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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano

Campus Bom Jesus da Lapa


Curso de Engenharia Agronômica

SOLANGE FERREIRA DOS ANJOS

ANÁLISE DO MANEJO APÍCOLA EM UNIDADES PRODUTIVAS


LOCAIS E SEUS REFLEXOS SOBRE PARÂMETROS PRODUTIVOS

Bom Jesus da Lapa


2021
SOLANGE FERREIRA DOS ANJOS

ANÁLISE DO MANEJO APÍCOLA EM UNIDADES PRODUTIVAS


LOCAIS E SEUS REFLEXOS SOBRE PARÂMETROS PRODUTIVOS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Colegiado do Curso de
Engenharia Agronômica, oferecido pelo
Instituto Federal Baiano – Campus Bom
Jesus da Lapa, como requisito parcial para
obtenção do título de Engenheiro Agrônomo.

Orientador (a): Dr. Emerson Alves dos


Santos.

Bom Jesus da Lapa


2021
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Baiano
Biblioteca do Campus Bom Jesus da Lapa

A568t Anjos, Solange Ferreira dos.


Análise do manejo apícola em unidades produtivas locais e seus ref lexos sobre
parâmetros produtivos / Solange Ferreira dos Anjos. – 2021.
43 f . : il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Instituto Federal de Educação,


Ciência e Tecnologia Baiano, Curso de Agronomia, Bom Jesus da Lapa, 2021.
Orientação: Prof . Dr. Emerson Alves dos Santos.

1. Apicultura. 2. Manejo apícola. 3. Indicadores produtivos. 4. Extensão em apicultura.


5. Semiárido. Análise do manejo apícola em unidades produtivas locais e seus ref lexos
sobre parâmetros produtivos.

CDD 630
SOLANGE FERREIRA DOS ANJOS

ANÁLISE DO MANEJO APÍCOLA EM UNIDADES PRODUTIVAS


LOCAIS E SEUS REFLEXOS SOBRE PARÂMETROS PRODUTIVOS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Agronômica, pelo Instituto
Federal Baiano – Campus Bom Jesus da
Lapa.

Aprovado em xx de xxx de 2021.

_______________________________________
Emerson Alves dos Santos – Orientador
Doutor em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Estadual de Santa Cruz
Docente vinculada ao Instituto Federal Baiano

_______________________________________
Eurileny Lucas de Almeida – Avaliadora
Doutorado em Ciência do Solo pela Un iversidade Federal do Ceará
Docente vinculada ao Instituto Federal Baiano

_______________________________________
Jose Eduardo Santos Barboza da Silva– Avaliador
Mestre em Agronomia pela Universidade do Estado da Bahia
Docente vinculada ao Instituto Federal Baiano
AGRADECIMENTO

A todos os envolvidos nesta breve jornada, meu muito obrigada.


Primeiramente, aos meus pais, por me educarem e incentivarem minha busca
pelo conhecimento.
Especialmente, aos apicultores que se dispuseram a contribuir com este
trabalho e pela troca de experiências nos diversos temas aqui abordados.
Ao professor Dr. Emerson Alves dos Santos, por toda a ajuda nesta importante
etapa da minha vida acadêmica, pela paciência, compreensão e ensinamentos. Ele
representa todos os Mestres que comigo compartilharam seus saberes.
Ao meu amigo e parceiro de todos os momentos, Givanilson Pereira de Jesus,
a quem sou imensamente grata por todos os conselhos e a ajuda no desenvolvimento
desta pesquisa.
Colegas, amigos, familiares... São todos muito especiais para mim, não apenas
por terem me ajudado e apoiado, mas, principalmente, por estarem presentes.

Minha gratidão!
Está surgindo um novo perfil de agricultor, que mede, quantifica,
interpreta e aplica doses de conhecimentos, que resultam em
rentabilidade.

Dirceu Gassen.
RESUMO

ANJOS, Solange Ferreira dos. Análise do manejo apícola em unidades produtivas


locais e seus reflexos sobre parâmetros produtivos. 2021. Trabalho de Conclusão
de Curso (Bacharelado em Engenharia Agronômica) – Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia Baiano, Bom Jesus da Lapa, 2021.

O sucesso da atividade apícola pode ser definido por um conjunto de fatores, dentre
os quais, estão as práticas de manejo empregado. No semiárido baiano, a baixa
produtividade na apicultura é uma problemática real, sendo o manejo deficitário uma
das razões para tais índices. Como possibilidade para a melhoria dos indicadores das
unidades produtivas, estão a assistência técnica especializada e a promoção da
qualificação dos apicultores, lhes proporcionando maior fonte de renda, qualidade de
vida e autonomia para produzir e comercializar. Deste modo, este trabalho teve por
objetivo fomentar práticas de manejo apícola por meio da instrumentalização
participativa de agricultores familiares. Para tanto, buscou -se a caracterização dos
apicultores e de seus sistemas de produção através de diagnóstico dos mesmos, além
da determinação dos manejos empregados e os indicadores do nível de tecnologia
adotado e como refletem nos parâmetros produtivos. Os dados foram obtidos através
da aplicação de questionário, realização de entrevistas semiestruturadas e
acompanhamento virtual das atividades desenvolvidas pelos apicultores em seus
apiários. Estas são ferramentas metodológicas que permitem o emprego da
assistência técnica e extensão rural nas unidades familiares de produção apícola em
formato virtual e participativa, proporcionando a detecção dos problemas e a
elaboração de estratégias conjuntas que possibilite solucioná-los. No presente estudo,
evidenciou o domínio no conhecimento das boas práticas de manejo apícola que
promovem a alta produtividade por parte de todos os apicultores envolvidos, no
entanto, outros pontos devem ser aperfeiçoados, principalmente no manejo de pós-
colheita e na gestão, para que os produtores alcancem a melhora nos índices
produtivos, uma vez que o manejo é apenas um dos influenciadores diretos do
sucesso dessa atividade. Após análise dos resultados, um apicultor apresentou-se
como possível multiplicador de conhecimentos, com seu apiário como uma unidade
demonstrativa.
Palavras-chave: Apicultura. Manejo apícola. Indicadores produtivos. Extensão em
apicultura. Semiárido.
ABSTRACT

ANJOS, Solange Ferreira dos. Analysis of beekeeping management in local


production units and their impact on production parameters. 2021.
Undergraduate Final Work (Bachelor of Science in Agronomy) – Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, Bom Jesus da Lapa, 2021.

The success of beekeeping activity can be defined by set of factors, among which are
the management practices employed. In the semi-arid region of Bahia, low productivity
in beekeeping is real problem, with deficient management being one of reasons for
such rates. As possibility for improving the indicators of productive units, there are
specialized technical assistance and the promotion of beekeepers' qualifications,
providing them with greater source of income, quality of life and autonomy to produce
and sell. Thus, this work aimed promote beekeeping practices through the participatory
instrumentalization of family farmers. To this end, we sou ght to characterize
beekeepers and their production systems through their diagnosis, in addition
determining the managements employed and the indicators of the level of technology
adopted and how they reflect on production parameters. The data were obtained
through application of questionnaire, semi-structured interviews, and virtual monitoring
of the activities developed by beekeepers their apiaries. These are methodological
tools that allow the use technical assistance and rural extension in family units of bee
production in virtual and participatory format, providing detection of problems and the
development of joint strategies that make it possible to solve them. In the present
study, the domain of knowledge good beekeeping practices that promote high
productivity on the part of all beekeepers involved was evidenced, however, other
points must be improved, especially in post-harvest management and management,
so that producers reach the improvement in the productive indexes since management
is only one of the direct influencers of the success of this activity. After analyzing the
results, a beekeeper presented himself as a possible knowledge multiplier, with his
apiary as a demonstrative unit.

Keywords: Beekeeping. Beekeeping management. Productive indicators. Extension in


beekeeping. Semiarid.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

QUADRO 1 — Tecnologias e suas respectivas variáveis adotadas para a


determinação do nível tecnológico dos apicultores......................................................... 25
FOTOGRAFIA 1 — Utilização da tela excluidora plástica (a) e (b).............................. 27
FOTOGRAFIA 2 — Disposição de colmeia sem identificação (a), utilização de cera
nova (b) e comparação entre quadro com cera nova e velha (c). ................................ 28
FOTOGRAFIA 3 — Espaçamento irregular entre as colmeias. .................................... 28
FOTOGRAFIA 4 — Diferentes colmeias com proteção individual (a), coberta
individualmente (b) e numerada e protegida (c). ............................................................. 29
FOTOGRAFIA 5 — Colmeias sob diferentes condições fitossanitárias: colmeias com
proteção individual (a), afetada por inimigos naturais (b) e afetadas por cupins (b) . 30
FOTOGRAFIA 6 — Uso de tela excluidora moldada em madeira (a) e em colmeia
enumerada (b) ....................................................................................................................... 30
FOTOGRAFIA 7 — Quadros sem cera operculada (a) e colmeia faltando quadros (b).
.................................................................................................................................................. 31
FOTOGRAFIA 8 – Colmeia com rainha apresentando qualidades para ser matriz,
devido a boa postura, mesmo com cera velha................................................................. 31
FOTOGRAFIA 9 — Uso de fumaça em excesso na melgueira (a) e no ninho (b) .... 32
FOTOGRAFIA 10 — Uso de cera nova (a) e uso mínimo de fumaça (b). .................. 33
FOTOGRAFIA 11 — Colmeia no chão e sem proteção (a) e sob sombra natural no
período chuvoso (b). ............................................................................................................. 34
FOTOGRAFIA 12 — Colmeia coberta com telha (a) e sob sombra natural no apiário
(b)............................................................................................................................................. 35
FOTOGRAFIA 13 — Caixa com 10 quadros (a), quadro de postura em detalhe (b) e
uso de tela excluidora (c). .................................................................................................... 36
FOTOGRAFIA 14 — Uso de fumaça em excesso (a) e cera de coloração escura (b).
.................................................................................................................................................. 36
GRÁFICO 1 — Tecnologias utilizadas e determinação do Nível Tecnológico dos
apicultores. ............................................................................................................................. 54
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 — Tecnologias e Equipamentos utilizados. ................................................. 41


TABELA 2 — Tecnologia de Manejo. ............................................................................... 44
TABELA 3 — Tecnologia de Colheita............................................................................... 48
TABELA 4 — Tecnologia de Pós-Colheita. ..................................................................... 49
TABELA 5 — Tecnologia de Gestão. ............................................................................... 52
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................ 15
2.1 APICULTURA .............................................................................................................. 15
2.2 ATIVIDADE APÍCOLA E OS SISTEMAS DE PRODUÇÃO................................. 15
2.3 MANEJO APÍCOLA .................................................................................................... 16
2.3.1 Participação em cursos de formação .................................................................. 16
2.3.2 Visitas ao apiário .................................................................................................... 17
2.3.3 Água e sombreamento .......................................................................................... 17
2.3.4 Florada apícola ....................................................................................................... 17
2.3.5 Alimentação artificial .............................................................................................. 18
2.3.6 Troca de cera velha ............................................................................................... 18
2.3.7 Uso da tela excluidora de rainhas ....................................................................... 19
2.3.8 Substituição da abelha rainha .............................................................................. 19
2.3.9 Inimigos naturais..................................................................................................... 19
2.3.10 Quantidade de melgueiras e produção por colmeia ....................................... 20
2.3.11 Colheita e beneficiamento .................................................................................. 20
2.4 NÍVEL DE ADOÇÃO DE TECNOLOGIAS .............................................................. 20
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................. 22
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDOS E SUJEITO DA PESQUISA .. 22
3.2 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA ................................................ 22
3.3 REGISTRO E ANÁLISE DOS DADOS ................................................................... 26
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................... 27
4.1 DIAGNÓSTICO DOS APIÁRIOS DA AGROVILA 20 ............................................ 27
4.1.1 Dia 20/02/2020: Apiário do apicultor 1. ............................................................... 27
4.1.2 Dia 20/02/2020: Apiário do apicultor 2. ............................................................... 29
4.1.3 Dia 23/09/2020: Apiário do apicultor 3. ............................................................... 33
4.1.4 Dia 15/11/2020: Apiário do apicultor 4. ............................................................... 35
4.2 DIAGNÓSTICO DOS QUESTIONÁRIOS APLICADOS ....................................... 37
4.2.1 Apicultor 1 (43 ANOS). .......................................................................................... 37
4.2.2 Apicultor 2 (64 ANOS). .......................................................................................... 37
4.2.3 Apicultor 3 (39 ANOS). .......................................................................................... 38
4.2.4 APICULTOR 4 (47 ANOS).................................................................................... 39
4.3 ENTREVISTAS VIRTUAIS COM OS APICULTORES ......................................... 39
4.4 INDICADORES DO NÍVEL DE TECNOLOGIAS UTILIZADO............................. 53
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 57
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 58
13

1 INTRODUÇÃO

A espécie Apis mellifera L., 1758, constitui-se de insetos sociais que vivem em
hierarquia, a qual pertence ao filo Arthropoda, à Ordem Hymenoptera, família Apidae
e possui ciclo de vida composto por quatro etapas, sendo elas: ovo, larva, pupa e
adultos (ROSA, 2017). Este autor ainda assegura que, em cada etapa, os indivíduos
se organizam e executam funções específicas, objetivando a sobrevivência e
manutenção da colônia.
Os produtos desta espécie são utilizados na alimentação humana desde a pré-
história, principalmente, o mel, cuja obtenção se deu, por séculos, de forma predatória
e prejudicial às abelhas (COSTA, 2013). Mas, felizmente, o homem aprendeu a
usufruir dos enxames sem matá-los, passando a manejá-los para a obtenção da
produção por anos consecutivos (PENA, 2015).
Segundo Graeff (2011), o início da apicultura no Brasil ocorreu em 1839, com
a introdução da subespécie de origem africana (Apis mellifera scutellata), a qual já se
destacava pela maior produção de mel (COSTA, 2013). Atualmente, as abelhas
africanizadas, mestiças oriundas do cruzamento da subespécie europeia
(Apis mellifera mellifera) com a africana (CORREIA-OLIVEIRA, et. al., 2012), são
amplamente adaptadas às regiões de clima tropical, apresentando ainda, maior
tolerância às pragas e doenças que acometem a espécie (ABEMEL, 2016).
A apicultura brasileira vem evoluindo e destacando-se no meio agropecuário
como uma atividade capaz de gerar impactos positivos, tanto no âmbito social como
ambiental e econômico (MIRANDA, 2016). De acordo com Graeff (2011), é uma das
grandes opções para a agricultura familiar, pois além de proporcionar aumento da
renda, é pouco exigente em capital inicial e mão de obra diária, além de ser
desenvolvida em pequenas áreas, sendo benéfica ao ecossistema (GOLYNSKI, 2009;
GRAEFF, 2011).
Em constante expansão no país, esta atividade encontra aqui condições
especiais de clima e flora (ANJOS, 2019), as quais aliadas às características da
espécie (MALISZEWSKI, 2019), lhe conferem notável potência para a atividade
apícola, destacando-se de demais país produtores, principalmente, quanto ao
atendimento dos mercados europeu e norte-americano (GUIMARÃES, 2018).
Segundo Ferreira (2014), a região nordeste do Brasil destaca-se por possuir
um dos maiores potenciais apícolas do mundo, além disso, sua produção e qualidade
14

são reconhecidas internacionalmente (VIDAL, 2017). Contribuindo para esse status,


estão municípios como Serra do Ramalho, onde a apicultura tornou -se fonte financeira
e de segurança alimentar. Atualmente, o município é um dos maiores produtores do
Vale do São Francisco (IBGE, 2017).
Ainda assim, mesmo diante das potencialidades e mesmo que as condições
climáticas e a rica biodiversidade dessa região sejam propícias ao desenvolvimento
eficiente da atividade, algumas limitações da cadeia produtiva dificultam o aumento
dos índices produtivos.
Dentre os entraves, destacam-se os relacionados ao abandono das colmeias,
como as características genéticas das abelhas como a defesa e enxameação, aliadas
ao emprego deficitário do manejo, muitas vezes, resultante da assistência técnica
inexistente ou ineficiente, não adequada à realidade local, ocasionando a perda de
enxames, que terá influência direta na produção de mel. Como consequência,
apicultores que querem aumentar sua produção, precisam investir em mais colmeias
e na implantação de novos apiários, o que demanda recursos, tempo e mão de obra.
Rocha (2018), destaca a importância do manejo correto para o sucesso da
atividade apícola, uma vez que a qualidade e a quantidade de produção dependerão
diretamente do manejo empregado. Já Santos (et. al., 2017), evidencia a frustação
dos apicultores nordestinos perante as baixas produtividades, mesmo diante da
recente exploração da apicultura profissional no semiárido.
Assim, as boas práticas de manejo apícola exercem influência direta sobre os
parâmetros produtivos, e a baixa produtividade é uma realidade no semiárido baiano,
evidenciando a elevada demanda por capacitação e assistência técnica, uma vez que
a qualificação dos apicultores poderá melhorar os indicadores de qualidade e definir
o sucesso da atividade enquanto geradora de renda na propriedade rural. E como
afirma Rocha (2018), não há outro investimento no meio rural que seja mais rentável
que a apicultura.
Nesse contexto, esse estudo teve por objetivo fomentar práticas de manejo
apícola por meio da instrumentalização participativa de agricultores familiares, e para
tal, foram realizados diagnósticos dos apiários e das principais práticas de manejo
empregados, além do estabelecimento do nível de tecnificação desses apicultores e
a seleção de manejos que lhes proporcionassem melhorias produtivas, buscando sua
qualificação por meio de consultoria e transferência de conhecimentos técnicos e o
fortalecimento dos associados envolvidos na busca pela melhoria produtiva.
15

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 APICULTURA

A apicultura é uma atividade, assim denominada, por criar e manejar animais


da espécie Apis melífera em caixas padronizadas, com o intuito de obter seus
produtos, principalmente, o mel.
Atualmente, esta atividade possui elevada importância para a economia
agrícola mundial (BOVI, 2013), pois, atende ao tripé da sustentabilidade: Ambiental,
Econômico e Social (BATISTA, 2013; COSTA, 2013; FERREIRA, 2014; MIRANDA,
2016), contribuindo assim, para a conservação da biodiversidade local. Sendo
instrumento para a inclusão econômica do apicultor, ao gerar receitas em unidades
familiares, por meio da comercialização de seus diversos produtos, a apicultura gera
autonomia e qualidade de vida (WINKEL, 2017), além de assim, permitir ao apicultor
melhorar a comunidade em seu entorno.
Nos últimos anos, esta atividade zootécnica, muitas vezes alternativa, é a que
mais tem crescido pelo semiárido nordestino brasileiro (KHAN, et. al., 2014; VIDAL,
2017), sendo realizada, principalmente, por pequenos produtores rurais familiares que
atuam de forma associada/cooperada como um mecanismo para facilitar o acesso às
políticas públicas (SANTOS, 2016), obtenção de auxílios e a comercialização do mel
(TERNOSKI, et. al. 2009, apud COSTA, 2013, p. 13).
Apesar dos aspectos desfavoráveis, como os efeitos da seca (BATISTA, 2013),
a apicultura no nordeste brasileiro demonstra estabilidade produtiva e apresenta
potencialidades por possuir áreas de matas nativas com espécies vegetais
diversificadas com floradas intensas que as abelhas utilizam (BATISTA, 2013;
COSTA, 2013), além da tolerância às pragas e doenças das demais regiões úmidas
que acometem às abelhas, principalmente as europeias (COSTA, 2013). Assim, é
possível elevar a produtividade por colmeia através da adoção de técnicas de manejo
avançadas e melhoria da genética das abelhas (ROCHA, 2018).

2.2 ATIVIDADE APÍCOLA E OS SISTEMAS DE PRODUÇÃO


16

A atividade apícola consiste da criação de abelhas com o intuito de produzir


mel, apitoxina, própolis, geleia real, cera e contribuir para a polinização (SENAR,
2011; SEBRAE, 2014).
O desenvolvimento da apicultura no Brasil ocorre desde 1839 (A.B.E.L.H.A.,
2015), e desde sua implantação, tem sido marcada por diversas transformações,
destacando-se, a obtenção da abelha africanizada, que, adaptada às condições de
clima e flora do país, apresenta elevado potencial produtivo (SEBRAE, 2014). Além
da adoção de tecnologias que vão desde a evolução do tipo de colmeia utilizado até
às técnicas de manejo que melhor se adaptam a realidade de cada produtor.
De acordo com Wolff (et. al., 2006), a quantidade ideal de colmeias por apiário,
é de 25 à 30, não recomendando a ultrapassagem de 50 colmeias. Quanto à
quantidade de apiários que cada apicultor possui, devem atender à sua capacidade
de manejá-los e ao suporte de florada ofertada no local, sendo estes distanciados por,
pelo menos, 3 km entre si (RURALNEWS, 2015).

2.3 MANEJO APÍCOLA

O manejo apícola é constituído de boas práticas sanitárias e higiênicas que


visam promover o conforto e atendam às necessidades básicas das abelhas. Para a
obtenção de alta produtividade, o manejo tem como premissa, o fortalecimento dos
enxames para o início da florada, no intuito de obter a produção de mel mais de uma
vez no período (ROCHA, 2018).
Ainda de acordo com Rocha (2018), três principais ações devem ser efetuadas
pelo apicultor para a execução do manejo de alta produtividade, sendo elas: a
substituição anual de todas as abelhas rainhas do apiário por abelhas novas; o
fornecimento de alimentação suplementar (proteica e energética) no período de seca;
e a troca da cera velha/escura por novas lâminas de cera alveolada.
Segundo Ferreira (2014), diversos são os fatores que influem sobre o sucesso
da atividade apícola, não estando o manejo adequado isolado, mas sim, integrado à
qualidade das abelhas, das colmeias e da flora, assim como a organização dos
apicultores e o planejamento das atividades.

2.3.1 Participação em cursos de formação


17

O conhecimento a respeito da biologia e manejo das abelhas é tão necessário


quanto atualizar-se sobre as técnicas que possibilite a obtenção de alta produtividade,
havendo a necessidade básica de conhecer minimamente o comportamento social da
espécie que se trabalha.

2.3.2 Visitas ao apiário

Vale destacar que estas idas aos apiários devem ser efetuadas periodicamente
e concentradas nas épocas de florada (ROCHA, 2008), tendo por objetivo
acompanhar o desenvolvimento da colmeia e interferir apenas quando houver
necessidade, para não causar desgaste ao enxame, deste modo, o intervalo
recomendado entre as visitas é de 15 dias (PEREIRA, et. al., 2003).

2.3.3 Água e sombreamento

A oferta de água nas proximidades do apiário é uma das práticas essenciais de


manejo apícola. Segundo Rocha (2008), uma colmeia muito populosa chega a
consumir 5 litros de água por semana, a qual, é utilizada no seu metabolismo, mas
também na refrigeração da colmeia e alimentação das crias (WOLFF et. al., 2006).
Lopes (et. al., 2011), destaca a falta de sombreamento como um dos fatores
que contribuem para a elevada taxa de abandono das colmeias e baixa produtividade
apícola em regiões de clima quente, como o nordeste brasileiro. Já Santos (et. al.,
2017), destaca a influência positiva da adoção deste manejo no processo de
termorregulação e na manutenção da homeostase térmica das colônias.
Quando o sombreamento do apiário não for ofertado naturalmente, o apicultor
deve buscar alternativas de cobertura, afim de diminuir o estresse térmico na colônia
(LOPES, et. al., 2011), no entanto, neste mesmo trabalho, não foram observados
resultados positivos quanto à utilização de materiais artificiais, como a tela de
sombrite, por exemplo, a qual é adotada em muitos sistemas da região semiárida.

2.3.4 Florada apícola

De acordo com Rolim (2015), é necessário observar a vegetação em torno do


apiário, a quantidade e qualidade dos recursos florais presentes e o período em que
18

esta ocorre, de modo que seja suprida a demanda por pólen e néctar para a
sobrevivência das abelhas.
Além de conhecer a flora local, o apicultor precisa identificar os períodos de
escassez e abundância de alimento, para que assim, possa planejar a manutenção
alimentar de suas colônias. Para facilitar esse planejamento, o calendário de
florescimento local é fundamental, uma vez que a obtenção de mel da florada silvestre
torna-se cada vez mais escasso em diversas regiões (REIS & PINHEIRO, 2008).
Assim, a identificação do pasto apícola próximo ao apiário é importante, não
apenas para garantir o sustento alimentar preferido pelas abelhas (ROLIM, 2015),
como também as preferências do apicultor, uma vez que este pode se especializar na
produção de um ou mais produtos apícolas.
Buscando garantir, de forma sustentável, o alimento das abelhas durante todo
o ano, uma vez que no semiárido brasileiro, apesar da flora diversificada e rica,
geralmente, há apenas um período chuvoso e frequentemente, esta florada torna-se
deficitária. É indicado o plantio de espécies que tenham potencial melífero, e que
sejam predominantemente, nativas da região.

2.3.5 Alimentação artificial

As abelhas, como qualquer animal, na ausência de água e alimento, ficam


desnutridas e suscetível à inimigos naturais, pragas e doenças, podendo morrer por
inanição ou mesmo procurar outro local para viver, através do processo chamado de
enxameação (SOUZA, 2007).
A oferta de alimentação suplementar, além de manter o enxame ainda o
fortalece, uma vez que, a entrada de alimento na colônia estimula a postura da rainha,
resultando em aumento populacional (PEREIRA, et. al., 2003).

2.3.6 Troca de cera velha

A troca de cera velha é um manejo básico para a manutenção da sanidade da


colônia, uma vez que esta atrai inimigos naturais como a traça da cera e acumula
agentes patogênicos como bactérias e vírus (MONTEDOMEL, 2008).
Outro fator importante é a sua interferência na postura da rainha, pois o
diâmetro dos alvéolos da lâmina de cera diminui conforme esta é utilizada no decorrer
19

dos ciclos de produção, causando aversão à rainha em efetuar a postura nestes


(Montedomel, 2008), a qual, obriga-se a depositar seus ovos nas melgueiras, o que
não é indicado.
Além disso, quanto menor o diâmetro dos alvéolos, menor a reserva de
alimento nestes, como também será menores as abelhas que se desenvolvem neles,
uma vez que não haverá espaço adequado para o seu crescimento (MONTEDOMEL,
2008).
Mesmo que os apicultores não consigam trocar toda a cera anualmente, estes
devem disponibilizar quadros com cera nova no ninho gradualmente, pelo menos,
para que a rainha efetue sua postura e mantenha a população da colônia constante.
Toda a cera velha retirada das colônias durante as práticas de manutenção ou
na colheita, devem ser reutilizadas e nunca descartadas nas proximidades do apiário.

2.3.7 Uso da tela excluidora de rainhas

Sem a tela excluidora não há impedimento para que a rainha alcance as


melgueiras, podendo assim, depositar seus ovos nestas, mediante a falta de espeço
no ninho. Como consequência desta ação, o mel presente nas melgueiras pode ser
contaminado pela presença de larvas, o que diminui sua qualidade, além de dificultar
o manejo na colônia.

2.3.8 Substituição da abelha rainha

A troca anual das abelhas rainhas é um importante fator para o sucesso na


prática apícola, pois a rainha é a grande responsável pela manutenção e a união da
população na colônia (PEREIRA, et. al., 2003), além de coordenar as atividades
desenvolvidas por cada casta.

2.3.9 Inimigos naturais

Dentre os principais inimigos naturais das abelhas, destacam-se o Ácaro


Varroa (Varroa destructor) que é um parasita de crias (principalmente de zagão) e
abelhas adultas, que adere-se ao seu tórax, próximo à base das asas (SEBRAE,
2009). E a Traça-da-Cera (Galleria mellonella) é uma mariposa que deposita seus
20

ovos dentro da colmeia, principalmente as fracas, e quando eclodem, as larvas se


alimentam da cera, construindo galerias nesta, afetando diretamente as crias das
abelhas, enquanto depositam fezes e fios de seda sobre toda a cera restante
(SEBRAE, 2009).
Para o controle do Ácaro, é indicado a troca da rainha por uma que apresente
resistência genética. E para a Traça, há o controle químico, que não é indicado por
contaminar o mel, além da eliminação manual da mariposa e suas larvas das colônias
infectadas, troca anual da cera velha, fortalecimento dos enxames e eliminação de
quaisquer resíduos de cera velha ou colmeias vazias próximo ao apiário.

2.3.10 Quantidade de melgueiras e produção por colmeia

Um dos fatores que evidenciam a falta de assistência técnica especializada


em apicultura de alta produtividade e a pouca utilização de tecnologia, é a baixa
produtividade dos apiários brasileiros, quando comparada à produção de outros
países. No Brasil, a produção anual chega a 30 kg de mel por colmeia, enquanto no
cenário internacional há países que atingem uma produtividade de 50 a 100 kg por
colmeia/ano (ROCHA, 2018).

2.3.11 Colheita e beneficiamento

A colheita do mel consiste na retirada dos quadros, contendo favos


operculados em pelo menos 80%, com um teor de umidade menor que 20%, a cada
14 dias (ROCHA, 2018). As melgueiras contendo estes quadros com favos prontos
pra a extração, são transportados até a Unidade de Beneficiamento do Mel.
O beneficiamento deve ser feito em local apropriado, preferencialmente, à
noite para evitar o excesso de abelhas (ROCHA, 2018), ainda de acordo com o autor,
os favos devem ser desoperculados e centrifugados em centrifuga de inox,
posteriormente, o mel deve ser coado e decantar por no mínimo 24 horas.
Por fim, o mel deve ser armazenado em tambores ou baldes apropriados para
alimento (SEBRAE, 2009), estando pronto para a comercialização e consumo.

2.4 NÍVEL DE ADOÇÃO DE TECNOLOGIAS


21

As inovações tecnológicas desempenham papel essencial para o


desenvolvimento econômico e, ao inserir esta variável em estudos voltados para o
desenvolvimento da atividade no setor apícola, apresenta-se como uma condição
necessária para o aumento da produtividade (KHAN; MATOS; LIMA, 2009).
A adoção de tecnologia na apicultura é uma exigência, assim como em outros
setores do agronegócio brasileiro. O que tem tornado a atividade apícola cada vez
mais competitiva é a utilização de tecnologias como as boas práticas de manejo, uso
de equipamento adequado, de conhecimento específico de tecnologias em produção
e substituição de rainhas, manejo de quadros, alimentação de colmeias e a exploração
da flora apícola (GOLYNSKI, 2009).
Deste modo, a utilização de indicadores tecnológicos promove uma melhor
compreensão sobre a influência, positiva ou negativa, de todos e cada um dos
elementos inerentes à atividade apícola, possibilitando uma diversificação das
alternativas para possíveis soluções
22

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDOS E SUJEITO DA PESQUISA

O estudo foi realizado entre março de 2020 e fevereiro de 2021, na Comunidade


Agrovila 20, município de Serra do Ramalho/BA, onde a apicultura é uma das
principais atividades desenvolvidas. A área de estudos está inserida no oeste baiano,
Território de Identidade Velho Chico, região semiárida, em transição entre os biomas
caatinga e cerrado.
O município de Serra do Ramalho está organizado em comunidades que
possuem elevada capacidade para a produção agrícola, dentre as atividades,
destacam-se a produção de hortaliças, cultivos anuais e a pecuária, como a
caprinocultura, bovinocultura de leite e a apicultura, sendo esta, fonte de renda e
segurança alimentar.
Localizada a 25 Km do IF Baiano campus Lapa, a Agrovila 20 possui uma
associação cuja atividade principal é a apicultura. Estando organizados, os apicultores
associados possuem uma unidade de beneficiamento do mel, a qual foi construída
recentemente com o auxílio de ações governamentais e da prefeitura, além de
receberem assistência técnica individual ou coletivamente, no que tange os processos
de produção apícola.
No entanto, os indicadores técnicos e produtivos estão ainda abaixo do
potencial desejado. Desta forma, o aprimoramento e aplicação de tecnologias
adequadas à realidade semiárida são de grande relevância para a melhoria da
qualidade e dos índices produtivos do setor.

3.2 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

Foram utilizadas ferramentas e metodologias que permitiram o emprego da


assistência técnica e extensão rural nas unidades de produção apícola de forma,
inicialmente, presencial e, posteriormente, virtual e participativa, possibilitando a
detecção dos problemas e traçando possíveis estratégias para solucioná-los de forma
eficiente, promovendo assim, autonomia dos apicultores quanto a tomada de decisão.
23

Esta pesquisa foi executada seguindo uma abordagem qualitativa, uma vez que
se tratou de examinar dados, buscando seu significado, tendo como base a percepção
do fenômeno dentro do seu contexto. Para autores como Esteban (2010, p. 127),

[...] a pesquisa qualitativa é uma atividade sistemática orientada à


compreensão em prof undidade de f enômenos educativos e sociais, à
transf ormação de práticas e cenário socioeducativos à tomada de decisões e
também ao descobrimento de um corpo organizado de conhecimentos.

Para Gil (2008), esta pesquisa também possui caráter exploratório, por
contemplar um estudo de familiarização entre pesquisador e o objeto analisado,
podendo proporcionar maior intimidade com o problema, envolvendo levantamento
bibliográfico, entrevistas com pessoas experientes no problema pesquisado.
O Diagnostico Rural Participativo (DRP) foi o tipo de pesquisa que melhor
atendeu a especificidade deste estudo, uma vez que se constitui em um tipo de
pesquisa social de caráter aplicado, onde a comunicação evidencia os interesses e
problemas comuns, facilitando a identificação de possíveis soluções mediante as
percepções da própria comunidade (VERDEJO, 2010).
Deste modo, o trabalho foi executado em etapas, utilizando ferramentas para
diagnóstico e planejamento das atividades realizadas, além de consultorias coletivas
e individuais, conforme demanda e disponibilidade dos envolvidos.
A primeira etapa constituiu-se da seleção de apicultores, e contou com o auxílio
da agente de apicultura da comunidade. Posteriormente foi realizado o diagnóstico
dos seus sistemas de produção através da aplicação de questionário semiestruturado
e visita in loco aos apiários com os apicultores. O questionário foi elaborado constando
informações referentes às tecnologias que são recomendadas quanto ao manejo
empregado (ANEXO A). Esta ferramenta foi utilizada objetivando o entendimento do
modelo de produção atual, assim como todas as práticas de manejo apícola
desenvolvidas no ano de produção.
Na segunda etapa foram realizadas entrevistas e reuniões com os apicultores
selecionados, a qual proporcionou uma avaliação a respeito do nível de tecnologia
adotado por estes em seus sistemas. Esses momentos foram previamente agendados
e realizados de forma virtual, utilizando a ferramenta de comunicação Whats App, a
qual permitiu total autonomia por parte dos apicultores, quanto ao relato de suas
experiências práticas e a comprovação, por meio de fotos e vídeos, da atual situação
24

de seus apiários. Nesta etapa, buscou-se indicar a qualificação do manejo empregado


nas colmeias, com sugestões para possíveis ajuste de acordo com a realidade e o
ponto de vista de cada apicultor, reforçando sua autonomia.
Para a determinação do nível tecnológico, utilizou -se da metodologia
apresentada por Khan, Matos e Lima (2009), onde, foi mensurado por meio de
somatório de valores de todos os insumos e equipamentos utilizados no processo
produtivo. Para tal, o índice foi obtido através da atribuição de um peso entre os
valores de zero (0) à um (1), no qual, a nota zero refere-se à ausência ou prática
deficitária do manejo e o atributo um, empregado quando o apicultor assume possuir
o equipamento e utilizá-lo ou executa corretamente uma técnica, somando-os
posteriormente. No Quadro 1, estão dispostas as variáveis adotadas na determinação
do nível tecnológico dos apicultores pesquisados.
25

QUADRO 1 — Tecnologias e suas respectivas variáveis adotadas para a determinação do


nível tecnológico dos apicultores.

TECNOLOGIAS ADOTADAS VARIÁVEIS


Indumentárias (EPI)
Fumigador
Formão
Vassourinha
Colmeia
TECNOLOGIAS E
Centrífuga de inox
EQUIPAMENTOS
Decantador de inox
Mesa desoperculadora de inox
Peneira de inox
Tela excluidora de rainha
Carretilha, incrustador ou bateria
Substituição da abelha rainha
Substituição da cera alveolada
Controle da enxameação
Divisão de enxame
Adição de melgueiras
Reserva de alimento
Combate a inimigos naturais
Alimentação artificial
TECNOLOGIA DE MANEJO Sombra
Fonte de água
Flora da região
Sanidade das abelhas
Limpeza das colmeias
Renovação dos favos
Beneficiamento de cera velha
Captura de enxames
União de enxames
Uso da fumaça na melgueira durante a colheita do mel
Procedimento para a retirada das abelhas dos quadros
TECNOLOGIA DE COLHEITA Garfo desoperculador
Casa do mel
Transporte de melgueiras
Uso de equipamentos de higiene
TECNOLOGIA DE PÓS- Armazenamento do mel
COLHEITA Recipientes para o armazenamento do mel
Fracionamento do mel
Treinamento do apicultor
Controle de qualidade do mel
Parceria em pesquisas
TECNOLOGIA DE GESTÃO
Parcerias na comercialização
Uso do marketing na comercialização
Estudo da demanda de mercado
Fonte: adaptado de Khan; Matos; Lima (2009).
26

Na terceira e última etapa, foram identificados os apicultores que possuem perfil


para atuar como multiplicadores das técnicas de manejo empregadas e seus
respectivos apiários como possíveis unidades demonstrativas de referência. Esta
seleção se deu por meio dos resultados obtidos com o nível de tecnificação destes e
a sua resiliência quanto aos entraves da atividade, além da sua disponibilidade para
a atuação.

3.3 REGISTRO E ANÁLISE DOS DADOS

Logo após sua obtenção, todos os dados foram registrados em um diário de


campo individual para cada apicultor. Para Minayo (1993, p. 60),
O diário de campo é um instrumento de registro onde constam inf ormações
que não f oram oriundas de entrevistas f ormais, assim, inf ormações do
contexto da comunidade estudada, conversas inf ormais com os apicultores,
observações acerca de comportamentos, f alas, impressões da pesquisadora,
descrições dos sujeitos e suas particularidades, posicionamentos e espaço
f ísico do local da pesquisa.

Na etapa metodológica de análise dos dados, todas as observações obtidas


pela pesquisadora em seu campo de trabalho foram refletidas como ponte de analise
dentro dos objetivos traçados na pesquisa. Para Gil (1999, p. 168),
A análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de tal f orma que
possibilitem o f ornecimento de respostas ao problema proposto para
investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais
amplo das respostas, o que é f eito mediante sua ligação a outros
conhecimentos anteriormente obtidos.

Desta forma, os dados e informações levantadas por meio dos instrumentos


apresentados serão analisados de forma qualitativa e quantitativa. Para Fernandes (1992,
p. 56),
A análise qualitativa se caracteriza por buscar uma apreensão de signif icados
na f ala dos sujeitos, interligada ao contexto em que eles se inserem e de
limitada pela abordagem conceitual (teoria) do pesquisador, trazendo à tona,
na redação, um a sistematização baseada na qualidade, mesmo porque um
trabalho desta natureza não tem a pretensão de atingir o limiar da
representatividade.
27

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 DIAGNÓSTICO DOS APIÁRIOS DA AGROVILA 20

4.1.1 Dia 20/02/2020: Apiário do apicultor 1.

Apiário demonstrativo, onde são executadas atividades com o grupo de


apicultores da associação. Neste, foram efetuados métodos de multiplicação de
enxames como o Demarrê, teste de comportamento higiênico, teste de varroa, dentre
outras práticas de manejo apícola. Quanto ao Demarrê, pode-se observar um
equívoco, pois o método é utilizado e aplicado para substituir a cera velha/escura do
ninho, onde a rainha faz posturas e, nas observações, verificou -se que os produtores
utilizavam melgueira ao invés do ninho, o que descaracteriza como demarrê.
São utilizadas também, telas excluidoras plástica em algumas colmeias
(Fotografia 1), no entanto, a agente de apicultura, afirma haver uma resistência por
parte dos apicultores da comunidade em adotar esta ferramenta de manejo. Em uma
dessas colmeias foi averiguado um equívoco na utilização da tela, onde, ao adicioná-
la, no intuito de manter a rainha no ninho e evitar que ela alcance e faça postura na
melgueira, no entanto, esta ficou presa justamente na melgueira, efetuando postura
nesta. Com este erro de manejo, o apicultor é prejudicado quanto a sua produção,
uma vez que até que as larvas eclodam, a melgueira estará ocupada com crias, ao
invés da produção de mel.

FOTOGRAFIA 1 — Utilização da tela excluidora plástica (a) e (b).


a) b)

Fonte: Autora, 2020.


28

Quanto ao calendário de produção, devido às chuvas fora de época, nos anos


anteriores, o período de divisão dos enxames era novembro, já em 2020, em
fevereiro/março ainda se faziam multiplicações e muitos apicultores que seguiram o
calendário de anos anteriores perderam alguns de seus enxames. Quanto a colheita,
era realizada nos meses de janeiro, fevereiro e junho, já em 2020 nenhum apicultor
efetuou colheita no início do ano.
Verificou-se que neste apiário as colmeias não são numeradas, havendo as
que não possuem cobertura individual e faltando quadros. Em outros quadros, cera
nova foi adicionada em apenas um lado da colmeia (Fotografia 2).

FOTOGRAFIA 2 — Disposição de colmeia sem identificação (a), utilização de cera nova (b)
e comparação entre quadro com cera nova e velha (c).
a) b) c)

Fonte: Autora, 2020.

Possui proteção contra inimigos naturais, água, sombreamento (árvores e


sombrite). Mas observa-se o espaçamento irregular entre as colmeias (Fotografia 3),
o que dificulta a movimentação do apicultor durante a prática de manejo, facilita a
pilhagem (saque entre colmeias) e também quanto à estética da organização do
apiário.

FOTOGRAFIA 3 — Espaçamento irregular entre as colmeias.


a) b)
29

Fonte: Autora, 2020.


Nesta visita, foi evidenciado a necessidade dos apicultores quanto a obtenção
de rainhas novas. Deste modo, surgiu a proposta de oferta de um curso de produção
e introdução de abelhas rainhas.

4.1.2 Dia 20/02/2020: Apiário do apicultor 2.

Este apiário é descrito como o primeiro apiário demonstrativo da comunidade,


sendo usado como referência, pois todas as atividades apícolas de formação dos
apicultores e teste de manejo eram, primeiramente, nele efetuadas, como a utilização
de chapa de zinco como cobertura artificial, proteção individual da colmeia contra
inimigos naturais e numeração destas (Fotografia 4). No entanto, foi observado a não
utilização de telha na proteção individual na maioria das colmeias, o que influi
diretamente sobre a temperatura interna da caixa e a sua proteção contra intempéries.

FOTOGRAFIA 4 — Diferentes colmeias com proteção individual (a), coberta individualmente


(b) e numerada e protegida (c).
a) b) c)

Fonte: Autora, 2020.

Observou-se ainda, um controle preventivo de inimigos naturais, utilizando


garrafas pet (Fotografia 5a), mas havendo ainda, casos em que esses inimigos
conseguiram chegar à colmeia, como por exemplo, os cupins (Fotografia 5b e 5c), os
quais, danificaram a caixa a ponto de expor seu interior, prejudicando o
desenvolvimento da colônia.
30

FOTOGRAFIA 5 — Colmeias sob diferentes condições fitossanitárias: colmeias com proteção


individual (a), afetada por inimigos naturais (b) e afetadas por cupins (b)
a) b) c)

Fonte: Autora, 2020.

Sobre pragas como a traça, a incidência é muito pequena, surgindo apenas


quando há enxameação de colmeia, o que foi averiguado e prevenido com a visita ao
apiário e emprego de técnicas como divisão de enxames, trocando cera velha,
efetuando a limpeza e retirada das caixas vazias do apiário. Quanto ao varroa, outra
praga de importância, não ocorre em índices críticos neste apiário.
Foram encontradas telas excluidoras moldada em madeira em algumas
colmeias, a qual, não se mostra tão eficiente quanto a de plástico, pois, dependendo
da idade da rinha e sua circunferência abdominal, esta consegue passar pela tela.

FOTOGRAFIA 6 — Uso de tela excluidora moldada em madeira (a) e em colmeia enumerada


(b)
a) b)

Fonte: Autora, 2020.


31

Também foi observado a falta de quadros em algumas colmeias e em outras,


havendo quadros sem cera operculada (Fotografia 7), o que atrasa o trabalho das
abelhas e pode ocasionar desorganização dos favos de mel na colmeia.

FOTOGRAFIA 7 — Quadros sem cera operculada (a) e colmeia faltando quadros (b).
a) b)

Fonte: Autora, 2020.

Também, observou-se colmeias com potencial para serem matrizes, devido a


qualidades como comportamento de defesa, distribuição da postura (Fotografia 8) e
capacidade produtiva. Outra observação importante, refere-se à idade das rainhas das
colmeias, o ideal seria a troca anual, mas na realidade, há casos de colmeias com
rainha com cerca de 4 anos de idade, e outras, oriundas de capturas, com idade
desconhecida.

FOTOGRAFIA 8 – Colmeia com rainha apresentando qualidades para ser matriz, devido a
boa postura, mesmo com cera velha.
32

Fonte: Autora, 2020.

Quanto à utilização da fumaça (Fotografia 9), acredita-se que ainda haja, por
parte do apicultor, a ilusão de que, quanto mais fumaça, mais calma a colmeia ficará.
O que não é verdade, pois além de tóxica, a fumaça quente estressa as abelhas,
havendo a necessidade de apenas uma única passada pela colmeia.

FOTOGRAFIA 9 — Uso de fumaça em excesso na melgueira (a) e no ninho (b)


a) b)

Fonte: Autora, 2020.

Uma grande preocupação quanto a divisão dos enxames, consiste do receio


dos apicultores em efetua-la no período do final da safra, uma vez que estes correm
33

o risco de perder seus enxames por não haver florada e consequentemente, produção
de alimento para manter as colônias.
Além disso, ocorre mais duas preocupações, a primeira é a obtenção de uma
nova rainha para a nova colmeia, uma vez que no período pós-safra será mais
complicado a puxada natural, havendo a necessidade de obtenção de uma rainha
produzida artificialmente. E a outra é, uma vez que adicionada uma rainha nova ao
enxame, ocorre o fortalecimento populacional deste, o que, após a colheita, como
estratégia de sobrevivência em caso de escassez de alimento, a colmeia se divide ou
vai embora (enxamea), havendo assim, o risco de perda da rainha recém adquirida.

4.1.3 Dia 23/09/2020: Apiário do apicultor 3.

O apiário contém colmeias fortes, com bastante reserva de alimento e com


melgueiras preenchidas com 10 quadros, todos com cera nova (Fotografia 10a).
Neste, não foi observada a presença de inimigos naturais como a traça. Além disso,
o apicultor evita o uso intensivo de fumaça durante o manejo (Fotografia 10b). Próximo
ao apiário há uma barragem, que fornece a água necessária às colmeias.

FOTOGRAFIA 10 — Uso de cera nova (a) e uso mínimo de fumaça (b).


a) b)

Fonte: Apicultor 3, 2020.


34

Um ponto a ser observado com bastante atenção, é a presença de colmeia no


chão (Fotografia 11a), apesar de todas as demais estarem sobre cavaletes, este é um
retrato muito preocupante, uma vez que esta colmeia está sujeita mais facilmente ao
ataque de inimigos naturais e as intempéries do ambiente. O pouco sombreamento
natural no período de seca é outro agravante, dificultando a permanência das abelhas
na caixa, devido ao ambiente inóspito. No entanto, no período chuvoso, o
sombreamento natural é suficiente para o conforto das colmeias (Fotografia 11b).

FOTOGRAFIA 11 — Colmeia no chão e sem proteção (a) e sob sombra natural no período
chuvoso (b).
a) b)

Fonte: Apicultor 3, 2020.

O apicultor afirma haver tentado efetuar as trocas de rainhas e não obteve


sucesso, em pelo menos duas tentativas. No entanto, este destaca a grande
quantidade de realeiras produzidas em suas colmeias, havendo sempre a
necessidade de eliminação destas para evitar a enxameação.
Ao tentar efetuar a divisão de enxames em 2019, o apicultor enfrentou
dificuldades para manter seus enxames, uma vez que, estes ficaram fracos, refletindo
negativamente na produção do ano, por esta razão, ele destaca preferir efetuar
capturas para evitar o enfraquecimento dos enxames já estabelecidos em seu apiário.
35

4.1.4 Dia 15/11/2020: Apiário do apicultor 4.

Este apiário contém 20 colmeias fortes e com boa postura, todas protegidas
particularmente com telha (Fotografia 12a), dispostas sobre cavaletes individuais,
além de possuir bom sombreamento natural (Fotografia 12b).

FOTOGRAFIA 12 — Colmeia coberta com telha (a) e sob sombra natural no apiário (b).
a) b)

Fonte: Apicultor 4, 2020.

Todas as colmeias estão preenchidas com dez quadros, tanto no ninho como
nas melgueiras (Fotografia 13a). Também vale destacar a elevada postura (Fotografia
13b), o que deixa evidente a qualidade da rainha quanto a esta característica e a
necessidade de ofertar mais espaço para o enxame, deixando-o pronto para a florada.
Outro ponto diretamente ligado à postura da rainha, é o uso da tela excluidora
(Fotografia 13c), a qual, a mantem no ninho e deixando a melgueira livre para a
produção.
36

FOTOGRAFIA 13 — Caixa com 10 quadros (a), quadro de postura em detalhe (b) e uso de
tela excluidora (c).
a) b) c)

Fonte: Apicultor 4, 2020.

Com relação ao uso da fumaça, o apicultor usa muito além do recomendado,


deixando uma cortina densa no entorno da colmeia, o que lhe é prejudicial (Fotografia
14a). Outra observação é a qualidade da cera presente nos quadros, a qual está com
coloração escura, indicando que já está velha, precisando ser renovada (Fotografia
14b).
FOTOGRAFIA 14 — Uso de fumaça em excesso (a) e cera de coloração escura (b).
a) b)

Fonte: Apicultor 4, 2020.


37

4.2 DIAGNÓSTICO DOS QUESTIONÁRIOS APLICADOS

4.2.1 Apicultor 1 (43 ANOS).

Morador da Agrovila 20 que tem como atividade principal a apicultura, na qual


atua há 7 anos, possuindo 3 apiários e um total de 50 colmeias. Seu principal sistema
de produção localiza-se nas coordenadas W43°44’50” e S13°19’19.5”, em área
própria e cedida, com sombreamento e fonte de água próxima, que, de acordo com
Rocha (2018), é utilizada essencialmente para manter a umidade interna da colmeia.
As visitas ao sistema de produção são efetuadas semanalmente, e segundo
Rocha (2018), o intervalo ideal de idas ao apiário é de 14 dias. O apicultor confirmou
a participação em cursos de formação e conhecer a biologia das abelhas e o
funcionamento da colmeia e, quanto à sua produção, concentra-se no período de
outubro a junho.
No que se refere ao manejo das colmeias, este afirma alimentar os enxames a
cada três dias, com alimento proteico e liquido (energético) de forma coletiva. Efetua
a troca de cera anualmente, a qual é oriunda da própria produção e quando esta não
supre suas demandas, compra mediante a necessidade. Efetua a troca de abelhas
rainhas quando acha necessário, por meio da puxada natural.
As colmeias possuem de 1 a 3 melgueiras, com 10 quadros cada, obtendo uma
produção média de 35 kg de mel por colmeia (por melgueira). O apicultor afirma utilizar
tela excluidoras em algumas colmeias. Também afirma sofrer com o ataque de pragas
como a traça e varroa.
Quanto a colheita e beneficiamento do mel, as melgueiras são transportadas
e o beneficiamento é feito na casa de Beneficiamento do Mel. Já a comercialização é
feita para a cooperativa e parte, atende ao mercado local.

4.2.2 Apicultor 2 (64 ANOS).

Morador da agrovila 20 que tem como atividade principal a Agricultura, atuando


na apicultura há 7 anos e possuindo 3 apiários com u m total de 40 colmeias.
Seu sistema de produção localiza-se nas coordenadas geográficas W43°44’31”
e S13°20’13”, em área própria, contendo sombreamento e fonte de água para as
colmeias.
38

Sua produção segue o calendário normal da região, dos meses de outubro à


junho. A frequência de idas ao apiário é de, ao menos, uma vez por semana. O
apicultor afirmou possuir conhecimento sobre a biologia das abelhas e o
funcionamento da colmeia por ter participado de cursos básicos, como a sanidade
apícola.
A respeito do manejo empregado às colmeias, este alimenta os enxames com
alimento proteico e energético. Efetua a troca de cera anualmente, mas não troca as
abelhas rainhas, havendo assim, a troca natural no enxame. Também afirma não
sofrer com o ataque de pragas comuns como varroa e traça.
A colheita é feita através do transporte das melgueiras para a unidade de
beneficiamento, já a comercialização é feita através da cooperativa e em feiras,
atingindo valores diversos.

4.2.3 Apicultor 3 (39 ANOS).

Morador da agrovila 20, tem como atividade principal a apicultura, a qual exerce
há 6 anos. Possui 7 apiários com 90 colmeias no total. Seu sistema de produção
principal está localizado nas coordenadas geográficas W43°44’55” e S13°19’14”,
todos em área cedida, com todos possuindo fonte de água e alguns com
sombreamento natural para as colmeias.
Seu calendário de produção concentra-se nos meses de novembro à junho. A
frequência de idas aos apiários é semanal. Este possui curso básico e de sanidade
apícola.
Quanto ao manejo das colmeias, este afirmou ofertar alimento proteico e
energético ao menos por três meses ao ano (período de seca). Também efetua a troca
anual de abelhas rainhas através da puxada natural, assim como a troca de cera, a
qual é oriunda da própria produção e beneficiada pelo apicultor.
Suas colmeias possuem ao menos 2 melgueiras com 10 quadros cada, com
uma produção média de 35 kg de mel por colmeia. O apicultor assegurou não utilizar
tela excluidora em todas as colmeias e nem sofre com o ataque de pragas como traça
e varroa.
A colheita é efetuada através da retirada e transporte para a Unidade de
Beneficiamento do Mel, já a comercialização é feita para a cooperativa, atravessador,
porta a porta e em feiras.
39

4.2.4 APICULTOR 4 (47 ANOS).

Morador da Agrovila 20 que tem como atividade principal a Agricultura. Está há


6 anos na atividade apícola, possuindo atualmente 60 colmeias distribuídas em 03
apiários, localizados em área própria, nas coordenadas geográficas W43°44’36” e
S13°19’12.4”. Os apiários possuem sombreamento e fonte de água, sendo estes
essenciais ao desenvolvimento das colônias e a qualidade do mel (SINIMBU, 2018).
O apicultor visita seus apiários 2 vezes por semana e obtém sua produção entre
os meses de outubro à junho. Ele ainda destacou, ter participado de cursos de
formação e conhecer a biologia das abelhas e o funcionamento da colmeia.
Quanto ao manejo das colônias, afirmou não as alimentar no período de seca,
por não ter havido necessidade. Efetua a troca de cera anualmente, a qual é oriunda
da própria produção. Já a troca de abelha rainha, realiza por meio da puxada natural.
Suas colmeias constam de 2 melgueiras, com 10 quadros cada, com produção
média de 30 kg de mel. Sobre a utilização de tela excluidora, utiliza em algumas
colmeias e quanto ao ataque de pragas como traças e varroa, confirmou não haver
ocorrência.
A colheita é feita através do transporte das melgueiras para a Unidade de
Beneficiamento do Mel, o qual é vendido de porta em porta, para a cooperativa e
atravessador.

4.3 ENTREVISTAS VIRTUAIS COM OS APICULTORES

Na Tabela 1, estão dispostas as informações sobre as Tecnologias e


Equipamentos que os apicultores possuem e utilizam durante as práticas de manejo
apícola.
Todos afirmaram possuir e utilizar os Equipamentos de Proteção Individual
(EPIs), além de itens essenciais como fumigador, formão, tela excluidora de rainha e
a vassourinha, havendo apenas um apicultor que não a utiliza, mas a possui. Todos
têm suas próprias colmeias, variando de 45 à 96, distribuídas entre 4 e 7 apiários por
apicultor.
Já os equipamentos de inox, como centrifuga, decantador, mesa
desoperculadora e peneira, estes usufruem dos adquiridos através da associação,
40

onde todos têm acesso quando necessitam. Com relação ao último item da tabela, a
maioria dos apicultores entrevistados utilizam o incrustador manual elétrico, mas há
também quem utilize a carretilha para encrustar a cera alveolada.
41

TABELA 1 — Tecnologias e Equipamentos utilizados.

TECNOLOGIAS
VARIÁVEIS Apicultor 1 Apicultor 2 Apicultor 3 Apicultor 4
ADOTADAS

Indumentárias Usa EPI Usa EPI Usa EPI Possui EPI


(EPI) completo completo completo completo
Possui
Fumigador Possui Possui Possui 3
Fumigador
Possui Possui
Formão Possui Possui
formão Formão
Possui
Vassourinha Possui Possui Não utiliza
vassourinha
Possui 45 Possui 50 Possui 96 Possui 45
Colmeia
TECNOLOGIAS E EQUIPAMENTOS

colmeias colmeias colmeias próprias


Centrífuga de Usa a da Usa a da Usa a da Usa a da
inox Associação Associação Associação Associação
Decantador de Usa o da Usa o da Usa o da Usa o da
inox Associação Associação Associação Associação
Mesa
Usa a da Usa a da Usa a da Usa a da
desoperculadora
Associatção Associação Associação Associação
de inox
Usa a da Usa a da Usa a da Usa a da
Peneira de inox
Associação Associação Associação Associação
Possui e Possui e Possui e
Apenas 5
Tela excluidora utiliza 30 utiliza está
telas
de rainha telas apenas 20 utilizando 45
excluidoras
excluidoras telas telas
Usa
Carretilha, Incrustador Usa o
carretilha e Usa a
incrustador ou elétrico incrustador
incrustador carretilha
bateria manual elétrico
elétrico
Fonte: Autora, 2021.
42

Na Tabela 2, são descritas as Tecnologias de Manejo empregadas, com


destaque para o primeiro item, pois a substituição de abelhas rainhas tem sido um
grande obstáculo para esses apicultores. Por diversas razões, eles não conseguiram
efetuar este manejo no ano de produção, tendo sido exposto a urgência quanto à
substituição das rainhas velhas e já improdutivas por novas, que possam promover a
melhora dos índices produtivos.
Rocha (2018) e Schafaschek (2020), afirmam ser a abelha rainha a principal e
responsável direta pelo desempenho produtivo da colmeia. Desse modo, rainhas com
idade acima de um ano, de enxames doente, com características de def esa e
enxameatórias excessivas e que não possua características genéticas para a alta
produtividade, devem ser substituídas (ROCHA, 2018).
Outro manejo essencial e que deve ocorrer, no mínimo, anualmente, é a
substituição da cera alveolada, a qual tem sido feita de forma gradual por esses
apicultores, durante o ano de produção. Segundo Costa (2003), este é um
procedimento imprescindível para o desenvolvimento da colmeia, pois favorece a
postura da rainha, enquanto a cera velha possui alvéolos menores, devido as limpezas
efetuadas com própolis pelas operarias (FERREIRA, 2014), que dificulta a postura e
armazena menor quantidade de mel.
Com relação ao controle da enxameação ou o abandono da caixa pelas
abelhas, que, de acordo com Faquinello (2007), é uma característica das abelhas
africanizadas (apud COSTA, 2013, p. 13), os apicultores afirmaram efetuar mediante
necessidade, geralmente em casos isolados. A divisão de enxames está diretamente
associada ao controle populacional das abelhas, onde, os apicultores que executaram
tal prática, buscavam controlar a enxameação e a consequente perda de enxames.
Todos eles mantêm em suas colmeias ao menos uma melgueira, adicionando
mediante produção ou falta de espaço.
A respeito da reserva de alimento, um dos apicultores afirmou não a observar
direito durante a prática de manejo, o que é preocupante, uma vez que, mediante
escassez de alimento natural, para a permanência do enxame na colmeia, o apicultor
precisa oferecer alimento suplementar para não perder a colônia. Juntamente com a
falta de água, o suprimento alimentar natural insuficiente, ocasiona o despovoamento
das colmeias, prejudicando a produção (BATISTA, 2013).
Quanto ao combate à inimigos naturais, os apicultores que perderam enxames
por esta razão, destacam a Traça da cera (Galleria mellonela) como a praga mais
43

recorrente e agressiva, havendo ainda, relatos isolados de ataque de formigas e


cupins. De acordo com Costa (2013), os maiores problemas enfrentados pelos
apicultores, por causa dos ataques da Traça da cera, ocorrem principalmente, na
entressafra, quando, após a colheita, os quadros das melgueiras são mantidos fora
das mesmas, armazenados em locais escuros e mal ventilados.
Quanto à oferta de alimento suplementar durante o período de seca, todos os
apicultores forneceram quando precisou , sendo esta, uma estratégia de suma
importância para a manutenção dos enxames (BATISTA, 2013).
Já o sombreamento, nos apiários em que não ocorre naturalmente, é ofertado
artificialmente, com telha individual na colmeia e/ou a utilização de sombrite preto.
Quanto ao fornecimento de água para as colmeias, é dentro do apiário ou em seu
entorno.
Alguns apicultores seguem um calendário de florada, baseado em suas
próprias observações. Todos monitoram as colmeias quanto à sanidade destas
durante as vistorias, mesmo não havendo problemas aparentes. Quando ocorre o
ataque de algum inimigo natural, eles limpam a caixa e retiram-na do apiário, além de
queimar os resíduos de material contaminado.
Ainda sobre os itens da Tabela 2, quanto à renovação dos favos, geralmente,
ocorre anualmente, com a troca de cera, ou ocasionalmente, quando ocorre algum
dano aos favos durante o manejo, além disso, um dos apicultores afirmou ter efetuado
a renovação devido à danos ocasionados pelas altas temperaturas, ocorrendo nesse
caso, o derretimento da cera. Ressaltando que todos eles beneficiam cera obtida em
suas produções.
Quanto as capturas de enxames, eles fazem quando precisam ampliar seus
apiários ou quando perdem algum enxame. Por fim, a prática de união de colônias é
conhecida por todos os apicultores, no entanto, nem todos já executaram esse
manejo, enquanto outros, fazem sempre que precisam.
44

TABELA 2 — Tecnologia de Manejo.


TECNOLOGIAS
VARIÁVEIS Apicultor 1 Apicultor 2 Apicultor 3 Apicultor 4
ADOTADAS
Tentou
Efetuou
Substituição Efetuou substituir
apenas 4 Não efetuou
da abelha apenas sem
trocas em em 2020.
rainha duas trocas. sucesso em
2019.
2019.
Não trocou
em 2019 e
Efetuada de
Substituição Feita de iniciou, de Feita de
todas as
da cera forma forma forma
colmeias
alveolada gradual. gradual, em gradual.
anualmente.
dezembro
TECNOLOGIA DE MANEJO

de 2020.
Feito por Efetuou em Não houve Efetua
Controle da
meio de uma única necessidade quando
enxameação
divisões. colmeia. . necessário.
Optou por Não dividiu
Apenas em não dividir, por falta de
Divisão de Feita em 3 2019, mantendo colmeias,
enxame colmeias. nenhuma os enxames mas
em 2020. fortes o ano eliminou
todo. realeras.
A maioria
Em média Mantem de
Adição de com apenas De 2 a 3 por
são 2 por 1a2
melgueiras uma colmeia.
colmeia. melgueiras.
melgueira.
Sempre
Verificado Admitiu não Monitorada
Reserva de verifica
durante o observa durante o
alimento durante o
manejo. direito. manejo.
manejo.
Continua…
45

TABELA 2 — Cont.
Isola as
Formigas e Não houve Cupim e
caixas
Combate a traça nenhum traça.
afetas por
inimigos causaram ataque, nem Perdeu 6
traça com
naturais perdas de mesmo a enxames
PVC e retira
enxames. traça. por traça.
do apiário.
Durante o
Houve Pouco período de
Não houve
Alimentação necessidade ofertada seca,
necessidade
artificial apenas em durante o trocando a
.
novembro. ano. cada 15
dias.
TECNOLOGIA DE MANEJO

Sombra
natural e Usa Natural em Natural e
Sombra com sombrite todo o telha
sombrite preto. apiário. individual.
preto.
Ofertada em
Fonte de Fonte dentro apenas um Fonte Presente há
água do apiário. de quatro presente. 200 m.
apiários.
Calendário Não segue
baseado em calendário,
Flora da Possui Calendário
suas apenas
região calendário. próprio.
observações observa a
. natureza.
Afetada pelo Monitora a
Sem Monitorame
Sanidade das ataque de sanidade ao
problemas nto
abelhas traça e abrir a
aparentes. frequente.
formigas. colmeia.
Continua…
46

TABELA 2 — Cont.
Retira do Efetua a
Retira e
apiário e limpeza e Limpa e
queima o
deixa o retira do permite que
Limpeza das material
alimento apiário as as abelhas
colmeias contaminad
para as caixas limpem após
o longe do
demais afetadas por a colheita.
apiário.
colmeias. traça.
Não houve Ocorre
Ocorreu Anualmente
renovação anualmente
Renovação devido à ou sempre
TECNOLOGIA DE MANEJO

durante o entre
dos favos temperatura que há
ano de outubro e
elevada. necessidade
2020. novembro
Beneficiada
Beneficiamen por ele
Ele mesmo Ela mesma Feita por ele
to de cera mesmo e
beneficia. beneficia. mesmo.
velha compra de
parceiros.
Apenas 3
Algumas
capturas Sempre que Foram 30
Captura de durante o
feitas perde um capturas em
enxames mês de
durante enxame. 2020.
dezembro.
2020.
Sempre que
União de Apenas uma Afirma ter
Nunca fez. há enxames
enxames vez. experiência.
fracos.
Fonte: Autora, 2021.

As Tecnologias de Colheita compõem a Tabela 3, onde cada item é um


indicador técnico do manejo utilizado durante a colheita do mel. O primeiro item da
tabela está diretamente relacionado à qualidade do mel, uma vez que a fumaça altera
as propriedades deste produto (ALVIM, 2004). Assim, apenas um dos apicultores
47

afirma não utilizar a fumaça na melgueira, enquanto os demais, usam de forma


controlada.
Uma das justificativas para a utilização da fumaça, é a retirada das abelhas da
melgueira, para que esta possa ser transportada sem a presenças das abelhas. No
entanto, a vassourinha é o equipamento utilizado para este fim, buscando evitar
machucar as abelhas (PEREIRA, et. al., 2003). O uso da fumaça, que consiste na
aplicação de pequena quantidade, de forma lenta e paralela à superfície da melgueira
e nunca para dentro desta (PEREIRA, et. al., 2003; A.B.E.L.H.A., 2020), ocorre para
que as abelhas se locomovam da melgueira para o ninho e as que permanecerem,
são retiradas com o auxílio de outra melgueira vazia, a própria vassourinha ou mesmo
um pneu vazio de automóvel.
Quanto ao uso do garfo desoperculador, mesmo possuindo o equipamento,
todos os apicultores utilizam o da associação, uma vez que todos usam a casa do mel
para beneficiá-lo. Vale destacar que a Casa do Mel da comunidade ainda não foi
inaugurada, mas os apicultores possuem todos os equipamentos necessários ao
beneficiamento da produção, conforme as exigências sanitárias para a execução da
atividade.
Quanto à transferência das melgueiras até o local de beneficiamento, todos os
apicultores utilizam reboques, de moto ou de carro, para esse transporte. O ideal seria
o transporte em veículo fechado, sendo recomendado para o transporte em veículo
aberto, a utilização de lona plástica, de preferência transparente e higienizada,
cobrindo tanto o piso do reboque quanto as melgueiras (A.B.E.L.H.A., 2020).
48

TABELA 3 — Tecnologia de Colheita.


TECNOLOGIAS
VARIÁVEIS Apicultor 1 Apicultor 2 Apicultor 3 Apicultor 4
ADOTADAS
Não usa
Uso da fumaça
fumaça na
na melgueira Uso Uso
Busca evitar. melgueira
durante a mínimo. controlado.
durante a
colheita do mel
colheita.
Utiliza um
pneu de
Uso da
carro vazio,
Procedimento vassourinha Usa Usa a
no qual
para a retirada e auxílio de melgueira vassourinha
bate as
TECNOLOGIA DE COLHEITA

das abelhas uma vazia e e outra


melgueiras
dos quadros melgueira vassourinha. melgueira.
para que as
vazia.
abelhas
caiam.
Usa da Usa o da
Garfo Usa o da
casa do antiga casa Possui.
desoperculador Associação.
mel. do mel.
Não está
pronta, mas
Utiliza a Utiliza a Utiliza a utiliza a
Casa do mel
antiga. antiga. antiga. antiga,
totalmente
equipada.
Reboque
Reboque
Transporte de Reboque de Reboque de de carro
baú
melgueiras carro. moto. forrado com
fechado.
colchão.
Fonte: Autora, 2021.

Na Tabela 4 são descritas as Tecnologias de Pós-Colheita, as quais tratam do


beneficiamento e armazenamento do mel. A respeito do uso de equipamento de
49

higiene durante o beneficiamento da produção, todos os apicultores utilizam itens


básicos de proteção, como luvas e touca, durante o procedimento na casa do mel. De
acordo com Rocha (2018), o uso desses itens é de extrema importância para evitar a
contaminação do mel.
Quanto ao armazenamento, o produto permanece nos decantadores por pelo
menos 48 horas, tempo mínimo recomendado por Pereira (et. al., 2003). Rocha
(2018), reduz o tempo para decantação de, no mínimo, 24 horas. Após a decantação,
o mel é armazenado em baldes com tampa ou toneis, os quais, são recipientes
fornecidos pelas cooperativas que compram a produção.

TABELA 4 — Tecnologia de Pós-Colheita.


TECNOLOGIAS
VARIÁVEIS Apicultor 1 Apicultor 2 Apicultor 3 Apicultor 4
ADOTADAS
Usa luva,
Uso de Usa luvas,
mascara, Usa touca e Usa touca e
equipamentos toucas e
touca e luva. luva.
de higiene botas.
avental.
Decantador
TECNOLOGIA DE PÓS-COLHEITA

de 250 L, Decantadores
Decantador Decantador
Armazenamento baldes de de 300 e 250
e Bojões de e baldes
do mel 16 L ou Kg e em
200 L. com tampa.
toneis de baldes.
200 L.
Recipientes
Baldes de Baldes com
para o Baldes com Baldes com
10, 12 ou 20 tampa e
armazenamento tampa. tampa;
L. bisnagas.
do mel
Sim. Venda
Recipientes
Fracionamento Não vende Pouco é em larga
de 500 g e
do mel fracionado. fracionado. escala e
de 1 Kg.
fracionada.
Fonte: Autora, 2021.
50

Na Tabela 5, estão dispostas as análises sobre o treinamento desses


apicultores, controle de qualidade do produto final, parcerias em pesquisas e
comercialização, além do uso de ferramentas de marketing e estudo de demanda de
mercado, ou seja, os indicadores técnicos referentes às Tecnologias de Gestão.
Todos os apicultores possuem ao menos o treinamento básico para o exercício
dessa atividade, no entanto, observou -se que alguns possuem maior aperfeiçoamento
quanto as técnicas de manejo. Outra característica importante para sua formação, é
o desejo de buscar novas técnicas e emprega-las em seus sistemas, de forma a
adaptá-las à sua realidade, característica esta que não é natural de alguns desses
apicultores, ficando estes, reféns do que lhes é oferecido.
Outra variável importante da referida tabela, é o item Controle de Qualidade do
Mel. Embora executada exclusivamente pela cooperativa que adquire o produto,
infelizmente os resultados não são divulgados aos apicultores. Estes, por sua vez,
efetuam apenas uma separação do mel por florada, facilitando o atendimento,
principalmente, do mercado local.
Um dos entraves da gestão produtiva, são as parcerias em pesquisas. Os
apicultores afirmaram haver apenas uma instituição desenvolvendo pesquisa em
apicultura na comunidade até o momento, o Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia Baiano campus Lapa. Segundo Martiniano (et. al., 2014), devido ao
desenvolvimento da atividade apícola na comunidade por meio de uma associação, o
estudo do modo como tem sido gerida a produção e os entraves a serem resolvidos,
as pesquisas tornam-se ainda mais necessárias, sendo a pesquisa, fundamental para
o atendimento do mercado local e para as exportações de produtos oriundos da
agricultura (LAMAS, 2020).
A comercialização da produção é feita, principalmente, para as Cooperativas,
havendo ainda, compradores individuais, atravessadores e alguns poucos apicultores
conseguiram acessar o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar). Júnior e
Silva (2016), destacam o monopólio dos atravessadores como um dos grandes
entraves para a comercialização do mel, uma vez que estes, ditam os preços de venda
e acabam por limitar a rentabilidade dos associados. A grande vantagem dos
apicultores associados é a união para comercialização da produção diretamente ao
consumidor, que reduz os efeitos da venda através de atravessadores e eleva a
rentabilidade.
51

Quanto ao uso do marketing para alavancar as vendas apenas dois dos


apicultores entrevistados afirmam utilizar, destacando o uso da ferramenta Whats App
para divulgar produtos através de anúncios em grupos e o marketing boca a boca,
sendo as duas, formas pouco dispendiosas e bastante eficientes de divulgação de
produtos.
Por fim, mas de extrema importância, o último item da tabela, questiona a
respeito do estudo do mercado consumidor, sendo unanime a afirmação dos
apicultores de nunca haverem efetuado uma pesquisa de demanda de mercado. Para
Zamarian (2017), a análise do comportamento do consumidor é fundamental para o
sucesso de qualquer tipo de negócio, uma vez que possibilita o direcionamento de
esforços necessários para alcançar os melhores resultados.
52

TABELA 5 — Tecnologia de Gestão.

TECNOLOGIAS
VARIÁVEIS Apicultor 1 Apicultor 2 Apicultor 3 Apicultor 4
ADOTADAS

Constante.
Falta sobre Constante.
Diversos
Treinamento do produção e Treinamento Sempre
treinamentos
apicultor manejo de básico. pondo em
apícolas.
abelhas prática.
rainhas.
Feito
Controle de Feito Ele só separa
Feito pela exclusivame
qualidade do apenas pela a produção
cooperativa. nte pela
mel cooperativa. por florada.
TECNOLOGIA DE GESTÃO

cooperativa.

Parceria em
IF Baiano. IF Baiano. IF Baiano. IF Baiano.
pesquisas

Cooperativa,
Cooperativas Cooperativa
comprador
Parcerias na e de Ibotirama
individual e Cooperativa.
comercialização atravessador e outra em
participação
es. Goiânia.
no PNAE.
Venda
Uso do Anúncios via
localmente
marketing na Não utiliza. Não utiliza. grupos de
(boca-a-
comercialização WhatsApp.
boca).
Estudo da
Nunca Nunca Nunca foi Não há
demanda de
efetuou. efetuou. feito. nenhum.
mercado
Fonte: Autora, 2021.
53

4.4 INDICADORES DO NÍVEL DE TECNOLOGIAS UTILIZADO

Os indicadores do nível de tecnologia utilizada pelos apicultores durante o ano


apícola são baseados em índices com pesos atribuídos, variando de 0 à 1. E quanto
maior o valor recebido, maior o nível tecnológico. Deste modo, é possível
compararmos a adoção de tecnologias entre os apicultores, facilitando a detecção de
pontos a serem melhorados coletiva ou individualmente.
Ao observarmos o Gráfico 1, notamos de imediato que os indicadores de Gestão
e Pós-Colheita estão aquém do esperado, sendo estes, os principais problemas
detectados. Já as tecnologias referentes ao uso de Equipamentos, Colheita e,
principalmente, Manejo, foram bem avaliadas.
Ao analisar individualmente, afere-se que os apicultores Apicultor 1 e Apicultor 2
possuem os índices mais baixos com relação à adoção de Tecnologias de Gestão,
evidencia-se ainda, que o Apicultor 2 possui os menores índices na utilização das
demais tecnologias, destacando-se apenas quanto a posse e uso de Equipamentos.
Os apicultores 3, 4 e 1 estão equivalentes quanto às Tecnologias de Manejo e
de Colheita, confirmando o emprego de boas práticas apícolas quanto à estas
tecnologias. Na Gestão e Pós-Colheita, o Apicultor 4 destaca-se, seguido pelo
Apicultor 3, ao analisarmos esse posto, notamos que esses apicultores se preocupam
não apenas com a qualidade do seu produto, mas também, buscam gerir, da melhor
forma que conseguem, a sua atividade.
54

GRÁFICO 1 — Tecnologias utilizadas e determinação do Nível Tecnológico dos apicultores.

Fonte: Autora, 2021.

Com base nas análises do Gráfico de Indicadores Tecnológicos, é admissível


que os apicultores possuem alto nível de conhecimento e adoção das tecnologias de
Manejo, Colheita e Equipamentos, evidenciando que cuidam da sanidade de seus
enxames, alimentam, trocam cera, fazem divisões e uniões quando necessário, além
de tomarem todos os cuidados mínimos necessários durante a colheita do mel, para
não alterar suas propriedades.
Em relação à Pós-Colheita, há pontos a serem melhorados, como por exemplo,
a venda fracionada da produção, a qual é uma importante alternativa para a agregação
de valor ao produto e atendimento do mercado local. Quanto aos índices de
Tecnologias de Gestão, fica evidente a dependência desses apicultores quanto à
comercialização da produção para as cooperativas, às quais, mediante análise da
qualidade do produto adquirido, não divulgam aos apicultores. Além disso, existe uma
necessidade quanto às parcerias em pesquisas e a adoção do marketing como
ferramenta estratégica para vendas.
55

De todos os pontos preocupantes, a defasagem quanto ao estudo da demanda


de mercado é o maior agravante, uma vez que estes apicultores teriam maior
autonomia quanto a comercialização de sua produção, se conhecessem o seu
mercado consumidor.
O apicultor que possui maior flexibilidade para superar esses entraves quanto as
Tecnologias de Gestão, é o Apicultor 4, o qual, apresenta excelente avaliação em
quatro dos cinco indicadores avaliados. Deste modo, este apicultor apresenta-se
como um possível multiplicador de conhecimentos técnicos, além disso, seu apiário
está em ótimas condições, podendo servir como uma unidade demonstrativa para a
comunidade.
57

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os apicultores possuem excelente domínio dos manejos apícolas essenciais


para a produção de mel e têm plena consciência da importância do manejo eficiente
para o sucesso da atividade e aumento dos índices produtivos.
Quanto à localização dos sistemas estudados neste trabalho, a maioria dos
apicultores desenvolvem sua atividade em área própria ou em área cedida, e alguns,
em ambos. Em todos os sistemas há fornecimento de água, assim como
sombreamento. Os apicultores visitam seus sistemas, ao menos, uma vez por
semana, chegando a duas vezes, em casos específicos.
Sendo um dos pontos mais importante para o sucesso no desenvolvimento da
atividade apícola, o conhecimento da flora local é comprovado por todos os
apicultores, os quais destacam que a ocorrência da florada principal, varia entre os
meses de outubro ou novembro, indo até junho.
Baseado nas variações em que ocorrem as floradas na região, é que os
apicultores ofertam a alimentação suplementar artificial às suas colmeias. Os demais
manejos essenciais como a troca da cera velha e a substituição da abelha rainha,
precisam ocorrer, no mínimo, anualmente. No entanto, há descuidos quanto a
substituição das lâminas de cera velha por nova, o que pode favorecer o ataque de
inimigos naturais e refletir negativamente sobre os aspectos produtivos.
Já a troca de rainhas, os apicultores que conseguem efetuar tal manejo, não
fazem a seleção de matrizes com características produtivas de interesse, pois utilizam
o método de puxada natural, o qual, assegura a mesma sequência genética da colônia
mãe. Ainda assim, mesmo não havendo esta seleção, que seria o ideal para garantir
o seu potencial produtivo, a troca da rainha efetuada anualmente, por si só, já é uma
prática de manejo de alta produtividade.
Além das questões técnicas referentes ao manejo, os apicultores exercitam
outras habilidades sociais e administrativas para garantir o sucesso de seus negócios,
minimizando assim, as dependências quanto à comercialização de sua produção.
Deste modo, o apicultor que mais se destacou, quanto às avaliações referentes aos
manejos empregados, localização e cuidados com o apiário, até o uso de tecnologias
para comunicação e vendas, foi o Apicultor 4, sendo este, o mais qualificado para
atuar enquanto multiplicador, transferindo conhecimentos tecnécios em sua
comunidade.
58

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65

ANEXO A – QUESTIONÁRIO

Questionário - Diagnóstico do sistema de produção apícola


Identificação:
Nome: Localidade:
Idade: Atv. Principal:

Quanto tempo na apicultura:


Número de apiários: N° de colmeias:

Diagnóstico do sistema de produção:


Localização dos apiários (GPS): Área: própria ( ) cedida ( ).
Fonte de água: Sim ( ) Não ( ). Sombreamento das colmeias: Sim ( ) Não ( )

Época de florada/produção (meses):


Frequência de idas ao apiário:
Participou de cursos? Conhece a biologia das abelhas e funcionamento da
colmeia?

Manejo das colmeias:

Alimenta os enxames na seca? Sim ( ) Não ( )


Se SIM. Tipo de alimento, frequência e modo de oferta:

Troca de cera? Sim ( ) Não ( ). Frequência:


Se SIM, origem da cera:
Troca a abelha rainha? Sim ( ) Não ( ). Frequência:
Se SIM, como é realizado?

Quantas melgueiras usa por colmeia na safra?


Utiliza quantos quadros na melgueiras?
Produção média de mel por colmeia?
Usa tela excluidora? (Comentários)

Sofre com ataque de pragas (traça e Varroas)?

Colheita e beneficiamento:
Como realiza a colheita?
Como realiza e onde faz o beneficiamento?
Para onde/quem vende o mel, qual o valor?

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