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PRÁTICAS INCLUSIVAS

PARA FORMAÇÃO DE
PROFESSORES

ETAPA 2
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br

Curso sobre Práticas Inclusivas para Formação de Professores


Centro Universitário Leonardo da Vinci

Coordenação
Ana Clarisse Alencar Barbosa

Autora
Carolina dos Santos Maiola

Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch

Pró-Reitoria de Ensino de Graduação a Distância


Prof.ª Francieli Stano Torres

Pró-Reitor Operacional de Ensino de Graduação a Distância


Prof. Hermínio Kloch

Diagramação e Capa
Letícia Vitorino Jorge

Revisão
Fabiana Lange Brandes
Suellen Cardoso de Lima
APRESENTAÇÃO

Por um longo período histórico, a pessoa com deficiência esteve às margens


da escolarização e percebemos nesta caminhada movimentos para a criação de leis
na tentativa de reconfigurar a inserção da pessoa com deficiência no ensino comum.
A educação inclusiva é um movimento ainda em construção e que necessita de um
constante repensar sobre as políticas públicas e as práticas pedagógicas nas escolas

Neste capítulo você estudará sobre as principais leis e documentos norteadores da


Educação Especial, notas técnicas e os programas e ações de apoio ao desenvolvimento
inclusivo dos sistemas de ensino.
2 PRÁTICAS INCLUSIVAS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
1 DA CONFERÊNCIA DE JOMTIEN À POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO
ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA – CAMINHOS
TRILHADOS...

A partir do século XX, movimentos sociais de luta contra todas as formas de


discriminação se tornaram mais intensas e a importância do exercício de cidadania das
pessoas com deficiência surge, em nível mundial, através da defesa de uma sociedade
mais inclusiva.

Ainda marcado por práticas de categorização e segregação, fortalece-se a crítica a


essas ações, questionando-se os modelos de ensino e aprendizagem homogeneizadores.

A Constituição Federal de 1988, traz como seus objetivos fundamentais “promover


o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação” (art.3º, inciso IV). Define, no artigo 205, a educação como um
direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania
e a qualificação para o trabalho. No seu artigo, 206, inciso I, estabelece “igualdade de
condições de acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o ensino
e garante como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado,
preferencialmente na rede regular de ensino (art.208). Mesmo diante desta exposição
clara relatada pela Constituição, não foi suficiente para garantir a igualdade de direitos
e de oportunidades as pessoas com deficiência no contexto da educação comum.

Na tentativa de enfrentar esses desafios e de se pensar em ações capazes de


superar esses processos históricos de exclusão, conferências importantes aconteceram,
e delas, novos documentos norteadores de políticas públicas foram criados. Veja alguns
especificados a seguir.

1.1 CONFERÊNCIA MUNDIAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS: JOMTIEN



A Conferência Mundial de Educação para Todos aconteceu na cidade de
Jomtien, na Tailândia, em 1990. Neste encontro, evidenciou-se os altos índices de
crianças, adolescentes e jovens sem escolarização, objetivando assim, a promoção de
transformações nos sistemas de ensino e o acesso e permanência de todos na escola.

Deste encontro, surge um plano de ação (Declaração de Jomtien), do qual


participaram representantes de governos e organizações não-governamentais (ONGs),
com o intuito de garantir as necessidades básicas da aprendizagem de todas as crianças,
jovens e adultos. Essas necessidades básicas compreendem tanto os instrumentos
essenciais para a aprendizagem como a leitura, a escrita, a expressão oral, o cálculo,
a solução de problemas; quanto a aquisição de conhecimentos, habilidades, valores e

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PRÁTICAS INCLUSIVAS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES 3

atitudes necessários para que os seres humanos possam sobreviver e se desenvolver


plenamente. Ao mencionar as pessoas com deficiência, ele assim refere em seu Artigo
3º - Universalizar o acesso à educação e promover a equidade:

1. A educação básica deve ser proporcionada a todas as crianças, jovens e


adultos. Para tanto, é necessário universalizá-la e melhorar sua qualidade, bem
como tomar medidas efetivas para reduzir as desigualdades.
2. Para que a educação básica se torne equitativa, é mister oferecer a todas as
crianças, jovens e adultos, a oportunidade de alcançar e manter um padrão
mínimo de qualidade da aprendizagem.
[...]
5. As necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de defi-
ciências requerem atenção especial. É preciso tomar medidas que garantam
a igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de
deficiência, como parte integrante do sistema educativo.

Os países que participaram desta Conferência foram incentivados a elaborar


Planos Decenais, em que as diretrizes e metas do Plano de Ação da Conferência fossem
contempladas. No Brasil, o Ministério da Educação divulgou o Plano Decenal de
Educação Para Todos para o período de 1993 a 2003, elaborado em cumprimento às
resoluções da Conferência. Este plano, marca a aceitação formal, do Governo Federal,
das propostas formuladas nos foros internacionais para a melhoria da educação básica.

Diante disso, podemos considerar que a Conferência de Jomtien foi um marco


político e conceitual na educação ao reafirmar a necessidade de que todos dominem os
conhecimentos indispensáveis à compreensão do mundo em que vivem, recomendando
a todos os países participantes que se empenhem nesse movimento.

1.2 CONFERÊNCIA MUNDIAL DE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS:


ACESSO E QUALIDADE. DECLARAÇÃO DE SALAMANCA

A Conferência Mundial de Necessidade Educativas Especiais: Acesso e Qualidade


foi realizada pela UNESCO em 1994, na cidade de Salamanca, na Espanha, com a
participação de 92 governos e 25 organizações internacionais, cujo objetivo consistiu
na discussão sobre a escola não acessível a todos os estudantes.

A partir dessas discussões sobre as práticas educacionais e a desigualdade social,


surge o documento denominado Declaração de Salamanca e Linhas de Ação sobre
Necessidades Educativas Especiais, onde se evidencia a necessidade de se combater as
atitudes discriminatórias, conforme vemos em Brasil (1997):

O princípio fundamental desta Linha de Ação é de que as escolas devem acolher


todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais,
sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Devem acolher crianças com defi-
ciência e crianças bem-dotadas; crianças que vivem nas ruas e que trabalham;
crianças de populações distantes ou nômades; crianças de minorias linguísticas,
étnicos ou culturais e crianças de outros grupos e zonas desfavorecidas ou

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marginalizados (p.17 e 18)

Para conhecimento, selecionamos alguns dos itens discutidos nesse documento,
que nos mostram as ações indicadas para uma perspectiva de educação para todos. Ele
perpassa pelo âmbito tanto dos conceitos da educação especial, quanto sobre a estrutura
escolar, profissionais envolvidos, capacitação, recursos financeiros, participação da
família, mercado de trabalho e outros. Seguem alguns recortes do documento pertinentes
para nosso estudo e compreensão:

Assim, proclama-se que:

2
• toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade
de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem;
• toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de
aprendizagem que são únicas;
• sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam
ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais
características e necessidades;
• aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular,
que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de
satisfazer a tais necessidades;
• escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais
eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras,
construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso,
tais escolas proveem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a
eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional.

Propondo a todos os governos que:

3
• atribuam a mais alta prioridade política e financeira ao aprimoramento de seus
sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluírem todas as crianças,
independentemente de suas diferenças ou dificuldades individuais;
• adotem o princípio de educação inclusiva em forma de lei ou de política,
matriculando todas as crianças em escolas regulares, a menos que existam fortes
razões para agir de outra forma;
• desenvolvam projetos de demonstração e encorajem intercâmbios em países que
possuam experiências de escolarização inclusiva;
• estabeleçam mecanismos participatórios e descentralizados para planejamento,

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revisão e avaliação de provisão educacional para crianças e adultos com necessidades


educacionais especiais;
• encorajem e facilitem a participação de pais, comunidades e organizações de pessoas
portadoras de deficiências nos processos de planejamento e tomada de decisão
concernentes à provisão de serviços para necessidades educacionais especiais;
• invistam maiores esforços em estratégias de identificação e intervenção precoces,
bem como nos aspectos vocacionais da educação inclusiva;
• garantam que, no contexto de uma mudança sistêmica, programas de treinamento
de professores, tanto em serviço como durante a formação, incluam a provisão de
educação especial dentro das escolas inclusivas.

Na estrutura de ação, esclarece como termos:

[...] "necessidades educacionais especiais" refere-se a todas aquelas crianças ou


jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em função de deficiências
ou dificuldades de aprendizagem. Muitas crianças experimentam dificuldades de
aprendizagem e, portanto, possuem necessidades educacionais especiais em algum
ponto durante a sua escolarização. Escolas devem buscar formas de educar tais crianças
bem-sucedidamente, incluindo aquelas que possuam desvantagens severas. Existe um
consenso emergente de que crianças e jovens com necessidades educacionais especiais
devam ser incluídas em arranjos educacionais feitos para a maioria das crianças.

E reforça a importância da Educação Inclusiva:

6 [...] O desafio que confronta a escola inclusiva é no que diz respeito ao


desenvolvimento de uma pedagogia centrada na criança e capaz de bem-sucedidamente
educar todas as crianças, incluindo aquelas que possuam desvantagens severas.
O mérito de tais escolas não reside somente no fato de que elas sejam capazes de
prover uma educação de alta qualidade a todas as crianças: o estabelecimento de tais
escolas é um passo crucial no sentido de modificar atitudes discriminatórias, de criar
comunidades acolhedoras e de desenvolver uma sociedade inclusiva.

[...]

7 Princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças devem


aprender juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer dificuldades
ou diferenças que elas possam ter. Escolas inclusivas devem reconhecer e responder

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6 PRÁTICAS INCLUSIVAS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

às necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de


aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de um
currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de recurso
e parceria com as comunidades. Na verdade, deveria existir uma continuidade de
serviços e apoio proporcional ao contínuo de necessidades especiais encontradas
dentro da escola.

8 Dentro das escolas inclusivas, crianças com necessidades educacionais


especiais deveriam receber qualquer suporte extra requerido para assegurar uma
educação efetiva. Educação inclusiva é o modo mais eficaz para construção de
solidariedade entre crianças com necessidades educacionais especiais e seus colegas.
O encaminhamento de crianças a escolas especiais ou a classes especiais ou a sessões
especiais dentro da escola em caráter permanente, deveriam constituir exceções,
a ser recomendado somente naqueles casos infrequentes onde fique claramente
demonstrado que a educação na classe regular seja incapaz de atender às necessidades
educacionais ou sociais da criança, ou quando sejam requisitados em nome do bem-
estar da criança ou de outras crianças.

Da política e organização:

16 Políticas educacionais em todos os níveis, do nacional ao local, deveriam


estipular que a criança portadora de deficiência deveria frequentar a escola de sua
vizinhança: ou seja, a escola que seria frequentada caso a criança não portasse nenhuma
deficiência. Exceções à esta regra deveriam ser consideradas individualmente, caso por
caso, em casos em que a educação em instituição especial seja requerida.

17 A prática de desmarginalização de crianças portadoras de deficiência deveria


ser parte integrante de planos nacionais que objetivem atingir educação para todos.
Mesmo naqueles casos excepcionais em que crianças sejam colocadas em escolas
especiais, a educação dela não precisa ser inteiramente segregada. Frequência em
regime não-integral nas escolas regulares deveria ser encorajada. Provisões necessárias
deveriam também ser feitas no sentido de assegurar inclusão de jovens e adultos com
necessidade especiais em educação secundária e superior bem como em programa de
treinamento. Atenção especial deveria ser dada à garantia da igualdade de acesso e
oportunidade para meninas e mulheres portadoras de deficiências.

18 Atenção especial deveria ser prestada às necessidades das crianças e jovens


com deficiências múltiplas ou severas. Eles possuem os mesmos direitos que outros
na comunidade, à obtenção de máxima independência na vida adulta e deveriam ser
educados neste sentido, ao máximo de seus potenciais.

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[...]

19 Políticas educacionais deveriam levar em total consideração as diferenças e


situações individuais. A importância da linguagem de signos como meio de comunicação
entre os surdos, por exemplo, deveria ser reconhecida e provisão deveria ser feita no
sentido de garantir que todas as pessoas surdas tenham acesso à educação em sua língua
nacional de signos. Devido às necessidades particulares de comunicação dos surdos e
das pessoas surdas/cegas, a educação deles pode ser mais adequadamente provida em
escolas especiais ou classes especiais e unidades em escolas regulares.

[...]

26 O currículo deveria ser adaptado às necessidades das crianças, e não vice-versa.


Escolas deveriam, portanto, prover oportunidades curriculares que sejam apropriadas
à criança com habilidades e interesses diferentes.

27 Crianças com necessidades especiais deveriam receber apoio instrucional


adicional no contexto do currículo regular, e não de um currículo diferente. O princípio
regulador deveria ser o de providenciar a mesma educação a todas as crianças, e também
prover assistência adicional e apoio às crianças que assim o requeiram.

[...]

29 Para que o progresso da criança seja acompanhado, formas de avaliação


deveriam ser revistas. Avaliação formativa deveria ser incorporada no processo
educacional regular no sentido de manter alunos e professores informados do controle
da aprendizagem adquirida, bem como no sentido de identificar dificuldades e auxiliar
os alunos a superá-las.

30 Para crianças com necessidades educacionais especiais, uma rede contínua de


apoio deveria ser providenciada, com variação desde a ajuda mínima na classe regular
até programas adicionais de apoio à aprendizagem dentro da escola e expandindo,
conforme necessário, à provisão de assistência dada por professores especializados e
pessoal de apoio externo.

31 Tecnologia apropriada e viável deveria ser usada, quando necessário, para


aprimorar a taxa de sucesso no currículo da escola e para ajudar na comunicação,
mobilidade e aprendizagem. Auxílios técnicos podem ser oferecidos de modo mais
econômico e efetivo se eles forem providos a partir de uma associação central em cada
localidade, onde haja know-how que possibilite a conjugação de necessidades individuais
e assegure a manutenção.

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Ainda, sobre a Administração da escolar:

34 Diretores de escola têm a responsabilidade especial de promover atitudes


positivas através da comunidade escolar e via arranjando uma cooperação efetiva
entre professores de classe e pessoal de apoio. Arranjos apropriados para o apoio e
o exato papel a ser assumido pelos vários parceiros no processo educacional deveria
ser decidido através de consultoria e negociação.

35 Cada escola deveria ser uma comunidade coletivamente responsável pelo


sucesso ou fracasso de cada estudante. O grupo de educadores, ao invés de professores
individualmente, deveria dividir a responsabilidade pela educação de crianças
com necessidades especiais. Pais e voluntários deveriam ser convidados assumir
participação ativa no trabalho da escola. Professores, no entanto, possuem um papel
fundamental enquanto administradores do processo educacional, apoiando as crianças
através do uso de recursos disponíveis, tanto dentro como fora da sala de aula.

Recomenda a participação dos alunos com deficiência nas áreas prioritárias de


atendimento:

Educação Infantil:

51 O sucesso de escolas inclusivas depende em muito da identificação precoce,


avaliação e estimulação de crianças pré-escolares com necessidades educacionais
especiais. Assistência infantil e programas educacionais para crianças até a idade
de 6 anos deveriam ser desenvolvidos e/ou reorientados no sentido de promover
o desenvolvimento físico, intelectual e social e a prontidão para a escolarização.
Tais programas possuem um grande valor econômico para o indivíduo, a família
e a sociedade na prevenção do agravamento de condições que inabilitam a criança.
Programas neste nível deveriam reconhecer o princípio da inclusão e ser desenvolvidos
de uma maneira abrangente, através da combinação de atividades pré-escolares e
saúde infantil.

Preparação para a Vida Adulta

53 Jovens com necessidades educacionais especiais deveriam ser auxiliados no


sentido de realizarem uma transição efetiva da escola para o trabalho. Escolas deveriam
auxiliá-los a se tornarem economicamente ativos e provê-los com as habilidades
necessárias ao cotidiano da vida, oferecendo treinamento em habilidades que
correspondam às demandas sociais e de comunicação e às expectativas da vida adulta.

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Isto implica em tecnologias adequadas de treinamento, incluindo experiências diretas


em situações da vida real, fora da escola. O currículo para estudantes mais maduros
e com necessidades educacionais especiais deveria incluir programas específicos
de transição, apoio de entrada para a educação superior sempre que possível e,
consequente, treinamento vocacional que os prepare a funcionar independentemente
enquanto membros contribuintes em suas comunidades e após o término da
escolarização. Tais atividades deveriam ser levadas a cabo com o envolvimento ativo
de aconselhadores vocacionais, oficinas de trabalho, associações de profissionais,
autoridades locais e seus respectivos serviços e agências.

[...]

Educação de Adultos e Estudos Posteriores

55 Pessoas portadoras de deficiências deveriam receber atenção especial quanto


ao desenvolvimento e implementação de programas de educação de adultos e de
estudos posteriores. Pessoas portadoras de deficiências deveriam receber prioridade
de acesso aos tais programas. Cursos especiais também poderiam ser desenvolvidos
no sentido de atenderem às necessidades e condições de diferentes grupos de adultos
portadores de deficiência.

Enfatiza a participação da família e comunidade:

57 A educação de crianças com necessidades educacionais especiais é uma


tarefa a ser dividida entre pais e profissionais. Uma atitude positiva da parte dos
pais favorece a integração escolar e social. Pais necessitam de apoio para que possam
assumir seus papéis de pais de uma criança com necessidades especiais. O papel
das famílias e dos pais deveria ser aprimorado através da provisão de informação
necessária em linguagem clara e simples; ou enfoque na urgência de informação e
de treinamento em habilidades paternas constitui uma tarefa importante em culturas
onde a tradição de escolarização seja pouca.

58 Pais constituem parceiros privilegiados no que concerne às necessidades


especiais de suas crianças, e desta maneira eles deveriam, o máximo possível, ter a
chance de poder escolher o tipo de provisão educacional que eles desejam para suas
crianças.

59 Uma parceria cooperativa e de apoio entre administradores escolares,


professores e pais deveria ser desenvolvida e pais deveriam ser considerados enquanto

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parceiros ativos nos processos de tomada de decisão. Pais deveriam ser encorajados
a participar em atividades educacionais em casa e na escola (onde eles poderiam
observar técnicas efetivas e aprender como organizar atividades extracurriculares),
bem como na supervisão e apoio à aprendizagem de suas crianças.

FONTE: Procedimentos-Padrões das Nações Unidas para a Equalização de Oportunidades para


Pessoas Portadoras de Deficiências, A/RES/48/96, Resolução das Nações Unidas adotada
em Assembleia Geral.

Referência: Declaração de Salamanca

A Declaração de Salamanca foi um documento fundamental para impulsionar


novas práticas educacionais que beneficiassem as pessoas com deficiência, valorizando
a busca pelo repensar do espaço escolar e os rumos da educação especial, a fim de
assegurar condições de acesso, participação e aprendizagem de todos, concebendo a
escola como uma instituição que reconhece as diferenças.

1.3 POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL

A Política Nacional de Educação Especial de 1994, ficou conhecida como um


documento que veio na contramão dos movimentos de educação para todos. Utilizou
como foco o paradigma ainda integracionista, dando ênfase ao modelo clínico de
deficiência e o caráter incapacitante dessas pessoas, criando-se barreiras de impedimento
para sua inclusão educacional e social.

Este documento delineia as modalidades de atendimento em educação especial,


dispondo as escolas e classes especiais, atendimento domiciliar, classe hospitalar e sala
de recursos, ensino itinerante, estimulação essencial e as classes regulares.

Mantém a estrutura paralela e substitutiva da educação especial e o acesso da


pessoa com deficiência ao ensino comum condicionado ao seu nível de aprendizagem
e a sua capacidade de acompanhar o ritmo da turma onde estará inserido. Conforme
nos mostra Brasil (1994),

Ambiente dito regular de ensino/aprendizagem, no qual também, são matricu-


lados, em processo de integração instrucional, os portadores de necessidades
especiais que possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades
curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos
ditos normais (p.19).

Diante dessa configuração política, dá-se continuidade às práticas tradicionais


que justificam a segregação em razão da deficiência.

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1.4 LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL – LDB 9.394 (1996)



A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional retoma o processo de
políticas públicas para a escolarização da pessoa com deficiência, com respaldo no
caráter substitutivo da educação especial, mesmo que ainda expresse a necessidade de
atendimento às especificidades desta clientela inserida na escola comum. Caracteriza-se
assim, a Educação Especial como uma modalidade de educação escolar e cita o “local”
que preferencialmente ela deve acontecer, ou seja, no ensino comum.

Outro aspecto relevante do texto da lei é de que se preconiza que os sistemas de


ensino devam assegurar aos estudantes currículo, métodos e recursos para atender suas
necessidades específicas. Para melhor compreensão, realizamos um recorte da LDB que
trata com detalhes sobre a Educação Especial. Veja:

CAPÍTULO V

DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Art. 58. Entende-se por educação especial, para efeitos desta Lei, a modalidade
de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para
educandos portadores de necessidades especiais.
§ 1º  Haverá, quando necessário, serviços de apoio, especializado, na escola
regular, para atender às peculiaridades da clientela da educação especial.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços
especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for
possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.
§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início
na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades
especiais:
I  – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicas, para
atender Às suas necessidades;
II  – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível
exigido para conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e
aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;
III  – professores com especialização adequada em nível médio ou superior,
para atendimento especializado, bem como os professores do ensino
regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;
IV  – educação especial para o trabalho, visando sua efetiva integração na
vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem  
capacidade de inserção no mercado de trabalho competitivo, mediante

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12 PRÁTICAS INCLUSIVAS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam
uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;
V  – acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis
para o respectivo nível do ensino regular.
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios
de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializados e com
atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro para
o Poder Público.

1.5 CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

A Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência outorgada pela ONU
em 2006 e ratificada pelo Brasil através do decreto Legislativo 186/2008 e Executivo
6949/2009, altera o conceito de deficiência ao considerar que:

Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de
natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas
barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdade de condições com as demais pessoas (ONU, Art. 1).

E no seu Artigo 24 ao qual refere-se à Educação, destaca:

1 Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência à educação. Para
efetivar esse direito sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades,
os Estados Partes assegurarão sistema educacional inclusivo em todos os níveis,
bem como o aprendizado ao longo de toda a vida, com os seguintes objetivos:
a) O pleno desenvolvimento do potencial humano e do senso de dignidade e
autoestima, além do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos, pelas
liberdades fundamentais e pela diversidade humana.
b) O máximo desenvolvimento possível da personalidade e dos talentos e da
criatividade das pessoas com deficiência, assim como de suas habilidades físicas
e intelectuais.
c) A participação efetiva das pessoas com deficiência em uma sociedade livre. 
2 Para a realização desse direito, os Estados Partes assegurarão que:
a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional geral sob
alegação de deficiência e que as crianças com deficiência não sejam excluídas do
ensino primário gratuito e compulsório ou do ensino secundário, sob alegação de
deficiência.
b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino primário inclusivo, de
qualidade e gratuito, e ao ensino secundário, em igualdade de condições com as
demais pessoas na comunidade em que vivem.

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PRÁTICAS INCLUSIVAS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES 13

c) Adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais sejam


providenciadas.
d) As pessoas com deficiência recebam o apoio necessário, no âmbito do sistema
educacional geral, com vistas a facilitar sua efetiva educação.
e) Medidas de apoio individualizadas e efetivas sejam adotadas em ambientes que
maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta de
inclusão plena. 
3 Os Estados Partes assegurarão às pessoas com deficiência a possibilidade de adquirir
as competências práticas e sociais necessárias de modo a facilitar às pessoas com
deficiência sua plena e igual participação no sistema de ensino e na vida em
comunidade. Para tanto, os Estados Partes tomarão medidas apropriadas, incluindo:
a) Facilitação do aprendizado do braile, escrita alternativa, modos, meios e formatos de
comunicação aumentativa e alternativa, e habilidades de orientação e mobilidade,
além de facilitação do apoio e aconselhamento de pares.
b) Facilitação do aprendizado da língua de sinais e promoção da identidade linguística
da comunidade surda.
c) Garantia de que a educação de pessoas, em particular crianças cegas, surdocegas
e surdas, seja ministrada nas línguas e nos modos e meios de comunicação
mais adequados ao indivíduo e em ambientes que favoreçam ao máximo seu
desenvolvimento acadêmico e social. 
4 A fim de contribuir para o exercício desse direito, os Estados Partes tomarão medidas
apropriadas para empregar professores, inclusive professores com deficiência,
habilitados para o ensino da língua de sinais e/ou do braile, e para capacitar
profissionais e equipes atuantes em todos os níveis de ensino. Essa capacitação
incorporará a conscientização da deficiência e a utilização de modos, meios e
formatos apropriados de comunicação aumentativa e alternativa, e técnicas e
materiais pedagógicos, como apoios para pessoas com deficiência. 
5 Os Estados Partes assegurarão que as pessoas com deficiência possam ter acesso
ao Ensino Superior em geral, treinamento profissional de acordo com sua vocação,
educação para adultos e formação continuada, sem discriminação e em igualdade
de condições. Para tanto, os Estados Partes assegurarão a provisão de adaptações
razoáveis para pessoas com deficiência. 

Podemos ainda destacar como marco político e educacional a promulgação da Lei


nº 10.436/02 que reconhece a Língua Brasileira de Sinais como meio legal de comunicação
e expressão, determinando que sejam garantidas formas institucionalizadas de apoiar
seu uso e difusão, bem como a inclusão da disciplina de Libras como parte integrante
do currículo nos cursos de formação de professores e de fonoaudiologia.

E ainda, a Portaria nº 2.678/02 que aprova as diretrizes e normas para o uso, o

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14 PRÁTICAS INCLUSIVAS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

ensino, a produção e a difusão do Sistema Braile em todas as modalidades de ensino,


compreendendo o projeto da Grafia Braile para a Língua Portuguesa e a recomendação
para o seu uso em todo o território nacional.

Diante do proposto, impulsiona-se o processo de elaboração e desenvolvimento


de propostas educacionais para assegurar o acesso, participação e permanência de todos
os alunos no ensino regular.

2 A POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA


EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva,


de 2008, trouxe novas concepções às atuações da educação especial, pois sua tarefa passa
a ser de complementar a formação dos alunos com deficiência, com foco no ensino e
aprendizagem, recursos de acessibilidade, permanência e participação de sua clientela
no contexto do ensino comum.

O documento apresenta os marcos históricos e normativos da Educação Especial


no Brasil e no Mundo, detalha o Diagnóstico da Educação Especial, pontua os objetivos
dessa política e cria diretrizes de atendimento.

Devido à importância desta política e as influências que ela nos trouxe as práticas
de educação inclusiva no nosso país, realizamos um recorte do texto, enfatizando
algumas partes pertinentes ao nosso estudo e entendimento. Veja:

IV – Objetivo da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação


Inclusiva

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação


Inclusiva tem como objetivo o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação
nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino para promover respostas às
necessidades educacionais especiais, garantindo:

• Transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação


superior.
• Atendimento educacional especializado.
• Continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino.
• Formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais
profissionais da educação para a inclusão escolar.

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PRÁTICAS INCLUSIVAS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES 15

• Participação da família e da comunidade.


• Acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos
transportes, na comunicação e informação; e
• Articulação intersetorial na implementação das políticas públicas.
V – Alunos atendidos pela Educação Especial

[...]

Na perspectiva da educação inclusiva, a educação especial passa a


integrar a proposta pedagógica da escola regular, promovendo o atendimento às
necessidades educacionais especiais de alunos com deficiência, transtornos globais
de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Nestes casos e outros, que
implicam em transtornos funcionais específicos, a educação especial atua de forma
articulada com o ensino comum, orientando para o atendimento às necessidades
educacionais especiais desses alunos.

A educação especial direciona suas ações para o atendimento às especificidades


desses alunos no processo educacional e, no âmbito de uma atuação mais ampla na
escola, orienta a organização de redes de apoio, a formação continuada, a identificação
de recursos, serviços e o desenvolvimento de práticas colaborativas.

[...]

A partir dessa conceituação, considera-se pessoa com deficiência aquela que


tem impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental ou sensorial que, em
interação com diversas barreiras, podem ter restringida sua participação plena e efetiva
na escola e na sociedade. Os alunos com transtornos globais do desenvolvimento
são aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas
e na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e
repetitivo. Incluem-se nesse grupo alunos com autismo, síndromes do espectro do
autismo e psicose infantil. Alunos com altas habilidades/superdotação demonstram
potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas:
intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além de apresentar grande
criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu
interesse.

VI – Diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação


Inclusiva

A educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os


níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado,

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16 PRÁTICAS INCLUSIVAS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

disponibiliza os recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no processo de


ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular.

O atendimento educacional especializado tem como função identificar, elaborar


e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para
a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. As
atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se
daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização.
Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à
autonomia e independência na escola e fora dela.

Dentre as atividades de atendimento educacional especializado, são


disponibilizados programas de enriquecimento curricular, o ensino de linguagens
e códigos específicos de comunicação e sinalização e tecnologia assistiva. Ao longo
de todo o processo de escolarização, esse atendimento deve estar articulado com a
proposta pedagógica do ensino comum. O atendimento educacional especializado é
acompanhado por meio de instrumentos que possibilitem monitoramento e avaliação
da oferta realizada nas escolas da rede pública e nos centros de atendimento educacional
especializados públicos ou conveniados.

O acesso à educação tem início na educação infantil, na qual se desenvolvem


as bases necessárias para a construção do conhecimento e desenvolvimento global
do aluno. Nessa etapa, o lúdico, o acesso às formas diferenciadas de comunicação, a
riqueza de estímulos nos aspectos físicos, emocionais, cognitivos, psicomotores e sociais
e a convivência com as diferenças favorecem as relações interpessoais, o respeito e a
valorização da criança.

Do nascimento aos três anos, o atendimento educacional especializado se


expressa por meio de serviços de estimulação precoce, que objetivam otimizar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviços de saúde e
assistência social. Em todas as etapas e modalidades da educação básica, o atendimento
educacional especializado é organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos,
constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensino. Deve ser realizado no turno
inverso ao da classe comum, na própria escola ou centro especializado que realize esse
serviço educacional. Desse modo, na modalidade de educação de jovens e adultos
e educação profissional, as ações da educação especial possibilitam a ampliação de
oportunidades de escolarização, formação para ingresso no mundo do trabalho e
efetiva participação social.

A interface da educação especial na educação indígena, do campo e quilombola

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PRÁTICAS INCLUSIVAS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES 17

deve assegurar que os recursos, serviços e atendimento educacional especializado


estejam presentes nos projetos pedagógicos construídos com base nas diferenças
socioculturais desses grupos.

Na educação superior, a educação especial se efetiva por meio de ações


que promovam o acesso, a permanência e a participação dos alunos. Estas ações
envolvem o planejamento e a organização de recursos e serviços para a promoção
da acessibilidade arquitetônica, nas comunicações, nos sistemas de informação, nos
materiais didáticos e pedagógicos, que devem ser disponibilizados nos processos
seletivos e no desenvolvimento de todas as atividades que envolvam o ensino, a
pesquisa e a extensão. Para o ingresso dos alunos surdos nas escolas comuns, a
educação bilíngue – Língua Portuguesa/Libras desenvolve o ensino escolar na Língua
Portuguesa e na língua de sinais, o ensino da Língua Portuguesa como segunda língua
na modalidade escrita para alunos surdos, os serviços de tradutor/intérprete de Libras
e Língua Portuguesa, e o ensino da Libras para os demais alunos da escola.

O atendimento educacional especializado para esses alunos é ofertado tanto na


modalidade oral e escrita quanto na língua de sinais. Devido à diferença linguística,
orienta-se que o aluno surdo esteja com outros surdos em turmas comuns na escola
regular. O atendimento educacional especializado é realizado mediante a atuação
de profissionais com conhecimentos específicos no ensino da Língua Brasileira de
Sinais, da Língua Portuguesa na modalidade escrita como segunda língua, do sistema
Braille, do Soroban, da orientação e mobilidade, das atividades de vida autônoma,
da comunicação alternativa, do desenvolvimento dos processos mentais superiores,
dos programas de enriquecimento curricular, da adequação e produção de materiais
didáticos e pedagógicos, da utilização de recursos ópticos e não ópticos, da tecnologia
assistiva e outros.

A avaliação pedagógica como processo dinâmico considera tanto o conhecimento


prévio e o nível atual de desenvolvimento do aluno quanto às possibilidades de
aprendizagem futura, configurando uma ação pedagógica processual e formativa que
analisa o desempenho do aluno em relação ao seu progresso individual, prevalecendo
na avaliação os aspectos qualitativos que indiquem as intervenções pedagógicas do
professor. No processo de avaliação, o professor deve criar estratégias considerando
que alguns alunos podem demandar ampliação do tempo para a realização dos
trabalhos e o uso da língua de sinais, de textos em Braile, de informática ou de
tecnologia assistiva como uma prática cotidiana.

Cabe aos sistemas de ensino, ao organizar a educação especial na perspectiva da


educação inclusiva, disponibilizar as funções de instrutor, tradutor/intérprete de Libras
e guia-intérprete, bem como de monitor ou cuidador dos alunos com necessidade de

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18 PRÁTICAS INCLUSIVAS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

apoio nas atividades de higiene, alimentação, locomoção, entre outras, que exijam
auxílio constante no cotidiano escolar.

Para atuar na educação especial, o professor deve ter como base da sua
formação, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência
e conhecimentos específicos da área. Essa formação possibilita a sua atuação no
atendimento educacional especializado, aprofunda o caráter interativo e interdisciplinar
da atuação nas salas comuns do ensino regular, nas salas de recursos, nos centros de
atendimento educacional especializado, nos núcleos de acessibilidade das instituições
de educação superior, nas classes hospitalares e nos ambientes domiciliares, para a
oferta dos serviços e recursos de educação especial.

Para assegurar a intersetorialidade na implementação das políticas públicas a


formação deve contemplar conhecimentos de gestão de sistema educacional inclusivo,
tendo em vista o desenvolvimento de projetos em parceria com outras áreas, visando
à acessibilidade arquitetônica, aos atendimentos de saúde, à promoção de ações de
assistência social, trabalho e justiça.

Os sistemas de ensino devem organizar as condições de acesso aos espaços, aos


recursos pedagógicos e à comunicação que favoreçam a promoção da aprendizagem e
a valorização das diferenças, de forma a atender às necessidades educacionais de todos
os alunos. A acessibilidade deve ser assegurada mediante a eliminação de barreiras
arquitetônicas, urbanísticas, na edificação – incluindo instalações, equipamentos e
mobiliários – e nos transportes escolares, bem como as barreiras nas comunicações
e informações.

3 PROGRAMAS E AÇÕES DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO INCLUSIVO


DOS SISTEMAS DE ENSINO

No decorrer dos últimos anos, o Ministério da Educação implementa, em parceria


com os sistemas de ensino, ações e programas para atender a Política de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Apresentaremos aqui alguns deles.

3.1 PROGRAMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: DIREITO À DIVERSIDADE

Objetiva a transformação dos sistemas educacionais em sistemas educacionais


inclusivos. Consiste na realização de seminários nacionais de formação dos
coordenadores, com disponibilidade de materiais e apoio financeiro para a formação
em cada município-polo.

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PRÁTICAS INCLUSIVAS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES 19

3.2 PROGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DE SALAS DE RECURSO MULTIFUNCIONAIS

As salas de recursos multifuncionais consistem em espaços para oferta do


Atendimento Educacional Especializado, complementar a escolarização de estudantes
da Educação Especial. Estas salas estão situadas dentro do contexto do ensino comum,
selecionadas pelo gestor da rede de ensino, que disponibiliza o espaço físico e o professor
do AEE.

3.3 PROGRAMA ESCOLA ACESSÍVEL

Disponibiliza recursos para ações de acessibilidade nas escolas públicas,


promovendo o acesso e participação da pessoa com deficiência nos ambientes escolares.
Prevê-se despesas de custeio e capital para adequações estruturais e para acessibilidade,
além da aquisição de recurso de tecnologia assistiva.

3.4 PROJETO LIVRO ACESSÍVEL

Tem por objetivo promover a acessibilidade no âmbito dos Programas do Livro


MEC/FNDE, para estudantes com deficiência visual matriculados nas escolas públicas,
através de livros em formatos acessíveis. Assim, livros didáticos e paradidáticos no
formato braile são distribuídos para todo o país. O projeto Livro Acessível realiza a
produção das obras escolhidas pelas escolas, seguindo o cronograma estabelecido no
âmbito dos programas de distribuição de livros do MEC.

É possível também ter acesso ao Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue


Libras - Língua Portuguesa e Inglês, para atender às necessidades de ensino e de
aprendizagem de estudantes com surdez, matriculados no sistema regular de ensino.

3.5 PROLIBRAS – Programa Nacional para a Certificação de Proficiência no Uso e


Ensino da Língua Brasileira de Sinais – Libras e para a Certificação de Proficiência em
Tradução e Interpretação da Libras/Língua Portuguesa

Este programa tem como objetivo a certificação de proficiência no uso e ensino


de Libras e na tradução e interpretação da Libras.

3.6 CENTROS DE FORMAÇÃO E RECURSOS – CAP, CAS e NAAH/S

Os Centros de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência –


CAP e o Núcleo de Apoio Pedagógico e Produção Braile – NAPPB são centros de apoio
técnico e pedagógico aos estudantes com deficiência visual.

Os Centros de Formação de Profissionais da Educação e de Atendimento às

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20 PRÁTICAS INCLUSIVAS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Pessoas com Surdez – CAS, têm por objetivo promover a educação bilíngue, através
da formação continuada a professores do AEE.

Os Núcleos de Atividades para Alunos com Altas Habilidades/Superdotação


– NAAH/S, têm como função orientar os sistemas de ensino quanto às necessidades
específicas dos alunos com altas habilidades/superdotação.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição Federal do Brasil de 1988. Disponível em: <www.senado.gov.br/con1988>.


Acesso em: 12 abr. 2016.

_______. Educação Especial Legislação. 1997. Disponível em: <www.mec.gov.br>. Acesso em: 15
abr.2016

_______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei no. 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
D.O.U. de dezembro de 1996.

_______. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Documento


pelo grupo de trabalho nomeado pela Portaria Ministerial no 555, de 5 de junho de 2007, prorrogada
pela Portaria no 948, de 09 de outubro de 2008. Disponível em: <portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/
política.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2016.

______. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília. MEC/SEF, 1997.

______. Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica. Brasília.MEC/SEESP, 2001.

______. Plano Nacional de Educação. Brasília. Casa Civil da Presidência da República, 2001.

_________ A deficiência auditiva na idade escolar – cartilha. Programa de saúde auditiva. Bauru:
H.P.R.L.L.P. USP, FUNCRAF, Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.

LUCKASSON, R.; COULTER, D. L.; POLLOWAY, E. A.; REISS, S.; SCHALOCK, R. L.; SNELL, M. E. et
al. Mental Retardation – definition, classification, and systems of support. Washington, DC: American
Association on Mental Retardation, 1992.

ONU. Declaração de Salamanca: princípios, política e prática em educação especial. 1994.


Disponível em: <www.direitoshumanos.usp.br>. Acesso em: 26 abr. 2016.

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