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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
COORDENAÇÃO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Bloco 2C sala 2C35 Campus Umuarama Telefone: 34-3225-8537
Instituto de Psicologia
Estágio Profissionalizante
RELATÓRIO FINAL
PSICOLOGIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Victória Magalhães
Uberlândia
2022
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
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RELATÓRIO FINAL
PSICOLOGIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Uberlândia
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2022
1. APRESENTAÇÃO DO ESTÁGIO
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo Moraes, Silva e Almeida (2010) as expressões Psicologia da Saúde e
Psicologia Hospitalar tem uma diferenciação. A primeira se refere ao conjunto acadêmico e
profissional da Psicologia que pode ser usado no cuidado, intervenção, identificação e
tratamento da saúde. Já a segunda se relaciona com a análise de aspectos psicológicos ligados
ao quadro de saúde dos pacientes dentro do hospital. Segundo as autoras, a Psicologia
Hospitalar está inserida no campo da Psicologia da Saúde.
De acordo com Moraes, Silva e Almeida (2010), as atividades do psicólogo dentro do
contexto hospitalar no Brasil começaram na década de 60. Segundo Azevêdo e Crepaldi
(2016), a especialidade de Psicologia Hospitalar foi reconhecida pelo Conselho Federal de
Psicologia (CFP) a partir da Resolução nº 014/2000. Segundo os autores, neste decreto está
apresentado instruções para o profissional conseguir o registro de especialista, o qual depende
de uma prática de dois anos na área e a aprovação em provas teóricas. Com a Resolução nº
02/2001, o CFP relata as atividades para a atuação do Psicólogo Hospitalar, como o
acompanhamento e avaliação psicológica de pacientes internados e seus possíveis
acompanhantes a partir do setting terapêutico, técnicas e abordagens adequadas e estratégias
que devem priorizar a tríade hospitalar (equipe, paciente e família) (Azevêdo & Crepaldi,
2016).
Segundo as autoras, oCom isso, o profissional foca na vivência do paciente e dos
possíveis acompanhantes na internação e atua ressaltando o contexto de vida, as
particularidades e a doença para um maior conforto psicológico e físico durante este
momento (Moraes, Silva & Almeida, 2010). Além disso, conforme Assis e Figueiredo
(2019), a atividade do profissional de Psicologia Hospitalar tem como função principal ajudar
o paciente internado em sua elaboração simbólica do adoecer a partir da subjetividade de
cada indivíduo. O psicólogo na instituição oferece acompanhamento para diminuir as
angústias do paciente que surgem no período da internação, trabalho que também é
interligado com a equipe multidisciplinar por meio da comunicação no campo, reuniões e
discussões de caso (Assis & Figueiredo, 2019).
A partir disso, percebo que a maioria das atividades que realizei como estagiária de
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família.
Em uma experiência específica com familiares enfrentando a perda do ente querido
dentro do hospital, pude fazer uma relação com a fase de negação por parte deles, a partir de
falas como: “não pode ser”, “isso não está acontecendo”, “não é possível que estou passando
por isso”, dentre outras faladas após a notícia do falecimento do paciente. A partir disso, vejo
que essa negação inicial busca expressar a indignação e o impacto da notícia da perda de um
membro da família. Visto isso, o psicólogo hospitalar atua oferecendo apoio e reforçando os
vínculos e suportes existentes para a família não atravessar esse momento desamparada
(Medeiros & Lustosa, 2011).
Além disso, a realização de uma reunião com a equipe médica, posteriormente ao
comunicado de óbito, em um espaço calmo é imprescindível para os acompanhantes
entenderem melhor o caso, o que consequentemente dificulta o surgimento de culpa,
inseguranças e fantasias nesses familiares sobre o que de fato ocorreu (Medeiros & Lustosa,
2011). Assim, em muitos desses momentos, a presença de um profissional da Psicologia
possibilita, pelo acolhimento e apoio, que a família possa consegue acolher e suportar essa
perda com a família pela presença e pelo apoio aos acompanhantes, realidade corriqueira no
hospital geral.
Além dessa experiência, tive a oportunidade de acompanhar algumas visitas infantis
para pacientes internados na Clínica Médica (CM). Na literatura é possível encontrar artigos
científicos com foco em visitas de crianças acima de 12 anos em Unidades de Terapia
Intensiva (UTI), porém, não há tantos estudos no setor da CM. Além disso, não há nenhum
artigo legislativo no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que preconize essa garantia.
Todavia, acompanhei algumas visitas infantis de crianças abaixo de 12 anos na CM do
Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), o qual possui uma
política de visitação, e percebi ganhos positivos dos encontros para o paciente, para os
acompanhantes e para a criança.
O HC-UFU possui o Boletim de Serviço nº 146, de 16 de março de 2022 elaborado
pelo hospital, pela Universidade e pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
(EBSERH) que expõe todas as condições e condutas necessárias para ocorrer a visita, como
orientações, horários, documentos e assistência, elementos priorizados nas visitas que
acompanhei. O artigo 15º aborda a questão da visita infantil, a qual é permitida sem
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de experiência” de Schmidt, Macedo Gabarra & Rodrigues Gonçalves (2011) (pp. 423-430);
“Como comunicar situações difíceis no tratamento” In: Comunicação de notícias difíceis:
compartilhando desafios na atenção à saúde Roteiro baseado no Protocolo SPIKES (2010)
(pp. 187-196); “Processo de adoecimento e hospitalização em pacientes de um hospital
público” de Bezerra & Siqueira (2021) (pp. 61-70); “O Acolhimento como Postura na
Percepção de Psicólogos Hospitalares” de Alexandre, Vasconcelos, Santos & Monteiro
(2019); “Uma homenagem a João Claudio Todorov: O luto e a morte na perspectiva da
Análise do Comportamento” da Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva e
“Arte como instrumento psicoterapêutico no tratamento hospitalar de pessoas com doenças
onco-hematológicas” de Carvalho, Neto & Ferreira (2020).
Para meu estudo pessoal, li “O Manual de Psicologia Hospitalar: o mapa da doença”
de Simonetti (2004); “A Abordagem Centrada na Pessoa e o contexto hospitalar: desafios do
profissional de psicologia na contemporaneidadeO psicólogo centrado na pessoa e a
instituição hospitalar” de Torres; “Suicídio: informando para prevenir” da Associação
Brasileira de Psiquiatria (2014) (pp. 22-50); Capítulo 16 “Trabalhando com famílias no
Hospital Geral” de Rodrigues (2010) In: A psicologia na prática hospitalar da Santa Casa de
São Paulo (pp. 189-195); Capítulo 4 “Avaliação Psicológica no Hospital Geral” de Lopes &
Amorim (2010) In: A psicologia na prática hospitalar da Santa Casa de São Paulo (pp. 53-
69) e Capítulo 5 “Intervenção Psicológica no Hospital Geral” de Amorim (2010) In: A
psicologia na prática hospitalar da Santa Casa de São Paulo (pp. 69-81).
Acerca do Acompanhamento e Atendimento de Usuários e Família, realizei leitura e
evolução em prontuário; participei de comunicações de notícias difíceis; busquei informações
com algumas pessoas da equipe multiprofissional (Enfermagem, Medicina e Serviço Social)
para saber mais acerca de determinado caso; acompanhei visitas infantis; discuti casos com
colegas de estágio do Pronto Socorro (PS); acolhi grande parte dos acompanhantes de
paciente e e propus atividades artísticas (música, desenhos e vídeos) com propósito
psicológico para os pacientes internados e/ou acompanhantesfamiliares. Sem dúvidas, o
conjunto das atividades internas e externas fizeram com que o estágio tenha sido muito bem
aproveitado e bem-feito, já que tínhamos suporte prático e teórico.
Para sua realização, o estágio teve como carga semanal prevista 20 horas, sendo que
08 horas foram reservadas para a prática no HC-UFU (Acompanhamento e Atendimento de
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Usuários Família), 04 para leitura e estudos, 02 para produção de relatórios, 04 horas para
orientação e 02 de supervisão, totalizando 300 horas. As 8 horas de prática foram divididas
em dois turnos de 4 horas em dois dias da semana. A supervisão da CM ocorreu na segunda-
feira e orientação geral na quarta-feira.
Os pacientes que atendi, em sua maioria, estão aguardando algum procedimento,
como exames, cirurgias e/ou a própria alta hospitalar. Em média, o tempo de internação é
alto, variando de 15 a 30 dias, ou superior, o que traz ansiedades e angústias. Assim, os
atendimentos são em torno dos sentimentos e emoções que surgem durante esse período,
além de contextos da história pessoal do indivíduo que eventualmente aparecem os quais sem
dúvidas influenciam na maneira com que ele está lidando com o momento.
Grande parte dos pacientes que atendi encontravam-se acima de 35 anos, sendo que a
maioria possuía acompanhantes em algum período do dia. No geral, consigo atender
diretamente quase todos os internos e seus familiares, com exceção de dois casos que os
atendimentos foi plenamente à família por conta do quadro clínico comatoso do paciente.
Algo recorrente durante minha prática foi o atendimento voltado para os acompanhantes dos
pacientes internados, os quais em sua maioria, possuíam vínculo afetivo forte, sendo filhos
(as), pais e/ou irmãos angustiados por ver o ente querido em internação.
Geralmente os pacientes são receptivos, educados e relatam sobre seu quadro clínico e
as implicações para suas vidas pessoais, para a saúde mental e física. Além disso, observo
que no setor nos deparamos com muitas situações que envolvem vulnerabilidade social, como
pessoas em situação de rua e famílias com baixa condição financeira e. O uso prejudicial de
álcool e outras drogas por parte dos pacientes também ocorrem., Essas questões que questões
são minimamente cuidadas dentro da instituição, por conta da internação, mas que geralmente
não recebem a continuidade desta atenção após a alta hospitalar.
agregar a discussão e nossos atendimentos. A supervisão era um local onde podíamos falar
sobre como estava indo nossa trajetória no campo, nossas angústias pessoais e institucionais,
nossa atuação, conduta, evolução e dificuldades que por ventura ocorriam.
Acredito que a criação do vínculo e da confiança foram uma das maiores
contribuições que esse espaço me forneceu, já que com isso, me sentia a vontade de contar
tudo, principalmente por alguns atendimentos envolverem meus valores, crenças e vivências
pessoais. Assim, ao contar e ao discutir impactos que aconteciam durante os
Acompanhamentos e Atendimentos de Usuários e Família, me fortalecia como profissional e
tinha a oportunidade de confrontar e elaborar elementos pessoais que afetavam minha
atuação. Nossas reuniões semanais me passavam segurança, tanto de compartilhar os
acontecimentos, quanto de ter um profissional que nos orientava, direcionava e nos fornecia
feedback acerca do nosso trabalho.
Vejo que a perspectiva do supervisor em relação às vertentes teóricas da Psicologia foi
positiva, já que em nossa prática o entendimento e discussão dos assuntos abordados nos
atendimentos e nossa conduta era mais considerado do que apenas a técnica de uma
determinada abordagem. Assim, nossa autonomia em relação a isso foi respeitada e garantiu
um estudo mais amplo de toda conjuntura que estávamos vivenciando no campo.
Além disso, a experiência em campo aliado com o suporte que recebi nas supervisões
me fez de fato ver que pretendo seguir a área da Psicologia Hospitalar, pensamento que tinha
antes de fazer o estágio, mas que se concretizou após tudo que vivi dentro do hospital.
Durante a experiência, tivemos também orientações semanais com a coordenadora do
estágio. Nesse espaço, discutíamos também os casos, e tínhamos como base nosso relato
semanal escrito no diário de campo, o qual era lido previamente pela orientadora. Além disso,
percebo que nas orientações as angústias institucionais eram faladas mais abertamente, assim
como questões burocráticas que envolvem o estágio, como elaboração deste relatório e
renovação para o próximo semestre.
Assim, tínhamos dois espaços com profissionais qualificados e direcionados para
fornecer instruções coerentes com a atuação, o setor e as dificuldades de cada aluno. Percebo
que esses espaços nos fornecem a possibilidade de errar e de discutir como melhorar, para
que no futuro, na nossa carreira profissional, esses erros não se repitam.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente relatório, tive como objetivo explanar minhas vivências na Clínica Médica
do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia e relacioná-las com meus
estudos teóricos e leituras ao longo do semestre.
Observo que as demandas principais dentro da instituição se referem ao acolhimento,
atendimento, avaliação e acompanhamento de pacientes e familiares, além de atividades que
tive que acompanhar como visitas e comunicação de más notícias. Na instituição, percebi que
muitas vezes o contexto de vida do paciente influencia muito em como ele está vivenciando a
internação e seu processo saúde-doença. Com isso, é imprescindível o olhar que o psicólogo
hospitalar deve ter para questões que perpassam a hospitalização, pois, muitas vezes, essa
conjuntura determina a maneira que o paciente está lidando com seu diagnóstico, com o
tratamento e procedimentos, ou seja, seu repertório de vida passado interfere em como ele
está lidando com o agora.
Assim, o foco na visão do sujeito como um todo garante sua autonomia e busca
fornecer ao paciente um conforto, uma escuta e um acolhimento necessário e individual para
experienciar esse momento difícil de uma forma mais branda, na medida do possível.
informações acerca do paciente pelos corredores seria relevante para nosso aprendizado.
Analiso também algumas burocracias institucionais, como a demora para termos um crachá
de identificação e encaminhamentos para outros serviços da rede, realidade que se encaixa
em muitas demandas de pacientes e acompanhantes.
7. REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério da Saúde. (2008). Documento base para gestores e trabalhadores do SUS.
Brasília, DF: o autor. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/acolhimento_praticas_producao_saude.pdf
https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-sudeste/hc-ufu/
boletim-de-servico/2022/boletim-de-servico-no-146-16-de-marco-de-2022/.
Medeiros, L. A. & Lustosa, M. A. (2011). A difícil tarefa de falar sobre morte no hospital.
Rev. SBPH, 14(2), 203-227.
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