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Dá-se o nome de flora meliponícola ao conjunto de espécies vegetais visitadas por abelhas da
subfamília Meliponinae. Podemos definir que existem plantas que são muito, pouco ou eventualmente
visitadas por meliponíneos, sendo algumas de caráter específico, ou seja, atraem exclusivamente estas
abelhas, dependendo delas para sua multiplicação e perpetuação (através da polinização). Para se ter uma
idéia desta especificidade, em um estudo sobre plantas visitadas por abelhas na mata atlântica, verificou-se
que 33% - cerca de 1/3 - das plantas identificadas, foram visitadas exclusivamente por espécies de abelhas
sem ferrão. Em outra pesquisa, agora na floresta amazônica, em apenas 16% das plantas estudadas não
foram coletadas abelhas sem ferrão. Grande parte destas espécies vegetais são nativas, fato que dispensa
comentários sobre a importância de sua preservação para a conservação dos ecossistemas existentes.
Ao escolher o local para a implantação do seu meliponário, o criador deve atentar diretamente
para a ocorrência de uma flora adequada que comporte o número de colônias que ele pretenda criar ao
longo do tempo, já antevendo a expansão de seu negócio. Veremos, a seguir, uma tabela contemplando a
relação das principais espécies vegetais de comprovada atratividade para meliponíneos, reunindo
informações de inúmeras publicações atuais sobre o tema:
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Croton floribundus Capixingui, Outubro a Tubuna; Irapuá; Mirim sem brilho;
[foto 45] velame Dezembro Manduri
Velame da
Croton mucronifolius serra; velame
de cheiro
Tubuna; Uruçu amarela (Melipona
Cupania oblongifolia Caboatã, pau
Junho e Julho rufiventris); Manduri; Guaraipo;
[foto 45] magro
Mandaçaia; Guiruçu
Davilla rugosa Cipó cabloco
Dendropanax cuneatum Maria mole Junho e Julho Muitas Trigonini
Dombéia ;
Dombeya australis Inverno Muitas Trigonini
astrapéia
Violeteira, Irapuá; Xupé (Trigona hyalinata); Mirim
Duranta repens Primavera e Verão
duranta droriana
Depende da
Eucaliptus sp Eucalipto
variedade
Setembro e
Eugenia pitanga Pitangueira
Outubro
Coroa de cristo;
Euphorbia milli Jataí; Irapuá; Mirim emerina; Mirim sem
coroa de Ano inteiro
[foto 46] brilho
espinho
Palmito doce;
Euterpe edulis Março a Junho
içara; juçara
Grevillea banksii Grevília; grevília
Quase o ano inteiro
[foto 46] anã
Beijo de frade,
Impatiens balsamina Irapuá; Mirim droriana; Mirim emerina;
bálsamo de
[foto 47] Mirim sem brilho
jardim
Ligustrum ovalifolium
Ligustro japonês Manduri, Mirins, Tubuna, Jandaira
[foto 47]
Machaerium nictitans Guaximbé, Mirim sem brilho; Cupira do sudeste;
Fevereiro a Maio
[foto 48] jacarandá ferro Uruçu amarela; Tubuna
Betônia brava,
Marsypianthes chamaedrys alfavaca de Geotrigona mombuca; Irapuá;
[foto 48] cheiro, hortelã Frieseomelitta francoi
de cheiro
Camboatã;
Outubro e
Matayba elaeagnoides camboatã Scaptotrigonas
Novembro
branco
Mimosa caesalpinifolia Sabiá
Dormideira, Mandaçaia (Melipona quadrifasciata);
Mimosa pudica sensitiva, Iraí (Nannotrigona testaceicornis);
mimosa Cupira do sudeste; Irapuá
Musa sapientum Banana da terra
Mirim guaçu (Plebeia remota); Cupira
Myrcia rostrata Guamirim da Novembro e do sudeste; Tubuna; Guiruçu; Mirim
[foto 49] folha fina Dezembro droriana; Manduri; Irapuá; Uruçu
amarela; Mirim sem brilho
Myrcia tomentosa Goiaba brava
Ocimum sellowii Alfavaca
Canela guaicá; Outubro e
Ocotea puberula guaicá Novembro
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Angico de
Piptadenia moniliformis
bezerro
Pipthocarpa rotundifolia Candeia Janeiro a Março
Rhododendron indicum
Azalea Inverno Jataí; Irapuá; Mirim sem brilho; Iraí
[foto 49]
Pau de leite, Outubro a Tubuna; Mirim sem brilho; Mirim guaçu;
Sapium glandulatum
leiteiro Fevereiro Jataí
Tubuna; Mirim droriana; Guaraipo;
Tapassuaré,
Sclerobium denudatum Outubro e Uruçu amarela; Manduri; Irapuá; Mirim
passuaré,
[foto 50] Novembro guaçu; Mandaçaia; Mombucão
arapaçu
(Chepalotrigona capitata)
Manduirana,
pau fava,
Senna macranthera Dezembro a Abril Irapuá
mamangá,
fedegoso
Tabebuia impetiginosa
Ipê roxo Maio e Agosto Cupira; Frieseomelitta doerderleini
[foto 50]
Cravo de
Tagetes minuta defunto, cravo Iraí; Cupira do sudeste; Irapuá
do mato; coari
Vernonia sp. Assa peixe Junho a Julho Muitas Meliponini; Jataí, Irapuá
Ziziphus joazeiro Juazeiro Dezembro e janeiro
Fontes consultadas:
www.ib.usp.br/beeplant ; www.cepen.com.br ; www.eymbaacuay.hpg.com.br www.esam.br ;
www.casaecia.arq.br ; umbuzeiro.cnip.org.br ; Velthuis et al. (1997)
foto 40 – angico branco (a) ; palmeira (b) foto 41 – alecrim (c) ; vassourinha (d) foto 42 - camarão
foto 44 - cosmos
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foto 46 – coroa de cristo (i) ; grevília (j) foto 47 – beijo de frade (l) ; ligustro (m) foto 48 – guaximbé (n) ; betônia (o)
No que diz respeito à distância que estas fontes de alimento devem estar das caixas, temos que
recorrer ao conceito do "raio de coleta" das abelhas. A expressão "raio de coleta" significa a distância média
que uma espécie de abelha é capaz de sobrevoar ao redor de uma área. Estes valores variam bastante de
espécie para espécie, porém, apesar de dados escassos acerca do assunto, alguns autores relataram estas
distâncias médias em observações de algumas espécies de meliponíneos. Acompanhe alguns destes
valores:
Em posse dos dados acima, mais o recenseamento das espécies vegetais que compõem a
paisagem natural do local escolhido, o criador pode ter uma bom parâmetro para decidir sobre a viabilidade
de se instalar um meliponário com vistas aos recursos florais. Por último, vale ressaltar que, por maior que
seja a relação de espécies vegetais já pesquisadas, esta jamais estará por inteira completa, pelo fato da
complexidade dos inúmeros ecossistemas que nosso País possui. Até hoje já foram listadas cerca de 300
espécies vegetais visitadas por abelhas sem ferrão nos inúmeros trabalhos publicados (ler autores como
Barth, Absy, Camargo, Imperatriz-Fonseca e Kerr). Ou seja, só pelo fato de não haver no local as plantas
descritas acima, em hipótese alguma poderá se afirmar que não são suficientes os recursos florais para as
abelhas, servindo o estudo como um importante guia, mas fazendo-se necessária algumas observações
individuais do próprio criador.
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PARTE II – TÉCNICAS DE CRIAÇÃO
CAPÍTULO 11 – MANEJO DA CRIAÇÃO
Nas atividades do dia a dia de um meliponário, o criador deve ter em mente que na lida com
colônias de abelhas em ferrão, o que prevalece é o espírito inventivo e capacidade de improvisar. É
diferente da apicultura tradicional, onde os equipamentos e os procedimentos já estão praticamente todos
padronizados, ou seja, já existe uma cartilha básica a ser seguida por quem se lança na atividade comercial
de abelhas melíferas.
Em relação à meliponicultura, ainda há muito por pesquisar e descobrir. A cada ano são idealizadas,
por exemplo, inovações nos modelos de caixas racionais já existentes, descoberta de novos instrumentos
de coleta de mel, novidades em acessórios como alimentadores artificiais, entre outros aperfeiçoamentos e
descobertas. Vejamos, a seguir, procedimentos comuns no manejo de um meliponário.
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A partir do que foi exposto acima, podemos concluir
que a distância mínima entre enxames irá variar de caso
para caso. No entanto, de acordo com observações minhas
e de outros autores, podemos citar algumas distâncias já
testadas com sucesso, como referência para os
meliponicultores: Jataí - 10 a 15cm; Jandaíra (Melipona
subnitida) - 10 a 20cm; Uruçu (Melipona scutellaris) - 20 a
30cm [foto 53]; Mandaçaia (Melipona quadrifasciata) - 40 a
foto 53 - espaçamento entre caixas de uruçu (M. scutellaris) 50cm; Mirins (Plebeia sp., Friesella, Paratrigona - 5 a 10cm.
Importante: estes valores se referem a distância mínima
entre mesma espécie. A distância entre espécies diferentes, em geral, deve ser maior, tomando especial
cuidado com espécies reconhecidamente agressivas como Borá (Tetragona clavipes), Arapuá (Trigona
spinipes) e Canudo (Scaptotrigona postica). Sem falar da Iratim (Lestrimelitta limao), abelhas unicamente
pilhadoras que devem ser evitadas ao redor do meliponário.
Umas das atividades mais importantes está nas revisões internas do ninho, tarefa em que o criador
tem acesso à área dos favos de cria, observando de perto as condições internas da colônia. A freqüência
destas revisões não deve ser muito numerosa, em razão do estresse que esta atividade inevitavelmente traz
às abelhas. Mesmo quando é feita por profissionais, as revisões de ninho não devem exceder em duas por
mês, porém o ideal seriam espaços de um mês entre as referidas atividades. Exceção à regra se faz
quando estamos lidando com transtornos dentro da família. Neste caso, é necessário acompanhar de perto
o dia a dia das caixas afetadas, na intenção de constatar os prejuízos e averiguar os resultados da
intervenção do criador.
Antes de tudo, porém, vem a observação constante dos aspectos externos das caixas. Um bom
meliponicultor não deixa passar em branco o que ocorre ao redor de suas colônias. Assim, é importante
observar, por exemplo, as condições das caixas com relação ao seu desgaste natural e possíveis estragos,
ou a ocorrência de conflitos entre as próprias abelhas ou com outros inimigos e predadores.
Afora os eventuais alvoroços, a freqüência normal de abelhas que entram ou saem das caixas varia
muito de espécie para espécie, além se sofrer interferência direta das condições do tempo, especialmente
em relação à temperatura do ar, umidade relativa e velocidade do vento. Porém, quando verificamos em
dias quentes, de pouca nebulosidade e ventos brandos, que o movimento de abelhas está devagar, é muito
possível que a colônia esteja enfrentando problemas. Nestes casos, é necessário revisar imediatamente o
ninho para identificar a causa do enfraquecimento.
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Para esta tarefa, deve-se utilizar uma espátula ou mesmo uma chave de fenda de ponta fina, para
remover cuidadosamente a massa de invólucro que algumas espécies constróem em torno da área de cria.
Diversas vezes, não se faz necessário nem aconselhável danificar por inteiro esta estrutura, bastando
somente conferir os discos de favos mais superiores, não esquecendo de rearrumar ao final da observação,
a camada de invólucro revolvida.
Quando, nas observações, detecta-se que os favos estão escassos e irregulares, ou ainda há falta
destes, é possível estar lidando com a orfandade de uma colônia, situação que implicará na futura extinção
da família, caso não se aja com rapidez. O procedimento para tentar sanar esta condição, faz-se através da
transferência de alguns (3 a 4) discos de favos de uma ou mais outras colônias sadias da mesma espécie.
O ideal são os favos superiores e com estágio mais avançado de idade, caracterizados por serem de cor
mais clara e com fundo escuro (deposição de fezes da larva). Tal atitude visa possibilitar o nascimento de
uma nova rainha a partir destes favos para suprir a falta ou a deficiência da rainha na colônia órfã. Contudo,
não há nada que garanta o sucesso desta providência. A caixa doadora dos favos deve estar muito bem
desenvolvida, pois na falta de colônias doadoras bem sadias, é melhor perder uma caixa afetada a
enfraquecer as em normal funcionamento.
Em espécies da tribo Trigonini, o processo é mais complicado. Estas abelhas só produzem novas
rainhas mediante a construção de realeiras. Teoricamente, em nada adianta suprir a colônia órfã com favos
normais de outras caixas, sem que neles esteja presente estes favos maiores, a não ser em casos
raríssimos, no qual uma larva fêmea perfura a parede de sua célula e penetra em outra, consumindo os dois
alimentos larvais disponíveis. Nestes casos excepcionais, em razão da grande quantidade de alimento
consumido, a larva pode vir a transformar-se em uma nova rainha. Lembre-se que na tribo Trigonini, o
nascimento de rainhas está correlacionado apenas ao fator trófico (alimentação). Aconselho não esperar por
esta incrível coincidência para salvar suas colônias.
3º) raspagem de batume e cerume - algumas famílias podem eventualmente utilizar estes materiais de
construção demasiadamente e, por vezes, é aconselhável a retirada do excesso destas substâncias no
sentido de fornecer maior espaço interno para o desenvolvimento da colônia. Mais uma vez reforço a idéia
de que "a natureza é sábia", sendo assim, as abelhas não construiriam tais elementos equivocadamente.
Portanto a tarefa não chega a ser de vital importância para a criação, constituindo apenas um estímulo ao
crescimento das colônias.
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11.3 - alimentação artificial
Conforme antes mencionado, a técnica de alimentar artificialmente as colônias decorre basicamente
da necessidade de suprir eventuais situações onde a vegetação local não é capaz, por si só, de manter as
famílias nutridas e se desenvolvendo. Semelhante como na criação de Apis mellifera, esta é uma técnica
que deve estar pautada na ética do criador, pois se utilizada de maneira indiscriminada, poderá resultar na
adulteração e conseqüente falsificação do mel armazenado. Trata-se de um reforço emergencial para
períodos de pequena disponibilidade de recursos florais, totalmente desaconselhado em fases de florada
expressiva. O que determina a utilização da técnica, é o conhecimento pelo meliponicultor do seu
"calendário meliponícola" (baseado nas espécies vegetais da flora local; veja subcapítulo 10.3), aliado às
anotações decorrentes das revisões internas da caixa.
Em casos excepcionais, o criador terá que lançar mão intensamente desta alimentação, como na
recuperação de pragas e doenças, reforçando colônias recém divididas ou estimulando famílias capturadas
a aceitarem a nova moradia. Assim como nos modelos de caixas racionais,
existem diversos tipos de alimentadores artificiais, que podem ser
classificados em internos, externos e coletivos. Como exemplo, citarei abaixo
alguns modelos para cada classe de alimentadores:
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Desta forma, as abelhas passam a utilizar o
alimentador como entrada e saída da colônia [foto 59]. São
indicados para todas espécies de porte médio a grande,
devendo ser evitado ou muito bem dimensionado para as
menores. Outro tipo de alimentador externo, o tipo APIME
[foto 60], possui a mesma lógica também sendo utilizado um
pote de vidro para armazenar o xarope, porém a fonte está
ligada à colônia por meio de tubos de pvc e conexões. Este
modelo foi desenvolvido pela Assoc. dos Apicultores e
Meliponicultores de Pernambuco (APIME).
1º) alimentação energética - tem função de manutenção da colônia e fornecimento de açúcares essenciais,
não influindo por si só no desenvolvimento da prole, em razão da carência de elementos essenciais como
as proteínas e seus aminoácidos. A fórmula mais comum, embora bem pobre, é a da calda de água +
açúcar cristal em proporções que variam entre 30/70%. Outra boa fonte de energia são as caldas de
fabricas de doce em compotas, muito bem aceitas pelas abelhas. Todavia, a melhor opção, sem dúvida, é o
fornecimento de mel de Apis mellifera em substituição total (100%) ou parcial (70 a 80%) ao açúcar das
misturas, uma vez que o mel é capaz de fornecer, além de açúcares simples (glicose e frutose), níveis de
vitaminas e minerais. Este tipo de alimentação é fornecida em períodos de escassez de flores, para colônias
já desenvolvidas visando não deixar enfraquece-las. Não devemos deixar as abelhas se utilizarem das
floradas expressivas para se recuperar o desenvolvimento da colônia, e sim, chegar a este período
favorável já em boas condições para armazenar o máximo possível em pólen e, principalmente, em mel.
Veja o exemplo de alimentação energética sugerida pelo pesquisador Davi Said Aidar para preparo de 1
litro da mistura - 1 parte de açúcar cristal + 1 parte de água fervida + 1 cápsula de Teragran-M ® (vitaminas
e sais minerais) + 1 pitada de sal (NaCl). Deve ser armazenado em geladeira, porém fornecido às abelhas
em temperatura ambiente.
2º) alimentação protéica - serve para o criador que pretenda estimular suas colônias a aumentar seu
contingente de abelhas, devendo ser inserido algum produto capaz de fornecer proteína na dieta
disponibilizada. O ingrediente mais utilizado é o pólen, seja de meliponíneos ou de Apis mellifera, que deve
ser misturado com mel ou qualquer calda energética procurando a formação de uma pasta a mais
homogênea possível. Cuidados devem ser tomados para que a referida pasta não entupa os furos do
alimentador de entrada. Caso esta esteja muito densa (sólida), é preferível fornecer em potes abertos ou
mesmo em tampas dentro das caixas, pois as abelhas podem transitar por sobre a mistura, não havendo
risco de afogamento. Este tipo de alimentação é destinado a colônias muito fracas, no contorno de
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situações de orfandade avançada, ou ainda nas alimentações maciças de meliponários que pretendam
produzir colônias através de múltiplas divisões forçadas, comum nos centros de pesquisa.
Outra opção se dá pelo fornecimento direto de pólen de Apis mellifera "in natura" ou moído,
diretamente nos potes de cerume vazios ou em potes artificiais, tomando o cuidado de não os encher
demasiadamente o que dificulta o aproveitamento pelas abelhas do pólen fornecido. Ocupando cerca de 1/3
da capacidade do pote, tem se demonstrado que o pólen é 100% aproveitado, pois as abelhas em 24h já
umedecem com suas secreções salivares todo o material dando início aos essenciais processos de
fermentação, próprios de cada espécies de meliponíneo.
Seja qual for a opção escolhida, cuidados redobrados com a proteção das famílias devem ser
tomados contra a incidência de pragas e inimigos. Caixas velhas, empenadas, possuem diversos pontos
fracos (frestas) para a invasão de animais a procura de alimento, tais como formigas doceiras ou carnívoras,
abelhas pilhadoras, baratas, moscas, etc. Já vi formigas doceiras, do gênero Camponotus, exterminar em
uma semana duas colônias de Jataí (Tetragonisca angustula) mantidas em caixas velhas.
No encerramento das atividades, caixas defeituosas devem, sempre que possível, ser fechadas e
lacradas com fita adesiva na tentativa de minimizar os riscos de ataques de predadores naturais, sobretudo
após a colocação de alimentadores artificiais, responsáveis pela atração destes inimigos. Nestas ocasiões,
na falta de fita adesiva, o criador pode mesmo improvisar a vedação das frestas com barro.
Contudo, existe um tipo de predador que foge totalmente a esta regra natural, sendo considerados
pela maioria dos pesquisadores e criadores como o pior inimigo das abelhas sem ferrão: os forídeos, que
merecem destaque, tendo em vista a voracidade de suas larvas, que podem exterminar uma família em
pouco tempo de infestação.
Os forídeos são mosquinhas brancas que utilizam o pólen dos meliponíneos como substrato para o
desenvolvimento de seus inúmeros ovos. Estes insetos, pertencentes à ordem dos Dípteros, podem ser
encontrados parasitando ninhos de meliponíneos, principalmente os do gênero Pseudohypocera. Quando
adulto, são mosquinhas ágeis inofensivas que ficam dando
pequenos saltos dentro dos ninhos das abelhas, e por poucas
vezes voando. Entretanto, é na idade de larva que este inseto
demonstra todo seu poderio destruidor, devorando principalmente
potes de pólen, mas também atuando na área dos favos de cria
do ninho, podendo eliminar uma colônia em dias, dependendo da
intensidade da infestação.
Uma vez infestada por forídeos, [foto 63] e [foto 64] algumas colônias conseguem por seu próprio
esforço e luta a eliminação natural destes inimigos, o que ocorre principalmente em colônias fortes de
algumas espécies mais agressivas. Porém, na maioria das vezes, a colônia vem a perder a batalha com
estes insistentes inimigos e morrem após alguns dias de intenso parasitismo. O meliponicultor não pode
esperar pela sorte de suas abelhas, e deve lançar mão de alguns procedimentos para retirar das colônias os
invasores, tais como:
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1º) raspar com espátula ou chave de fenda as larvas e adultos que transitam
pela caixa;
2º) limpar com panos ou guardanapos o conteúdo de mel e pólen
extravasados dos potes;
3º) retirar os potes de mel e pólen danificados e rompidos; e
4º) utilizar a armadilha idealizada pela Dra. Vera
Imperatriz Fonseca da USP [foto 65]
foto 63 - destruição de ninho de borá (Tetragona clavipes) foto 64 - no detalhe, o tamanho algumas operárias de borá
causada por infestação de forídeos (Tetragona clavipes) rodeadas por inúmeras larvas de forídeos
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PARTE II – TÉCNICAS DE CRIAÇÃO
CAPÍTULO 12 – POVOAMENTO & AMPLIAÇÃO (1ª parte)
Porém, não devemos nos assustar com tais preços extremos, pois, pesquisando, o criador pode
encontrar valores bem mais "honestos" (meu ponto de vista), principalmente daqueles que estão
interessados em se desfazer ou reduzir a quantidade de colônias. Comprar colônias de centros de pesquisa
é uma ótima alternativa, em razão da qualidade genética comprovada e apurada através de programas de
seleção.
Dois importantes cuidados devemos tomar ao adquirir colônias de outros criadores. O primeiro diz
respeito à fiscalização dos órgãos de defesa do meio ambiente, com destaque para o Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis - IBAMA, que em alguns raros casos já tem demonstrado se
opor ao comércio destas abelhas, por se tratar de animais da fauna nativa (ver lei n.º 9.605, de 12 de
fevereiro de 1998). Em alguns Estados, como na Bahia, parece que o referido órgão já está exigindo a
confecção de um projeto dos institutos de pesquisa para regulamentar a situação.
Adquirir colônias mediante a compra, apesar de ser o meio mais imediato de se completar a
implementação de um meliponário, não pode ser encarado como maneira exclusiva, visto os altos
investimentos iniciais para se juntar, por exemplo, um grupo de 50 colônias de Mandaçaia (algo em torno de
R$10.000,00). Meliponicultor que se preze, e pretenda fazer da criação de meliponíneos uma atividade
lucrativa, deve buscar determinados caminhos para a obtenção de colônias sem maiores custos adicionais,
na intenção de multiplicar o seu número de caixas. A seguir serão abordadas técnicas que, embora
despendam mais trabalho, constituem meios bem econômicos de se adquirir famílias de abelhas sem
ferrão.
4º) ao término das atividade, as caixas deverão ser obrigatoriamente fechadas e lacradas com fita
adesiva, podendo-se usar até barro na falta deste material. Vedar bem as caixas tem relevância devido ao
fato das caixas, velhas ou novas, dificilmente possuírem acomodação perfeita entre suas partes, expondo
frestas que permitem a penetração de inimigos;
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