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(Organizadora)
MÚLTIPLOS OLHARES SOBRE O
AUTISMO: pesquisas & experiências
Editora CRV
Curitiba – Brasil
2021
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Bibliotecária Responsável: Luzenira Alves dos Santos CRB9/1506
Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Designers da Editora CRV
Revisão: Analista de Escrita e Artes
M954
Múltiplos olhares sobre o Autismo: pesquisas & experiências / Débora Lucia Lima Leite Mendes
(organizadora) – Curitiba : CRV, 2021.
150 p.
Bibliografia
ISBN Digital 978-65-251-0509-3
ISBN Físico 978-65-251-0508-6
DOI 10.24824/978652510508.6
1. Educação 2. Transtorno do espectro do autismo 3. Avaliação 4. Diagnóstico I. Mendes, Débora
Lucia Lima Leite, org. II. Título III. Série.
CDU 37 CDD 370
Índice para catálogo sistemático
1. Educação 370
2021
Foi feito o depósito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora CRV
Todos os direitos desta edição reservados pela: Editora CRV
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Conselho Comitê
Editorial: Científico:
Aldira Guimarães Altair Alberto Fávero
Duarte Domínguez (UPF)
(UNB) Ana Chrystina
Andréia da Silva Venancio Mignot
g
Quintanilha Sousa (UERJ)
(UNIR/UFRN) Andréia N. Militão
Anselmo Alencar (UEMS)
Colares (UFOPA) Anna Augusta
Antônio Pereira Gaio Sampaio de Oliveira
Júnior (UFRRJ) (UNESP)
Carlos Alberto Vilar Barbara Coelho Neves
Estêvão (UMINHO – (UFBA)
PT) Cesar Gerónimo Tello
Carlos Federico (Universidad Nacional
Dominguez Avila de Três de Febrero –
(Unieuro) Argentina)
Carmen Tereza Diosnel Centurion
Velanga (UNIR) (Univ Americ. de
Celso Conti (UFSCar) Asunción – Py)
Cesar Gerónimo Tello Eliane Rose Maio
(Univer .Nacional Três (UEM)
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 9
Débora Lucia Lima Leite Mendes
REFLEXÕES SOBRE A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DE PESSOAS COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO – TEA 11
Débora Lucia Lima Leite Mendes
1 Considerações iniciais
Diante da realidade do atual cenário educacional em que medidas
governamentais questionam o paradigma da inclusão, surgem algumas
indagações em torno do processo de ensino e aprendizagem de estudantes
com Transtorno do Espectro do Autismo, sobretudo no que se refere à
avaliação de rendimento desse alunado.
Os obstáculos à avaliação são enormes, uma vez que, aparecem desde a
seleção e encaminhamento desse alunado para a identificação das
respectivas necessidades específicas a serem atendidas, de modo que
favoreçam a aprendizagem. É preciso salientar ainda que, a avaliação da
aprendizagem desse alunado precisa contar com métodos quantitativos e
normativos, para a descrição qualitativa respeitando sempre o contexto em
que o sujeito está inserido (VIANA, 2009).
A conquista de um modelo avaliativo para as pessoas com TEA passa
por um processo reflexivo crítico a respeito da capacidade de se trabalhar
de forma democrática com a diversidade individual e cultural presentes na
escola, sendo imprescindível o estímulo das potencialidades do aluno na
apropriação do saber.
A finalidade principal da avaliação deve consistir em analisar as
potencialidades de desenvolvimento e aprendizagem de todos os alunos,
sejam com ou sem deficiência, considerando a necessidade dos recursos
educacionais adequados para o benefício da aprendizagem. Assim, A forma
como se aplica a avaliação pode causar situações desfavoráveis no tocante à
evolução da aprendizagem e prejudicar inclusive a autoestima do aluno com
TEA, ao contribuir para um histórico escolar insatisfatório.
Diante das carências metodológicas, de um currículo rígido e
padronizado, tem-se buscado compreender que este precisa levar em
consideração a natureza dinâmica das necessidades dos estudantes, para que
conquistem seu espaço na vida e na sociedade (daí o enfoque em aprender a
aprender). Logo, as informações precisam ganhar significado e sentido para
quem está aprendendo (daí a importância de se levar em conta as
experiências, os interesses e o nível de entendimento do aluno)
(STAINBACK; STAINBACK, 1999).
Pesquisar sobre a temática é uma necessidade premente, devido a
crescente demanda desse grupo, e do fato de que esses alunos ainda não
encontram na escola regular atendimento apropriado às suas
especificidades. Assim, o presente artigo propõe-se a revelar conhecimentos
que tornem possível a construção do saber, subsidiando e alicerçando a
efetivação de uma avaliação de qualidade.
Nesse sentido, a pesquisa que deu origem a este trabalho objetivou, de
modo geral, conhecer os métodos de avaliação da aprendizagem, mais
comuns, aplicados aos alunos com TEA. De forma mais específica,
objetivou-se: a) realizar levantamento bibliográfico sobre avaliação da
aprendizagem de alunos com deficiência; b) Conhecer os métodos
avaliativos mais comuns e c) Identificar as práticas avaliativas utilizadas
para verificar o rendimento escolar.
Por fim, pretende-se que a leitura deste artigo possa contribuir também
para que os educadores possam se conscientizar a respeito da importância
de se qualificar melhor para atender esses alunos no cotidiano escolar,
buscando caminhos mais adequados para o desenvolvimento social, afetivo
e cognitivo dos estudantes incluídos no TEA, com vistas a atingir os
objetivos propostos para o ensino e aprendizagem.
Desta maneira, na busca por consolidar este estudo, primeiramente, foi
realizado levantamento bibliográfico seguido de uma revisão da literatura,
objetivando nos apropriar de conceitos essenciais que fundamentaram a
investigação. A presente pesquisa se baseia principalmente na concepção de
avaliação da aprendizagem numa perspectiva inclusiva, como recomenda
Beyer (2010), Luckesi (2010) e Hoffmann (2009) e se constitui de grande
valia, pois, é premente a necessidade de pesquisas em torno da temática ora
investigada, visto que, através destes conhecimentos pode-se contribuir de
forma efetiva, auxiliando docentes e demais profissionais da educação no
atendimento de alunos com deficiência.
2 A importância da Avaliação no decorrer da história
O vocábulo avaliar origina-se do latim, oriunda da composição a-valere,
que exprime “dar valor a...”. Segundo o Dicionário Aurélio Júnior da
Língua Portuguesa (2011), avaliar significa “determinar o valor de, apreciar
ou estimar a grandeza de algo ou de alguma coisa”. Logo, a avaliação
equivale a atribuir uma recompensa ou qualidade a alguém ou alguma
coisa. A avaliação não tem um fim em si mesmo, representa um meio.
Desde os primórdios, mesmo antes de existir modelos teóricos de
avaliação, a prática avaliativa já servia para classificar, discriminar e
selecionar pessoas. Existem relatos de procedimentos avaliativos
empregados na seleção de pessoas nos anos 3.000 a.C. e de exames
empregados por educadores gregos e romanos.
No período da Idade Média, iniciou-se um esboço para uma avaliação
mais formal, através de exames orais, realizados nas universidades, como
requisito para obtenção de títulos universitários, rumo à formação de
professores (ESCUDERO, 2003). Na Idade Moderna, ainda sob forte
influência da religiosidade da Idade Média, apareceu a Pedagogia Jesuítica,
no século XVI. Os exames eram realizados de forma solenes, muitas vezes
envolvendo a composição de bancas examinadoras. Em 1599, os jesuítas
publicam um trabalho intitulado Ratio Studiorum, contendo um capítulo
dedicado à prática de exames escritos e orais, em que definia as regras de
como deveria se realizar os exames (LUCKESI, 2010).
Ainda, sob influência do protestantismo da Idade Moderna, evidenciou-
se, no século XVII, as ideias de João Amós Comênio (1592-1672),
colaborando para a transformação da Educação europeia da época refletindo
ainda nas práticas educacionais da atualidade. Reconhecido como o “pai da
Pedagogia Moderna”, e por mostrar a Pedagogia como uma ciência
sistematizada, aspirando uma escola que oferecesse um ambiente agradável
e encantador, e eliminou os castigos corporais existentes. Sua obra mais
divulgada, no Brasil é Didática Magna que convoca aos educadores e
demais leitores a refletir sobre sua prática educativa de uma instituição que
seja universal, que se ensinem tudo a todos.
Como consequências das transformações sociais, descobriu-se no final
do século XIX e início do século XX, a Psicometria ou Abordagem
psicomética, que emergiu com Francis Gastón (1822-1911) e James Cattell
(1860-1944), com o objetivo de revelar e instituir diferenças individuais
para reconhecer suas capacidades. Desponta, a partir daí, uma forma de
avaliar a inteligência utilizando métodos científicos. A testagem psicológica
causou grande impacto social e foi utilizada para valorizar e classificar os
sujeitos conforme suas capacidades. Com uso dos testes psicológicos,
retirou-se toda a responsabilidade do sistema, da escola, e do professor pelo
fracasso escolar recaindo exclusivamente sobre o aluno (ESCUDERO,
2003; VIANNA, 2000).
A avaliação, sob este viés, não apresentava coerência com a instrução
educacional, não satisfazia as necessidades avaliativas dos sistemas
educacionais, tão pouco da aprendizagem dos educandos. O pensamento de
medir a aprendizagem surge na década de 1920, com a Docimologia do
grego dokimé, que quer dizer nota, considerada a corrente pioneira em
aproximação com um modelo de Avaliação Educacional. A Docimologia
projetou bases para uma visão sobre os métodos avaliativos e buscou
superar a avaliação psicológica. Respeitada como a ciência dos exames ou
da medida por exames, a Docimologia alicerçou a mensuração de
aprendizagens, atribuindo valores para o que era aprendido (ESCUDERO,
2003; FURLANETTO, 2006; HADJI, 2001).
Em meados de 1960, Scriven propôs o modelo de Avaliação Formativa.
Percebendo que a avaliação desempenhava muitas funções, porém se
centrava num único objetivo, isto é, determinar o valor ou mérito do que
está sendo avaliado. Outra contribuição importante foi destingir as
avaliações em somativa e formativa, em que a primeira seria realizada
somente no final do processo de aprendizagem, como era sugerido por
Tyler, e a segunda, durante todo o processo (FURLANETTO, 2006;
VIANNA, 2000).
3 Afinal, para que serve a avaliação?
A avaliação faz parte da vida cotidiana de todas as pessoas e na vida
escolar não poderia ser diferente. Avaliar é indispensável à educação, sendo
inerente e indissociável quando compreendida como processo de reflexão
sobre a ação, a avaliação representa um processo inato na vida educacional,
pois como é do conhecimento de todos não existe processo educativo
formal sem avaliação.
No decorrer da história os modelos de avaliação vêm sofrendo variações,
com o objetivo de oferecer informações necessárias para uma melhoria nas
práticas pedagógicas, e se tratando da avaliação escolar de pessoas com
TEA, o desafio é ainda maior, visto que faz-se necessário atentar não
somente para o fazer, mas, também ao desenvolvimento peculiar de cada
estudante.
A finalidade maior da avaliação não é certificar os conhecimentos já
adquiridos pelos educandos, mas impulsioná-los a progredir de um nível de
aprendizado para outro, concedendo apoio pedagógico individualizado,
visto que as dificuldades e as facilidades são inerentes de cada um. A
avaliação, nessa perspectiva, deverá encaminhar-se a um processo dialógico
e cooperativo, por meio do qual educandos e educadores aprendem mais
sobre si mesmos no ato da avaliação (HOFFMANN, 2009).
Nesse sentido, faz-se necessário que o docente entenda a sua importância
diante do processo ensino-aprendizagem, especialmente se atende o
estudante enquadrado no TEA, comprometendo-se com o desenvolvimento
de seu aluno. Assim, avaliar requer do professor: um entendimento
abrangente a cerca da sua disciplina; conhecer bem seu aluno e suas
especificidades; a assimilação sobre o processo de aprendizagem e
aprofundamento em teorias do conhecimento.
Inúmeras vezes, no cotidiano escolar, ouvimos de pais, mães, docentes e
gestores que, avaliar é ato de acompanhar a construção do desenvolvimento
do aluno, pois, acredita-se que o acompanhamento é algo extremamente
importante em qualquer ação de crescimento e desenvolvimento.
No que se refere às pessoas com TEA, acompanhar o desenvolvimento,
avaliar,comparar são fundamentais. É importante lembrar que a avaliação é
um processo que possibilita a realização de análises de informações a
respeito de determinado elemento que oportunize intervenções conscientes,
que visem à definição dos objetivos de ensino e aos fins propostos pela
educação.
Segundo Esteban (2003, p. 14), a ação de avaliar é definida como “[...]
uma tarefa que dá identidade à professora, normaliza sua ação, define
etapas e procedimentos escolares e orienta a prática pedagógica”.
Libâneo (1994, p. 196) define a avaliação escolar como: “[...] um
componente do processo de ensino que visa, através da verificação e
qualificação dos resultados obtidos, determinar a correspondência destes
com os objetivos propostos e, aí orientar a tomada de decisão em relação às
atividades didáticas seguintes”.
Demo (2002, p. 23), refere-se à avaliação como um fenômeno complexo,
e nos ensina que: “toda avaliação ao mesmo tempo em que revela alguma
coisa, também esconde, pois representa recorte selecionado e parcial. Segue
igualmente que toda avaliação acaba cometendo alguma injustiça, porque
qualquer escalonamento é também reducionista”.
A avaliação segundo Luckesi (2010) auxilia na tomada de decisões em
relação à aprendizagem dos educandos, visando garantir a qualidade do que
estamos propondo. Porém para que a avaliação se torne uma ferramenta
subsidiaria da prática educativa, faz-se necessário que tanto a prática
educativa, quanto a avaliação sejam orientadas com certo rigor científico. E
para tanto, temos a ciência pedagógica, apta a nos oferecer subsídios à
condução de uma prática educativa, com vistas a atingir resultados
significativos de aprendizagem, em favor do educando.
Com propriedade o mesmo autor defende Avaliação da Aprendizagem
como um ato amoroso, visto que a avaliação, por si, é um ato acolhedor,
integrativo e inclusivo. Para isso, é necessário distinguir avaliação de
julgamento. Em sua compreensão, “o julgamento é um ato que distingue o
certo do errado, incluindo o primeiro e excluindo o segundo”. Logo,
entende-se que a avaliação da aprendizagem escolar como ato amoroso, só
acontece quando a avaliação tem como meta diagnosticar e incluir o
educando, envolvendo atividades que contemplem todos os seus
conhecimentos já adquiridos (LUCKESI, 2009).
Na concepção de Hoffmann (2009), a avaliação é a
[...] reflexão transformada em ação. Ação, essa, que nos impulsiona a novas reflexões.
Reflexão permanente do educador sobre sua realidade, e acompanhamento de todos os passos
de educando na sua trajetória de construção do conhecimento.
1 Considerações iniciais
Nos últimos anos, presenciou-se impactos positivos na implementação
dos direitos relativos à Educação Inclusiva, decorrentes, sobretudo, do
crescente aumento de pesquisas científicas e das reivindicações advindas da
participação da sociedade civil organizada para consolidação de diversas
leis em vigor. Contudo, no que se refere especificamente à inclusão de
pessoas com Transtorno do Espectro Autista – TEA, apesar do número
crescente da presença desse público nas escolas, ainda persiste a falta de
formação adequada para os profissionais envolvidos, o que tem repercutido
negativamente na qualidade do ensino oferecido.
É o que advertem os estudos de Nunes, Azevedo e Schmidt (٢٠١٣) ao
destacarem, em uma revisão da literatura, os efeitos negativos da carência
de estratégias pedagógicas específicas destinadas à consolidação das
aprendizagens desses estudantes. As instituições de ensino que buscam a
concretização de práticas pedagógicas inclusivas necessitam nortear suas
propostas baseadas em alguns princípios, dentre eles o de que todos podem
aprender, conforme seus ritmos e potencialidades. Conforme defende
Mantoan (2006, p. 38):
Para ensinar a turma toda, parte-se do fato de que os alunos sempre sabem alguma coisa, de
que todo educando pode aprender, mas no tempo e do jeito que lhe é próprio. Além do mais, é
fundamental que o professor nutra uma elevada expectativa em relação à capacidade de
progredir dos alunos e que não desista nunca de buscar meios para ajudá-los a vencer os
obstáculos escolares. O sucesso da aprendizagem está em explorar talentos, atualizar
possibilidades, desenvolver predisposições naturais de cada aluno. As dificuldades e
limitações são reconhecidas, mas não conduzem nem restringem o processo de ensino, como
comumente se deixa que aconteça (MANTOAN, 2006, p. 38).
Percebe-se essa concepção ao analisar os estudos de Orrú (2016) quando
propõe que as intervenções pedagógicas destinadas aos alunos com TEA
sejam construídas a partir dos eixos de interesse desses aprendizes,
evidenciando essa condição como indispensável para um trabalho
educacional na perspectiva inclusiva. As Neurociências têm fornecido
diversas informações que progressivamente desvelam os percursos de
aprendizagens dos sujeitos, tornando esses conhecimentos cada vez mais
necessários no campo da Educação.
A literatura especializada evidencia os benefícios da adoção de
abordagens multidisciplinares envolvendo conhecimentos das
Neurociências, aliados às diversas áreas das Ciências da Educação,
demonstrando as influências de fatores intrínsecos e extrínsecos no
processo de ensino-aprendizagem. Os estudos de Cunha (2016) nos
confirmam essa perspectiva, ao enfatizar a importância de conhecermos as
particularidades nas formas de aprender desses alunos, instigando os
profissionais da educação a buscarem alternativas para compreenderem
melhor essas especificidades.
Os estudos acerca da educação das pessoas com TEA evidenciam
inúmeras barreiras para sua efetivação. Considera-se, assim, primordial a
necessidade da discussão desses achados científicos, com o intuito de
fomentar a elaboração de intervenções psicoeducacionais no contexto da
escola comum inclusiva, envolvendo profissionais da educação e familiares
desses sujeitos, uma vez que sido frequente a queixa da inexistência ou
precariedade de formação continuada acerca das especificidades desse
público-alvo da Educação Especial, quer por parte dos familiares, quer
pelos próprios profissionais da educação.
O presente artigo objetivou explicitar algumas reflexões acerca da
educação das pessoas com TEA, suas interseções com a Neuroeducação e
práticas pedagógicas inclusivas. Nesse cenário, dentre os estudos analisados
na literatura especializada, percebe-se a Psicoeducação como uma
abordagem promissora para auxiliar familiares e profissionais da educação
na tarefa de construir instituições escolares verdadeiramente inclusivas.
Para tanto realizou-se uma breve revisão da literatura especializada, aliada
às nossas percepções advindas das experiências como docente da Educação
Básica, notadamente da Educação Especial.
2 Metodologia
Neste trabalho, realizou-se um estudo qualitativo do tipo pesquisa
bibliográfica, com uma breve revisão de literatura, a fim de construirmos a
contextualização de nosso problema de pesquisa. Conforme elucida
Noronha e Ferreira (2000), esse tipo de pesquisa torna-se fundamental na
aquisição e atualização do conhecimento acerca do tema em estudo,
demonstrando novas ideias, métodos, bem como a frequência com que
determinados subtemas têm sido enfatizados na literatura especializada.
Ao analisarmos algumas possibilidades localizadas na literatura
consultada, situamos nossas concepções com referencial teórico pesquisado.
Para tanto, o material coletado pelo levantamento bibliográfico foi
organizado por fontes científicas com artigos, teses, dissertações, livros e,
ainda, documentos legais sobre a temática. Na seleção de estudos realizou-
se buscas em alguns sites de pesquisa acadêmica: portal de periódicos
Capes/MEC, Lilacs, Scielo e Google acadêmico. Utilizou-se como
estratégia a busca por meio das palavras ou termos a seguir: psicoeducação,
inclusão autismo, formação continuada, transtorno do espectro autista,
neuroeducação e neurociências. Após a leitura dos resumos dos trabalhos
que se aproximavam do nosso objetivo proposto, selecionou-se os trabalhos
de que faríamos a leitura completa. Ao final dessas buscas, utilizou-se
diretamente em nosso trabalho 15 artigos científicos, duas teses, uma
dissertação, uma monografia, 14 livros e oito documentos legais.
Esse trabalho objetivou explicitar algumas reflexões acerca da educação
das pessoas com TEA, suas interseções com a Neuroeducação e práticas
pedagógicas inclusivas. Especificamente, buscou reunir brevemente alguns
aportes teóricos que fundamentassem a importância e a viabilidade de
propostas psicoeducacionais no contexto escolar.
3 Fundamentação teórica
3.1 Considerações acerca da atual Política Nacional de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
A atual Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva (BRASIL, 2008a), no ano de 2018 completa uma
década de publicação. Nesse período, desde a sua implantação, o paradigma
da Educação Inclusiva tem sido discutido mais frequentemente em nosso
cenário educacional. A adesão aos seus princípios basilares – a
compreensão de que a Educação configura um direito de todos – tem
impulsionado as propostas presentes nas atuais políticas públicas no Brasil.
Embora no cotidiano das instituições de ensino, quer públicas, quer
privadas, ainda presencia-se um distanciamento entre o discurso e a prática
pedagógica – dado o destaque, entre outros fatores, das condições
insuficientes de formação continuada aos docentes.
Conforme a Constituição Brasileira de 1988 (BRASIL, 1988), artigo
206, inciso I, o ensino deverá ser ministrado tendo por fundamento os
princípios de igualdade de condições para o acesso e a permanência do
aluno na escola. Dessa maneira, os princípios da Educação Inclusiva
preconizam que as intervenções educativas sejam adequadas a todos os
alunos, independentemente de suas condições pessoais e socioculturais
(CARVALHO, 2005). Corrobora-se com a afirmativa de Virgolim (2007),
ao ressaltar a necessidade de construirmos um ambiente educacional
flexível e responsivo, que corresponda aos diferentes níveis e ritmos de
aprendizagem, considerando os interesses de todos os alunos.
Com a ampliação dos direitos das pessoas com deficiência, transtorno do
espectro autista e Altas Habilidades/Superdotação, expostos nas propostas
da Educação Inclusiva – presentes na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), nº ٩٣٩٤/٩٦ (BRASIL, ١٩٩٦), nas resoluções advindas do
Conselho Nacional de Educação, nos Marcos Político-Legais da Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2010a), nas
orientações da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva (BRASIL, 2008a), no Decreto Presidencial nº 6.571, de
17 de setembro de 2008 (BRASIL, 2008b), no Decreto presidencial nº
7.611, de 17 de novembro de 2011(BRASIL, 2011), e na Lei nº 13.146, Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (BRASIL, 2015),
progressivamente tem se ampliado, conforme preconizam diversos autores,
a compreensão da inclusão escolar como impulsionadora de mudanças
educacionais, considerando a necessidade de construirmos um ensino de
atenção às diferenças (ARAUJO, 2013; DUTRA; GRIBOSKI, 2006;
FIGUEIREDO; BONETI; POULIN, 2010; MANTOAN, 2006, 2010;
ROPOLI et al., 2010).
Nesse cenário, cumpre mencionar o importante papel do professor do
Atendimento Educacional Especializado (AEE) como articulador da
inclusão escolar. No documento do Ministério da Educação (MEC)
intitulado “As Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o
Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica” (BRASIL,
2009), especificam-se que o AEE transcorre nas denominadas Salas de
Recursos Multifuncionais, ambientes disponibilizados, preferencialmente,
na escola regular, podendo ser ofertado também em instituições
especializadas. Ropoli et al. (2010, p. 31) explicitam que “[...] essas salas
são organizadas com mobiliários, materiais didáticos e pedagógicos,
recursos de acessibilidade e equipamentos específicos para o atendimento
aos alunos público-alvo da educação especial, em turno contrário à
escolarização”.
Estes serviços de avaliação e intervenção pedagógica são
disponibilizados por professores habilitados para o exercício da docência,
que possuem formação específica na área da Educação Especial. Dentre as
atribuições do professor do AEE, pode-se destacar:
I – identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade
e estratégias considerando as necessidades específicas dos alunos público-alvo da Educação
Especial; II – elaborar e executar plano de Atendimento Educacional Especializado, avaliando
a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade; [...] VI –
orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados
pelo aluno; [...] VIII – estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum,
visando à disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das
estratégias que promovem a participação dos alunos nas atividades escolares (BRASIL, 2009,
p. 3).
No que se refere ao contexto familiar das pessoas com TEA, Bosa (2006)
destaca um fator que considera-se crucial, para melhoria das intervenções
propostas, tanto na área da saúde, quanto nas intervenções de natureza
pedagógica. Trata-se da importância de identificarmos as necessidades das
famílias e não somente da pessoa com TEA (ARAUJO, 2014). Concorda-
se, nesse contexto, com Bosa (2006, p. 50-51), ao destacar os resultados de
um estudo comparativo entre os perfis de estresse de mães e pais de
crianças com TEA, evidenciando “[...] que as mães das crianças com
autismo apresentaram mais estresse do que os pais e sugeriram que isso foi
consequência das diferentes responsabilidades atribuídas a cada genitor na
criação da criança”. Esses estudos descritos por Bosa (2006) ressaltam que
os genitores sofrem, sobretudo, com relação à demora dos profissionais da
saúde em diagnosticar seus filhos. E, ainda, devido às alterações
qualitativas associadas ao autismo nas áreas da comunicação (ausência da
fala), comportamento (hiperatividade e crises de birra) e interação social.
Miele e Amato (2016), ao realizarem uma revisão da literatura acerca da
qualidade de vida e estresse em cuidadores e/ou familiares de pessoas com
TEA, evidenciaram a necessidade de se ampliarem as redes de apoio
psicoterapêutico a esses sujeitos, dado suas influências no desenvolvimento
dos próprios pacientes com TEA.
Dessa forma, além dos cuidados necessários voltados a criança com TEA, se faz necessário
que a família e cuidadores sejam englobados nesse processo. O entendimento do transtorno, a
mobilização familiar, a readequação de hábitos e rotina e o desenvolvimento de estratégias de
enfrentamento são fundamentais para o bom encaminhamento terapêutico e envolvimento da
família no processo (MIELE; AMATO, 2016, p. 100).
1 Considerações iniciais
Avaliar é uma atividade inerente ao cotidiano escolar e tem por objetivo
identificar, aferir, investigar e analisar determinados fatos, situações ou
processos. Pode-se afirmar que avaliação educacional é composta por
diferentes procedimentos que devem servir como subsídio à prática
docente, objetivando sempre a melhoria do processo de ensino-
aprendizagem.
Especificamente, existem duas dimensões da avaliação precisam ser
consideradas quando abordamos sobre o rendimento da aprendizagem. A
primeira, diz respeito às avaliações internas, caracterizadas, sobretudo pela
ação docente em sala de aula, àquela que busca verificar a aprendizagem do
estudante e é determinada pelo plano de trabalho docente e projeto político
pedagógico da escola.
A segunda dimensão, por sua vez, contempla as chamadas avaliações
externas, que também objetivam identificar o desempenho dos estudantes,
porém, são realizadas por agentes externos à escola, geralmente aplicadas
em larga escala. Constituem-se ferramenta que fornece elementos para a
formulação e monitoramento de políticas públicas, bem como, possibilitam
o redirecionamento de práticas pedagógicas.
Notadamente, a busca por informações sobre avaliações externas, tem
sido alvo permanente de pesquisas e reflexões sobre a área. Porém, se faz
necessário esclarecer que ainda há elevada escassez de estudos voltados
para as avaliações em larga escala, sobretudo quando se referes aos
aprendizes com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), é visando
contribuir para minimizar a ausência de estudos desta natureza que este
artigo se constitui.
O presente estudo é fruto da investigação realizada como trabalho de
conclusão do curso de graduação em Pedagogia. O interesse por essa área
de estudo surgiu das experiências vivenciadas através do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), do subprojeto sobre
Inclusão Escolar, ofertados pelo curso de Pedagogia da Universidade
Federal do Ceará e também da disciplina de Estágio Supervisionado
Obrigatório nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
O cotidiano escolar nos trouxe motivação para esta pesquisa. Pois, os
comentários dos educadores sobre as avaliações em larga escala e as
posturas assumidas frente a aplicação das provas às crianças com TEA, nos
despertou interesse, conduzindo-nos à intenção de verificar qual a real
concepção de Inclusão Escolar no que se refere às crianças com TEA, frente
ao desafio das avaliações externas.
A respeito de uma compreensão sobre avaliação, Vianna (2000) traz a
ideia de que a avaliação não apresenta um fim em si mesmo. Portanto,
nunca é um todo acabado, autossuficiente. Ao contrário, é uma das
inúmeras possibilidades de explicar um fenômeno, analisar as suas causas,
determinar prováveis consequências e sugerir elementos para uma
discussão posterior, acompanhada de tomada de decisões, que considere as
causas dos fenômenos analisados criticamente.
2 Metodologia
Esta pesquisa caracterizou-se como um Estudo de Caso, de abordagem
qualitativa objetivando analisar as práticas avaliativas em larga escala
envolvendo crianças que se enquadram no TEA, matriculadas em
instituições escolares da rede pública municipal de Fortaleza-CE e se estas
favorecem ou não a efetiva inclusão escolar. Os dados do presente estudo
foram obtidos por meio de observações e aplicação de questionários, a fim
de identificar e analisar a influência das avaliações externas e a participação
das crianças com TEA frente a aplicação das provas em larga escala nas
instituições escolares.
3 Fundamentação Teórica
3.1 Desafios da escola frente às avaliações externas e a inclusão de
crianças com TEA
Semelhantemente às crianças neurotípicas¹, aquelas que estejam no TEA
ou que possuam alguma deficiência, devem ser consideradas e envolvidas
em todas as atividades escolares e igualmente avaliadas, uma vez que este
alunado é composto por sujeitos com diferentes histórias de vida,
capacidades, limitações, necessidades e também potencialidades
(FERNANDES; VIANA, 2009; BRASIL, 2008).
Convém assinalar que as crianças com TEA são capazes de realizar uma
avaliação satisfatória, mas, faz-se mister que esta seja pensada e adequada
para elas, posto que, para as crianças com necessidades de uma assistência
educacional diferenciada, fazem-se necessários instrumentos avaliativos
adequados às suas particularidades (FERNANDES; VIANA, 2009).
Não obstante, nos últimos anos, ocupar posição de destaque e alcançar
bons resultados nas avaliações externas tornaram-se alvos de grande parte
das instituições escolares públicas do estado do Ceará, uma vez que as
escolas com bom rendimento são prestigiadas pelo poder público com um
orçamento extra, enquanto as instituições que não atingem o desempenho
esperado não recebem auxílio.
Diante desta realidade, é comum que no cotidiano escolar, muitas
instituições escolares públicas invistam na preparação dos discentes para o
dia da prova. Conforme alerta Vasconcellos (2010, p. 216), “Sabemos de
escolas e educadores que incorporam a tal ponto a preocupação em preparar
seus alunos para as avaliações externas, que abriram mão, pessoal e
coletivamente, de um projeto pedagógico mais vivo e significativo”,
mostrando-nos o quanto essas avaliações estão norteando o ato pedagógico
e educativo de várias instituições públicas.
As avaliações em larga escala são elaboradas objetivando buscar
diagnósticos sobre a realidade educacional, para que, a partir delas, seja
possível a elaboração e implementação de políticas públicas voltadas para a
melhoria da qualidade educacional. Todavia, algumas dessas avaliações
tornaram-se apenas dados para realizarem um escalonamento entre as
escolas, centrando-se nos resultados e notas, esquecendo-se do
desenvolvimento processual alcançado pelos discentes durante o processo
de ensino–aprendizagem.
O que se faz com os dados coletados nessas avaliações são de extrema
importância, conforme afirmam Otaviano, Silva e Lima (2017, p. 291),
“Não basta apenas mensurar a aprendizagem, é preciso tornar os resultados
das avaliações visíveis, com vistas aos processos de melhoria contínua
[...]”, para que com esses dados sejam planejadas estratégias educacionais
que favoreçam a aprendizagem significativa dos estudantes.
A importância das avaliações externas é inegável, todavia, salientamos
que estas necessitam de aperfeiçoamento. Nesse sentido, concordamos com
os autores Silva, Silva e Trompieri Filho (2017), quando afirmam que as
avaliações em larga escala,
[...] não respeitam o tempo e o ritmo de aprendizagem, gerando o insucesso crescente do
indivíduo, sendo que a avaliação, por ser em sua essência humana, dinâmica, processual,
diagnostica inclusiva e dialógica, é penalizada pelo próprio sistema de ensino (p. 196).
1 Considerações iniciais
A inclusão de pessoas com autismo é um tema que vem ganhando espaço
nas produções científicas e que vem sendo discutido de forma mais
frequente após a criação da Lei nº 12.764, de 2012, que concede legalmente
às pessoas com autismo os mesmos direitos das pessoas com deficiência.
Atualmente, no Brasil, as pessoas com autismo têm reconhecido, pelo
menos legalmente, o direito à educação e à inclusão escolar. A referida Lei
institui a Política Nacional de proteção aos direitos da pessoa com
transtorno do espectro do autismo (TEA), denominação atual do autismo.
O acesso das pessoas com autismo ao ensino regular é, portanto, muito
recente, visto que, historicamente, elas permaneciam segregadas em
instituições especializadas e não tinham acesso à escolarização formal.
Em se tratando da inclusão na educação superior, o tema é ainda mais
recente, para não dizer quase escasso, visto que, na revisão bibliográfica
realizada durante a pesquisa que serviu de base para este artigo, em três
bases de dados científicos: Scielo Educa, Biblioteca Digital Brasileira de
Teses e Dissertações (BDTD) e no banco de teses da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), não foi encontrada
nenhuma pesquisa publicada até a data de conclusão da pesquisa
supracitada.
Escolarizar, portanto, é diferente de incluir. Na inclusão educacional está
contida a escolarização, porém nem sempre, no processo de escolarização,
há a inclusão. A aprendizagem também não acontece só no espaço escolar;
ela pode acontecer em diferentes espaços e contextos. Assim, escolarização
também é diferente de educação. A educação tem um sentido muito mais
amplo e envolve muitas relações, além daquelas que se encontram no
ambiente escolar. Mas o que é inclusão?
A palavra inclusão, segundo Farias, Santos e Silva (2009), vem do latim,
do verbo “includere”, e significa colocar algo ou alguém dentro de outro
espaço. Porém, a inclusão vai muito além desse conceito, pois estar incluído
é muito mais do que uma presença física. Implica um sentimento de
pertencimento, isto é, a pessoa sentir que pertence àquele espaço e, no caso
da escola, não se trata simplesmente de inseri-la no ambiente educacional.
Isso é apenas inserção, não inclusão.
Inclusão, segundo Silva (2012), é uma política que busca atender as
necessidades educativas especiais de todos os alunos em salas de aula
comuns, em um sistema regular de ensino, de forma a promover a
aprendizagem e o desenvolvimento pessoal de todos.
A escola e a educação, contudo, se encontram atualmente muito aquém
dessa realidade de inclusão citada pela autora, visto que ainda apresentam
dificuldades de incluir em salas de aula comuns até mesmo os alunos que
não apresentam necessidades educativas especiais, promovendo sua
aprendizagem e seu desenvolvimento, considerado “normal” pela sociedade
como um todo.
2 Fundamentação Teórica
2.1 O processo de escolarização das pessoas com autismo na escola
regular/ educação superior
Conhecer como as pessoas com autismo acessaram a escola regular pode
ajudar a compreender como o processo de inclusão acontece nesse espaço
escolar, com seus desafios e possibilidades.
Em relação aos educandos com autismo, nos últimos anos, segundo
pesquisas realizadas por Serra (2008) e Lazzeri (2010), os números
estatísticos revelam um aumento expressivo de casos de inserção desses
educandos no ensino regular, mais especificamente na educação básica.
Esse número, conforme Lazzeri (2010), passou de 64.781, em 2007, para
93.900 em 2008. Pode-se inferir, portanto, que esses educandos estão
começando a acessar também a educação superior, e os números de
matrículas nesse segmento tendem a crescer a cada ano.
Foi, portanto, a partir de 2005 que o Censo Escolar começou a identificar
as matrículas de estudantes com autismo, partindo de 10.053 matrículas em
2005 e atingindo 72.410 matrículas em 2012, com um crescimento de
620%, sendo 84% das matrículas no ensino regular. Essa evolução é
demonstrada nos gráficos a seguir:
Gráfico 1 – Registro das matrículas de estudantes com autismo (2005-2012)
1 Considerações iniciais
A literatura acadêmica possui muitos artigos que falam do autismo,
possíveis causas, formas de tratamento e estratégias diferenciadas para lidar
com os problemas de comportamento. Quando se trata de filhos com
deficiência, a pena e a empatia se misturam. Uma criança com autismo não
tem traços característicos que compõe a síndrome. O duo do diagnóstico
são: dificuldade de comunicação sociais e as estereotipias e
comportamentos repetitivos. Uma crise gera olhares curiosos, impiedosos e
questionamentos sobre a educação que aqueles pais passam para a criança.
Uma família que tem uma pessoa com autismo é muito suscetível ao
estresse. Alguns artigos foram publicados sugerindo uma diversidade de
fatores que podem agravar ainda mais o caso. Urge pensar em alternativas
para que a criação de um filho autista fique mais leve para todos.
Serviços de cuidador temporário, feito com treinamento específico para a
criança com TEA, pode ser uma alternativa. Se a família não tem um
parente para ficar com a criança para que os pais saiam para um cinema, um
jantar ou uma festa, contratar serviços de empresas especializadas em
cuidadores pode ser uma saída. É importante, porém, que a família conheça
o funcionário antes, que utilize seus serviços estando um parente em casa
para que saiba, com certeza, se houve vínculo entre o adulto e a criança.
Uma vez confiante, o casal pode, enfim, delegar ao cuidador temporário
algumas horas de cuidado à criança para relaxar.
Esse artigo tem como base demonstrar as causas dos estresses em
familiares com pessoas com autismo, é importante conhecer tais causas para
que as famílias venham preparar-se para amenizar ou evitar alguns
estresses. O trabalho aqui apresentado é fruto de uma pesquisa com famílias
com pessoas com autismo.
2 Famílias com autismo: explanação da pesquisa
A pessoa com autismo é muito sensível, então, facilmente, ela consegue
absorver quando o seu cuidador está estressado, como diferenças no tom de
voz, mudanças posturais e irritabilidade acentuada. Essa bola de neve, com
as frustrações de todos maximizadas, gera nessa relação entre cuidador e ser
cuidado muita impaciência e insegurança. Algumas crianças têm
dificuldade de dormir. Umas podem dormir muito tarde e outras ter uma
noite de sono irregular. Não ter uma noite tranquila e sem interrupções
causa fadiga e irritabilidade.
Durante a última semana de fevereiro do ano de 2019, foi disponibilizada
uma pesquisa on-line onde foram listados 17 fatos que uma família, que
tenha uma pessoa com autismo, enfrenta. Não houve estipulação de faixa
etária dos pais, das pessoas com autismo ou da gravidade do espectro. A
grande maioria das respostas veio de famílias que residem em Fortaleza,
Ceará. É a primeira pesquisa voltada especificamente para esse público e
capaz de sinalizar quais são os limítrofes da rotina com uma pessoa com
TEA e o que causa mais estresse nessa família.
Cento e vinte e cinco pessoas responderam às perguntas num intervalo
de duas semanas. Dentre os itens da pesquisa havia seletividade alimentar,
uso contínuo de medicação; desregulação sensorial; falta ou escassa ajuda
da família e outros; aceitação do diagnóstico; pouco suporte do cônjuge;
falta de tempo e/ou energia para cuidar de si mesmo; administração das
terapias (contando com profissionais, horários, tempo e trânsito); privação
de sono ou noites mal dormidas; falta de momentos a sós com o cônjuge;
escola: falta de preparo da equipe pedagógica; escola: bullying; abandono
da carreira profissional para cuidar do filho(a) com TEA; estereotipias;
crises de comportamento em público e dificuldade da criança em se
comunicar. No entanto, selecionamos para destaque nessa pesquisa apenas
os pontos que tiveram mais respostas com porcentagem maiores em relação
ao estresse.
Quando falamos em pessoas com autismo, o diagnóstico é o primeiro
impacto na vida da família, pois surgem diversos questionamentos, dúvidas,
conflitos interiores quando descobre. Em relação à aceitação do diagnóstico
32,00% (n=42). Como mostra o gráfico abaixo a seguir.
Gráfico 1 – Aceitação do diagnóstico
Se existissem parentes e/ou uma rede de amigos para ficar com a pessoa
com autismo, com certa frequência, por exemplo, teríamos pais mais
calmos e energizados. E talvez, crianças, adolescentes e jovens com TEA
mais flexíveis, se acomodando melhor em novos espaços com outras
pessoas, participando melhor de eventos e festas.
De acordo com Santos:
As famílias que têm um filho com deficiência intelectual tendem há despender muito tempo e
esforço para se adaptarem aos padrões de funcionamento da criança, o que torna importante
indagar sobre o que os pais consideram importantes ou que tipos de apoio desejam receber
para os manejos das demandas da criança com DI no cotidiano. Já é amplamente reconhecida
à importância de se firmar uma parceria entre pais e profissionais para proverem o apoio
necessário às crianças com deficiência, sendo este um dos elementos-chave do autocuidado
centrado na família (SANTOS, 2016).
No meio nuclear dessa família, ainda existem casos em que os pais têm
também que ser cuidadores de avós e/ou dividir a assistência entre todos. A
fusão de tantos papéis para administrar pode levar à exaustão.
O pouco suporte do cônjuge também é um fator alarmante de nível de
estresse 36,% (n=45), muitas vezes a mãe que fica com toda
responsabilidade com a criança e, às vezes ainda surge o abandono do
cônjuge quando descobre que tem um filho com autismo. Então, todo
suporte a essa pessoa com autismo recai em cima de apenas uma pessoa da
família, gerando assim um nível de estresse muito alto. Raras exceções.
Fica claro que esses cuidadores precisam espairecer e relaxar.
Gráfico 11 – Pouco suporte do cônjuge
Essa verdade é tão transparente que o fator falta de tempo e/ou energia
para cuidar de si mesmo, apareceu como muito estressante 40,8% (n=51).
Gráfico 12 – Falta de tempo e/ou energia para cuidar de si mesmo
A privação de sono e/ou noites mal dormidas foi apontada como muito
estressante por 45,6% (n=57) das famílias.
Gráfico 13 – Privação de sono ou noites mal dormidas
Diante desses dados, ficou claro que a família com uma pessoa com
autismo enfrenta muito estresse. Uma rede empática de amigos, parentes e
pessoas precisa ser criada com o intuito de ajudar na rotina desses pais.
Oferecer para levar à escola, ou a uma terapia, já pode ajudar. Sigman
(2002) enfatiza que por causa da dificuldade de se viver com uma criança
com autismo, os membros de uma família frequentemente precisam de
outras pessoas para falar sobre problemas específicos ou generalizados
O estresse em se ter uma pessoa com TEA na família passa por
consequências físicas como aumento da pressão arterial, enxaqueca, insônia
até por emocionais como impaciência, medo e ansiedade. A rotina
sistematizada de uma pessoa com autismo tem regras que são importantes
para organizar e criar maior noção de tempo. Se a criança não for flexível,
qualquer interferência pode gerar desconforto e insegurança em todos.
Outro fator que causa vulnerabilidade é o aspecto financeiro. A
necessidade de ter muitas terapias leva a uma administração de
profissionais, horários e orçamentos. Se houver comorbidade, ou seja, se a
criança tiver outros transtornos agregados ao autismo como deficiência
intelectual ou transtorno de linguagem, por exemplo, a evolução é mais
lenta, resultando em anos de tratamento.
3 Considerações finais
Seminários voltados para atitudes práticas de manejo do comportamento
para os pais e cuidadores, seria interessante. Com dicas de intervenções,
essas palestras podem ajudar os pais a minimizar problemas de
comportamento, reduzindo situações de estresse.
Há possíveis alternativas para que o estresse dessas famílias seja
amenizado, como a necessidade de um tempo reservado para o autocuidado
dos cônjuges. A injeção de energia e ânimo na relação entre os pais deve ser
alimentado com frequência para que o amor e a cumplicidade não morram e
os dois possam ser abastecidos por novos desafios e alegria.
É visível, porém, que colocar a pessoa com autismo com profissionais
qualificados ou proporcionar um número elevado de terapias não é
necessariamente proporcional à redução do estresse dessa família. Não há a
menor possibilidade de não trabalhar com esses pais ao longo do
tratamento. Nenhum resultado será tão gratificante na vida dessa pessoa
com autismo do que proporcionar momentos de leveza e tranquilidade para
a família dela.
Não se pode deixar de lado esse dado, uma vez que os resultados de uma
terapia significativa não vão surtir efeito numa família que vive somente
para o autismo, sem momentos de trégua e descanso. Todo profissional que
trabalha com esse público não pode deixar de conhecer esses dados. A
terapia só terá efeito se for feita em comunhão com os pais, com constantes
feedbacks e respondendo às perguntas destes, com orientações e estratégias.
É como cuidar de uma plantinha. Não bastam adubos e água. Mas
paciência, perseverança e fé. Uma vez nutrida, essa planta gera frutos e
flores. E a beleza da natureza enchem a vista e a alma. Apenas uma pausa
do dia para respirar e retomar as atividades, todos mais leves e energizados.
REFERÊNCIAS
DIAMENT, Michelle. Autism moms have stress similar to combat
soldiers. [S.l.], 2009. Disponível em: http://www.disabilityscoop.com
(disability scoop).
KOPRUSZINSKI, Paula e Silva. O nível de stress em mães de crianças
com TEA. [S.l.]: Grupo Rhema Educação, 2018.
SANTOS, Manoel Antonio; PEREIRA-MARTINS, Maria Laura de Paula.
Estratégias de enfrentamento adotadas por pais de crianças com
deficiência intelectual. Disponível em: scielo.com.br. Acesso em: 3 mar.
2019.
SIGMAN, Marian; CAPPS, Lisa. Children with autismo – a
developmental perspective. Massachusetts: Harvard University Press,
2002.
XI, Lu; JIAR, Yeo Kee. Parenting stress and psychological distress among
mothers of children with autism. THE INTERNATIONAL CONFERENCE
ON EARLY CHILDHOOD AND SPECIAL EDUCATION (ICECSE),
2011. Anais [...]. [S.l.]: Universiti Teknologi Malaysia.
CONTRIBUIÇÕES DO AEE NO
PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR
DE UM ESTUDANTE COM TEA
Francisca Anice Bezerra
Lilianne Moreira Dantas
1 Considerações iniciais
A partir da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva – PNEEPEI (BRASIL, 2008), a Educação Especial se
reconfigura enquanto modalidade de ensino, passando a atuar como
colaboradora do processo de inclusão de estudantes com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação,
considerado seu público-alvo.
No ensino regular, um dos serviços da Educação Especial apresentado
por essa política é o Atendimento Educacional Especializado (AEE),
serviço que “[...] identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de
acessibilidade, que eliminem as barreiras para a plena participação dos
alunos, considerando suas necessidades específicas” (BRASIL, 2008).
Conforme a Resolução nº 04/09 que dispõe sobre as Diretrizes
Operacionais do AEE na Educação Básica, este atendimento deve ser
oferecido em salas de recursos multifuncionais (SRM), presente no espaço
escolar, ou em Centros de AEE, no contraturno, sem substituir o processo
de escolarização do ensino comum, sendo complementar.
Na referida Resolução são elencadas atribuições do profissional que atua
no AEE, entre elas dá-se ênfase aquelas que se relacionam ao trabalho com
professores da sala comum e com as famílias:
VI – orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade
utilizados pelo aluno;
VIII – estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando à
disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias
que promovem a participação dos alunos nas atividades escolares.
Como assevera Belisário Filho e Cunha (2010, p. 8), as pessoas com esse
transtorno “representam uma categoria na qual estão agrupados transtornos
que têm em comum as funções do desenvolvimento afetadas”. Atualmente,
de acordo com Bez (2014), houve mudanças na nomenclatura que passaram
a englobar outros transtornos que afetam tais funções:
[...] a partir da DSM-5, o Transtorno Global do Desenvolvimento passa a chamar-se
Transtorno do Espectro Autista [...] que inclui, o transtorno autista (autismo), o transtorno de
Asperger, o transtorno desintegrativo da infância e os transtornos invasivos do
desenvolvimento sem outra especificação, conforme a DSM-5 (APA, 2014).
Belisário Filho e Cunha (2010, p. 11) chamam a atenção para o fato que
“os diferentes modelos explicativos do autismo, de 1943 aos dias atuais,
implicaram a cada momento histórico, diferentes impactos para as famílias
e para as crianças com autismo”. Como por exemplo, em relação às
intervenções educacionais, algumas delas inicialmente não possibilitaram as
pessoas com autismo a exposição ao meio social.
O TEA é, portanto, um distúrbio do desenvolvimento neurológico que
deve “estar presente desde a infância ou no início da infância, mas pode ser
detectado mais tarde devido a mínimas demandas sociais e do apoio dos
pais ou responsáveis nos primeiros anos” (BEZ, 2014, p. 63). Atualmente, o
diagnóstico de TEA se baseia em duas áreas: prejuízo persistente na
interação e na comunicação social e padrões restritos e repetitivos de
comportamento, interesses ou atividades. De acordo com Elias (2018, p.
100) a terminologia TEA,
[...] apresenta uma perspectiva dimensional (espectro) para representar a grande variabilidade
dentro do espectro e dentro de um continuum sintomatológico de sinais e sintomas, com as
classificações de leve a severo, diferenciados em três níveis principais (níveis 1, 2 e 3, de
acordo com a quantidade de auxílio necessário para desenvolver as atividades diárias).
Com isso fica clara a necessidade de conhecer cada estudante com TEA,
pois cada um é único, com características, interesses, histórias de vidas
próprias. A evolução que cada pessoa com TEA apresentará ao longo da
vida estará relacionada aos estímulos feitos para seu desenvolvimento desde
a mais tenra idade. Sabe-se da importância em iniciar o tratamento
brevemente, mesmo que ainda não haja um diagnóstico fechado ou ainda
que seja apenas uma suspeita clínica, pois quanto mais cedo começarem as
intervenções, maiores serão as possibilidades de garantir a qualidade de
vida da pessoa com TEA. Sendo “o diagnóstico precoce, ainda que não
definitivo” e o “atendimento multiprofissional” alguns dos direitos
garantidos pela Lei nº 12.764 de 2012.
Segundo Braga (2018, p. 129) os prognósticos melhores previstos para as
evoluções de sujeitos no TEA são “presença ou ausência de deficiência
intelectual e comprometimento da linguagem associado (linguagem
funcional por volta dos 5 anos de idade é um sinal de bom prognóstico),
bem como outros problemas de saúde mental”.
Mas muito já pode ser feito para o desenvolvimento de pessoas com esse
transtorno neurobiológico, respeitando a forma singular de seu
funcionamento cerebral. As intervenções psicoeducacionais, terapias e
medicamentos existentes podem favorecer maiores possibilidades de uma
vida funcional, com mais qualidade e certa autonomia. Como as redes
neurais podem se modificar conforme as interações com o meio, os
estímulos às pessoas com TEA são fundamentais em todos os ambientes
sociais, a começar com a família em casa, na escola e demais espaços.
Segundo Braga (2018, p. 52):
Para que o nosso processo de aprendizagem aconteça de forma satisfatória e de acordo com as
demandas do meio, faz-se necessário que haja uma perfeita integridade neurobiológica
associada à presença de um contexto social de fato propício e facilitador a esse processo tão
complexo de desenvolvimento.
1 Considerações iniciais
Ao observar a trajetória de surgimento da Psicopedagogia é possível
concluir os significativos benefícios para as pessoas com dificuldades ou
transtornos que culminavam em problemas na aprendizagem. O cenário
difícil que se estendeu do século XIX até meados do século XX, não
garantiu nenhuma assistência ou qualidade de ensino às pessoas que tinham
um desenvolvimento não correspondente ao parâmetro estabelecido pela
sociedade da época, sendo assim, os índices de insucesso escolar e
desigualdade social aumentaram causando segregação na escola e na
sociedade.
Esse fato fez com que a escola repensasse o seu papel de proporcionar
educação de qualidade para todos os indivíduos, independentemente de suas
condições cognitivas, o que levou ao envolvimento de diferentes
profissionais na busca de substituir a realidade desfavorável da época por
mudanças significativas que possibilitassem acesso a um ensino de
qualidade.
Diante desse fato e das mudanças positivas que ocorreram ao longo dos
anos, geralmente oriundas de reflexões a partir de estudos médicos,
psicológicos, psiquiátricos, dentre outros, considera-se importante observar
o processo de surgimento da Psicopedagogia, bem como, a importância da
influência das intervenções psicopedagógicas voltadas para o indivíduo
com Transtorno do Espectro do Autismo – TEA, tendo em vista que
pessoas com o transtorno podem também apresentar problemas de
aprendizagem e a abordagem psicopedagógica adequada pode trazer
benefícios ao desenvolvimento desse público.
É importante saber que o TEA também passou por uma complexa
trajetória para o esclarecimento sobre o seu surgimento, tendo recebido
também a contribuição de diversos estudos da área da saúde e afins, com o
objetivo de compreender as características comportamentais que se
diferenciavam das características já existentes em patologias da época.
Salienta-se que todo esforço feito por esses estudiosos resultou na melhor
compreensão do TEA em suas características e desafios, o que resultou no
estímulo para compreender as contribuições que a psicopedagogia poderia
trazer para o bom desenvolvimento escolar e social daqueles que estão
incluídos nesse transtorno.
Os avanços na prática psicopedagógica e na compreensão do TEA
proporcionaram o surgimento de diferentes intervenções e de uma prática
específica e investigativa de forma individualizada, que proporciona a
inclusão do sujeito na família de origem e consequentemente, na sociedade,
como também oferecem oportunidades de melhor aprendizagem, tanto dos
conteúdos formais quanto nas simples ações cotidianas de comunicação
interpessoal, que para um autista é desafiador.
2 Psicopedagogia: um caminho em direção ao fim da
segregação na escola do século XIX e o início de uma nova
perspectiva
A escola, como ambiente que favorece a aprendizagem, possui um papel
social que tem dentre os seus objetivos, incentivar o respeito às diferenças e
ofertar educação de qualidade a todos os educandos que fazem parte de sua
comunidade. Conhecendo-se essa realidade, é possível fazer relação com o
cotidiano vivenciado por inúmeras crianças e adolescentes que
apresentavam dificuldades e transtornos de aprendizagem ainda no século
XIX.
Nesse período, o insucesso escolar atingiu um aumento significativo,
fato que passou a ser atribuído à desigualdade social da época, como
também à negligencia escolar com as pessoas que possuíam ‘desvio’ no
parâmetro de aprendizagem e desenvolvimento naquele contexto.
Segundo Bossa (2011), entendendo que o saber tem um alto valor, é
necessário encontrar lugar no ciclo de produção e dominá-lo, para que se
possa ter sucesso. Sendo assim, a instituição escolar foi direcionada a uma
posição de significativa responsabilidade pelo acesso do conhecimento às
pessoas com limitações no seu aprender, para que dessa forma, possa
cumprir o seu papel social garantindo oportunidades a todos os indivíduos
independente de suas condições naturais, físicas etc.
Considerando o contexto relatado no parágrafo anterior, a
Psicopedagogia iniciou sua jornada com o objetivo de traçar um caminho de
atendimento às pessoas com dificuldades ou transtornos que geravam
comprometimento na vida social e na aprendizagem. Iniciada com marcos
literários vindos da Europa, em meados do século XX, contou inicialmente
com o engajamento de diversos estudiosos e profissionais da área da saúde,
os quais buscaram orientar os profissionais da educação e também oferecer
atendimento especializado dentro das escolas públicas às crianças e
adolescentes com dificuldades físicas e cognitivas.
É importante ressaltar que essas primeiras iniciativas foram
indispensáveis para o fazer psicopedagógico alcançasse o seu lugar de
transformação na vida de crianças e famílias que necessitam de suporte
complementar na sua vida acadêmica e social.
Vale ressaltar que a prática psicopedagógica, que tem como objetivo
proporcionar meios estratégicos para facilitar a aprendizagem do sujeito,
não se concentrou na Europa, mas alcançou sua amplitude na Argentina
sendo solidificada cada vez mais com a criação de centros
psicopedagógicos, cursos de graduação e faculdades, e chegando ao Brasil
para promover congressos, encontros psicopedagógicos e apresentações de
trabalhos importantes, destacando-se ainda como uma área muito procurada
como curso de pós-graduação lato-sensu.
É interessante refletir que o esforço inicial de estudiosos do século XX
tenha promovido o crescimento de uma área que tem representado grande
diferença para o público de pessoas com desenvolvimento atípico, que
outrora era estigmatizado e segregado por suas diferenças.
Cumpre mencionar que a psicopedagogia teve o seu início marcado pelo
olhar clínico de médicos e psicólogos, que ao estudar o histórico de uma
criança visavam elaborar hipóteses para explicar as razões de suas
dificuldades, como também promover a superação das mesmas através de
diferentes intervenções. Porém, atualmente, além o olhar clínico da área
médica ou psicológica, conta também com a prática pedagógica e
interventiva, que contribui significativamente para promover a
aprendizagem de crianças que apresentem algum nível de dificuldade.
Segundo Fernàndez (1991), a atitude clínica marca o trabalho
desempenhado nos consultórios, onde o psicopedagogo busca os
conhecimentos sobre como o sujeito aprende e tem o interesse de descobrir
traços orgânicos e sociais da história de vida do aprendente. Entende-se
todo esse procedimento por construção do diagnóstico psicopedagógico
como peça fundamental para a continuidade do trabalho psicopedagógico
que pode ocorrer na instituição escolar.
É importante ressaltar, ainda, que a Psicopedagogia não estagnou na
prática clínica, mas continuou a oferecer atendimentos no contexto escolar.
Seu trabalho institucional tem promovido a prevenção das dificuldades de
aprendizagem dentro da escola, como também o uso de significativas
intervenções para aqueles que possuem limitações e transtornos de
aprendizagem.
Além disso, o diálogo do psicopedagogo na escola também é uma
realidade, pois o referido profissional oferece orientações para o vínculo
saudável entre professores, pais/responsáveis e alunos, oportunidades de
inclusão para a criança com deficiência em geral e orientação às famílias
das crianças que frequentam a sala de atendimento psicopedagógico.
Menciona-se ainda, o trabalho dialógico que o psicopedagogo realiza com
toda a comunidade escolar visando o respeito às diferenças, como também
proporcionando a prevenção das dificuldades de aprendizagem.
Conforme Bossa (2011), o psicopedagogo atua considerando todo
histórico da instituição, como também envolve todo o grupo que a ela
pertence, pois tudo está associado ao existir do sujeito. Sendo assim, se
pode afirmar que a prática minuciosa e investigativa desse profissional vai
para além da clínica, buscando oferecer oportunidades de aprendizagem e
boas interações nas escolas, nas empresas e na sociedade.
3 Transtorno do Espectro do Autismo – TEA: compreendendo
o sujeito e a sua realidade
Diante do avanço considerável que a sociedade vivenciou em relação ao
respeito e a assistência para as pessoas com deficiência, dificuldades e
transtornos, é interessante buscar compreender as relações existentes entre a
Psicopedagogia e o Transtorno do Espectro do Autismo – TEA, pois se sabe
da importância do fazer psicopedagógico a todo aquele que possui
dificuldades para se adaptar à rotina escolar e à sociedade, como também da
complexidade do transtorno mencionado e o aumento de crianças com
características autísticas na escola.
Fundamentando-se nos fatos relatados, se acredita ter relevância,
primeiramente em abordar o surgimento do TEA, as suas características e as
dificuldades vivenciadas pelo aprendente, antes de investigar a atuação
psicopedagógica em relação ao sujeito.
Desde o início do seu surgimento, o autismo se apresentou como algo
longe de ser compreendido com facilidade. As características que
apareceram nos primeiros sujeitos, em nada se assemelhavam com os casos
já existentes na medicina e na psicologia, sendo assim, era a esquizofrenia
que caracterizava pessoas com sintomas que rompiam com a realidade.
Segundo Donvan e Zucker (2017), era o comportamento esquizofrênico,
amplamente aceito como doença mental, que fazia com que o indivíduo
tivesse alucinações, pensamento desordenado e fuga da realidade. Dessa
forma, o TEA, como hoje é conhecido: o autismo foi durante algum tempo
confundido com a referida patologia.
Conhecendo o contexto mencionado, se pode perceber que foram
necessários diversos estudos para que o Transtorno do Espectro do Autismo
– TEA pudesse ser compreendido em toda sua individualidade e
complexidade, fornecendo subsídios necessários para chegar a um
diagnóstico claro e assim, proporcionar atendimento adequado à pessoa que
o vivencie.
Conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais –
DSM-V, o TEA é definido como um transtorno do neurodesenvolvimento,
que se manifesta na infância e atinge significativamente a vida escolar. É
com base nessa afirmação que já se pode observar as dificuldades
vivenciadas pela criança ou adolescente com o referido transtorno em uma
instituição de ensino.
O Transtorno do Espectro do Autismo – TEA tem como principais
características, a ausência de interação social e linguagem verbal, em
muitos casos, o que dificulta o desenvolvimento físico, cognitivo, social e
emocional do sujeito. Além disso, a pessoa também pode apresentar
diferentes comportamentos como: repetição de fala, o que se conhece por
ecolalias, repetição de movimentos, o que se conhece por estereotipias e
padrões restritos de interesses e atividades.
Além disso, o sujeito com o transtorno pode apresentar comorbidades
que vão de deficiência intelectual até distúrbios de ansiedade e de
alimentação. Todas essas características tornam claro o fato de que o
ambiente educacional pode ser desafiador para o progresso da criança com
TEA.
Entendendo que, como afirma Vygotsky (1998) a aprendizagem
necessita de interação com o meio, é relevante se pensar na dificuldade de
aprendizagem que o aprendente com TEA pode vivenciar na sala de aula. A
barreira na compreensão dos relacionamentos, como também de atitudes
básicas a um indivíduo apto para viver em sociedade pode levar com que o
educando seja separado do todo, dificultando o seu desenvolvimento.
Nessa perspectiva, o indivíduo com TEA pode apresentar dificuldades na
percepção da funcionalidade dos objetos, ou seja, o brincar inadequado é
algo comum na maioria dos sujeitos que estão no espectro. Entende-se que
o ensino por meio de metodologias e recursos lúdicos facilita a
aprendizagem, o que não é suficiente em si mesmo para a criança com
autismo, que necessita de significativa mediação para aprender.
As dificuldades decorrentes da ausência da fala também são
consideradas preocupantes quando pensamos na aprendizagem de crianças
com TEA. Segundo Romero (2008) apud Orrú (2009), as crianças
começam a balbuciar tardiamente e não desenvolvem a fala, outras possuem
um curto repertório de palavras. Atentar-se a essa realidade torna um pouco
compreensível o difícil contexto vivenciados pelo sujeito com o transtorno,
seus familiares e aqueles que o cercam na comunidade escolar.
A criança com TEA, tendo dificuldades de verbalizar, não é
compreendida no seu comunicar, sendo assim, é necessário pensar em
estratégias que possam proporcionar comunicação e compreensão das
necessidades da criança. Além disso, existe a necessidade do referido
sujeito também perceber a rotina dos diferentes ambientes em que está
inserido para que seu comportamento se torne cada vez mais adequado e
saudável em sociedade, apesar de suas dificuldades.
É imprescindível pensar na realidade vivenciada pela família da criança
com TEA, pois ausência de interação social e verbal podem gerar
dificuldades na compreensão do sujeito por parte de seus familiares.
Acredita-se que esse fato pode contribuir para que os responsáveis da
criança levem tempo para entender os reais dilemas que perpetuam a
situação, não oferecendo a assistência adequada.
É pertinente mencionar sobre a supervalorização da rotina, uma
característica muito comum nas crianças com Transtorno do Espectro do
Autismo – TEA. Sabe-se que na escola, existe a organização de uma rotina,
que por inúmeros motivos, pode sofrer alterações. Para o indivíduo com
TEA as alterações podem ser razões para birras e agressões, é diante disso
que se pode afirmar a necessidade de o aluno com esse transtorno possuir
um cronograma que atenda a todas as suas necessidades para cada momento
de sua aprendizagem. Vale ressaltar que, mudanças e a constante ruptura
das rotinas podem dificultar o seu desenvolvimento na escola.
Percebe-se que a criança ou adolescente com TEA possui um espectro de
características e individualidades que necessitam ser estudadas para que o
referido sujeito tenha acesso a uma educação acadêmica de qualidade e vida
social saudável. É compreendendo a complexidade do transtorno e fazendo
uso do que já se tem em conhecimento, que o psicopedagogo e diversos
outros profissionais poderão atuar de maneira significativa, assertiva,
contribuindo para o avanço de oportunidades ao sujeito com TEA e todos
aqueles que precisam de atendimento especializado.
4 O papel do psicopedagogo frente ao sujeito com Transtorno
do Espectro do Autismo – TEA
As dificuldades de aprendizagem e os transtornos que evidenciam
significativos problemas para aprender têm aumentado no ambiente escolar.
Essa situação tem gerado questionamentos em diferentes profissionais sobre
como proporcionar maiores oportunidades às crianças que possuem
diferença no seu desenvolvimento. É diante dessa complexa realidade, que
se pode pensar, concordante ao objeto de estudo dessa pesquisa, no papel do
psicopedagogo frente ao Transtorno do Espectro Autista – TEA, visto que
ele é um profissional responsável por investigar as causas de a
aprendizagem não ocorrer, como também elaborar hipóteses que possam
explicar as razões das dificuldades no aprender da criança.
Entende-se que o TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento
considerado complexo e de comportamentos específicos. Sabendo que o
psicopedagogo tem grande importância na evolução positiva no
desenvolvimento de uma criança com esse transtorno é importante salientar
que os procedimentos de intervenção devem ser aplicados em um trabalho
multidisciplinar, ou seja, envolvendo profissionais de diferentes áreas. Essa
realidade tem como objetivo proporcionar ao aprendente com TEA uma
amplitude de ações que o contemplarão como um todo, sabendo que seu
desenvolvimento se dará, assim, mais eficazmente.
Outro ponto importante do trabalho com sujeitos com TEA é a
participação significativa da família. A prática psicopedagógica tem como
característica a necessidade de compreender a história do indivíduo desde a
concepção até a vida escolar e rotina familiar, para que se possa elaborar
métodos eficazes de intervenção, como também contribuir para a
elaboração do diagnóstico. Nesse processo, de compreensão da história e
dificuldades do sujeito, a família é uma das principais fontes de
informações que levarão o psicopedagogo a um nível adequado de
entendimento que resultará em um fazer direcionado.
Na escola, se sabe que o papel do psicopedagogo é de prevenção, porém
sua atuação frente ao educando com TEA busca oferecer uma amplitude de
bem-estar, acolhimento, inclusão e oportunidades de aprendizagem por
meio de metodologias específicas. O referido profissional deve buscar,
como atitude inicial, estabelecer um vínculo de confiança com a criança e
observar sua interação com o contexto educativo, o que será indispensável
para as etapas posteriores. O profissional psicopedagogo participa, junto à
comunidade escolar, do processo de familiarização do aluno com a escola.
É relevante mencionar que o fazer psicopedagógico, sendo na escola ou
na clínica, parte de uma iniciativa investigativa, ou seja, é por meio da
observação que o referido profissional irá elaborar um planejamento
direcionado às necessidades do seu aprendente. Defendemos que a
observação contribui para o melhor entendimento do sujeito, o que é muito
importante em se tratando de crianças autistas, visto que se trata de um
espectro composto por diferentes estágios, que podem ser classificados
como: leve, moderado ou severo.
Além disso, as características comportamentais também são consideradas
diversas e diferentes a cada nível. Sendo assim, o planejamento funciona
como ferramenta norteadora da atuação psicopedagógica, onde visa o
benefício da criança com TEA e o envolvimento de pais e professores em
todo o processo.
Caracteriza-se como aspectos da prática psicopedagógica: i) a entrevista
com a família; ii) a elaboração da anamnese; iii) momentos lúdicos com o
aprendente na sala de atendimento e iv) suporte aos professores, quando a
atuação é feita de forma institucional. Acredita-se que a atenção a cada uma
dessas etapas resultará no bom desenvolvimento da criança com TEA
através de uma ação específica e eficaz.
Segundo Cunha (2017), os alunos com Transtorno do Espectro do
Autismo – TEA devem receber apoio através de intervenções de caráter
terapêutico, afetivo, social e pedagógico. A criança deve ser estimulada a
desenvolver bons resultados do âmbito social, como também estímulos para
a iniciação ou aperfeiçoamento verbal e o contato com recursos
pedagógicos que irão contribuir para a sua evolução intelectual.
É importante ressaltar que o fato mencionado acima também se estende à
vida social do indivíduo, fora da escola ou da clínica. O psicopedagogo
deve buscar conversar com os responsáveis da criança ou do adolescente
sobre a importância de se manter uma rotina que estimule o progresso do
aprendente nos diferentes ambientes que ele frequenta. Salienta-se que essa
atitude não se caracteriza apenas pelo diálogo, mas o profissional também
pode oferecer sugestões práticas de como isso pode ser feito.
Um aspecto muito observado pelo psicopedagogo em relação à
aprendizagem do aluno com TEA é a situação dos vínculos que a criança
pode fazer nos diferentes ambientes. Compreendendo-se que as boas
relações influenciam na maneira como o sujeito interage com o objeto do
conhecimento, o profissional da psicopedagogia investiga as relações
escolares e familiares do indivíduo. Esse procedimento busca identificar
possíveis barreiras que possam estar acarretando em uma possível
dificuldade de aprendizagem.
São inúmeras as contribuições que o fazer psicopedagógico pode
disponibilizar à pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo – TEA.
Sua prática, seus estudos, suas observações e o seu diálogo com outros
profissionais têm facilitado a elaboração de intervenções específicas
voltadas para os referidos sujeitos. Essa realidade tem proporcionado o
surgimento de um novo olhar que possibilita a interação social da criança,
apesar de suas limitações. Além disso, o profissional da psicopedagogia
participa de forma significativa para a ação diagnóstica, contribuindo cada
vez mais para o desenvolvimento dos aprendizes, tanto para seu bem-estar,
como para o de sua família.
5 Considerações finais
Percorrer historicamente o caminho feito pelas pessoas que vivenciaram
dificuldades de aprendizagem ou possuíam diferença do padrão social, em
relação ao seu desenvolvimento, é perceber a grande contribuição que o
surgimento da psicopedagogia trouxe a esses indivíduos.
Contudo, é inevitável não enxergar as barreiras encontradas pela criança
ou adolescente com Transtorno do Espectro do Autismo – TEA, visto que o
mesmo faz parte do público que outrora era visto como impossibilitado de
aprender ou de se desenvolver socialmente.
Diante dos fatos mencionados, percebe-se importância da prática
psicopedagógica para o boa evolução da aprendizagem e socialização da
criança com TEA. Visto que, por meio de suporte eficaz tem participado do
processo de inclusão desses indivíduos na sociedade, com sua ação
investigativa, buscando sempre compreender o sujeito como um todo,
considerando sua complexidade e diversidade comportamental, sempre com
o objetivo de elaborar intervenções direcionadas seja para o atendimento na
clínica ou na instituição escolar.
Cumpre mencionar que através da Psicopedagogia, o aprendente com
TEA tem sido assistido no seu ambiente familiar e educacional, visto que,
parte do fazer psicopedagógico a disponibilização de orientações aos pais e
professores, que convivem diariamente com o referido sujeito; necessitando
obter também uma ação específica e direcionada.
A busca por compreender a prática psicopedagógica atrelada às
necessidades da pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo – TEA
também possibilitou o reconhecimento do significativo trabalho que esse
profissional tem desempenhado junto a outros profissionais, participando do
levantamento de hipóteses voltadas para a elaboração do diagnóstico e
corroborando para que o aprendiz tenha a oportunidade de ser mais
compreendido em suas dificuldades visando a superação das mesmas.
É com base no que já foi mencionado que se percebe a importância do
necessário reconhecimento ao profissional psicopedagogo e à sua prática
para as necessidades da criança com TEA. Dessa forma, se acredita ser
possível aperfeiçoar ainda mais a ação voltada para o referido público de
aprendentes, objetivando seu bem-estar, envolvimento social e evolução
acadêmica.
REFERÊNCIAS
BOSSA, Nadia Aparecida. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a
partir da prática. 4. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011.
CUNHA, Eugênio. Autismo e inclusão: psicopedagogia e práticas
educativas na escola e na família. 7. ed. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2017.
DONVAN, John, ZUCKER, Caren. Outra sintonia: a história do autismo.
Tradução Luiz A. de Araújo. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
DONVAN, John. Manual diagnóstico e estatístico de transtorno
mentais. American Psychiatric Association. Tradução Maria Inês Corrêa
Nascimento et al.; Revisão Técnica Aristides Volpato Cordioli et al. 5. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2014. Dados eletrônicos. DSM-5.
FERNÁNDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada. Tradução Iara
Rodrigues. Porto Alegre: Artmed, 1991.
ORRÚ, Sílvia Ester. Autismo, linguagem e educação: interação social no
cotidiano escolar. 3. ed. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2012.
ROMERO, Priscila. O aluno autista: avaliação, inclusão e mediação.
Prefácio Eugênio Cunha. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2018.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins
Fontes, 1994/1998.
TRANSTORNO DO ESPECTRO DO
AUTISMO – TEA: diagnóstico tardio e
insucesso escolar
Dulcinea Bandeira Soares Timbó
Sabrina Soares Timbó
Saulo Edson Soares Timbó
1 Considerações iniciais
Muito tem se falado sobre autismo ultimamente. Ele é definido como um
transtorno do neurodesenvolvimento, de base neurológica e etiologia
diversificada, com déficit de comunicação e interação social, muitas vezes
marcado por comportamento e movimento repetitivo. Este artigo pretende
proporcionar ao leitor uma visão breve quanto ao grau de complexidade que
envolve o tema do autismo e as consequências que o diagnóstico tardio
pode trazer para a vida escolar e social do autista.
Após uma revisão de literatura, observou-se que, em alguns casos, mães
e pais de autistas só recebem o seu próprio diagnóstico na fase adulta,
depois de terem acesso ao diagnóstico de seus filhos. Os discursos dessas
pessoas demonstram que somente então elas compreendem por que, na
infância, a sensação que tinham era a de que toda criança, exceto eles,
parecia ter recebido um manual de instrução que lhes ensinava como se
comportar. Os pais de crianças autistas, agora sabendo-se também autistas,
passam a compreender por que se sentiam diferentes na infância.
Com o amadurecimento, o indivíduo autista, especialmente o de nível 17,
aprende e desenvolve múltiplas habilidades, mas não sem muito sofrimento.
Tornando-se adultos, passam a compreender que é possível processar
informação sensorial e social – embora de forma diferente da maioria das
pessoas – e gerenciar a energia social, evitando o excesso de estímulos
sensoriais e encontrando um senso de identidade.
Segundo dados do Laboratório de Análises Genéticas focado em
Medicina Personalizada para Transtorno do Espectro do Autismo e
Síndromes Relacionadas (TISMOO, 2018), a literatura científica está
repleta de explicações sobre por que há uma frequência maior de homens
com o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) do que
mulheres. Embora alguns destes estudos tenham concluído que o cérebro
masculino requer alterações menos extremas que o feminino para produzir
os sintomas do TEA, há quem diga que as mulheres não estão sendo
diagnosticadas corretamente. Isso acontece desde a infância, época em que
as meninas costumam apresentar dois quadros: um mais grave, que acaba
sendo identificado mais facilmente, já que algumas manifestações são mais
expressivas e podem envolver movimentos repetitivos e atraso de
linguagem, por exemplo; e outro mais leve – manifestações que, muitas
vezes, passam completamente despercebidas ou estão associadas a outras
condições, como o TOC e o Transtorno de Déficit de Atenção com
Hiperatividade (TDAH).
Outro fator que dificulta o diagnóstico é que, de forma geral, garotas
com TEA têm menos atitudes repetitivas e restritivas que garotos com este
mesmo diagnóstico. É possível que as garotas consigam “camuflar” melhor
seus sintomas, desenvolvendo estratégias de adequação a diferentes
situações e até mesmo podendo imitar comportamentos de meninas
neurotípicas da sua idade.
Com raras exceções, o histórico de insucesso escolar quase sempre está
presente na vida desses indivíduos devido à sua dificuldade de memorizar,
imitar, manter contato visual e dar respostas efetivas e rápidas, entre outras
limitações que se apresentam na exigência da vida escolar. Em alguns
casos, o problema não é escolar, e sim está relacionado a como o indivíduo
encara o aprendizado, os conceitos, os prazos, os limites de entrega de
trabalhos etc.
Além do insucesso escolar, o bullying na escola é uma consequência
grave no diagnóstico tardio do TEA, pois a quantidade de anos vividos pelo
autista estigmatizado como “estranho” é o suficiente para o
desenvolvimento e o aparecimento de questões de saúde mental – incluindo
a ansiedade, que é típica do autismo, e a depressão.
Observa-se que 70% dos indivíduos com TEA têm algum grau de
deficiência intelectual, por conseguinte, pelo menos 10% dos pacientes com
deficiência intelectual também são portadores de TEA – algumas
condições, inclusive, apresentam alta taxa de comorbidade (FLEURY,
2018). Ademais, essas condições podem se manifestar de forma isolada ou
acompanhadas por malformações, crises epilépticas, alterações
comportamentais e outros sintomas neurológicos.
Onde há deficiência intelectual, normalmente há déficit cognitivo; no
entanto, não podemos considerar que essa população apresente sempre um
Transtorno de Aprendizagem Específico, como dislexia, por exemplo. Esses
sujeitos apresentam não apenas dificuldades pontuais para ler e escrever,
mas uma dificuldade estrutural, presente em vários aspectos da vida, desde
as atividades escolares até as atividades diárias, corriqueiras, como os
cuidados com a higiene pessoal.
O diagnóstico tardio de TEA também dificulta a avaliação clínica. O
próprio amadurecimento mascara o autismo, confundindo o especialista,
que vê no paciente características de outros transtornos mentais, como a
psicose-esquizofrenia. Nesse caso, o sintoma do diagnóstico de
esquizofrenia faz referência às “reações psicóticas” em crianças (reação
esquizofrênica), não apresentando designações específicas sobre o autismo
(GRANDIN; PANEK, 2015).
O diagnóstico diferencial da psicose e do autismo deve superar a
dicotomia organogênico/psicogênico8, introduzir a incidência do discurso
contemporâneo sobre o autismo e levar em conta a passagem do autismo
para a psicose. Este diagnóstico, assim formulado, terá consequências
clínicas sobre a direção do tratamento, em especial sobre a escuta dos pais.
Esta seção do livro propõe uma leitura atenta e um olhar apurado às
consequências do diagnóstico tardio do TEA, dando ênfase ao insucesso
escolar, considerando a escola, depois da família, como o grande espelho e
instrumento formador da personalidade humana.
2 O TEA e a escola
Segundo Bastos (2018), um dos principais problemas enfrentados na
escolarização de pessoas com TEA é o fato de que muitas delas
experimentam dificuldades para estabelecer uma relação socializada com os
outros. Nesse sentido, mais do que a chance de aprender, a escola oferece à
criança com autismo uma certidão de pertinência, proporcionando-lhes o
lugar de estudantes. Com a inclusão escolar, aposta-se no poder das
diferentes produções discursivas presentes no ambiente da escola – assim,
ela delineia, assegura e sustenta o lugar social de aluno.
Entretanto, sabe-se que é penoso para o professor ter em sala de aula um
estudante que está imune aos laços afetivos e ao contato social. Esses
alunos não têm curiosidade pelo conhecimento e não entram no regime das
relações e das trocas sociais. Dessa forma, eles participam de maneira
atípica das atividades. Não se trata de um reducionismo – é preciso lembrar
que nem todos os autistas apresentam as mesmas características. Porém,
uma vez que se apresentam no ambiente da sala de aula, a angústia do
professor é inevitável; o que não é de todo ruim, pois isso instiga a
comunidade escolar a questionar e discutir as crenças pedagógicas vigentes.
Kayet et al. (2002) afirmam que o estudo do desenvolvimento cognitivo
nos leva a uma perspectiva da evolução da capacidade de pensar e de como
a mente gera os conhecimentos a partir das experiências vividas. A forma
pela qual uma criança pensa, resolve problemas e compreende o mundo
torna-se mais complexa à medida que a criança vai crescendo e
amadurecendo. A maturação cognitiva é necessária para a aquisição da
linguagem. Alterações no pensamento modelam o curso e o nível final do
desenvolvimento emocional, social e moral.
Sendo assim, como se dá o processo de aprendizagem no autismo,
considerando que o TEA é um transtorno de base neurológica e que estudos
mostram que o cérebro autista apresenta áreas com irregularidades – como
o cerebelo, a amígdala, o hipocampo, o corpo caloso, o giro do cíngulo e o
tronco encefálico –, bem como o comprometimento das funções mentais
superiores localizadas no lobo frontal?
É importante enfatizar que nada no autismo é tão simples, mesmo em se
tratando de autistas de nível 1. O insucesso escolar faz parte do histórico de
indivíduos com TEA – muito devido à falta de conhecimentos sobre as
bases neurológicas do autismo por parte dos educadores. Só é possível
“ensinar” uma criança autista se houver aprofundamento e compreensão de
como seu cérebro funciona com as irregularidades apresentadas.
A concepção piagetiana diz que a aquisição de conhecimento ocorre
através da relação entre o desenvolvimento cognitivo, a consolidação da
estrutura neurológica de pensamento e o desenvolvimento das
características hereditárias (PIAGET, 1970). Demonstra-se, assim, que
existe uma relação entre a capacidade de aprender e o desenvolvimento do
sistema nervoso. O que Piaget salienta é que, para haver aprendizagem, é
necessário um aparato nervoso em funcionamento regular – o que, no
autismo, não existe.
3 O caso L.E
L.E. é um garoto de 12 anos que apresenta características
comportamentais atípicas. Desde a primeira infância, demonstrou ser
diferente dos outros irmãos e dos coleguinhas da escola. A mãe, após o
período de negação à espera do “filho idealizado”, buscou respostas
peregrinando pelos consultórios clínicos e terapêuticos. Nunca recebeu um
diagnóstico preciso.
Em janeiro de 2018, L. E. compareceu à clínica para uma avaliação
psicopedagógica com orientação psicanalítica e neuroeducacional. L. E. não
falava na escola ou na “rua”. Apenas dentro de casa – no ambiente familiar,
falava normalmente. A criança estava cursando o ٥º ano do Ensino
Fundamental I. Após tentativas infrutíferas de fazê-lo falar, e percebendo
que ele lia e escrevia perfeitamente, a terapeuta iniciou com L. E. uma
comunicação através da escrita. A criança havia desenvolvido mutismo9.
L. E. gesticulava com a cabeça quando uma resposta era positiva ou
negativa, apontava para um jogo de sua preferência, não olhava nos olhos e,
às vezes, esboçava um leve sorriso de canto de boca. Demonstrava
compreensão sobre as regras dos jogos. A cognição estava preservada. A
comunicação seguia o seguinte formato: em uma folha de papel, a terapeuta
escrevia “Pergunta 1”. Na folha de papel de L. E., ele escrevia: “Resposta
1”. Exemplo:
Terapeuta: Pergunta 1 – Você foi à escola hoje?
Ele: Resposta 1 – Sim.
1 Considerações iniciais
A construção social da imagem das pessoas com TEA, historicamente,
passou por uma série de desenvolvimentos. Por um longo período, as
pessoas com autismo foram consideradas incapazes perante a sociedade,
que as estigmatizava e condenava seus comportamentos tidos como atípicos
e/ou inadequados. A ausência de informação sobre as características e
manifestações do TEA fez com que a imagem da pessoa com autismo fosse
fortemente influenciada por uma visão incapacitante e estigmatizada.
Consequentemente, a exclusão de pessoas com TEA dos meios sociais e
educacionais era explícita e amplamente aceita.
De acordo com Piovesan (2013), a evolução dos direitos das pessoas
com TEA ocorreu em quatro fases, sendo elas: a primeira, marcada pela
intolerância, a segunda marcada pela invisibilidade, a terceira marcada pelo
assistencialismo e a quarta marcada pela visão de direitos humanos de
pessoas com autismo como sujeito de direito. Atualmente, vivenciamos no
âmbito da legislação, a Lei n. 12.764/12, que decreta a Política Nacional de
Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista,
determinando seu acesso à educação, à vida digna, ao livre
desenvolvimento de sua personalidade, à segurança e ao lazer, dentre outros
direitos.
Todavia, em decorrência de um histórico de exclusão, mesmo em um
cenário com a garantia de direitos sociais, é possível observarmos que a
imagem da pessoa com autismo, muitas vezes, continua sendo marcada por
uma visão assistencialista e estereotipada. A falta de aceitação de pessoas
que não estão no padrão hegemônico estabelecido socialmente pode levá-
las a sofrer atos de preconceito e exclusão. Assim, a discussão sobre a
representatividade de pessoas no espectro, é necessária e urgente, visto que
esses indivíduos fazem parte de um dos grupos considerados minoritários
na sociedade.
Nesse contexto, as produções literárias podem contribuir como um
recurso importante para auxiliar no processo de desmistificação e
desconstrução de estereótipos. Entretanto, podem também reforçar os
preconceitos já existentes, uma vez que, em diversas obras, a representação
de pessoas com TEA é insuficiente e muitas vezes negativa, o que resulta
no fortalecimento de estereótipos em relação à pessoa com autismo.
2 Metodologia
A presente pesquisa objetivou analisar a representação da imagem de
pessoas com TEA na literatura infantil. Para o alcance desse objetivo,
optamos pela realização de uma investigação de cunho qualitativo. De
acordo com Minayo (1994, p. 22), a abordagem qualitativa “[...] aprofunda-
se no mundo dos significados das ações humanas, um lado não perceptível e
não captável em equações médias e estatísticas”.
Definimos como objeto de estudo, estórias infantis com personagens
com TEA, produzidas e publicadas com o intuito de apresentar e/ou
conscientizar o público infantil acerca do autismo. Estabelecemos como
obras a serem analisadas três narrativas: “Nós somos incríveis, 1, 2, 3!”,
“Um amiguinho diferente” e “Todas as minhas listras; uma estória para
crianças com autismo”. Os critérios de elegibilidade desses materiais foram
ter uma narrativa voltada para o público infantil e ter um personagem
diagnosticado com autismo.
Como metodologia e instrumento de coleta de dados, utilizamos a
análise documental dos referidos materiais de leitura. A análise documental,
de acordo com Gil (2002, p. 46) “[...], assemelha-se muito à pesquisa
bibliográfica”. Aquilo que as diferencia, segundo o autor citado
anteriormente, é que “a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente
das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto”,
enquanto a pesquisa documental “[...] vale-se de materiais que não recebem
ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de
acordo com os objetos de pesquisa” (GIL, 2002, p. 45).
3 Desenvolvimento
O autismo consiste em um transtorno complexo de
neurodesenvolvimento e caracteriza-se por um déficit na dimensão
comportamental e nas áreas da comunicação e da socialização do indivíduo,
manifestando-se de forma singular em cada um que é diagnosticado com
esta forma de transtorno (GADIA, 2006).
Os estudos pioneiros sobre o autismo foram iniciados em 1943, ano em
que o psiquiatra Leo Kanner publicou o artigo “Distúrbios autísticos do
contato afetivo”. Nesse trabalho, ele descrevia onze casos de pacientes,
entre dois e onze anos, atendidos por ele, que apresentavam
comportamentos e características semelhantes entre si. Ele denominou que
a condição clínica desses pacientes era a de um transtorno até então
bastante desconhecido.
De acordo com Klin (2006, p. 1):
Nesses 11 primeiros casos, havia uma “incapacidade de relacionar-se” de formas usuais com
as pessoas desde o início da vida. Kanner também observou respostas incomuns ao ambiente,
que incluíam maneirismos motores estereotipados, resistência à mudança ou insistência na
monotonia, bem como aspectos não-usuais das habilidades de comunicação da criança, tais
como a inversão dos pronomes e a tendência ao eco na linguagem.
1 Considerações iniciais
Observando os registros históricos referentes à trajetória das pessoas
com deficiência é possível perceber a presença de intensas lutas e
mobilizações para que seus direitos fossem garantidos. Inseridos em uma
sociedade dita ‘normal’, os indivíduos com algum tipo de deficiência ou
transtorno vivenciaram momentos de discriminação, sendo segregados dos
demais e sendo definidos por suas limitações. Em diversos momentos da
história, a pessoa com deficiência foi estigmatizada e impedida de aprender,
por não atender ao padrão estabelecido pela sociedade.
A realidade discorrida acima só foi modificada através de manifestações
isoladas que proporcionaram o surgimento das primeiras ideias de
reconhecimento dos direitos das pessoas com deficiência, na Europa.
Centros de tratamento foram fundados, campanhas, escolas especiais, com
o objetivo de proporcionar voz ao público que durante anos fora
marginalizado por seu desenvolvimento diferenciado. A garantia desses
direitos através de dispositivos legais, surgiu a partir século XX, uma
conquista que proporcionou ao sujeito com deficiência a ser reconhecido
como cidadão atuante na sociedade.
É com base nesses fatores históricos que a pessoa com deficiência
conquistou o seu direito a uma educação de qualidade, não somente isso,
mas a possibilidade de ser vista em sua individualidade, deficiência e forma
específica de aprender. Sabe-se que ainda existe um longo caminho de
conquistas a ser percorrido, mas ao se comparar o cenário antigo com o
atual, instiga-se a curiosidade de compreender a realidade prática da
inclusão nas escolas públicas, atualmente. Sendo assim, se acredita que a
instituição pública funciona como cenário propício para a prática do
respeito à diversidade proporcionando a inclusão no ensino. Por essa razão,
existe a necessidade de se investigar a Educação Inclusiva do estudante com
deficiência no ambiente de ensino. A escola lócus de pesquisa está situada
em Fortaleza-CE; se busca compreender o trabalho realizado pelo
Atendimento Educacional Especializado – AEE junto às crianças com
desenvolvimento diferenciado. A presente experiência consiste em uma
pesquisa de caráter exploratório, desenvolvida na escola supracitada, a qual
tem como sujeitos a professora do AEE, um aluno com Transtorno do
Espectro Autista – TEA da sala regular e estudante assíduo da sala de
recurso multifuncional, a professora da sala regular e a contribuição da mãe
do estudante. A metodologia utilizada foi com base em observações no
espaço escolar, entrevistas semiestruturadas com os sujeitos e observações
da rotina escolar do referido aluno. Os dados coletados da pesquisa foram
registrados no diário de campo e através de gravações.
2 O Atendimento Educacional Especializado – AEE: um
caminho para a inclusão na escola pública
De acordo com o que já foi brevemente mencionado, o cenário que
envolvia as pessoas com deficiência foi marcado por discriminações que
levaram a iniciativas de lutas sociais. É relevante saber que as primeiras
formas de atendimento especial, surgiram de maneira segregada, ou seja,
mesmo com a existência do ensino especial a inclusão ainda não era
realizada com o objetivo de tornar o indivíduo com deficiência parte da
sociedade, o que pode se dizer, estimulava o preconceito e limitava a
inserção do sujeito com deficiência na sociedade.
Segundo Magalhães (2002) o atendimento segregado e institucionalizado
oferecido, até metade do século XX, às pessoas com deficiência era visto
como o mais adequado para a época. A atitude de separar as pessoas com
um desenvolvimento diferente do que se acreditava fugir da normalidade
social, só fortalecia a ideia do preconceito e deixava clara a necessidade de
que houvesse uma mudança no pensamento e no olhar das pessoas do
referido tempo, em relação àqueles que tinham alguma deficiência.
Em uma proposta mais inclusiva, surgiu o Atendimento Educacional
Especializado – AEE como um dos resultados das diversas mobilizações já
realizadas para assegurar os direitos das pessoas com deficiência, ou seja,
seu público alvo são os estudantes que, por ficarem à margem do ensino
regular devido suas limitações, podem ter um complemento no ensino capaz
de proporcionar aprendizagem independente de sua condição. O AEE é
fruto da Política Nacional de Educação Inclusiva (2008), tem como objetivo
oferecer atenção aos educandos com deficiência ou transtorno garantindo a
inclusão do referido público dentro da instituição escolar.
Conforme Costa, Holanda e Souza (2015) o AEE foi organizado para
apoiar o desenvolvimento dos alunos com deficiência e diferentes
transtornos, através de programas de enriquecimento curricular, ou seja, o
referido atendimento visa contribuir e complementar o ensino da sala de
aula regular oferecendo metodologias específicas para o aluno com
deficiência, afim de que o mesmo também possa ter acesso ao
conhecimento.
O programa oferecido pelo AEE proporciona a inserção da criança com
deficiência em uma educação de qualidade, como também a oportunidade
de aprender novas habilidades e de potencializar as habilidades já
existentes. É através desse serviço que o estudante recebe um novo olhar do
professor e de toda a comunidade escolar, onde será compreendido em sua
individualidade e maneira de aprender.
É importante ressaltar que para o bom desenvolvimento do AEE dentro
da escola, a instituição deve elaborar um plano de ação que tenha como
fundamento os princípios legais que norteiam a inclusão e um cronograma
facilitador ao estudante e sua família. Segundo Costa, Holanda e Souza
(2015), o AEE deve ser ofertado no turno oposto ao da escolarização,
prioritariamente na sala de recurso multifuncional que são espaços
organizados com equipamentos, mobiliários, materiais didáticos e
pedagógicos adequados a este atendimento. A sala de recurso
multifuncional deve ser um ambiente que desperte o interesse do aluno,
proporcione interação e bem-estar e ofereça opções de recursos
pedagógicos ao professor do AEE no desempenho de sua função.
Sobre o plano de ação elaborado pelo Atendimento Educacional
Especializado – AEE, nas escolas públicas, é sabido que o referido serviço
é responsável por olhar o estudante como um todo, ou seja, considerando
sua história de vida, habilidades já existentes, as dificuldades que ele tem,
para que dessa forma, as intervenções planejadas sejam específicas e
assertivas na superação ou amenização das dificuldades vivenciadas pelo
estudante.
O fato relatado sobre o plano de ação também consta nas Diretrizes da
Política do MEC, que orienta o profissional do AEE a elaborar o
planejamento de intervenção correspondente às necessidades do aluno que
está matriculado no atendimento. Salienta-se que esse processo é
indispensável, pois além de nortear o trabalho desempenhado pelo educador
da sala de recurso multifuncional, ainda contribuirá para as intervenções
sejam eficazes gerando bons resultados ao desenvolvimento do estudante.
É relevante salientar que apesar de o AEE ser importante para o bem-
estar dos estudantes e das famílias da escola pública, ainda existem desafios
que precisam ser superados para que mais crianças e adolescentes tenham
acesso ao referido serviço. Em muitas escolas, ainda são reais as
necessidades de formação adequada aos profissionais da sala de recurso
multifuncional, a participação dos funcionários, núcleo gestor e demais
professores na proposta elaborada pelo AEE e a existência de recursos
variados e suficientes para formar o acervo da sala. Outro fato que deve ser
considerado um desafio, é que o atendimento Educacional Especializado –
AEE é obrigatório para os alunos da instituição pública, mas os mesmos só
podem comparecer com a autorização das famílias. Sendo assim, atrelado
ao AEE está a mobilização e conscientização sobre a necessidade da
participação dos responsáveis em encaminhar suas crianças ao atendimento,
o que também se torna uma grande necessidade, pois muitas famílias ainda
não reconhecem o significado do AEE, nem tão pouco o trabalho realizado
por ele e seus resultados.
3 O professor do Atendimento Educacional Especializado: um
desafio de formação
Ao falarmos da educação voltada para os estudantes com deficiência na
escola regular, uma importante figura que aparece em protagonismo
juntamente com educando, é o professor do AEE. Contendo atribuições
específicas para o seu papel, esse profissional se encontra na linha de frente
dos atendimentos voltados para aos estudantes com deficiência da escola
pública. Sendo assim, precisa de formação adequada e de todo suporte
possível por parte das instituições de ensino, da comunidade escolar como
um todo e das famílias dos estudantes, para que suas ações sejam
desempenhadas, eficazmente.
Segundo Costa, Holanda e Souza (2015) apud Brasil (2010) constituem
atribuições do professor do AEE:
1. Elaborar, executar e avaliar o Plano de AEE do aluno, comtemplando: a
identificação das habilidades e necessidades educacionais específicas dos alunos; a
definição e a organização das estratégias, serviços e recursos pedagógicos e de
acessibilidade; o tipo de atendimento conforme as necessidades educacionais
específicas dos alunos; o cronograma do atendimento e a carga horária, individual
ou em pequenos grupos;
2. Programar, acompanhar e avaliar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos
pedagógicos e de acessibilidade no AEE, na sala de aula comum e nos demais
ambientes da escola;
3. Produzir materiais didáticos e pedagógicos acessíveis, considerando as necessidades
educacionais específicas dos alunos e os desafios que estes vivenciam no ensino
comum, a partir dos objetivos e das atividades propostas no currículo;
4. Estabelecer a articulação com os professores da sala de aula comum e com demais
profissionais da escola, visando a disponibilização dos serviços e recursos e o
desenvolvimento de atividades para a participação e aprendizagem dos alunos nas
atividades escolares; bem como as parcerias com as áreas intersetoriais;
5. Orientar os demais professores e as famílias sobre os recursos pedagógicos e de
acessibilidade utilizados pelo aluno de forma a ampliar suas habilidades,
promovendo sua autonomia e participação;
6. Desenvolver atividades próprias do AEE, de acordo com as necessidades
educacionais específicas dos alunos: ensino da Língua Brasileira de Sinais – Libras
para alunos com surdez; ensino da Língua Portuguesa escrita para alunos com
surdez; ensino da Comunicação Aumentativa e Alternativa – CAA; ensino do
sistema Braille, do uso do soroban e das técnicas para a orientação e mobilidade
para alunos cegos; ensino da informática acessível e do uso dos recursos de
Tecnologia Assistiva – TA; ensino de atividades de vida autônoma e social;
orientação de atividades de enriquecimento curricular para as altas habilidades/
superdotação; e promoção de atividades para o desenvolvimento das funções
mentais superiores.
1 Considerações iniciais
A comunicação faz parte do ser humano e é essencial para a realização
de seus desejos, necessidades e acesso ao mundo que nos rodeia. Por
diversas razões, um sujeito pode não desenvolver suas habilidades
linguísticas normalmente. A Comunicação Aumentativa e Alternativa,
surge como uma das áreas da Tecnologia Assistiva que atende a esses
indivíduos que precisam de algum tipo de suporte que os auxilie na
comunicação.
Uma das características marcantes do autismo é o desenvolvimento
prejudicado na área da comunicação. Pessoas com autismo e estas
dificuldades, enfrentam desafios que iniciam muito cedo dentro de suas
casas e se estendem para os demais espaços, muitas vezes, nem
frequentados por estas pessoas. A escola se torna, então, outro problema a
ser enfrentado ao invés de ser um espaço que ofereça soluções. Por esta
razão, quanto maior for a produção acadêmica em torno desse tema,
maiores as chances de ultrapassarmos barreiras e avançarmos.
O presente artigo de revisão traz um compilado de informações sobre os
prejuízos na área da comunicação no Transtorno do Espectro Autista
(TEA), sobre a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) como
benefício para a pessoa com autismo, e sobre a Comunicação Aumentativa
e Alternativa na escola. Desse modo, buscamos nos amparar nas
informações fornecidas por teóricos que pesquisam a temática e, dentre
eles, estão algumas referências no tema e também na educação. São eles:
Bercht (2015), Araújo (2014), Bez (2014), Bersh (2005), Carnevale (2013),
Cortes (2015) e Vygotsky (2001).
Desse modo, objetivamos, refletir à luz das ideias aqui apresentadas,
sobre as possibilidades que podem beneficiar pessoas com autismo, de
modo a interagirem socialmente e se comunicarem de maneira mais eficaz,
principalmente na escola.
2 Os prejuízos na área da comunicação no Transtorno do
Espectro Autista (TEA)
Antes de qualquer coisa, é necessário esboçar, mesmo que brevemente,
sobre o que é o autismo com base no que os estudiosos do tema afirmam.
De origem grega, a palavra autismo (autós) tem por significado o termo
“orientar se” e “se caracteriza pela presença de um desenvolvimento
acentuadamente- prejudicado na interação social e comunicação”, bem
como pela presença de outras marcantes características, como um repertório
restrito de atividades e de interesses, mas com inúmeras variações em suas
manifestações (BEZ, 2010; FERREIRA; FILHO, 2010).
Após a publicação do DSM-5, em 2013, o autismo passou a ser inserido
na categoria diagnóstica dos transtornos de neurodesenvolvimento, mais
especificamente com a designação de Transtorno do Espectro Autista –
TEA. Incluindo, além do autismo, o transtorno Asperger, o transtorno
desintegrativo da infância, além de outros transtornos invasivos do
desenvolvimento sem outra especificação (BEZ, 2014; ARAÚJO, 2014).
Os primeiros trabalhos publicados sobre autismo, foram dos autores Leo
Kanner e Hans Asperger, em 1943 e 1944, respectivamente. Foram eles os
primeiros a atribuir características e sintomas que nortearam os
diagnóstivos da época. Mas, segundo Bercht et al. (2015), foi somente em
1988 que Lorna Wing desenvolveu a noção de espectro do autismo
identificando que o comportamento, a interação social e a comunicação
eram os três principais déficits no autismo, ficando inicialmente conhecidos
como a Tríade Wing. O que mais tarde serviu de “critérios de diagnóstico
da síndrome utilizados pela Classificação Internacional das Doenças (CID)
e para a DSM-IV-TR (Diagnostic and Statistic Manual of Mental
Disorders, Fourth Edition)” (ARAÚJO, 2014; BEZ, 2010).
Cumpre mencionar que, acordo com a definição de Kanner (1943),
“crianças com autismo têm uma dificuldade inata de estabelecer o contato
afetivo, são incapazes de relacionar-se e apresentam atraso da fala com
obsessão à rotina [...]”, enquanto que Hans Asperger (1944) observou na
síndrome uma perturbação da personalidade denominada ‘autistischen
Ppsychopathen’.
É importante ressaltar que a ausência nas habilidades de compartilhar
suas ações de forma intencional (atenção compartilhada) e atrasos
significativos da fala estão entre os sinais iniciais para identificar crianças
com TEA, destacando que esta costuma ser a causa das famílias buscarem
ajuda.
3 A Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA)
e seus benefícios
Os estudos em torno da Comunicação Alternativa (CA) começaram a
surgir de forma mais sistematizada no início da década de 1970, tendo
como precursores estudiosos do Canadá. Na década seguinte, a CA se
expandiu para a Inglaterra, Austrália e Estados Unidos, porém, chegou ao
Brasil em 1978, mais especificamente em São Paulo-SP.
Bez (2014) nos conta que nas últimas décadas, o interesse acadêmico por
estudos na área de CA vem crescendo no Brasil e ocasionando novos
caminhos de pesquisa. Como resultado desse interesse, Passerino e Bez
(2015, p. 31) dizem que “um dos primeiros trabalhos foi a adaptação e a
padronização do sistema PECs por Walter (1998, 2000)”.
É importante frisar que a nomenclatura dessa área de estudo é
diversificada e podemos encontrar nas obras acadêmicas alguns dos
seguintes nomes: Comunicação Aumentativa e Alternativa; Comunicação
Alternativa e Suplementar e Comunicação Alternativa e Ampliada. A
comunicação é dita aumentativa, quando o sujeito a utiliza como
complemente, sem substituir a fala totalmente. E é dita alternativa quando o
sujeito utiliza outro meio de comunicação no lugar da fala (BEZ, ٢٠١٤;
SCHIRMER et al. ٢٠٠٧).
Independente do termo, fato é que a CA tem seu propósito em conferir
maior autonomia às pessoas com algum déficit nesse âmbito e tornar essas
pessoas protagonistas de uma comunicação mais independente e eficaz. E
assim, ampliar suas relações com seus pares, na escola, na comunidade e
em geral (BEZ, 2014; SCHIRMER, 2004).
Segundo Miranda e Gomes (2004 apud CORTES, 2015, p 26), “a
Comunicação Aumentativa e Alternativa, refere-se a qualquer meio de
comunicação que suplemente ou substitua os modos habituais de fala e
escrita, ou seja, as habilidades de comunicação quando comprometidos”.
Cumpre mencionar que a CA se destina a qualquer pessoa, de qualquer
idade, que por fatores como: paralisia cerebral, deficiência mental, autismo,
acidente vascular cerebral, traumatismo cranioencefálico, traumatismo
raquiomedular, doenças neuromotoras (como, por exemplo, à esclerose
lateral amiotrófica), apraxia oral, dentre outros, estejam impossibilitadas de
se comunicar eficazmente (TETZCHNER; MARTINSEN, 1992 apud
SCHIRMER, 2007).
No que diz respeito a utilização prática da CA, “existem diversos
sistemas de comunicação alternativos que apresentam um vasto repertório
quanto aos elementos representativos, como fotografias, desenhos e
pictogramas” (PASSERINO; BEZ, 2015, p. 30-31). Esses elementos podem
ser de alta tecnologia (softwares de computadores) ou de baixa tecnologia
(material concreto), mas o importante são as técnicas e estratégias
empregadas na adoção desses sistemas.
Diante dessas informações, Passerino e Bez (2015) alertam para os
benefícios que a CA pode promover para as pessoas com TEA, sendo
assim, “o aluno com deficiência, passa de uma situação de passividade para
outra, a de ator ou de sujeito do seu processo de desenvolvimento”
(BERSCH; SCHIRMER, 2005, p. 89).
Importante salientar as observações de Bez (2010), quando fala que o
desenvolvimento da linguagem não ocorre em contextos de isolamento, e
sim, na interação social. Por isso é tão importante para a criança com
autismo relacionar-se com seus pares na escola, “já que a linguagem não é
apenas comunicação ou suporte de pensamento, é, principalmente, interação
entre sujeitos” (CORTES, 2015, p. 20).
4 A Comunicação Aumentativa e Alternativa na escola
Na maior parte das relações sociais e nos mais distintos ambientes,
incluindo a escola, a fala é a principal modalidade de comunicação. Quando
a fala dos alunos está ausente, isso implica em algum grau de prejuízo na
aprendizagem desses alunos (CARNEVALE; BERBERIAN; MORAES;
KRÜGER, 2013).
Segundo Carnevale, Berberian, Moraes e Krüger (2013, p. 244):
É
É pressuposto que a fala, enquanto “instrumento de comunicação”, permite a
“transmissão/construção” de conhecimentos num processo interativo, desde os primeiros anos
da educação básica. Além disso, é ainda pela via da “comunicação oral” que se pretende
verificar em que medida tais conhecimentos são adquiridos pelos alunos. A fala é vista, nessa
perspectiva, como um meio de retorno, mais ou menos, imediato dessa aquisição e permanece
a serviço do próprio processo de ensino-aprendizagem.
ÍNDICE REMISSIVO
A
Acessibilidade 26, 27, 75, 126, 127, 137
Aprendizagem 7, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 24, 26, 27,
28, 32, 40, 41, 43, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 58, 59,
76, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 86, 87, 88, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99,
102, 104, 121, 122, 124, 126, 129, 130, 136
Atendimento educacional especializado 23, 26, 27, 36, 39, 40, 48, 75, 89,
124, 125, 126, 127, 129, 136, 139, 140, 142
C
Comportamento 30, 32, 34, 35, 38, 58, 59, 63, 64, 72, 78, 80, 81, 94, 95,
101, 106, 113, 116, 117, 118, 120, 134
Crianças com autismo 30, 56, 61, 75, 78, 112, 115, 118, 119, 120, 134
Cuidadores 30, 31, 36, 37, 38, 40, 41, 63, 70, 72
D
Dificuldades 14, 16, 17, 18, 24, 31, 32, 54, 56, 58, 59, 60, 67, 69, 77, 78,
81, 84, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 102, 103, 105, 106, 118, 119,
120, 125, 127, 129, 133
Dificuldades sociais 119, 120
E
Educação 7, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 21, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 34,
36, 37, 38, 39, 40, 41, 46, 47, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60,
61, 63, 73, 75, 76, 77, 80, 81, 83, 85, 88, 89, 90, 91, 92, 96, 100, 109,
111, 115, 122, 123, 124, 125, 126, 128, 129, 130, 131, 132, 133, 136,
137, 138, 139, 140, 141, 142
Educação especial 17, 18, 24, 25, 26, 27, 37, 39, 40, 41, 51, 53, 75, 76, 80,
81, 88, 89, 90, 115, 129, 132, 136, 137, 139, 140, 141
Educação Inclusiva 16, 17, 19, 23, 25, 26, 28, 37, 38, 39, 47, 51, 61, 75, 89,
123, 124, 128, 130, 131, 136, 137, 139
Ensino Fundamental 20, 35, 44, 76, 80, 104, 128
Escola comum inclusiva 24, 41, 90, 140
Estudantes com deficiência 75, 126, 127, 128, 129, 130
F
Família 30, 31, 34, 35, 56, 57, 59, 60, 61, 63, 64, 65, 66, 67, 69, 70, 71, 72,
77, 79, 80, 81, 82, 84, 85, 86, 89, 92, 96, 97, 98, 100, 103, 105, 116,
125, 128, 130, 131, 132
Formação continuada de professores 38, 136, 139
I
Inclusão escolar 7, 26, 39, 40, 41, 44, 47, 48, 51, 53, 75, 84, 88, 89, 90, 103,
121, 127, 136, 137, 140
Interação social 30, 32, 56, 80, 85, 95, 96, 98, 100, 101, 113, 134, 136
L
Literatura Infantil 8, 111, 112, 119
N
Necessidades educacionais especiais 18, 21, 46, 51
Neurodesenvolvimento 95, 96, 101, 112, 134
P
Pluralidade de práticas 51, 52, 122
Política nacional de educação 25, 26, 39, 51, 75, 89, 124, 136, 137, 139
Práticas pedagógicas inclusivas 7, 23, 24, 25
Professor 13, 14, 16, 18, 19, 23, 26, 27, 81, 82, 84, 86, 87, 88, 103, 125,
126, 127, 137
Psicoeducação 24, 25, 31, 34, 35, 36, 37, 40
Público-alvo 24, 26, 27, 35, 36, 75, 76, 115, 118, 120
Público infantil 112, 114
R
Recursos pedagógicos 27, 75, 87, 98, 125, 126, 127, 128, 130
S
Sala de aula 20, 27, 43, 75, 81, 82, 83, 84, 86, 87, 95, 103, 105, 125, 126,
127, 129, 137, 138
Serviços terapêuticos 31, 37
Sociedade 11, 16, 20, 23, 46, 54, 59, 69, 88, 89, 91, 92, 94, 95, 99, 111, 112,
114, 117, 119, 123, 124, 137, 138
T
Transtorno do Espectro do Autismo 3, 7, 8, 11, 29, 32, 39, 43, 53, 90, 91,
94, 95, 96, 98, 99, 101, 109
Transtornos globais do desenvolvimento 75, 89, 139, 140
SOBRE O LIVRO
Tiragem: 1000
Formato: 16 x 23 cm
Mancha: 12,3 X 19,3 cm
Tipologia: Times New Roman 11,5/12/16/18
Arial 7,5/8/9
Papel: Pólen 80 g (miolo)
Royal Supremo 250 g (capa)