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2º MÓDULO – A FLORA APÍCOLA

Sem flores não há néctar; sem néctar não há mel; sem mel não há abelhas.
Essas relações simples fazem-nos ressaltar o transcendental papel das flores na
Apicultura.

Tanto é eminentemente importante esse papel na Apicultura que, de atividade


extremamente fácil, cômoda e econômica (em lugares ricos em flores! ), transforma-se
em exploração difícil, penosa e altamente antieconômica (em lugares pobres em
flores).

Sim, porque o mel é o alimento das próprias abelhas; cio excesso de sua
produção é que tiram os homens as vantagens econômicas. Ora. se o local é
inadequado para a Apicultura, devido ì ausência de pasto para as abelhas, elas muito
mal conseguirão o indispensável para sua própria alimentação e consequentemente
nada reverterão para lucro do apicultor.

A flora é pois o mais importante fator de progresso de uma exploração apícola,


donde o apicultor deverá ter conhecimentos relativos às. essências principais do lugar,
épocas de florescimento etc. Já falamos rapidamente sobre esse assunto ao tratarmos
da Apicultura migratória. No entanto aqui procuraremos, dada a sua importância,
alongar-nos um pouco mais, sem descer no entanto a detalhes por demais profundos.

Ressente-se a Apicultura nacional de um trabalho de cunho extensivo .sobre as


plantas nectaríferas e poliníferas, com dados sobre espécies, variedades, épocas de
florescimento, concentração dos açúcares do néctar, coloração do pólen, métodos de
propagação do vegetal etc. Há apenas trabalhos esparsos de levantamentos locais
destinados a outros fins que não apícolas e algumas investidas mais arrojadas no

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próprio terreno da Apicultura (Érico Amaral – Estudos Apícolas em Leguminosas, e
Nogueira Neto – Criação de Abelhas Indígenas sem Ferrão). Um aluno nosso,
(Engenheiro Agronomo Procópio Belchior) do Curso de Especialização de Zootecnia
(1959), realizou um trabalho muito bom sobre a flora do Estado da Guanabara, em que
compilou uma enorme variedade de plantas de valor para a Apicultura, com as épocas
de florescimento.

Procuraremos, após uma explicação sobre a secreção do néctar e os fatores


que sobre ela influem, dar uma relação das plantas nectaríferas e poliníferas mais
importantes para a Apicultura.

A SECREÇÂO DO NÉCTAR

A maior parte do néctar aproveitado na Apicultura brasileira provém de plantas


nativas, não cultivadas ou de essências florestais. É natural que o apicultor possa
melhorar o pasto para suas abelhas, através de propagação de plantas apícolas
(nectaríferas ou poliníferas) nas suas terras bem como nas terras vizinhas.

Outrossim as autoridades governamentais podem incrementar essa


propagação bem como defender a vegetação já existente. através dc-adequados
dispositivos legais.

O néctar é a secreção açucarada, proveuieute da seiva vegetal transformada


em órgãos especializados, os nectários florais; porém êstes podem também ser
localizados fora das flôres (nectários eztraflorais) como na mamona e no algodoeiro. O
uéctar apresenta os seguintes açúcares, perfeitamente identificados segundo
Goldschmidt e Burkert: sacarose, cpies-tose, melezitose e rafinose. Existe também o
falso néctar, produzido pelos insetos afídios; não nos interessa no entanto.

Há uma infinidade de plantas que produzem néctar em elevada quantidade e,


no entanto, as abelhas não as visitam.

A explicação mais lógica é que a procura das plantas pelas abelhas se baseia em
diversos fatores:

Concentração de açúcar do néctar (as abelhas preferem os néctares com


elevada concentração de açúcar; assim, se há 2 plantas em floraçâo n;i mesma ocasião,
em igualdade de outras condições as abelhas preferirão a que tem néctar mais
concentrado, isto é, menos aguado);

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Gosto das abelhas, isto é as abelhas preferem o néctar de certas plantas ao de
outras. talvez por esse néctar apresentar melhor aroma e sabor para elas;

Possibilidade de acesso aos nectários (é natural que, se uma planta tem néctar
de elevada concentração e que poderia ser agradável às abelhas, porém os nectários
são fechados ou protegidos por tecidos quaisquer, as abelhas não podem sugar o
néctar e, portanto, desinteressam-se pela planta). Um exemplo disso é a papoula-de-
são-francisco (sem valor comercial para a Apicultura), cujos nectários são muito fundos
e fechados, donde a abelha desprovida de aparelho mandibular cortador não pode
chegar até êles; no entanto um besouro rói a corola, junto à base e a abelha, através
do orifício, consegue sugar algum néctar. (Érico Amaral, em seus “Estudos Apícolas em
Leguminosas”, verificou várias vêzes fatos idênticos a esse).

Escassez de alimentos: se há falta completa cìe néctares de elevada atração


para as abelhas, elas recorrerão às plantas de néctares inferiores, premidas que sejam
pela fome.

Isto explica a importância de plantas nectaríferas ou poliníferas que, de pouco


significado comercial em época de fartura, transformam-se em valiosa ajuda para
minorar a fome das abelhas em época de acentuada escassez. É o caso na nossa região
do amor-agarradinho, da esponja e da marianeira.

Ressaltamos quatro fatores incidentes na preferência das abelhas por


determinadas plantas. No entanto quase sempre o fator preponderante é a
concentração de açúcar do néctar. Isto é fácil de explicar por um raciocínio muito
elementar que coloca em evidência o notável instinto das abelhas: o conteúdo de
açúcar do mel, como já sabemos é quase totalmente formado de glicose e levulose.
Ora, esses dois açúcares são obtidos pelo desdobramento da sacarose (principal açúcar
cio néctar) pelas enzimas do próprio néctar ou produzidos pelas abelhas.

Logicamente, quanto mais concentrado for o néctar (isto é, quanto mais


sacarose contiver), mais glicose e levulose fornecerá, com a mesma quantidade de
néctar. Portanto, os néctares mais concentrados permitem obter, com o mesmo
trabalho (igual número de viagens para colher o néctar e mesma atividade para
evaporar a água) maior quantidade de mel. Daí resulta a importância da seleção, tanto
quando possível, das espécies de plantas mais ricas em néctar e. dentro de uma
mesma espécie. das variedades que apresentam maior concentração.

Esse trabalho de levantamento da concentração do néctar das plantas é feito


com auxílio do refratômetro de campo, aparelho provido de lentes e de uma escala
graduada que dá as leituras diretas da concentração do néctar em açúcares. Já existem
desses aparelhos fabricados no Brasil. O néctar pode ser recolhido diretamente nas

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flores ou pegando uma abelha coque o esteja recolhendo e apertando a sua boca
contra o vidro do refratômetro: ela expele uma gotinha de néctar que é então medido.

A flora apícola é o que se pode chamar de pastagem das abelhas. É das flores
que as abelhas recolhem o néctar e o pólen, que vão alimentar a colônia.

Consequentemente, boas fontes de pólen e néctar contribuem para aumentar


a produção do apiário. Por isso, sempre que possível, o apicultor deve planificar a
formação do pasto apícola antes mesmo da instalação do apiário.

Há plantas que produzem flores com elevada concentração de néctar, outras


que produzem bastante pólen e outras ainda que fornecem igualmente pólen e néctar.
Infelizmente, não existe o chamado pasto apícola ideal. Uma espécie vegetal de alto
potencial apícola - o eucalipto, por exemplo, pode não se adaptar à sua propriedade.
Aliás para o apicultor iniciante, o pasto apícola composto por monocultura deve ser
evitado, por proporcionar alimento às abelhas durante uma única época do ano.

A exploração do pasto apícola de monocultura sé se justifica na atividade


comercial, quando o apicultor realiza a chamada apicultura migratória. Neste caso, o
produtor leva suas colméias a pomares ou culturas de floração, transferindo – as para
o outro pasto assim termina a florada.

A apicultura fixista, praticada principalmente por pequenos produtores,


sitiantes, hobbistas e iniciantes, é mais indicada exploração do pasto apícola
constituído por espécies nativas, principalmente árvores que, pela sua diversificação,
podem garantir alimento às abelhas continuamente, ainda que, em pequenas
quantidades. A partir daí, cabe ao apicultor promover o melhoramento dessa
pastagem, introduzindo variedades de maior valor apícola, desde que adaptadas à
região onde se situa a propriedade. culturas de médio porte e arbustivas, de alto
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potencial apícola, devem ser cultivadas próximas ao apiário. Algumas boas fontes de
néctar e pólen que podem melhorar a alimentação das abelhas são melilotus,
manjericão, manjerona, cosmos, guandu, colza, girassol, citros, frutíferas em geral,
curcubitáceas (abóbora, abobrinha, melão, pepino etc.), leguminosas de uma forma
geral, hortaliças, entre outras.

Até as chamadas plantas daninhas são excelentes fontes de alimento para as


abelhas. Plantas como o assapeixe, carqueja, vassourinha, gervão, trapoeraba, sete –
sangrias, vassoura, picão, entre tantas outras consideradas matos devem ser
encaradas como fontes de néctar e pólen para as abelhas.

Não deixe também de cultivar, próximo ao apiário, plantas aromáticas e


medicinais, pois seu odor atrai muito as abelhas e diversificara ainda mais as fontes de
alimento das colônias.

Uma palavra final: o mais importante, na formação do pasto apícola, é que o


apicultor procure identificar as espécies mais apropriadas e adaptadas a sua
propriedade. Um exemplo: a astrapéia (lombeija). Essa planta tem a vantagem de
florescer em pleno inverno garantindo, assim, alimento à família num período de
escassez. No Rio de Janeiro, apresenta uma concentração de 28 a 44% de açúcar em
seu néctar, enquanto em Florianópolis, SC, não concentra mais de 15% de açúcares.

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/abelhas/flora-apicola.php
Fonte: https://www.gestaonocampo.com.br/biblioteca/flora-apicola/
Extraído em 21 de Outubro de 2019.

GENERALIDADES DA FLORA APÍCOLA

Polinização é a transferência dos grãos de pólen das anteras (parte masculina)


para o estigma (parte feminina) das flores, possibilitando a fecundação da flor e
posterior desenvolvimento do fruto. Para compreendermos melhor a interação planta
- abelha, é necessário conhecer as partes e funções da flor. Numa flor típica,
encontramos peças que recebem os nomes de cálice, corola, nectário, gineceu e
androceu.

Cálice, formado por sépalas, é a parte da flor normalmente verde. Constitui a


base da flor. A corola é formada por pétalas, que são coloridas. Essas duas partes da
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flor, o cálice e a corola, têm função atrativa e ornamental de grande importância para
atrair as abelhas.

O nectário secreta um líquido açucarado chamado néctar. As abelhas coletam o


néctar, desidratam-no na colméia e o transformam em mel.

Androceu é o órgão masculino da flor, composto pelos estames que são


formados pelo filete, conectivo e antera. Na antera são produzidos os grãos de pólen
que as abelhas coletam para sua alimentação como principal fonte protéica.

Gineceu é o órgão feminino da flor, composto pelos pistilos, que são formados
pelo estigma, estilete e ovário. No interior do ovário estão os óvulos, dos quais se
originarão as sementes.

Existem dois tipos de polinização: a autopolinização e a polinização cruzada. A


autopolinização é a transferência dos grãos de pólen da antera de uma flor para o
estigma da mesma flor ou de uma outra flor do mesmo pé. Neste último caso, a
autopolinização também é chamada de polinização direta ou autogamia.

A polinização cruzada é a transferência dos grãos de pólen da antera de uma


flor para o estigma de outra flor da mesma espécie, mas de pés diferentes. Neste caso,
a polinização cruzada pode ser chamada também de alogamia. Na natureza, esse tipo
de polinização é o mais vantajoso, já que possibilita a formação de novas combinações
genéticas que favorecem a formação de sementes, originando novas plantas, mais
vigorosas e produtivas. Para que isso ocorra, as plantas desenvolvem alguns
mecanismos de defesa, como, por exemplo:

· Monoicia, quando a planta tem flores unissexuais sobre o mesmo indivíduo,


como o milho.

· Dioicia, quando a planta tem flores unissexuais sobre indivíduos diferentes,


como o mamão.

· Dicogamia,, quando os órgãos sexuais de uma mesma planta amadurecem em


tempos diferentes: na protandria o órgão masculino amadurece primeiro, e na
protoginia ocorre o contrário.

· Heterostilia, quando os elementos das flores, os estames e os pistilos têm


dimensões diferentes.

· Autoesterilidade, quando a flor é polinizada pelo seu próprio pólen, mas não
é fecundada.

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Diante de. alguns mecanismos de defesa que as plantas possuem para evitar a
autopolinização, existem vários agentes polinizadores que favorecem a polinização
cruzada, como o vento, os animais, a água e os insetos. Dentre todos, os insetos são os
mais importantes, principalmente as abelhas, que desenvolveram na sua evolução
mecanismos apropriados para se tornar excelentes polinizadores, como pêlos em todo
o corpo, que favorecem o transporte dos grãos de pólen, e o seu eficiente sistema de
comunicação, que permite a uma abelha campeira indicar rapidamente a todas as
outras abelhas a localização de uma florada.

As plantas, por sua vez, para garantir a perpetuação da espécie, também


desenvolveram mecanismos de atração das abelhas, como:

Cores: as abelhas diferenciam bem a cor amarela, verde, azul e violeta, e são
atraídas por elas.

Aroma: as abelhas são muito sensíveis ao cheiro e facilmente treinadas a visitar


flores com odores específicos. Costuma-se aconselhar os apicultores a macerarem
algumas flores de grandes floradas e misturar em xarope, que será oferecido às
abelhas em alimentadores próprios, com o objetivo de treiná-las a associar aquele
cheiro a determinada fonte de alimento.

Forma: a forma da flor ajuda a destacá-la na folhagem e também favorece a


aproximação da abelha.

Néctar: é o maior atrativo da abelha. Localiza-se nos nectários, que podem ser
florais e extraflorais. Estes são encontrados no caule, folha, pecíolos etc., e aqueles no
interior da flor, dentro da corola, na base do ovário, para atrair as abelhas e facilitar a
polinização das flores. A secreção de néctar dentro da flor inicia-se na hora da abertura
da flor e cessa logo após a fertilização.

RESULTADOS DE POLINIZAÇÃO PELAS ABELHAS

Vários pesquisadores conseguiram excelentes resultados utilizando abelhas


como polinizadores, como mostra o Quadro 4. Obtiveram não só maior quantidade de
frutos como melhor qualidade. Colocando abelhas em pomares de laranja, por
exemplo, conseguiu-se um aumento de até 36% de produção, enquanto em macieiras,
além de considerável aumento na produção, foi provado que houve maior peso por
unidade e melhor formato das frutas.

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Aumento de produtividade de culturas com a polinização pelas abelhas

Nome Aumento de
comum produtividade (%)
Abóbora 76,9
Café 39,2
Cebola 89,3
Maça 75,0-95,0
Pêssego 94,0
Laranja 15,5-36,3

Alguns fatores afetam a influência das abelhas na polinização de flores e


demais culturas. O número de colméias é um deles. Após vários experimentas, os
pesquisadores chegaram à conclusão de que aproximadamente três colônias por
hectare, em culturas de espaçamentos maiores, e cinco colônias por hectare, em
culturas com espaçamentos reduzidos, é a relação ideal para uma polinização eficaz.

Outro fator que afeta a polinização por abelhas é a distância do apiário à


cultura: as abelhas podem procurar por néctar e pólen até cerca de 3 quilômetros da
colônia.

Porém, quanto mais próximo o apiário estiver da fonte a ser polinizada, melhor,
pois o número de visitas que a flor recebe será maior, aumentando a possibilidade da
polinização.

Finalmente, o terceiro fator a interagir na polinização é a preparação das


colônias, que devem estar bem povoadas. Alguns autores, com base na experiência de
apicultores de diversas regiões, aconselham ter, no mínimo, um ninho com oito favos
de cria e duas melgueiras bem povoadas.

FLORA APÍCOLA

Sem flores não há néctar; sem néctar não há mel; sem mel não há abelhas.
Essas relações simples fazem-nos ressaltar o transcendental papel das flores na
Apicultura.

Tanto é eminentemente importante esse papel na Apicultura que, de atividade


extremamente fácil, cômoda e econômica (em lugares ricos em flores! ), transforma-se
em exploração difícil, penosa e altamente antieconômica (em lugares pobres em
flores).

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Sim, porque o mel é o alimento das próprias abelhas; cio excesso de sua
produção é que tiram os homens as vantagens econômicas. Ora. se o local é
inadequado para a Apicultura, devido ì ausência de pasto para as abelhas, elas muito
mal conseguirão o indispensável para sua própria alimentação e consequentemente
nada reverterão para lucro do apicultor.

A flora é pois o mais importante fator de progresso de uma exploração apícola,


donde o apicultor deverá ter conhecimentos relativos às. essências principais do lugar,
épocas de florescimento etc. Já falamos rapidamente sobre esse assunto ao tratarmos
da Apicultura migratória. No entanto aqui procuraremos, dada a sua importância,
alongar-nos um pouco mais, sem descer no entanto a detalhes por demais profundos.

Ressente-se a Apicultura nacional de um trabalho de cunho extensivo .sobre as


plantas nectaríferas e poliníferas, com dados sobre espécies, variedades, épocas de
florescimento, concentração dos açúcares do néctar, coloração do pólen, métodos de
propagação do vegetal etc. Há apenas trabalhos esparsos de levantamentos locais
destinados a outros fins que não apícolas e algumas investidas mais arrojadas no
próprio terreno da Apicultura (Érico Amaral - Estudos Apícolas em Leguminosas, e
Nogueira Neto - Criação de Abelhas Indígenas sem Ferrão). Um aluno nosso,
(Engenheiro Agronomo Procópio Belchior) do Curso de Especialização de Zootecnia
(1959), realizou um trabalho muito bom sobre a flora do Estado da Guanabara, em que
compilou uma enorme variedade de plantas de valor para a Apicultura, com as épocas
de florescimento.

Procuraremos, após uma explicação sobre a secreção do néctar e os fatores


que sobre ela influem, dar uma relação das plantas nectaríferas e poliníferas mais
importantes para a Apicultura.

A secreçâo do néctar

A maior parte do néctar aproveitado na Apicultura brasileira provém de plantas


nativas, não cultivadas ou de essências florestais. É natural que o apicultor possa
melhorar o pasto para suas abelhas, através de propagação de plantas apícolas
(nectaríferas ou poliníferas) nas suas terras bem como nas terras vizinhas.

Outrossim as autoridades governamentais podem incrementar essa


propagação bem como defender a vegetação já existente. através dc-adequados
dispositivos legais.

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O néctar é a secreção açucarada, proveuieute da seiva vegetal transformada
em órgãos especializados, os nectários florais; porém êstes podem também ser
localizados fora das flôres (nectários eztraflorais) como na mamona e no algodoeiro. O
uéctar apresenta os seguintes açúcares, perfeitamente identificados segundo
Goldschmidt e Burkert: sacarose, cpies-tose, melezitose e rafinose. Existe também o
falso néctar, produzido pelos insetos afídios; não nos interessa no entanto.

Há uma infinidade de plantas que produzem néctar em elevada quantidade e,


no entanto, as abelhas não as visitam. A explicação mais lógica é que a procura das
plantas pelas abelhas se baseia em diversos fatores:

· concentração de açúcar do néctar (as abelhas preferem os néctares com


elevada concentração de açúcar; assim, se há 2 plantas em floraçâo n;i mesma ocasião,
em igualdade de outras condições as abelhas preferirão a que tem néctar mais
concentrado, isto é, menos aguado );

· gosto das abelhas, isto é as abelhas preferem o néctar de certas plantas ao de


outras. talvez por esse néctar apresentar melhor aroma e sabor para elas;

· possibilidade de acesso aos nectários (é natural que, se uma planta tem néctar
de elevada concentração e que poderia ser agradável às abelhas, porém os nectários
são fechados ou protegidos por tecidos quaisquer, as abelhas não podem sugar o
néctar e, portanto, desinteressam-se pela planta). Fim exemplo disso é a papoula-de-
são-francisco (sem valor comercial para a Apicultura), cujos nectários são muito fundos
e fechados, donde a abelha desprovida de aparelho mandibular cortador não pode
chegar até êles; no entanto um besouro rói a corola, junto à base e a abelha, através
do orifício, consegue sugar algum néctar. (Érico Amaral, em seus "Estudos Apícolas em
Leguminosas", verificou várias vêzes fatos idênticos a esse) ;

· escassez de alimentos: se há falta completa cìe néctares de elevada atração


para as abelhas, elas recorrerão às plantas de néctares inferiores, premidas que sejam
pela fome. Isto explica a importância de plantas nectaríferas ou poliníferas que, de
pouco significado comercial em época de fartura, transformam-se em valiosa ajuda
para minorar a fome das abelhas em época de acentuada escassez. É o caso na nossa
região do amor-agarradinho, da esponja e da marianeira.

Ressaltamos quatro fatores incidentes na preferência das abelhas por


determinadas plantas. No entanto quase sempre o fator preponderante é a
concentração de açúcar do néctar. Isto é fácil de explicar por um raciocínio muito
elementar que coloca em evidência o notável instinto das abelhas: o conteúdo de
açúcar do mel, como já sabemos é quase totalmente formado de glicose e levulose.
Ora, esses dois açúcares são obtidos pelo desdobramento da sacarose (principal açúcar

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cio néctar) pelas enzimas do próprio néctar ou produzidos pelas abelhas. Logicamente,
quanto mais concentrado for o néctar (isto é, quanto mais sacarose contiver), mais
glicose e levulose fornecerá, com a mesma quantidade de néctar. Portanto, os
néctares mais concentrados permitem obter, com o mesmo trabalho (igual número de
viagens para colher o néctar e mesma atividade para evaporar a água) maior
quantidade de mel. Daí resulta a importância da seleção, tanto quando possível, das
espécies de plantas mais ricas em néctar e. dentro de uma mesma espécie. das
variedades que apresentam maior concentração.

Esse trabalho de levantamento da concentração do néctar das plantas é feito


com auxílio do refratômetro de campo, aparelho provido de lentes e de uma escala
graduada que dá as leituras diretas da concentração do néctar em açúcares. Já existem
desses aparelhos fabricados no Brasil. O néctar pode ser recolhido diretamente nas
flores ou pegando uma abelha coque o esteja recolhendo e apertando a sua boca
contra o vidro do refratômetro: ela expele uma gotinha de néctar que é então medido.

Fatores que influem na secreção do néctar

Sendo um ser vivo as plantas estão fortemente sujeitas às ações de agentes


diversos coque lhes afetam a fisiologia: naturalmente, como o néctar é produto de
uma atividade fisiológica da planta, sua secreção deverá avariar segundo a ação desses
fatores. Esses fatores agirão sobre a planta com efeitos às vezes até opostos, em dois
períodos: 1.º) na pré-floração: 2.º) na florada.

O período que precede a floração (período de crescimento do vegetal) é o


responsável pela boa floração; se o vegetal tem o seu período de crescimento normal,
as possibilidades de boa floração são elevadas. Ora, os fatores principais para que o
vegetal se prepare adequadamente para uma boa floração resumem-se em: 1) solo
adequado, rico em nutrientes para a planta e 2) umidade adequada, isto é, que o solo
adquira elevado teor de água através de chuvas fracas e intermitentes.

Estes fatores permitirão ao vegetal obter um bom desenvolvimento vegetativo,


que se traduzirá em ótima floração. Portanto. chuvas regulares, fracas (para eficaz
penetração no solo sem provocar erosão) e intermitentes (com alguns dias de sol
intercalados) durante a fase que precede a florada são fatores muito favoráveis a uma
rica secreção de néctar. Naturalmente um tempo excessivamente seco na pré-floração
prejudicará a atividade do vegetal com reflexos posteriores na floração,

Durante a florada, propriamente, os fatores que influem na secreção do néctar


são:

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a) TEMPERATURA: A temperatura elevada, geralmente, é fator favorável à
secreção de néctar. Segundo Lovell (1924) a temperatura é mais importante na
secreção do néctar até do que a própria luz ou a umidade do solo, porque torna mais
permeável a membrana dos nectários, aumenta o poder solvente da água e acelera as
reações químicas que se produzem no vegetal.

Conclusões: os dias quentes são os melhores para a produção de néctar;


temperaturas excessivamente altas ou baixas são prejudiciais.

b) UMIDADE RELATIVA: A umidade (proveniente de chuvas ou nevoeiros)


aumenta a quantidade de néctar, mas esse aumento não tem valor, porquanto a
quantidade de açúcar do néctar permanece praticamente a mesma; haverá apenas.
pois, uma maior diluição do néctar.

Conclusão: a ação da umidade relativa na fase de floração, sobre o aumento da


secreção de néctar, é real, mas ela não tem valor prático, porquanto apenas dá maior
volume de água ao néctar.

c) UMIDADE DO SOLO: Segundo vários a umidade do solo é um dos mais


importantes fatores da eficiente secreção de néctar, bem como é importante para a
condução dos alimentos da planta.

Conclusões: a umidade adequada do solo, diversamente da umidade relativa


(isto é, do ar), é fator importantíssimo na secreção de néctar, podendo inclusive
acarretar um decréscimo considerável na mesma, se for exagerada ou deficiente.

d) CHUVAS: Já vimos que as chuvas, na época de pré-floração, são de grande


importância, para assegurar ao vegetal um bom desenvolvimento vegetativo, que dará
as reservas necessárias para eficiente floração. Os apicultores que já têm certa prática
prevêem com boa margem de segurança a riqueza das grandes floradas pelas chuvas
que caem no período de crescimento das plantas melíferas, isto é, no período antes da
safra.

No entanto, na época da safra. da floração, a chuva é incrivelmente prejudicial,


não só à produção de néctar (influindo negativamente sobre a planta, devido ao
aumento exagerado da umidade, o que acarreta baixa considerável da secreção, bem
como lava o néctar) bem como a produção de mel, pois: 1.º) as abelhas, com a chuva,
não saem da colmeia para colher o néctar; 2.º) as abelhas. permanecendo na colmeia.
começam a consumir parte do mel já armazenado; :3.º) as abelhas têm maior
dificuldade para concentrar o mel, evaporando sua água.

Conclusão: as chuvas em plena florada são prejudiciais, à secreção de néctar e


fortemente à produção de mel.

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e) LUZ: Consoante a opinião de vários autores, a influência da luz é relativa mais
ì sua duração que ì intensidade. Isto é, dias mais longos proporcionam maiores
secreções de néctar e também maiores colheitas.

f) ALTITUDE: A altitude é um dos fatores de aumento da secreção de néctar,


além de influir na qualidade do mel.

g) VENTO: Os ventos úmidos, influindo sobre a umidade relativa do ar,


aumentariam a secreção, e os ventos. secos, baixando a umidade relativa do ar,
diminuiriam a secreção de néctar, bem como a produção de mel. O aumento, no
entanto, é sem valor, como já vimos.

h) OUTROS FATORES: A secreção de néctar varia com a duração da florada e


com o sexo das flores. Assim, a secreção é mais intensa no primeiro dia de abertura da
florada e é mais fraca no último dia. Em algumas plantas as flores masculinas
produzem 4 ou ó vezes mais néctar que as femininas; em outras dá-se o contrário;
parece que tal variação depende do tamanho dos nectários.

Notou também Fahn que a secreção de néctar pode ser diminuída ou mesmo
interrompida se os nectários são feridos ou mutilados. Assim ele verificou que, com a
retirada das pétalas, a secreção baixava, embora o néctar se torne bastante
concentrado, devido à maior possibilidade de evaporação da sua água.

Em resumo concluímos que, para uma boa secreção nectarífera, permitindo


elevada colheita de néctar, devemos ter: dias longos, de temperatura entre 26 e 30ºC,
sem ventos ou chuvas.

Fontes de néctar e pólen

A maior parte do pólen e do néctar que são colhidos pelas abelhas, no Brasil.
provém de vegetações espontâneas; poucas são as plantas cultivadas de real valor
para a Apicultura nacional. A laranjeira, na nossa região (Estação da Guanabara c
Estado do Rio), é uma das felizes exceções. bem como o Eucalipto.

Os pastos sujos e as matas são as áreas mais importantes para a nossa


Apicultura. Quase sempre as plantas nectaríferas são poliníferas, embora ;i recíproca
seja pouco verdadeira. No entanto as plantas quase sempre se destacam como
eficiente fonte de néctar ou de pólen, raramente apresentando as duas características
simultaneamente de forma intensiva exemplo: o eucalipto: pólen abundante e néctar
abundantíssimo).

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Autor desconhecido
Fonte: http://vidademeliponicultor.blogspot.com/2010/03/generalidades-da-flora-apicola.html
Fonte: http://www.apiario.ufv.br/flora.html

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