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Manual da

meliponicultura

ABELHAS
SEM
FERRÃO

CRIE ABELHAS EM CASA E


TORNE-SE UM
MELIPONICULTOR
PROFISSIONAL PARTINDO
DO ZERO

G. ROSTE
Todos os textos e imagens desse livro
são de autoria própria e não devem ser
plagiados sem a prévia autorização.

2
SUMÁRIO

1 Quem são as abelhas sem ferrão?..................................................6


2 Como capturar um enxame de abelha sem ferrão?..................9
2.1 Passo a passo para fazer um bom ninho-isca.......................10
2.3 Passo a passo para se fazer um bom atrativo.......................14
2.4 Instalação do ninho-isca..............................................................16
3 Informações sobre as caixas modelo INPA................................19
4 Realização da Transferência............................................................24
5 Alimentação artificial.........................................................................26
6 Produtos fornecidos pelas abelhas.................................................28
7 Partes importantes de um ninho isca...........................................33
8 Diversidades de abelhas em um enxame....................................40
9 Multiplicação de enxames................................................................45
9.1 Divisão por discos..........................................................................45
9.2 Divisão por módulos.....................................................................49
10 Resgate de enxames ......................................................................51
11 Enxame zanganeiro..........................................................................53
11.1 Medidas para reverter uma colônia zanganeira.................54
12 Inimigos naturais das abelhas......................................................56
13 Forídeos.............................................................................................59
14 Técnicas para acabar com os forídeos........................................60
14 Diapausa..............................................................................................63
15 Como mudar o enxame de lugar?................................................64
16 Distância entre enxames.................................................................67
17Preparação do própolis para consumo........................................68
18 Coleta de mel.....................................................................................69

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14 Técnicas para acabar com os forídeos.......................................60
14 Diapausa............................................................................................63
15 Como mudar o enxame de lugar?...............................................64
16 Distância entre enxames...............................................................67
17Preparação do própolis para consumo .....................................68
18 Coleta de mel....................................................................................69
19 Pintura nas caixas............................................................................73
20 Como alimentar as abelhas?.........................................................75
20.1 Alimentação interna.....................................................................75
20.2 Alimentação coletiva....................................................................77
21 Voo nupcial........................................................................................78
22 Recados finais...................................................................................80
23 Agradecimentos...............................................................................81

4
INTRODUÇÃO

Atualmente, o Brasil possui aproximadamente 250


espécies de abelhas sem ferrão, as quais são divididas


em 52 gêneros. Um claro exemplo dessa divisão é a
comparação entre as espécies
Jataí e Mandaçaia, onde
pode-se observar, na figura abaixo, diversas diferenças
corporais, como o tamanho e o formato de seus
exoesqueletos.

Apesar da presença de várias espécies desses insetos, a


maior parte da população desconhece sua existência e
muitas vezes acaba eliminando a moradia desses seres
vivos.
Sendo assim, esse livro possui o propósito de educar
ambientalmente os cidadãos, ensinar o manejo desses
seres, de um nível iniciante até o profissional e mostrar
que é possível criar abelhas em casa, sem levar
ferroadas.

5
QUEM SÃO AS ABELHAS
SEM FERRÃO?

As abelhas sem ferrão estão


incluídas na família Apidae,
tribo Meliponini e possuem um papel muito importante
na polinização da flora nativa, além de auxiliarem até
mesmo a produção de alimentos, pois frequentam flores
de diversas culturas, como as do café, goiaba, tomate e
entre outras.

Possuem ferrão atrofiado devido às diversas seleções


naturais ao longo do tempo, que as tornaram diferentes
de suas primas genéticas, as famosas abelhas Ápis,
muito utilizadas no cultivo de mel, porém, possuem a
capacidade de ferroar e não são nativas do Brasil.

Apesar de não ferroarem, diversas espécies possuem o


hábito de serem defensivas, sendo que algumas grudam
nos cabelos ou até mesmo mordiscam com suas
mandíbulas quem estiver perturbando o enxame. Nesse
caso, temos a famosa abelha Tubuna (Scaptotrigona
bipunctata), a qual costuma a atacar indivíduos próximos
ou que estejam manipulando sua colmeia, porém, não
apresenta nenhum risco ao ser humano e pode ser
facilmente criada sem equipamentos de proteção
(apesar de muitos usarem para não serem incomodados
com suas mordidas).

6
Sendo assim, há a possibilidade de criar esses insetos
até mesmo em casa, desde que exista uma boa presença
de plantas que supram suas necessidades alimentícias.

Deve-se se atentar ao pasto meliponícola, que é a


disponibilidade de flores e plantas na região (semelhante
ao pasto apícola, com a diferença de que é voltado para
as abelhas nativas), pois sua ausência causará impactos
negativos a médio ou longo prazo em suas colmeias.

7
Podem ser criadas em ambientes urbanos, visto que não
apresentam riscos e, dependendo da espécie, possuem
uma grande capacidade de adaptação aos ambientes
oferecidos pelas cidades. Um exemplo disso é o da Jataí
(Tetragonisca angustula), a qual pode ser encontrada
nidificada em frestas de muros e até mesmo em grandes
centros urbanos, como a capital de São Paulo.

(Abelha Jataí encontrada em um muro na cidade de São Paulo)

8
COMO CAPTURAR UM
ENXAME DE ABELHA SEM
FERRÃO?
No momento em que um enxame de abelhas está em seu
ápice do desenvolvimento, elas se multiplicam pela
liberação de novas colônias. Isso ocorre de diversas
maneiras, variando de espécie para espécie, sendo que o
essencial para ocorrer essa divisão natural é a presença de
uma rainha virgem no enxame matriz.

Para a captura de enxames, deve-se montar um ninho


isca, o qual simula um tronco oco de árvore e atrai as
abelhas.

Sendo assim, pode-se utilizar para essa confecção uma


garrafa pet, visto que a litragem recomendada é alterada
dependendo da espécie que se deseja capturar.

EXEMPLO DE CAPTURA, NO CASO, UMA TUBUNA.


9
PASSO A PASSO PARA
FAZER UM BOM NINHO-ISCA
É essencial possuir um bom ninho-isca, pois ele atrairá
as abelhas e possibilitará a sua captura por meio da
enxameação. Porém, existem outras maneiras de se

capturar esses insetos, entretanto, a forma descrita aqui


é a mais utilizada e indicada pela maior parte dos
meliponicultores brasileiros e possui eficiência
comprovada.

ITENS NECESSÁRIOS
1- Garrafa pet;
2- Joelho 3/4 para mangueiras;
3- Folha de jornal ou papel;
4- Saco plástico de cor preta;
5- Fita adesiva;
6- Prego, faca quente ou algo para furar a garrafa.

10
MODO DE MONTAGEM DO
NINHO-ISCA
1- Deve-se lavar a garrafa pet, evitando-se o uso de
sabões ou produtos químicos, por meio do uso de água
corrente apenas;

2- Encaixe o joelho 3/4 no bico da garrafa, isso evitará


que raios de luz entrem dentro do recipiente, devido à
sua angulação de 90°;

11
3- Aqueça o prego ou a faca e faça furos na parte
inferior e superior da garrafa, isso controlará a umidade
da garrafa, que será transmitida para o papel;

4- Cubra a garrafa com o jornal ou papel, faça pelo


menos duas camadas, estes elementos darão uma
proteção térmica para o enxame, além de protegê-lo da
claridade do ambiente e auxiliar no controle da
umidade;

12
5- Cubra o ninho-isca com o saco de cor preta, de modo
a deixar o interior totalmente escuro.

(EXEMPLO DE UM BOM NINHO-ISCA)

13
PASSO A PASSO PARA SE
FAZER UM BOM ATRATIVO
O atrativo, muitas vezes confundido com o feromônio,
serve para indicar às abelhas que já houve um enxame
no local. Ou seja, quando você utiliza esse artifício, é
como se estivesse simulando um tronco de árvore que
antigamente possuía um enxame nele, porém tudo o
que restou foi seu cheiro. Sendo assim, esses insetos
possuem uma preferência por optar por esses locais,
visto que há uma maior segurança pelo fato de ter tido
outro enxame nesse local e é um gasto energético
menor para esses seres, pois outras abelhas
teoricamente já fizeram o trabalho de descobrir uma
nova moradia.

INGREDIENTES NECESSÁRIOS

- Própolis ou geoprópolis;
- Álcool 98% (também pode-se utilizar outros tipos de
álcool).

Própolis de Jataí 14
MODO DE PREPARO

-Deve-se adicionar em uma garrafa uma proporção de


50% de álcool e 50% de própolis;
-Logo após, tampe a garrafa e agite com frequência;
-O processo até a total dissolução do própolis é em
torno de 30 dias;
-Feito isso, está pronto para o uso.

Adição do própolis ao álcool

(Exemplo de um bom atrativo, feito com geoprópolis de Mandaçaia)

15
INSTALAÇÃO DO NINHO-
ISCA

Primeiramente, deve-se adicionar o atrativo na parte


interna da garrafa pet, evitando excessos. O
aconselhado é virar parte do líquido dentro do
recipiente e espalhá-lo bem. Feito isso, pode-se devolver
o excedente do produto para seu frasco.

Captura de Jataí em isca pet. 16


EM QUAL LOCAL DEVO
ARMAR MINHA ISCA?

O lugar da instalação deve conter os requisitos abaixo:

-Sombra (a incidência de luz solar prejudicará seu enxame);


-1 metro de distância do solo;
-Escolher, de preferência, troncos grossos e lenhosos;

QUAL O MELHOR PERÍODO


DO ANO PARA INSTALAR
MINHAS ISCAS?
Apesar do sucesso de alguns meliponicultores em
capturar enxames em outras épocas do ano, a primavera
e o verão são as melhores estações para realizar a
instalação de iscas.
Há a maior chance de captura na primavera, visto que as
plantas costumam florescer nesse período, fortalecendo
os enxames, pois há uma grande presença de pólen e
néctar na natureza.

17
ONDE DEVO CRIÁ-LAS
APÓS A CAPTURA?

As abelhas necessitam de locais que se assemelham aos


ocos nos troncos de árvores. Por isso, pode-se criá-las
em caixas de diversos modelos, em bambus, e até
mesmo dentro de blocos de concreto.

Porém, o mais indicado é a criação em caixas de


madeira, pois elas proporcionam conforto térmico e
simulam melhor o ambiente natural das abelhas.
Entretanto, nem todas as espécies devem ser criadas
dentro de caixas, como é o caso da Uruçu do Chão
(Melipona quinquefasciata), as quais são criadas dentro
de jarros de barro que são colocados dentro de um
buraco na terra.

18
INFORMAÇÕES SOBRE AS
CAIXAS MODELO INPA

o modelo INPA é um dos mais utilizados na


meliponicultura devido à sua grande praticidade, a qual
gera uma maior facilidade no manejo.

Foram desenvolvidas no instituto nacional de pesquisas


da Amazônia e são formadas por três módulos
fundamentais: ninho, sobre ninho e melgueira.

Suas dimensões variam de acordo com a espécie a ser


criada. colônias mais populosas e com indivíduos
grandes costumam a ter medidas maiores que enxames
com pouca população e abelhas menores.

A espessura indicada pode sofrer variações de acordo


com o ambiente em que se deseja criá-las. Locais mais
frios exigem espessuras maiores de 3 centímetros, pois
isso dará maior proteção térmica para as abelhas. É
como se fosse um cobertor, o qual previne variações
bruscas de temperatura e segura o calor gerado. Desse
modo, elas gastarão quantidades menores de energia
para passar por períodos mais quentes ou frios, assim,
gastando menos alimentos para se manterem.

19
NINHO

O ninho é o módulo do enxame que armazena as células


de cria, seu foco não é a produção de mel e pólen, apenas
a manutenção da postura do enxame.

SOBRE NINHO
O sobre ninho é um módulo de ninho extra, o qual dá
mais espaço para a rainha realizar sua postura e auxilia
em divisões, pelo fato de que é possível destacá-lo e
encaixá-lo em outra caixa com as mesmas medidas.

20
MELGUEIRA

A melgueira é um módulo feito especialmente para a


produção de mel e pólen. Sendo assim, deve conter uma
divisória entre o ninho, pois não pode haver postura
nessa parte do enxame

21
Alimentador
O alimentador é utilizado tanto internamente como
externamente. Ele possui a função de armazenar o
alimento fornecido para as abelhas, de modo que elas
consigam coletar e consumir o produto.

Exemplo de alimentador interno

22
EXEMPLO DE CAIXA
MODELO INPA

Tampa móvel

Melgueira

Sobreninho

Ninho

Alimentador
23
REALIZAÇÃO DA
TRANSFERÊNCIA
MATERIAIS NECESSÁRIOS:

-Estilete ou faca afiada;


-Caixa para ASF;
-Fita adesiva;
-Pote limpo.

Com os materiais em mãos, atente-se


aos seguintes passos:
1- Retire o saco plástico e o papel utilizado na confecção
da isca pet;

2- Com muito cuidado, corte com o estilete a garrafa pet;

3- Retire os discos de cria e os insira dentro da caixa para


abelhas, atentando-se a não os virar ou danificá-los;

4- Retire os potes de mel e pólen e coloque-os no


recipiente limpo escolhido;

5- Devolva toda a cera contida dentro da isca pet para a


caixa onde se encontra o enxame;

6- Coloque o recipiente com os potes de mel e pólen


dentro da geladeira;

24
7- Feche a caixa e passe fita adesiva em suas frestas;

8- Devolva os potes de mel e pólen coletado das abelhas


de 2 a 3 dias após a transferência.

Exemplo de tranferência de Jataí.

25
ALIMENTAÇÃO ARTIFICIAL

Na natureza, abelhas utilizam o néctar e o pólen como


alimentação. Porém, em épocas de escassez, o
recomendado a se fazer para auxiliar o desenvolvimento
do enxame e até mesmo evitar a sua morte é realizar a
alimentação artificial. O indicado é realizar a alimentação
duas vezes na semana, sendo que essa dose pode ser
alterada dependendo das condições do ambiente (em
locais mais arborizados, a tendência é de uma menor
necessidade desse tipo de alimentação, enquanto em
áreas urbanas, pode-se ter uma demanda por uma
maior frequência no fornecimento do xarope).
Não se deve realizar esse procedimento todos os dias,
pois, quando não consumidos, o estoque do açúcar
industrializado nos potes de mel pode fermentar e
impactar negativamente suas abelhas.

26
XAROPE CASEIRO
O xarope caseiro funciona como alimentação energética
e é utilizado como um substituto do mel em casos de
necessidade.

INGREDIENTES

-Água;
-Açúcar;
-Limão (não essencial).

MODO DE PREPARO

-Meça uma porção de 50% de água e 50% de açúcar;


-Adicione os ingredientes em uma panela para a fervura;
-Coloque a panela ao fogo e deixe-a até dissolver todo o
açúcar;
-Deixe-a esfriar antes de servir para as abelhas;
-Feito isso, pode-se adicionar algumas gotas de limão.

O ideal é que o consumo seja feito no máximo um dia


após o fornecimento do alimento. O produto não
entregue aos enxames no dia do preparo deve ser
armazenado na geladeira, fora do calor e da luz.

27
PRODUTOS FORNECIDOS
PELAS ABELHAS

Mel
O mel é um dos maiores objetivos de quem cria abelhas,
além de ser um alimento milenar e que faz parte de
diversas culturas ao redor do planeta.

Porém, as abelhas sem ferrão são conhecidas por


produzir mel em pouca quantidade quando comparado
à apicultura, mas isso não indica que não é possível
produzi-lo para o consumo.

A grande variedade de espécies nativas proporciona um


enorme cardápio de méis, pois cada espécie produz um
alimento com diferentes sabores, odores, cores, texturas
e propriedades medicinais.

No lado esquerdo observa-se o mel da abelha Mandaguari Preta, o


qual apresenta coloração, sabor, aroma e viscosidade diferente do
mel no lado direito, fornecido pela abelha Mandaçaia.

28
Própolis
A própolis é uma substância obtida pelas abelhas
através da coleta de resinas da flora local, que passa por
uma série de alterações enzimáticas feitas pelos
indivíduos de uma colmeia.

Possui propriedades fungicidas e antibióticas, que


podem mudar de acordo com a espécie de abelha e da
flora onde a substância foi coletada. É altamente
utilizado para melhorar a imunidade de quem o ingere.

Na colônia, a função da própolis é proteger o enxame


contra a incidência de luz solar, vedar buracos, impedir
insetos invasores e até mesmo aumentar a imunidade
do enxame.

Pode ser consumido por humanos, porém, é necessário


orientar-se quanto a espécie, pois algumas abelhas
possuem hábitos de coletar materiais prejudiciais ao
homem, como fezes.

Percebe-se, nessa imagem, o uso de própolis para 29


a vedação do enxame.
Geoprópolis
geoprópolisé aémistura
O geoprópolis uma substância parecida
de própolis com barro.,com
sendoo
própolis,
encontrado apresenta função
facilmente de bloquear
em abelhas entradas
melíponas. Nãode luz
pode
sertambém
e a de
ingerido, aumentar
devido ao fatoa imunidade da colônia.
de que muitas A
espécies
misturam entre
diferença a ele as duase substâncias
fezes é que
outros dejetos o geoprópolis
encontrados na
possui
natureza,terra em ainda
porém, sua composição. Em alguns
pode ser utilizado casos,
na produção
quando há para
de atrativos ausência de barro
capturar novosna natureza, as abelhas
enxames.
Sua funçãocoletar
costumam dentrofezesdapara produzir
colônia é aessade substância,
barrar a
por isso, deve-se
luminosidade, tomar
auxiliar na cuidado ao manejar
defesa contra outros quando
insetos ea
contribuir for
intenção paracoleta de mel,
a imunidade da para não contaminar o
colmeia.
alimento.

Exemplo de geoprópolis em
uma caixa de Mandaçaia, o
qual está bloqueando a
entrada de luz no enxame.

Geoprópolis após ser retirado da


colônia. Seu uso é restrito à produção
de atrativos, pois pode haver a
presença de substâncias indesejadas
ao consumo humano.

30
Cera
A cera das abelhas é produzida através da conversão do
açúcar do mel, com auxílio de glândulas cerígenas das
abelhas operárias. Esse processo possui eficiência baixa,
pois para produzir 1 quilo de cera são necessários
aproximadamente 8 quilos de mel.

Sua função dentro da colmeia é formar a estrutura do


enxame, armazenar mel e pólen, formar as células de
cria, gerar conforto térmico, proteger contra invasores e
evitar a entrada de luz.

É um material que pode ser reaproveitado pelas


abelhas, por isso, não se deve jogar ao manejar o
enxame, além de que a suplementação com esse
material faz as abelhas terem menos gasto de mel, pois
sua produção demanda alto gasto energético.

31
Pólen
O pólen é o gameta masculino das angiospermas (grupo
de plantas caracterizado pela presença de flores e
frutos), o qual representa a principal fonte de lipídeos e
proteínas para as abelhas dentro do enxame.

É um item necessário na fabricação do alimento larval,


pois favorece o desenvolvimento e o crescimento desses
insetos nos seus primeiros dias de vida.

Para os humanos, o consumo do pólen regula o sistema


nervoso e intestinal, auxilia no crescimento e fortalece o
organismo.

32
PARTES IMPORTANTES
DE UM NINHO DE
ABELHAS SEM FERRÃO
Para manejar esses insetos, é essencial conhecer a
morfologia de suas moradas, pois isso facilita o
manuseamento e evita erros graves que podem levar o
enxame ao definhamento.

CÉLULAS DE CRIA

As células de cria são uma das


partes mais importantes de uma
colônia. São nelas que a rainha
realiza a postura de suas larvas e é
onde acontece o desenvolvimento
de novas abelhas.

(DISCOS DE CRIA DA ABELHA MANDAÇAIA)

Discos de cria da abelha Jataí Postura da abelha marmelada

33
INVÓLUCRO

O invólucro é a camada de cera que


protege os discos de cria das
mudanças bruscas de temperatura
e da luminosidade que pode estar
incidindo dentro do enxame.

POTES DE MEL E PÓLEN

Quando o assunto é o armazenamento


de mel e pólen, as abelhas brasileiras
possuem um diferente hábito
comparado às abelhas africanas ou
europeias pois não há favos. A forma
desses insetos reservarem seus
alimentos é em pequenos potes com
um formato semelhante a uma uva,
sendo que este varia de tamanho e
(POTES DE ALIMENTO DA ABELHA
disposição, de acordo com cada JATAÍ)

espécie.

34
LIXEIRA
Assim como todos os animais, as abelhas também
produzem resíduos, os quais são armazenados em um
local específico da colmeia escolhido por elas, onde
passam a depositar restos de pólen, detritos dos discos
de crias de abelhas que já nasceram e demais sujeiras
encontradas dentro da colônia.

Nesse sentido, após o resido ser armazenado em um


local específico, esses insetos precisam remover seus
excrementos de dentro da colônia, por isso, há a
formação de bolinhas de lixo, as quais são retiradas por
campeiras e jogadas próximo ou distante do enxame.

35
DEPÓSITO DE RESINA
Percebe-se em algumas espécies de abelhas sem ferrão
a presença de pequenas bolinhas de resina acumuladas
em certas partes da colmeia. A explicação para esse
fenômeno é a ocorrência do armazenamento do
excesso dessa substância, a qual pode ser utilizada para
futuras defesas contra ataques ao enxame, vedar
buracos e até mesmo mumificar seres vivos que
entraram no enxame e a sua remoção não foi possível,
assim evitando possíveis microrganismos.

36
TÚNEL DE ENTRADA (PITO)

O túnel de entrada pode variar em tamanho e formato


de espécie para espécie. Ele é utilizado para o
reconhecimento das abelhas no retorno à sua morada,
proteger a colônia contra invasores, impedir a entrada de
luminosidade e até mesmo manter a regulação térmica
dentro do enxame.

É um ótimo indicador da saúde do enxame, pois a cor,


dependendo da abelha, pode variar e indicar que existe a
falta de algum elemento dentro da colônia. Também
indica a presença de invasores, pois algumas espécies,
como a Mandaçaia, não costumam fechar sua entrada,
sendo que isso ocorre apenas na presença de outros
insetos intrusos, como formigas.

Túnel de entrada da abelha


Mandaçaia

37
Exemplo de uma colônia
de Jataís saudáveis.
Nota-se uma cor mais
clara no pito de entrada.

Exemplo de um enxame
de Jataís fraco. Percebe-
se a cor mais escura na
cera utilizada no pito.

38
Realeira
As realeiras armazenam alimento larval em maior
quantidade. Isso é responsável pela produção de uma
rainha virgem, que se diferencia das operárias pelo
tamanho e capacidade reprodutiva.
Essa célula de cria costuma a se destacar entre as outras
pelo seu tamanho, além de ser formada nas bordas dos
discos de cria na maioria das espécies.

39
Diversidade de abelhas
em um enxame
Diferente do que muitos pensam, nem todas as abelhas
realizam a mesma função. Isso pode variar de acordo
com o sexo, idade e até mesmo alimentação da abelha.
Por isso, é importante reconhecer a diversidade que
uma colmeia apresenta, pois isso facilita o manejo e
ajuda a compreender o funcionamento de um enxame.

Rainha
A rainha é, sem dúvidas, o indivíduo mais importante de
uma colmeia, sem ela não haveria postura e,
consequentemente, não haveriam as demais abelhas.
Ela é responsável por dar origem aos novos indivíduos
do enxame e também por manter a ordem social.

40
Operárias
As abelhas operárias apresentam diferentes funções de
acordo com seu estágio de vida, além de que o tempo
no qual ela exerce determinadas atividades varia
dependendo de sua espécie.

Em seu primeiro estágio de vida, por volta de uma


semana, sua principal função é realizar a limpeza das
células de cria e de abelhas novas.

Por volta da segunda semana de vida, sua função passa


a ser cuidar da alimentação das larvas em
desenvolvimento.

Logo após, elas passam a ocupar a função de produzir a


cera, quando há necessidade, além de desidratarem os
produtos trazidos pelas campeiras, para seu
armazenamento.

41
Dias depois, essas abelhas passam a defender o
enxame, além de atuarem em sua regulação térmica
As sentinelas são responsáveis por realizarem a
segurança do enxame contra invasores. Elas costumam
ficar próximas ao túnel de entrada, prontas para
derrubar algum possível intruso.
Na maioria dos casos, quando vigias atacam algum
inseto invasor, a tendência é que elas não o soltem mais,
lutando bravamente até a morte.
A quantidade de sentinelas varia de acordo com a
espécie, como é o caso da abelha Jataí, que comumente
possui mais de uma vigia tomando conta da caixa,
diferente da Mandaçaia, a qual possui apenas uma
defensora em seu túnel de entrada.

O estado de campeira é o último da vida de uma


operária, no qual ela é responsável pela coleta de néctar,
pólen, resinas, barro, água e demais itens necessários ao
enxame.

42
Zangão
Os zangões são os machos da colônia, os quais possuem
como única função a fecundação de rainhas virgens
durante o voo nupcial. Costumam ser maiores que as
operárias, com as asas e musculatura para voo mais
desenvolvidas, a fim de facilitar a localização da princesa
durante o voo.

São formados quando há a postura de um ovo não


fecundado, ou seja, é haploide, diferente da rainha e
operárias, as quais são diploides.

No processo de fecundação, há a sua morte, pois seu


órgão genital fica preso na rainha e se rompe, porém,
caso sobrevivam, são inutilizados pela colmeia.

43
Princesa (rainha virgem)
A princesa é uma fêmea apta a ser fecundada e se
tornar rainha. Porém, esse processo nem sempre
ocorre, pois o enxame precisa possuir a necessidade de
uma nova rainha ou estar em ponto de enxameação.

No momento em que não há a necessidade de uma


princesa, ela é eliminada pelas próprias operárias, visto
que na maioria das vezes não possui outra função no
enxame, além de ser uma ameaça para a rainha atual.

Pode-se diferenciar facilmente as operárias da rainha


virgem, visto que essa apresenta um corpo diferente das
demais, podendo ser maior ou menor, variando de
acordo com a espécie, além de que sua coloração
também pode variar.

Rainha virgem Operária

44
MULTIPLICAÇÃO DE
ENXAMES
Apesar desse processo ocorrer naturalmente sem
intervenção do homem, é possível realizá-lo em um
meliponário e obter novas colônias sem a instalação de
iscas.

Divisão por discos


Para realizar a divisão por discos, necessita-se de no
mínimo dois enxames no meliponário, caso contrário,
deve-se atentar à presença de abelhas da mesma
espécie na natureza próximo ao local de criação, pois
precisa-se de zangões de outras colmeias para evitar a
consanguinidade e o futuro problema genético.

45
Passo a passo

1- Retire de dois a 3 discos maduros do enxame matriz;

2- Coloque pedaços de cera para apoiar os discos e


insira-os nova caixa;

3- Bata levemente na caixa matriz para retirar as


campeiras, assim como se fosse um pica-pau quebrando
a madeira. Caso possua outros enxames, você pode
retirar essas abelhas de outra caixa, para que a matriz
de onde foi fornecido os discos não tenha problemas
em sua recuperação;

46
4- Pegue um pedaço de cera de onde foi retirada as
campeiras e cole na entrada da nova caixa. Isso facilitará
o reconhecimento das abelhas;

5-Retire o enxame fornecedor de campeiras de seu local


e coloque a nova caixa exatamente onde ele estava;

6- Leve o enxame doador de campeiras para um local


distante, assim as abelhas não voltarão para a caixa
matriz;

47
7- Você também pode fornecer alimentação artificial,
cera e pólen para o enxame dividido, isso o auxiliará na
construção de sua nova morada e aumentará as
chances do sucesso da divisão.

Pote alimentador em uma divisão de Mandaçaia

48
Divisão por módulos
Esse método costuma ser mais simples que a divisão
por discos, porém, existe a necessidade de que o
enxame matriz e a nova caixa a ser utilizada possuam a
mesma medida, pois elas devem, necessariamente, se
encaixarem.

Passo a passo
1- Retire o ninho ou sobreninho do enxame matriz, o
qual deve conter células de crias maduras e em seguida
adicione outro módulo no local onde foi retirado as
crias;

2- Coloque o módulo junto da nova caixa, a qual deve


conter a mesma medida de onde está o enxame matriz;

3-Troque de local o novo enxame recém-dividido,


colocando-o onde estava a colmeia matriz;

4- Feito os passos anteriores, feche as frestas dos


enxames com fita adesiva e aguarde por volta de 20 dias
para conferir se há a formação de uma nova rainha.
Caso não haja postura, recomenda-se a inserção de
novas células maduras.
49
Esquematização do passo a passo para se fazer a divisão.

50
RESGATE DE ENXAMES

Não se deve retirar enxames da natureza, ao menos em


casos que ele esteja em perigo.
A eliminação ou remoção destes animais é enquadrado
como crime ambiental, previsto na lei: Código de Caça –
Lei ° 5197/67 | Lei N° 5.197, de 3 de janeiro de 1967.

Sendo assim, não se deve retirá-las de muros, árvores


ou de qualquer outro lugar sem nenhuma justificativa. A
permanência desses insetos nos locais em que se
encontram contribui para a manutenção da genética da
espécie e sua remoção pode significar o definhamento
de diversas colônias na região.

51
MAS O QUE DEVO FAZER
NA NECESSIDADE DE
RETIRAR UM ENXAME?

Em casos de extrema necessidade, em que as abelhas


correm perigo ou há a necessidade de sua remoção,
deve-se retirar cautelosamente o enxame, atentando-se
aos discos de cria, pois há a chance de sua danificação, o
que significa perda de muitas abelhas ou até mesmo da
morte da rainha, pois ela costuma a se esconder entre
suas posturas.

EXEMPLO DE REMOÇÃO DE
UMA ABELHA BOCA DE
SAPO. NESSE CASO, HAVIA
A NECESSIDADE SE SE
RETIRAR O ENXAME POIS
ESTAVA ATACANDO AS
PESSOAS DA ESCOLA QUE
PASSAVAM POR PERTO.
UTILIZOU-SE UM EPI
(PROTEÇÃO) POIS ESSA
ESPÉCIE POSSUI O HABITO
DE MORDISCAR O INVASOR,
PORÉM, NÃO OFERECE
RISCOS À VIDA.

52
ENXAME ZANGANEIRO
Um enxame torna-se zanganeiro quando há a perda da
rainha e as operárias começam a tomar conta da
postura. Porém, como elas não são fecundadas, isso faz
com que nasçam apenas zangões, em um processo
conhecido como partenogênese.

Nesse sentido, percebe-se que a colônia tornou-se


zanganeira quando existe uma irregularidade nos discos
de cria, os quais podem apresentar mais de uma larva por
célula, como no exemplo da imagem abaixo:

53
Medidas para reverter uma
colônia zanganeira
Como os zangões não conseguem se reproduzir por
partenogênese, uma colmeia nesse estado irá definhar
caso medidas não sejam tomadas, pois no momento em
que as operárias falecerem não restará abelhas para
realizar a postura, o que consequentemente levará ao
fim do enxame.

Nas medidas listadas na próxima página, deve-se se


atentar ao gênero da espécie da abelha a ser manejada,
pois os processos são diferentes para gerar outra rainha.

54
Passo a passo para gerar
uma nova rainha
Abelhas melíponas em geral
1- Retire todos os discos de cria irregulares do enxame;
2- Colete discos de cria maduros de outra colônia e
insira-os na colmeia a ser restaurada;
3- Aguarde pelo menos 20 dias antes de conferir a
existência de uma nova rainha;
4- Se a situação não se reverter, repita os passos
anteriores.

Outros gêneros de abelhas


Essa exceção se deve ao fato da necessidade da
presença de uma célula real nos discos de cria. Caso
haja a inserção de posturas sem esse pequeno detalhe,
haverá apenas o nascimento de novas operárias, mas
não terá a geração de uma nova rainha.

55
INIMIGOS NATURAIS DAS
ABELHAS

Formigas
Algumas espécies de formigas podem ser prejudiciais
para a meliponicultura, pois há a possibilidade de
acontecer uma invasão às colônias, principalmente
quando não estão saudáveis, visto que elas usam os
alimentos das abelhas nativas como uma forma de
cultivarem seus fungos em suas colônias, os quais as
alimentam.

Existem meios de prevenir os ataques das formigas,


sendo que a maioria dos métodos foca em evitar o
acesso delas às colmeias, passando-se óleo queimado
na base do meliponário ou até mesmo por meio da
instalação de bocas de garrafa pet na entrada do
enxame.

Formiga invasora tentando entrar dentro de uma colônia

56
Abelhas limão
As abelhas limão (Lestrimelitta limao) são popularmente
conhecidas pelos seus saques aos enxames de outras
espécies, pois possuem uma substância volátil que
dispersa as operárias da colônia que está sendo
predada e que facilita o predação. Esses insetos
possuem o peculiar cheiro de limão quando são
espremidas, possibilitando a fácil identificação em caso
de ataques. Seu ninho se destaca em relação às outras
espécies, pois sua entrada é formada por diversos tubos
de cera, os quais lembram pequenas raízes de plantas.

Apesar de serem prejudicial ao meliponário, elas são


extremamente importantes para a natureza, pois
controlam populações de abelhas, aumentando assim a
disponibilidade de ocos para espécies menos
predominantes e diminuindo a competição entre as
abelhas de um local.

Invasão de uma colônia por


abelhas limão. 57
Como prevenir e combater um
ataque de abelhas limão?
As abelhas limão possuem a preferência de atacarem
colônias mais fracas, por isso o mais indicado a fazer é
colocar enxames mais fortes nas proximidades, assim,
existe uma maior possibilidade de que elas escolham
outro local para o ataque, que não seja o meliponário,
pois perceberão que a invasão pode não ser possível.

Porém, caso o ataque tenha sido iniciado, é possível


tentar minimizar os danos tampando a entrada da
colmeia. Entretanto, caso a colônia já esteja com muitas
abelhas limão, tampe as caixas das proximidades e deixe
o saque delas finalizar, assim a natureza estará seguindo
o próprio rumo da seleção natural. Opte por não
exterminar as operárias das abelhas limão, pois mesmo
elas sendo uma ameaça para o meliponário, são
importantes para a fauna e flora.

58
Forídeos
Os forídeos são conhecidos por serem o segundo
maior inimigo das abelhas, ficando atrás apenas dos
humanos, pois destroem rapidamente um enxame.
São pequenas moscas pertencentes à ordem Diptera,
os quais se aproveitam da vulnerabilidade das
colônias, visto que suas larvas utilizam o pólen e o
alimento larval (contido nos discos de cria) para
alcançarem o estágio adulto.

Ao invadir um enxame, um forídeo adulto é capaz de


liberar por volta de 70 ovos, por isso, deve-se ter o
conhecimento da situação e tomar diversas medidas o
mais rápido o possível, pois além de possuirem uma
rápida reprodução, seu ciclo de vida é curto, durando 7
dias em média.

59
Técnicas para acabar com os
forídeos

Confinamento
Essa técnica consiste em fechar todas as frestas da caixa
das abelhas, inclusive a sua entrada, a qual deve ser
tampada com um pedaço de pano, pois assim ainda é
possível a troca gasosa (respiração da colmeia). Sendo
assim, após fechar o enxame, abra-o e assopre a parte
interna até que os forídeos comecem a sair.
Continue com esse mesmo manejo até que não fique
forídeo algum visível na parte interna da caixa. Vale
ressaltar que esse procedimento leva alguns dias para
fazer efeito, pois essas moscas liberam larvas dentro do
enxame enquanto ainda estão vivas.

60
Adicionar sal
às larvas
Uma maneira eficaz de prevenir a infestação de forídeos
em um enxame atacado é através da adição de sal em
suas larvas. Tal método consiste em jogar quantidades
pequenas porções de sal nos locais onde sejam
avistadas larvas, o que por vez as desidrata, ocasionando
sua morte.

61
Armadilha contra forídeos
Essas armadilhas são confeccionadas utilizando
pequenos recipientes plásticos, onde são feitos furos
laterais e é adicionado vinagre, isso faz com que os
forídeos sejam atraídos pelo cheiro azedo e forte,
ocasionando sua morte por afogamento, pois eles não
conseguem deixar a armadilha após entrarem.
Tal recipiente é inserido próximo do meliponário,
reduzindo assim a quantidade dessas moscas nas
redondezas.

Confecção da armadilha
1-Pegue um recipiente e adicione um pouco de vinagre,
de modo a encher até a metade;

2- Faça furos próximo à superfície do vinagre;

3-Feche o recipiente e coloque-o próximo ao


meliponário, de modo que fique distante das caixas de
abelhas.

62
DIAPAUSA
A diapausa é um fenômeno comum no inverno,
incidente em algumas espécies de abelhas, em que há
uma pausa em sua postura e uma redução nas
atividades dentro da colmeia, mesmo com a rainha
estando dentro do enxame.

As principais causas são o fotoperíodo reduzido, visto


que no inverno os dias tendem a ser mais curtos,
temperatura, pouca reserva de alimento e características
isoladas de cada espécie.

Quanto maior a distância da linha do equador, maior a


chance de ocorrência desse fenômeno, visto que os
raios solares incidem em um menor ângulo com relação
ao solo e os dias são mais curtos.

63
COMO MUDAR UM ENXAME DE
LUGAR?
Muitos meliponicultores se deparam com situações em
que há a necessidade de deslocamento do lugar de um
enxame. Os motivos variam de brigas entre colmeias ou
até mesmo a mudança de meliponário.

Sendo assim, deve-se atentar às técnicas listadas abaixo,


para que não haja perda de abelhas ou até mesmo a
morte da colônia.

Mover aos poucos


Para mudar a caixa de local através desse método, deve-
se mover no máximo 30 centímetros por dia. Porém,
sempre realize esse manejo na parte da noite, nunca
enquanto as abelhas estiverem saindo da caixa, pois isso
atrapalhará as abelhas que estão fora do enxame a
voltarem, o que pode ocasionar brigas e estressar a
colmeia.

64
Levar a caixa para longas
distâncias
Este é o método mais indicado para realizar a mudança
da localização do enxame, visto que ele não interrompe
o ciclo de trabalho das operárias e estressa menos as
abelhas.

Nesse manejo, deve-se levar as abelhas para um local


em que o raio de voo das abelhas no local original não
chegue perto, caso contrário, elas reconhecerão onde
estão e voltarão para o antigo lugar. Nesse sentido, o
tempo mínimo para a permanência das abelhas sem
ferrão no outro lugar antes da realocação no
meliponário original é de no mínimo cinco dias, pois é o
tempo que elas levam para esquecer sua antiga posição
e se acostumarem com o novo lugar.

65
Confinar as abelhas por 5
dias
Como as abelhas possuem uma memória curta, após
confiná-las por um determinado período elas não
recordam o local que estavam. Sendo assim, na
necessidade de mudar de local um enxame, caso não
seja possível seguir nenhum método já listado, pode-se
realizar esse manejo, mesmo sendo o menos indicado,
visto que estressa a colônia e interrompe seu trabalho.

No momento do confinamento, deve-se obstruir a


entrada do enxame com algo que possibilite a troca de
gases com o ambiente externo, como uma tela, por
exemplo. Além disso, forneça alimentação nesse
momento, pois pode haver a falta de mel e pólen
durante esses dias, visto que as abelhas não estariam
coletando esses elementos na natureza enquanto
confinadas.

66
DISTÂNCIA ENTRE
ENXAMES

Um dos fatores em que o meliponicultor mais deve se


preocupar caso possua mais de um enxame são as
distâncias entre eles, pois diversas espécies de abelhas
são territorialistas e atacam colmeias que estão por
perto. Esse é o caso da Jataí, por exemplo, abelha que
costuma a atacar indivíduos da mesma espécie e de
colônias diferentes, quando localizados em uma
distância menor que um metro.
Porém, há relatos de criadores que conseguem adaptar
suas abelhas para conviverem sem qualquer problema,
por isso, a territorialidade nem sempre ocorre, mas é
uma variável a ser levada em conta pois a morte de
vários indivíduos de uma colmeia acarreta no
enfraquecimento dos enxames.
Portanto, pela territorialidade ser algo específico de cada
espécie, o ideal é que o meliponicultor oriente-se antes
de adquirir algum enxame e realize pesquisas a respeito
das especificidades da colmeia adquirida, assim,
orientando-se em saber o espaçamento de cada caixa
de abelhas.

67
PREPARAÇÃO DO PRÓPOLIS
PARA CONSUMO

O própolis é um produto fornecido pelas abelhas que


apresenta diversos benefícios para a saúde, tais como:
fortalecimento da imunidade, prevenção da cárie bucal,
combate à amidalites e também atua no combate à
acne.

A produção do extrato de própolis caseiro é muito


semelhante à fabricação do atrativo, porém, o álcool
utilizado nesse processo deve ser comestível e em
hipótese alguma deve-se utilizar o geoprópolis.

Para fazer esse produto, basta inserir o própolis da


abelha desejada no álcool comestível e esperar sua
diluição, o que deve acontecer em algumas semanas.
Feito isso, está pronto para o consumo, podendo ser
utilizado em bebidas, pingando algumas gotas, ou
consumindo diretamente o produto. Recomenda-se a
ingestão de três a quatro gotas diariamente.

68
COLETA DE MEL

O mel é um dos produtos mais desejados na criação de


abelhas. Porém, existem técnicas corretas para sua
coleta, as quais evitam o contato desse alimento com
micro-organismos e o tornam seguro para consumo.

69
Método da seringa
Para realizar esse tipo de colheita, necessita-se os
seguintes materiais:

-Seringa
-Tubo de borracha de seringa
-Faca
-Recipiente esterilizado para armazenar o mel

Com os itens listados em mãos, deve-se encaixar o tubo


de borracha na seringa, conforme a imagem a seguir:

70
Feito isso, deve-se abrir a melgueira e romper os potes
de mel com a faca, tomando cuidado para não deixar o
líquido vazar, conforme o exemplo a seguir:

Após romper o pote de mel, deve-se inserir a seringa


para realizar a coleta e em seguida pode-se colocar o
alimento em um pote limpo e armazenar na geladeira.

71
Apenas com o rompimento dos
potes

Para esse manejo, é necessário os seguintes ítens:

-Faca
-Peneira (opcional)
-Recipiente limpo para armazenar o mel

É possível realizar a coleta sem o uso de uma seringa.


Porém, nesse método, necessita-se que a caixa possua
melgueira.

Nesse sentido, deve-se separar a melgueira das outras


partes do enxame e remover todas as abelhas.

Feito isso, rompa todos os potes do módulo e vire a


melgueira em um recipiente limpo e espere todo o mel
escorrer.

Após colher todo o alimento, devolva a melgueira para o


enxame.

Alguns pedaços de cera e abelhas mortas podem cair no


mel nesse procedimento, porém isso não é prejudicial,
sendo assim, pode-se peneirar o alimento para retirar
possíveis resíduos.

72
PINTURA NAS CAIXAS

A pintura nas caixas é um artifício de extrema


importância para a conservação da madeira onde o
enxame está inserido. Ela protege contra intempéries da
natureza e prolonga a durabilidade da caixa, além de ser
um elemento estético que pode trazer mais beleza ao
ambiente quando feito de forma correta ao olhar do
meliponicultor.

Porém, nem toda tinta pode ser utilizada para o manejo


das abelhas sem ferrão, visto que boa parte delas
possuem elementos tóxicos à esses seres, como os
inseticidas contra cupins, por exemplo.

Sendo assim, é recomendado a utilização de tintas


acrílicas base água, pois elas apresentam uma menor
utilização de produtos químicos.
Também é possível a utilização de tintas óleo, porém,
deve-se atentar na presença de componentes inseticidas
e também é necessário esperar aproximadamente um
ano após a pintura, devido ao seu forte odor.

A tinta a ser utilizada deve apresentar cores opacas, pois


a utilização de cores mais vivas confundem as abelhas e
atrapalha no forrageamento e localização de seu
enxame.

73
Outro produto muito usado para impermeabilizar as
caixas são os vernizes, os quais alguns também
apresentam componentes nocivos aos insetos. Por isso,
caso escolha optar pelo seu uso, escolha um verniz base
água e atente-se em sua composição, pois este não
pode conter, em hipótese alguma, inseticidas.

Exemplo de caixa pintada, no


caso, as cores escolhidas são de
acordo com o gosto do
meliponicultor.

74
COMO ALIMENTAR AS ABELHAS?

Alimentação interna
A alimentação interna é recomendada quando há a
necessidade de alimentar individualmente um enxame,
pois não é possível sustentar mais de uma caixa nesse
processo.

Os benefícios do uso desse modo de fornecer o


alimento são:

-Animais invasores não conseguirão se aproveitar do


alimento fornecido, assim como formigas, abelhas de
outras espécies, etc;

-Possibilidade de tratamento individual de um enxame.

75
Preparação do alimentador
Para preparar o alimentador, deve-se ter um recipiente
pequeno, assim como uma tampa de garrafa ou até
mesmo um pequeno copo de café.
Deve-se colocar palitos dentro desse recipiente, pois
isso evitará que abelhas morram afogadas no alimento
fornecido.
Feito isso, apenas coloque o alimentador dentro do
enxame e complete-o com xarope ou mel.

76
Alimentação Coletiva

A alimentação coletiva é um ótimo método para quem


deseja alimentar diversas colônias ao mesmo tempo. Ela
consiste em colocar um recipiente próximo ao
meliponário com o xarope ou mel, em um local em que
as abelhas possuam acesso. Deve-se tomar cuidado
para evitar o afogamento de espécies menores de
abelhas caso as possua, além de observar se outros
seres vivos indesejados estão saqueando o alimento,
como acontece no caso da incidência de formigas,
abelhas Ápis e até mesmo de abelhas sem ferrão de
outros locais.

77
Voo nupcial
O voo nupcial é o único da vida da rainha, ele acontece
quando a princesa está pronta para ser fecundada pelos
zangões.

Primeiro, as abelhas reconhecem um local para realizar


a construção de uma nova moradia, logo após, algumas
campeiras começam a construção do futuro enxame,
carregando os materiais necessários, os quais são
retirados da caixa mãe. Só então ocorre o voo nupcial,
onde a futura rainha copula e migra para o local
escolhido, iniciando sua postura.

Dessa forma, o enxame torna-se independente da


colmeia mãe no momento em que ele consegue ter a
geração de novas abelhas e recursos por conta própria,
em um fenômeno que pode levar na média de 45 dias
para ocorrer, variando conforme as espécies.

78
Sua ocorrência é comum nas épocas de primavera e
verão, pois é o momento em que há a presença maior
de flores no campo, fato influenciador de uma maior
disponibilidade alimentar, o que leva a uma maior
população e força no enxame.

Exemplo de um voo nupcial da espécie Tubuna. Nota-se a elevada


movimentação das abelhas nesse momento.

79
Recados finais
Estamos vivendo um momento em que o ser humano
devasta a natureza, muitas vezes, por própria ambição.
Por isso, deve-se estudar o funcionamento da vida no
planeta para assim minimizar o estrago que o homem
vêm fazendo ao longo dos anos.

A natureza conseguirá viver sem a existência do


humano, mesmo com alterações ambientais, pois ela
possui a grande capacidade de adaptação. Porém, o
Homo sapiens pode entrar em extinção caso continue
com sua destruição pelo mundo, pois o meio ambiente o
sustenta.

Sendo assim, é fundamental estudar as abelhas, visto


que elas representam um papel de extrema importância
no meio ambiente e são fundamentais para o equilíbrio
ecológico no planeta.

G. Roste, 2021

80
Agradecimentos
Agradeço você, leitor e lhe desejo sucesso nos estudos
sobre as abelhas sem ferrão. Agradeço também a todos os
amigos e familiares que me apoiaram ao longo desses anos
de estudos sobre esses insetos que são uma das maiores
riquezas que o Brasil apresenta.

81
Nesse livro você aprenderá técnicas para
ter sucesso na criação de abelhas sem
ferrão, com fotos, passo a passo e dicas,
para você, meliponicultor, desenvolver um
manejo de excelente qualidade e tornar-
se um profissional na área.

Esse livro possui uma linguagem de fácil


compreensão, com uma boa didática, para
que você aprenda corretamente todas as
práticas aqui ensinadas.

G. ROSTE

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