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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

Curso de Graduação de Licenciatura em Ciências Agrícolas

Meliponicultura para recuperação de Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro .

SEROPÉDICA
2020

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INTRODUÇÃO

A meliponicultura possui grande potencial produtivo de mel e derivados de


abelhas nativas. Visando juntar as linhas econômicas, reflorestamento, preservação das
espécies nativas em detrimento das espécies invasoras e educação ambiental. Com
a produção do mel e derivados das diferentes espécies nativas de abelhas pode se
conseguir criar um sistema de produção único de mel. Com esse sistema se utilizaria
as plantas nativas da Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro que seriam plantadas
nas áreas de produção. Tendo em mente a fabricação de um mel único, produzido por
essas abelhas, alinhado com o retorno econômico gerado com as vendas, ajudaria os
produtores a verem

o retorno de seu produto vindo da Mata Atlântica. Assim, criaria um senso de preservação
das florestas nativas, vendo que sem elas, o mel das abelhas que eles criam não seria
produzido e, assim, as mesmas seriam levadas à extinção, dando fim à sua produção e
renda econômica.

A apicultura se caracteriza pela produção de mel pelas abelhas africanizadas Apis


melifera. Essas abelhas são invasoras e acabam por afetar os ecossistemas nativos. Essas
abelhas africanizadas acabam por levar a redução das espécies nativas de abelhas nos
diferentes biomas brasileiros. Essas abelhas só conseguem polinizar certas flores
específicas, assim o mel da abelha Apis melifera acaba sendo específico da flor que as
abelhas usam para produzir o seu mel. Essas abelhas também se caracterizam por serem
agressivas e possuírem ferrão sendo assim elas elas são podem apresentar um perigo para
as pessoas que trabalham com elas e também para a comunidade em torno das criações.
Inclusive o dano que essas abelhas podem causar pode ser letal dependendo do número
de picadas e também da reação alérgica que o indivíduo pode ter.

As abelhas nativas diferente das abelhas africanizadas possuem muito mais


diversidade de espécies e elas polinizam diversas flores das diferentes plantas dos biomas
brasileiros. As abelhas nativas também não possuem ferrão como sistema de defesa, mas
sim uma mandíbula melhor desenvolvida. Essas mandíbulas mesmo sendo desenvolvidas
elas não causam danos à saúde humana. Com raras exceções como a caga-fogo
Oxytrigona tataira que lança um ácido fabricado na sua cabeça. O mel dessas abelhas
acaba sendo único por utilizarem várias flores de plantas nativas e por causa disso o mel
delas é classificado por espécie de abelhas e não por flores utilizadas.

As abelhas nativas também possuem uma grande importância para o


reflorestamento das matas nativas. Como elas polinizam as flores de plantas nativas acaba
que essas flores geram frutos que serão consumidos pelos animais presentes no bioma.
Com isso se tem uma geração de renda a partir da venda do mel dessas abelhas que é bem
valorizado e também acaba por reflorestar as matas nativas. Na Mata Atlântica podem ser
utilizadas as Abelhas da espécie Jataí Tetragonisca angustula.

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PROBLEMAS E JUSTIFICATIVAS

O aumento da população de espécies de abelhas invasoras tem causado, não só


uma grande devastação das espécies de abelhas nativas, como também tem atacado as
comunidades que se encontram perto das criações.
O projeto tem como objetivo incentivar novos produtores de mel na criação de
abelhas nativas sem ferrão, assim como auxiliar os produtores locais já existentes em suas
criações para torná-las ainda mais sustentáveis. Isso irá estabelecer uma relação
simbiótica entre o reflorestamento e a produção de mel, onde o produtor gera uma renda
extra ao mesmo tempo que ajuda a proteger a fauna nativa.

OBJETIVOS

Objetivo Geral

A produção de meliponicultura deve ser capaz de gerar um senso de preservação


e conservação do meio ambiente. Ao final do experimento, o produtor deve ser capaz de
perceber o efeito de suas ações em relação à preservação e conservação das matas nativas.

Objetivos Específicos

1. Montar calendário floral das plantas a serem utilizadas no projeto.


2. Selecionar as espécies de abelha nativa que são de origem da Mata Atlântica.
3. Montar plano de negócio para a meliponicultura.
4. Verificar a legislação vigente sobre a criação da meliponicultura.
5. Realizar atividade meliponicultura em propriedades de áreas de Mata Atlântica
desmatada para reflorestamento.
6. Realizar levantamento de dados oficiais sobre estudos sobre a atividade de
criação.
7. Montar uma cadeia produtiva sustentável.

8. (opcional: Montar um sistema utilizando o conceito de internet das coisas para


monitorar o desempenho das colmeias).

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A meliponicultura consegue valorizar o trabalho humano aliado com a utilização


adequada dos recursos naturais disponíveis, mas se esse sistema não for feito de maneira
sustentável ele consequentemente perde o sentido desse tipo de atividade sendo ele o
triângulo de propósitos econômicos, sociais e ambientais. (Jose Nunes de Oliveira Neto,
2018)

O mel e produtos derivados das abelhas sem ferrão possuem baixo custo
operacional gerando uma renda extra para as famílias abrangendo toda a comunidade
principalmente mulheres, crianças e idosos. (Eduardo Antônio Ferreira, 2012)

A meliponicultora é um ramo emergente que se destaca em projetos de Unidades


de Proteção Ambiental e também de turismo ecológico. Sendo as abelhas silvestres que
vão fazer o real reflorestamento. (Eduardo Antônio Ferreira, 2012)
Conforme afirmado por Eduardo Antônio Ferreira (2012, p.1), “A educação
ambiental tem como foco a sustentabilidade e preservação dos ecossistemas, e
para Jacobi (2003), a noção de sustentabilidade implica numa inter-relação
necessária de justiça social, qualidade de vida, equilíbrio ambiental e a ruptura
com o atual padrão de desenvolvimento. Assim podem-se inserir neste
processo, as abelhas, que além de serem insetos sociais, participam de forma
marcante com seu trabalho diário de polinização e produção de alimentos,
participando deste contexto de preservação ambiental.”

Existem no Brasil uma diversidade de 200 espécies de abelhas nativas sem ferrão.
(Cristiano Menezes, 2014)

A prática de meliponicultura tem crescido principalmente na região amazônica. A


técnica de multiplicação das colônias tem sido intensamente estudada e aprimorada pela
Embrapa oriental. (Cristiano Menezes, 2014)

As abelhas sem ferrão são também chamadas de abelhas indígenas ou abelhas de


mel sem ferrão, pelo fato de o ferrão ser atrofiado (Kerr, 1996; Michener, 2000)
Conforme Jamil Tannús Neto (2006, P.34.35)A superfamília Apoidea
apresenta aproximadamente 20.000 espécies distribuídas em quase todas as
regiões do planeta (Michener, 1974; Michener, 1979; Michener et al., 1994).
As espécies apresentam características comuns como o tamanho e o corpo
dividido em cabeça (prosoma), tórax (mesosoma) e abdome (metasoma), mas
a coloração é diferenciada (Snodgrass, 1956; Camargo et al., 1967). São
encontradas em quase todos os lugares onde existam flores, 35 pois apresentam
aparelho para a coleta de pólen, tais como, pêlos plumosos, escopa e/ou
corbícula e língua especializada na coleta de néctar (Michener, 1965;
Michener, 1979; Moure, 1988).

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METODOLOGIA E ABORDAGEM

Para a iniciar devemos obter uma área que tenha Mata Atlântica nativa e que
possua a presença da abelha sem ferrão Jataí (Tetragonisca angustula). A captura das
abelhas será feita com ninho iscas. Os ninhos iscas serão feitos de garrafas PET de 2L.
As garrafas PET devem ser cobertas por uma lona escura ou jornal para evitar a entrada
de luz dentro da garrafa. Posteriormente deve se fazer uma entrada na garrafa PET que
deve ser preenchida por uma rolha de cortiça com um furo nela para as abelhas entrarem
e saírem dela. A isca deve ser feita com feromônios característicos da espécie usada ou
própolis da espécie desejada. Os feromônios devem ser borrifados na entrada da
armadilha e dentro da garrafa PET. Após 15 dias deve se verificar se as abelhas foram
atraídas para o ninho armadilha. Esse método evita que árvores e colmeias sejam mortas
e destruídas respetivamente.

Após a captura das abelhas elas devem ser transportadas para uma caixa INPA
específica para a abelha Jataí (Tetragonisca angustula). Essa caixa já deve estar no lugar
em que o projeto deve ser realizado. A área deve ser um local que tenha uma área de pelo
menos 30 M2 que tenha perdido sua cobertura vegetal nativa. Para a se tentar comprovar
a eficiência do projeto deve ser plantado numa área de 15 M2 plantas nativas da Mata
Atlântica de preferência que estejam em perigo de extinção e que gerem frutos
comestíveis para serem usados como uma forma de renda secundária ou alimento pelos
próprios produtores assim ajudando a eles a verem os benefícios da criação das abelhas
sem ferrão e também da conservação da Mata Atlântica.

Com a as plantas florescendo devem gerar frutos posteriores que deverão em


grande parte serem consumidos por animais presentes na região que dispersaram as suas
sementes nos outros 15 M2 restantes se o resultado for positivo as plantas ocuparam esse
espaço. Se o resultado falhar demonstrará que os frutos daquela região não foram
dispersados ou atrativos para a fauna local.

O local que deverá ser executado o projeto será dentro dos municípios da região
Serrana do Estado do Rio de Janeiro. O local escolhido deverá ter criadores de
meliponicultura como Teresópolis. Também deve ser escolhido um local onde serão
feitos os encontros mensais para avaliação do progresso do projeto. Essas reuniões
também serão feitas para passar as instruções do projeto e avaliar quais problemas cada
produtor está tendo e tentar resolver esses problemas e trocar informações entre os
criadores também.

Os criadores devem ser pessoas locais da região serrana. O trabalho a ser feito
com essas pessoas deve ser o de ensinar os métodos de criação das abelhas sem ferrão, o
produto que elas irão produzir e como elas podem usar para fonte de renda, mostrar que
o produto principal da produção deles vem das florestas nativas e daí sua importância em
preservá-la. Também viria junto todos os benefícios do reflorestamento como amenizar
o efeito estufa, amenizar o calor da região e outros também.

A faixa etária indicada seria de pessoas acima de 18 anos. Posteriormente a


atividade poderia ser exercida por pessoas menores de idade, pois a meliponicultura é
uma atividade em que desde de crianças até adultos podem fazer porque essas abelhas
não possuem ferrão e nem algum mecanismo de defesa letal (com exceção de algumas
espécies que não serão usadas nesse projeto).

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As plantas selecionadas devem ser plantadas na área desmatada após ser feito o
processo de recuperação necessário do solo. Caso não seja necessário ser feita a
recuperação do solo as plantas serão plantadas diretamente no local. As plantas já devem
estar com idade suficiente para gerar flores e gerarem frutos através do processo
reprodutivo. As plantas selecionadas devem dar flores o ano todo ou então várias plantas
com períodos diferentes de floração para as abelhas não passarem por momentos de
escassez de alimentos com isso deixando as colmeias fracas e com produtividade
reduzida.

CRONOGRAMA

2020 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

CONVITE AOS X
PARTICIPANTES

PROPOSTA AOS X
PARTICIPANTES

EXECUÇÃO

AVALIAÇÃO

2021 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

CONVITE AOS
PARTICIPANTES

PROPOSTA AOS
PARTICIPANTES

EXECUÇÃO X X X X X X X X X X X X

AVALIAÇÃO

2022 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

CONVITE AOS
PARTICIPANTES

PROPOSTA AOS
PARTICIPANTES

EXECUÇÃO X X X X X X X X X X X

AVALIAÇÃO X

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Tannús-Neto, J. Estudos Morfométricos sobre Espécies de Abelhas da Tribo


Meliponini (Hymenoptera: Apidae). 276p. : XXXIII il. INPA/UFAM, Manaus, AM
2006.

Ferreira, Eduardo Antônio. A Oficina pedagógica como ferramenta didática para a


aprendizagem em meliponicultura. 77 f.: il. UFRRJ, Seropédica, RJ. 2012.

Oliveira Neto, Jose Nunes de. Normatização Aplicada ao Desenvolvimento da


Meliponicultura no Semiárido Brasileiro. 79 f. : il. UFCG, Pombal, PB. 2018.

Menezes, Cristiano. Meliponicultura. 2 f. EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL. 2014.

Comunicado Técnico. Meliponicultura: Criação de Abelhas Indígenas Sem Ferrão. 4


f. EMBRAPA, Belém, PA. 2004.

Amoedo, Sérgio. MELIPONICULTURA: definições, contexto atual, conflitos e


proposta de regulamentação. 86 f. UFBA, Salvador, BA. 2017.

Felix. Jânio Angelo. Perfil zootécnico da meliponicultura no estado do Ceará. Brasil.


79 f. : il. UFCE, Fortaleza, CE. 2015.

Olimpio, Giovana Leite Cavalcante. Normatização Aplicada ao Desenvolvimento da


Meliponicultura em São Bentinho-PB. 28 f. : il. UFCG, Pombal, PB. 2018.

Rosso-Londoño, Juan Manuel. Insetos, meliponicultura e diversidade biocultural. 168


f. :il. USP, Ribeirão Preto, SP. 2013.

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