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Como a educação inclusiva tem avançado no Brasil

Estudo recente mostra que a maioria da população brasileira considera que a educação
inclusiva deixa a escola melhor. Veja quais são os benefícios de promover a convivência de
crianças com e sem deficiência e entenda os principais desafios para os próximos anos

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Como a educação inclusiva tem avançado no Brasil?
A educação inclusiva tem avançado no Brasil nos últimos anos, mas ainda há muitos desafios a
serem enfrentados. Algumas das principais ações que contribuíram para esse avanço foram:

1. Lei Brasileira de Inclusão (LBI): Em 2015, foi criada a LBI, que estabelece diretrizes e
normas para a promoção da igualdade de oportunidades e da inclusão das pessoas com
deficiência em todos os aspectos da vida, incluindo a educação.
2. Políticas públicas: O governo federal tem implementado políticas públicas para a
inclusão de pessoas com deficiência no sistema educacional, como o Programa
Educação Inclusiva: direito à diversidade, que tem como objetivo garantir o acesso, a
permanência e o sucesso escolar dos estudantes com deficiência.
3. Formação de professores: Tem havido um investimento significativo na formação de
professores para lidar com a diversidade em sala de aula, inclusive com a inclusão de
disciplinas sobre educação inclusiva em cursos de licenciatura.
4. Tecnologias assistivas: O uso de tecnologias assistivas tem se mostrado uma
ferramenta importante para a inclusão de pessoas com deficiência na educação,
permitindo maior autonomia e independência para esses estudantes.

No entanto, ainda há muitos desafios a serem superados, como a falta de acessibilidade nas
escolas, a falta de recursos para implementação de políticas públicas e a falta de preparo dos
professores para lidar com a diversidade. Além disso, há uma grande desigualdade na inclusão
de pessoas com deficiência, especialmente nas regiões mais pobres do país.
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Uma década de avanços


Garantir que todos os seres humanos possam realizar seu potencial com dignidade,
segurança e igualdade é um dos pilares do 4º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
(ODS), definido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Nesse contexto, a promoção
da educação inclusiva é fundamental. Segundo dados do IBGE, 6,7% da população
brasileira tem algum tipo de deficiência. Cerca de 3,5 milhões são crianças de até 14 anos.
Dados do Censo Escolar de 2010 mostram que quase 30% dessa população está fora da
escola. O número ainda é alto, mas uma série de políticas públicas e marcos legais
promoveram avanços inegáveis. Em 2008, quando apolítica de inclusão escolar foi
formalizada no Brasil (ver linha do tempo ao final do texto), o percentual de estudantes com
deficiência incluídos em salas regulares era de 54%. Dez anos depois, chegou a 92%, com
1,2 milhão de matrículas em escolas regulares.

Quais dados da pesquisa mais chamaram a atenção de vocês?


Raquel Franzim: Nestes dez anos de política de educação em uma perspectiva inclusiva, a
gente teve um grande avanço nas matrículas em escolas regulares de crianças e
adolescentes com deficiência, transtornos globais, altas habilidades e superdotação. Os
resultados positivos estão refletidos na opinião dos brasileiros.

Quais são os benefícios de uma escola inclusiva?


Raquel Franzim: São muitos e têm respaldo científico, como mostramos com outra pesquisa
encomendada pelo Alana e conduzida pelo professor Thomas Hehir, da Harvard
GraduateSchoolofEducation. A partir de uma revisão sistemática de 280 estudos de cinco
países, os resultados comprovam que, no mundo todo, as crianças com e sem deficiência
se beneficiam de uma escola inclusiva.
Quando estudam em escolas regulares, as crianças com deficiência tornam-se mais
independentes e autônomas, têm melhor socialização e maior chance de continuar
prosseguindo os estudos, além de aumentarem suas oportunidades de trabalho. Já as
crianças sem deficiência se beneficiam da construção de valores e habilidades de trabalhar
com as diferenças, além de aprenderem nova linguagem e estratégias de raciocínio.

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Quais são os benefícios de uma escola inclusiva?
Uma escola inclusiva traz inúmeros benefícios para todos os estudantes, incluindo aqueles com

deficiência. Alguns desses benefícios são:

1. Aprendizagem mútua: A convivência com estudantes com deficiência e necessidades


educacionais especiais proporciona uma oportunidade para que todos aprendam uns
com os outros, desenvolvendo empatia, respeito e tolerância.
2. Desenvolvimento social: A escola inclusiva promove o desenvolvimento social dos
estudantes com deficiência, que têm a chance de interagir com seus colegas e se sentir
integrados à comunidade escolar.
3. Desenvolvimento cognitivo: Estudantes com deficiência têm o direito de acessar o
mesmo currículo que seus colegas e, por isso, são desafiados a desenvolver habilidades
cognitivas e intelectuais.
4. Acessibilidade: A escola inclusiva é projetada para atender às necessidades de todos os
estudantes, incluindo aqueles com deficiência, garantindo o acesso à informação e aos
recursos necessários para a aprendizagem.
5. Preparação para o mundo: A escola inclusiva prepara os estudantes para o mundo real,
onde a diversidade é uma realidade, proporcionando-lhes habilidades importantes para
lidar com situações diversas e complexas.

Além disso, a escola inclusiva também beneficia a sociedade como um todo, ao promover a

inclusão social, a diversidade e a igualdade de oportunidades para todos os indivíduos,

independentemente de suas características pessoais.

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A inclusão também traz ganhos pedagógicos? Quais?
Raquel Franzim: Quando a escola é inclusiva, as estratégias para aprender e ensinar
precisam ser diversificadas, o que ajuda a customizar o currículo e favorece a aproximação
com os interesses dos estudantes. Isso traz um ganho de aprendizagem para todos e maior
satisfação para os educadores. Vale dizer que a educação inclusiva é benéfica também
para gestores, que passam a pensar na escola como um lugar para eliminar barreiras de
aprendizagem e permanência, construindo apoio para todos.

Quais são os desafios que ainda precisamos superar para que a educação inclusiva
evolua?
Raquel Franzim: O primeiro é continuar garantindo acesso à escola regular. Não dá para a
gente assumir uma lógica de que primeiro é preciso melhorar a escola para depois receber
o estudante. Outro desafio é entender que a escola regular não retira o direito da criança e
do adolescente que precisa acessar outros serviços com atendimento especializado na
própria escola ou em instituições conveniadas. A qualificação e o fortalecimento da rede de
proteção são fundamentais e é importante que a população entenda que à escola cabe o
papel de garantir a aprendizagem; que à saúde cabe, por exemplo, o atendimento de
fisioterapia, terapia ocupacional, psicólogo; que à assistência social cabe eliminar barreiras
em relação às desigualdades econômicas e ao acesso a benefícios. Além disso, mobilidade
e transporte são ferramentas importantes de efetivação de direitos.
É essencial uma formação de professores, inicial e continuada, que valorize a educação
inclusiva, aproxime teoria e prática e prepare o profissional para solucionar problemas reais
de sala de aula. Outro desafio é garantir a acessibilidade e infraestrutura nas escolas, com
maior acesso a tecnologias assistivas de baixo custo e que garantam a circulação de
informação e conhecimentos. E, por fim, garantir financiamento permanente, distributivo e
igualitário para a educação como um todo é essencial para uma educação de qualidade.

A evolução das políticas de educação inclusiva


1994 – Promovida pela Unesco, a Declaração de Salamanca afirmou o consenso de que a
inclusão é um meio para combater atitudes discriminatórias e construir comunidades
acolhedoras.
O que é a Declaração de Salamanca? (GPT)
A Declaração de Salamanca é um documento elaborado durante a Conferência Mundial sobre
Necessidades Educativas Especiais, realizada em Salamanca, na Espanha, em 1994. O objetivo
da conferência foi discutir políticas e estratégias para a educação inclusiva em todo o mundo.

A Declaração de Salamanca destaca que todas as crianças têm direito à educação,


independentemente de suas necessidades educacionais especiais, e que as escolas devem ser
projetadas para atender a essa diversidade. O documento reconhece que a inclusão na
educação é um processo contínuo que envolve a adaptação do sistema educacional para
atender às necessidades de todos os estudantes.

A Declaração de Salamanca enfatiza a importância da colaboração entre pais, professores,


autoridades educacionais e outras partes interessadas para promover a educação inclusiva.
Também destaca a necessidade de formação de professores, para que possam lidar com a
diversidade de necessidades educacionais e garantir que todos os estudantes tenham acesso à
educação de qualidade.

A Declaração de Salamanca é considerada um marco importante na promoção da educação


inclusiva em todo o mundo e influenciou a elaboração de políticas e estratégias para a educação
inclusiva em muitos países.

2006 – Durante a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, o Brasil assume o compromisso de garantir às pessoas com deficiência acesso
ao ensino fundamental e médio inclusivo, de qualidade e gratuito.
2008 – A inclusão escolar foi formalizada no Brasil por meio da Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva Inclusiva.
2015 – Com a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), o país estabeleceu legalmente as condições
de implementação do sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades.
2018 – Após dez anos da Política Nacional de Educação Especial, o Censo Escolar apontou
que o número de matrículas da educação inclusiva chegou a 1,2

Aspectos históricos: segregação, integração, inclusão

•Historicamente as pessoas com deficiência foram totalmente excluídas das redes de


ensino. Ou, quando muito, tiveram acesso parcial à educação, o qual se dava a partir dos
modelos de segregação ou integração.

•No primeiro, o estudante com deficiência era atendido por uma instituição educacional
apartada do ambiente da escola comum, denominada escola especial. No segundo, o aluno
frequentava uma sala de aula inserida dentro de uma escola comum, porém,
exclusivamente destinada a pessoas com deficiência. Chamada de sala especial.

•A evolução do campo dos direitos humanos trouxe à tona o paradigma da inclusão. Essa
proposta é orientada pelo direito que todos os estudantes têm de frequentar a sala de aula
comum juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação.

Diferença entre integração e inclusão


O modelo de integração é baseado na busca pela NORMALIZAÇÃO. Nega-se a questão da
diferença. A integração admite excessão, uma vez baseada em padrões, requisitos e
condições.
Já a educação inclusiva é incondicional. Uma escola inclusiva é uma escola que inclui
todos, sem discriminação, e a cada um, com suas diferenças, independente do sexo, idade,
religião, origem étnica, raça e diferença. Uma escola inclusiva é aquela com oportunidades
iguais para todos e estratégias diferentes para cada um, de modo que todos possam
desenvolver seu potencial. Uma escola que reconhece a educação como um direito básico
e como alicerce de uma sociedade mais justa e igualitária.
Ao contrário da integração, na qual o aluno deve se adaptar às condições da escola, a
inclusão preve sua transformação de modo a garantir o acesso, a permanência e a
aprendizagem de todos.
O que temos nas escolas hoje? Integração ou inclusão…
Transformar uma escola inclusiva implica em transformar a cultura escolar, ou seja, as
políticas , as práticas e, inclusive, as pessoas que fazem parte dela, para garantir o direito a
todos à educação. Implica mudar a visão da homogeneidade para a diversidade, acredita
que todos podem aprender e reconstruir a escola de forma que seja, de fatos para todos.

Acontece que NEM todas as escolas estão dispostas a mudar tanto assim. Por isso
assumem a inclusão como um projeto adicional, atrelado às práticas já existentes. Elas se
auto definem inclusivas simplesmente pela presença de estudantes com deficiência - o que
não é suficiente para caracterizar a inclusão.

• Nem sempre a discriminação é tão explícita. Agrupamentos ou a categorização de


turmas com base na performance acadêmica, um currículo adaptado ou estratégias
pedagógicas diferenciadas somente para as pessoas com deficiência, e até mesmo
a atribuição de notas com base em parâmetros de desempenho pré-estabelecidos,
também são exemplos de práticas integracionistas fadadas à exclusão.

• Por isso, apesar de o modelo da integração preceder a educação inclusiva, ou


seja, já ter sido superado no que diz respeito às leis, normas e políticas vigentes, na
prática se mantém na maioria das escolas, e, muitas vezes, sob a insígnia da
inclusão.

(GPT)
O que é Educação inclusiva? Quais são os princípios da Educação
Inclusiva?
A Educação inclusiva é um modelo educacional que busca garantir o acesso e a participação de
todos os estudantes, independentemente de suas características pessoais, em um ambiente de
aprendizagem que promova o respeito à diversidade e a igualdade de oportunidades.

Os princípios da Educação inclusiva são baseados em uma abordagem centrada no estudante,


que reconhece a importância da diversidade humana e a necessidade de adaptação do sistema
educacional para atender às necessidades individuais de cada estudante. Alguns dos princípios
da Educação inclusiva são:

1. Respeito à diversidade: Todos os estudantes têm o direito de receber uma educação de


qualidade, independentemente de suas características pessoais.
2. Acesso: Todos os estudantes devem ter acesso a um ambiente de aprendizagem que
seja adequado às suas necessidades individuais, físicas, emocionais e cognitivas.
3. Participação: Todos os estudantes devem ser incentivados e apoiados a participar
plenamente do ambiente escolar, incluindo atividades extracurriculares e de lazer.
4. Flexibilidade: O sistema educacional deve ser flexível o suficiente para atender às
necessidades de todos os estudantes, independentemente de suas habilidades,
interesses e estilos de aprendizagem.
5. Colaboração: A Educação inclusiva requer uma colaboração estreita entre os
professores, pais, autoridades educacionais e outras partes interessadas.
6. Adaptação: O ambiente educacional deve ser adaptado às necessidades individuais de
cada estudante, garantindo que todos tenham as mesmas oportunidades de
aprendizagem.
7. Formação de professores: Os professores devem ser adequadamente capacitados para
lidar com a diversidade de necessidades educacionais e garantir que todos os
estudantes recebam uma educação de qualidade.

A Educação inclusiva é um modelo educacional que valoriza a diversidade humana e promove a


inclusão social, tornando a escola um espaço mais justo e democrático.
(Fim GPT)

O que é Educação inclusiva?


A educação inclusiva pode ser entendida como concepção de ensino
contemporânea que tem como objetivo garantir o direito de todos à educação.

Ela pressupõe a igualdade de oportunidades e a valorização das diferenças


humanas, contemplando, assim as diversidades étnicas, sociais, culturais,
intelectuais, físicas, sensoriais e de gênero dos seres humanos, entre outras.

Implica a transformação da cultura, das práticas e das políticas vigentes na escola e


nos sistemas de ensino, de modo a garantir o acesso, a participação, o
desenvolvimento e a aprendizagem de todos, sem exceção.

Quais são os princípios da Educação Inclusiva


São cinco, a saber:
- Toda pessoa tem direito a acesso à educação
- …de qualidade na escola regular e de atendimento especializado complementar,
de acordo com suas especificidades. Esse direito está em consonância com a
Declaração Universal dos Direitos Humanos e outras convenções compartilhadas
pelos países membros das Nações Unidas.
- Toda pessoa aprende…
… Sejam quais forem suas particularidades intelectuais, sensoriais e físicas,
parte-se da premissa de qua todos têm potencial de aprender e ensinar. É papel da
comunidade escolar desenvolver estratégias pedagógicas que favoreçam a criação
de vínculos afetivos, relações de troca e a aquisição de conhecimento.
O processo de aprendizagem de cada pessoa é singular…
… As necessidades educacionais e o desenvolvimento de cada estudante são
únicos. Modelos de ensino que pressupõem homogeneidade no processo de
aprendizagem e sustentam padrões inflexíveis de avaliação geram, inevitavelmente,
exclusão.

O convívio no Ambiente escolar beneficia todos…


… A experiência de interação entre pessoas diferentes é fundamental para o pleno
desenvolvimento de qualquer um. P ambiente heterogêneo amplia a percepção dos
educandos sobre pluralidade, estimula sua empatia e favorece suas competências
intelectuais;

A educação inclusiva diz respeito a todos…

… A diversidade é uma característica inerente a qualquer ser humano. É


abrangente, complexa e irredutível. Portanto, a educação inclusiva, orientada pelo
direito à igualdade e o respeito às diferenças, deve considerar não somente as
pessoas tradicionalmente excluídas, mas toso os estudantes, educadores, famílias,
gestores escolares, gestores públicos, parceiros etc.

Quem é o público alvo da educação especial na perspectiva inclusiva?


O público-alvo da educação inclusiva orientada pelo direito universal à educação,
envolve todas as pessoas independente de suas particularidades.
As pessoas com deficiência têm sido um dos principais focos da área, porque foram
historicamente provadas da participação nas redes de ensino. Bem como por
estarem associadas a um estigma de “atipicidade”, o que acentua o processo
discriminatório e a exclusão. Por essas e outras razões, a legislação determina que
o público-alvo da educação especial na perspectiva da educação inclusiva
corresponde aos estudantes com deficiência, Transtorno do Espectro Autista (TEA)
e altas habilidades/superdotação.

Mas é importante reforçar que a educação inclusiva diz respeito a todas as pessoas,
sem exceção. Ou seja, todos as alunas e alunos, com ou sem deficiência, têm
direito ao acesso (matrícula e presença), à participação em todas as atividades da
escola e à aprendizagem, com equiparação de oportunidades para o pleno
desenvolvimento de seu potencial.

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Quem é o público alvo da educação especial na perspectiva inclusiva?
Na perspectiva inclusiva, a educação especial não se destina a um grupo específico de
estudantes, mas sim a todos aqueles que apresentam necessidades educacionais especiais, ou
seja, aqueles que requerem apoio adicional para acessar e participar plenamente do ambiente
escolar.

Isso inclui estudantes com deficiência física, sensorial ou intelectual, transtornos do espectro
autista, altas habilidades ou superdotação, transtornos de aprendizagem, entre outros.

A educação especial na perspectiva inclusiva busca atender às necessidades individuais de


cada estudante, garantindo que todos tenham acesso a um ambiente de aprendizagem inclusivo
e adaptado às suas necessidades. O objetivo é promover a igualdade de oportunidades e o
pleno desenvolvimento de cada estudante, independentemente de suas características
pessoais.
O que é pessoa com deficiência?
• Esse é um conceito que vem se transformando ao longo da história. A definição
mais atual foi estabelecida pela Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, das Nações Unidas (ONU), em 2006, e diz que:
• “Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas
barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdades de condições com as demais pessoas.”
• A chave para compreender o que é deficiência na perspectiva inclusiva está na
segunda parte, que se refere a fatores que são externos à pessoa, as chamadas
barreiras.
• Elas podem estar presentes na arquitetura, na comunicação, nos meios de
transporte e até mesmo em nossas atitudes. De acordo com essa nova definição,
portanto, a deficiência é resultante da combinação entre os impedimentos da
pessoa e as barreiras existentes no ambiente.

Como a convenção dos direitos das pessoas com deficiência define pessoas
com deficiência?

• A definição estabelecida pela Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com


Deficiência, das Nações Unidas (ONU), em 2006, diz que:

• “Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo
de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com
diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.”

• Todas as diretrizes da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência


se baseiam no modelo social de deficiência.

• Ao contrário do modelo médico, cuja principal característica é a


descontextualização da deficiência, vista como um “problema” que reside na
pessoa, o modelo social esclarece que o fator limitador são as barreiras presentes
no ambiente físico e social e não a deficiência em si.

• O foco, portanto, não está em “tratar” a pessoa ou esperar que ela “mude”, mas
identificar e eliminar as barreiras existentes nos espaços, no meio físico, no
transporte, na informação, na comunicação, nos serviços, nas atitudes etc., que
impedem ou dificultam sua plena participação em todos os aspectos da vida
contemporânea.

O que é acessibilidade?
• A acessibilidade prevê a eliminação de barreiras presentes no ambiente físico e
social que impedem ou dificultam a plena participação das pessoas com e sem
deficiência em todos os aspectos da vida contemporânea. A acessibilidade é
fundamental para a inclusão e deve estar presente em diferentes contextos, tais
como: arquitetônico, comunicacional, metodológico, instrumental, atitudinal,
programático, entre outros.

Quais os diferentes tipos de acessibilidade?


• Acessibilidade arquitetônica: eliminação de barreiras ambientais físicas nas
residências, nos edifícios, nos espaços e equipamentos urbanos, nos meios de
transporte individuais ou coletivos;

• Acessibilidade comunicacional: eliminação de barreiras na comunicação


interpessoal (oral, língua de sinais), escrita (jornal, revista, livro, carta, apostila etc.,
incluindo textos em braile e o uso de computador portátil) e virtual (acessibilidade
digital);

• Acessibilidade metodológica: eliminação de barreiras nos métodos e técnicas de


estudos (escolar), de trabalho (profissional), de ação comunitária (social, cultural,
artística etc.) e de educação familiar;

• Acessibilidade instrumental: eliminação de barreiras para o acesso e manuseio de


instrumentos, utensílios e ferramentas de estudos (escolar), de trabalho
(profissional), de lazer e recreação (comunitária, turística, esportiva etc.);

• Acessibilidade programática: eliminação de barreiras “invisíveis” embutidas em


políticas públicas (leis, decretos, portarias etc.), normas e regulamentos
(institucionais, empresariais etc.);

• Acessibilidade atitudinal: eliminação de preconceitos, estigmas, estereótipos e


discriminações nas pessoas em geral.

Como devemos nos referir às pessoas com deficiência

• O termo recomendado para se referir a alguém que apresenta alguma deficiência,


seja ela física, intelectual, visual, auditiva ou múltipla é: pessoa com deficiência.
Essa terminologia tem sido usada mundialmente nos últimos anos, em todos os
idiomas, no meio acadêmico, em documentos oficiais, debates etc.

• Mas por que não usamos mais as expressões:

• “Deficiente?” O termo é inadequado, já que uma pessoa não é definida por sua
deficiência. Ela não é deficiente. Ela tem uma deficiência, além de outras tantas
características. E é, antes de mais nada, uma pessoa.

• “Portador de deficiência?” Uma pessoa não porta sua deficiência, ela tem uma
deficiência. Tanto o verbo “portar” como o substantivo ou o adjetivo “portador” não
se aplicam a uma condição inata ou adquirida. Por exemplo, não se diz que alguém
porta olhos verdes ou pele morena. Uma pessoa pode portar um guarda-chuva, se
houver necessidade, e pode deixá-lo em algum lugar. Não se pode fazer isso com
uma deficiência, é claro.

• “Especial ou pessoa com necessidades especiais?” Todos são diferentes. Ou seja,


todos têm alguma necessidade particular, não só a pessoa com deficiência. Isso
também se aplica aos estudantes em uma sala de aula. Hoje se sabe que todos os
alunos, não somente aqueles com deficiência, precisam ser vistos por seus
professores como únicos, “especiais”. Isso é pressuposto para que a prática
pedagógica possa ser, de fato, inclusiva. Além disso, o argumento em defesa dessa
expressão, de que todos são imperfeitos, esvazia a discussão sobre os direitos das
pessoas com deficiência.

• “Aluno de inclusão?” Apesar de o termo ter se difundido no contexto educacional,


ele é equivocado quando usado para se referir aos estudantes com deficiência.
Partindo pressuposto de que a educação inclusiva diz respeito a todos, todos
deveriam ser chamados de “alunos de inclusão”.

O que muda na Educação Especial com a perspectiva da inclusão?

•Trata-se de uma mudança radical, estruturante. A educação especial deixa de se


configurar como um sistema paralelo, passando a integrar a proposta pedagógica
da escola, apoiando a plena inclusão de todos por meio de recursos, serviços e do
Atendimento Educacional Especializado (AEE) para seu público-alvo.

•Veja a tabela com as diferenças...

Educação Especial Educação Especial Inclusiva

Sistema separado, paralelo ao regular Faz parte da proposta pedagógica da


escola. Perpassa todos os níveis,
etapas e
modalidades de ensino. Por isso, é tida
como transversal.

Substitui o ensino regular Complementa ou suplementa o


processo de escolarização em sala de
aula
Dinâmica independente, total ou Dinâmica dependente, totalmente
parcialmente dissociada do ensino articulada com o trabalho realizado em
regular sala

Restritiva e condicional. Somente os Incondicional e irrestrita. Garante o


alunos considerados aptos para o direito de todos à educação e à plena
ensino regular podem frequentá-lo participação e aprendizagem

O referencial é o que se convenciona Parte do pressuposto de que a


julgar como “típico” ou estatisticamente diferença é uma característica humana
mais frequente

Baseia-se no modelo médico de Baseia-se no modelo social de


deficiência. Foca nos aspectos clínicos, deficiência. Foca na articulação entre as
ou seja, no diagnóstico características da pessoa e as barreiras
à sua participação presentes no
ambiente

Nem todos os estudantes conseguem A escola deve responder às


se adaptar à escola. Nem todos necessidades e interesses de todos os
correspondem ao padrão estabelecido alunos, sem exceção, partindo do
por ela pressuposto de que todas as pessoas
aprendem

Estratégias pedagógicas diferentes para Diversificação de estratégias


somente alguns estudantes pedagógicas para todos

Qual é o contexto atual da educação inclusiva no Brasil (após


2008)?
• No aspecto legal: o país construiu e aprovou um conjunto de leis bastante
avançadas, baseadas na Convenção e coerentes com os princípios da educação
inclusiva, fundamentais para a garantia do direito de todos à educação.
• Na matrícula na educação básica: o Censo escolar de 2020 (INEP), o número
total dessas matrículas apresenta um crescimento de quase 70% nesse período,
beirando 1.300.000 matrículas na educação básica brasileira. O percentual de
matrículas em ambientes inclusivos atinge a expressiva marca de 88%, contrapondo
um contexto anterior oposto.
• Desafios: No ensino médio e no superior, esses percentuais são menores,
revelando um verdadeiro funil para a progressão de estudantes com deficiência na
educação.
• Recentemente, em 2020, o governo brasileiro publicou o Decreto nº 10.502,
chamado pela sociedade civil de Decreto da Exclusão, que traz retrocessos de
direitos e retoma o incentivo à cultura de segregação do público-alvo da educação
especial. O decreto foi considerado inconstitucional e está suspenso pelo Supremo

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