Você está na página 1de 6

5º MÓDULO – PLANEJAMENTO PARA A MELIPONICULTURA

Elas não oferecem risco à população e podem ser manejadas em áreas urbanas.
Atividade rende mel saboroso e com menos açúcar.

Se o receio de levar ferroadas é o que impede de se colocar em prática o


interesse pela produção de mel, alimento com demanda certa, por ser um produto
saudável e delicioso, uma boa alternativa é o manejo de abelhas sem ferrão.
Impossibilitadas de dar doloridas picadas, elas não precisam de fumaça para ser
acalmadas nem que o apicultor use equipamentos de proteção individual (EPIs), como
macacão com máscara conjugada, botas de borracha e luvas de nitrila.

Atrofiado ao longo da evolução das espécies desse grupo, o ferrão não oferece
risco à população, permitindo que essas abelhas possam ser criadas em áreas próximas
de pessoas e animais, inclusive em ambientes urbanos. Mas vale ressaltar que, quando
se sentem ameaçadas, elas se defendem mordendo geralmente olho, orelha, nariz e
cabelo do invasor. O uso de um véu, no entanto, é o suficiente para proteger o rosto
de algum ataque.

Formão, fita adesiva e alimentadores são os materiais de manejo para iniciar a


criação que, junto com o véu, custam cerca de R$ 100. São necessários mais R$ 500
para a estrutura e cobertura das colônias, as quais variam de R$ 100 a R$ 300
dependendo da espécie e da região do país.

Há centenas de espécies de abelhas sem ferrão em regiões tropicais e


subtropicais do mundo. Possuem grande diversidade de formas, cores e tamanhos,
com exemplares medindo de 0,2 centímetro de comprimento até próximo de 2

1
centímetros. Aqui, são conhecidas cerca de 200 delas, destacando-se a jataí, a arapuá
e a tiúba.

Também chamadas de meliponíneos, as abelhas sem ferrão formam colônias


perenes habitadas tanto por algumas dezenas quanto por vários milhares de
indivíduos. Em geral, constroem os ninhos dentro de cavidades já existentes, sendo
que a maioria vive dentro de ocos de árvores. Algumas espécies gostam de instalar
seus ninhos no solo, em cupinzeiros e em lugares altos.

Em cativeiro, as abelhas sem ferrão são criadas em caixas pequenas, que não
exigem esforço físico e ocupam menos espaço. Por outro lado, com uma população
reduzida, a produtividade da colônia da maioria das espécies, de 1 a 4 litros de mel por
ano, é menor se comparada com a das abelhas com ferrão, que registra de 20 a 40
litros por ano.

Contudo, além de ter 10% menos de açúcar, o mel de abelha sem ferrão
apresenta tipos diferentes de acordo com cada espécie produtora, ampliando o leque
de opções para o mercado e agregando valor ao alimento, cujos preços no varejo
variam de R$ 30 a R$ 100 por litro. Enquanto alguns são mais viscosos e doces, outros
são mais líquidos e azedos.

Embora comprar de outros criadores seja mais prático, é possível capturar


abelhas sem ferrão da natureza por meio de ninhos-armadilhas ou outros métodos
que não prejudiquem o meio ambiente. Para isso, é necessário obter permissão do
órgão ambiental competente da região. Meliponários com menos de 50 colônias
precisam se inscrever no Cadastro Técnico Federal do Instituto do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Além do cadastro, meliponários com 50 ou
mais colônias devem solicitar autorização em órgãos ambientais estaduais.

EXPANSÃO

Para aumentar o plantel, o criador pode optar pela divisão de uma colônia forte
em duas novas. Para receber as abelhas que estão voando, basta colocar a metade dos
favos da criação em uma caixa vazia e instalá-la no lugar onde está a caixa-mãe.
Enquanto a rainha que está botando permanece na colônia-mãe, uma nova nascerá na
colônia-filha. Acompanhe e alimente ambas a cada semana até que se fortaleçam
novamente.

2
INSTALAÇÕES

Os ninhos são feitos com caixas rústicas de madeira e em vários tamanhos.


Cabaças, cortiços e outros materiais também podem ser usados. Em prateleiras,
mantenha cada unidade distante 0,5 metro entre si e, em cavaletes individuais, 1,5
metro. Para atrair as abelhas, acomode dentro dos ninhos um pouco de cerume e
resina extraídos de outras colônias.

AMBIENTE

É importante ter plantas no entorno da criação, pois os produtos que fabricam


dependem da disponibilidade de flores na vizinhança. Apesar de as abelhas serem
resistentes às oscilações de temperatura, proteja os ninhos da exposição ao sol, à
chuva e de ventos fortes. Certifique-se de que haja água limpa nas proximidades.

CUIDADOS

Com óleo queimado, graxa ou outros produtos, pincele o suporte das colônias
recém-formadas, ou fracas, para impedir o acesso de formigas. Pequenas moscas
ligeiras (forídeos), que botam ovos nos potes de pólen, enfraquecendo os enxames,
podem ser evitadas vedando as colônias com fita adesiva.

ALIMENTAÇÃO

Oferecidos pelas flores, o néctar, fonte de açúcares, e o pólen, de proteína,


vitaminas e minerais, são os principais alimentos das abelhas. Em época de pouca
florada, forneça, de uma a duas vezes por semana, uma mistura de açúcar com água
na proporção de um para um, fervida ou batida no liquidificador. Coloque em copinhos
de café com alguns palitos de picolé para que não se afoguem.

COLETA

A primeira coleta poderá ser feita em menos de um ano após o início da


atividade. Com 20 colônias, é possível produzir de 20 a 80 litros de mel por ano,
dependendo da espécie e da disponibilidade de flores no entorno.

3
RAIO X

Criação mínima: 20 colônias

Custo: de R$ 2 mil a R$ 6 mil para comprar 20 colônias, mais R$ 600 para


adquirir estrutura, cobertura e materiais de manejo

Retorno: o mel pode ser coletado antes de se completarem 12 meses de


atividade

Reprodução: a expansão do plantel é feita com a divisão de uma colônia forte


em duas novas.

Fonte: https://revistagloborural.globo.com/vida-na-fazenda/como-criar/noticia/2014/01/como-criar-
abelhas-sem-ferrao.html

MELIPONICULTURA: A CRIAÇÃO DE MELÍPONAS E TRIGONAS, ABELHAS


SEM FERRÃO NATIVAS DO BRASIL

Um setor que tem se desenvolvido no Ceará e no Nordeste como um todo, nos


últimos anos é o da meliponicultura — criação de melíponas e trigonas, abelhas sem
ferrão nativas do Brasil. Segundo Breno Magalhães Freitas, professor do
Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará (UFC), essas abelhas são
os principais responsáveis pela polinização da grande maioria das espécies vegetais no
País. Seus subprodutos, como o mel e o geoprópolis, explica o docente, são utilizados
pela população rural como medicamentos e existe uma forte cultura popular do seu
criatório e da apreciação de seus produtos.

No Ceará, um dos criadores de abelhas sem ferrão é Francisco Ximenes Braga,


que mantém um meliponário com 380 caixas de abelhas nativas do Brasil, no
município de Aquiraz. “Sou mais para preservar. Se produzir mel é lucro”, afirma. Com
centenas de colônias de abelhas sem ferrão em Pernambuco, Francisco das Chagas
Carvalho também é empreendedor na criação de melíponas. Engenheiro aposentado,
ele tem a meliponicultura como paixão há mais de 40 anos. Para o produtor, a
conservação desses animais depende dos criadores, como ele. “Nós não produzimos
mel, nós produzimos abelha. Se der mel, melhor”, afirma.

4
Outra vantagem da meliponicultura é ajudar a aumentar a renda da agricultura
familiar. Esse é o caso de Jorginaldo Lopes do Nascimento, agricultor de 36 anos que
mora em Quixelô, na região Centro-Sul do Estado. Com mais de 100 caixas de abelhas,
sobretudo da espécie Jandaíra, o agricultor revela que a produção de mel depende
muito do inverno. “No ano passado, tirei uns 40 litros. Já neste ano foi mais fraco, só
tirei uns 30 litros”. Ele conta que o maior desafio na produção de mel são as chuvas
irregulares e as secas. Por isso, ele só colhe o material no inverno, de março a julho,
quando as abelhas estão mais fortes.

De acordo com Jorginaldo, o mercado consumidor é formado, em sua maior


parte, pelos compradores da região, que utilizam o mel como remédio, devido ao seu
poder medicinal. Para ele, apesar dos desafios do negócio, “não tem preço” cuidar das
abelhas. “O que eu mais gosto é de estar no meio delas, poder multiplicá-las e saber
que estou contribuindo e ajudando a preservar essa espécie tão maravilhosa. Me sinto
realizado”, reconhece. Para quem deseja começar no negócio da meliponicultura, a
dica de Jorginaldo é começar com abelhas mais conhecidas e que tenham na sua
região. Assim, elas vão se adaptar melhor.

Os criadores concordam que o Ceará é terreno fértil para a criação de abelhas


sem ferrão. O professor Breno Magalhães Freitas, Ph.D. em Abelhas e Polinização,
sustenta a mesma crença: “O Ceará e o Nordeste, de uma certa maneira, têm uma
vocação para criação de abelhas, que são insetos e têm sangue frio. Então precisam de
calor. Tendo calor e tendo flor, você tem condição de produzir bastante”, evidencia o
docente.

Associação Cearense de Meliponicultores

Ainda não é possível falar de um número concreto de meliponicultores no


Estado nem há estatísticas precisas, é o que informa José Fabião de Vasconcelos,

5
Diretor-Presidente da Associação Cearense de Meliponicultores (ACMEL). Criada em
setembro de 2013, associação já é uma iniciativa para organizar a categoria. Também
busca promover capacitações e ações para preservação das abelhas sem ferrão e para
fomentar o setor de meliponicultura, ainda pouco explorado no Ceará. Vasconcelos
adianta que um seminário de grande porte está sendo preparado para o início de
2018.

Meliponicultura X Apicultura: Entenda a diferença

A abelha que a maioria da população brasileira conhece é a Apis mellifera,


espécie com ferrão introduzida no Brasil por africanos e italianos. Daí ser conhecida
como abelha italiana ou africanizada. A criação desse tipo de abelha se chama
apicultura, e seu mel é facilmente encontrado nas farmácias e supermercados.

E existem também as “abelhas sem ferrão” (com o ferrão atrofiado), típicas de


regiões tropicais e subtropicais, como Américas do Sul e Central, África, Sudoeste da
Ásia e Austrália. No Brasil, são nativas e estão presentes em todo o território nacional,
sendo mais conhecidos os exemplares da Subfamília Meliponinae, isto é, as abelhas
melíponas e trigonas. Daí vem o termo meliponicultura, para falar da criação de
meliponíneos, e meliponário, para se referir ao local onde esses insetos são criados,
geralmente agrupados em caixas horizontais.

Regra de ouro

Para quem deseja começar no negócio da meliponicultura, a dica do agricultor


Jorginaldo Lopes do Nascimento é começar com abelhas mais conhecidas e que
tenham na sua região. Assim, elas vão se adaptar melhor.

Fonte: Diário do Nordeste


Fonte: https://abelha.org.br/meliponicultura-a-criacao-de-meliponas-e-trigonas-abelhas-sem-ferrao-
nativas-do-brasil/

Você também pode gostar