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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 3

2 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS ..................................................... 0

3 TERAPIA OCUPACIONAL ................................................................. 3

3.1 Surgimento ........................................................................................... 4

3.2 Implantação .......................................................................................... 5

3.3 Atuação ................................................................................................ 7

4 PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS COM GRUPOS .................................. 8

5 ANÁLISE DOS GRUPOS NO BRASIL............................................... 9

6 PONDERAÇÕES TEÓRICAS E PRÁTICAS .................................... 11

7 TERAPIA OCUPACIONAL E OS GRUPOS..................................... 11

7.1 Conceitos Práticos e Técnicos ........................................................... 13

7.2 Atributos Estruturais ........................................................................... 14

7.3 O Contrato .......................................................................................... 15

8 GERENCIAMENTO DE GRUPO ..................................................... 16

9 O COORDENADOR – SUA ATRIBUIÇÃO ...................................... 17

10 A FORMAÇÃO DO COORDENADOR ............................................. 18

10.1 Supervisão ......................................................................................... 18

10.2 Grupos de Estudo .............................................................................. 19

10.3 Acompanhamento e Participação de Grupo ....................................... 19

10.4 Formação Pessoal ............................................................................. 20

11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................. 21

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1 INTRODUÇÃO

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS

Desde a sua fundação, a terapia ocupacional sempre foi considerada uma


profissão da área da saúde, tornou-se um recurso, meio e comportamento médico, e
os conceitos de saúde, doença e tratamento sempre estiveram relacionados com a
geração de conhecimento. Não havendo então, de um modo geral, uma história
específica desmembrada das ciências da saúde e educação. É importante
compreender como os terapeutas ocupacionais usam as atividades humanas em
diferentes momentos, em diferentes momentos históricos e contextos socioculturais.
Portanto, não existe uma relação linear na história da terapia ocupacional, mas
no cotidiano das relações sociais, seja de ordem profissional ou pessoal, são todas
histórias construídas dialeticamente.

Fonte: www.nucleointegrado.med.br

Nos séculos XVII e XVIII, acreditava-se que todas as pessoas que causavam
rejeição ou medo - pobres, indigentes, preguiçosas, prostitutas, incapacitadas,
deficientes, loucas - eram vistas como uma ameaça à sociedade e deveriam ser
isentas de interação em um espaço isolado da sociedade. Eram recolhidos para serem
cuidados, mas na verdade eram isolados e excluídos para proteger a sociedade da
loucura e das pessoas com deficiência, dos perigos que representavam. Nesses

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abrigos, que já foram hospitais de hanseníase na Idade Média, as pessoas
marginalizadas eram submetidas a ações punitivas em regimes penitenciários. Todos
eram reunidos nos mesmos locais por estarem sob o mesmo estatuto legal e
classificados na categoria geral de doidos. Aconteciam diferenciações devido às
exigências disciplinares, nada associado à preocupação por tratamento. Alguns
agentes institucionais em oposição à existência de alienados nos centros de detenção,
propuseram a criação de espaços médicos nessas instituições, além de que os
pacientes fossem divididos e detidos de acordo com o tipo de comportamento
patológico (base da tecnologia do asilo).
Embora os hospitais tenham surgido como método de tratamento no final do
século XVIII, foi apenas no século XIX que surgiram a medicina hospitalar e os
hospitais terapêuticos como os que conhecemos hoje, não havendo caráter hospitalar
antes disso. Quando propostos como tratamento, foram reorganizados em instituições
especializadas, mas, mantiveram as mesmas características sociais discriminatórias
da antiga organização hospitalar. Com a mudança na natureza e no propósito do
hospital, os médicos ganharam o poder e a responsabilidade da organização
hospitalar, que deveria se tornar um método de tratamento totalmente terapêutico. A
essência das atividades de terapia asilar era a “terapia moral '', que propunha a ideia
do asilo como uma instituição de educação de caráter especial, onde o espírito do
paciente deveria ser reformado através de métodos comportamentais disciplinares a
partir do isolamento do meio social e familiar. Os resultados ou eficácia das estratégias
de tratamento nesta disciplina não poderiam ser avaliados pelo índice de "cura", mas
sim pela função da instituição, pois o propósito da reforma autoritária era remodelação
dos pacientes para prevenir doenças. Nessa perspectiva, é interessante destacar a
seguinte afirmação Elso Arruda referindo-se à Pinel: A terapêutica do trabalho foi,
então, introduzida como parte integrante de sua reforma. Afirmou Pinel: “ o trabalho
constante modifica a cadeia de pensamentos mórbidos, fixa as faculdades do
entendimento, dando-lhes exercício e, por si só, mantém a ordem num agrupamento
qualquer de alienados. (1962, p.25)
Portanto, até meados do século XIX prevalecia o movimento de alienação,
caracterizado pela complascência ao louco, considerados pacientes que deveriam
receber intervenção terapêutica. No entanto, foi criada uma base médica para a
exploração de pacientes, objetivos econômicos ou objetivos profissionais são
vinculados. A escola da "Terapia Moral" é a escola predecessora da terapia
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ocupacional. Esta ocorreu durante a reforma assistencial psiquiátrica após Philipe
Pinel assumir a direção do hospício em Bicêtre, na França, em 1973, que baseando-
se em ideais de liberdade, racionalidade e humanidade, simbolizou a quebra da
cadeia que mantinham presos os alienados. BENETTON (1999) descreve que: “o
nascimento da psiquiatria se deveu a Vincenzo Chiaruzi (1759-1820) na Itália, William
Tuke (1732-1822) na Inglaterra e Joahan Christian Reil (1759-1813) na Alemanha,
mesmo antes de Pinel. Foram eles, e muitos outros os verdadeiros construtores e
também promotores da disseminação do tratamento moral em todo mundo ocidental”.
(BENETTON, 1999, P23)
Este movimento se caracterizou por práticas educaticas, nas quais uma série
de elementos eram manipulados para orientar os alienados a transformar seus
comportamentos estranhos em atitudes de obediência e adaptação à organização
manicomial. As instituições de internação psiquiátrica transformavam-se instrumentos
terapêuticos por embasar-se a partir de um sistema geral de internação que priorizava
aspectos de caráter moral, disciplinador e normativo.
O asilo deveria ser organizado de modo que o tempo e o espaço do alienado
fossem criteriosamente regulados por gentes responsáveis pela vigilância que
ocupavam posição privilegiada no topo da hierarquia administrativa. Pretendia-se com
esta forma de estruturação, que a obediência para com os funionários determinasse
a maneira como os lienados deveriam comportar-se no interior da instituição e,
consequentemente, na sociedade. (Kirschaum, 1994). A ocupação precisava se
compreendida como um recurso utilizado com o propósito de estabilizar o
comportamento caótico do alienado, além de resgatá-lo para o convívio social. Para
isso a instituição deveria ser construídas em lugares que possibilitassem o
desenvolvimento de atividades agrícolas, indicadas aos alienados mais confusos,
objetivando a realização de tarefas mais simples. Já para aqueles mais controlados e
em recuperação, atividades mais complexas eram indicadas, pois acreditava-se que
estas seriam mais adequadas para prepará-los para se reintegrarem à sociedade
(Birman, 1978).
Desta forma, em termos de tratamento moral, as atividades relacionadas ao
entretenimento e distração, e as atividades relacionadas ao trabalho, passaram a ser
utilizadas em quase todas as organizações de auxílio ao alienado. Dentre as
atividades realizadas relacionadas ao trabalho, abrangem desde atividades agrícolas
até operações e tarefas mais complexas (como marcenaria, serraria, costura, etc).
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Fonte: camilabragab.wordpress.com

3 TERAPIA OCUPACIONAL

A terapia ocupacional é uma profissão de saúde que tradicionalmente atua no


campo da reabilitação. No processo de reabilitação, os terapeutas ocupacionais usam
ações humanas por meio das atividades reais e da vida diária das pessoas que
atendem. Segundo Soares (1991, p.139), a Terapia Ocupacional surgiu, basicamente,
de dois processos: da ocupação de doentes crônicos em hospitais de longa
permanência e da restauração da capacidade funcional dos incapacitados físicos. Nos
hospitais de longa permanência, o plano de tratamento utilizava atividades recreativas
ocupacionais e laborais no contexto da dinâmica institucional. No programa de
reabilitação de pessoas com deficiência, as atividades de autocuidado, lazer ou
produção visavam restaurar a capacidade funcional e o desempenho profissional na
vida diária.
No início do século XX, foi vizualizado o renascimento e a restauração do
conceito do valor e da importância da profissão terapêutica inculcada na terapia moral.
Um grupo heterogêneo de profissionais (psiquiatras, enfermeiros, arquitetas,
professores, entre outrso) desenvolveu os conceitos de ocupação como agente
curativo e da pessoa como sujeito ativo na promoção da saúde. Hagedorn (1999).

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Nessa perspectiva, a história da terapia ocupacional está intimamente relacionada a
diferentes conceitos de comportamento humano, incorporada às estratégias de
reabilitação, asilos para doentes mentais ou psiquiátricos e nas instituições de
reabilitação para pessoas com deficiência física.

3.1 Surgimento

A terapia ocupacional surgiu como uma profissão de saúde nos Estados


Unidos, e sua primeira escola foi fundada em Chicago em 1915. Nos Estados Unidos,
a fim de minimizar o impacto da Primeira Guerra Mundial, propôs-se a prestação de
assistência na reabilitação de deficientes físicos, regressos do campo de batalha.
Segundo Ferrigno “...numa época em que as instituições precisavam responder às
necessidades de assistência aos incapacitados de guerra, aos trabalhadores
acidentados de trabalho e à carência de mão-de-obra das indústrias. Estes aspectos
indicam que a Terapia Ocupacional foi instituida não apenas para responder às
reivindicações dos trabalhadores e melhorar o nível de atendimento das pessoas com
disfunções na realização de atividades, mas também para atender aos interesses do
capitalismo. Para tanto, o sistema social implementou políticas sociais, entre as quais
a reabilitação, buscando neutralizar as pressões populares em relação às condições
de saúde. Ao mesmo tempo nos países onde o processo de industrialização estava
se desenvolvendo, teve como objetivo o exército industrial de reserva. Foi assim se
desenvolvendo para atender principalmente, a demana pela reabilitação profissional
dos trabalhadores.” (FERRIGNO, 1991)
No Brasil, a história da profissão pode ser rastreada oficialmente no pós-
Segunda Guerra Mundial, e as estratégias de implementação de programas de
reabilitação na América Latina recomendados por organizações internacionais (ONU,
OIT, Unesco). Com efeito, embora já houvesse experiências de uso das “ocupações
com objetivo terapêutico” em instituições asilares psiquiátricas no Brasil, devido à
influência norte-americana, os cursos de formação em Terapia Ocupacional foram
implantados, preferencialmente, na área da reabilitação física (BARTALOTTI; DE
CARLO, 2001, p.31). Gradualmente, na formação dos terapeutas ocupacionais, os
estágios foram incorporados à assistência psiquiátrica.

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Fonte: camilabragab.wordpress.com

3.2 Implantação

Sobre a implantação do programa de reabilitação física no Brasil, ocorreu no


início dos anos 50, quando uma comissão da ONU visitando a América Latina aponta
o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
como o local mais apropriado para a implantação de um Centro de Reabilitação. Em
1956, foi implantado o Instituto Nacional de Reabilitação (INAR), na Clínica de
Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da USP. O Instituto de
Reabilitação começou a ter um duplo propósito: realizar assistência aos “deficientes”
acometidos por afecções do aparelho locomotor e promover cursos de formação
técnica em áreas como fisioterapia e terapia ocupacional, que tinham inicialmente dois
anos de duração, ulteriormente três, sendo fortemente influenciado pelo modelo norte-
americano voltado para reabilitação profissional.
Segundo referência de profissionais da área, a formação técnica em terapia
ocupacional era “restrita e específica das profissões técnicas de reabilitação
(eminentemente clínica, referente à sintomatologia, à intervenção médica específica,
aos princípios de indicação terapêutica etc.), sendo a Terapia Ocupacional
responsável somente por membros superiores e pelas técnicas em atividades de vida
diária” (BARTALOTTI; DE CARLO, 2001, p.34). Os planos de tratamento ocupacional
seguiam as indicações médicas e se concentravam nas doenças patológicas ou
orgânicas do paciente. O primeiro modelo curricular brasileiro para Terapia

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Ocupacional, vigorou de 1963 a 1982 e estava calcado na preparação de um
profissional subordinado ao médico e voltado exclusivamente à área de reabilitação.
O parecer número 388/63 não faz qualquer segredo sobre as intenções de formar
pessoal subalterno e menos qualificado. (Magalhães, 1989)

Fonte: www.tangledfingers.com

Somente em 1969, através do Decreto-Lei nº 938, a profissão foi reconhecida


como de ensino superior. Em 2001, havia 29 escolas de treinamento em terapia
ocupacional no Brasil. A despeito, o processo de aprovação do ensino superior em
Terapia Ocupacional não se deu sem o desgosto da classe médica, “que não desejava
esse tipo de emancipação”. A Terapia Ocupacional já havia integrado em seus
pressupostos teórico-metodológicos o modelo biomédico. Em vista disso, o terapeuta
ocupacional, para superar a condição de “submissão” em relação à classe médica
procurou tornar-se um profissional “high tech” e incorporar “conhecimentos científicos
de anatomia, fisiologia, técnica de reparos, acompanhando os avanços da cirurgia e
dos cuidados emergenciais (...) demonstrando competência clínica e tecnológica em
relação à abordagem de seus pacientes” (GOLLEGÃ; LUZO; DE CARLO In:
BARTALOTTI; DE CARLO, 2001, p.139).
Devido ao retrocesso da economia mundial e a consequente redução das
despesas médicas, fidando os anos 70, os terapeutas ocupacionais deparados com a
necessidade de comprovar a "cientificidade" de sua prática, precisaram envolver sua

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profissão em um mercado de trabalho altamente competitivo; o que “levou a um
movimento de crescente pressão para que os terapeutas ocupacionais se tornassem
mais pragmáticos, desenvolvendo práticas ‘comprovadamente eficazes’ (enfatizando
os aspectos mensuráveis do seu trabalho) e ‘competentes’ (em relação a
promoção de melhoria da independência funcional e inserção dos pacientes),
para serem mais competitivos no mercado de trabalho” (BARTALOTTI; DE CARLO,
2001, p.37). Crescendo a necessidade de intervenções cada vez mais táticas em
Terapia Ocupacional, com respostas motores e operacionais eficazes e
quantitativamente mensuráveis. De fato, os terapeutas ocupacionais foram
gradativamente incluídos entre os profissionais de grandes instituições profissionais,
que são compostas por equipes multidisciplinares (fisioterapeutas, terapeutas
ocupacionais, fonoaudiólogos, assistentes sociais, médicos, psicólogos, dentre
outros) localizadas em grandes centros urbanos e fiscais do progresso tecnológico na
reabilitação.

3.3 Atuação

A Terapia Ocupacional é profissão de nível superior voltada aos estudos, à


prevenção e ao tratamento de indivíduos portadores de alterações cognitivas, afetivas,
perceptivas e psico-motoras, decorrentes ou não de distúrbios genéticos, traumáticos
e/ou de doenças adquiridas, através da sistematização e utilização da atividade
humana como base de desenvolvimento de projetos terapêuticos específicos, na
atenção básica, média complexidade e alta complexidade. Sua intervenção
compreende avaliar o cliente, buscando identificar alterações nas suas funções
práxicas, considerando sua faixa etária e/ou desenvolvimento, sua formação pessoal,
familiar e social.
A base de suas ações compreende abordagens e/ou condutas fundamentadas
em critérios avaliativos com eixo referencial pessoal, familiar, coletivo e social,
coordenadas de acordo com o processo terapêutico implementado. O Terapeuta
Ocupacional compreende a Atividade Humana como um processo criativo, criador,
lúdico, expressivo, evolutivo, produtivo e de automanutenção e o Homem, como um
ser práxico interferindo no cotidiano do usuário comprometido em suas funções
práxicas objetivando alcançar uma melhor qualidade de vida. As atividades do
profissional estendem-se por diversos campos das Ciências de Saúde e Sociais. O
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terapeuta ocupacional avalia seu cliente para a obtenção do projeto terapêutico
indicado; que deverá, resolutivamente, favorecer o desenvolvimento e/ou
aprimoramento das capacidades psico-ocupacionais remanescentes e a melhoria do
seu estado psicológico, social, laborativo e de lazer. (COFFITO).
Ressalta-se que os objetivos das atividades desenvolvidas no âmbito da
"terapia ocupacional" visam ampliar a atuação de cada paciente. Tudo é para
estimular suas habilidades funcionais e buscar a felicidade humana. Portanto, as
atividades desenvolvidas pelos terapeutas ocupacionais visam aprimorar e capacitar
os pacientes que sofrem com as referidas condições.

4 PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS COM GRUPOS

Embora a primeira experiência clínica de participação no grupo tenha sido em


1905, quando Joseph H. Pratt intuitivamente criou um método de aula em grupo para
tratar pacientes com tuberculose, foram os trabalhos de Sigmund Freud e outros
estudiosos (como Gustave Le Bon e MacDougall) que agregaram conceitos
específicos para compreender a função dos grupos humanos.
O psicodrama, idealizado por Jacob Levi Moreno na década de 1930,
expressara um novo conceito de terapia de grupo. No psicodrama, pode se perceber
alguns elementos da terapia pelo grupo de caráter fraternal. Entretanto, o método
psicodramático é um instrumento mais sofisticado e profundo, pois consiste na
dramatização dos conflitos psicológicos do paciente, ao lado da catarse e da
personificação lúdica. (Grinberg, et al, 1976).
Ainda na mesma década, do ponto de vista sociológico, Kurt Lewin
apresentaria conceitos importantes sobre a dinâmica de grupo e o domínio do grupo.
O campo do grupo é formado por uma variedade de fenômenos e elementos
psicológicos (intrínsecos e extrínsecos). Eles estão conectados entre si de tal forma
que na interação entre todas as pessoas, as mudanças de cada um terão um impacto
sobre os outros. Todo grupo humano se organiza. Essa organização se dá, qualquer
que seja sua finalidade. Os grupos parecem funcionar conforme processos que lhes
são comuns. Da noção lewiniana da dinâmica de grupo, pressupõe-se que um grupo
é um sistema de forças, onde se distinguem as forças de desenvolvimento, aquelas

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que impulsionam os grupos para sua finalidade e as forças de coesão, aquelas que
motivam a permanência do grupo. (Lapassade, 1983).

5 ANÁLISE DOS GRUPOS NO BRASIL

Fonte: apsiquiatra.com.br

No Brasil, o estudo de grupos se destacaram em meados da década de 1980,


quando estavam sendo desenvolvidos trabalhos de pessoas como Benetton, Ferrari,
Maximino, Tedesco, Ballarin e Samed.
Benetton descreveu dois tipos de dinâmicas relacionadas ao uso de atividades,
a saber, grupos de atividades e atividades em grupo. Em um grupo de atividades,
cada membro realiza uma atividade e mantém um relacionamento pessoal com o
terapeuta; em uma atividade de grupo, os membros do grupo realizam uma atividade
juntos, para que o terapeuta possa manter o relacionamento geral do grupo.
Ferrari enfatizou a importância dos chamados grupos não-verbais, cujas
atividades são utilizadas como mediadoras da relação terapeuta-paciente-grupo, a fim
de ampliar o escopo de expressão e experimentar outras formas de comunicação. A
partir de atividades de grande peso e potencial expressivo, o grupo pode trocar
conteúdos internos e experimentar outras formas de fazer as coisas.

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“A indicação de atividades é entendida por nós enquanto ação interpretativa,
ou seja, uma intervenção com valor interpretativo, uma vez que valida que algo precisa
ser expresso e que experimentar alguns dos aspectos desta expressão, viabilizada
pelo vínculo, tem fins terapêuticos.” (FERRARI, 1991)
Tedesco extraiu observações relevantes sobre o trabalho com o grupo a partir
da anál ise de fundo da intervenção do terapeuta ocupacional em clínicas de
dependência.
Maximino realizou uma detalhada revisão bibliográfica dos diversos grupos em
terapia ocupacional e descreveu suas funções, entendendo-a fundamentalmente
como um espaço potencial e uma caixa de ressonância. Como um espaço potencial,
esse conjunto de atividades deve proporcionar ao paciente um ambiente confiável
para que gradativamente assuma o risco de estabelecer relações interpessoais e usar
objetos, e estimulá-lo a experimentar. Como caixa de ressonância, o grupo pode
trabalhar ampliando as possibilidades de intervenções, pois a intervenção para o
paciente pode ser realizada como um todo. Também se apóia na teoria de Winnicott,
buscando estabelecer uma conexão entre a composição do grupo e o sujeito. Num
grupo de atividades de terapia ocupacional, a tarefa manifesta é a própria execução
de atividade, seja ela artística, profissionalizante, artesanal, etc., enquanto que a
tarefa implícita, ou seja, o objetivo do grupo, é o tratemento e tudo o que este implica.
(MAXIMINO, 1997)
Ballarin desenvolveu pesquisa clínica teórica em terapia ocupacional com base
na estrutura da atividade psicológica e enfatizou a situação real da gestão de grupo.
Samea utiliza os referenciais teóricos e práticos de E. Pichon-Riviére para o grupo de
operação para buscar estabelecer uma relação com o grupo de terapia ocupacional.
De maneira geral, pode-se dizer que a análise do trabalho realizado por esses
terapeutas ocupacionais brasileiros mostra que, por um lado, são considerados
diversos os aspectos e, por outro, a influência de referenciais teóricos relacionados à
psicanálise e à psicologia social. Buscando conectar-se com os princípios básicos da
terapia ocupacional a fim de estabelecer uma base de conhecimento e embasar as
ações dos profissionais que utilizam esse recurso.
Portanto, na perspectiva da terapia ocupacional, nos úlimos anos, percebe-se
cada vez mais terapeutas ocupacionais, em diferentes áreas da saúde pública,
realizando grupos de atividades ou atividades grupais, de cunho terapêutico com
pacientes de saúde mental.
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6 PONDERAÇÕES TEÓRICAS E PRÁTICAS

Entre as várias ideias existentes sobre grupos, algumas formulações seguem


descritas:

 A pessoa nasce para ser gregária e desde que nasceu participou de


diversos grupos;
 Um grupo não existe independentemente da realidade em que está
inserido;
 Um grupo não é apenas uma soma de indivíduos, mas uma nova
entidade formada.
Além das afirmações já descritas, os conceitos de fenômenos de transferência,
o ambiente, a estrutura, o processo de tratamento e o papel do coordenador
originados no campo da psicologia também são ferramentas valiosas para a
compreensão da gestão de grupo. Compreende-se que, de fato, muitas das
ferramentas utilizadas para construir o conhecimento em grupo na terapia ocupacional
são emprestadas e ajustadas de outras áreas do conhecimento. Porém, vale ressaltar
que, conforme proposto na terapia ocupacional, inserir atividades em um contexto
grupal irá gerar novos fenômenos que precisam ser estudados.

7 TERAPIA OCUPACIONAL E OS GRUPOS

Fonte: holiste.com.br
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Desde a década de 1930, a perspectiva do uso de atividades com grupos tem
sido aplicada sistematicamente à terapia ocupacional. Nos Estados Unidos, o foco
inicial do trabalho com grupos estava relacionado às metas de socialização, que
permaneceu até os anos 50, ocasião que os neurolépticos começaram a ser utilizados
no tratamento de distúrbios psiquiátricos, o que permitiu maior domínio dos sintomas.
Este aspecto contribuiu positivamente para que, no âmbito da Terapia Ocupacional,
os profissionais passassem a estabelecer metas terapêuticas que não se restringiam
somente à socialiação, buscando maior entendimento nos processos dos indivíduos
e suas atividades. (Howe & Schwartzberg, 1986)
Fidler & Fidler (1963) estudaram as atividades de pesquisa como formas de
comunicação e expressão através de métodos psicodinâmicos, formas de relações
terapêuticas e fenômenos de grupo em terapia ocupacional. Referem o grupo como
um instrumento de importante potencial terapêutico.
Ao longo da década de 60, nos Estados Unidos, os programas comunitários de
saúde mental que procuravam a desintitucionalização dos assistidos psiquiátricos
inspiraram grandemente os tratamentos de grupo. Estes passaram a utilizar as
atividades como meio de aprendizagem e a enfatizar as relações interpessoais,
especialmente as estabelecidas entre paciente e terapeuta. (FALK-KESSLER, et al.,
1991)
Para McDonald et al (1972) referem-se aos grupos como forma de estimular
relacionamentos e apontam diversas atividades. Geralmente prescrevem atividades
de entretenimento, atividades físicas, sociais e perninentes ao trabalho. Para que as
atividades sejam apontadas, o terapeuta ocupacional deve ter em vista o tipo de grupo
do qual pretende participar. Já Mosey (1970) avalia o grupo como um conjunto de
pessoas que partilham um incentivo em comum, numa atividade proativa, onde o foco
do terapeuta ocupacional é fomentar o crescimento de variadas facetas do self dos
pacientes. A autora classifica cino tipos de grupos:
 Grupo paralelo – onde os pacientes desenvolvem as atividades
individualmente, não necessitando da interação com os demais
participantes; nesse modelo, o terapeuta ocupacional é o coordenador,
em razão dos participantes não terem condições de realizar muitos
papéis;
 Grupo de projeto – tem como concepção a execução de atividade
coletiva; o terapeuta ocupacional busca ajudar na seleção da atividade
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proposta, observando individualmente o desempenho de cada
participantes do grupo;
 Grupo egocêntrico – cooperativo – onde os participantes escolhem e
realizam as atividades que se delongam; buscam saciar as demandas
emocionais através das interações. O terapeuta ocupacional age como
suporte e apoio da tarefa;
 Grupo cooperativo – os participantes são estimulados a demonstrar seus
sentimentos e emoções e buscam compensar suas demandas
emocionais com a realização da atividade; o terapeuta ocupacional
expoe seus pensamentos e emoções, atuando como conselheiro;
 Grupo maduro – neste modelo os participantes desenvolvem as
atividades de modo concordante aos seus papéis e ao desempenho do
grupo, associando produtividade e satisfação pessoal; neste modelo o
terapeuta ocupacional interage como participante do grupo.

Um grupo de terapia ocupacional pode ser definido como: Os participantes se


encontram no mesmo horário e local na presença do terapeuta ocupacional para
realizar uma atividade. Uma das concepções que norteiam a prática desse profissional
é que fazer isso tem efeito terapêutico. Portanto, no contexto do grupo, os
participantes podem experimentar outras formas de se conectar e vivenciar situações
inéditas relacionadas ao fazer, para que a ação adquira sentido e significado.
Nessa perspectiva, as equipes de terapia ocupacional podem assumir
diferentes formas em diferentes instituições e / ou contextos, o que, sem dúvida,
exigirá uma coordenação profissional.
Duncombe e Howe descrevem 10 tipos de grupos utilizados na terapia
ocupacional. Eles são descritos como exercício, tarefas, atividades de culinária,
atividades de vida diária, arte e destreza, integração sensorial e motora, discussão
orientada pela realidade, discussão orientada por sentimento e atividade educacional.
(CAVALCANTI & GALVÃO, 2007).

7.1 Conceitos Práticos e Técnicos

A coordenação e gestão do grupo de terapia ocupacional envolvem múltiplos


aspectos técnicos. Normalmente, o terapeuta deve voltar sua atenção para a dinâmica
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das funções do grupo. Esta é determinada pelos participantes do grupo, incluindo a
relação que estabeleceram entre si e com o próprio coordenador.
Outro conceito importante é o da relação estabelecida dos participantes com a
atividade, o fazer e as intervenções realizadas pelo coordenador no seguimento do
processo terapêutico ocupacional.
No entendimento técnico, a etapa de formação se destaca primeiro. Com isso
em mente, para começar a trabalhar com o grupo, o coordenador deve considerar os
critérios de seleção dos participantes, características estruturais, ambiente de terapia
ocupacional, contratos de grupo estabelecidos, metas e vários aspectos do ambiente
em que grupo está inserido. Na atuação clínica, observa-se que nem todos os
indivíduos se favorecem de um ambiente de grupo. Em algumas situações e
circunstâncias, é contra-indicado que intervenha no grupo e no seu processo de
tratamento.

7.2 Atributos Estruturais

A base do grupo pode ser definida como o motivo que propicia ao grupo as
qualidades de seu reconhecimento. Quanto à base, um grupo pode ser determinado
como aberto, fechado, pouco aberto, homogêneo e heterogêneo.
Um grupo aberto é aquele em que os integrantes não se repetem a cada
encontro; assim sendo, a conjuntura se altera continuamente. Já num grupo fechado
não há entrada de novos integrantes após o início do processo, de forma que,
ocorrendo a saída de um dos integrantes, este não é substituído. Um grupo pouco
aberto é compreendido como aquele em que um novo integrante pode ser incluído no
contexto grupal de modo a suprir a saída de outro.
Um grupo é heterogêneo na ocasião em que se agregam integrantes com
características e dificuldades de diversas estruturas. O processo de compatibilidade
dos integrantes fundamenta-se em diagnóstico, temperamento, participação verbal,
desempenho ocupacional, entre outros. Um grupo homogêneo distingue-se como
aquele em que os integrantes são desiguinados embasados em algum obstáculo em
comum.
A quantidade de integrantes que compõem um grupo também é uma condição
especial a ser analisada pelo coordenador, e deve estar particularmente associada
aos propósitos sugeridos. Uma alteração sensata do número de integrantes é de cinco
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a oito participantes. Quando o contexto do serviço de grupo está relacionado a
situações como discussão livre, reunião, sala de estar, etc., este número pode mudar
consideravelmente. Nesses casos, o número de membros pode ser superior a 15
integrantes.

7.3 O Contrato

Outro aspecto relacionado que interfere na gestão de um grupo de terapia


ocupacional é o contrato estabelecido entre o terapeuta e o participante do grupo. O
contrato inclui dois aspectos relacionados ao tempo de serviço, o número de visitas
semanais, o tempo e a particularidade das atividades humanas e configurações do
serviço.
Distintivamente dos grupos verbais e psicoterapêuticos coordenados por outros
profissionais, os grupos de terapia ocupacional depreendem o fazer como recurso
indispensável do processo.
O ambiente é definido como um local onde várias atividades devem ser
realizadas. Este espaço será afetado pelas características dos profissionais que o
coordenam.
A organização do ambiente e os elementos materiais desfrutados no
atendimento de um grupo são relevantes elementos na constituição do setting
terapêutico ocupacional. Estes devem ser trabalhados pelo coordenador do grupo já
na etapa de planejamento de preparação do grupo.

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8 GERENCIAMENTO DE GRUPO

Fonte: br.freepik.com

Para que esse grupo seja uma ferramenta de tratamento eficaz, é importante
entender seu manejo. Portanto, pode-se dizer que a gestão do grupo inclui todos os
movimentos do coordenador em direção ao grupo na direção do objetivo. Serão,
portanto, os métodos de intervenção do terapeuta ocupacional, demonstrados por
meio da comunicação, do colocar-se entre externar-se concentrado, entendendo a
importância de estar e do fazer, buscando o conceito da ação.
Na gestão de um grupo, é também imprescindível que o coordenador se
mantenha atento às ocorrências dos fenômenos mentais peculiares do encontro
grupal. Ademais, necessita direcionar-se ao grupo estando ativo nas ações do grupo,
pois as intervenções são baseadas pela ação e comunicação, continuamente
ponderando os movimentos e os fenômenos transferenciais e contratransferenciais.
Na situação grupal, as transferências acontecem a partir de processos permanentes
de identificação projetiva e introjetiva. No caso de um grupo, a transferência ocorre a
partir do processo permanente de reconhecimento projetivo e introjetivo.
A transferência pode ser identificada como o seguinte processo: os desejos
inconscientes de um indivíduo são renovados sobre certos objetos em um certo tipo
de relação com eles e, especialmente, no âmbito de uma relação terapêutica.

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Um outro ponto a ser destacado quanto a gestão do grupo se refere à ideia de
estabelecer representantes dentro da equipe. Em outras palavras, pode-se citar que,
num grupo que se estabelece, a representação que os integrantes têm de si se
aprimora junto com as representações do grupo, que se produzem gradativamente.
Portanto, mesmo que um grupo de pessoas comungue o mesmo tempo e espaço, não
necessariamente concebe um grupo, pois sua existência implica uma compreensão
da unidade imaginária.
Nessa lógica, refletindo o processo vivenciado por um grupo em terapia
ocupacional, se almeja a suplantação da serialidade e a reocupação da essência do
fazer, da criatividade e da existência.

9 O COORDENADOR – SUA ATRIBUIÇÃO

A atribuição do terapeuta ocupacional coordenador de grupo é correlacionada


a diversos papéis, que se reflete de forma proeminente no planejamento, promoção e
coordenação. Como mencionado anteriormente, ações planejadas realizadas por
terapeutas ocupacionais e coordenadores de grupo integra:
A formação do grupo – considerando-se as características estruturais, os
objetivos, o número de participantes, etc.; O contrato terapêutico – considerando-se o
local e o tempo de atendimento, a especificidade da terapia ocupacional, que enfatiza
o fazer e a realização da atividade; A preparação do ambiente e dos recursos materiais
que poderão ser utilizados no atendimento. (CAVALCANTI & GALVÃO, 2007).
Como facilitador, o coordenador deve propiciar um espaço que favoreça a
criatividade.
Para exercer tal função, o terapeuta ocupacional deve estar pronto para ser
moderado, ter a habilidade de perceber as comunicações pré-verbais ou verbais do
grupo, desempenhando a função de holding.
Quando a situação de tratamento está relacionada ao atendimento grupal, o
papel do holding não é desempenhado apenas pelo coordenador do grupo, como
também pela matriz do grupo, sendo fundamental que esta compreenda as
necessidades do grupo. No grupo de terapia ocupacional, o holding associa-se às
reservas necessárias fornecidas pelo terapeuta ocupacional, incluindo não só

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emoções, mas também conteúdos relacionados à preparação do ambiente e materiais
que devem ser utilizados para a realização das atividades.
No que tange a função de coordenação atribuída ao terapeuta ocupacional, é
possivel dizer que está relacionada à intervenção por ele realizada. Portanto, a
intervenção e outras funções atribuídas (como planejamento, facilitação e
sobreposição de muitas outras funções) estão dinamicamente relacionadas entre si.

10 A FORMAÇÃO DO COORDENADOR

O uso de grupos como recurso para a terapia ocupacional tem exigido dos
profissionais um treinamento mais aprofundado nessa área.
Tendo em vista a situação atual da formação nessa área, verifica-se que os
cursos de terapia ocupacional em grupo de diferentes universidades brasileiras têm
sido realizados nas disciplinas específicas na graduação, e que experiências de pós-
formação, organizacionais ou não, estão se instituindo, ainda que lentamente.
No entanto, é necessário debater o caminho e alguns métodos (atuação em
supervisão, grupo de pesquisa, participação e assistência em grupo e treinamento
individual) para tornar a formação de mais qualidade e específica à sua
particularidade.

10.1 Supervisão

A supervisão pode ser entendida como uma forma especial de integrar


conhecimentos teóricos e práticos relevantes, que se caracteriza pelo processo de
ensino e aprendizagem. No campo da terapia ocupacional, a supervisão tem exercido
uma modalidade complementar de treinamento, que pode ser individual ou em grupo.
Ressalta-se, porém, a necessidade da supervisão da equipe na formação profissional
para o trabalho em grupo, pois diversos fenômenos vivenciados nessa situação
possibilitam a identificação do processo, a troca de experiências e a estimulação
contínua do processo de ensino.
Hahn descreveu diferentes métodos e técnicas de supervisão em terapia
ocupacional. Estes podem ser definidos como observação direta, discussão de caso

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clínico, revisão de caso clínico, discussão de questões institucionais, entre outros
(CAVALCANTI & GALVÃO, 2007).
A supervisão de grupo em terapia ocupacional diferencia-se da supervisão
instituída em outras esferas do conhecimento, visto que certos aspectos formam
dados singulares do campo de atuação. Assim, se enfatiza a relação terapeuta-
paciente-atividade definida no processo de terapia ocupacional e as extensões
específicas da ocupação humana. Destaca-se que a supervisão de grupo deve incluir
momentos de debate e reflexão acerca de questões relacionadas à atividade inserida
no grupo, a forma como os membros do grupo interagem com o processo da atividade,
o procedimento de análise da atividade, os materiais e equipamentos envolvidos na
produção, e na atividade, o conceito dos elementos expressos, o contexto de inserção
do grupo, a dinâmica do grupo, etc.
Geralmente, a experiência acumulada no processo de supervisão de grupo
pode promover o desenvolvimento de competências e habilidades, ao passo que
promove o amadurecimento das posturas profissionais, ampliando o conhecimento do
papel do terapeuta ocupacional como coordenador de grupo.

10.2 Grupos de Estudo

Se organizam ambientes de ensino, onde um grupo de pessoas tem encontros


sistemáticos sob a coordenação de um dos membros ou de um técnico convidado. O
objetivo principal é refletir, discutir e estudar determinados temas, neste caso, o foco
do tema se concentra nos conhecimentos relativos às abordagens grupais, as
dinâmicas de grupo, a experiência de participação no grupo de ensino e a
compreensão do referencial teórico-prático específico relacionado à terapia
ocupacional. Para alguns acadêmicos, um grupo formado com o objetivo de refletir
sobre sua própria experiência como grupo seria o ponto de partida do chamado grupo
de reflexão.

10.3 Acompanhamento e Participação de Grupo

Participar como observador ou co-terapeuta em um grupo torna possível


desfrutar de uma experiência de treinamento muito rica. O contato com a prática
clínica diária mostra que desafios e inquietudes vão surgindo gradativamente,
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portanto, a probabilidade de experienciar o espaço compartilhado com outro
profissional, sendo por vezes veterano, propicia uma análise e debate dos pontos
teóricos e práticos relacionados à dinâmica e aos processos da equipe,
engrandecendo a formação dos profissionais de forma processual.

10.4 Formação Pessoal

O processo de formação do terapeuta ocupacional circunda aspectos teóricos


quanto práticos, assim como aspectos relacionados à ocupação e à identidade
pessoal. Além de valorizar o espaço de formação acima mencionado (supervisão,
grupo de pesquisa, participação em grupo) e mudar seu nível de experiência para
caracterizar suas habilidades, a instrução individual também promove sobremaneira
os profissionais a realizarem a autorreflexão e a autoavaliação. Transforma o
processo de ensino em experiência de crescimento e maturidade profissional e
emocional.
Principalmente no campo da terapia ocupacional, é necessário ampliar
gradativamente o sistema de conhecimento de conceitos e técnicas relacionados a
grupos e métodos grupais para que o comportamento dos profissionais que utilizam
esse recurso seja subsidiado e fundamentado. A formação profissional e a
necessidade de realização de pesquisas nesta área têm sua importância evidenciada.
Como descrito por Schwartzberg (2002), é ilógico ver o terapeuta ocupacional
conduzindo grupos em seus atendimentos sem considerar as propriedades únicas do
grupo. Assim, é fundamental entendê-lo como um valioso recurso e instrumental
teórico-técnico, e não somente como um encontro aleatório de pessoas em que a ótica
econômica predomina.

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