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O que é Planejamento Centrado na Pessoa (PCP)?

Definição e
história.
PCP pode ser definido como uma forma de descobrir:

 Como a pessoa quer viver sua vida e


 O que precisa ser feito para tornar isso possível.

O objetivo geral do PCP não é apenas uma nova técnica de planejamento, mas sim uma
metodologia de planejamento que é fundamentada por uma série exata de valores e crenças
que são muito diferentes das normas atuais. É um planejamento que tem como foco primário
a pessoa – em oposição à deficiência ou ao serviço ou alguma outra questão em particular. Ele
é totalmente orientado para a pessoa e completamente oposto a um serviço focado no
manejo da deficiência. Diz respeito a cidadania, inclusão na família, comunidade e na corrente
principal da vida e autodeterminação e pode, portanto, solicitar mudanças fundamentais no
pensamento e no balanço de poder estabelecido, cujas implicações são enormes e difíceis de
alcançar.

É importante entender o que o PCP não é:

 Avaliação: o PCP tem o seu ponto inicial no indivíduo em oposição ao serviço e como o
indivíduo deveria fazer para se encaixar no sistema de serviços. Ele também vai para
além dos serviços, indicando ações gerais para e pelo indivíduo.
 Planejamento de serviço ou um Planejamento de programas de serviços para os
usuários: planejamento de programas individualizados tradicionais são caracterizados
por uma abordagem sincronizada e padronizada para atender as necessidades
identificadas. O PCP requer uma abordagem flexível e responsiva que atenda as
necessidades individuais das pessoas e as circunstancias de mudança, orientados pelos
princípios da boa prática ao invés de procedimentos padronizados.

Todos eles podem coexistir com o PCP, mas podem ter implicações um para o outro. Por
exemplo:

 O requerimento para desenvolver um PCP ou para renovar um PCP já existente pode


ser identificado como parte das necessidades avaliadas.
 Um PCP pode identificar a necessidade de desenvolver ou ajustar um plano individual
de educação para que se encaixe melhor com as necessidades do indivíduo, seus
desejos e preferências e os apoiar sua visão geral para sua vida.

Originando-se com Wolfensberger, o PCP tem suas raízes na normalização e nos movimentos
de vida independente. É fundamentado no modelo social de deficiência e uma abordagem
baseada nos pontos fortes. O PCP foi desenvolvido porque as pessoas com deficiência
normalmente tem muita dificuldade de acessar certos serviços básicos, oportunidades e
experiências que a maioria das pessoas têm garantido – e mesmo quando eles acessam, eles
frequentemente eles geralmente percebem que eles precisam, de alguma maneira, se encaixar
com as ideias de outra pessoa de como aquele serviço, oportunidade ou experiência deveria
ser e como eles deveriam agir, pensar ou sentir em relação a isso.

O PCP procura:
 Construir uma visão para a vida da pessoa como parte da comunidade local e/ou da
corrente principal da vida.
 Descrever as ações necessárias para se mover nessa direção.

Conseguem realizar isso através de :

 Descobrindo e respondendo efetivamente para as várias aspirações, capacidades e


preocupações das pessoas com deficiência.
 Compreendendo e atendendo as questões principais dos indivíduos – explorando onde
a pessoa está agora, como ela gostaria que sua vida mudasse e o que essa mudança
vai implicar.
 Identificando e explorando as escolhas disponíveis para o indivíduo.
 Mobilizando e envolvendo as redes sociais do indivíduo, assim como recursos dos
serviços em resposta ao que está sendo expressado e ajudando a fazer as mudanças
que são desejadas.
 Fazendo arranjos para fazer o seguimento dos planos com uma regularidade, para
poder revisar o seu progresso, fazer as mudanças necessárias e atualizá-lo.

Descobrindo uma forma de fazer um registro processual:

 Do que está sendo aprendido sobre o que é importante fazer para o indivíduo e o que
é importante para ele.
 Balancear quando existir algum conflito entre o que é importante para ele e o que
importante para se fazer para ele.
 O que é esperado que pessoas façam para ajudar o indivíduo a ter o que é mais
importante para ele.
 O que precisa permanecer e o que tem que mudar e quem vai trabalhar com isso.
 O que é, de fato, permanecer o mesmo e o que é mudar de acordo com o
desenvolvimento do PCP – e se isto está fazendo uma diferença real para a vida da
pessoa em qualquer um dos casos.

As primeiras formas de PCP estão associadas com Karen Green- Mc. Gowan e Mary Kovacs que
promoveram sessões de planejamento de um dia para pessoas com deficiência. Em 1980, Beth
Mount promoveu cursos de treinamento Planejamento de futuros personalizados e no final
dos anos 80, várias outras alternativas formais da metodologia foram desenvolvidas. Entre
elas: “conhecendo você”, “sessões de desenho individual”, e “planejamento 24 horas”. A
história e a evolução dessas metodologias são contadas por O’Brien (2000) e Shaddock (2000).

O PCP pode ser desenvolvido junto com os serviços ou de forma inteiramente independente.
Em ambos os casos, é a pessoa ou familiares que são o foco do planejamento e que devem
decidir onde desenvolvê-lo e se devem continuar ou não com o processo.

Uma pessoa pode, claro, desenvolver seu próprio plano e implementá-lo. Algumas vezes, os
pais, os familiares, companheiros, amigos e outros podem ajudar a desenvolver o plano
quando, por exemplo, não é possível ter um planejamento todo guiado pelo indivíduo devido a
extremas dificuldades com insight, percepção e cognição. Os planos também podem ser
guiados por uma ou mais pessoa ou por profissionais treinados para isso. Na Irlanda, na
prática, atualmente, os PCP estão sendo desenvolvidos nos serviços, apesar de alguns pais e
familiares estarem começando a desenvolver planos de forma independente.
Na prática, o desenvolvimento e implementação dos planos normalmente requer a
cooperação de várias pessoas, serviços e da rede de relacionamentos da comunidade, para
que eles sejam realmente efetivos.

A pessoa que está no centro do planejamento normalmente é chamada de “pessoa foco”.

Onde a pessoa está sendo apoiada a desenhar seu plano e coloca-lo em ação, a pessoa que
está guiando esse processo é chamada de facilitador. O papel primário do facilitador é o de
“ajudar alguém a trabalhar no que ele quer e de como ele vai conseguir o que ele quer”. Os
facilitadores podem também funcionar como agentes do plano de realização, fazendo a ligação
com os serviços de apoio.

Qualquer um que seja o facilitador, é extremamente importante que ele esteja preparado para
assumir essa função em termos de valores, talentos, capacidades e habilidades básicas. Eles
deveriam, normalmente, ser treinados e ter experiência com a filosofia do PCP, com a
metodologia, ferramentas e técnicas. Eles também deveriam estar familiarizados com todos os
aspectos da pessoa foco que provavelmente podem impactar o planejamento.

É particularmente importante que a diversidade e a individualidade da pessoa sejam atendidas


e reconhecidas, alinhadas com a legislação de equidade. Isso significa que em caso de minorias
culturais e linguísticas, o facilitador deveria saber ou procurar saber sobre as experiências e
conhecimentos específicos daquela identidade cultural e os estilos de comunicação do
indivíduo e de seus familiares.

É essencial que o facilitador opere de forma totalmente independente de qualquer outro


interesse em potencial. Quando o plano está sendo desenvolvido dentro de um serviço, a
autonomia do facilitador tem que ser totalmente assegurada. É também imperativo que o
facilitador deveria adotar, encorajar e projetar uma abordagem de parceria mais igualitária
para trabalhar com a pessoa e sua família como centro do processo de planejamento.

Quando a pessoa não estiver feliz trabalhando com um determinado facilitador, este deve ser
trocado.

O termo “círculo ou rede de apoio” para o desenvolvimento de um plano e sua realização é


usado para se referir a qualquer pessoa que gostaria de estar envolvida com o planejamento. A
participação inicial ou durante o planejamento deve estar de acordo com os desejos da pessoa
que esta no centro do planejamento.

A pessoa responsável por dirigir todo o processo costuma ser chamada de “pcp líder”. Quando
um grupo de pessoas trabalham juntos durante o processo são chamados de “coalisão
orientadora”.

Claramente , alguns indivíduos podem ocupar mais de um papel. Todos os esforços devem ser
feitos no sentido de que todos que estiverem envolvidos no processo tenham o apoio
necessário para fazerem a sua parte.

Isto inclui criar um bom sistema de comunicação que seja acessível para todos que estejam
envolvido no processo de planejamento. Também significa engajar previamente em ações de
empoderamento, construção de relacionamento e advocacy.

O papel dos pais, irmãos e amigos no PCP é geralmente citado como altamente significativo
para o processo de planejamento. A preocupação principal do PCP é, claro a pessoa que está
no foco, e os desejos dessa pessoa devem ser levados em consideração. Mesmo assim, o
planejamento deve levar em consideração a visão de pessoas chave na vida da pessoa,
particularmente quando desenvolvemos PCP para pessoas muito jovens ou pessoas muito
dependentes. Quando uma pessoa não quer que determinado membro da família participe
diretamente em seu PCP, está questão pode ser explorada mas não devemos forçar. Devemos
estar cientes que pais e membros da família podem ser uma fonte de informação valiosa no
desenvolvimento de um plano e um apoio importante para colocar o plano em ação. Mesmo
que eles não participem diretamente do PCP, pais e familiares são frequentemente
impactados pelos planos (direta ou indiretamente). Isso deve ser explorado e visto pelos
facilitadores como parte do processo de planejamento.

Quando o indivíduo e seus pais e familiares e os serviços tenham uma visão muito diferente a
respeito de uma questão particular, todos os esforços devem ser feitos para tentar entender
todos os motivos para essas diferentes opiniões e explorar como elas podem ser atendidas. Se
o conflito se mostrar irreconciliável, a visão da pessoa que é o foco da reunião deve ser
tomada como parâmetro.

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