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E-BOOK 3

MANEJOS PARA A SUPERPRODUÇÃO DE


MEL
Sumário

1.INTRODUÇÃO .........................................................................................................4

2. APIÁRIO EM TERRA DE TERCEIROS: OS 9 PASSOS PARA FECHAR UM


NEGÓCIO ................................................................................................................... 5

3. A PRINCIPAL FERRAMENTA DE MANEJO DO APICULTOR: CALENDÁRIO


APÍCOLA .................................................................................................................. 21
3.1 Calendário apícola do Sudeste, Centro Oeste e Centro-Sul da região Norte do
Brasil ......................................................................................................................... 26
3.2 Calendário apícola da região Sul do Brasil.......................................................... 28
3.3 Calendário apícola do Agreste e Semi-Árido nordestino ..................................... 30
3.4 Calendário do Litoral Sudeste (Mata Atlântica) ................................................... 32
3.5 Calendário do Litoral Nordeste (Zona da Mata Nordestina) ................................ 34
3.6 Calendário do Centro-Norte da Região Norte do Brasil ...................................... 36

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 38
1. INTRODUÇÃO

Olá, meus amigos e minhas amigas!

Sejam bem-vindos ao E-book 3 do Treinamento Gratuito Curso Gratuito de Apicultura!

Aqui você vai aprender como instalar um apiário em terra de terceiros,


compreendendo todo o passo a passo para ter sucesso nos negócios apícolas.

Você também vai entender como funciona e como utilizar o Calendário Apícola para
desenvolver todos os manejos do seu apiário e alcançar a superprodução de mel.

Com eles em mãos você será capaz de empreender na apicultura escalonando o seu
negócio ano após ano. Conseguirá se projetar para a safra de mel e cuidar dos seus
enxames na entressafra, de modo simples e prático.

Construí esse material com muito carinho, especialmente para você que deseja
ter o seu negócio apícola, mas não possui terras e não sabe por onde começar
a manejar os enxames.

Vem comigo que você vai aprender todo o processo necessário para ter sucesso!

Abraço!
Prof. Armindo Vieira Junior

e Equipe da Escola de Apicultura


2. APIÁRIO EM TERRA DE TERCEIROS: OS 9
PASSOS PARA FECHAR UM NEGÓCIO

Passo 1. Busque áreas com excelente pasto apícola

1) Localize de 1 a 10 áreas com excelente pasto apícola e ideais para implantar


seu apiário, que estejam próximas de onde você mora.

Se você já souber de áreas com pasto apícola ideal que estejam em propriedades de
vizinhos, parentes ou conhecidos, é hora de seguir para o próximo passo:
mapeamento apícola das regiões escolhidas.

Mas, se você não conhecer ninguém que tenha propriedade rural próxima a você, é
hora de pesquisar.

Pergunte a conhecidos e busque também pelo aplicativo Google Earth Pro possíveis
propriedades que tenham ótimos pastos apícolas (muito verde, com água e ausência
de lixões ou outras fontes poluentes).

2) Faça uma lista com as 10 melhores propriedades com pasto apícola


encontradas próximas de onde você mora.

Por que 10 propriedades?

Porque você poderá ter um amplo leque de opções para fazer propostas de parceria
e caso receba um “não” em uma, poderá seguir e receber um “sim” na próxima. Mesmo
que você queira apenas 1 área, faça a lista e siga para o próximo passo.
Passo 2. Faça o Mapeamento Apícola das Áreas

1) Feita a localização das áreas para instalar seu apiário, é hora de fazer o
Mapeamento Apícola das 10 áreas escolhidas (ver o e-book de
Mapeamento Apícola);
2) Defina o pasto apícola;
3) Defina o número de colmeias;
4) Defina o potencial de produção;

Você deve ter esses 10 mapas em mãos antes de conversar com o(a) dono(a)
de cada uma das propriedades, comprovando a eles(as) a viabilidade do
empreendimento que será proposto.

5) Marque no mapa as áreas de pasto apícola (matas, florestas, rios,


córregos, etc.). Isso servirá para mostrar ao dono(a) da propriedade que
sua terra possui verdadeira riqueza apícola. Faça com que ele(a)
enxergue a área de preservação permanente da propriedade como uma
oportunidade de negócio.

Passo 3. Faça um plano de negócios

1) Planeje a viabilidade de implantação do seu apiário nas áreas


desejadas.

Por exemplo, se for muito distante da região de onde você mora, haverá muito
gasto com combustível ou não?

2) Calcule todas despesas anuais da atividade para ter certeza da


viabilidade.

Você também deve ter em mãos o plano de negócios no momento em que for
propor ao(s) dono(as) da(s) propriedade(s) a parceria e o contrato que será
firmado. Isso demonstra profissionalismo empresarial e consequentemente
aumenta a confiança que eles podem pode ter em você.

Passo 4. Separe seu Certificado de Apicultor

Separe seu Certificado de Apicultor (você poderá obter o certificado de


apicultor concluído, de no mínimo 40 horas, reconhecido pelo CNA –
Conselho Nacional de Apicultura) e/ou Carteira de Apicultor (emitida por
uma Associação de Apicultores ou pela Defesa Agropecuária do seu
Estado), em uma pasta.

Esses documentos servirão de comprovação ao dono da propriedade. Vão


mostrar que você é um profissional habilitado para trabalhar com as abelhas.

Esse ponto é importantíssimo!

Passo 5. Separe um presente

Separe de 1 a 10 bisnagas de mel para presentear os donos das terras, se


você já for apicultor. Apresente o resultado do seu trabalho.

Separe e leve esse presente como prova da amizade e reciprocidade pela


abertura das portas para uma conversa.

Se você não for apicultor e não tiver mel produzido por você, não se preocupe!
Seja sempre simpático e aberto para uma conversa longa, para tirar aquele
dedinho de prosa e tomar um cafezinho. Seja receptivo!

Passo 6. Faça uma lista de Quebra de Objeções

1) Com tudo em mãos, agora é o momento de você elaborar uma lista com
todas as possíveis objeções à sua proposta.
Prepare-se para quebrar todas as objeções que aparecerem durante a conversa!

Normalmente o dono ou dona da propriedade estará municiado com uma série


de perguntas, crenças limitantes e objeções com relação à criação de abelhas.
E você deverá responder a todas as perguntas de forma simples, direta e
tranquila, instruindo-o sobre o seu trabalho com apicultura.

Selecionei algumas objeções que podem ocorrer no momento da


negociação. Sugiro que você as anote e leve juntamente com o restante da
documentação elencada acima, para te apoiar no momento da conversa.

a) Tenho medo de abelhas! Não quero abelhas aqui não!

Resposta: Sou um profissional e vou instalar o apiário no local correto. Posso


garantir que as abelhas vão estar a uma distância segura de sua casa e de suas
criações de animais. O apiário vai ficar “escondido”, perto de uma floresta, mata,
pedreira ou grota e vai ter uma placa avisando os visitantes a existência de um
apiário, para não se aproximarem. No seu dia a dia você nem vai lembrar que
aqui tem abelhas.

b) Tenho alergia a ferroadas! Não quero abelhas aqui nas minhas terras
não!

Resposta: Você tem mesmo alergia a ferroada ou a ferroada que você levou
inflamou? Inflamar não é a mesma coisa que ter alergia e sim uma resposta
normal do organismo. Já adianto que será muito raro ocorrer acidentes com
abelhas aqui, pois o apiário estará instalado em um local seguro, obedecendo
todas as distâncias de segurança (500 metros da sua casa e do
curral/chiqueiro/baia dos animais). Além disso, faço o manejo do apiário
seguindo um método de alimentação que supre a fome das abelhas no período
de escassez de alimento para elas. Mesmo que você faça rapadura na cozinha,
as abelhas não virão aqui. Garanto que nenhuma abelha vai te “perturbar”, pois
cuidarei muito bem da segurança e do manejo do apiário!

c) Tenho medo de acidentes com a criação (gado, cavalo, porco, cabra,


galinhas, etc.)

Resposta: Do mesmo modo que não vou instalar o apiário próximo à sua casa,
não vou instalar o apiário próximo às suas criações de animais. Vou instalar o
apiário em um local “escondido”, onde ninguém circule e nem veja as abelhas.
Não terá risco algum para suas criações!

d) O apiário vai ficar perto da sede da fazenda/chácara? Não tem risco de


ataque de abelhas à minha família?

Resposta: Nós vamos instalar o apiário a 500 ou 600 metros da sua casa,
“escondido”, em uma área que ninguém circula. As abelhas não virão te
incomodar, pois com essa quantidade de pasto apícola, a única preocupação
que elas terão será a de produzir mel.

e) Não tem lugar para instalar abelhas aqui na fazenda! Apiário é uma
criação que ocupa espaço demais! Não tenho área suficiente para isso.

Resposta: Vou precisar só de uma área do tamanho de um lote de 12 x 30 metros


e de preferência “escondida”, perto da mata, floresta, pedreira, grota, etc. Você
pode continuar com seu plantio e sua criação de animais normalmente. As
abelhas não trarão nenhuma “dor de cabeça” para você! Elas só se preocuparão
em produzir mel e não em atacar nada nem ninguém.

f) Você vai vir todos os dias para mexer com as abelhas? Não é perigoso,
não? Não vai trazer problema para mim?

Resposta: (Pegue seu plano de negócios e mostre quantas vezes por semana
você vai ao apiário). Eu visitarei de X em X dias no período de safra e de Y em
Y dias no período de entressafra. Não vou vir todos os dias. E fique tranquilo(a)
que durante o manejo não vai ter nenhum risco para você e nem para sua família.

g) Treine as respostas antes de ir às propriedades. Diga respostas


convincentes e demonstre autoridade. Lembre-se que você é um(a)
profissional e deve ter certeza daquilo que está fazendo e falando aos
proprietários das terras.

Se você tiver todas as respostas na ponta da língua, com certeza conseguirá as


sonhadas áreas para implantar seu apiário.

h) Separe papel e caneta para anotar todas as outras possíveis objeções


no momento da conversa. É essencial que você responda a todas elas,
com clareza e firmeza.

Passo 7. Prepare uma proposta Irresistível

Antes de ir às propriedades, prepare-se psicologicamente para fazer uma


proposta irresistível aos donos das terras, para que eles enxerguem uma grande
oportunidade de negócio na apicultura.

1) Prepare-se psicologicamente: Com simpatia, bom humor, humildade e


competência. Prepare-se para demonstrar interesse pelo mundo do
proprietário das terras (animais, plantas, hortas, etc.) para construir
laços de afinidade e identidade, sem mostrar, em momento algum,
arrogância. Independente da simplicidade do proprietário ou da
proprietária, trate-os com carinho para que eles te vejam como uma
pessoa de confiança.

Atenção! Não confunda simpatia com bajulação. A bajulação é facilmente


percebida por qualquer pessoa e demonstra insegurança. Ao contrário da
simpatia, que demonstra sensibilidade e sinceridade na relação.
2) Vá com tempo: Não se esqueça que grande parte dos proprietários
rurais costumam gostar de uma boa conversa, podem ser pessoas mais
velhas que valorizam o diálogo. São receptivas e percebem sinceridade
no olhar e no conhecimento que você carrega.

Portanto, vá preparado para a negociação da parceria com tempo disponível


para uma conversa prazerosa. Acolha e saiba demonstrar acolhimento que terá
grande chance de sucesso!

3) Ensaie sua apresentação: Quem você é, de onde veio, o que faz, onde
trabalha (mesmo que tenha outra atividade profissional). Fale que você
também trabalha com apicultura, comprovando com o certificado de
apicultor ou carteirinha de apicultor.

4) Projete o início da conversa: Comece elogiando a região onde está a


propriedade rural, admirando a sua riqueza vegetacional e aquífera
(nascente, rio, córrego).

5) Projete a possibilidade de produção de mel: Não fale em “montar um


apiário”, pois isso não significa um benefício ao proprietário ou
proprietária, e sim a você. Diga que eles têm a possibilidade de produzir
e ter mel. Falar em apiário nesse primeiro momento trará imediatamente
ideias equivocadas (crenças limitantes). Mas, se você falar que há
possibilidade de produção de mel, ele(a) pode associar à ideia de
abundância, alimento saudável, saboroso e a uma possibilidade de
renda.

6) Projete o momento da entrega do presente: Logo após apresentar a


ideia de produção de mel na propriedade, é a hora de você presentear
com uma bisnaga de mel.

Se for um favo de mel com mel, será ainda melhor! Isso deixará a imaginação
do proprietário trabalhar com a possibilidade de ter acesso fácil ao produto,
estando bem próximo à sua casa.

Fale para ele(a): “Essa é uma amostra do mel que eu produzo em outros apiários
e trouxe de presente para o senhor(a)”. Diga em seguida: “Teremos a chance de
produzir esse produto aqui nas suas terras”. Capriche no rótulo e embalagem.

Caso você não tenha uma amostra de mel para presentear, fale sobre a
possibilidade de produção do alimento mais saudável do mundo em suas terras.
Dizendo isso, você causará os mesmos impactos positivos.

7) Prepare um discurso sobre os benefícios do mel: Diga que este é um


dos alimentos mais saudáveis do mundo, auxilia no processo de cura
de gripes e feridas na pele, que consegue aumentar a imunidade e trazer
mais saúde para todos que o consome.

Atenção! Ainda não fale sobre abelhas. Somente sobre os benefícios do mel.

8) Projete a viabilidade do negócio: Prepare um discurso sobre o


Mapeamento Apícola da região. Mostre que as abelhas campeiras
buscarão néctar tanto na propriedade quanto na propriedade dos
vizinhos. Mostre todo o potencial produtivo.

Assim que fizer isso, você terá apresentado todo o seu profissionalismo na
Apicultura, necessário para gerar confiança e quebrará crenças limitantes.

Uma dessas crenças é a de que as abelhas só produzem 4 litros de mel por ano,
por exemplo.

Quando você mostrar a possibilidade de gerar 60 Kg (ou mais) de mel, o seu


profissionalismo será também demonstrado.

9) Projete uma fala sobre os riscos na apicultura, mas em seguida diga


também que você vai instalar o apiário no local correto, seguindo todas
as distâncias de segurança.
Afirme que existe sim o risco de as abelhas ferroarem, mas que você não
instalará o apiário ao lado da sede da fazenda/chácara e nem ao lado da criação
de animais. Fale que você seguirá o método apícola, que indica a instalação do
apiário a 500 ou 600 metros de distância destes locais. As abelhas serão
colocadas “escondidas”, perto de uma mata, floresta, baixada, grota, pedreira,
etc., onde tem baixa ou nenhuma circulação de pessoas e animais.

Esse é o momento-chave para que você minimize os riscos e demonstre


que a atividade apícola é segura!

Atenção! Se proponha a acompanhá-lo até o local onde será colocado o


apiário.

Afinal, é você o apicultor habilitado para escolher, instalar e gerenciar o apiário.


Portanto, o acompanhe quando for conhecer o local ideal para instalar seu
negócio e aproveite para demostrar os baixos riscos de ataque das abelhas.

O proprietário vai descobrir que as abelhas não impactarão qualquer outra


atividade na sua fazenda/chácara. Elas serão quase invisíveis e ele terá
mel!

Falar isso é fundamental na hora da negociação.

10) Por fim, apresente a Oferta Final:

Proponha a instalação do apiário e todos os benefícios que o proprietário


da fazenda terá (se for Arrendamento, por exemplo):

a) Todo o investimento será meu. O senhor(a) não se preocupará com nada


relacionado ao apiário. Eu só preciso da sua área.

b) Vou cuidar da estrada de acesso ao apiário, portanto, não se preocupe com


isso também!
c) 10% da produção anual de mel será sua. Por exemplo, se eu produzir no
primeiro ano 500 Kg de mel, vou pagar 50 Kg de mel para você.

d) Para isso podemos fazer um contrato (Sociedade, Arrendamento ou


Comodato), firmando a nossa parceria. Vou deixar um modelo de contrato
com o senhor(a), para que pense na proposta (Veja os modelos de Contrato
nos Tópicos abaixo).

e) Prepare-se para fechar o contrato caso ele(a) já queira firmar a proposta.


Mas, se ele(a) quiser pensar, marque uma data para receber a resposta final.

11) Uma vez preparada e ensaiada a proposta, é hora de escolher e


preparar o contrato.

Atenção! Escolha um dos modelos de contrato abaixo antes de fazer a


negociação.

Passo 8. Escolha um Modelo um Contrato

Existem 3 modelos de contrato: sociedade, arrendamento e comodato.


Vamos explicar cada um deles, esclarecendo as suas vantagens e
desvantagens.

Independentemente de qual modelo for escolhido por você, nosso


conselho é: nunca deixe de fazer um contrato firmando as regras dessa
parceria!

Isso garantirá que estejam bem estabelecidos os direitos e deveres de cada um


dos lados, permitindo transparência e tranquilidade nos negócios.

Nós disponibilizamos os modelos de contrato nos anexos deste e-book para te


auxiliar nessa importante etapa.
Contrato de sociedade

O primeiro modelo é do Contrato de Sociedade.

É quando o(a) dono(a) das terras se torna o seu sócio(a) na apicultura. É


como se você tivesse aberto uma empresa e tivesse um sócio com você.

Esse modelo de contrato é bom? Depende. Se você estipular quais são os


direitos e deveres de cada um (quem vai entrar com a área, quem vai entrar com
o investimento, quem vai entrar com o conhecimento, etc.) pode ser bom.

O Contrato de Sociedade costuma ser ótimo quando é feito com uma


pessoa que você tenha vínculo de confiança (pai, mãe, irmão, tio, padrinho,
por exemplo). Mas, é nesse ponto que você deve estar atento! Faça sempre
um contrato para evitar problemas.

Se de repente você estabelecer a sociedade com o(a) dono(a) de uma


propriedade que não souber o que é apicultura, proponha que ele(a) faça um
curso.

Sempre entre em sociedade com quem tem conhecimento do negócio e tenha


vínculo de confiança.

Ambos os lados devem estar cientes de que haverá anos em que as colmeias
produzirão muito e anos com quebra de safra. Ano que haverá felicidade para os
dois lados e ano que poderá haver prejuízo para os dois lados, pois toda
produção é dividida (50% para cada).

Contrato de Arrendamento

O segundo modelo é do Contrato de Arrendamento.


O arrendamento ocorre quando você aluga terras para instalar seu apiário.
É claro que você não vai fazer o aluguel da fazenda inteira e sim de uma
parte dela.

Suponhamos que o(a) dono(a) das terras tenha casa, criações de animais e
plantações. No ato da conversa, você deixará claro que a área que você precisa
é a correspondente a 1 lote urbano, ou seja, uma área de 12m x 30m, na qual
você tem a chance de instalar 60 a 70 colmeias.

Deixe evidente também que você não vai instalar o apiário ao lado da casa ou
ao lado das suas criações de animais. Instalará o apiário seguindo as distâncias
de segurança para as abelhas e das abelhas. Se for necessário, reassista as
aulas de instalação de apiários.

O arrendamento não é uma sociedade. O(a) dono(a) da propriedade não


investirá em nada. O investimento no apiário é totalmente seu!

Você está locando uma área para implementar um negócio. Neste caso, o dono
da propriedade tem apenas a obrigação de disponibilizar a área para você. Ele
não cuidará nem da manutenção da estrada de acesso ao apiário. É você que
vai ter que cuidar de todo o negócio.

O pagamento pelo uso da área é feito da seguinte forma: 10% do total da


produção de mel daquele ano é do proprietário ou proprietária das terras.

Normalmente, paga-se em mel ao invés de dinheiro, mas o contrário pode


acontecer, o que é raro. Outra forma de fazer esse cálculo é: a cada 15
colmeias instaladas, você pagará 1 balde de mel de 25 Kg por ano. Isso dá
mais ou menos 10% da produção anual.

O sistema de arrendamento é o melhor meio de estabelecer uma parceria


com o produtor rural, principalmente quando você está iniciando na
apicultura.
Não é preciso envolver o dono ou dona diretamente no negócio apícola, e
consequentemente, se você tiver prejuízo ele(a) não deverá arcar com nada.
Todo o investimento é seu, então, todos os ônus e bônus também são. Você terá
apenas a obrigação de pagar 10% pelo uso da terra arrendada.

Mas não se engane, é preciso fazer contrato! Será o contrato que


comprovará juridicamente que o apiário é seu, caso haja algum problema.

Atenção! Você deve firmar no contrato:

a) que o local escolhido para a instalação do apiário garante a sua


permanência por 1 a 5 anos, sem precisar ser trocado;

b) que o(a) dono(a) da propriedade precisa comunicar com (pelo menos) 6


meses de antecedência a escolha de um novo local para o apiário, caso
seja necessária essa mudança.

Isso garantirá o direito das abelhas à vida e a longevidade do seu negócio.

Contrato de Comodato

O terceiro modelo de contrato possível é o Contrato de Comodato.

No Comodato você não paga nada aos proprietários pelo uso das terras.

É muito comum ocorrer o comodato entre parentes íntimos (pai, mãe,


irmão, avó, por exemplo), que não cobram nada pelo uso da área.

Atenção! Se você tem uma parceria por comodato, deve fazer um contrato!
Quando o dono ou dona da terra propor que você não pague nada, então diga a
ele(a): “Te agradeço muito! Mas mesmo assim vamos fazer um contrato para
coisa ficar bem transparente. Não estou desconfiando de você! É só para
esclarecermos quais são as minhas responsabilidades perante você: o cuidado
com a propriedade e com todas as suas coisas. Se fizermos um contrato, vamos
preservar, principalmente, todos os seus bens.”

Com isso você estará demostrando integridade e responsabilidade para com seu
parente. Mas também te assegura de possíveis problemas futuros. Lembre-se
que as pessoas podem mudar de ideias todos os dias: suponhamos que daqui a
3 anos ele(a) resolva trocar o apiário de lugar ou desista de criar abelhas. O seu
negócio vai por água abaixo! Mas, se você tiver o contrato firmado, os seus
direitos também estão assegurados.

O contrato de comodato deve garantir o tempo mínimo do funcionamento


do apiário (1 a 5 anos) e o tempo mínimo necessário para trocar o apiário
de lugar, que costuma ser de 6 meses.

O contrato garantirá o direito das abelhas à vida e também a longevidade do seu


negócio.

Passo 9. Arremate a proposta

1) A escolha do melhor modelo de contrato é você que decide, desde que


seja firmado!

2) Siga todos os passos recomendados acima no momento de fazer uma


proposta de contrato para um conhecido ou desconhecido. E, para que
você tenha sucesso, faço mais algumas recomendações:

a) Não tenha vergonha de conversar com o(a) dono(a) da propriedade!


Exponha todos os pontos recomendados acima, de forma tranquila e com
segurança.
b) Converse sempre os donos da propriedade. Se eles não estiverem, peça
seu contato (telefone/e-mail) para retornar outro dia. Recomendo não
conversar com o funcionário ou qualquer outra pessoa que não seja o
dono ou dona para expor sua proposta. Busque sempre o(a)
proprietário(a), pois somente ele(a) será capaz de permitir ou não a
instalação do apiário.

c) Mesmo que seja um conhecido ou parente, siga todos os passos da


proposta irresistível mencionada acima. Mostre a grande vantagem ele
terá na implementação da apicultura, principalmente a possibilidade de
consumir mel. Mesmo que seja seu amigo, vizinho ou parente, firme o
contrato!

d) Seja simpático, sem ser bajulador, para demonstrar confiabilidade.

e) Não vacile ou titubeie na hora de apresentar a proposta. Apresente-a


sempre com confiança!

Passo 10. E se a resposta for “Não”

Se, depois de tudo isso, a resposta for “não”. O que fazer?

1) Em primeiro lugar, não tenha medo do “não”. Encare com naturalidade, afinal
essa é umas das possibilidades de resposta dentro do mundo dos negócios.
Não tenha raiva ou desespero.

2) Agradeça ao proprietário toda a atenção e siga para a próxima fazenda


da sua lista, afinal você terá pelo menos 10 fazendas/chácaras para
propor seu negócio.

Se você chegar ao final da lista e tiver recebido “não” em todas elas, não se
frustre! Na pior das hipóteses, você terá feito novas amizades e treinado a
apresentação da proposta de negócio. Veja toda essa experiência como
crescimento e amadurecimento no mundo dos negócios e siga com a busca pela
propriedade para a instalação de seu apiário.

Você pode levar dez “nãos”. Mas, um único “sim” já mudará sua vida!

Agora que você já tem o seu espaço para realizar a superprodução de


mel, é hora de conhecer a sua principal ferramenta para a realização de
manejos: o calendário apícola!

Ele que norteará na observação dos ciclos naturais da sua região e na


aplicação dos manejos correspondentes a cada um desses ciclos, para
alcançar a superprodução de mel e para a produção de outros produtos
das abelhas (pólen apcola, própolis, geleia real e cera).
3. A PRINCIPAL FERRAMENTA DE MANEJO
DO APICULTOR: CALENDÁRIO APÍCOLA

Agora, vamos apresentar a você o Calendário Apícola! Esta é uma ferramenta


que você deverá guardar com muito esmero e utilizar sempre que precisar. Ela
é a “chave-mestra” de todos os manejos!

Em priemiro lugar, gostaria de dizer que o Calendário Apícola é diferente do


Calendário Floral! Tem muita gente que utiliza esse último (calendário floral)
como forma de orientação para a criação de abelhas. Mas, ele pode não ser
ideal, pois apresenta muitas falhas.

Uma dessas principais falhas é: o calendário floral sempre mostra quais flores
vão “aparecer” em determinada época do ano. Mas, ter flores nem sempre
significa ter alimento abundante para as abelhas.

Por exemplo: em Goiás, no mês de outubro iniciam as chuvas após um


longo período de seca. Se engana quem pensa que as abelhas vão ter
alimentos nesse período de chuvas, pois todas as flores têm o seu néctar
lavado pelas águas. Portanto, se seguíssemos o calendário floral teríamos
enxames fracos e com propensão a pragas e doenças, pois com as chuvas
as abelhas não têm néctar ou pólen para comer e ficam fracas e suscetíveis
a ataques de predadores.

Mesmo com as plantas floridas e belas, as abelhas podem estar famintas e


fracas. Entendeu a importância de seguir o Calendário Apícola e não o
Calendário Floral?

A ferramenta Calendário Apícola tem como fundamental foco o bem-estar das


abelhas para a produção e superprodução de mel e para a produção de outros
itens apícolas.
Como vocês já sabem, enxames fortes e saudáveis produzem muito mel!

Antigamente, com a ausência do calendário, era muito difícil guiar-se por entre
as safras e entressafras e pelas diferenças geográficas, climáticas e florísticas
dos biomas brasileiros.

Além disso, todo o manejo apícola nas colmeias de abelhas, no Brasil, era feito
por meio da tentativa/erro, ou seja, o criador de abelhas observava a natureza,
capturava enxames e colocava as abelhas para produzirem mel. Ele fazia isso,
principalmente, em agosto, o mês mais propício para a captura de enxames e
produção de mel nas regiões centrais do Brasil.

Os criadores de abelhas costumavam ter poucas técnicas, pouco ou nenhum


manejo, não tinham controle ou previsibilidade de produção ou estocagem de
mel. Quando era época de colheita, costumavam retirar aproximadamente 5
litros de mel e esta era a fartura e abundância na época, pois achavam que o
enxame foi generoso e havia produzido muito.

Com frequência, após a colheita, não alimentavam os enxames, não os


mantinham fortes e muitos acabavam morrendo de fome na falta do néctar das
flores. Muitos tratavam as abelhas de forma completamente extrativista, sem o
interesse de mantê-las vivas, pois no ano seguinte conseguiriam realizar nova
captura e um outro enxame produziria mel.

Se pararmos para pensar, ainda hoje, essa prática costuma ser vista nas zonas
rurais Brasil a fora. Contudo, quem deseja ser um apicultor profissional, precisa
fazer mais que capturar abelhas na época de enxameação e coletar o seu mel
na safra. Precisa entender quais os cuidados são essenciais para manutenção
da sobrevivência dos enxames e para a eficiente produção de mel.

Quando o Calendário Apícola foi criado no final dos anos 80 e início dos 90, nós
já convivíamos com uma tecnificação profissional para a criação de abelhas e
produção de mel. Colocamos no papel observações da natureza e das abelhas
nas épocas de safra e de entressafra, com eventos detalhados do que acontecia
nas épocas de chuva e de seca, de frio e de calor nas regiões do Brasil.
Conseguimos determinar em quais momentos ocorriam as enxameações ou a
diminuição dos enxames.

É claro que, muitos que vieram antes já fizeram isso e escreveram tratados
inteiros de como cuidar das abelhas. Mas, estavam na Grécia, na Itália, em
Portugal, na Espanha, nos Estados Unidos ou na Argentina. No Brasil, as
informações ainda eram incertas e havia muitas lacunas.

Percebemos a importância de catalogar o que acontecia na região! Qual era o


diálogo entre natureza e abelha na fazenda em que vivia? O que acontecia ali
era igual ao que acontecia na fazenda vizinha?

Estudamos muitos livros que forneciam informações sobre apicultura e sobre


calendário floral, associamos às nossas anotações e fizemos testes. Levei mais
de 5 anos para observar e catalogar informações que deram origem ao
Calendário Apícola.

Após testar essas informações em vários biomas, finalmente conseguimos


estabelecer a relação das abelhas com a natureza e da natureza com as
abelhas, em cada um desses ecossistemas, em diferentes períodos do ano.

Percebemos que em cada um dos biomas é exigido um tipo de manejo


diferente com as abelhas, para que o apicultor alcance a superprodução de
mel.

E não só os biomas, as regiões intermediárias de transição de climas e de flora


também necessitam de diferentes manejos. Principalmente no que diz respeito
à preparação das colmeias para o manejo pré-safra, a capturar enxames pelo
sistema de caixa-isca, a alimentação das abelhas na época de fome, a seleção
de características genéticas para produção de rainhas mais produtivas.

As nossas anotações deram origem a um mapa do Brasil, dividido por regiões


que apresentam semelhanças nos manejos apícolas. Apresento esse mapa a
vocês, logo abaixo:

No Brasil, se efetuarmos um minucioso trabalho região por região, bioma por


bioma, micro bioma por micro bioma, seguramente encontraremos mais de 100
dados diferentes de relações ecológicas das abelhas com o ambiente, originando
100 calendários distintos um do outro. Entretanto, efetuamos o levantamento de
6 calendários básicos com dados médios das regiões, que orientam o trabalho
do apicultor em seu dia a dia.
Aos alunos do Grupo Premium, do Curso Online de Apicultura da Escola de
Apicultura, ensino adaptar o calendário à sua região específica, observar
nuances que pertencem àquele micro bioma e estabelecer o passo a passo do
trabalho apícola de acordo com as condições do ambiente que ele oferece às
suas abelhas.

Neste E-book 3, apresento os 6 calendários com dados gerais e como devem


ser aplicados a seu favor. Os calendários apícolas são:

● Calendário apícola do Sudeste, Centro-oeste e centro-sul da região


Norte do Brasil
● Calendário apícola da região Sul do Brasil
● Calendário apícola do agreste e semiárido nordestino
● Calendário apícola do litoral Sudeste (mata-atlântica)
● Calendário apícola do litoral Nordeste (zona da mata nordestina)
● Calendário apícola do centro-norte da região Norte do Brasil

Todos eles apresentam especificidades que descreveremos abaixo. Portanto, se


você é apicultor iniciante observe com atenção os dados de sua região para que
você comece a se orientar corretamente.

A princípio já te digo: é tecnicamente impossível manter os padrões de


superprodução de mel, ano após ano, sem o calendário apícola e seu
completo entendimento.

O apicultor que insiste em não seguir o Calendário Apícola por achar que é uma
ferramenta sem valor, pode cair na seguinte situação: em um ano produz muito,
no outro não produz tanto e, em outro não produz nada!

Mas, se o apicultor seguir o Calendário Apícola é bem provável que desenvolva


uma boa produção, conseguindo manter os níveis de produção e superprodução
de mel ano após ano, com previsibilidade, melhor custeio e seleção genética dos
enxames.

É só com o Calendário Apícola que o apicultor consegue alicerçar esse


passo a passo. Portanto, leia e consulte sempre. Este é o seu livro de
cabeceira.

3.1 Calendário apícola do Sudeste, Centro Oeste e Centro-Sul


da região Norte do Brasil

Abrange, predominantemente, a região do cerrado brasileiro e pontualmente os


biomas do pantanal, amazônia e mata-atlântica.

Tem início no extremo norte do estado do Paraná, abrange todo o interior de São
Paulo e Minas Gerais (exceto o nordeste de Minas), o centro norte de Mato
Grosso do Sul, todo o estado de Mato Grosso, Goiás, Tocantins (exceto a parte
noroeste), o Distrito Federal, o oeste da Bahia, o sudoeste do Piauí e do
Maranhão, o sul do Pará, do Amazonas, de Rondônia e do Acre.

Essa região sozinha abraça 70% do total de apicultores do país e responde por
40% da sua produção de mel.

Grande parte do comportamento do clima e do tempo é regido pelo ciclo


de chuvas. Basicamente, 2 estações climáticas definem essa região: uma
quente e úmida e outra fria e seca.

O período de entressafra de mel acontece na estação quente e úmida e a


época de safra na estação fria e seca. A florada ocorre de março a outubro,
com pico de produção em julho a setembro. As enxameações ocorrem de
maio a outubro, com pico de julho a setembro. A época do manejo pré-safra
deve ocorrer nos meses de maio e junho.

Existem 2 épocas de colheita do mel neste calendário: a safrinha e a safra. A


safrinha, corresponde a uma pequena produção que antecede a safra. Já a safra,
é a principal produção de mel do ano. A safrinha acontece entre o final do mês
de abril e início do mês de maio. E a safra acontece entre o final de setembro e
o final do mês de outubro.

Abaixo, você poderá acompanhar o Calendário Apícola do Sudeste, Centro-


oeste e centro-sul da região Norte do Brasil para melhor orientar os seus
manejos:
3.2 Calendário apícola da região Sul do Brasil

Abrange todos os estados do sul do Brasil tendo como vegetação principal a


mata atlântica no litoral, que recobre áreas da serra gaúcha, catarinense e
paranaense, e pontualmente áreas de cerrado e campos sulinos (pampas).

Tem início abaixo do trópico de capricórnio, adentrando o estado do Paraná,


Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Todos os países que fazem fronteira com
o Brasil na região sul: Argentina, Uruguai e Paraguai também seguem o
calendário do sul do Brasil, bem como os países cuja cordilheira dos Andes é
presente. Esse calendário abrange 15% do total de apicultores do país e
responde por 20% da produção de mel de todo o Brasil.

O comportamento do clima e do tempo é regido por 4 estações definidas:


primavera, verão, outono e inverno.

A florada (florescimento das plantas) normalmente ocorre entre meados do mês


de setembro e dura até meados do mês de março, com pico entre meados de
outubro a meados de fevereiro. As enxameações ocorrem de setembro a
fevereiro, com pico de setembro a dezembro. A época de manejo pré-safra deve
ocorrer entre julho a setembro.

A colheita de mel, ou seja, a safra acontece somente 1 vez ao ano: entre o final
de dezembro e o final de fevereiro, antes do início do outono.

Abaixo, você poderá acompanhar o Calendário Apícola da região Sul do


Brasil para melhor orientar seus manejos:
3.3 Calendário apícola do Agreste e Semi-Árido nordestino

Abrange, predominantemente, os estados da região nordeste do Brasil tendo


como vegetação principal o bioma caatinga e os micro biomas agreste, sertão e
meio-norte. O clima predominante nestas áreas e conhecido como semiárido.

Tem início no nordeste de Minas Gerais, nas regiões do Vale do Rio Mucuri e
Rio Jequitinhonha, adentrando o estado da Bahia exceto o litoral e o oeste deste
estado. Abrange também o sertão de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba,
Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e leste do Maranhão.

Esse Calendário Apícola do agreste e semiárido nordestino constitui o de


maior potencial de produção de mel do mundo!

Apesar de ter, em média, 8 meses do ano de seca intensa e escassez de água,


os 4 meses de maior índice pluviométrico proporcionam à caatinga a brotação
de minúsculas flores. Em média, são 600 flores por metro quadrado, o que
representa uma grande abundância de néctar para as abelhas, que rapidamente
o transforma em mel.

Essa é uma região que, em meus estudos, já identifiquei outros 6 calendários


distintos. Todos eles regidos pelos índices de pluviometria (chuvas) que variam
muito, de lugar para lugar. Portanto, apresento aqui dados gerais. Aconselho que
você analise muito bem a região em está o seu apiário antes de aplicar o
calendário apícola, e faça as adaptações necessárias.

Neste calendário, assim como no calendário apícola da região sul, a safra


acontece só 1 vez ao ano: de janeiro a maio, com pico de produção entre
fevereiro e abril. As enxameações ocorrem, predominantemente, de janeiro a
abril. A época do manejo pré-safra pode ser feita entre os meses de outubro e
dezembro.
3.4 Calendário do Litoral Sudeste (Mata Atlântica)

Abrange todo o litoral da região sudeste do Brasil. Tem início no litoral sul de São
Paulo e estende-se por toda a baixada Santista e Vale do Ribeira. Abarca
também os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo até a Foz do Rio Doce,
junto à cidade de Linhares.

Em toda essa faixa litorânea encontra-se o bioma de mata atlântica, no qual


predomina uma vegetação de grande densidade, com árvores de porte
grande. Algumas alcançam mais de 100 metros de altura e abrigam uma
das maiores fauna da América.

O Calendário do litoral sudeste gera influências em um raio de 140 km continente


adentro. Isso, porque a mata atlântica estende-se para além das fronteiras do
litoral e influencia regiões de cerrado. Esse é o caso da vegetação existente em
Belo Horizonte e cidades nos arredores da capital mineira (Nova Lima, Rio
Acima, Sabará, entre outras). A mata atlântica mineira pertence ao Calendário
Sudeste/Centro-oeste, contudo, apresenta algumas nuances devido a esse fator
de transição entre biomas.

O Calendário do litoral sudeste apresenta 1 única safra por ano, indo de julho a
fevereiro. A entressafra dura 4 meses, compreendendo o outono e o inverno. As
enxameações iniciam em julho e seguem até fevereiro. E o manejo pré-safra
deve acontecer nos meses de maio e junho.
3.5 Calendário do Litoral Nordeste (Zona da Mata Nordestina)

Abrange o micro bioma da zona da mata, no litoral nordestino. Inicia no litoral


norte do Espírito Santo, junto à Foz do Rio Doce e percorre todo o litoral do
nordeste: Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte,
Ceará, Piauí e leste do litoral do Maranhão. Avança continente adentro, podendo
chegar até 150 km do litoral do Rio Grande do Norte e Ceará.

Uma das características mais marcantes desse calendário é a presença de


correntes de umidade, provocadas pelas chuvas que vêm do Oceano
Atlântico e passam pelo litoral, indo em direção ao continente. A vegetação
predominante é a de manguezal e restinga, com forte potencial para a
produção de própolis vermelha, pólen apícola e mel.

Em todas as fozes de rios com manguezal é comum a presença da planta


conhecida como “rabo de bugio” (Dalbergia ecastophilum), que libera resina.
Esta resina é coletada pelas abelhas que a transforma em própolis vermelha.

Já para aqueles que pretendem realizar a produção de pólen apícola (constituído


32% de proteína) as grandes extensões de monocultura de coco são áreas ideais
para que as abelhas produzam esse nobre produto.

Neste calendário, existe 2 safras de mel: safrinha e safra. A safrinha costuma


acontecer entre os meses de dezembro a março. Já a safra estende de abril a
julho, com pico nos meses de maio a junho. As enxameações vão de fevereiro a
julho, com pico entre abril a junho. A colheita do mel ocorre entre o final do mês
de junho e o final de julho. O manejo pré-safra deve acontecer entre os meses
de fevereiro e março.
3.6 Calendário do Centro-Norte da Região Norte do Brasil

Abrange o “coração” da floresta Amazônica, o maior bioma de fauna e flora do


planeta. Inicia no noroeste do estado do Maranhão, adentra o centro-norte do
estado do Pará, centro-norte do estado do Amazonas, todo o Amapá e Roraima.

O bioma amazônico é fortemente influenciado pelas correntes de umidade


que vêm do nordeste brasileiro, zona de convergência intertropical, que
determina o ciclo de desenvolvimento das plantas e seu regime de
florescimento. Consequentemente, essa umidade influencia diretamente a
produção de mel das abelhas.

Algo muito importante de ser dito é que a apicultura no norte do Brasil possui
pontos negativos e positivos. O ponto negativo está relacionado diretamente a
limitações no transporte. A falta de estradas e acessos, muitas vezes, dificulta a
logística do desenvolvimento da apicultura na região, sendo necessário que todo
o transporte de colmeias, materiais, implementos e mesmo as abelhas, seja feito
por barcos e lanchas.

Apesar disso, o diferencial da região é a presença da grande biodiversidade,


fazendo este um local único e peculiar no planeta Terra. Por ser considerada
pulmão do mundo, a Amazônia é facilmente lembrada como uma área de floresta
rica, limpa e preservada. E por extensão, o mel que vem de lá também carrega
essas características.

Desta forma, o mel produzido na Amazônia que carregar no rótulo as palavras


“Mel da Amazônia” tem a chance de ser supervalorizado por compradores
internos (brasileiros) e externos (estrangeiros). É quase como se sentíssemos o
frescor das matas vindo à boca em forma de mel. Já imaginou? Se você está
nesta região, e é iniciante na apicultura, não perca a oportunidade de usar essa
forma de marketing.

Neste Calendário Apícola do centro-norte da região Norte, há 2 períodos de


safra: safrinha e a safra, propriamente dita. A safrinha vai dos meses de maio a
agosto. Já a safra vai de setembro a dezembro, com pico de produção de outubro
a dezembro. As enxameações iniciam em julho e se estendem até dezembro,
com pico de setembro a novembro. A colheita de mel ocorre entre o final de
novembro e final de dezembro. E o manejo pré-safra deve ser feito entre os
meses de julho e agosto.
CONCLUSÃO

Seguindo todos os passos aqui descritos, tenho plena convicção que você terá
muitas áreas para implantar seus apiários e também informações suficientes
para você compreender a relação bioma/clima/abelha e planejar o seu manejo
para a produção de mel em seu apiário.

Se você é iniciante, não deixe de conferir os E-books anteriores (1 e 2) e o


E-book 4 desse treinamento. Se desejar se aprofundar mais, não deixe de
seguir a Cia da Abelha nas redes sociais (Youtube, Instagram e Facebook).
Todos os dias divulgamos conteúdos novos para você ficar sempre
atualizado. :)

E se quiser realmente se profissionalizar, aí não tem outra alternativa: a Escola


de Apicultura deve ser o seu caminho.

Os meus alunos Premium da Escola de Apicultura têm acesso a informações


completas sobre o calendário apícola, ao passo a passo de todos os manejos
(pré-safra, safra e entressafra) e a previsão de supersafra ou quebra de safra a
partir dos volumes de pluviometria. Tudo em primeira mão!

Por isso, deixamos a vocês o convite para integrarem a Escola de Apicultura e


conhecerem o método que te leva a faturar mais de R$100.000,00 por ano com
a Apicultura.

E aí, preparado para faturar com o mel?

Fraterno Abraço!
Prof. Armindo Vieira Junior e
Equipe da Escola de Apicultura

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