Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2
1
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
2
2 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL E NO MUNDO
3
Meninos Cegos, criado em 1854, e posteriormente rebatizado para Instituto Benjamin
Constant, que atualmente presta serviços no campo da educação especial, voltados
especificamente para o atendimento educacional.
O segundo período se inicia no final da década de 1950, quando se fortalece e
cria raízes até os primeiros anos da década de 1990. Durante essa fase, há um per-
ceptível um avanço nas iniciativas governamentais. O Estado brasileiro passa a de-
senvolver campanhas e a estruturar órgãos de educação especial, fragmentando-os
de acordo com as diferentes deficiências. Os avanços da iniciativa pública no campo
da educação especial são a base na qual todas as políticas voltadas à educação in-
clusiva começarão a ser formuladas. É importante pois mostra que o Estado reco-
nhece que os indivíduos que convivem com algum tipo de deficiência devem receber
oportunidades para exercerem seus papéis como cidadãos, havendo um espaço de
organização de âmbito nacional e aglutinação de órgãos em torno da educação espe-
cial. Enquanto isso, nos Estados Unidos, entre as décadas de 1960 e 1970, as insti-
tuições legais criaram vários direitos no campo da educação especial para crianças
com deficiências. Anteriormente, a maioria das crianças com deficiências tinha sua
matrícula recusada na rede pública ou era atendida pela escola de maneira inade-
quada (SANTROCK, 2009).
O início da década de 1990 tem um dos maiores marcos históricos, tanto para
a educação inclusiva quanto para as políticas governamentais de direitos humanos
em geral no âmbito internacional. Em 1994, foi assinada a Declaração de Salamanca
(BARROS; BRITO; GUEDES, 2017), que se tornou um dos documentos mais impor-
tantes da história acerca da educação especial, elaborado durante a Conferência
Mundial sobre a Educação Especial, na cidade de Salamanca, Espanha. Nesse docu-
mento, foi instituído que é responsabilidade primordial do Estado incluir todas as cri-
anças e os jovens com necessidades educativas especiais às escolas regulares, ca-
bendo-lhes as adequações indispensáveis, pois são as escolas os meios mais capa-
zes para combater as atitudes discriminatórias, construindo uma sociedade inclusiva
e atingindo a educação para todos (BRASIL, 1994). O objetivo da Declaração de Sa-
lamanca foi de fornecer diretrizes básicas para a formulação e reforma de políticas e
sistemas educacionais de acordo com o movimento de inclusão social (BRASIL,
1996). Ainda que, nos movimentos curriculares desencadeados em todo o país, tais
questões já aparecem em alguma medida, foi após a Lei de Diretrizes Básicas de
4
1996, embasada na Declaração de Salamanca (BRASIL, 1994), que a educação bá-
sica no Brasil passou a ser encarada como um direito, ancorada no princípio do bem
comum e no respeito à diversidade (PLETSCH; MENDES, 2015).
Comparado a décadas passadas, hoje, um número muito maior de crianças
recebe serviços especializados eficientes. Para muitas crianças, a inclusão em clas-
ses comuns com modificações ou serviços suplementares é adequada e funciona
(FRIEND, 2007). No entanto, alguns especialistas em educação especial argumentam
que o esforço de usar a inclusão para educar crianças com deficiências foi levado ao
extremo em alguns casos. Por exemplo, Kauffman (2004) afirmam que a inclusão,
muitas vezes, significou fazer adaptações que nem sempre beneficiam crianças com
deficiências. Eles defendem uma abordagem mais individualizada, que nem sempre
envolve a inclusão total, mas oferece opções como educação especial fora da sala de
aula regular. Outros críticos comentam que a maioria das escolas e colégios que tra-
balham com educação inclusiva não tem a estrutura básica para fornecer um bom
atendimento aos estudantes, sendo que se situam em territórios pobres. Dessa forma,
esses analistas compreendem que a Legislação pode invisibilizar os problemas de
sua implementação nos bairros (SANTROCK, 2009).
5
nas escolas em que estudou e nas quais você trabalha. Com isso, procure pensar de
que forma é possível especializar ainda mais esses serviços oferecer uma melhor
oportunidade para todos os estudantes.
Fonte: cpp.org.br
7
transporte, caso necessário (SANTROCK, 2009). Os serviços relacionados podem di-
zer respeito à família, e os cuidadores do estudante, educadores e pesquisadores
reconhecem cada vez mais a importância de a família de origem e a escola conduzi-
rem juntas o aprendizado de crianças com deficiências (FRIEND, 2007).
8
auxílio de um programa de software desenvolvido para oferecer ensino de soletração
(tecnologia instrutiva).
Fonte: ienomat.com.br
9
Ademais, os processadores de texto ajudaram muitas crianças com necessida-
des especiais a terem evolução em suas habilidades de linguagem escrita (HETZ-
RONI; SHRIEBER, 2004). Processadores de voz podem ser particularmente úteis na
educação o de crianças com problemas de fala. Quando solicitados, esses programas
leem texto em voz alta. A computação móvel também é favorável para crianças com
necessidades especiais, já que existem evidências de que o uso de dispositivos de
informática móveis em classes inclusivas pode facilitar na compreensão dos conteú-
dos e melhorar a atenção dos estudantes com necessidades especiais, o que contribui
para a diminuir a lacuna de rendimento entre os estudantes com necessidade especi-
ais e os estudantes regulares (SWAN et al., 2005).
Nos dias de hoje, a superdotação não é mais um conceito padrão dentro dos
estudos da educação. Sá (2017) nos explica que, durante muito tempo, houve uma
falsa ideia de que a superdotação infantil seria uma facilidade com o conhecimento
em geral. As crianças poderiam aprender qualquer conteúdo que quisessem, e suas
habilidades poderiam ser utilizadas em qualquer campo. No entanto, as crianças que
têm talento em todos os campos do conhecimento são apenas uma parte das que
apresentam superdotação — sendo que a maioria dos alunos tem grande facilidade
para alguma área específica, enquanto nas outras é igual às demais crianças ou pior.
Uma criança pode ser genial em música, mas não em matemática, pode ter superdo-
tação na área de exatas, mas não ter os conhecimentos de humanas.
Muitos analistas argumentam que muitas crianças dos “programas de superdo-
tados” não são, de fato, prodígios em uma área em particular, mas inteligentes de
modo geral, habitualmente cooperativas, além de a grande maioria desses estudantes
ser de origem branca não latina (CASTELLANO; DIAZ, 2002). Eles acreditam que o
manto da genialidade é colocado sobre muitas crianças que não estão muito além do
“inteligente normal”. Embora, em muitos estados norte-americanos, o nível de inteli-
gência definido em pontos de QI seja ainda utilizado como critério primordial de deci-
são para que uma criança participe ou não de um programa de superdotados, novos
conceitos de inteligência envolvem cada vez mais ideias como a de Gardner, sobre
múltiplas inteligências, e o critério de participação baseado em uma avaliação de QI
10
deve mudar (WINNER, 2006). Essa incompreensão acerca das características da su-
perdotação fez com que diversos estudantes potencialmente superdotados não tives-
sem a chance de receber auxílio adicional para o total desenvolvimento de seus po-
tenciais. Como Renzulli e Reis (1997) nos contam, os padrões de admissão de crian-
ças superdotadas nas escolas frequentemente eram baseados na inteligência e apti-
dão acadêmica, ou seja, apenas no QI. Devido a todo esse histórico de perdas e pre-
conceitos relacionados à facilidade incomum ou ao talento inato em determinada área,
na atualidade, já não são mais utilizados os termos “criança superdotada” ou “super-
dotação”, sendo que o padrão da academia e das Legislações nesse sentido é tratar
por crianças com altas habilidades. Segundo Sá (2017), essa alteração pretende des-
construir o imaginário social de que os alunos com altas habilidades seriam “potenciais
gênios” para que os educadores possam, assim, fornecer todas as ferramentas ne-
cessárias para o desenvolvimento pleno desses estudantes.
Como vimos, as altas habilidade, superdotação, tanto quanto as dificuldades
de aprendizagem, foram negligenciadas pelos sistemas de ensino durante várias dé-
cadas (SÁ, 2017). Portanto, a Lei de Diretrizes Básicas da Educação (LDB), também
inclui algumas emendas sobre como ofertar o melhor ensino para que as crianças
superdotadas atinjam o seu potencial pleno (BRASIL, 1996). Santrock (2009) nos in-
forma que as crianças superdotadas são caracterizadas por:
inteligência acima do normal (geralmente um QI de 130 ou mais) — o QI (quoe-
ficiente de inteligência) ainda é uma medida de cognição muito discutida dentro
da psicologia e das neurociências, que, atualmente, é mensurada por meio de
testes que pontuam diferentes formas de inteligência, como o raciocínio lógico,
as habilidades matemáticas, o vocabulário e a resolução de problemas (BAR-
ROS; BRITTO; GUEDES, 2017);
e/ou um talento superior em algum campo, como artes plásticas, música ou
matemática – o talento natural ou a facilidade extrema para realizar determi-
nada tarefa (cantar, dançar, escrever) é uma das formas de inteligência não
englobadas dentro das medidas de QI, sendo que crianças com altas habilida-
des podem, ou não, ter facilidade nessas áreas (SANTROCK, 2009).
Winner (2006) descreveu outros três critérios que podem ajudá-lo a perceber
se existem crianças com altas habilidades em sua turma ou convívio.
11
1- Inteligência precoce ou talento inato: crianças com altas habilidades são pre-
coces quando têm a oportunidade de usar seu dom ou talento. Elas começam
a dominar uma determinada área antes dos colegas, e aprender sobre aquilo
que dominam exige menos esforço dessas crianças do que da maioria das ou-
tras.
2- Estilo próprio: crianças superdotadas aprendem de maneira qualitativamente
diferente de outras crianças. Um aspecto em que elas se diferenciam é que
requerem menos suporte ou amparo dos adultos para aprender. Geralmente,
resistem a instruções explícitas, costumam fazer descobertas por conta própria
e resolvem problemas de formas não convencionais na área que dominam.
3- Curiosidade: crianças superdotadas têm o impulso de conhecer tudo sobre a
área em que apresentam grande capacidade. Elas demonstram interesse in-
tenso e obsessivo e uma grande capacidade de concentração. Não são crian-
ças que precisam ser empurradas pelos pais. Elas frequentemente têm um alto
grau de motivação interna e curiosidade acerca de determinados temas.
O curso de vida das crianças com altas habilidades é variado. A principal dis-
cussão acerca do potencial desses indivíduos é se suas capacidades derivam de sua
genética (hereditariedade) ou do ambiente a que são expostos nos primeiros anos de
vida (SANTROCK, 2009). Howe et al. (1995) pensam que as altas habilidades são
produto de ambos esses fatores. Comentam que os indivíduos se lembram de mostrar
sinais de alta capacidade em uma área em particular desde muito pequenos, antes ou
no início do treinamento formal, o que invalidaria a ideia de que apenas o ambiente e
o treinamento seriam capazes de produzir sujeitos com altas habilidades, pois sugere
a importância da capacidade inata no talento. No entanto, Sá (2017) e Howe et al.
(1995) também constataram que indivíduos com fama em artes, matemática, ciências
e esportes também relatam forte apoio da família e anos de treinamento e prática —
o que explicaria a falta de crianças não brancas e não latinas nos programas de su-
porte às altas habilidades.
Outra ideia muito difundida socialmente acerca do curso de vida e do desen-
volvimento de crianças com altas habilidades seria de que esses estudantes se torna-
riam adultos talentosos e altamente criativos. Santrock (2009) nos conta que a maioria
dos estudantes com altas habilidades acaba tornando-se especialistas numa área já
consolidada, como medicina, direito ou negócios. No entanto, a maior parte não se
12
tornou um grande criador (SÁ, 2017) — isto é, não criou um novo domínio nem revo-
lucionou um antigo. Uma razão para crianças prodígio não se tornarem adultos prodí-
gio é que elas podem ter sido excessivamente pressionadas por cuidadores e educa-
dores, sendo que estes não souberam estimular de forma adequada o potencial des-
ses estudantes e, por isso, estes perderam sua motivação intrínseca (WINNER, 2006).
Como adolescentes, eles podem perguntar-se: “para quem estou fazendo isso? ”. Se
a resposta não for “para mim mesmo”, talvez, eles não queiram continuar fazendo.
Fonte: educarcomtalento.com
13
saudável (WINNER, 2006). Hertzog (1998) fornece quatro opções de programas para
estudantes com altas habilidades.
1- Aulas especiais: essa é a forma mais tradicional entre as práticas utilizadas
para se trabalhar o desenvolvimento de crianças com altas habilidades. As au-
las especiais são períodos fora dos horários curriculares normais, nas quais as
crianças podem exercitar sua curiosidade de forma mais livre. As aulas podem
ser no turno oposto às aulas regulares, em pequenos cursos, acampamentos
de férias, olimpíadas escolares, entre outras propostas.
2- Aceleração e enriquecimento no ambiente de sala de aula regular: isso pode
incluir admissão precoce na pré-escola, pular de ano (também conhecido como
promoção dupla), completar duas séries em um ano, colocação avançada ou
aceleração de matérias e estudo em ritmo próprio. A compactação de currículo
é uma variação da aceleração em que os professores pulam determinados as-
pectos do currículo dos quais acreditam que crianças superdotadas não preci-
sam.
3- Programas de mentor e aprendiz: muitos alunos se sentem mais estimulados
quando entram em contato com um educador que esteja voltado para o seu
desenvolvimento cognitivo individual, sendo que alguns especialistas enfatizam
que essas são maneiras importantes e subutilizadas de motivar, desafiar e edu-
car eficientemente crianças superdotadas (PLEISS; FELDHUSEN, 1995).
4- Programas trabalho/estudo e/ou de serviços comunitários: Santrock (2009) co-
loca algumas questões às quais você deve estar atento ao desenvolver as ma-
térias curriculares com crianças com altas habilidades.
14
governos e 25 organizações internacionais. A conferência teve como objetivo principal
discutir as necessidades e as possíveis providências a serem tomadas com o intuito
de oferecer educação especial inclusiva nos vários países participantes. No caso de
esta já ter sido implantada, a discussão se focou em como melhorá-la (MENEZES;
SANTOS, 2001). A declaração proclama que (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA,
1994):
Toda criança tem direito fundamental à educação e lhe deve ser dada a opor-
tunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem.
Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de
aprendizagem que são únicas.
Sistemas educacionais devem ser designados e programas educacionais de-
vem ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade
de tais características e necessidades.
Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola
regular, que deve acomodá-los em uma pedagogia centrada na criança e capaz
de satisfazer a tais necessidades.
Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios
mais eficazes de combater atitudes discriminatórias. Assim, é possível criar co-
munidades acolhedoras, construir uma sociedade inclusiva e alcançar a edu-
cação para todos. Além disso, tais escolas provêm uma educação efetiva à
maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo
da eficácia de todo o sistema educacional.
Essas diretrizes proclamam que a educação especial seja, a partir de então,
inclusiva, com a matrícula de todos os alunos com necessidades educacionais espe-
ciais na escola regular. Esta, por sua vez, deve ser capaz de prover as necessidades
por meio de adaptações no currículo, da formação dos professores envolvidos no pro-
cesso, das metodologias de ensino, do material didático e das suas dependências
físicas.
15
6 O PAPEL DA ESCOLA REGULAR NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
16
pessoas portadoras de deficiências por meio de programas de educação de
adultos.
O currículo deveria ser adaptado às necessidades das crianças, e não o con-
trário. As escolas deveriam, portanto, prover oportunidades curriculares que
fossem apropriadas a crianças com habilidades e interesses diferentes.
O conteúdo da educação deveria ser voltado a padrões superiores e às neces-
sidades dos indivíduos, com o objetivo de torná-los aptos a participar total-
mente do seu desenvolvimento. O ensino deveria ser relacionado às experiên-
cias dos alunos e a preocupações práticas, no sentido de melhor motivá-los
Tecnologia apropriada e viável, por meio de auxílio técnico, deveria ser usada,
quando necessário, para aprimorar a taxa de sucesso no currículo da escola e
para ajudar na comunicação, na mobilidade e na aprendizagem.
Os diretores de escola têm a responsabilidade de promover atitudes positivas
por meio da comunidade escolar, arranjando uma cooperação efetiva entre pro-
fessores de classe e pessoal de apoio.
A preparação apropriada de todos os educadores constitui um fator-chave na
promoção de progresso, no sentido do estabelecimento de escolas inclusivas.
Além disso, a importância do recrutamento de professores que possam servir
como modelo para crianças com deficiências torna-se cada vez mais reconhe-
cida. Isso ocorre, pois, a oportunidade de interagir com adultos com deficiên-
cias que tenham obtido sucesso pode auxiliar os alunos a formar um padrão
para seus próprios estilos de vida e aspirações, com base em expectativas re-
alistas.
17
organizações intergovernamentais, especialmente o documento Procedimentos Pa-
drões na Equalização de Oportunidades para Pessoas Portadoras de Deficiência.
Fonte: iseat.com.br
19
O envolvimento comunitário deveria ser buscado no sentido de suplementar
atividades na escola, de prover auxílio na concretização de deveres de casa e
de compensar a falta de apoio da família.
A mídia possui papel fundamental na promoção de atitudes positivas frente à
integração de pessoas portadoras de deficiência na sociedade. Ela deve con-
tribuir para a superação de preconceitos e má informação e difundir com mais
otimismo e imaginação as capacidades das pessoas portadoras de deficiência.
O objetivo dessas propostas é tornar a educação um direito que abranja real-
mente todas as pessoas, no sentido de dar visibilidade às pessoas com deficiência e
garantir os seus direitos. Por meio de uma educação que inclua e integre, esses indi-
víduos alcançarão uma maior participação na sociedade. Isso ocorre por meio da es-
colarização, da prática da cidadania e da preparação e inserção dessas pessoas no
mercado de trabalho, garantindo a igualdade de direitos e oportunidades.
21
Cabe destacar que, após a LDBEN, a educação especial passou de um sistema
à parte para uma modalidade educacional transversal. A partir dela, as normativas
foram se tornando cada vez mais detalhadas e direcionadas ao público-alvo da edu-
cação especial. Salienta-se que a LDBEN apontou algumas mudanças significativas
em prol da educação escolar das pessoas com deficiência, porém, tratou a educação
especial como “[...] a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente
na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais”
(BRASIL, 1996, documento on-line). O termo “preferencialmente” gerou algumas bre-
chas na lei, permitindo que algumas instituições negassem a matrícula para os sujei-
tos da educação especial.
Fonte: guiaderodas.com
Rech (2015) chama a atenção de que, embora a Lei não tenha se referido à
educação inclusiva, nela ficou perceptível a intenção de abrir espaços para a ideia de
educação para todos, tendo como base a proposta de manter, na escola especial,
apenas os alunos que não tiverem condições de serem integrados na escola regular.
A partir desse momento, a matrícula para alunos com deficiência passou a ser obri-
gatória na escola regular. Porém, até esse momento, pelo menos nas políticas públi-
cas, não se falava no conceito de inclusão na perspectiva da integração escolar.
22
Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica
Esse documento é bastante importante, já que nele aparece pela primeira vez
o termo inclusão, em substituição ao termo integração. Rech (2015) aponta ainda três
aspectos importantes a considerar a partir dessas diretrizes:
1. a utilização do termo “alunos com necessidades especiais”, referindo-se aos
alunos que necessitavam ser incluídos;
2. responsabilização do governo em assumir a proposta da inclusão como uma
das metas das políticas educacionais;
3. responsabilização do governo pelo sucesso da inclusão.
Outra política importante direcionada para a inclusão das pessoas com defici-
ência no ensino regular foi a criação do Plano de Desenvolvimento da Educação
(PDE). De acordo com Rech (2015), o PDE foi lançado oficialmente a partir do Decreto
nº. 6.094, de 24 de abril de 2007 (BRASIL, 2007), que tratou do Plano de Metas Com-
promisso Todos pela Educação. A autora destaca duas ações importantes no sentido
de combater a exclusão escolar: o Programa de Implantação de Salas de Recursos
Multifuncionais (2005) e o Programa Incluir: Acessibilidade na Educação Superior
23
(2005). Essas ações foram importantes, no sentido de trabalharem formas ou criarem
experiências para fortificar o movimento pela inclusão, ainda conforme Rech (2015).
Esses são alguns exemplos de políticas que, aos poucos, foram sendo criadas
e implementadas no sentido de criar condições para que, no ano de 2008, fosse criada
a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. É
importante destacar que, após a implementação dessa Política, várias outras políticas
foram criadas, dando prosseguimento às ações desenvolvidas até então. Dentre elas,
podemos citar: Resolução nº. 4 do Conselho Nacional de Educação, de 02 de outubro
de 2009; Nota técnica nº. 11 da SEESP, de 07 de maio de 2010; Decreto nº. 7.611,
de 17 de novembro de 2011; Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº. 13.146, de
06 de julho de 2015).
25
um maior aprofundamento sobre o assunto, você deve fazer a leitura do documento
orientador na íntegra.
A educação especial é uma forma de ensino que deve perpassar todos os ní-
veis, etapas e modalidades. Ela engloba realizar o atendimento educacional especia-
lizado, oferecer os recursos e serviços e orientar quanto à sua aplicação no processo
de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular. O atendimento edu-
cacional especializado tem como dever identificar, elaborar e estruturar recursos pe-
dagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação
dos estudantes, considerando suas necessidades particulares. As atividades desen-
volvidas no atendimento educacional especializado se distinguem daquelas realiza-
das na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização e adicionando a
formação dos estudantes.
O acesso à educação tem início na educação infantil, na qual se amplifica as
bases necessárias para a construção do conhecimento e o desenvolvimento global do
aluno. Na modalidade de educação de jovens e adultos e educação profissional, as
ações da educação especial propiciam a ampliação de oportunidades de escolariza-
ção, a formação para a aceitação no mercado de trabalho e a efetiva participação
social.
A educação especial na educação superior, se efetiva por meio de ações que
desenvolvam o acesso, a permanência e a participação dos estudantes. Essas ações
envolvem o planejamento e a organização de recursos e serviços para a promoção
da acessibilidade arquitetônica, nas comunicações, nos sistemas de informação e nos
materiais didáticos e pedagógicos que precisam ser disponibilizados nos processos
seletivos e no desenvolvimento de todas as atividades que envolvam o ensino, a pes-
quisa e a extensão.
A avaliação pedagógica deve julgar o conhecimento prévio e o nível atual de
desenvolvimento do aluno e as possibilidades de aprendizagem futura. Portanto, deve
configurar uma ação pedagógica processual e formativa, que analisa o desenvolvi-
mento do aluno em relação ao seu progresso individual. Na avaliação, deve-se des-
tacar os aspectos qualitativos que indiquem as intervenções pedagógicas do profes-
sor. Para atuar na educação especial, o professor deve ter como suporte da sua for-
mação, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e co-
nhecimentos específicos da área.
26
10 DIVERSIDADE E INCLUSÃO
Fonte: spdm.org.br
27
O que é deficiência? A Resolução n°. 4, de 2 de outubro de 2009, define a
pessoa com deficiência como aquela com “[...] impedimentos de longo prazo de natu-
reza física, intelectual, mental ou sensorial [...]” (BRASIL, 2009a, documento on-line)
que, diante de diversas barreiras, podem ter a sua participação plena e efetiva restrin-
gida na escola e na sociedade.
O conceito de deficiência vem sendo discutido por diferentes segmentos soci-
ais: médicos, psicólogos, educadores, terapeutas e pais. A sua definição acompanha
a evolução histórica, social e científica, e pode ser compreendida tanto pela ótica da
incapacidade (traço expresso somente pelo sujeito) como pelos condicionantes soci-
oculturais.
Nesse contexto, a convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência
(BRASIL, 2009a) apresentou pela primeira vez um conceito mais amplo de deficiência.
Esse conceito considera tanto os fatores intrínsecos (fruto da incapacidade física e
orgânica) quanto os extrínsecos (efeito da produção social representada pelas barrei-
ras e pelos apoios). Portanto, a deficiência deve ser compreendida a partir da intera-
ção desses dois fatores.
Ao considerar a deficiência como uma expressão da interação entre indivíduo,
sociedade e ambiente, as limitações passam a ser compreendidas numa perspectiva
de funcionamento individual, inseridas num contexto social. Em outras palavras, o que
deve ser classificado não é o nível da deficiência (antigamente categorizada como
leve, moderada e severa), e sim o nível de apoio (mediadores entre o indivíduo e as
suas possibilidades). Esse conceito de deficiência está em harmonia com a concep-
ção de desenvolvimento e aprendizagem proposta por Vygotsky.
Observe que compreender a deficiência sob a ótica das relações sociais possi-
bilita entendê-la como um processo de atribuição social. Logo, desloca- -se o olhar do
indivíduo e passa-se a considerar as influências do ambiente nesse processo. Assim,
a deficiência é interpretada por meio da reação do grupo social. Essa concepção po-
derá implicar agravamento da deficiência pelo preconceito ou incompreensão ou alívio
pela empatia ou compreensão (BEYER, 2005). Nessa perspectiva, as interações que
o sujeito estabelecer com o ambiente é que vão determinar a qualidade de suas apren-
dizagens e do seu processo de desenvolvimento.
28
No âmbito escolar, podemos observar com maior frequência a presença de alu-
nos com deficiência intelectual, visual, auditiva, física, múltipla e transtorno de espec-
tro autista (TEA). De acordo com o CID-10 (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE,
1995), a deficiência intelectual corresponde a um desenvolvimento incompleto do fun-
cionamento intelectual, caracterizando prejuízos cognitivos que interferem direta-
mente na capacidade de aprender e compreender. O DSM 5 (AMERICAN PSYCHIA-
TRIC ASSOCIATION, 2014) estabelece três critérios (A, B, C) para a identificação da
deficiência intelectual e enfatiza que, além da avaliação cognitiva, é fundamental ava-
liar a capacidade funcional adaptativa. O critério A diz respeito a déficits no funciona-
mento intelectual e nas habilidades gerais, isto é, o quociente de inteligência (QI). O
critério B refere-se a déficits no funcionamento adaptativo em três domínios: os con-
ceituais (como habilidades acadêmicas), os sociais (como linguagem, comunicação,
habilidades interpessoais) e os práticos (como habilidades de vida, autocuidado). O
critério C define o início no período de desenvolvimento, antes dos 18 anos.
Após apresentar a definição do modelo clínico de deficiência intelectual, é im-
portante considerar que a proposta de educação inclusiva é norteada principalmente
pela concepção interacionista da aprendizagem e do desenvolvimento, cujos princi-
pais representantes são Piaget e Vygotsky. Ela aponta a necessidade de discutir a
construção de um novo espaço discursivo no campo da deficiência intelectual na es-
cola, de forma a superar a ideia de que as competências das pessoas com deficiência
intelectual se restringem a ações mecânicas e repetitivas de aprendizagem.
A deficiência visual caracteriza aqueles indivíduos que apresentam perda total
ou parcial da visão. É causada por diversas anomalias ou doenças oculares que oca-
sionam lesões ou prejuízos na capacidade de percepção visual. A deficiência visual
pode ser categorizada como:
cegueira — tem como consequência a perda total da visão. Pode ser congênita,
quando a incapacidade visual ocorre antes do nascimento ou nos primeiros
meses do bebê, ou adquirida, que pode ter origem orgânica ou ser decorrente
de um acidente que cause lesões.
baixa visão ou visão subnormal — é uma condição complexa e variável, na qual
há comprometimento funcional da visão, mas o indivíduo mantém resíduos vi-
suais. Na prática, pessoas com visão subnormal veem os objetos, mas podem
29
ter dificuldade em reconhecê-los (visão embaçada). Além disso, não conse-
guem ler sem recursos ópticos ou material impresso ampliado e em geral apre-
sentam limitações para enxergar, dependendo da iluminação do ambiente.
Para determinar se uma pessoa tem cegueira ou baixa visão, são necessárias
informações precisas sobre a acuidade visual ou o campo de visão.
A deficiência auditiva corresponde à perda parcial ou total da habilidade de de-
tectar sons, que pode ter causas genéticas, como má formação, ou ser decorrente de
lesões no ouvido ou na composição do aparelho auditivo. Já a surdez caracteriza o
indivíduo com ausência total da audição. Na prática, um indivíduo surdo é aquele que,
por não escutar som algum, interage com o mundo a partir de uma experiência visual.
Por isso, diz-se que o seu instrumento natural de comunicação é a língua de sinais, e
a segunda língua é a escrita.
A deficiência física refere-se ao comprometimento dos órgãos responsáveis
pela locomoção (sistemas osteoarticular, muscular e nervoso), a qual pode ser ocasi-
onada por lesões ou doenças. A limitação física pode ser manifestada em diferentes
graus de complexidade, de acordo com o tipo de lesão ocorrida e as partes corporais
atingidas. Na prática, a deficiência física está relacionada a limitações e dificuldades
nas capacidades básicas de mobilidade e locomoção. Esse tipo de deficiência pode
ser definitivo, temporário ou progressivo, e pode vir ou não associado a déficits nas
áreas cognitiva, sensorial e perceptiva, na linguagem e na adaptação social (BRASIL,
2006).
De acordo com a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade
e Saúde (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2003), deficiência física pode ser
compreendida a partir da tríade deficiência, atividade e participação. Essa conceitua-
ção estabelece uma relação entre as condições de saúde e o meio sociocultural, de
modo que a deficiência pode levar a diferentes graus de incapacidade, dependência
e limitação no desempenho funcional do sujeito. Além dos aspectos citados, deve-se
levar em conta também:
os graus de comprometimento das capacidades individuais;
as condições socioeconômicas e culturais;
as oportunidades de acesso a estímulos e recursos.
O transtorno global do desenvolvimento, atualmente chamado de transtorno do
espectro autista (TEA) caracteriza-se, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de
30
Transtornos Mentais (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014), pela pre-
sença de alterações qualitativas numa tríade de dificuldades: interação social, comu-
nicação e comportamento restrito-repetitivos. Esse conceito considera que os indiví-
duos podem apresentar diferentes níveis de comprometimento dentro do espectro.
A Lei nº. 12.764, de 27 de dezembro de 2012, instituiu a Política Nacional de
Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Esse docu-
mento considera pessoas com transtorno do espectro autista aquelas que apresentam
as seguintes características:
A pessoa com TEA é considerada uma pessoa com deficiência para todos os
efeitos legais. A deficiência múltipla caracteriza aqueles indivíduos que têm mais de
uma deficiência associada. Trata-se de uma condição heterogênea que pode revelar
diversas combinações de deficiências, as quais afetam o funcionamento individual e
o relacionamento social do sujeito em diferentes graus. Pessoas com deficiência múl-
tipla constituem um grupo com características específicas e peculiares e, consequen-
temente, com necessidades únicas.
31
abandonar antigos padrões que julgavam os alunos como aptos ou não a fre-
quentar a escola regular;
desfazer ideias padronizadas;
identificar representações do outro para então desconstruir os “pré-conceitos”;
conceber a prática pedagógica como um processo de trocas e interações recí-
procas;
compreender que o aluno da educação inclusiva não representa uma identi-
dade única e determinada por modelos e padrões preestabelecidos;
oportunizar diferentes espaços de aprendizagem e temáticas adequadas aos
diferentes estilos de aprender (um desafio para a gestão da escola inclusiva).
Todos esses aspectos reafirmam a educação como um direito natural e indis-
pensável. Esse fundamento critica a “normalização” e impulsiona o desencadeamento
de ideias e atitudes em prol do direito às diferenças. Essas transformações podem ser
representadas pelas políticas educacionais inclusivas, e consequentemente, pela pro-
posta de educação inclusiva. Seguindo esse pensamento, Mantoan e Pietro (2006, p.
40) comentam sobre um dos objetivos da educação inclusiva:
32
As informações relativas às necessidades especiais do aluno são tão importan-
tes quanto a formação do professor para desenvolver e utilizar as tecnologias assisti-
vas no espaço escolar. Vale lembrar que é o professor que observa as barreiras que
o aluno com deficiência enfrenta no acesso e na participação nas atividades escola-
res. Também é ele que vai ensinar o aluno a utilizar os recursos de tecnologia assis-
tiva, como tecnologias da informação e da comunicação, a comunicação alternativa e
aumentativa, a informática acessível, o soroban, os recursos ópticos e não ópticos, os
softwares específicos, os códigos e linguagens, as atividades de orientação e mobili-
dade (BRASIL, 2009b).
Fonte: celsoantunes.com.br
33
ambiente escolar envolve tanto a organização da escola para investir nessas tecnolo-
gias como o interesse do professor em buscar essas soluções para as necessidades
que ele observa no seu aluno. Alguns recursos de TA têm baixo custo e outros podem
ser produzidos pelo professor com material de sucata.
A escola que considera a perspectiva inclusiva reconstrói as suas práticas nos
desafios diários, na flexibilização do currículo, na implementação de recursos tecno-
lógicos, na organização do ambiente e mobiliário, na adequação da iluminação e nos
pequenos ajustes realizados pelo professor no planejamento pedagógico. Todas es-
sas mudanças ampliam a participação dos alunos no processo de aprender e tornam
o ambiente escolar acolhedor e acessível a todos.
Ropoli et al. (2010, p. 9) complementam essa ideia afirmando que “[...] a escola
comum se torna inclusiva quando reconhece as diferenças dos alunos diante do pro-
cesso educativo e busca a participação e o progresso de todos, adotando novas prá-
ticas pedagógicas [...]”. Quando o aluno tem liberdade para participar ativamente do
seu processo de aprendizagem, com as suas habilidades e características, as dife-
renças não representam exclusão, e sim desafio. Essa perspectiva significa a adoção
de práticas da escola inclusiva. Redimensionar o ensino requer dos profissionais o
desejo de fazer parte desse novo projeto de escola. Nesse sentido, é necessário que
haja estudo, formação e atualização do professor, para que este construa conceitos
de ensinar e aprender compatíveis com a inclusão. O desafio de fazer esse projeto
acontecer é de todos os que compõem o sistema escolar.
34
Além desse aspecto, reconhece que a educação oferecida atualmente tem muitos
problemas e, por isso, “[...] é preciso torná-la mais relevante e melhorar sua qualidade
e que ela deve estar universalmente disponível [...]” (UNESCO, 1990, p. 2).
O amplo debate no contexto da proposta de educação inclusiva nos impulsiona
a refletir sobre o fato de que a garantia legal do direito à educação não se reduz a
termos de matrícula e permanência no espaço regular, mas está também na relevân-
cia e na qualidade do ensino oferecido às pessoas com deficiência. Como operacio-
nalizar essas garantias no sistema escolar?
Presume-se que, para tal, a escola deve passar por mudanças e transforma-
ções na sua estrutura pedagógica. Essas mudanças não acontecem igualmente em
todas as escolas, pois não se efetivam somente pelos decretos e regulamentações
legais: exigem movimentação e motivação do grupo que compõem a escola para en-
carar essa nova experiência educacional. Nessa ótica:
35
professor do atendimento educacional especializado — em conjunto, ambos os pro-
fessores poderão refletir e decidir quais estratégias utilizar para superar os entraves
no processo de inclusão.
No contexto das ideias expostas, vale questionar quais as habilidades e com-
petências os profissionais da educação devem desenvolver para atuar de forma efe-
tiva na escola inclusiva. Freire (2009, p. 20) aponta que “[...] ensinar exige risco, acei-
tação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação [...]”. Esse processo de
conhecer o outro — nesse caso, o aluno — pode ser a primeira competência a ser
desenvolvida. Além disso, pode-se elencar também as seguintes atitudes:
articular o ensino regular com a educação especial;
compreender que a construção do conhecimento é um processo individual, do
qual o aluno é participante ativo e é influenciado pelas trocas que estabelece
no seu contexto social;
elaborar o planejamento pedagógico com base em uma prática reflexiva, que
deve contemplar o conhecimento do aluno a partir de sua realidade familiar e
social, e identificar características, interesses, potencialidades, entre outros as-
pectos;
possibilitar metodologias de ensino utilizando estratégias pedagógicas que se
aplicam às necessidades do grupo escolar, minimizando as barreiras que im-
pedem o aluno de aprender;
considerar a avaliação como processual e contínua.
Podemos dizer que esse conjunto de habilidades e competências favorece o
desenvolvimento de práticas pedagógicas inclusivas. Para isso, torna-se relevante re-
duzir a lacuna entre a formação inicial e os desafios que a inclusão impõe. Seguindo
essa ótica, a formação continuada do professor parece ser o caminho de superação
desse distanciamento (PLETSCH, 2009).
Diante do que foi exposto, a inclusão vem sendo apresentada ao longo dos
anos como uma realidade necessária e possível de ser implementada nos espaços
escolares. Porém, ainda há muitos questionamentos sobre como garantir a efetivação
dessa proposta. Algumas alternativas têm sido apresentadas:
esforços expressos na legislação política educacional;
ampliação dos programas sociais;
36
transformação dos espaços escolares para efetivação da política educacional,
por exemplo, por meio da oferta e organização do atendimento educacional
especializado para os alunos público-alvo da educação especial;
ampliação das oportunidades de formação continuada, tanto em cursos de mo-
dalidade presencial como a distância.
Toda essa movimentação em prol de uma educação para todos impulsiona os
alunos considerados da educação especial a se matricularem no ensino regular, sob
a garantia do direito e da valorização à diversidade. Nessa perspectiva, a concepção
de diferença não se limita à deficiência; ademais, os tempos de aprender de cada
estudante devem ser considerados na elaboração das propostas pedagógicas.
A educação especial na perspectiva da educação inclusiva é reposicionada
como atendimento educacional especializado, focalizando o trabalho do professor a
partir da disponibilização de recursos e materiais adaptados, de forma que o aluno
incluído acompanhe o ensino regular com base nas suas necessidades e possibilida-
des educacionais.
O AEE é um serviço da educação especial fundamental para a efetivação da
inclusão escolar. Assim, cada escola deve ser potencialmente capaz de repensar a
sua atuação e oferecer uma educação de qualidade para todos os seus alunos.
37
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
38
27, 16 mar. 2015. Disponível em: <http://www.re-
dalyc.org/html/2750/275041389056/>. Acesso em: 12 jun. 2018.
RENZULLI, J. S; REIS, S. M. The schoolwide enrichment model. In: COLANGELO,
N; DAVIS, G. A. (Ed.). Handbook of gifted education. Boston: Allyn & Bacon, 1997.
ROSSELLI, H. C. Gifted students. National Association for Secondary School Princi-
pals, p. 12-17, fev./mar. 1996.
SÁ, P. R. B. X. A Inclusão de alunos com altas habilidades/superdotação na edu-
cação básica: um desafio à prática pedagógica. Id on Line Revista Multidisciplinar
e de Psicologia, Jaboatão dos Guararapes, v. 11, n. 38, p. 480-492, 2017. Disponível
em: <https://idonline. emnuvens.com.br/id/article/view/914/1393>. Acesso em: 12 jun.
2018.SANTROCK, J. Psicologia educacional. Porto Alegre: AMGH, 2009.
SWAN, K. et al. Uses and effects of mobile computing devices in K–8 classrooms:
a preliminary study. Journal of Research on Technology and Education, v. 38, n. 1,
p. 99-112, 2005.
ULLMAN, J. G. Making technology work for learners with special needs. Boston:
Allyn & Bacon, 2005.
VAUGHN, S. S.; BOS, C. S.; SCHUMM, J. S. Teaching students who are excep-
tional, diverse and at risk in the general education classroom. 4th ed. Boston:
Allyn & Bacon, 2007.
WINNER, E. Development in the arts. In: DAMON, W; LERNER, R. (Ed.). Handbook
of child psychology. 6th ed. New York: Wiley, 2006.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da
União, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constitui-
cao/constituicao. htm. Acesso em: 28 nov. 2019.
BRASIL. Decreto nº. 6.094, de 24 de abril de 2007. Dispõe sobre a implementação
do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, pela União Federal, em re-
gime de colaboração com Municípios, Distrito Federal e Estados, e a participação das
famílias e da comunidade, mediante programas e ações de assistência técnica e fi-
nanceira, visando a mobilização social pela melhoria da qualidade da educação bá-
sica. Diário Oficial da União, 25 abr. 2007. Disponível em: http://www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6094. htm. Acesso em: 28 nov.
2019.
39
BRASIL. Grupo de Trabalho da Política Nacional de Educação Especial. Política
nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília: MEC,
2008. E-book. Disponível em: http:// portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespe-
cial.pdf. Acesso em: 28 nov. 2019.
BRASIL. Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança
e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, 16 jul. 1990.
Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm. Acesso em: 28
nov. 2019.
BRASIL. Lei no. 9.934, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e ba-
ses da educação nacional. Diário Oficial da União, 23 dez. 1996. Disponível em:
http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 28 nov. 2019.
BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva. Brasília: MEC/SECADI, [2008]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/in-
dex.php?option=com_ docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-
educacao-especial-na- -perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Ite-
mid=30192. Acesso em: 28 nov. 2019
RECH, T. L. Possibilidades e desafios do atendimento educacional especiali-
zado. In: HATTGE, M. D.; KLEIN, R. R. (org.). Diferença e inclusão na escola. 1. ed.
[S. l.: s. n.], 2015.
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Salamanca: Nações Unidas, 1994. Disponível
em: < http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf >. Acesso em: 06
dez. 2016.
MENEZES, E. T. de; SANTOS, T. H. dos. Verbete declaração de Salamanca. In:
MENEZES, E. T. de; SANTOS, T. H. dos. Dicionário Interativo da Educação Brasileira
- Educabrasil. São Paulo: Midiamix, 2001. Disponível em: < http://www.educabra-
sil.com.br/declaracao-de-salamanca/ >. Acesso em: 06 dez. 2016.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
ANDREAZZA, C. R.; CHEQUIM, C. F.; ROSA, M. P. O atendimento educacional
especializado: AEE nos anos finais do ensino fundamental. In: SILUK, A. C. P.;
PAVÃO, S. M. O. (Org.). Atendimento educacional especializado: contribuições
para prática pedagógica. Santa Maria: UFSM, 2012.
40
BERSCH, R.; MACHADO, R. Tecnologia Assistiva – TA: aplicações na educação.
In: SILUK, A. C. P.; PAVÃO, S. M. O. (Org.). Atendimento educacional especializado:
contribuições para prática pedagógica. Santa Maria: UFSM, 2012
BEYER, H. O. Inclusão e avaliação na escola de alunos com necessidades edu-
cacionais especiais. Porto Alegre: Mediação, 2005.
BRASIL. Lei nº. 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Institui a Política Nacional de
Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera
o § 3o do art. 98 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Brasília: Presidência
da República, 2012.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Edu-
cação Básica. Resolução n°. 4, de 2 de outubro de 2009. Institui diretrizes operaci-
onais para o atendimento educacional especializado na educação básica, mo-
dalidade educação especial. Brasília: CNE/CEB, 2009a.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes ope-
racionais da educação especial para o atendimento educacional especializado
na educação básica. Brasília: MEC/SEESP, 2009b.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política naci-
onal de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília:
MEC/SEESP, 2008.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Sala de recursos
multifuncionais: espaços para o atendimento educacional especializado. Brasí-
lia: MEC/ SEESP, 2006.
CASARIN, M. M. Ações para Incluir e práticas pedagógicas na educação de sur-
dos. IN: SILUK, A. C. P.; PAVÃO, S. M. O. (Org.). Atendimento educacional especia-
lizado: contribuições para prática pedagógica. Santa Maria: UFSM, 2012.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. 40. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2009.
MANTOAN, M. T. E.; PRIETO, R. G. Inclusão escolar: pontos e contrapontos. São
Paulo: Summus, 2006.
MARQUES, L. P. O professor de alunos com deficiência mental: concepções e
prática pedagógica. Juiz de Fora: UFJF, 2001.
MENEZES, E. C. P.; CANABARRO, R. C. C.; MUNHOZ, M. A. Deficiência intelec-
tual. In: SILUK, A. C. P.; PAVÃO, S. M. O. (Org.). Atendimento educacional especia-
lizado: contribuições para prática pedagógica. Santa Maria: UFSM, 2012.
41
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. CIF: Classificação Internacional de Funci-
onalidade, Incapacidade e Saúde. São Paulo: EDUSP, 2003.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Classificação de transtornos mentais e de
comportamento da CID-10. Porto Alegre: Artmed, 1995.
PLETSCH, M. D. A formação de professores para educação inclusiva: legislação,
diretrizes políticas e resultados de pesquisas. Educar em Revista, Curitiba, v. 33,
p. 143-156, 2009.
ROPOLI, E. A. et al. A escola comum inclusiva. Brasília: MEC/SEESP; Fortaleza:
UFC, 2010. (Coleção A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar, v. 1).
UNESCO. Declaração mundial sobre educação para todos: satisfação das necessida-
des básicas de aprendizagem. Jomtien, 1990.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes,
1998.
VYGOTSKY, L. S. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo:
Ícone/EDUSP, 2001.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
42