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Mestrado em Ciências da Educação- Educação Especial: Domínio Cognitivo e

Motor
Gestão do Currículo
Ano Letivo 20222023
Docente: Profª Elsa Estrela

Caderno de Campo- Observação

Discente: Beatriz Gomes, n.º 22207636


Introdução:

Todas as formas e níveis de educação devem ser: acessíveis, aceitáveis e


adaptáveis.
Um dos principais objetivos da educação é preparar os alunos para que
futuramente possam participar ativamente e contribuir para a construção de uma
sociedade equilibrada, livre e coesa, sem excluir nenhum elemento deste projeto.
A partir dessa perspetiva, a educação inclusiva tornou-se, portanto, uma questão
central na educação nos últimos anos.
A educação inclusiva é uma abordagem de ensino no qual o processo educativo é
um processo social e todas as pessoas, independentemente se têm ou não algum tipo de
deficiência, têm o direito à educação e a iguais oportunidades. Para tal, é necessário a
criação de ambientes de aprendizagem inclusivos que valorizem a diversidade,
promovam a igualdade e assegurem a aprendizagem para todos.
A educação inclusiva em Portugal visa garantir que todos os alunos recebam uma
educação de qualidade e que as suas necessidades individuais sejam atendidas. Para que
tal aconteça existem certas especificidades essenciais, consagradas no decreto-lei
nº.542018, tais como a educabilidade universal, a equidade e a inclusão, a
personalização, a flexibilidade, a autodeterminação e o envolvimento dos encarregados
de educação.
A Educabilidade Universal- Assumindo que todas as crianças são capazes de
aprender. Com isto, independentemente das suas características pessoais, as crianças
não devem ser excluídas ou desencorajadas de aprender.
A Inclusão e Equidade- A inclusão é um dos princípios básicos da educação
inclusiva. Afirma que todas as crianças têm o direito ao acesso e à participação ativa no
mesmo ambiente educacional, significando com isto que nenhuma criança deve ser
excluída da escola devido às suas características pessoais.
“Para que haja inclusão é precisar criar oportunidades de aprendizagem para
todos. A inclusão só se consegue com individualização, personalização e concretização
dos princípios da aprendizagem.” (Pacheco, 2011).
A Equidade garante que todos tenham o apoio de que necessitam para atingir o
seu potencial de aprendizagem e desenvolvimento, inclui alterações curriculares,
diversos materiais e pedagogias, suporte instrucional e recursos para uma melhor
acessibilidade.
A Personalização- É um princípio concebido para garantir que os programas
educacionais sejam centrados no aluno, de modo que os procedimentos sejam adaptados
às suas necessidades, potencialidades, interesses e preferências. Esta abordagem permite
que cada aluno receba uma experiência educacional adaptada às suas características
individuais, maximizando assim o seu potencial de aprendizagem.
A Flexibilidade- Permitir flexibilidade na gestão do currículo, espaços e horários
de ensino para que o trabalho educativo responda às circunstâncias únicas de cada
aluno.
A Autodeterminação- É um princípio concebido para respeitar a autonomia
individual das crianças, tendo em conta não só as suas necessidades, mas também os
seus interesses e preferências, permite que cada aluno expresse a sua identidade cultural
e linguística e cria oportunidades para exercer o seu direito de participar na tomada de
decisões.
Envolvimento Familiar- O envolvimento da família é um dos pilares da educação
inclusiva e do currículo acadêmico. Os pais e/ou os Encarregados de Educação são
essenciais no desenvolvimento e sucesso acadêmico das crianças.

Especificidades da Educação Inclusiva no Agrupamento:

A escola da Ponte dispõe de metodologias inovadoras. Como exemplo disso,


temos em vez de progredir de ano para ano como nas escolas tradicionais, os alunos
mudam de objetivos com base no progresso da sua aprendizagem, de acordo com o seu
próprio ritmo, passando de um espaço de trabalho para outro.
Não existe um professor em todas as turmas, na Escola da Ponte, todos ensinam e
aprendem ao mesmo tempo. Em cada área de trabalho, os alunos têm múltiplas fontes
de conhecimento como: livros, dicionários, gramática, internet e vídeos.
O modelo da Ponte é que todo aluno é especial, então todos recebem o tipo de
apoio que necessitam da escola. Todos fazem o mesmo tipo de atividades, divididos em
grupos heterogéneos. Os professores acompanham os alunos sem discriminação, todos
os professores são professores de todos os alunos (Silva e Pacheco, 2011).
A escola demonstra algumas particularidades no seu dia a dia para gerar ainda
mais autonomia para os alunos.

Os dispositivos pedagógicos são:


 O Debate: Realiza-se todos os dias das 15h00 às 15h30, cuja função é gerar
uma discussão para que os alunos possam debater.
 A Comissão de Apoio: É composta por quatro alunos com a função de fomentar
a responsabilidade e a autorregulação.
 O “Penso bem, penso mal”: É um espaço onde os alunos podem escrever os
aspetos positivos e negativos da escola.
 A Caixa dos segredos: Quando um aluno quer conversar sobre algo particular
com um professor, pode colocar um recado na caixinha. Este método ajuda a
manter e aprofundar a relação entre aluno-professor e a reequilibrar afetivamente
algumas crianças.
 O “Já sei”: A cada 15 dias, alunos e os tutores elaboram, em conjunto, um plano
individual no qual são definidos os objetivos de aprendizagem.
 A Música: Em todos os espaços de aprendizagem existe música ambiente para
facilitar a concentração.
 O “Preciso de ajuda”:  Pela escola existe uma folha para que as crianças
possam escrever o nome e o tema onde sentem mais dificuldades, mais tarde, os
alunos irão receber ajuda de um professor orientador.

A Escola da Ponte, sem saber, demonstrou ser um santuário de visitantes de um


novo modelo de escola. A escola da Ponte não é visitada apenas por aqueles que
acreditam na sua metodologia de ensino, mas também por todos aqueles que procuram
sinais que refuguem as suas dúvidas (Alves, 2004).
A Escola que julgavam não passar de uma farsa de propaganda, fabricada e
reforçada pelo setor mais vanguardista do Ministério da Educação, no fim é real e
funciona (Alves, 2004).
Desenvolvimento:

A Educação em Portugal rege-se por um conjunto de leis e regras que definem os


princípios, os objetivos e as competências dos diferentes atores do sistema educativo. A
Constituição da República Portuguesa afirma que a educação é um direito e um dever
universal do Estado, competindo-lhe promover a democratização da educação e garantir
a igualdade de oportunidades de acesso e de sucesso escolar (Decreto-Lei 542018).
Este Decreto define os princípios e as normas para que haja a inclusão, este é um
processo com a finalidade de responder à diversidade das necessidades e características
individuais de cada aluno através de uma maior participação no processo de
aprendizagem e na vida da comunidade educativa (Decreto-Lei 542018).
Obriga a reavaliação acerca do papel da escola e a forma como veem os seus
alunos e como se adapta para puder responder às necessidades de todos (Decreto-Lei
542018).
Pressupõe também uma orientação inclusiva que promova o direito que o aluno
tem em receber uma educação adaptada às suas potencialidades, aspirações e
necessidades, um conjunto de respostas adaptadas dentro de um projeto educativo
comum e diversificado, sendo que o projeto prevê realmente uma condição igualitária
de participação, progressão e pertença para todos (Decreto-Lei 542018).
Segundo Rodrigues (2019), o Decreto-Lei 54/2018, explica que a inclusão é
entendida como um valor transversal, propõe educar todos os alunos com base nas suas
diferenças, sejam elas de gênero, raça ou de deficiência.
Para Santos (2020), a educação inclusiva requer várias estratégias para garantir
que as necessidades dos alunos sejam eficazmente atendidas e para tal, a construção de
parcerias com organizações comunitárias. Este envolvimento dos pais é fundamental
para garantir a equidade e aprendizagem dos alunos, os encarregados de educação são
incentivados a envolverem-se ativamente na vida escolar dos seus educandos, dando
feedbacks e apoiando o agrupamento.
Ao longo dos tempos, a Escola Básica da Ponte tem desenvolvido uma pedagogia
ímpar, tornando-a única e convidativa a visitar, tem como missão estabelecer uma nova
forma de pensar e de agir. O seu objetivo é formar pessoas felizes, socialmente
responsáveis e autónomas, para que possam construir os seus projetos de vida (Pacheco,
2011).
Mais importante dizer que a escola oferece aos alunos o que estes necessitam,
graças à autonomia que tem na tomada de decisão (Pacheco, 2011).
A Escola da Ponte é um espaço compartilhado por todos, sem classes a separá-los,
sem campainhas a anunciar o fim de uma disciplina e o início de outra. A Lição Social
que transmite é que todos compartilham o mesmo mundo e todos se entreajudam. Não
existe competição, mas sim cooperação. Ao ritmo da vida: essencial saber que a vida
não segue programas (Alves, 2004).
São as crianças que desenvolvem mecanismos para lidar com os que se recusam a
seguir as regras, assim as crianças aprendem as regras da convivência democrática sem
que façam parte de um programa pré-definido (Alves, 2004).

Conclusão:

A Escola Básica da Ponte tornou-se um exemplo pela escolha da pedagogia que


utiliza para ensinar os alunos, tornando-os autónomos, responsáveis e a ter compaixão
pelo outro.
A escola sobressai por ser uma escola diferente de todas as que podemos
referenciar no sistema educativo português com práticas que se afastam ao modelo
tradicional, e por isso é tomada como um exemplo a seguir, inspirando outras escolas e
comunidades.
É possível através de visitas à escola, verificar a existência de um ambiente
acolhedor e inclusivo para todos os estudantes.
Verifica-se, por isso, que a origem da Escola da Ponte nasceu da necessidade de
mudança e surgiu pela falta de consciência da concretização do direito à educação para
todos. Tudo isso deve-se à liderança forte, desafiadora e corajosa do líder, José Pacheco,
a quem se atribui inequivocamente a origem da ponte.
O projeto que incorporou, tornou-se inovador: todas as ações são baseadas nos
mesmos princípios e o mesmo objetivo: Promover a aprendizagem da cidadania com
jovens felizes e independentes.
Claro que este projeto surgiu com as novas ideologias pós 25 de abril, só assim se
pôde beneficiar do espírito revolucionário e bondoso de todos aqueles que queriam
derrubar o sistema e fazer as coisas de maneira diferente. No entanto, sendo a Educação
um espaço tão resistente à mudança, dificultou este processo.
A diretriz não ajudou a implementar a quebra dos paradigmas pacificamente,
gerou críticas e dúvidas sobre a viabilidade dos resultados alcançados e submeteu as
instituições a uma série de avaliações externas para verificar se os alunos realmente
aprendiam.
O projeto Escola Básica da Ponte é, sem sombra de dúvida, um símbolo de
esperança para todos aqueles que acreditam e defendem uma escola pública para todos,
que ofereça uma aprendizagem de qualidade e um desenvolvimento pessoal, tendo em
conta os valores da democracia, da cidadania e da justiça (Canário et al., 2003).
Referências Bibliográficas:

Alves, R. (2004). A Escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse
existir. Papirus Editora.
Canário, R.; Matos, F. & Trindade, R. (2003). Escola da Ponte: defender a escola
pública. Profedições.
Decreto-Lei n.o 54/2018, Diário da República de 6 de julho.
https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/54-2018-115652961
Pacheco, J. (2011). Inclusão não rima com solidão. Edições SM.
Rodrigues, D. (2019). Educação Inclusiva: 25 anos depois de Salamanca
https://proandee.weebly.com/uploads/1/6/4/6/16461788/artigo-
Santos, A. S. (2020). A Importância do Gestor escolar na Inclusão de Alunos com
Necessidades Especiais na Escola. Revista Alameda.
https://bdm.unb.br/bitstream/10483/9198/1/2014_LigiaCorreaLustosadaVeiga.pd f
Silva, A. V. & Pacheco, J. (2011). Escola da Ponte - Um espaço de múltiplas
interações, cooperação e partilha. Editora Rovelle.

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