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ABELHAS SEM FERRÃO

ESPÉCIES MAIS CRIADAS

Folder 02
Novembro 2021
A criação de abelhas sem ferrão, denominada Meliponicultura, em
homenagem às abelhas da tribo Meliponini, vem sendo amplamente
divulgada em diversas regiões brasileiras devido ao importante serviço
ecossistêmico que prestam para a humanidade: a polinização.
Além desta nobre importância, este desenvolvimento vem auxiliando
comunidades tradicionais no incremento a sua renda familiar através da
venda dos seus produtos, importantes para o equilíbrio do sistema
imunológico e da saúde, além de ser um grande incentivo para a
preservação de habitats com vegetação nativa, como fontes de alimento e
locais de nidificação para as mesmas.
O Brasil tem aproximadamente 300 espécies de abelhas sem ferrão. Mas
será que todas as espécies são criadas para produção de mel e derivados?
Dando continuidade aos encaminhamentos que objetivam a ampliação
da prática da Meliponicultura dentro dos Núcleos e DAVs da União do
Vegetal, a Novo Encanto traz o seu segundo Folder registrando a lista das
espécies de abelhas sem ferrão mais criadas no Brasil, de modo a facilitar a
escolha para desenvolvimento desta prática.

Plantio de mudas node cria


Discos e operárias de Uruçu Nordestina (Melipona scutellaris)
Núcleo Sultão das Matas FOTOS - Márcio Lima
Antigamente quando se falava em produção de
mel, normalmente se pensava nas espécies de
abelhas do gênero Apis, introduzidas no Brasil a
partir da Europa e África e que, atualmente,
respondem pela maior parte do mel produzido
para consumo no país. No entanto o mundo das
abelhas nativas é bem amplo e merece nosso
Uruçu cinzenta ou Tiuba
despertar para seu conhecimento.
(Melipona fasciculata)
Dentre as mais de 20 mil espécies de abelhas Foto: Luciano Costa - Guia de Identificação

existentes no mundo, as espécies que produzem mel


representam uma pequena fração. Existem abelhas
que não produzem mel, as que produzem mel só
para o consumo da colmeia, as que produzem mel
mas não é palatável ou apropriado ao consumo
humano, e as que produzem excedentes que podem
ser aproveitados.
Existem também espécies solitárias como as
Mirim
mangangavas (Xylocopa sp), muito vistas nas
(Plebeia spp)
flores de maracujá, que se destacam pelo Foto: Daniel Carvalho
importante papel na polinização das plantas.
Desta forma, uma importante pergunta surge como
base para orientação da escolha de espécies
quando da organização para implantação de
meliponários: Quais são as espécies de abelhas sem
ferrão mais criadas no Brasil?
Em 2015 foi publicado um estudo que entrevistou
251 meliponicultores em 20 estados brasileiros. O
estudo registrou 19 espécies de abelhas sem ferrão Uruçu Nordestina
mais criadas pelos meliponicultores. (Melipona scutellaris)
Foto: Márcio Lima
A Tabela 01 registra a lista das principais espécies criadas por 246 meliponicultores
brasileiros avaliados pelo estudo Abelhas para o Desenvolvimento, trazendo nome
popular, espécie e a percentagem de criadores.
As espécies se destacam pela produção de mel e derivados como polén e própolis,
associadas a ocorrência e adaptação a cada região.

JAFFÉ R, POPE N, CARVALHO AT, MAIA UM, BLOCHTEIN B, DE CARVALHO CAL, ET AL. (2015) ABELHAS
PARA O DESENVOLVIMENTO: PESQUISA BRASILEIRA REVELA COMO OTIMIZAR A APICULTURA SEM
FERRÃO. PLOS ONE 10 (3): E0121157. HTTPS://DOI.ORG/10.1371/JOURNAL.PONE.0121157

Também são registradas por criadores a escolha pelas espécies Tubuna (Scaptotrigona
bipunctata), Mandaguari Amarela (Scaptotrigona Xanthotricha), Mandaguari Preta
(Scaptotrigona Postica) e Bora (Tetragona clavipes), com sinalização de boa produção e
facilidade de adaptação.
ATENÇÃO PARA ALGUMAS DICAS
Uruçu Boca de
Renda ou Preta Para escolha da espécie de abelha sem ferrão, na
(Melipona
seminigra) implantação do seu meliponários, ATENÇÃO com
Foto: Luciano algumas recomendações:
Costa - Guia de
Identificação.
1.Qual a finalidade da minha criação?
Essa é a primeira observação a ser feita. Estou
implantando um meloponário como lazer, ornamentação,
Uruçu Amarela
(Melipona pesquisa, polinização ou para fins comerciais?
flavolineata) A escolha da melhor espécie dependerá da finalidade
Foto: Luciano
Costa - Guia de da sua implantação.
Identificação.
2. É uma espécie melífera?
Se a finalidade for a produção de mel para consumo
Moça Branca próprio e/ou comercialização, o meliponicultor poderá
ou Marmelada optar por uma só espécie, que seja abundante na região,
(Frieseomelitta
flavicornis) conseguindo, com isso, uma quantidade maior de enxames
Foto: Luciano
e mais rapidez na montagem do meliponário.
Costa - Guia de
Identificação. Para outras finalidades como polinização podem ser
organizados meliponários com diversidade de espécies.

3.A espécie é da região ou bioma de ocorrência?


Iraí As melhores espécies de abelhas sem ferrão para criar
(Nannotrigona
sp.) são as que ocorrem naturalmente no local onde se deseja
Foto: Luciano
Costa - Guia de
instalar o meliponário. A razão central deste fato é que
Identificação. elas estão adaptadas às condições ambientais regionais,
local onde são nativas, o que facilita sua busca por
alimento e reduz a necessidade de cuidados especiais por
parte do meliponicultor.
Mandaguari
Preta O transporte de abelhas para fora de sua área de
(Scaptotrigona ocorrência natural também pode levar à competição entre
Postica)
Foto: Agostinho espécies por recursos alimentares, locais para a construção
Condé
dos ninhos e ao intercâmbio de parasitas e patógenos.
Ao escolher uma espécie que não seja da região para
sua criação, atenção as devidas necessidades de
autorizações do órgão competente.
A abelha Jataí (Tetragonisca angustula) é uma abelha pequenina, que vive na
maior parte do território brasileiro e da América Tropical. Sua criação tem sido
relatada como uma boa opção por ser uma espécie de abelha resistente - rústica,
de fácil manuseio e multiplicação, que tem grande capacidade para fazer ninhos
e sobreviver em diferentes ambientes, inclusive em zonas urbanas, fazendo
ninhos em diferentes tipos de cavidades como as de tijolos, caixas de luz, cabaças,
latas abandonadas, ambientes diversos.
O mel da Jataí, além de saboroso e suave, é bastante procurado por suas
propriedades medicinais sendo usado como fortificante e anti-inflamatório,
tratamento de resfriados, bronquites, glaucoma e catarata, além de ser
bactericida e atuar na cicatrização de ferimentos. Também são produtos de sua
criação o polén, própolis e a cera.
Pela sua anatomia e tamanho a produção é em menor quantidade, mas o preço
de venda é valorizado devido às propriedades medicinais citadas.
Eventualmente, podem ser criadas para auxiliar no fornecimento de samburá
(pólen) e de mel às colônias fracas de outras espécies.
Mas, a criação das abelhas Jataí tem importante destaque para nós da UDV, são
abelhas que visitam plantas cultivadas para polinização e já foram registradas,
visualmente, polinizando floração do Mariri.
Assim, incentivamos que todo meliponário de Núcleos e DAVs da UDV tenham,
associadas as demais espécies criadas, colônias de abelhas Jataí.

Jataí Jataí
(Tetragonisca angustula) (Tetragonisca angustula)
Foto: Luciano Costa - Guia de Identificação. Foto: Daniel Carvalho
FOLDER 02
ESPÉCIES MAIS CRIADAS
EXPEDIENTE
Textos e Edição: Adriana de Castro - Núcleo Estrela da
Manhã

Colaboradores

Agostinho Condé - Núcleo Flor Encantadora


Daniel Carvalho Gomes - Núcleo Alto das Cordilheiras

Fotos:
Agostinho Condé - Núcleo Flor Encantadora
Daniel Carvalho Gomes - Núcleo Alto das Cordilheiras
Luciano Costa - Guia Fotográfico de Identificação de
Abelhas sem ferrão.
Márcio Lima - Núcleo Estrela da Manhã

Assessoria de Educação e Interpretação Ambiental

Silvia Margarido - Núcleo Flor Divina


Adriana de Castro - Núcleo Estrela da Manhã
Selma Santiago - Núcleo Flor Divina

Assessoria de Formação e Capacitação


Mandaguari Amarela
Rachel Stefanuto - Núcleo Rainha das Águas (Scaptotrigona Xanthotricha)
Foto: Agostinho Condé
Diretor Executivo

Carcius Azevedo - Sede Geral

Diretora Adjunta

Andréa Pereira Fróes - Núcleo Rei Salomão

Presidente

Thiago Beraldo - Núcleo Príncipe Teceu

Registros Bibliográficos

Sites da internet

Costa Luciano. Guia Fotográfico de Identificação de


Abelhas Sem Ferrão, para resgate em áreas de supressão
florestal - Belem - Pará, Instituto tecnológico VALE, 2019.

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