Você está na página 1de 17

1º MÓDULO - A MELIPONICULTURA

Meliponicultura é a atividade de criação de Meliponíneos, popularmente


conhecidas como Abelhas sem Ferrão. Especialmente dos gêneros Meliponas e
Trigonas.

A meliponicultura tem como principal objetivo a produção de mel, própolis,


pólen, resinas. Também, na produção e multiplicação de colmeias. Tanto para venda
de enxames, melhora na polinização das plantas, para a preservação das espécies e
conservação da biodiversidade.

História da Meliponicultura

A meliponicultura é uma atividade muito antiga, praticada pelos antigos povos


indígenas que habitavam a América Latina, principalmente em países como Brasil e
México. Os povos indígenas utilizavam seu mel que tem propriedades medicinais para
curar diversos problemas de saúde, como resfriados e principalmente catarata.

Atividade Sustentável

A meliponicultura tem uma participação muito importante no desenvolvimento


econômico, social e ambiental nas regiões onde a atividade é desenvolvida. Assim a
meliponicultura é considerada uma atividade relativamente fácil de ser desenvolvida
pelo fato de não ser necessário cuidados intensivos. E também por não necessitar um
grande investimento na construção de um meliponário.

1
Os meliponários podem ser construídos tanto em áreas rurais como também
em áreas urbanas. De preferência perto de locais onde hajam floradas e água.

Como começar na meliponicultura

Primeiramente a meliponicultura exige muito estudo prévio. Estamos lidando


com seres vivos, por isso é muito importante o estudo. Portanto se você deseja iniciar
na meliponicultura, estude bastante.

Uruçu ou urussu

A meliponicultura é uma atividade muito prazerosa e gratificante. Portanto


agora que você já sabe o que é meliponicultura e tem interesse em se tornar um
meliponicultor, estude pelas sessões deste site. Assim você vai adquirir o
conhecimento necessário para exercer esta atividade sem problemas. E por fim se
possível em breve iniciar sua criação de abelhas sem ferrão.

2
Fonte: https://www.criarabelhas.com.br/o-que-e-meliponicultura/

MELIPONICULTURA

O Brasil conta com aproximadamente 250 espécies de abelhas pertencentes à


tribo Meliponini, chamadas popularmente de abelhas sem ferrão. Algumas destas
espécies são criadas para a produção de mel, que tem sido cada vez mais valorizado
para fins gastronômicos.

Além disso, elas cumprem um papel muito importante na polinização de


plantas, cultivadas ou não, permitindo a produção de sementes de várias espécies,
muitas das quais fundamentais para a alimentação humana. Sem a colaboração dessas
abelhas, muitas plantas deixam de produzir frutos e sementes, podendo inclusive
chegar à extinção.

Meliponini

Os Meliponíneos se dividem em dois grandes grupos. O primeiro é


caracterizado pela presença de célula real, uma célula de cria maior em altura e
diâmetro das demais células e onde uma rainha é criada. Esse grupo é o mais diverso
em número de espécies e inclui os gêneros Trigona, Tetragonisca, Scaptotrigona,
Nannotrigona, Oxytrigona, Cephalotrigona, Friesella, Frieseomelitta, Aparatrigona,
Schwarziana, Paratrigona e muitos outros. Algumas delas são muito agressivas, como a
Oxiotrigona tataíra (caga-fogo), que ao ser manejada libera uma substância ácida que
queima a pele.

O segundo grupo é formado pelo gênero Melipona, caracterizado por não


apresentarem célula real. Todas as células de cria possuem mesmo tamanho e contém
similar volume de alimento larval. Assim, até 25% das crias femininas de um favo
podem nascer como rainhas. Algumas espécies destas abelhas podem produzir
aproximadamente 8 litros de mel.

As espécies mais conhecidas, como a jataí, mandaçaia, manduri, a mandaguari


e a uruçu, constroem geralmente seus ninhos em cavidades existentes em troncos de
árvores. Outras utilizam formigueiros e cupinzeiros abandonados ou constroem ninhos
aéreos presos a galhos ou paredes.

3
Historicamente, muitas dessas abelhas sofreram uma exploração predatória
por meleiros, com a retirada do mel sem o manejo correto e consequente destruição
das colônias, o que contribuiu para a diminuição das populações em algumas regiões.

No decorrer do tempo, a exploração predatória cedeu espaço para a


meliponicultura, que além de permitir a produção dos diversos tipos de mel, ainda
contribui para a conservação das diferentes espécies. No Nordeste brasileiro, em
especial nos estados do Maranhão, Rio Grande do Norte e Pernambuco, há diversos
polos bem sucedidos de meliponicultura que exploram espécies locais como a tiúba, a
jandaíra e a uruçu.

Clima tropical

As abelhas sem ferrão ocupam grande parte das regiões de clima tropical do
planeta. Ocupam também algumas importantes regiões de clima subtropical, como
porções do Sul do Brasil e Argentina e o Norte do México.

Uruçu amarela

Desde o século XIX, houve diversas tentativas de aclimatação de abelhas


indígenas sem ferrão em outras regiões do mundo. Em 1872, o naturalista francês
Louis Jacques Brunet enviou colônias para a região de Bordeaux. Devido aos rigores do
inverno europeu, as abelhas não sobreviveram por muito tempo.

Nos anos 50, algumas colônias foram enviadas para localidades norte-
americanas no Arizona, Califórnia e Utah, entre outros. Algumas sobreviveram até oito
anos.

4
Fonte: https://abelha.org.br/meliponicultura/

QUAL A IMPORTÂNCIA DA MELIPONICULTURA?

Assim como os povos indígenas, as abelhas melíponas – espécies nativas


desprovidas de ferrão, já residiam no Brasil antes mesmo de 1.500, quando as
caravelas portuguesas aportaram no litoral do que é, hoje, o estado da Bahia.

Contudo, mesmo com moradia pra lá de centenária em solo tupiniquim, a


meliponicultura é uma atividade pouco conhecida pela maioria dos brasileiros, visto
que a maior parte da produção de mel advém das abelhas Apis melliferas ou
africanizadas, um cruzamento das abelhas Apis, da Europa e da África.

Formada em zootecnia e tendo a apicultura como paixão, a servidora da Agraer


(Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), Jovelina Maria de Oliveira,
propôs apresentar aos agricultores familiares a vertente da meliponicultura dentro da
Tecnofam - Tecnologias e Conhecimentos para Agricultura Familiar, realizada na
Embrapa Agropecuária Oeste, de 17 a 19 de abril.

“A Apis mellifera tem o seu valor. Porém, a meliponicultura também tem o seu
valor, tanto econômico como o nutricional. E o interessante de apresentarmos este
trabalho na Tecnofam é que as pessoas podem se aproximar das colmeias sem
nenhum medo e sem a necessidade de colocar uma roupa de proteção”, observa
Jovelina.

Na bancada da zootecnista é possível conferir o comportamento das abelhas


através das colmeias artificiais feitas à base de madeira. “Há um vidro em cada
caixinha [colmeia] que as pessoas podem ver enquanto eu explico um pouco do
comportamento de cada espécie”.

Marmelada, Moça Preta, Jataí ou Jati, Mirim, Manduri e Mandaçaia são as


espécies de abelhas sem ferrão expostas dentro do eixo Tecnologia a Campo, na 3ª
edição da feira. Uma das grandes vantagens do mel desse tipo de abelha refere-se ao
seu menor teor de açúcar em relação ao da Apis .

O mel dessas abelhas também possui um grande valor medicinal. Sabe-se que
ele possui, também, uma elevada atividade antibacteriana sendo usado contra
doenças pulmonares, resfriado, gripe, fraqueza, e infecções de olhos. “Costuma-se

5
dizer que a melhor espécie de abelha é a que produz mel, ou seja, todas as espécies
com ou sem ferrão tem o seu nível de importância. Mas, aqui, queremos ressaltar algo
que faz parte das nossas raízes desde muito tempo e que tem sua viabilidade
produtiva”, enfatiza a zootecnista.

Além das colmeias, os visitantes têm a oportunidade de degustar algumas


variedades de mel para conferir no paladar a característica de cada um. Dentre os
pequenos potes expostos um dos que mais chama a atenção é o mel de jandaíra
devido a sua coloração.

“Eu trouxe mais para conhecimento das pessoas mesmo. O foco são as abelhas
sem ferrão de Mato Grosso do Sul. Mas, o gosto do mel da jandaíra é bem agradável
também e a cor chama a atenção de quem passa, pois aqui não é muito conhecido”,
diz.

A jandaíra é uma espécie de abelha do bioma da Caatinga (que ocorre


exclusivamente no Brasil), nas terras secas do semiárido, e distribui em estados como
Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e
Sergipe.

Jovelina ainda destaca pontos que vão além da sua participação na Tecnofam.
“Pela Agraer eu participo de um grupo que discute a necessidade de se ter uma
câmara setorial de meliponicultura. Precisamos formular uma lei que trate sobre esse
eixo, pois a lei nacional trabalha sobre o mel de forma generalizada. Há características
peculiares de cada tipo de abelha, com e sem ferrão”, argumenta.

A ideia é estabelecer uma lei que facilite a comercialização do mel de abelhas


sem ferrão e, ainda, traga melhores garantias de preservação das espécies. “Em
fevereiro, a Bahia aprovou um projeto de lei e, queremos fazer o mesmo. Com isso a
gente fortalece a cadeia produtiva desse tipo de mel e fomenta a renda dos
meliponicultores. Apicultor é somente quem trabalha com as abelhas Apis, os que
trabalham com as sem ferrão são chamados de meliponicultores”, observa Jovelina.

Uma lei desse tipo facilita execução de pesquisas científicas, educação


ambiental, implantação de meliponários, conservação, exposição, reprodução e
comercialização das abelhas, produtos e subprodutos, tais como: mel, pólen e
própolis, sejam para o consumo doméstico ou para o comércio dentro de Mato Grosso
do Sul.

Na história do Brasil - As abelhas nativas ou abelhas sem ferrão (ASF) já viviam


no Brasil muito antes das espécies estrangeiras chegarem aqui. As melíponas povoam
diversos biomas do território brasileiro com mais de 300 espécies.

6
A meliponicultura é uma atividade de criar abelhas deste grupo, diferindo da
apicultura que é a atividade de criação das abelhas Apis mellífera, popularmente,
conhecidas como “europeias” ou “africanas”.

Por volta do século XVIII os jesuítas trouxeram abelhas da Europa do tipo Apis
para o Brasil. O objetivo era produzir cera para as velas usadas nas missas. Na década
de 1.950 pesquisadores da Unesp trouxeram para o interior de São Paulo algumas
abelhas da África, também do tipo Apis, que tinham bastante produtividade. Contudo,
algumas abelhas, operárias e rainhas, escaparam do laboratório, indo parar
diretamente na natureza. Do cruzamento com outras abelhas do tipo Apis – as
europeias, surgiu o que conhecemos, hoje, por abelha Apis mellíferas ou africanizada,
sendo conhecida também pelo poderoso ferrão que possui.

Fonte: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/33562404/meliponicultura-zootecnista-
evidencia-importancia-da-criacao-de-abelhas-nativas

ZOOTECNISTA EVIDENCIA IMPORTÂNCIA DA CRIAÇÃO DE ABELHAS SEM


FERRÃO

Ainda pouco conhecida entre muitos brasileiros, a meliponicultura é uma


atividade que, a passos curtos, ganha espaço entre produtores. A zootecnista e
servidora da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), Jovelina
Maria de Oliveira, é uma amante do tema e resolveu explanar um pouco sobre a
prática durante um evento de Agricultura Familiar, em Campo Grande, no Mato Grosso
do Sul. As informações são da assessoria da Agraer.

7
De acordo com a zootecnista, uma das grandes vantagens do mel das abelhas
sem ferrão se refere ao seu menor teor de açúcar em relação ao da Apis melífera, uma
das espécies com ferrão mais conhecidas na produção de mel. Segundo estudos, o mel
das sem ferrão possui, também, grande valor medicinal.

“Costuma-se dizer que a melhor espécie de abelha é a que produz mel, ou seja,
todas as espécies com ou sem ferrão tem o seu nível de importância. Mas, aqui,
queremos ressaltar algo que faz parte das nossas raízes desde muito tempo e que tem
sua viabilidade produtiva”, enfatizou a zootecnista.

Em sua fala, a zootecnista falou das espécies Marmelada, Moça Preta, Jataí ou
Jati, Mirim, Manduri e Mandaçaia. Mas um exemplo pontual de espécie citada pela
profissional foi a jandaíra. Segundo ela, o gosto do mel desta espécie é bem agradável
e a cor chama a atenção. A jandaíra é uma espécie de abelha do bioma da Caatinga,
nas terras secas do semiárido, e distribui em estados como Alagoas, Bahia, Ceará,
Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Mel da jandaíra tem cor branca e se assemelha ao gel comestível, muito usado
na aplicação de papel arroz em bolos de aniversário.

FORTALECIMENTO

Em sua fala sobre as abelhas sem ferrão, Jovelina destacou, também,


estratégias para fortalecer a prática da meliponicultura.

“Pela Agraer eu participo de um grupo que discute a necessidade de se ter uma


câmara setorial de meliponicultura. Precisamos formular uma lei que trate sobre esse
eixo, pois a lei nacional trabalha sobre o mel de forma generalizada. Há características
peculiares de cada tipo de abelha, com e sem ferrão”, argumentou.

A ideia é estabelecer uma lei que facilite a comercialização do mel de abelhas


sem ferrão e, ainda, traga melhores garantias de preservação das espécies.

“Em fevereiro, a Bahia aprovou um projeto de lei e, queremos fazer o mesmo.


Com isso a gente fortalece a cadeia produtiva desse tipo de mel e fomenta a renda dos
meliponicultores. Apicultor é somente quem trabalha com as abelhas Apis, os que
trabalham com as sem ferrão são chamados de meliponicultores”, observa Jovelina.

Uma lei desse tipo facilita execução de pesquisas científicas, educação


ambiental, implantação de meliponários, conservação, exposição, reprodução e
comercialização das abelhas, produtos e subprodutos, tais como: mel, pólen e

8
própolis, sejam para o consumo doméstico ou para o comércio dentro de Mato Grosso
do Sul.

Fonte: http://abz.org.br/blog/zootecnista-evidencia-importancia-da-criacao-de-abelhas-sem-ferrao/

APICULTURA E MELIPONICULTURA ORGÂNICA

AS ABELHAS
As abelhas são descendentes das vespas que deixaram de se alimentar de
pequenos insetos e aranhas para consumirem o pólen das flores quando essas
surgiram, há cerca de 135 milhões de anos. Durante esse processo evolutivo, surgiram
várias espécies de abelhas. Hoje se conhecem mais de 20 mil espécies, mas acredita-se
que existam umas 40 mil espécies ainda não-descobertas. Somente 2% das espécies de
abelhas são sociais e produzem mel. Entre as espécies produtoras de mel, as do gênero
Apis são as mais conhecidas e difundidas.

O fóssil mais antigo desse gênero que se conhece é da espécie já extinta Apis
ambruster e data de 12 milhões de anos. Provavelmente esse gênero de abelha tenha
surgido na África após a separação do continente americano, tendo posteriormente
migrado para a Europa e Ásia, originando as espécies Apis mellifera, Apis cerana, Apis
florea, Apis korchevniskov, Apis andreniformis, Apis dorsata, Apis laboriosa, Apis
nuluensis e Apis nigrocincta.

As abelhas que permaneceram na África e Europa originaram várias


subespécies de Apis mellifera adaptadas às diversas condições ambientais em que se
desenvolveram. Embora hoje essa espécie seja criada no continente Americano e na
Oceania, elas só foram introduzidas nessas regiões no período da colonização.

Pesquisas arqueológicas mostram que as abelhas sociais já produziam e


estocavam mel há 20 milhões de anos, antes mesmo do surgimento do homem na
Terra, que só ocorreu poucos milhões de anos atrás.

No início, o homem promovia uma verdadeira "caçada ao mel", tendo que


procurar e localizar os enxames, que muitas vezes nidificavam em locais de difícil
acesso e de grande risco para os coletores. Naquela época, o alimento ingerido era
uma mistura de mel, pólen, crias e cera, pois o homem ainda não sabia como separar

9
os produtos do favo. Os enxames, muitas vezes, morriam ou fugiam, obrigando o
homem a procurar novos ninhos cada vez que necessitasse retirar o mel para
consumo.

Há, aproximadamente, 2.400 anos a.C., os egípcios começaram a colocar as


abelhas em potes de barro. A retirada do mel ainda era muito similar à "caçada"
primitiva, entretanto, os enxames podiam ser transportados e colocados próximo à
residência do produtor.

Apesar de os egípcios serem considerados os pioneiros na criação de abelhas, a


palavra colmeia vem do grego, pois os gregos colocavam seus enxames em recipientes
com forma de sino feitos de palha trançada chamada de colmo.

Naquela época, as abelhas já assumiam tanta importância para o homem que


eram consideradas sagradas para muitas civilizações. Com isso várias lendas e cultos
surgiram a respeito desses insetos. Com o tempo, elas também passaram a assumir
grande importância econômica e a ser consideradas um símbolo de poder para reis,
rainhas, papas, cardeais, duques, condes e príncipes, fazendo parte de brasões, cetros,
coroas, moedas, mantos reais, entre outros.

Na Idade Média, em algumas regiões da Europa, as árvores eram propriedade


do governo, sendo proibido derrubá-las, pois elas poderiam servir de abrigo a um
enxame no futuro. Os enxames eram registrados em cartório e deixados de herança
por escrito, o roubo de abelhas era considerado um crime imperdoável, podendo ser
punido com a morte.

Nesse período, muitos produtores já não suportavam ter que matar suas
abelhas para coletar o mel e vários estudos iniciaram-se nesse sentido. O uso de
recipientes horizontais e com comprimento maior que o braço do produtor foi uma
das primeiras tentativas. Nessas colmeias, para colheita do mel, o apicultor jogava
fumaça na entrada da caixa, fazendo com que todas as abelhas fossem para o fundo,
inclusive a rainha, e depois retirava somente os favos da frente, deixando uma reserva
para as abelhas.

Alguns anos depois, surgiu a ideia de se trabalhar com recipientes sobrepostos,


em que o apicultor removeria a parte superior, deixando reserva para as abelhas na
caixa inferior. Embora resolvesse a questão da colheita do mel, o produtor não tinha
acesso à área de cria sem destrui-la, o que impossibilitava um manejo mais racional
dos enxames. Para resolver essa questão, os produtores começaram a colocar barras
horizontais no topo dos recipientes, separadas por uma distância igual à distância dos
favos construídos. Assim, as abelhas construíam os favos nessas barras, facilitando a
inspeção, entretanto, as laterais dos favos ainda ficavam presas às paredes da colmeia.

10
Em 1851, o Reverendo Lorenzo Lorraine Langstroth verificou que as abelhas
depositavam própolis em qualquer espaço inferior a 4,7 mm e construíam favos em
espaços superiores a 9,5 mm. A medida entre esses dois espaços Langstroth chamou
de "espaço abelha", que é o menor espaço livre existente no interior da colmeia e por
onde podem passar duas abelhas ao mesmo tempo.

Essa descoberta simples foi uma das chaves para o desenvolvimento da


apicultura racional. Inspirado no modelo de colmeia usado por Francis Huber, que
prendia cada favo em quadros presos pelas laterais e os movimentava como as páginas
de um livro, Langstroth resolveu estender as barras superiores já usadas e fechar o
quadro nas laterais e abaixo, mantendo sempre o espaço abelha entre cada peça da
caixa, criando, assim, os quadros móveis que poderiam ser retirados das colmeias pelo
topo e movidos lateralmente dentro da caixa. A colmeia de quadros móveis permitiu a
criação racional de abelhas, favorecendo o avanço tecnológico da atividade como a
conhecemos hoje.

Produtos das Abelhas

Através dos tempos, o mel sempre foi considerado um produto especial,


utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos. Evidências de seu uso pelo ser
humano aparecem desde a Pré-história, com inúmeras referências em pinturas
rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo Egito, Grécia e Roma.

A utilização do mel na nutrição humana não deveria limitar-se apenas a sua


característica adoçante, como excelente substituto do açúcar, mas principalmente por
ser um alimento de alta qualidade, rico em energia e inúmeras outras substâncias
benéficas ao equilíbrio dos processos biológicos de nosso corpo.Embora o mel seja um
alimento de alta qualidade, apenas o seu consumo, mesmo em grandes quantidades,
não é suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais. Na tabela 4
apresenta-se os nutrientes do mel em relação aos requerimentos humanos.

Cera: Utilizada pelas abelhas para construção dos favos e fechamento dos
alvéolos. Produzida por glândulas especiais (cerífera), situadas no abdome das abelhas
operárias. A cera de Apis mellifera possui 248 componentes diferentes, nem todos
ainda identificados. Logo após sua secreção, a cera possui uma cor clara, escurecendo
com o tempo, em virtude do depósito de pólen e do desenvolvimento das larvas.

As indústrias de cosméticos, medicamentos e velas são as principais


consumidoras de cera; entretanto, também é utilizada na indústria têxtil, na fabricação
de polidores e vernizes, no processamento de alimentos e na indústria tecnológica. Os

11
principais importadores são: Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Japão e França;
os principais exportadores são: Chile, Tanzânia, Brasil, Holanda e Austrália.

Própolis: Substância resinosa, adesiva e balsamica, elaborada pelas abelhas a


partir da mistura da cera e da resina coletada das plantas, retirada dos botões florais,
gemas e dos cortes nas cascas dos vegetais.A própolis é usada pelas abelhas para
fechar as frestas e a entrada do ninho, evitando correntes de ar frias durante o
inverno. Em razão das suas propriedades bactericidas e fungicidas, é usada também na
limpeza da colônia e para isolar uma parte do ninho ou algum corpo estranho que não
pode ser removido da colônia.Sua composição, cor, odor e propriedades medicinais
dependem da espécie de planta disponível para as abelhas. Atualmente, a própolis é
usada, principalmente, pelas indústrias de cosméticos e farmacêutica. Cerca de 75% da
própolis produzida no Brasil é exportada, sendo o Japão o maior comprador.

Pólen apícola: Gameta masculino das flores coletado pelas abelhas e


transportado para a colmeia para ser armazenado nos alvéolos e passar por um
processo de fermentação. Usado como alimento pelas abelhas na fase larval e abelhas
adultas com até 18 dias de idade. É um produto rico em proteínas, lipídios, minerais e
vitaminas.Em virtude do seu alto valor nutritivo, é usado como suplementação
alimentar, comercializado misturado com o mel, seco, em cápsulas ou tabletes. Não
existem dados sobre a produção e comercialização mundial desse produto.

Polinização: A polinização é a transferência do pólen (gameta masculino da


flor) para o óvulo da mesma flor ou de outra flor da mesma espécie. Só após essa
transferência é que ocorre a formação dos frutos.

Muitas vezes, para que ocorra essa transferência, é necessária a ajuda de um


agente. Além da água e do vento, diversos animais podem servir de agentes
polinizadores, como insetos, pássaros, morcegos, ratos, macacos; entretanto, as
abelhas são os agentes mais eficientes da maioria das espécies vegetais cultivadas.Em
locais com alto índice de desmatamento e devastação ou com predominância da
monocultura, os produtores ficam extremamente dependentes das abelhas para
poderem produzir.

Com isso, muitos apicultores alugam suas colmeias durante o período da


florada para serviços de polinização.Embora esse tipo de serviço não seja comum no
Brasil, ocorrendo somente no Sul do País e em regiões isoladas do Rio Grande do
Norte, nos EUA metade das colmeias é usada dessa forma, gerando um incremento na
renda do produtor.Dependendo da cultura, local de produção, manejo utilizado e
devastação da região, a polinização pode aumentar a produção entre 5 e 500%. Dessa
forma, estima-se que por ano a polinização gere um benefício mundial acima de cem
bilhões de dólares (De Jong, 2000).

12
Geleia real: A geleia real é uma substância produzida pelas glandulas
hipofaringeanas e mandibulares das operárias com até 14 dias de idade. Na colmeia, é
usada como alimento das larvas e da rainha.Constituída basicamente de água,
carboidratos, proteínas, lipídios e vitaminas, a geléia real é muito viscosa, possui cor
branco-leitosa e sabor ácido forte. Embora não seja estocada na colmeias como o mel
e o pólen, é produzida por alguns apicultores para comercialização in natura,
misturada com mel ou mesmo liofilizada. A indústria de cosméticos e medicamentos
também a utilizam na composição de diversos produtos.

A China é o principal país produtor, responsável por cerca de 60% da produção


mundial, exportando, aproximadamente, 450 toneladas/ano para Japão, Estados
Unidos e Europa.

Apitoxina: A apitoxina é o veneno das abelhas operárias de Apis mellifera


purificado. O veneno é constituído basicamente de proteínas, polipeptídios e
constituintes aromáticos, sendo produzido pelas glândulas de veneno nas duas

13
primeiras semanas de vida da operária e armazenado no "saco de veneno" situado na
base do ferrao. Cada operária produz 0,3 mg de veneno, que é uma substância
transparente, solúvel em água e composta de proteínas, aminoácidos, lipídios e
enzimas.Embora a ação anti-reumática do veneno seja comprovada e o preço no
mercado seja muito atrativo, trata-se de um produto de difícil comercialização, pois,
ao contrário de outros produtos apícolas, o veneno deve ser comercializado para
farmácias de manipulação e indústrias de processamento químico, em razão da sua
ação tóxica.

A tolerância do homem à dose do veneno é bastante variada. Existem relatos


de pessoas que sofreram mais de cem ferroadas e não apresentaram sintomas graves.
Entretanto, indivíduos extremamente alérgicos podem apresentar choque anafilático e
falecer com uma única ferroada.

Fonte: EMBRAPA 2003 - Postado por Coordenação CEDRUS


Fonte: http://cursoabelhascedrus.blogspot.com/

OBSTÁCULOS E DESAFIOS DA MELIPONICULTURA

Embora quase todo mundo saiba o que é Apicultura, quase ninguém ouviu falar
de Meliponicultura. A Meliponicultura é assim como a Apicultura o nome dado a
atividade de criação racional de abelhas, a única diferença está na espécie de abelha.
No caso da Meliponicultura são criadas abelhas chamadas meliponíneos, nativas do
Brasil e no caso da Apicultura são criadas abelhas de ferrão africanas, introduzidas no
Brasil no período colonial.

Os meliponíneos ou abelhas nativas são abundantes na Amazônia, que é o local do


planeta que abriga a maior diversidade delas, mais de cem espécies do tipo!

Cientistas apontam que embora a Apicultura seja uma importante Iniciativa


Socioambiental, a Meliponicultura apresenta o maior potencial para conservação da
biodiversidade da Amazônia. Isto por que os meliponíneos são os principais agentes
polinizadores da maior parte das plantas nativas da Amazônia. Isto significa que com o
desmatamento, as queimadas, a poluição dos rios, a transgenia, os agrotóxicos e o
aumento das pastagens de boi poderão ocorrer prejuízos não só de extinção de
espécies de meliponíneos, mas, de todas as demais espécies de plantas que se

14
reproduzem pelo processo de dispersão de sementes realizado por elas. O que implica
em impactos também na agricultura, indústria e comércio.

É preciso compreender que quando se desmata uma área se destrói junto


centenas de abelhas que habitam o local e a redução de suas populações afeta a
manutenção dos ecossistemas, às vezes endêmicos, já que estas abelhas deixam de
reproduzir as plantas. Einstein, um dos mais grandiosos gênios da humanidade, disse:
“Se eliminarmos todas as abelhas, o ser humano durará mais poucos meses na Terra”

Outro diferencial da Meliponicultura é que ela pode ser exercida por jovens,
mulheres e idosos. A atividade não exige força física e também não apresenta nenhum
risco de acidentes ou ataques. Como não possuem ferrão, os meliponíneos são fáceis
de manejar.

Além disso, a Meliponicultura é uma atividade perfeita para a agricultura


familiar, fornece alimento e remédio com custos baixos ou compatíveis e pode se
tornar uma fonte de renda para as comunidades da Amazônia, se elas conseguirem
produzir mel suficiente para venda. Os meliponíneos também produzem: pólen,
extrato de própolis, cerume, apitoxina e outros.

Se por um lado é ruim que os meliponíneos produzam mel em menor


quantidade, por outro, a pouca oferta, torna o litro do mel nativo até 15 vezes mais
caro do que o mel tradicional. Dentre as espécies de abelha a nativa Jataí é a que
produz mel com mais antibióticos e propriedades medicinais. Apesar disso, a colméia
da nativa uruçú é a mais cara.

O sabor delicioso e exótico do mel produzido pelos meliponíneos também


contribuem para que seja mais caro. Comparado com o mel tradicional ele é bem
menos doce, fluido (com maior umidade) e um pouco ácido.

Uma Curiosidade: Por que os meliponíneos também são chamados de abelhas


indígenas?

As populações indígenas foram as primeiras a manejar as abelhas nativas,


alcançando uma expertise rara, com sorte transmitida para os caboclos e ribeirinhos
que habitavam locais próximos. Tradicionalmente o mel é utilizado pelos indígenas
não apenas como um complemento alimentar, mas, como remédio para gripes,
conjuntivite e cicatrização. Também fermentado em cerimônias religiosas e na
fabricação de vinho e cachaça. Já a cera servia para claridade à noite e para fabricação
de batoques. Toda esta maestria que as nações indígenas têm com os meliponíneos
explicam a criação do termo abelhas indígenas.

15
Obstáculos e Desafios da Meliponicultura

Apesar das inúmeras vantagens e de toda a sua importância, a Meliponicultura


ainda não conseguiu se estabelecer como uma fonte de renda para a maior parte dos
agricultores brasileiros. Os motivos para isto ocorrer são diversos, sendo que no
passado eram muito piores.

Todos os avanços científicos, legais e técnicos na Meliponicultura são o


resultado de um esforço conjunto de vários cientistas e ambientalistas. Há, no entanto
três, que obrigatoriamente devem ser citados e homenageados. Eles dedicaram suas
vidas, apesar da pouca verba, incentivo e reconhecimento.

Os pais da Meliponicultura são: os professores Paulo Nogueira Neto, Warwick


Estevam Kerr e o ambientalista Fernando Oliveira.

A Meliponicultura precisa se consolidar como empreendimento, principalmente


para os pequenos empreendedores rurais da Amazônia, com renda inferior a um
salário mínimo, organizados em associações ou cooperativas.

Mel de abelhas nativas: um produto raro, uma iguaria!

Pouquíssimas pessoas sabem que este mel existe e uma gama menor ainda já
teve o prazer de saboreá-lo! O mel de abelhas nativas é bem menos doce, fluido (com
maior umidade) e um pouco ácido. Estes são os ingredientes que o diferenciam do mel
tradicional.

Além de saboroso, o mel das melíponas é um alimento nutritivo, rico em


proteínas, sais minerais e outras propriedades.

O motivo deste mel ser considerado uma iguaria, está além das dificuldades já
citadas para regularização e comercialização em larga escala. É que cada colméia
16
produz apenas 3 litros de mel e isto só ocorre nos meses de agosto a dezembro, ou
seja, não é fácil coletar uma quantidade tão grande.

Fonte: http://www.institutobrasiljusto.org.br/Meliponicultura.html

17

Você também pode gostar