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O QUE FAZ A TERAPIA

OCUPACIONAL
A terapia ocupacional beneficia pessoas de todas as faixas etárias e que tenham
alguma limitação ou incapacidade de realizar atividades do dia a dia. 

A terapia ocupacional beneficia pessoas de todas as faixas etárias e


que tenham alguma limitação ou incapacidade de realizar atividades
do dia a dia. 

Pense no seu dia a dia, e você vai perceber que ele é composto de uma
série de atividades que precisam de diferentes habilidades. Mesmo que
algumas delas pareçam muito simples, como escovar os dentes ou
vestir uma camisa, existem condições de saúde que impedem ou
dificultam sua realização adequada. O terapeuta ocupacional é o
profissional que busca ajudar o paciente a realizar atividades
cotidianas (ocupações) quando existem tais problemas. Essas
atividades incluem tarefas de autocuidado (higiene, alimentação e
vestuário); produtividade (trabalhar ou estudar); momentos de lazer
(esportes, dança e pintura, por exemplo) e atividades sociais em geral. 

O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito)


define a terapia ocupacional como uma “profissão de nível superior
voltada ao estudo, à prevenção e ao tratamento de indivíduos com
alterações cognitivas, afetivas, perceptivas e psico-motoras,
decorrentes ou não de distúrbios genéticos, traumáticos e/ou de
doenças adquiridas”. 

Os profissionais trabalham em diversos locais, como hospitais,


clínicas, ambulatórios e lares de idosos, mas não ficam restritos a
estabelecimentos de saúde. É comum haver pessoas que precisam da
sua ajuda em projetos sociais, escolas, empresas, casas de família, no
sistema prisional, entre outros. “O terapeuta ocupacional desempenha
papel primordial no âmbito da saúde coletiva, pois sua formação é
capacita a lidar com questões sociais, de reabilitação física e psíquica,
reintegração social e, a partir disso, contribuir para a promoção,
prevenção e recuperação daqueles que necessitam de cuidado”, afirma
Edna Mendonça, terapeuta ocupacional e doutoranda em saúde
coletiva no Instituto René Rachou (Fiocruz Minas). 

 
Quem precisa de cuidados de terapia ocupacional

A terapia ocupacional atende desde recém-nascidos até idosos.


“Qualquer pessoa que apresente alterações em seu desempenho
ocupacional e/ou tenha dificuldades para realizar atividades cotidianas
pode ser indicada para fazer terapia ocupacional”, explica Tatiana
Pedroso, terapeuta ocupacional da Rede Lucy Montoro.

Para Edna, a terapia ocupacional conecta pessoas ao que elas precisam


fazer ou ao que elas querem fazer. “É uma profissão que estuda o
fazer humano, a ocupação humana, considerando que o ser humano é
um ser ocupacional”, afirma. Como dissemos no início, pensamos
pouco na nossa vida dessa forma: como uma sequência de “fazer
coisas”. Veja abaixo exemplos de pacientes que comumente se
beneficiam com a assistência de um terapeuta ocupacional:

 Criança com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. O


terapeuta ocupacional estuda o desenvolvimento infantil e os
marcos do desenvolvimento. Com o brincar, ele pode estimular
as partes motora, sensorial e neurológica da criança. Mas não
somente um brincar aleatório. Ele direciona brinquedos e
atividades conforme a idade e a necessidade de cada paciente.
Em um bebê de poucos meses com atraso no desenvolvimento,
por exemplo, é preciso estimular sentidos como a visão e a
audição, além do controle do pescoço e o movimento de se
virar;

 Adulto que sofreu um acidente e teve a sua mão amputada. O


terapeuta ocupacional cria soluções para que esse paciente
possa realizar tarefas simples do seu cotidiano com apenas
uma mão: comer, beber, se vestir, escovar os dentes, pentear o
cabelo, tomar banho, ir ao banco, mexer no computador ou
qualquer outra atividade ou trabalho que ele necessite ou
queira fazer. O objetivo é que o paciente possa executar suas
atividades independentemente de sua condição física.

 Pessoa que sofre de algum transtorno mental, como


a depressão. Nesse caso, o terapeuta ocupacional trabalha no
desenvolvimento de uma rotina de atividades diárias que seja
satisfatória e crie um senso de propósito para o paciente,
aumentando sua autoconfiança, autoestima e independência.
O profissional pode ajudá-lo em tarefas simples de
autocuidado, identificar e aprimorar habilidades que
aumentem suas chances de conseguir um emprego e propor
novas maneiras para que ele ocupe seu tempo de forma
prazerosa. 

 
Melhora na autonomia dos pacientes e avaliação individualizada

O terapeuta ocupacional trabalha a partir das habilidades e limitações


de cada pessoa, criando junto do paciente novas formas de fazer o que
ele quer e precisa, com a maior autonomia e independência possíveis.
“As estratégias podem ser desde uma modificação no modo de realizar
uma atividade para evitar sobrecarga de uma articulação, por exemplo,
até o planejamento abrangente de como executar uma atividade para
realizá-la da forma mais eficiente possível. Em alguns casos, podem
ser necessárias adaptações para realizar tais atividades. Essas
adaptações podem ser indicadas e elaboradas pelo terapeuta
ocupacional, seja com um equipamento de tecnologia assistiva, como
órteses e cadeiras de rodas, seja com modificações ambientais para
facilitar a funcionalidade e participação nas atividades”, explica
Tatiana. 

O histórico ocupacional do paciente também é fundamental. O


terapeuta vai rastrear as atividades que a pessoa já fazia ao longo da
vida, sem focar apenas na sua doença ou condição limitante: Se for
uma criança, ele procura saber quais são suas brincadeiras preferidas,
o que ela gosta de fazer; se for um adulto ou idoso, com o que ele
trabalha ou já trabalhou e o que há de importante em sua vida. “A
gente vai explorar quais são os interesses, as habilidades e a reserva de
saúde de cada pessoa, o que vai muito além de olhar para a doença, as
limitações e incapacidades. É a partir desse ponto que a gente se
conecta e resgata, constrói ou insere na sua rotina, atividades
necessárias ao desejo de cada um. Tem que fazer sentido para a
pessoa”, afirma Edna. 

Veja também: Paralisia cerebral pode afetar desenvolvimento


motor e cognitivo

O nível de autonomia é diferente dentro da realidade de cada um. Por


isso, o profissional deve ter um olhar individualizado e fazer uma
avaliação que leve em conta contexto de vida, idade, histórico
ocupacional, desenvolvimento e objetivos do paciente. 

É preciso ter criatividade e pensar em novas formas de ajudar o


paciente. “O terapeuta ocupacional se questiona: ‘Como posso ajudar
essa pessoa a ter uma vida melhor?’”, explica Edna. Para isso, é
preciso entender o que impede e o que ajuda a pessoa a executar
determinada atividade. “Temos terapeutas ocupacionais fazendo
treinos de uso de transporte público com usuários com necessidades
especiais, por exemplo. Cada história, contexto e modo de fazer é
diferente e pedirá uma intervenção personalizada.” 

 
Diferença entre terapia ocupacional e fisioterapia

Existe uma certa confusão a respeito da terapia ocupacional e da


fisioterapia, pois muitos pacientes são atendidos por profissionais de
ambas as áreas. As profissões compartilham o mesmo conselho de
classe, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, mas
existem muito mais diferenças que semelhanças. 

O trabalho do fisioterapeuta é focado na prevenção e reabilitação de


pessoas com distúrbios do movimento, ou seja, o fisioterapeuta pode
atender, por exemplo, pacientes com deficiências (sejam de natureza
cardíaca, respiratória, neurológica ou qualquer outra) que tenham sua
capacidade motora afetada. Já a terapia ocupacional é focada na
ocupação humana. “Nossos objetos de trabalho e nossos objetivos são
completamente diferentes. Se o paciente tiver um comprometimento
motor que também interfere na parte ocupacional, os profissionais
podem contribuir e trabalhar juntos. Mas há casos em que a terapia
ocupacional não tem nada a ver com a fisioterapia, como os casos de
pessoas com transtornos mentais, por exemplo”, explica a terapeuta
ocupacional Edna Mendonça. 

Segundo ela, também há terapeutas ocupacionais atuando em


planejamento de vida, atendendo pessoas relativamente jovens e que
ainda têm muita saúde, mas que por algum motivo já estão em fase de
aposentadoria. Nessas situações, o profissional faz um planejamento
de acordo com as necessidades e os os desejos da pessoa naquele
momento. “A terapia ocupacional não trabalha só focada em saúde,
tem uma inserção muito grande na educação e na área social. É uma
profissão de nível superior fundamental para a sociedade, mas que
ainda não alcançou o devido reconhecimento”, completa  Edna.

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