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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E


SOCIAIS
DEPARTAMENTO MULTIDISCIPLINAR

BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

JOSÉ PACHECO BATISTA DE SOUZA

A INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS E COM


DEFICIÊNCIA AUDITIVA NA UNIVERSIDADE
FEDERAL FLUMINENSE – CAMPUS
ATERRADO
ANÁLISE DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Volta Redonda

2020
JOSÉ PACHECO BATISTA DE SOUZA

A INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS E COM


DEFICIÊNCIA AUDITIVA NA UNIVERSIDADE
FEDERAL FLUMINENSE – CAMPUS
ATERRADO
ANÁLISE DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Projeto de trabalho de conclusão de curso apresentada ao Curso


de Administração Pública, modalidade presencial, do Instituto de
Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Administração Pública.

Orientação: Prof. Dr. Carlos Frederico Bom Kraemer

Volta Redonda
2020
RESUMO
Este projeto tem como principal objetivo analisar o processo de implementação políticas
públicas afirmativas, na Universidade Federal Fluminense no polo Aterrado, Volta Redonda,
para a permanência de alunos surdos e com deficiência auditiva. A partir deste viés, em que se
busca evidenciar os processos da implementação das políticas promovidas, principalmente, a
partir da Constituição de 88 e as declarações da UNESCO, para a educação inclusiva, até o
ensino superior. Um desafio que se repercute, é a questão de precisamos de um novo projeto
curricular que se adapte aos estilos e ritmos de aprendizagem e garanta que todos recebam uma
educação adequada. Em relação às responsabilidades das universidades, há muito sobre como
manter alunos com deficiência ou alunos com deficiência em suas universidades, mas muitos
acreditam que tais responsabilidades não se limitam às instituições de ensino superior. O
desafio de integrar o ensino superior à vida cotidiana envolve a tomada de decisões fora dos
limites das universidades públicas. Trazendo assim os professores do ensino superior também
estão no final desse processo, que sem dúvida, este é o fator decisivo para a implementação da
política de integração educacional, onde no dia a dia da diversificação das aulas regulares, o
despreparo dos professores para lidar com alunos com déficits cognitivos, psicomotores e/ou
sensoriais, aumenta os obstáculos que os alunos enfrentam no ambiente universitário, bem
como a falta de infraestrutura escolar, quanto ao sistema de meios externos do ambiente
universitário. E em âmbito interno a UFF analisa o Departamento de Apoio Acadêmico
(SAA) para promover e garantir a acessibilidade e inclusão. A metodologia utilizada na
discussão é a realização da revisão bibliográfica e investigação documental na forma de leis,
decretos, resoluções, portarias e medidas provisórias no âmbito da legislação federal, estadual
e municipal. O método utilizado na discussão é a realização de levantamento bibliográfico e
investigação documental na forma de leis, decretos, resoluções, decretos e medidas
provisórias no âmbito da legislação federal, estadual e municipal. Tendo em vista de que está
conectado ao ambiente universitário, é necessário encontrar um dispositivo que ajude esses
alunos a aceitar/se adaptar à sua deficiência no ambiente universitário. Por esse motivo, é
necessário realizar pesquisas qualitativas para acompanhar e compreender os departamentos
de apoio acadêmico para entender seu papel, as necessidades de mediar os desafios propostos
e como fornecer um suporte específico aos alunos. É necessário trabalhar com o
departamento, através de dados narrativos e pesquisas de preferências pessoais, para encontrar
os alicerces em que se apoiam e os alicerces para ajudar os alunos, de forma a ajudá-los a
desfrutar de um tempo de aprendizagem mais tranquilo e agradável.

Palavras-chave: surdez; deficiência auditiva; políticas públicas; UFF.


1. Apresentação do Problema
Ao longo da década de 1990, segundo Martins, Leite e Lacerda (2015), devido à
influência do processo internacional, o governo brasileiro propôs as metas de desenvolvimento
do país sob a defesa do neoliberalismo. E sob a égide do neoliberalismo, conforme Martins et.
al (2015 apud Gentili, 1996), fez parte do plano hegemônico utilizar a educação para atender
mais diretamente os interesses da indústria e do comércio, que impõe mudanças materiais e ao
mesmo tempo realiza a reconstrução política e ideológica da sociedade.
Entretanto, a UNESCO, a par dessa onda do neoliberalismo, produz dois documentos
que retratam a educação e a educação de pessoas com deficiência. Com a Declaração de
educação para todos (UNESCO, 1990), retrata que milhões de crianças e incontáveis adultos
não conseguem completar o ciclo básico de educação, e milhões de pessoas completaram o
ciclo básico de educação, mas ainda não conseguem adquirir conhecimentos e habilidades
básicas. A Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), a declaração aborda a questão da
inclusão da educação, reconhecendo que todas as crianças têm o direito fundamental à
educação, independentemente de suas características pessoais, físicas, emocionais, culturais ou
sociais.. Onde o princípio básico da educação de pessoas com deficiência, é que todas as
crianças devem aprender juntas, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças
que possam encontrar. A Declaração de Salamanca enfatiza a importância da escola inclusiva,
que reconhece e valoriza a diversidade dos alunos e busca atender às necessidades educativas
de todos. Segundo o documento, a escola inclusiva é aquela que adota uma pedagogia centrada
no aluno, que respeita suas diferenças e necessidades, e que se adapta a eles, em vez de esperar
que os alunos se adaptem à escola. O documento destaca ainda a importância da colaboração
entre pais, professores e comunidade, na construção de uma escola inclusiva e na promoção da
igualdade de oportunidades para todos os alunos. Além disso, a Declaração de Salamanca
reconhece que a inclusão da educação é um processo contínuo, que exige mudanças nas
políticas, nas práticas e na cultura das escolas.
Assim, a partir destes dois documentos, Martins et. al (2015), relata que, no Brasil, o
texto a Lei de Diretrizes e Bases para Educação Nacional, a LDB (BRASIL, 1996a), afirma
que, ao reiterar a necessidade de ampliar o escopo da educação geral nessas disciplinas, de
modo a garantir que o ensino das pessoas com deficiência adote os conteúdos previstos na
Constituição de 1988, e recomenda-se que o ensino público seja realizado principalmente na
rede formal. De acordo com a LDB, a educação inclusiva é um direito de todos e deve ser
assegurada pelo poder público, garantindo o acesso e a permanência de alunos com deficiência
nas escolas regulares de ensino fundamental e médio. A lei prevê que as escolas devem
oferecer atendimento educacional especializado, complementar ou suplementar à formação dos
alunos com deficiência. A LDB também estabelece que a educação inclusiva deve ser
realizada em conjunto com a educação especial, que é uma modalidade de ensino destinada a
pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação. A educação especial deve ser oferecida de forma complementar ou
suplementar à educação regular, e deve ser realizada preferencialmente na rede regular de
ensino. E ainda que a educação inclusiva deve ser realizada em ambiente que favoreça o
aprendizado, com recursos de acessibilidade, comunicação e tecnologia assistiva, quando
necessário. A lei também destaca a importância da formação de professores para a educação
inclusiva e da colaboração entre escola, família e comunidade. Reconhecendo a importância da
inclusão escolar para as pessoas com deficiência e estabelece as diretrizes para garantir o
acesso e a permanência desses alunos nas escolas regulares de ensino fundamental e médio,
bem como para oferecer atendimento educacional especializado quando necessário.
Conforme Santos e Teles (2012), em que os artigos 205, 206 e 208 da Constituição de
1988 tratam do direito à educação e das diretrizes e responsabilidades dos poderes públicos na
oferta e gestão da educação no Brasil.
O artigo 205 estabelece que a educação é um direito de todos e dever do Estado e da
família, e deve ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade. O artigo destaca
ainda a importância da educação como forma de desenvolvimento humano, construção da
cidadania e melhoria da qualidade de vida.
O artigo 206 estabelece as diretrizes para a educação, destacando que ela deve ser
ministrada com base nos princípios da igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola, liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, pluralismo de ideias e de
concepções pedagógicas, e valorização dos profissionais da educação.
Já o artigo 208 estabelece o dever do Estado de garantir o acesso à educação, e a
obrigação dos pais ou responsáveis de matricular as crianças na escola a partir dos 4 anos de
idade. O artigo destaca ainda a importância da oferta de educação especializada para os alunos
com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.
Em conjunto, os artigos 205, 206 e 208 da Constituição de 1988 estabelecem a
importância da educação para o desenvolvimento do país e para a construção de uma
sociedade mais justa e igualitária. Eles garantem o direito à educação para todos os cidadãos
brasileiros, e estabelecem as diretrizes para a oferta de um ensino de qualidade, inclusivo e
comprometido com a formação integral dos alunos.
No que se refere ao ensino superior, o Ministério da Educação expediu a Circular nº
277/MEC/GM, em 8 de maio de 1996 ( BRASIL, 1996b) - ao responsável pelas instituições de
ensino superior, esta circular tinha como objetivo fornecer orientações e diretrizes para a
inclusão de pessoas com deficiência nas instituições de ensino superior do país. Estabelecendo
que as instituições de ensino superior deveriam garantir a inclusão de pessoas com deficiência,
com o objetivo de promover a igualdade de oportunidades e a participação plena dessas
pessoas na sociedade. Onde as instituições de ensino superior implementassem medidas para
garantir a acessibilidade física, comunicacional e pedagógica, bem como para promover a
formação de profissionais capacitados para lidar com a diversidade. Se tornando um
importante marco na promoção da inclusão de pessoas com deficiência no ensino superior no
Brasil, ao estabelecer diretrizes e orientações para as instituições de ensino superior garantirem
a acessibilidade e a inclusão dessas pessoas em suas atividades acadêmicas e sociais.
Além disso, a circular incentivava as instituições de ensino superior a desenvolverem
projetos de pesquisa e extensão que abordassem questões relacionadas à inclusão de pessoas
com deficiência, e a estabelecerem parcerias com entidades e organizações que atuam na área
da deficiência.
Desde a década de 1990, a aceitação do ensino superior para pessoas com surdez e/ou
deficiência auditiva e a garantia de sua durabilidade até o final do curso selecionado está
sujeita a ações afirmativas, por meio do Decreto nº 1.679 (BRASIL, 1999), que resume a Lei
nº 9.131 (BRASIL, 1995), a Lei nº 9.394 (BRASIL, 1996), e o Decreto nº 2.306 (BRASIL,
1997).Este regulamento prevê condições para a entrada e saída de pessoas com deficiência,
nomeadamente no Art. 2.º Parágrafo único, letra C, que prevê condições para os alunos com
deficiência auditiva:

-Quando necessário intérpretes de língua de sinais/língua portuguesa,


especialmente quando da realização de provas ou sua revisão, complementando
a avaliação expressa em texto escrito ou quando este não tenha expressado o
real conhecimento do aluno;
-Flexibilidade na correção de provas escritas, valorizando o conteúdo semântico;
-Aprendizado da língua portuguesa, principalmente na modalidade escrita (para
uso de vocabulário pertinente às matérias do curso em que o estudante estiver
matriculado);
-Materiais de informações aos professores para que se esclareça a especificidade
linguística dos surdos. (In: BRASIL, 2009)

O Decreto nº 1.679, emitido em 1999 pelo governo brasileiro, teve como objetivo
consolidar e regulamentar as leis e decretos que tratam da educação especial no país. O decreto
sintetiza as disposições da Lei nº 9.131/1995, que criou os Centros Integrados de Educação
Pública (CIEPs) para o atendimento de alunos com necessidades especiais, da Lei nº
9.394/1996, que estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional, e do Decreto nº
2.306/1997, que regulamentou a educação especial no sistema educacional brasileiro.
O Decreto nº 1.679/1999 tem como objetivo promover a inclusão educacional de pessoas
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação,
assegurando-lhes o direito à educação de qualidade e o acesso aos sistemas educacionais, em
todos os níveis e modalidades de ensino.
Entre as principais disposições do decreto, destacam-se a garantia de atendimento
educacional especializado gratuito e prioritário para alunos com deficiência, a criação de
classes, escolas ou serviços especiais, a inclusão de professores e profissionais capacitados
para atendimento educacional especializado, a promoção da acessibilidade arquitetônica, nos
transportes e nos recursos didáticos e pedagógicos, a valorização da diversidade humana e
cultural, entre outras.
No que se diz a respeito aos surdos e deficientes auditivos, que serão o objeto de estudo,
o Decreto N º 5626, de 22 de dezembro de 2005:

Art. 2o Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda
auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais,
manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais –
Libras.
Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total,
de quarenta e um decibéis (dB)ou mais, aferida por audiograma nas frequências de
500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. (BRASIL, 2005)

O Decreto nº 5.626/2005 estabelece a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio


legal de comunicação e expressão das pessoas surdas e deficientes auditivas no Brasil. O
objetivo do decreto é garantir o acesso dessas pessoas à educação, ao trabalho e à vida em
sociedade, reconhecendo a Libras como uma língua de natureza visual-espacial, com
gramática própria e estrutura linguística complexa.
O decreto também determina que as escolas e instituições de ensino devem oferecer a
Libras como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores e nos
cursos de licenciatura, bem como disponibilizar intérpretes de Libras para alunos surdos ou
com deficiência auditiva matriculados nas escolas regulares.
Além disso, o Decreto nº 5.626/2005 estabelece que os órgãos públicos e empresas
concessionárias de serviços públicos devem garantir o atendimento em Libras aos usuários
surdos ou com deficiência auditiva, por meio de intérpretes ou outros recursos de
acessibilidade comunicacional.
A acessibilidade à informação é regida pela Lei nº 10.098/2000, Cláusulas de
acessibilidade no Capítulo 7:

Art. 17. O Poder Público promoverá a eliminação de barreiras na comunicação e


estabelecerá mecanismos e alternativas técnicas que tornem acessíveis os sistemas de
comunicação e sinalização às pessoas portadoras de deficiência sensorial e com
dificuldade de comunicação, para garantir-lhes o direito de acesso à informação, à
comunicação, ao trabalho, à educação, ao transporte, à cultura, ao esporte e ao lazer.
Art. 18. O Poder Público implementará a formação de profissionais intérpretes de
escrita em braile, linguagem de sinais e de guias-intérpretes, para facilitar qualquer
tipo de comunicação direta à pessoa portadora de deficiência sensorial e com
dificuldade de comunicação.
Art. 19. Os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens adotarão plano de
medidas técnicas com o objetivo de permitir o uso da linguagem de sinais ou
outra subtitulação, para garantir o direito de acesso à informação às pessoas portadoras
de deficiência auditiva, na forma e nos prazos previstos em regulamento (BRASIL,
2000).
O Capítulo 7 da Lei nº 10.098/2000 aborda as Cláusulas de Acessibilidade, que
estabelecem as diretrizes e os critérios básicos a serem observados para garantir o acesso das
pessoas com deficiência aos ambientes, serviços e informações.
Entre as cláusulas de acessibilidade, destacam-se as seguintes:
- Acessibilidade nos edifícios e espaços públicos: estabelece que os edifícios públicos e
privados de uso coletivo devem ser acessíveis, com a remoção de barreiras arquitetônicas e a
instalação de equipamentos e recursos que facilitem a circulação e a comunicação das pessoas
com deficiência.
- Acessibilidade nos transportes: determina que os sistemas de transporte público devem
ser acessíveis, com a adaptação dos veículos e das estações para garantir o acesso das pessoas
com deficiência.
- Acessibilidade na comunicação e informação: estabelece que as informações e os
serviços de comunicação devem ser acessíveis, com a disponibilização de recursos como a
Libras, legendas e audiodescrição para as pessoas com deficiência auditiva e visual, além da
adequação de formatos e suportes para garantir o acesso das pessoas com deficiência
intelectual.
- Acessibilidade nos eventos culturais e esportivos: determina que os eventos culturais e
esportivos devem ser acessíveis, com a adaptação dos espaços e das atividades para garantir o
acesso e a participação das pessoas com deficiência.
Embora existam regulamentações para garantir que os alunos possam usar o sistema de
ensino e estabeleçam padrões para garantir a permanência dos surdos, ainda é necessário
reconhecer o sistema de linguagem que utilizam. Usando assim, a LIBRAS como sua própria
linguagem que conecta sinais, gestos e expressões corporais. É considerada uma língua oficial
do Brasil desde 24 de abril de 2002, através da Lei nº 10.436 (BRASIL, 2002), Sim, a Lei nº
10.436/2002 reconhece a Libras como uma língua oficial do Brasil, ao lado da língua
portuguesa. Isso significa que a Libras é reconhecida como um meio legal de comunicação e
expressão no país, sendo garantido às pessoas surdas e com deficiência auditiva o direito de
utilizá-la em todas as situações em que se fizer necessária a comunicação.

A Libras é uma língua de modalidade gestual-visual, composta por gestos, expressões


faciais e corporais, e possui gramática e estrutura próprias, como qualquer outra língua natural.
Ela é a língua materna da maioria das pessoas surdas no Brasil, e sua oficialização como
língua brasileira reconhece a importância da diversidade linguística e cultural e a necessidade
de garantir a inclusão e a acessibilidade das pessoas surdas na sociedade.

Com o reconhecimento da Libras como língua oficial do Brasil, a legislação brasileira


também estabelece a obrigatoriedade da inclusão da disciplina de Libras nos cursos de
formação de professores e em cursos de formação de intérpretes de Libras, além de garantir o
acesso das pessoas surdas a serviços públicos de saúde, educação e justiça com a presença de
intérpretes de Libras e a produção de materiais em Libras. Por meio da Lei nº 10.436, garante
os direitos de acesso de educação as pessoas surdas ao ensino médio e superior:

Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas
concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e
difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e
de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.
Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais
e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação
Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do
ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros
Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente (BRASIL, 2002).

Com o objetivo de analisar a Universidade Federal Fluminense – UFF – Campus


Aterrado, busca-se demonstrar a implantação de políticas afirmativas e leis que asseguram os
direitos dos deficientes auditivos e surdos. Que, em novembro de 2015, o ICHS criou o
Departamento de Apoio Acadêmico (SAA) para promover e garantir a acessibilidade e
inclusão.
A partir de então, o departamento passou a estabelecer parceria com a atual Secretaria de
Acessibilidade e Inclusão (SAA) Núcleo Sensibiliza, então associada ao Proaes, e estabelecer
um relacionamento permanente e próximo. Este departamento é responsável por receber e
aceitar alunos com deficiência no ICHS, além de outros recursos, também oferece
computadores e notebooks adaptados, scanners ópticos, bolsas de apoio à inclusão e monitores
sem barreiras. Além disso, a equipe também oferece um espaço especial de aprendizagem para
alunos com deficiência.
Sendo assim, neste projeto, levanta-se a questão, de que, se a implantação de políticas
afirmativas pela Universidade Federal Fluminense – UFF – Campus Aterrado, pode favorecer
o acesso e a permanência das pessoas com deficiência auditiva e surdez ao ensino superior?

1.1. Objetivo Geral


Analisar a implementação das políticas afirmativas pela Universidade Federal
Fluminense que possam favorecer o acesso e permanência das pessoas com deficiência
auditiva e surdez na UFF - Aterrado.

1.2. Objetivos Específico


●Quantificar os alunos surdos e com deficiência auditiva;
● Analisar as políticas públicas de acesso ao ensino superior;
● Identificar e analisar as ações do SAA;

2. Justificativa
Com o decorrer da década de 1990, torna evidente que os mecanismos, como a
Constituição de 1988, a Declaração de educação para todos (UNESCO, 1990) e a Declaração
de Salamanca (UNESCO, 1994), abordam a educação como um direito e dever do Estado para
com sua população. Assim, fazendo com que o Ministério da Educação (MEC), adeque o
processo seletivo de candidatos com deficiência, estipule leis para incentivo a permanência dos
alunos nas IES, obriga universidade, institutos de pesquisa e centros federais a reter metade
das vagas abertas no processo seletivo, reconhece a Língua de Sinais como oficial e
regulamenta a profissão de tradutores e intérpretes de língua de sinais brasileiros de LIBRAS.
Conforme Santos (2012), aborda que atualmente, teóricos e pesquisadores de educação
têm discutido amplamente o processo inclusivo, que é o resultado de políticas afirmativas que
conduzem ao ensino superior público e de qualidade. As propostas de políticas implementadas
pelo governo federal proporcionam às universidades uma porta de entrada para as pessoas
excluídas dos processos seletivos para esse nível de ensino.
Desta forma, a proposta do projeto busca entender como ocorre a implementação das
políticas públicas e as ações afirmativas, mediante ao âmbito macro providenciadas pelo MEC,
na esfera meso, orientadas nas ações das Universidades Federais (IES) e no campo de ação
micro, focada na ação dos professores e setores de apoio, orientadas para as pessoas com
deficiência auditiva e surdas na Universidade Federal Fluminense em Volta Redonda, no
campus Aterrado.

3. Revisão Bibliográfica

3.1. Educação Inclusiva


A maneira como os portadores de deficiência são reconhecidos no mundo, evolui ao
longo dos tempos, devido às mudanças sociais e às conquistas das pessoas com deficiência, o
conceito de deficiência se desenvolve ao longo do tempo, conforme Duarte e Ferreira (2013),
por exemplo, as pessoas com deficiência eram mortas ao nascer na Antiguidade, na Idade
Média, o conceito da criação de Deus mudou, tornando todos pessoas com deficiência
vigilantes sobre a Igreja Católica, estando isolados e contando com instituições de caridade
para sobreviver. Para romper com este conceito de segregação, adota-se o conceito de
integração, que requer modificação do deficiente, não da sociedade, para que ele possa ser
inserido e integrado à vida social. No entanto, a sociedade também deve contribuir
parcialmente para o processo de integração das pessoas com deficiência. O que se seguiu foi o
movimento de inclusão, que surgiu da visão social de um mundo democrático. Em um mundo
democrático, as pessoas aspiram a respeitar os direitos e obrigações de todos,
independentemente das diferenças entre os indivíduos, e as limitações não podem enfraquecer
os direitos de alguém. Pessoas com deficiência são cidadãos e fazem parte da sociedade, e a
sociedade deve estar preparada para lidar com a diversidade humana. A educação inclusiva no
Brasil é um movimento que busca garantir que todas as pessoas tenham acesso à educação,
independentemente de suas diferenças e necessidades. Esse movimento teve início na década
de 1990, quando o Brasil se comprometeu internacionalmente a adotar políticas de inclusão
social, incluindo a inclusão educacional.

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu que a educação é um direito de todos e


dever do Estado, e que deve ser oferecida de forma inclusiva e sem discriminação. A partir daí,
foram criadas diversas leis e políticas públicas que visam promover a inclusão de pessoas com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação no
sistema educacional.

Entre essas políticas, destaca-se a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional


(LDB), que em seu artigo 59, estabelece que o sistema educacional brasileiro deve oferecer
atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais.
Além disso, a LDB prevê a inclusão desses alunos em escolas regulares, desde que seja
garantida a acessibilidade e a oferta de recursos e serviços de apoio necessários para garantir a
aprendizagem e a participação plena em todos os aspectos da vida escolar.

Outra política importante é o Decreto nº 5.296/2004, que regulamenta as normas de


acessibilidade em edificações, mobiliários, equipamentos urbanos e transportes. O decreto
estabelece, entre outras coisas, que as escolas devem oferecer acessibilidade física,
comunicacional e pedagógica para todos os alunos, incluindo aqueles com deficiência auditiva
e surdez.

Além disso, o Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade, criado em 2003,


busca promover a formação de professores e a implementação de práticas pedagógicas
inclusivas nas escolas brasileiras. O programa prevê a oferta de cursos de formação continuada
para professores, o apoio à elaboração de projetos pedagógicos inclusivos e a criação de
recursos e tecnologias assistivas para garantir o acesso e a participação dos alunos com
deficiência.

Apesar dos avanços, ainda existem muitos desafios a serem superados para garantir uma
educação verdadeiramente inclusiva no Brasil. A falta de investimento em recursos e
tecnologias assistivas, a falta de formação adequada para os professores e a falta de
acessibilidade em muitas escolas ainda são obstáculos que precisam ser superados. No entanto,
a luta pela inclusão continua, e é cada vez mais importante garantir que todas as pessoas
tenham acesso à educação, independentemente de suas diferenças e necessidades.
A educação inclusiva refere-se a proporcionar aos alunos com necessidades educacionais
especiais cursos para participarem das atividades diárias das aulas regulares e aprenderem as
mesmas coisas que os outros, mesmo de formas diferentes, de preferência sem diferenças de
idade e série. Como intermediários no processo de ensino, os professores têm a função de fazer
os ajustes necessários ao currículo escolar. Glat e Plestch, (2004) abordam esse tema que não
só precisamos nos adaptar ao ambiente físico para atender às necessidades das pessoas com
deficiência, mas também precisamos de um novo projeto curricular que leve em consideração
a diversidade, ou seja, se adapte aos estilos e ritmos de aprendizagem e garanta que todos
recebam uma educação adequada. Pagliuca, Mariani et al (2015). Trazem ainda sobre este
aspecto da educação inclusiva, que esta deve reconhecer o direito de todos os alunos de
estarem juntos, aprender e participar da discriminação. O sistema inclusivo dessas pessoas
deve incluir experiência em lidar com contratempos, frustrações, autoestima e socialização, e
respeitar as diferenças dos participantes. Portanto, possibilita que o deficiente se torne
membro da sociedade, livre de preconceitos, discriminações e obstáculos, preparar o
deficiente para o mercado de trabalho e se integrar ao meio social.

3.2. Ensino Médio


A sociedade brasileira, envolvida pelo ensino de educação, sempre buscando evoluir no
conceito de qualidade, com o passar dos anos teve de enfrentar novos desafios, quanto ao
ensino de alunos com deficiência. E concordância, Martins et. Al (2015), no molde em que o
Brasil evoluiu o seu sistema de ensino, principalmente com a Constituição de 1988, tornando
assim o acesso à educação prioritária na definição das políticas públicas. Logo, sob a pressão
externa, sob o olhar do neoliberalismo, propôs-se metas para os pais, sendo uma delas a
mercantilização da educação, abrindo o mercado da educação para uma livre concorrência e
escolha. O foco deve ser a redução do foco nas agências especializadas, porque o repasse de
recursos para agências especializadas foi avaliado, porque o foco é inscrever alunos com
deficiência em escolas normais. Através da conquista de direitos, os alunos começaram a
reivindicar o seu acesso a escolas que lhe proporcionam uma educação viável tanto para sua
deficiência quanto para seu intelecto. Porém, os surdos costumam frequentar escolas especiais
de ensino médio e fundamental, que ficam isoladas devido à convivência e exclusão com a
sociedade.
Já na Educação Especial, acompanha-se um crescimento deste processo, com
financiamento de recursos públicos, porém na retenção de pessoas e grupos com interesses
individuais. Deixando assim, para Marins et al. (2015), que a educação da pessoa com
deficiência à mercê das instituições, isentando assim o Estado retirando destas pessoas o
direito ao acesso à igualdade na educação pública. Silveira Bueno (1993), complementa
dizendo que todo o processo de expansão da educação especial envolve não apenas o número
de crianças com necessidades especiais, mas também pela diversificação das formas de
atendimento e metas de atendimento. Por um lado, se reflete definitivamente a ampliação das
oportunidades
educacionais para crianças que dificilmente se integram no processo escolar histórico pelas
suas características inerentes e respondem a diversas decisões, então sempre tem a função de
legitimar a seletividade escolar.
Então, o Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Especial (SESPE),
define o público-alvo da educação especial, como pessoas com deficiência física, mental ou
sensorial de longa duração que interagem com diversos obstáculos que podem restringi-los em
participar plena e efetivamente na escola e na sociedade. Os alunos com deficiência global de
desenvolvimento são aqueles que passaram por mudanças qualitativas na interação e
comunicação social recíproca, são interesses e atividades limitadas, de repertório rígido e
repetitivo. Este grupo inclui alunos com autismo, síndrome do espectro do autismo e psicose
infantil. Alunos altamente qualificados/talentosos mostram alto potencial em qualquer um dos
seguintes campos, eles são isolados ou combinados: conhecimento, acadêmico, liderança, teste
psicológico e arte, além de ter excelente criatividade, participando do aprendizado e
executando tarefas em áreas de interesse.
Pela Lei nº 10.690 (BRASIL, 2003), define deficiência auditiva como perda bilateral,
parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas
frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. A Lei nº 10.690 representa um avanço
na garantia dos direitos das pessoas com deficiência auditiva, ao reconhecer a necessidade de
políticas públicas específicas para essa população, que frequentemente enfrenta barreiras de
acesso e inclusão em diferentes áreas da sociedade, incluindo o mercado de trabalho.

3.3. Ensino Superior


Dentro de todos os textos abordados, os autores supracitados ao decorrer deste artigo, se
baseiam em textos internacionais e nacionais, que conforme, Martins et al. (2015), apontam
dois documentos internacionais de extrema importância, sendo a Declaração de Educação para
Todos de 1990 e a Declaração de Salamandra 1994, na qual trazem apontamentos para os
problemas da educação quanto ao baixo índice de conclusão na educação básica e sobre a
educação de pessoas com deficiência, foi exposta a situação deste modo de ensino e proposto
que fosse considerada parte integrante do sistema educacional brasileiro. A partir da influência
destes textos, buscou-se reafirmar a necessidade de acesso das pessoas com deficiência ao
ensino comum, propondo assim que esse este ensino ocorra principalmente na rede regular.
Em relação ao ensino superior, o Ministério da Educação (MEC) emitiu o Edital nº 277
(BRASIL, 1996) à IES em 1996 para adequar o processo seletivo de candidatos com
deficiência. O Edital nº 277/1996 do Ministério da Educação (MEC) foi emitido com o
objetivo de orientar as instituições de ensino superior (IES) a adequarem seus processos
seletivos para garantir o acesso de candidatos com deficiência. O edital estabeleceu que as IES
deveriam assegurar a igualdade de oportunidades aos candidatos com deficiência, além de
oferecer condições adequadas para que eles pudessem realizar as provas.

Entre as orientações contidas no edital, destacam-se a necessidade de fornecer


informações sobre as adaptações e recursos que seriam disponibilizados para os candidatos
com deficiência auditiva, visual, física ou intelectual, além de garantir que os locais de prova
fossem acessíveis e possuíssem infraestrutura adequada. O edital também previu a
possibilidade de solicitação de tempo adicional para a realização das provas, de acordo com a
necessidade de cada candidato.

O Edital nº 277/1996 foi um importante passo para garantir o acesso de candidatos com
deficiência ao ensino superior, uma vez que estabeleceu diretrizes claras para as IES
adequarem seus processos seletivos e oferecerem condições adequadas aos candidatos com
deficiência. Desde então, outras políticas públicas foram implementadas para garantir a
inclusão e acessibilidade desses estudantes nas IES, como a reserva de vagas por meio de
políticas afirmativas e a oferta de recursos de acessibilidade, como intérpretes de Libras e
materiais adaptados.
Muito se fala da universidade por sua responsabilidade de manter os alunos com ou sem
deficiência no seu âmbito universitário, porém, muito se vê que esta responsabilidade não cabe
somente às instituições de ensino superior. O desafio de integrar o ensino superior à vida
cotidiana envolve a tomada de decisões fora dos limites das universidades públicas. Portanto,
Duarte e Martins consideram que a universidade pública não pode ser considerada a única
responsável por esse processo, ela deve ser considerada parte integrante da implementação da
política pública. Juntas, as pessoas devem expor aos órgãos governamentais as limitações que
enfrentam e apontar as diretrizes que devem ser adotadas para garantir a entrada, saída e
permanência desses alunos.
Além da responsabilidade da universidade com estes alunos, também se tem na ponta
desse processo, o professor de ensino superior. Sendo este, sem dúvida, o aspecto determinante
para a efetivação de uma política de inclusão educacional. Sendo que os estudos de Glat e
Pletsch mostram que a principal barreira para a efetivação das políticas públicas de inclusão é
a falta do despreparo dos professores para lidar com alunos com significativos déficits
cognitivos, psicomotores e/ou sensoriais na diversidade cotidiana de uma classe regular, faz-se
com que aumente os obstáculos enfrentados pelos os estudantes no ambiente universitário,
tanto como a falta de infraestrutura da instituição, quanto aos meios externos ao ambiente
universitário. Se tornando uma questão preocupante para os autores, porque a implementação
de um processo de integração escolar e a composição dos alunos das escolas é cada vez mais
diversificada, enquanto o currículo dos cursos de formação de professores não contempla esta
nova realidade, tornando assim, as competências pedagógicas dos professores para com os
alunos com deficiência, de vital importância que estes profissionais possuam capacidade de
repassar conhecimentos e técnicas para que estes, possam assim ter um melhor aprendizado e
permanência, e continuar com seus objetivos no ensino superior. Com isso, os futuros
professores continuam despreparados para atuar sob o novo paradigma de escolas abertas e
diversificadas.
Outros obstáculos incluem a falta de educação familiar e outros preconceitos. Esses
preconceitos nunca foram quebrados. A Política da Educação Especial na perspectiva da
educação inclusiva, que a partir desse momento, Martins et. Al (2015), apontam que as
instituições com a família e a comunidade têm com objetivo de estabelecer contato e apontar a
importância das diferenças entre as pessoas. Portanto, estabeleça uma sociedade sem
preconceitos e estigmas com base nos acordos internacionais e em leis nacionais. No que se
refere à empregabilidade, os autores Pagliuca et. al (2015), e Santos, Alves et. Al (2012),
trazem que poucos verão pessoas com deficiência física no mercado de trabalho, e que em
alguns casos, se houver deficiência, a empresa não oferece ergonomia e/ou treinamento
suficiente para o desempenho dessa atividade. Ou seja, embora o Brasil possua um sistema
avançado de garantia dos direitos das pessoas com deficiência, ainda existe um distanciamento
entre a teoria e a prática. Portanto, a falta de supervisão adequada e a falta de incentivos e
instituições para treinamento e capacitação têm levado à participação insuficiente de pessoas
com deficiência no mercado de trabalho brasileiro e à recuperação deste grupo. A demanda do
mercado para Pereira (2006), comprova que isso é razoável, portanto, esse tipo de formação
profissional pode limitar melhor os serviços prestados à comunidade, o que também exige da
comunidade maior capacidade e vitalidade.
E ainda recorrendo aos conceitos abordados por Santos et. Al (2012), quando se trata de
espaços físicos públicos, as pessoas com deficiência enfrentam problemas no dia a dia. No
mercado de trabalho, as pessoas com deficiência são vistas como geradoras de custos, ou seja,
a entrada das pessoas com deficiência na empresa depende não apenas da superação do
preconceito, mas também da viabilidade econômica de sua adaptação e acesso. A Lei nº
10.048/2000 prevê a adequação de espaços públicos, equipamentos e veículos de transporte
coletivo, para as pessoas com deficiência. As instituições da maior parte das nossas cidades
comprovam que os deficientes se encontram em dificuldades e mesmo sem condições de
usufruir de uma vida com qualidade e autónoma. Isso inclui locais de lazer, transporte público,
escritórios, edifícios, escolas, universidades, banheiros públicos, etc. É fácil para as pessoas
observar espaços sociais, equipamentos e comportamentos, e o padrão seguido na maioria dos
casos só pode atender às necessidades de pessoas consideradas normais.
Quando se fala de políticas públicas que dizem respeito ao ensino superior, diversos
autores como Martins et al (2015), Duarte e Ferreira (2010), e trazem a respeito do Programa
Incluir, que propõe ações voltadas para a inserção de pessoas com deficiência nas instituições
federais. O Programa Incluir foi criado em 2005 pelo Ministério da Educação (MEC) com o
objetivo de promover a inclusão de pessoas com deficiência no ensino superior. O programa
tem como principais metas a ampliação do acesso de pessoas com deficiência ao ensino
superior, a melhoria das condições de acessibilidade nas instituições de ensino e a promoção
de pesquisas na área de inclusão educacional.
Uma das principais ações do Programa Incluir é a disponibilização de recursos de
acessibilidade, como intérpretes de Libras, legendas em vídeos e materiais adaptados para
pessoas com deficiência visual. Além disso, o programa oferece capacitação para professores e
profissionais de instituições de ensino, com o objetivo de promover uma educação inclusiva e
de qualidade para todos os alunos.
O Programa Incluir é uma importante iniciativa do governo brasileiro na área da
inclusão educacional e tem contribuído para a promoção do acesso e da permanência de
pessoas com deficiência no ensino superior. No entanto, ainda há muito a ser feito para
garantir uma educação inclusiva e de qualidade para todos os brasileiros, independentemente
de suas condições físicas, sensoriais ou intelectuais.
Se na educação básica é possível definir claramente as opções para os alunos com
deficiência, então no ensino superior, somente em 2000, as extintas Secretaria de Educação
Especial (SEESP/MEC) e Secretaria de Educação Superior (SESU/MEC) instituiu as
diretrizes específicas das instituições de ensino superior sobre recursos didáticos adaptativos,
treinamento de recursos humanos e adequação de recursos materiais, e apontou que todas as
universidades propuseram um plano para implementar a acessibilidade para promover o
acesso desses alunos com deficiência no ensino superior. Em 2003, foi promulgado o Decreto
nº 3.284, que estabeleceu as regras para a oferta de cursos de ensino superior e reafirmou o
compromisso formal das instituições de ensino superior com os alunos com deficiência, para
garantir a inclusão e a acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida,
permitindo que elas possam exercer plenamente sua cidadania e participar ativamente da
sociedade. No entanto, ainda há muitos desafios a serem superados para garantir a plena
acessibilidade em todo o país.
Nas últimas décadas, segundo Bueno (1993), fortaleceu-se a noção de que a educação
para pessoas com deficiência deve ser ministrada em escolas regulares, e a participação desses
alunos é efetiva. Em alguns momentos da atualidade, a deficiência é vista como uma limitação
para o alcance dos objetivos curriculares, em outros, é obscurecida pela noção de igualdade ou
pela uniformização das diferenças. Conforme Martins et. al (2015), admite que a dimensão de
inclusão educacional permite uma possível interpretação desse silêncio no que tange à pessoa
com deficiência. E que embora estivesse presente a atenção diferenciada à Educação Especial,
ainda predomina uma concepção de integração da pessoa com deficiência, quando os poucos
que chegam aos degraus mais elevados da escolarização são submetidos a um sistema que não
identifica sua deficiência e peculiaridades.
A luta pela inclusão social é contínua na vida das pessoas com deficiência. Podemos
verificar isso por meio dos relatos que Pereira (2006), relaciona com os expressivos
movimentos sociais que a história nos apresenta. O conceito de direitos humanos foi iniciado
com base no conceito de direitos humanos que reconhece a dignidade e a universalidade de
todas as pessoas. O conceito de direitos humanos foi proposto na “Declaração dos Direitos
Humanos”. Portanto, o valor da igualdade e do respeito à diversidade e sua particularidade e
singularidade inspiraram o início de um movimento de defesa dos direitos dessa parcela da
população.

3.4. Leis
Sobre as políticas públicas para inserção da pessoa surda na UFF, tais como a Lei 12.711
(BRASIL, 2012), conhecida como “Lei de Cotas”, obriga universidade, institutos de pesquisa
e centros federais a reter metade das vagas abertas no processo seletivo a cada ano. De acordo
com o texto da Lei de Cotas, são considerados cotistas todos os candidatos que obtiveram
aprovação nos três níveis de ensino médio da rede pública. Inclui também as pessoas que
concluíram o ensino médio por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e da
Educação de Jovens e Adultos (EJA), desde que tenham cursado o ensino fundamental da rede
pública de ensino.
A Lei 13.409 (BRASIL, 2016), que altera a Lei 12.71, prevê-se a reserva de vagas para
pessoas com deficiência em cursos técnicos de nível médio superior de instituições federais de
ensino. Pessoas com deficiência farão parte do plano de cotas das instituições federais de
ensino superior, de baixa renda, negros, pardos e indígenas.
A Lei n º 10.436 (BRASIL, 2002), onde que a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é
entendida como uma forma de comunicação e expressão, na qual o sistema de linguagem dos
movimentos visuais e sua própria estrutura gramatical constituem um sistema de linguagem
para a disseminação de ideias e fatos da comunidade surda do Brasil. O governo e as
concessionárias de serviços públicos se comprometem a apoiar a institucionalização do uso e
disseminação da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. Tanto a rede federal de ensino quanto
as estaduais, municipais e distritais de ensino devem garantir que as modalidades de ensino da
Língua Brasileira de Sinais sejam contempladas nos níveis médio e superior dos cursos de
educação especial, fonoaudiologia e formação docente. Conforme a legislação em vigor, é um
parâmetro curricular nacional – PCN componente.
A Lei nº 7.853 (BRASIL, 1989), foi a primeira no Brasil a citar o acesso da Pessoa com
Deficiência no Ensino Superior. Conforme o decreto nº 3.298 (BRASIL, 1999b), regulamenta
a Lei no 7.853, que para as pessoas com deficiência e sua integração social, o Conselho
Coordenador Nacional para a Integração da Pessoas com Deficiência (CORDE) oferece apoio
à tutela judicial dos interesses coletivos ou dispersos dessas pessoas, e ações disciplinares
contra a atividade do Ministério da Administração Pública.
A Lei nº 13.146 (BRASIL, 2015). A Lei Brasileira de Inclusão das Pessoas com
Deficiência, destinada a assegurar a promoção equitativa do exercício dos direitos e liberdades
fundamentais por parte das pessoas com deficiência, a fim de concretizar a sua inclusão social
e cidadania.
Decreto nº 9.034 ( BRASIL, 2017), que tornou obrigatória a adoção de cotas para
pessoas com deficiência nos processos seletivos para o Ensino Superior, no artigo 1º da Lei nº
12.711 (BRASIL, 2012), as vagas serão preenchidas gradativamente, na proporção do total,
por autoproclamados negros, pardos, indígenas e pessoas com deficiência, de acordo com a
legislação pertinente, em proporção ao total de vagas, no mínimo, igual à proporção respectiva
de pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência na população da unidade federativa
onde está instalada a instituição, segundo o último censo.
Lei nº 12.319 (BRASIL 2010), esta lei regulamenta a profissão de tradutores e
intérpretes de língua de sinais brasileiros de LIBRAS. Os tradutores e intérpretes terão
capacidade para interpretar dois idiomas simultânea ou consecutivamente, e serão proficientes
em tradução e interpretação em LIBRAS e em português. O treinamento de tradutores e
intérpretes de LIBRAS pode ser realizado por organizações da sociedade civil que
representam a comunidade surda.
É necessário relembrar que pela Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional, Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996, os professores no Ensino Superior e Médio devem ter
especialização adequada para integrar os alunos Deficientes na classe regular.

4. METODOLOGIA
A metodologia utilizada na discussão é a realização da revisão bibliográfica e investigação
documental na forma de leis, decretos, resoluções, portarias e medidas provisórias no âmbito
da legislação federal, estadual e municipal.
Tendo em vista que houve a inserção deste no ambiente universitário, se faz necessário
encontrar dispositivos que auxiliem que estes alunos tenham uma recepção/adequação a sua
deficiência no âmbito universitário. Para isso será necessária uma pesquisa qualitativa, para
acompanhar e compreender o Setor de Apoio Acadêmico para ver o papel desempenhado por
eles, as necessidades mediantes ao desafio proposto, e como se dá a necessidade de um setor
específico de apoio aos estudantes. Sendo necessário buscar juntamente com o setor as
medidas nas quais eles se apoiam e se embasam para auxiliar os estudantes, através de dados
narrativos e estudando as preferências individuais, ajudando-os a ter uma permanência
acadêmica mais tranquila e agradável.
Para o ambiente interno da UFF, tem como objetivo analisar o regimento interno a respeito da
inclusão e/ou permanência dos alunos surdos na UFF. Procurando dispositivos e tecnologias
que possam auxiliar e tornar a estadia deste aluno mais estimulante no ambiente universitário.
Além da análise dos autores propostos como referencial, sobre casos de acesso ao ensino
médio e superior, abrangendo diversas universidades públicas no Brasil. Abordando assim leis
de
inclusão nas universidades, leis que estabelecem a linguagem de sinais como também língua
brasileira e entre outros artigos que tratam da evolução de linguagem de sinais. E como a
última parte, será elaborada uma entrevista textual em forma de questionário, abordando as
suas experiências, dificuldades, convivência, tanto dentro como fora de sala de aula. para
avaliar principalmente as medidas que a instituição toma para as suas necessidades, se a
estrutura de adequada a sua deficiência, se as leis estão sendo executadas conforme proposto
em seu projeto, melhorias, deficiências entre outras. A inclusão dos alunos portadores de
deficiência é uma das grandes questões deste trabalho, pois principalmente com a inclusão,
pode se ter a permanência ou não destes alunos.

5. Cronograma
O tempo estimado de desenvolvimento deste estudo é de doze meses, e as atividades estão
organizadas de acordo com as metas previamente definidas, conforme cronograma da Tabela
1.
Tabela 1. Cronograma de atividades
Atividades Mês

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12

Pesquisa bibliográfica/ revisão


da literatura

Pesquisa Documental

Preparação dos questionários


para pesquisa de campo

Aplicação dos questionários em


campo

Análise dos resultados dos


questionários

Redação dos resultados

Revisão do artigo

Defesa pública

6. Referências
BRASIL. AVISO CIRCULAR Nº 277/MEC/GM. Dirigido aos Reitores das IES solicitando a
execução adequada de uma política educacional dirigida aos portadores de necessidades
especiais. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 8 maio. 1996b.

______. Portaria nº 1.679, de 2 de dezembro de 1999. Dispõe sobre requisitos de


acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências, para instruir os processos de autorização
e de reconhecimento de cursos, e de credenciamento de instituições.
______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

BRASIL. Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Altera dispositivos da Lei nº 4.024, de 20


de dezembro de 1961. Brasília, DF, 24 dez, 1995.

______. Decreto Nº 2.306, de 19 de agosto de 1997. Regulamenta, para o Sistema Federal de


Ensino. Brasília, DF, 19 ago, 1997.
BRASIL. Decreto N º 5626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24
de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras. Brasília, DF, 22
dez, 2005.

______. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da


Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996a.

______. Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios


básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida, e dá outras providências. Diário Oficial União, Brasília, DF, 19 dez,
2020.

______. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais e dá
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 25 de abril de 2002.

______. LEI No 10.690, DE 16 DE JUNHO DE 2003. Reabre o prazo para que os Municípios
que refinanciaram suas dívidas junto à União possam contratar empréstimos ou
financiamentos, dá nova redação à Lei no 8.989, de 24 de fevereiro de 1995, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, 16 jun, 2003.

______. Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades
federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 29 ago, 2012.

______. Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989. Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras
de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da
Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos
ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 out, 2012.

______, 2015, Lei n. 13.146, de 6 de jul. de 2015. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 jul, 2015.
______. Lei nº 12.319, de 1º de setembro de 2010.Regulamenta a profissão de Tradutor e
Intérprete da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1
set, 2010.

______. Decreto nº 3.298, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1999. Regulamenta a Lei no 7.853, de


24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 20 dez, 1999.

BRASIL. Decreto Nº 9.034, de 20 de abril de 2017. Dispõe sobre o ingresso nas


universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 20 abr, 2017.

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