pré-escola; já o Ensino Fundamental, os


anos iniciais e os anos finais. Por sua vez, o Ensino Superior se dividiu em cursos e
programas: cursos sequenciais, graduação, pós-graduação e de extensão.

Art. 21. A educação escolar compõe-se de:


I - educação básica, formada pela educação infantil, Ensino Fundamental
e Ensino Médio;
II - educação superior (BRASIL, 1996, LDB)

Níveis e modalidades de educação e de


ensino
Educação Básica Educação Escolar
 Educação Infantil  Educação Infantil
 Educação Fundamental  Educação Fundamental
 Ensino Médio  Ensino Médio
 Ensino Superior

27
Modalidades de Ensino
 Educação a Distância
 Educação Especial
 Educação Profissional e Tecnológica
 Educação de Jovens e Adultos

A partir dessa introdução a respeito dos níveis e modalidades de educação e de


ensino, passaremos a uma explicação mais detalhada sobre os tipos de educação e em
seguida trataremos das modalidades de ensino.

Porém, no que se refere à educação enquanto fenômeno social é preciso


considerar que:
I. Aprendemos ao longo de nossas vivências sociais.
II. Cabe à educação escolar o aprendizado científico.
III. A educação enquanto fenômeno social manifesta-se durante toda a vida, a
todo instante e em todos os espaços.

Saiba mais

Tais informações estão disponíveis, de forma completa, no site do Ministério da


Educação. Acesse:

http://portal.mec.gov.br/index.php.

Educação infantil

A educação infantil é a primeira etapa da educação básica. É a única que está


vinculada a uma idade própria: atende crianças de zero a três anos na creche e de
quatro e cinco anos na pré-escola.

Tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físico,


psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade,
conforme a LDB, em seu art.29.
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade.(Redação dada pela Lei n. 12.796, de 2013) (BRASIL,
1996).

A educação infantil, como dever do Estado, é ofertada em instituições próprias, ou


seja, em creches para crianças até 3 anos e nas pré-escolas para crianças de 4 e 5
anos, podendo ser realizada em jornada diurna de tempo parcial ou integral, por meio de
práticas pedagógicas cotidianas.

A educação infantil é um direito humano e social de todas as crianças até 6 anos de


idade, sem distinção decorrente de origem geográfica, caracteres do fenótipo (cor da

28
pele, traços de rosto e cabelo), etnia, nacionalidade, sexo, deficiência física ou mental,
nível socioeconômico ou classe social. Também não está atrelada à situação trabalhista
dos pais nem ao nível de instrução, religião, opinião política ou orientação sexual.

Educação Fundamental

O Ensino Fundamental com 9 anos de duração, de matrícula obrigatória para as


crianças a partir dos 6 anos de idade, tem duas fases sequentes com características
próprias, chamadas de anos iniciais, com 5 anos de duração, em regra para estudantes
de 6 a 10 anos de idade, e anos finais, com 4 anos de duração, para os de 11 a 14 anos.

Os objetivos deste nível de ensino intensificam-se, gradativamente, no processo


educativo, mediante o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios
básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo, e a compreensão do ambiente
natural e social, do sistema político, da economia, da tecnologia, das artes, da cultura e
dos valores em que se fundamenta a sociedade, entre outros.

Os sistemas estaduais e municipais devem estabelecer especial forma de colaboração


visando à oferta do Ensino Fundamental e à articulação sequente entre a primeira fase,
no geral assumida pelo município, e a segunda, pelo estado, garantindo a organicidade e
a totalidade do processo formativo escolar.

O objetivo do ensino fundamental por um período de 9 anos é o de assegurar a todas


as crianças um tempo mais longo no convívio escolar, tendo assim mais oportunidades
de aprender. O que se espera com essa proposta é fazer com que aos 6 anos de idade a
criança esteja no primeiro ano do Ensino Fundamental e termine esta etapa de
escolarização aos 14 anos.

Ensino Médio

Implementado no país em 1996, o Ensino Médio corresponde ao que no passado foi


denominado como ensino de Segundo Grau.

O Ensino Médio é etapa final do processo formativo da Educação Básica, sendo


orientado por princípios e finalidades que preveem:

 a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no Ensino


Fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;

 a preparação básica para a cidadania e o trabalho, tomado este como princípio


educativo, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de enfrentar
novas condições de ocupação e aperfeiçoamento posteriores;

 o desenvolvimento do educando como pessoa humana, incluindo a formação


ética e estética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do
pensamento crítico;

 a compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos presentes na


sociedade contemporânea, relacionando a teoria com a prática.

O Ensino Médio deve ter uma base unitária sobre a qual podem se assentar
possibilidades diversas, como preparação geral para o trabalho ou, facultativamente,

29
para profissões técnicas; na ciência e na tecnologia, como iniciação científica e
tecnológica; e na cultura, como ampliação da formação cultural.

Porém, garantir que os adolescentes brasileiros permaneçam na escola nos anos


finais do Ensino Médio é o principal desafio para que o Brasil consiga universalizar o
acesso à educação básica. Isso porque, de acordo com dados divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a evasão escolar continua a afetar,
sobretudo, jovens na faixa etária de 15 a 17.

Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/17900/menos-da-metade-dos-


brasileiros-com-mais-de-25-anos-completou-educacao-basica. Acesso em: 14/07/2020.

Saiba mais

Leia a matéria a seguir:

CARNEIRO, J. D. O desafio de manter jovens no ensino médio, principal obstáculo à


universalização da educação. BBC News, 20 jun. 2019. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-48696313. Acesso em: 19/07/2020.

Com a sanção presidencial da Medida Provisória n. 748/2016, em fevereiro de 2017, o


Ensino Médio passou por significativas mudanças. A reforma promoveu exclusões de
disciplinas, abertura para profissionais sem licenciatura dar aulas e implementação geral
do ensino integral.

A seguir apresentaremos como ficou o Novo Ensino Médio após as mudanças


determinadas pela nova lei:

 Formato e disciplinas:

― Divisão: a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) fará parte de 60% das
matérias estudadas em sala de aula. O restante ficará reservado para uma
das áreas específicas.

― Flexibilidade: os estudantes poderão escolher em que área se aprofundarão


já no início do Ensino Médio. As opções são: Linguagens, Matemática,
Ciências da Natureza, Ciências Humanas/Sociais e Formação
Técnica/Profissional.

― Disciplinas obrigatórias: as disciplinas de Matemática, Português e Inglês,


preservando o direito à língua materna (no caso de indígenas), serão
obrigatórias em todo o Ensino Médio;

― Manutenção de disciplinas: apesar de excluídas do texto inicial da MP, as


disciplinas de Educação Física, Artes, Filosofia e Sociologia serão
obrigatórias na BNCC;

30
― BNCC: será formada pelos conteúdos das disciplinas obrigatórias e das
disciplinas tradicionais do Ensino Médio, como História, Geografia, Biologia,
Física, Química e Literatura.

 Carga horária:

― Aumento da carga horária: antes da MP virar lei, a carga horária do Ensino


Médio era definida em 800 horas anuais. Com a sanção, as escolas terão
cinco anos para ampliar essa carga para mil horas anualmente, divididas em
200 dias letivos.

― Ensino em tempo integral: de maneira progressiva, todas as escolas de


Ensino Médio passarão para tempo integral, tendo seu horário ampliado para
1.400 horas, o equivalente a sete horas diárias. Isso será possível com a
Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em
Tempo Integral do Governo Federal, a qual prevê o repasse de R$ 1,5 bilhão,
ao longo de dois anos, para a conclusão da implementação. Esse auxílio
será de dez anos.

― Carga horária BNCC: o conteúdo da BNCC não poderá exceder 1.800 horas
do total da carga horária do Ensino Médio.

 Professores: os profissionais com “notório saber” poderão dar aula no Ensino


Médio sem diploma de licenciatura, mas apenas para os alunos que
escolherem a área de formação técnica e profissional. Um engenheiro poderá
dar aula no curso de Edificações, por exemplo. Além disso, esses profissionais
poderão fazer complementação pedagógica para dar aulas no Ensino Médio.

 Sistema de créditos:

― Módulo: o Ensino Médio poderá ser organizado em módulos, adotando o


sistema de créditos.

― Aproveitamento de disciplinas: os créditos poderão ser usados para o


aproveitamento de disciplinas no Ensino Superior, estimulando a
continuidade dos estudos.

Segundo as informações que constam no site do Ministério da Educação, com esse


novo modelo de Ensino Médio haverá direitos iguais de aprendizagem para todos,
conforme o que está previsto na legislação educacional. Assim, o objetivo é que todos os
estudantes tenham o direito de aprender o que é essencial para seguir seu caminho
depois da escola, não importando onde eles estão estudando. É importante destacar que
essa proposta está em consonância com o que determina a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), que garante aprendizagens comuns e obrigatórias, conectadas à
competências que preparam os jovens para a vida.

Outra questão destacada pelo Ministério da Educação é que os estudantes poderão


escolher em quais conhecimentos irão se aprofundar além das aprendizagens comuns e
obrigatórias, definidas pela Base Nacional Comum Curricular.

Com a implantação efetiva do novo Ensino Médio, os estudantes poderão escolher se


aprofundar naquilo que mais relaciona com seus interesses e talentos. São os chamados

31
itinerários formativos, relacionados às áreas do conhecimento (Matemática, Linguagens,
Ciências Humanas e Ciências da Natureza) e com a formação técnica e profissional.

Finalmente, é destacado que o novo Ensino Médio contará com mais horas de estudo,
pois os professores e estudantes passarão mais tempo desenvolvendo as aprendizagens
necessárias. Isso será possível pelo fato de que no Novo Ensino Médio, a carga horária
de todas as escolas será ampliada de 2.400 para 3.000 horas. Além disso, o Governo
Federal investirá até R$ 1,5 bilhão para atender cerca de 500 mil novas matrículas em
escolas de tempo integral, nas quais os estudantes passam pelo menos 7 horas por dia.

Conheça o Novo Ensino Médio no vídeo a seguir:

NOVO Ensino Médio. Brasil: Ministério da Educação e Cultura, 2019. 2 minutos.


Disponível em: http://novoensinomedio.mec.gov.br/resources/videos/video-1.mp4.
Acesso em: 14/07/2020.

Ensino Superior

A educação superior no Brasil não pode ser estudada sem que se tenha presente o
cenário e o contexto em que ela surge, ou seja, deve-se ter presente o tempo e o espaço
em que ela está inserida, analisando desde o momento de seu surgimento até a
realidade atual da educação, tanto no panorama local e regional como no mundial.

As primeiras escolas de ensino superior foram fundadas no Brasil em 1808, com a


chegada da família real portuguesa ao país. Até a Proclamação da República, em 1889,
o ensino superior desenvolveu-se muito lentamente, pois seguia o modelo de formação
dos profissionais liberais em faculdades isoladas e visava assegurar um diploma
profissional com direito a ocupar postos privilegiados em um mercado de trabalho
restrito, além de garantir prestígio social. Mesmo com a independência política do Brasil,
em 1822, não houve mudanças no formato do sistema de ensino, nem sua ampliação ou
diversificação. Somente depois de 1850 é que se observou uma discreta expansão do
número de instituições educacionais com consolidação de alguns centros científicos. O
motivo era que a ampliação do ensino superior, limitado às profissões liberais em poucas
instituições públicas, era contida pela capacidade de investimentos do governo central e
dependia de sua vontade política.

Já na década de 1920, o debate sobre a criação de universidades não se restringia


mais a questões estritamente políticas como no passado, mas ao conceito de
universidade e suas funções na sociedade. As funções definidas foram as de abrigar a
ciência e os cientistas e promover a pesquisa. Foi com base nesses debates que o
governo provisório de Getúlio Vargas promoveu, em 1931, ampla reforma educacional,
que ficou conhecida como Reforma Francisco Campos, primeiro ministro da Educação do
país. Com essa reforma foi autorizado e regulamentado o funcionamento das
universidades, inclusive com a cobrança de anuidade, uma vez que o ensino público não
era gratuito. A universidade deveria se organizar em torno de um núcleo constituído por
uma escola de Filosofia, Ciência e Letras.

32
O período de 1931 a 1945 caracterizou-se por intensa disputa entre lideranças laicas
e católicas pelo controle da educação. Já o período de 1945 a 1968 assistiu à luta do
movimento estudantil e de jovens professores na defesa do ensino público, do modelo de
universidade em oposição às escolas isoladas e na reinvidicação da eliminação do setor
privado por absorção pública. Estava em pauta a discussão sobre a reforma de todo o
sistema de ensino, mas em especial a da universidade. Esse debate permeou a
discussão da LDB, aprovada pelo Congresso em 1961, que de maneira diversa da
reforma de 1931 não insistia que o ensino superior deveria organizar-se
preferencialmente em Universidades.

A reforma de 1968, a despeito de ocorrer em clima de deterioração dos direitos civis,


inspirou-se em muitas das ideias do movimento estudantil e da intelectualidade das
décadas anteriores. A partir de 1970, a política governamental para a área foi estimular a
pós-graduação e a capacitação docente.

Na atualidade, para que se possa analisar o sistema de Ensino Superior brasileiro,


tem que se entender as divisões e classificações que lhe são atribuídas. O Ministério de
Educação do Brasil define, para efeito de registros estatísticos, que as instituições de
Ensino Superior estão classificadas da seguinte maneira:

 públicas (federais, estaduais e municipais);

 privadas (comunitárias, confessionais, filantrópicas e particulares).

Basicamente, o sistema de Ensino Superior público é mantido pelo Poder Público, em


nível federal, estadual ou municipal.

Em se tratando do sistema de Ensino Superior privado, as fontes de financiamento


provêm do pagamento das mensalidades por parte dos próprios alunos, tanto para os
cursos de graduação como para os cursos de pós-graduação.

Mesmo sendo todas consideradas de caráter privado, as instituições dessa categoria


se subdividem em comunitárias, confessionais, filantrópicas e particulares.

As instituições de caráter comunitário podem ser laicas ou confessionais. As


instituições comunitárias laicas são instituições sem fins lucrativos e são financiadas por
membros da comunidade onde estão inseridas, além dos recursos provenientes da
mensalidade dos alunos. Elas diferem das instituições comunitárias confessionais, uma
vez que estas estão ligadas a uma congregação de ordem religiosa específica, na
maioria das vezes católicas, ou ligadas a alguma orientação ideológica que as
conduzem.

O que distingue o sistema de instituições confessionais, comunitárias e filantrópicas


são as isenções fiscais de que usufruem, por se caracterizarem como instituições sem
fins lucrativos. Isso significa que os resultados positivos de suas atividades devem ser
reinvestidos nelas mesmas, não podendo haver distribuição de lucros.

Quanto ao setor privado, onde também estão as instituições de caráter particular, elas
se definem basicamente como instituições com fins lucrativos. Muitas delas são fundadas
por proprietários ou mantenedores que não são oriundos do meio educacional, mas, ao
contrário, têm suas origens e formação no campo empresarial ou político.

33
No que se refere às modalidades de ensino, apresentaremos a seguir uma síntese
dos seus principais aspectos.

Educação a distância

É a modalidade educacional na qual alunos e professores estão separados física ou


temporalmente e, por isso, faz-se necessária a utilização de meios e tecnologias de
informação e comunicação.

Essa modalidade é regulada por uma legislação específica e pode ser implantada na
educação básica (educação de jovens e adultos, educação profissional técnica de nível
médio) e na educação superior.

A modalidade educação a distância caracteriza-se pela mediação didático-pedagógica


nos processos de ensino e aprendizagem que ocorre com a utilização de meios e
tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo
atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

Para podermos compreender melhor a educação a distância, vamos apresentar a


definição de alguns conceitos que são fundamentais para entender esse importante
processo educativo, tais como:

 EaD: sigla de educação a distância, aqui entendida como a modalidade


educacional em que as atividades de ensino-aprendizagem são desenvolvidas
majoritariamente (e, em bom número de casos, exclusivamente) sem que
alunos e professores estejam presentes no mesmo lugar, na mesma hora.

 Curso EaD: todo curso completo ou parcialmente oferecido na modalidade a


distância (semipresencial, blended ou híbrido).

 Disciplina a distância: disciplina de um curso presencial


autorizado/reconhecido que deve ser realizada pelos alunos na modalidade a
distância.

 Instituição formadora: instituição formal ou não formal que oferece cursos


para o público interessado.

Referente aos primórdios da educação a distância no Brasil, elas remontam às


primeiras décadas do século passado, quando algumas experiências foram
desenvolvidas nesse sentido, utilizando se para isso os materiais disponíveis na época,
ou seja, material impresso e o rádio.

Nesse sentido, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada em 1923 e


posteriormente incorporada ao Ministério da Educação, desenvolveu as primeiras
atividades de EaD noticiadas no Brasil. Outros exemplos de educação a distância são o
Instituto Monitor, criado em 1939, e o Instituto Universal Brasileiro, que foi fundado em
1941. É importante ressaltar que esses dois institutos continuam em plena atividade,
oferecendo um grande de número de cursos profissionalizantes à distância.

34
O tema da educação a distância no ensino superior surge na pauta educacional
brasileira apenas na década de 1970. Até então, as pesquisas acerca do tema
registravam as iniciativas e a discussão sobre os modelos de ensino por correspondência
que desde 1904 ofereciam educação aberta de caráter profissionalizante ou de caráter
supletivo à escolarização formal dos primeiros ciclos.

O primeiro registro de um curso de graduação a distância no Brasil ocorreu em 1994,


quando a Universidade Federal de Mato Grosso abriu inscrições para o vestibular de um
curso a distância de licenciatura em Educação Básica para formar professores para as
séries iniciais do Ensino Fundamental. Dois anos depois, em 1996, a Universidade
Federal de Santa Catarina, utilizando as metodologias desenvolvidas pelo Laboratório de
Ensino a Distância (LED), lançou o primeiro curso de mestrado por educação a distância,
em parceria com a empresa Siemens, para atender, a partir de Florianópolis, no estado
de Santa Catarina, e com uso de videoconferência e internet, a um grupo de engenheiros
que trabalhava na planta industrial da empresa na região metropolitana de Curitiba, no
estado do Paraná e, em 1997, um curso de especialização a distância via internet, com
uso de ambiente virtual de aprendizagem e de metodologia desenvolvidos no próprio
laboratório.

No ano de 2005 foi criada a UAB (Universidade Aberta do Brasil), numa parceria entre
o MEC, estados, municípios e universidades públicas de ensino superior. Com a criação
da UAB foi possível a integração de cursos, pesquisas e programas de educação
superior a distância. Sua criação teve como foco principal ampliar as vagas da educação
superior para a sociedade, bem como promover a formação inicial e continuada para os
profissionais de magistério e para os profissionais da administração pública.

A seguir vamos apresentar informações onde constam os dados referentes à


metodologia utilizadas na ações educativas a distância. Entendemos que essas
informações são fundamentais para a compreensão do real significado da educação a
distância no atual processo de formação educacional dos brasileiros.

Principais metodologias em EAD utilizados no Brasil:

Questão Aspectos considerados


Forma de estudo • Autoinstrucional (sem apoio de
educadores e sem contato com
colegas)
• Com interação educador/educando e
educando/educando
Esquema operacional • Correspondência (somente com
textos impressos; com textos
impressos e vídeos; com textos
impressos, vídeos e kits de prática)
• Intenet (on-line)
• TV com aulas gravadas

35
• Teleconferência com aulas ao vivo
• Blended ou semipresencial
• Diferentes combinações de recursos
midiáticos
Matrícula dos educandos • A qualquer tempo, não depende de
formação de turma
• Depende da formação de turmas
Oferta ao público interessado • Uma turma por semestre
• Mais de uma turma por semestre
Elaboração • Apenas por especialista em
conteúdo (da própria empresa)
• Por equipe EaD da própria empresa
sem participação de especialista em
conteúdo
• Por equipe EaD da própria empresa
com a colaboração de um especialista
no conteúdo
• Por profissionais terceirizados
Validação • Cursos testados por meio de
aplicação de curso piloto
• Cursos não testados, aplicados
diretamente ao público interessado
Duração • A mesma de cursos presenciais
• Definição considera apenas as horas
necessárias para o estudo dos
conteúdos previstos, contando com
fins de semana
• Definição considera as horas
necessárias para realização do
estudo, acrescidas da previsão de
possíveis dificuldades no
cumprimento das atividades
• Definição considera apenas as horas

36
necessárias para o estudo dos
conteúdos previstos, sem contar com
fins de semanas
Interface de navegação • Padronizada para todos os cursos,
por meio do uso de templates
• Parte padronizada e parte variando
conforme o conteúdo do curso
• Variada, obedecendo a restrições
técnicas do LMS (Sistemas de Gestão
de Aprendizagem)
• Variada, sendo que cada curso
recebe nova configuração
Pressupostos de aprendizagem A aprendizagem é resultado:
• da aquisição de informações
transmitidas, por meio de exercícios
práticos e memorização
• de processo de investigação,
seleção, processamento, organização
e memorização da informação
apresentada
• de reorganização do conteúdo pela
atividade mental do educando, de
suas capacidades cognitivas básicas,
conhecimentos prévios, diferentes
estilos e estratégias, motivações,
metas e interesses
Arquitetura pedagógica • Com metáfora que simula uma dada
Realidade
• Com foco na teoria e prática
presencial
• Com exercícios e atividades
presentes durante todo o curso
• Sem exercícios e com apenas

37
avaliação final de aprendizagem
Estrutura do conteúdo • Hierárquica
• Hipertextual
• Mista
Natureza do conteúdo • Exatamente o mesmo de cursos
presenciais
• Apenas parte do conteúdo tem o
formato abordado nos cursos
presenciais
• Conteúdos totalmente reformulados
para oferta a distância
• Conteúdos originalmente formatados
para oferta a distância
Organização do conteúdo • Ementas
• Competências
• Conteúdos
Decisão sobre o conteúdo Dependendo de:
• necessidades detectadas junto ao
público a que se destina
• pesquisa de demanda
• profissionais disponíveis para sua
elaboração
• atendimento a políticas específicas
da instituição
Mediação educacional Papel no processo:
• Responder questões e apoiar o
educando em todas as suas
necessidades
• Atender educandos e preparar
outros recursos necessários
• Atender educandos e estimulá-los a
não desistirem dos cursos
Papel do docente e do • Comentar atividades dos educandos

38
tutor/mediador em chats e fóruns • Sintetizar as contribuições dadas
pelos educandos
• Resolver dúvidas apresentadas
• Nos chats, simular uma aula teórica
e/ou prática
• Acompanhar o desempenho do
medidador pedagógico (tutor, monitor
etc.)
Acesso do educando ao • Completo a todo o conteúdo do
conteúdo primeiro ao último dia do curso
• Apenas às unidades/disciplinas que
estão estudando, prosseguindo em
sequência quando aprovado
• Dependente da agenda do curso
(abertura em datas pré-fixadas)
• Dependente de liberação docente
• Dependente de pagamento referente
à unidade/disciplina
Participação do educando • Somente leitura de textos e
respostas a questões a eles
referentes
• Estudo de casos e resolução de
situações problema de aplicação do
conteúdo
• Elaboração de projetos sob
orientação docente
• Estudo por meios de recursos
variados e avaliação de processo
Atividades do educando • Individuais
• Individuais e em grupo
• Em grupo
Interação do educando com Recursos utilizados: fórum, chat,
educadores e dos educandos entre SkypeTM, telefone, e-mail, blog,

39
si microblog, carta, fax etc.
Papel da avaliação da • Comparar desempenho do
aprendizagem educando com critérios
preestabelecidos visando à melhoria
da aprendizagem
• Identificar os educandos que serão
aprovados e reprovados no curso
Avaliação da aprendizagem Características:
• Somente ao final do
curso/unidade/disciplina ou ao longo
de sua realização
• Presencial ou a distância
• Para aprovação/reprovação ou para
encaminhamento de recuperação
• Prevê autoavaliação, avaliação por
colegas ou avaliação apenas por
docentes
Tipos de avaliação de Características:
aprendizagem • On-line com questões objetivas
corrigidas pelo sistema
• On-line com questões dissertativas
corrigidas pelo docente
• Presencialmente por meio de
questões objetivas e/ou dissertativas
• A distância com entrega de trabalho
de pesquisa, de relatório de atividade
prática ou de portfólio
Certificação do educando Elementos considerados para
emissão de certificados:
• Número de acessos ao curso e de
participação nas atividades propostas
• Obtenção de determinada
percentagem de acertos em avaliação

40
final e ou em todas as
unidades/disciplinas
• Conceito ou nota obtida em trabalho
final ou em portfólio etc.
Avaliação do curso Finalidade:
• Reformular ou aperfeiçoar
curso/unidade/disciplina
• Orientar elaboração de novos cursos
• Verificar satisfação do cliente
• Acompanhar o trabalho dos
profissionais envolvidos para efeitos
de apoio ou controle
• Definir horários de plantão

É importante perceber, principalmente pelas técnicas utilizadas no ensino a distância,


que o papel docente se modificou ao longo dos anos. Se o professor já foi considerado
como único capaz de interferir na mobilidade social de seus alunos, hoje é,
frequentemente, retratado de forma caricatural, e, sobretudo, como o único responsável
pelo fracasso dos alunos, por não conseguir cumprir seu papel social. Dessa forma, o
trabalho docente, presencial ou virtual, bem como seu papel social vem sendo
modificado de uma forma bastante significativa.

Educação Especial

Seu conceito está disposto no Artigo 58 da LDB, sendo uma modalidade de educação
escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino. Sua caracterização é
encontrada nos Artigos 59 e 60 da LDB, bem como nas inúmeras legislações que foram
necessárias para que o processo de inclusão pudesse acontecer.

Em síntese, os sistemas de ensino devem matricular os estudantes com deficiência,


transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes
comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado (AEE),
complementar ou suplementar à escolarização, ofertado em salas de recursos
multifuncionais ou em centros de AEE da rede pública ou de instituições comunitárias,
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos.

Educação Profissional e Tecnológica

Trata-se de um ensino que, no cumprimento dos objetivos da educação nacional,


integra-se aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho,
da ciência e da tecnologia, e articula-se com o ensino regular e com outras modalidades
educacionais: Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial e Educação a
Distância.

41
Como modalidade da Educação Básica, a Educação Profissional e Tecnológica ocorre
na oferta de cursos de formação inicial e continuada ou qualificação profissional e nos de
Educação Profissional Técnica de nível médio.

A revolução tecnológica cria novas formas de socialização, processo de


produção e novas definições de identidade individual e coletiva, apresentando
múltiplos desafios para o homem.

Diante desse mundo globalizado, a educação deve ser uma via que conduz a
um desenvolvimento mais harmonioso e mais autêntico de modo a fazer recuperar a
pobreza, a exclusão social, as incompreensões, as opressões e as guerras.

Além disso, ela deve comprometer-se, por um lado, com o novo significado do
trabalho no contexto da tecnologia e do outro, com o sujeito ativo, a pessoa humana,
que se apropriará desses conhecimentos para apropriar-se como pessoa no mundo
do trabalho e na prática social.

Dessa forma, é preciso comprometer-se com os processos de solidariedade e


coesão social, quais sejam a exclusão e a segurança, com todas as consequências
hoje presentes: o desemprego, a pobreza, a violência.

E, assim, garantir que todos os cidadãos desenvolvam e ampliem suas


capacidades no combate à dualização da sociedade que gera desigualdades cada
vez maiores.

Educação de Jovens e Adultos (EJA)

Essa é uma das modalidades mais conhecidas na educação brasileira. Sua origem
advém da necessidade de escolarização de pessoas excluídas do processo.

A EJA está disciplinada na LDB, em especial nos Artigos 37 e 38, e possui diretrizes
própria para sua oferta.

Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não
tiveram acesso ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental e
médio na idade própria e constituirá instrumento para a educação e a
aprendizagem ao longo da vida. (Redação dada pela Lei n. 13.632, de
2018)
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos
adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular,
oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características
do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante
cursos e exames.
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência
do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares
entre si.
§ 3o A educação de jovens e adultos deverá articular-se,
preferencialmente, com a educação profissional, na forma do
regulamento. (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008)
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos,
que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao
prosseguimento de estudos em caráter regular.
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:

42
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de
quinze anos;
II - no nível de conclusão do Ensino Médio, para os maiores de dezoito
anos.
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por
meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames
(BRASIL, 1996).

A necessidade de mão de obra minimamente qualificada para atuar na indústria e a


diminuição dos números do analfabetismo foram os iniciadores do processo para que o
Estado oferecesse tal modalidade.

Anteriormente conhecida como supletivo, a atual EJA traz consigo a concepção de


inclusão social e oferta para aqueles que não tiveram oportunidades na idade própria.

4.3 Programas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da


Educação)

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia federal criada


pela Lei n. 5.537, de 21 de novembro de 1968, e alterada pelo Decreto-lei n. 872, de 15
de setembro de 1969, é responsável pela execução de políticas educacionais do
Ministério da Educação.

A principal finalidade do FNDE é transferir recursos financeiros e prestar assistência


técnica aos estados, municípios e ao Distrito Federal, para garantir uma educação de
qualidade a todos. Os repasses de dinheiro são divididos em constitucionais, automáticos
e voluntários (convênios).

Além de inovar o modelo de compras governamentais, os diversos projetos e


programas em execução, com atuação forte e abrangente, fazem do FNDE uma
instituição de referência e o principal órgão de execução de políticas educacionais.

Sua principal função é prover recursos e executar ações para o desenvolvimento da


educação. Seus recursos são direcionados aos estados, ao Distrito Federal, aos
municípios e organizações não governamentais para atendimento às escolas públicas de
educação básica.

Outro objetivo do FNDE é o de captar recursos e realizar ações para o


desenvolvimento da educação através de vários programas que envolvem a Educação
Básica, visando garantir um ensino de qualidade no Brasil.

A seguir apresentamos os programas que são financiados pelo FNDE:

Caminho da Escola

O programa Caminho da Escola objetiva renovar, padronizar e ampliar a frota de


veículos escolares das redes municipal, do DF e estadual de educação básica pública.
Voltado a estudantes residentes, prioritariamente, em áreas rurais e ribeirinhas, o
programa oferece ônibus, lanchas e bicicletas fabricados especialmente para o tráfego
nessas regiões, sempre visando à segurança e à qualidade do transporte.

Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)

43
Trata-se de um programa que oferece alimentação escolar e ações de educação
alimentar e nutricional a estudantes de todas as etapas da educação básica pública. O
Governo Federal repassa, a estados, municípios e escolas federais, valores financeiros
de caráter suplementar efetuados em 10 parcelas mensais (de fevereiro a novembro)
para a cobertura de 200 dias letivos, conforme o número de matriculados em cada rede
de ensino. O repasse é feito diretamente aos estados e municípios, com base no Censo
Escolar realizado no ano anterior ao do atendimento.

São atendidos pelo programa os alunos de toda a educação básica (Educação Infantil,
Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos) matriculados em
escolas públicas, filantrópicas e em entidades comunitárias (conveniadas com o Poder
Público).

É importante observar que o cardápio escolar deve ser elaborado por nutricionista,
respeitando os hábitos alimentares locais e culturais, atendendo às necessidades
nutricionais específicas, conforme percentuais mínimos estabelecidos no artigo 14 da
Resolução n. 26 (BRASIL, 2013).

Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a


Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Proinfância)

Instituído pela Resolução n. 6, de 24 de abril de 2007, é uma das ações do Plano de


Desenvolvimento da Educação (PDE) do Ministério da Educação, visando garantir o
acesso de crianças a creches e escolas, bem como a melhoria da infraestrutura física da
rede de Educação Infantil.

O programa se destina a municípios e ao Distrito Federal e atua sobre dois eixos


principais, indispensáveis à melhoria da qualidade da educação:

 Construção de creches e pré-escolas, por meio de assistência técnica e


financeira do FNDE, com projetos padronizados que são fornecidos pelo
FNDE ou projetos próprios elaborados pelos proponentes.

 Aquisição de mobiliário e equipamentos adequados ao funcionamento da rede


física escolar da educação infantil, tais como mesas, cadeiras, berços,
geladeiras, fogões e bebedouros.

Programa Brasil Alfabetizado

Colabora para universalizar o Ensino Fundamental, promovendo o apoio à


alfabetização de jovens com 15 anos ou mais, adultos e idosos.

Seus recursos são destinados à capacitação de alfabetizadores por meio de parcerias


com estados, municípios, universidades, empresas privadas, organizações não
governamentais e da sociedade civil de interesse público.

Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)

O seu objetivo é proporcionar um material didático de qualidade gratuitamente às


escolas das redes federal, estadual e municipal e às entidades parceiras do programa
Brasil Alfabetizado. Ele abrange todo o Ensino Fundamental público, inclusive a
alfabetização.

44
Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)

Seus recursos são destinados a:

 aquisição de material permanente, de manutenção e de consumo necessários


para manter o funcionamento da escola;

 capacitar e aperfeiçoar os profissionais da educação;

 avaliar a aprendizagem;

 implementar o projeto pedagógico;

 desenvolver atividades educacionais.

O valor que cada escola recebe está baseado no número de alunos matriculados no
Ensino Fundamental ou na educação especial apontados pelo Censo Escolar no ano
anterior.

Apoio ao Atendimento à Educação de Jovens e Adultos (PEJA)

É um meio de assistência suplementar utilizado para aquisição de livro didático,


contratação temporária de professores, formação continuada de docentes e aquisição de
gêneros alimentícios.

Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE):

Procura incentivar a leitura e o acesso à cultura a alunos, a professores e à


comunidade em geral. Através desse programa são distribuídos livros de literatura
brasileira e estrangeira, infanto-juvenil, clássica, de pesquisa, de referência e outros
materiais de apoio.

Programa Nacional de Saúde do Escolar (PNSE)

Concede apoio financeiro aos municípios para a aquisição e distribuição de óculos aos
alunos matriculados na 1ª série do Ensino Fundamental das escolas públicas municipais
e estaduais que estão com problemas de visão.

45
Resumo

Nesta unidade entendemos que o surgimento da escola no Brasil e no mundo foi para
buscar solução para uma questão social e que o modelo da política educacional
brasileira precisa de uma nova estratégia de inclusão e mudança

Aprendemos também que a estratégia neoliberal de conquista hegemônica ocupa um


significativo destaque na política educacional, pois a educação e as políticas voltadas
para essa área sofrem as influências das características e do poder dos grupos
hegemônicos. Assim, a educação neoliberal implementada por meio das políticas
públicas neoliberais é marcada pelos interesses dos grupos dominantes e, portanto,
influenciada pela lógica do mercado globalizado.

Nesse sentido, o neoliberalismo é mais do que uma alternativa teórica, econômica,


ético-política, educacional porque constitui uma ideologia que ao ser assimilada pelo
senso comum pode tornar-se hegemônica como se fosse a única leitura possível e viável
para os problemas criados pelo próprio capitalismo. Essa orientação, na verdade,
mascara a realidade, uma vez que a educação é somente uma das expressões objetivas
do modo como a sociedade produz e reproduz a sua própria existência.

Além disso, é necessário compreender que existem outras formas de se pensar e de


desenvolver as políticas educacionais, principalmente se levarmos em conta que a nossa
Constituição Federal apresenta um modelo de educacional que é direito de todos e que
deve ter o seu acesso garantido pelo Estado brasileiro, independentemente da ideologia
política vigente. Porém, é notório que o Brasil precisa de uma nova estratégia
educacional para poder atuar na pobreza extrema, assegurando à população nessas
condições o direito à educação.

Essa necessidade de uma abordagem governamental diferenciada para a área da


educação se torna evidente quando observamos os relatórios sobre os resultados
obtidos pelos alunos, nos quais se constata uma grande defasagem escolar,
principalmente, entre as classes menos favorecidas economicamente.

A sociedade é o palco de ressonância das questões sociais e essas expressões têm


se introduzido nas escolas, atingindo todos os envolvidos no ambiente educacional.
Podemos destacar questões como a violência, o uso de drogas e a grande evasão
escolar. Por esse motivo, a função social da escola passou a ser também o de propiciar o
desenvolvimento das potencialidades físicas, cognitivas e afetivas do indivíduo,
capacitando-o a tornar-se um cidadão participativo na sociedade em que vive, pois
muitas vezes o ambiente escolar é o único espaço onde eles encontrarão respaldo para
as angústias que vivenciam em suas famílias e no território onde vivem.

Existe outra função básica da escola que deve ser garantida no espaço escolar: o de
propiciar a aprendizagem de conhecimento, habilidades e valores necessários à

46
socialização do indivíduo. Para que isso ocorra, é necessário que a escola proporcione o
domínio dos conteúdos culturais básicos da leitura, da escrita, da ciência das artes e das
letras, pois sem essas aprendizagens dificilmente o aluno poderá exercer seus direitos
de cidadania. Mas, infelizmente, muitas vezes constatamos que nem mesmo esse direito
básico de alfabetização tem sido assegurado ao público escolar. Assim, cabe à escola
desenvolver novas habilidades para se tornar capaz de formar alunos com senso crítico,
reflexivos, autônomos e conscientes de seus direitos e deveres,com compreensão da
realidade econômica, social e política do país e, principalmente, que saibam ler, escrever
e tenham conhecimentos de matemática.

Num sentido mais amplo da função escolar, o que também se espera é que tenhamos
escolas aptas a construir uma sociedade mais justa e tolerante a diferenças como
orientação sexual, pessoas com necessidades especiais, etnias culturais e religiosas etc.

Ocorre que, no Brasil, a escola pública, disponível à maioria da população, deixa


muito a desejar quando se fala de educação escolar e de formação de cidadãos para
viver numa sociedade tão multicultural e pluriétnica como a nossa.

É fundamental termos a percepção de que vivemos num momento em que a cidadania


enfrenta novos desafios, busca novos espaços de atuação e abre novas áreas por meio
das grandes transformações. O direito à educação escolar é um desses espaços que não
perderam e nem perderão sua atualidade. Isso ocorre porque a educação escolar é uma
dimensão fundante da cidadania, e tal princípio é indispensável para as políticas que
visam à participação de todos os espaços sociais e políticos e também para reinserção
no mundo profissional.

Portanto, vivemos num momento histórico em que é necessário se pensar numa


educação comunitária que tenha como propósito atuar como um mecanismo facilitador
da transformação social, por meio da geração de processos de aprendizagem que
incentivem a elaboração comunitária de ações dirigidas à superação de problemas da
vida cotidiana.

47
REFERÊNCIAS

FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Audiovisuais

A DAMA de ferro. Dir. Phyllida Lloyd. Reino Unido: Pathé, 2011. 104 minutos.

ANÍSIO Teixeira: educação não é privilégio. Brasil: TV Escola, 2007. 44 minutos.


Disponível em: https://api.tvescola.org.br/tve/video/educadores-brasileiros-anisio-teixeira-
educacao-nao-e-privilegio. Acesso em: 10 ago. 2019.

ANTUNES, A.; FROMER, M.; BRITTO, S. Comida. Intérprete: Titãs. In: Jesus não tem
dentes no país dos banguelas. Rio de Janeiro: WEA, 1987. LP. Faixa 2.

FORMIGUINHAZ. Dir. Eric Darnell. EUA: Dreamworks, 1998. 83 minutos.

NOVO Ensino Médio. Brasil: Ministério da Educação e Cultura, 2019. 2 minutos.


Disponível em: http://novoensinomedio.mec.gov.br/resources/videos/video-1.mp4.
Acesso em: 20 jun. 2019.

Textuais

ADORNO, Theodor W, (2003). “Educação após Auschwitz”. In: Educação e


Emancipação. 3ª Ed. São Paulo: Paz e Terra. Tradução de Wolfgang Leo Maar, p. 119-
138.

BRASIL, Política Nacional de Educação Permanente do SUAS/ Ministério do

BRASIL. Constituição Brasileira. Brasília.1988. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em:
11/05/2019.

BRASIL. LDB - Lei 9.394/1996 (Estabelece as diretrizes e bases da educação


nacional). Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm

BRASIL. LOAS – LEI N. 8.742, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1993.Dispõe sobre a


organização da Assistência Social e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8742compilado.htm. Acesso em: 11/05/2019.

BRASIL – PNAS 2004 -Política Nacional de Assistência Social PNAS/ 2004. Norma
Operacional Básica NOB/SUA. 2004a. Disponível em:

48
https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normativas/PNAS200
4.pdf. Acesso em: 11/05/2019.

BRASIL, Projeto de Lei da Câmara n° 60, de 2007. Disponível em:


https://legis.senado.leg.br/sdleg-
getter/documento?dm=3595660&ts=1553282429981&disposition=inline. Acesso em:
13/05/2019.

______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:


pluralidade cultural: orientação sexual. Brasília: SEF, v. 10, 1997. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro101.pdf. Acesso em: 22/05/2019.

___. Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014. Brasília, 2014a.

MEC/SPPIR. Diretrizes curriculares nacionais para a educação étnico-raciais e para o


ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Brasília: MEC/SEPPIR, 2004.

___. Medida Provisória n. 748/2016, em fevereiro de 2017.

___. Ministério da Educação e Cultura. Educação para Todos: avaliação da década.


Brasília: MEC, 2000. Disponível em:
http://portal.inep.gov.br/documents/186968/485564/Educa%C3%A7%C3%A3o+para+tod
os+avalia%C3%A7%C3%A3o+da+d%C3%A9cada+S%C3%ADntese+do+I+Semin%C3
%A1rio+Nacional+sobre+Educa%C3%A7%C3%A3o+para+Todos+%28Bras%C3%ADlia
%2C+10+e+11-6-1999%29/a698194e-feab-4117-9088-53c1297b315b?version=1.0.
Acesso: 10 ago. 2019.

___. Ministério da Educação e Cultura. Planejando a próxima década: conhecendo as


20 metas do Plano Nacional de Educação. Brasília: MEC, 2014b.Disponível em:
http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf. Acesso em: 5 ago.
2019.

___. Ministério da Educação e Cultura. Plano Nacional de Educação - Lei n°


13.005/2014. Brasília, 2014c. Disponível em: http://pne.mec.gov.br/18-planos-
subnacionais-de-educacao/543-plano-nacional-de-educacao-lei-n-13-005-2014. Acesso
em: 20 jul. 2019.

___. Ministério da Educação e Cultura. Resolução/CD/FNDE n. 26, de 17 de junho de


2013. Brasília, 2013a. Disponível em: https://www.fnde.gov.br/acesso-a-
informacao/institucional/legislacao/item/4620-resolu%C3%A7%C3%A3o-cd-fnde-
n%C2%BA-26,-de-17-de-junho-de-2013. Acesso em: 2 ago. 2019.

___. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:


pluralidade cultural, orientação sexual. Brasília: MEC/SEF, 1997. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro101.pdf. Acesso em: 2 ago. 2019.

CARNEIRO, J. D. O desafio de manter jovens no ensino médio, principal obstáculo à


universalização da educação. BBC News, 20 jun. 2019. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-48696313. Acesso em: 20 jun. 2019.

49
CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. Gestão social e trabalho social : desafios e
percursos metodológicos / Maria do Carmo Brant de Carvalho. – São Paulo : Cortez,
2014.

DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. Brasília, 2010. Disponível em:


https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000109590_por. Acesso em: 29 jul. 2019.

DEMO, Pedro. Política social, educação e cidadania. Campinas, São Paulo, 1994.
Papirus: 3 edição.

Disponível em http://www.cfess.org.br/arquivos/BROCHURACFESS_SUBSIDIOS-AS-
EDUCACAO.pdf

FALEIROS, V. P. O que é política social. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1991.

FREIRE. P. Educação como Prática da Liberdade. 14ª ed. Rio de Janeiro, Paz e
Terra, 1983.

FREITAG. B. Escola, estado e sociedade. 6.ed. rev. São Paulo: Moraes, 1986.

FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação e crise do capitalismo real. São Paulo: Cortez,


1ª ed, 1995.

FRIGOTTO, G. A produtividade da escola improdutiva. 5. ed. São Paulo: Cortez,


1999.

FUNDAÇÃO TELEFÔNICA. 85 anos do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova.


2017. Disponível em: http://fundacaotelefonica.org.br/noticias/85-anos-do-manifesto-dos-
pioneiros-da-educacao-nova/. Acesso em: 29 jul. 2019.

___. Os quatro pilares da educação do século XXI. s.d.. Disponível em:


http://fundacaotelefonica.org.br/wp-content/uploads/pdfs/GELP/HABILIDADES-
SOCIOEMOCIONAIS-OS-QUATRO-PILARES-DA-EDUCA%C3%87%C3%83O.pdf
Acesso em: 23 maio 2019.

GHIRALDELLI JÚNIOR. P. Filosofia e história da educação brasileira. Barueri/SP:


Manole, 2003.

GIL, R. M. O papel do gestor escolar na melhoria da qualidade da educação.


Paranavaí: Secretaria da Educação, 2013. Disponível em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/201
3/2013_uem_gestao_pdp_raquel_mattos_gil.pdf. Acesso em: 28 ago. 2019.

Godinho, Marília Gomes. Políticas públicas e organização da educação básica/


MaríliaGomes Godinho; Marília FerrantiScorzoni.Rio de Janeiro : SESES, 2014.

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 3. ed.,


rev. e ampl. Goiânia: Alternativa, 2001. 259 p.

Liberalismos e educação em debate / José Claudinei Lombardi & José Luís Sanfelice
(orgs). Campinas, SP : Autores Associados, Histedbr, 2007. – (Coleção educação
comtemporêna)

50
LÜCK, H. Dimensões de gestão escolar e suas competências. Curitiba: Positivo,
2009.

MEDEIROS, M. O mundo é o lugar mais desigual do mundo. Piauí, jun. 2016.


Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/o-mundo-e-o-lugar-mais-desigual-
do-mundo/. Acesso em: 23 jun. 2019.

MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital / IstvánMészaros ; tradução


de Isa Tavares. São Paulo :Boitempo, 2005.

ODM BRASIL. O Brasil e os ODM. s.d.. Disponível em: http://www.odmbrasil.gov.br/o-


brasil-e-os-odm. Acesso em: 30 jul. 2019.

PETARNELLA, L.Escola analógica e cabeças digitais: o cotidiano escolar frente às


tecnologias midiáticas e digitais de informação ecomunicação. QUAESTIO, Sorocaba, v.
10, n. 1/2, p. 323-327, maio/nov. 2008. Disponível em:
http://periodicos.uniso.br/ojs/index.php/quaestio/article/download/76/76/. Acesso em: 20
jun. 2019.

PNAD Contínua 2018: educação avança no país, mas desigualdades raciais e por
região persistem. Agência IBGE, 19 jun. 2019. Disponível em:
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-
noticias/releases/24857-pnad-continua-2018-educacao-avanca-no-pais-mas-
desigualdades-raciais-e-por-regiao-persistem. Acesso em: 20 jun. 2019.

PONTUAL, Pedro e IRELAND, Timothy. (Organizadores). Educação Popular na


América Latina: diálogos e perspectivas. Brasília: Ministério da Educação: UNESCO,
2009. (Coleção Educação para Todos v. 4). Disponível em
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=654-
vol4americalatina-pdf&category_slug=documentos-pdf&Itemid=30192

ROSSI, Clóvis. A modernidade em questão. Folha de São Paulo, São Paulo, 06 de


out. 1992, p. I-2.

SACCONI, Luiz Antonio, Grande Dicionário Sacconi : da língua portuguesa :


comentado, crítico e enciclopédico / Luiz AntonioSacconi. – São Paulo : Nova
Geração, 2010.

SAVIANI, D. Da nova LDB ao novo plano nacional de educação: por uma outra
política. São Paulo : Autores Associados, 2004.

TEDESCO, J. C.O novo pacto educativo: educação, competitividade e cidadania na


sociedade moderna. São Paulo: Ática, 1998.

UNICEF. Declaração Mundial sobre Educação para Todos. Jomtien, 1990. Disponível
em: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-mundial-sobre-educacao-para-todos-
conferencia-de-jomtien-1990. Acesso em: 20 jul. 2019.

VIEIRA, E. Democracia e política social. São Paulo: Cortez, 1992. (Polêmicas do


nosso tempo, 49)

51
________. Estado e miséria social no Brasil: de Getúlio a Geisel 1951-1978. 4.ed.
São Paulo: Cortez, 1995. 240 p.

Sites

http://www.observatoriodopne.org.br/

https://www.todospelaeducacao.org.br/

52

Você também pode gostar