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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DO RIO GRANDE DO NORTE

LETICIA LIVIA BEVENUTO DANTAS

PRODUÇÃO DE RABANETE SEMEADO EM BANDEJAS COM POSTERIOR


TRANSPLANTIO NO VALE DO AÇU: UM ESTUDO DE CASO.

IPANGUAÇU
2023
LETICIA LIVIA BEVENUTO DANTAS

PRODUÇÃO DE RABANETE SEMEADO EM BANDEJAS COM POSTERIOR


TRANSPLANTIO NO VALE DO AÇU: UM ESTUDO DE CASO.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso


Tecnologia em Agroecologia do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do
Norte, em cumprimento às exigências legais como
requisito parcial à obtenção do título de Tecnólogo em
Agroecologia.

Orientador(a): Prof.ª DSc. Sandra Maria Campos Alves


Coorientador(a): Prof. DSc. Bernardo Bezerra de Araújo Júnior

IPANGUAÇU
2023
Biblioteca IFRN - Campus Ipanguaçu

D192p Dantas, Leticia Livia Bevenuto.


Produção de rabanete semeado em bandejas com posterior
transplantio no Vale do Açu : um estudo de caso / Leticia Livia Bevenuto.
– 2023.
35 f : il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (Tecnologia em Agroecologia) –


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do
Norte. Ipanguaçu, 2023.
Orientadora: DSc. Sandra Maria Campos Alves.

1. Hortaliças. 2. Rabanete. 3. Agricultura familiar. 4.


Produção de mudas I. Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Rio Grande do Norte. II. Título.

CDU 635.1/.8(813.2)

Catalogação na Publicação elaborada pela Bibliotecária Dayse Alves dos Santos – CRB-15/528
LETICIA LIVIA BEVENUTO DANTAS

PRODUÇÃO DE RABANETE SEMEADO EM BANDEJAS COM POSTERIOR


TRANSPLANTIO NO VALE DO AÇU:UM ESTUDO DE CASO.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Tecnologia em Agroecologia do


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, em
cumprimento às exigências legais como requisito parcial à obtenção do título de Tecnólogo
em Agroecologia.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado e aprovado em ___/___/____, pela seguinte


Banca Examinadora:

BANCA EXAMINADORA

DSc. Sandra Maria Campos Alves - Presidente


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
_________________________________________________________________

DSc. Bernardo Bezerra de Araújo Júnior- Examinador


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

_________________________________________________________________
DSc. Júlio Justino de Araújo - Examinador
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
A minha família, por me acompanhar em todos os desafios, me incentivando sempre a olhar
para o grande amor de Deus em nossas vidas.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gratidão a Deus por seu amor e cuidado em minha vida, por me capacitar e
dar forças durante todos os momentos vividos até aqui, guiar meus passos e me conceder a
graça da realização dos meus sonhos. Agradeço aos meus pais, Francisca Bevenuto do
Nascimento e Gilzean José Dantas, por sempre acreditarem e investirem em mim com amor e
dedicação e por estarem sempre presentes em todos os momentos da minha vida. Ao meu
irmão, Nicolas Yuri Bevenuto Dantas por alegrar meus dias com seu amor e companheirismo.
Minha tia, Almeci Dantas Lemos, agradeço o carinho e todos os esforços empreendidos na
minha formação educacional e pessoal.

A minha Orientadora, Dr. Sandra Maria Campos Alves, pela paciência e incentivo, pelas
contribuições na minha formação acadêmica. Ao meu Coorientador Dr. Bernardo Bezerra de
Oliveira Junior, por todo suporte e empenho, oferecidos a mim durante a pesquisa.
“Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios”.

Salmos 103:2
RESUMO

O Rabanete (Raphanus Sativus L.) é uma hortaliça tuberosa de ciclo curto, geralmente
propagada através da semeadura direta. Objetivou-se nessa pesquisa avaliar a viabilidade de
produção agroecológica de rabanete, semeado em bandejas e posteriormente transplantado a
campo no Vale do Açu. O experimento foi realizado no município de Ipanguaçu, no período
de outubro a novembro de 2022, na fazenda escola do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Rio Grande do Norte. A cultivar utilizada foi a Crimson Gigante, o semeio
ocorreu em bandejas e o transplantio aconteceu 13 dias após a semeadura. Os rabanetes
colhidos foram avaliados quanto ao: Número de plantas totais por m²; Produtividade total;
Número de plantas comerciais; Percentagem de plantas comerciais; Produtividade comercial;
Percentagem da produtividade comercial; Diâmetro do rabanete; Massa fresca da parte aérea;
Peso médio de rabanete. Os dados foram submetidos à análise de estatística descritiva. A
produtividade total por m² foi de 2.243,13 ± 139,59 g e a produtividade comercial foi de
1.218,91 ± 119,19 g/m², o que representou 54,3% da produtividade total. Nas condições do
presente estudo, a produção de mudas foi favorável para a maioria das variáveis analisadas.

Palavras-chave: Hortaliças; rabanete; agroecologia; agricultura familiar; produção de mudas.


ABSTRACT

Radish (Raphanus Sativus L.) is a tuberous vegetable with a short cycle, generally propagated
through direct sowing. The objective of this research was to evaluate the viability of
agroecological production of radish, sown in trays and later transplanted to the field in Vale
do Açu. The experiment was carried out in the municipality of Ipanguaçu, from October to
November 2022, on the school farm of the Federal Institute of Education, Science and
Technology of Rio Grande do Norte. The cultivar used was Crimson Gigante, sowing took
place in trays and transplanting took place 13 days after sowing. The harvested radishes were
evaluated for: Number of total plants per m²; Total productivity; Number of commercial
plants; Percentage of commercial plants; Commercial productivity; Percentage of commercial
productivity; Radish diameter; Fresh aerial part mass; Average radish weight. The data were
subjected to descriptive statistics analysis. Total productivity per m² was 2,243.13 ± 139.59 g
and commercial productivity was 1,218.91 ± 119.19 g/m², which represented 54.3% of total
productivity. Under the conditions of the present study, seedling production was favorable for
most of the variables analyzed.

Keywords: Vegetables; radish; agroecology; family farming; seedling production.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Imagem aérea do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia (IFRN),


campus Ipanguaçu. O ponto em laranja está indicando a área de Produção Agroecológica
Integrada e Sustentável (PAIS), espaço escolhido para o experimento. Fonte: Google Earth
(2023). ...................................................................................................................................... 21

Figura 2 - Mudas de rabanete na casa de vegetação (A) Transplante das mudas de rabanete
para o canteiro definitivo com sistema de irrigação montado(B). Fonte: a autora (2022) ....... 22

Figura 3- Visão do canteiro antes da colheita (A) Rabanetes colhidos (B) Delimitação das
amostras no canteiro(C). Fonte: a autora (2022) ...................................................................... 23

Figura 4- Separação do refugo (A) Divisão dos comercializáveis em parte aérea e túbera (B).
Fonte: a autora (2022)............................................................................................................... 24

Figura 5- Variação de temperatura máxima registrada durante o experimento. IFRN, Campus


Ipanguaçu, 2022. Fonte: a autora (2022). ................................................................................. 28
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Estatística descritiva contendo os valores médios, mínimo e máximo, variância,


desvio padrão, erro padrão da média e coeficiente de variação para as variáveis testadas. ..... 25
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


IDEMA- Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente
IFRN- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
MAPA- Ministério da Agricultura e Pecuária
PAIS- Produção Agroecológica Integrada e Sustentável
LISTA DE SÍMBOLOS

% Porcentagem
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 13
2. OBJETIVOS .................................................................................................................. 15
2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 15
2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 15
3. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 16
3.1 IMPORTÂNCIA DAS HORTALIÇAS PARA AGRICULTURA FAMILIAR ....... 16
3.2 A CULTURA DO RABANETE ................................................................................ 17
3.2.1 Cultivo do Rabanete ................................................................................................ 18
3.2.2 Valor nutricional do Rabanete ................................................................................. 19
3.2.3 Importância econômica da cultura ........................................................................... 20
4 METODOLOGIA .............................................................................................................. 21
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 25
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 29
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 30
APÊNDICE A- REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO EXPERIMENTO EM CAMPO...... 34
13

1. INTRODUÇÃO

A Olericultura é o campo da horticultura responsável pelo cultivo de hortaliças ou


olerícolas destinadas ao consumo alimentar, classificadas quanto à parte de interesse
econômico, que pode ser folhas, frutos, flores, raízes ou tubérculos. Esse grupo de vegetais é
formado por uma enorme variedade de espécies, consumidas de diferentes maneiras, seja cru,
cozida ou processada a depender da espécie (BRAINER, 2021). As hortaliças possuem ciclo
produtivo curto e seu cultivo pode ocorrer em pequena ou larga escala, visando consumo
próprio ou comercialização.

Uma das principais etapas na produção de hortaliças é a propagação, uma vez que o
uso de material de qualidade aliado a taxas de germinação desejáveis influenciará no sucesso
da atividade olerícola. A semente, em especial, tem um papel essencial na propagação e
multiplicação das espécies, proporcionando proteção ao embrião contra fatores externos,
fornecendo nutrientes e energia necessária à germinação e crescimento inicial das plantas.
Sendo assim, a semente pode ser considerada um dos insumos agrícolas de maior importância
na olericultura, devido à sua atuação direta sobre a produção.

As hortaliças, em sua maioria, são propagadas por meio de sementes ou fruto contendo
sementes (PUIATTI,2019). Apesar disso, algumas espécies de hortaliças produzem sementes
que geralmente são pequenas, leves e com poucas reservas energéticas. Isso contribui para o
uso excessivo desse material de propagação na semeadura, visando obter eficiência de plantio
frente aos riscos de perda de sementes, ocasionada pelo desbaste das plantas menos vigorosas
ou ainda por falhas de germinação. Em consequência, ocorre o aumento dos custos de
produção, devido ao desperdício de sementes e à utilização de elevada mão de obra
(PUIATTI, 2019).

No cultivo de hortaliças é comum o uso das técnicas de formação e transplante de


mudas, especificamente para as espécies que produzem sementes pequenas, apresentam
processo germinativo tardio e ainda, preço aquisitivo elevado (PEREIRA; PUIATTI;
FONTES, 2019). De acordo com Sediyama (2014), a produção de mudas é uma tecnologia
muito importante na comercialização de hortaliças, pois o fornecimento de condições
favoráveis na fase de muda estabelece o desempenho produtivo das plantas no campo. Vários
recipientes podem ser utilizados na produção de mudas, desde copinhos de papel até sacos de
14

polietileno de baixa densidade, bandejas de isopor ou plástico. A utilização de bandejas nesse


processo apresenta algumas vantagens, devido à: maior taxa de germinação; aproveitamento
de sementes; qualidade de mudas; maior aproveitamento do espaço; facilidade do manuseio
em campo e rapidez no ciclo produtivo (FILGUERIA, 2007).

O rabanete (Raphanus Sativus L.) é uma hortaliça tuberosa de ciclo produtivo curto,
cultivada usualmente por semeadura direta. Apesar disso, já existem na literatura autores que
estudaram o comportamento do rabanete quando conduzido inicialmente através da
transplantação de mudas. Para Magalhães (2018), a produção de mudas de rabanete se torna
uma alternativa ao produtor em períodos de chuvas intensas, quando a germinação e
emergência das plantas no campo são inviabilizadas. O rabanete pode ser comercializado e
produzido durante todo o ano nas diferentes regiões do país, devido seu ciclo produtivo ser
bastante rápido e se adaptar facilmente em diferentes condições climáticas (CORREA et
al. ,2022).

Em razão da grande importância da olericultura como atividade econômica para


agricultura familiar, podendo ser realizada nos princípios agroecológicos, é de suma
importância o estudo de tecnologias que auxiliem na resolução de problemas no processo
produtivo de hortaliças de maneira praticável e satisfatória. Além do mais, sendo o rabanete
uma cultura hortícola vantajosa para pequenas propriedades, e ainda pouco estudada quanto à
produção de mudas, o presente estudo visa responder o seguinte problema de pesquisa: se a
produção de mudas é uma alternativa viável através da perspectiva produtiva e agroecológica,
para o cultivo do rabanete nas condições do vale do Açu.
15

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

● Avaliar a viabilidade de produção agroecológica de rabanete, semeado em bandeja e


posteriormente transplantados em campo no Vale do Açu.

2.2 Objetivos Específicos

● Analisar os parâmetros agronômicos do rabanete que passou por processo de


transplantio;

● Identificar a viabilidade produtiva do rabanete semeado em bandejas;

● Divulgar os resultados desse trabalho junto aos órgãos de extensão local.


16

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 IMPORTÂNCIA DAS HORTALIÇAS PARA AGRICULTURA FAMILIAR

Dentre todos os segmentos produzidos pela agricultura familiar, as hortaliças possuem


destaque nas propriedades, já que é um grupo de plantas favoráveis à produção diversificada e
podem ser cultivadas nas diferentes épocas do ano, favorecendo a oferta de diversos produtos
no comércio. Conforme afirma Brainer (2021), o cultivo de hortaliças é simples, pode ser
realizado mesmo em pequenas áreas e representa uma fonte alternativa de renda para os
agricultores familiares, em razão da lucratividade por área produzida, fator de extrema
importância em localidades como a Região Nordeste, onde as propriedades estão cada vez
menores.

Nas propriedades familiares, a atividade produtiva de hortaliças é utilizada como meio


de subsistência ou ainda, atividade econômica para fins de comercialização do restante da
produção em pequena escala (DIAS et al., 2012). A olericultura é uma importante atividade
para a agricultura familiar, por atuar com um grupo de plantas que apresentam certa
rusticidade, não exigir grandes investimentos em maquinários ou tecnologias, apenas
disponibilidade de mão de obra, colaborando para geração de empregos. Além disso,
possibilitam retorno econômico por área cultivada mais rápido que outras culturas agrícolas.

A comercialização de hortaliças é imprescindível em empreendimentos familiares,


tanto do ponto de vista econômico pela geração de renda constante para as famílias, quanto
pela perspectiva social através da geração de serviços em uma mesma atividade para cada
membro durante todos os períodos produtivos, o que possibilita trabalhar, morar no mesmo
lugar e ainda entre familiares (JUNQUEIRA E ALMEIDA, 2010). Favorecendo a
permanência dos mesmos no meio rural.

Os cultivos diversificados, utilizados pela agricultura familiar, em seus sistemas


produtivos, contribuem tanto para geração de alimento em quantidade e qualidade para
própria família, quanto, através da renda vinda da comercialização do excedente durante todos
os meses do ano (CARVALHO E GROSSI, 2019). Cerca de 70% da produção de hortaliças
no país está centrada em propriedades agrícolas familiares, em áreas abaixo de 10.000 m² com
atividades de exploração intensiva e diversificada (MELO E ARAÚJO, 2016). A produção
17

diversificada de hortaliças permite ao produtor familiar maior segurança frente às oscilações


de preços ao longo do ano.

A grande parcela da produção de hortaliças comercializadas no Brasil vem da


agricultura familiar, sendo essa produção direcionada para o mercado interno
(NASCIMENTO, 2023). No mercado interno a agricultura familiar possui vários meios de
escoar sua produtividade, através dos supermercados, restaurantes, açougues, padarias, ou
ainda por meio de programas governamentais, como Programa de Aquisição de Alimentos
(PAA) e ainda feiras livres que permitem a autonomia dos produtores evitando a interferência
dos atravessadores (CARVALHO E GROSSI, 2019).

Para Junqueira e Almeida (2010), a ótima qualidade oferecida e os preços acessíveis


praticados são os principais pontos positivos na aquisição de produtos hortícolas vindos da
agricultura familiar. Apesar disso, nos períodos de inverno a produção acaba ficando
irregular, contribuindo para inconstâncias na oferta desses produtos; por isso, é relevante o
uso de técnicas que favoreçam o cultivo e a qualidade das hortaliças mesmo em períodos
adversos.

De acordo com Melo e Araújo (2016), as atividades olerícolas necessitam de


planejamento, técnicas e procedimentos adequados na condução de cultivo, visando reduzir
perdas, aumentar a produtividade, restringir custos e colaborar para ações adequadas em
situações imprevisíveis. Por isso, é fundamental que a melhoria de técnicas de produção
agrícola estejam acessíveis à agricultura familiar, uma vez que esse setor é responsável por
considerável porcentagem dos alimentos produzidos mundialmente.

3.2 A CULTURA DO RABANETE

O Rabanete (Raphanus sativus L.) é uma das hortaliças mais antigas já cultivadas pelo
homem, tendo registro de sua existência há mais de três mil anos (MINAMI e NETO, 1997).
Originária da região do Mediterrâneo, essa olerícola era muito apreciada no antigo Egito,
Assíria, Grécia e Roma (LANA e TAVARES, 2010). Ainda hoje seu sabor é bastante
admirado em diversos países, sendo utilizado no preparo de diferentes receitas.

O rabanete faz parte da família botânica Brassicaceae (Cruciferae), uma das famílias
mais numerosas, em termos de quantidade de espécies, cerca de 3.200, sendo constituído pelo
nabo, agrião d’água, mostarda-de-folha, rúcula entre outros. O repolho, a couve-flor e a
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couve-manteiga, são as espécies de maior relevância econômica para essa família botânica
(FILGUEIRA, 1982).

O rabaneteiro é uma herbácea de pequeno porte, que pode alcançar de 30 a 90


centímetros de altura. Essa planta possui folhas rosuladas, estruturadas em espiral numa curta
porção do caule, e, ainda, divididas em lobos com textura áspera ou eventualmente suave,
podendo apresentar coloração verde-claro ou púrpura (GUIMARÃES E FEITOSA, 2014).
Suas flores são andróginas e pode ser encontrada nas cores branca ou roxa, a polinização
ocorre de maneira cruzada, sendo conduzida pelos insetos.

O principal produto de interesse econômico é sua raiz, comestível e de sabor picante.


As raízes produzidas são esféricas, encontradas nas mais variadas cores, tamanhos e formas,
podendo ser redonda, oval ou alongada. A casca pode ser encontrada na cor vermelha, branca
ou vermelha e branca, mas a polpa sempre é branca (MATOS et al. 2020). O rabanete de
casca vermelha e polpa branca é o de maior aceitação pelos consumidores (FILGUEIRA,
2000).

O desenvolvimento do rabanete acontece em cinco fases, sendo: 1) fase inicial I (0 a 7


dias): compreende a semeadura até a emergência das plântulas; 2) fase vegetativa II (7 a 14
dias): confere o final da fase I, formação das folhas em forma de roseta e início da
tuberização; 3) fase III produção (14 a 21 dias): desenvolvimento da túbera; 4) fase maturação
IV (21 a 28 dias): aumento máximo do diâmetro da túbera até a colheita; 5) fase V (28 a 35
dias): fim do ciclo da cultura e estágio de senescência (BREGONCI et al., 2008;
MAROUERLLI et al., 2008).

3.2.1 Cultivo do rabanete

O clima é um fator significativo no cultivo do rabanete, por possuir influência sobre


todo o ciclo fenológico da planta. Atuando desde a germinação, duração das fases,
imaturidade, produção até a qualidade final da raiz tuberosa (MINAMI E NETO, 1997). A
temperatura exerce grande influência sobre as fases produtivas do rabanete, onde a
temperatura mínima exigida para germinação é de 4,5 °C, faixa de variação entre 7,2 °C a
32,2 °C, sendo 29, 4 °C considerado a temperatura ótima e 35° C a temperatura máxima
admissível para cultura (MINAMI E NETO, 1997).
19

O rabanete pode ser cultivado nos diferentes tipos de solo, no entanto, para o
desenvolvimento satisfatório da raiz tuberosa é preferível, solos com algumas características,
como; porosidade, absorção da água disponível, rápido escoamento da água em excesso,
manutenção da umidade necessária e ser rico em matéria orgânica.

Além disso, a água é bastante relevante para o desenvolvimento da cultura. O


rabanete necessita de água em quantidade e regularidade considerável, em todas as fases do
seu desenvolvimento. Inconstâncias na provisão de água podem ocasionar rachaduras nas
raízes, e quando acompanhadas de altas temperaturas podem atuar na precocidade da fase
reprodutiva (MINAMI E NETO, 1997).

Segundo Filgueira (2007), para o cultivo do rabanete é indicado a semeadura


diretamente no local definitivo, pois o mesmo é intolerante ao transplante de mudas, causando
danos à planta e impedindo seu desenvolvimento. No entanto, já existem na literatura
trabalhos que avaliaram a tolerância do rabanete ao transplante, como alternativa para os
produtores em períodos intensos de chuva.

Essa olerícola ganha destaque quando comparada com outras hortaliças, pois seu ciclo
produtivo é bastante curto, cerca de 25 a 35 dias para o início da colheita (FILGUEIRA,
2007). Sendo assim, uma ótima alternativa para o agricultor familiar, mesmo quando em
pequenas áreas, devido a um rápido retorno econômico e fácil adaptabilidade em sistemas
diversificados de produção.

Para evitar danos nas raízes, como amargor ou rigidez, é interessante não atrasar a
colheita do rabanete (GUIMARÃES E FEITOSA, 2014). O processo ocorre geralmente de
maneira manual, visando à manipulação adequada com o produto final. Após colhido o
rabanete ainda inteiro deve ser lavado e atado em maços, mantendo-se uma boa aparência
para comercialização.

3.2.2 Valor nutricional do rabanete

Essa hortaliça possui um amplo valor nutricional em sua composição. É rica em fibra
alimentar, vitaminas C e B9 e minerais como cálcio, ferro e magnésio (ANDRADE 2021).
Auxilia o sistema imunológico, preservando o organismo frente ao comportamento dos
radicais livres, além de contribuir com o sistema digestório e a saúde cardiovascular
(LISBÔA, 2021). Além disso, o rabanete possui compostos bioativos exclusivos com grande
20

potencial para a saúde humana, sendo utilizado como terapêutico natural para tratamento de
diferentes enfermidades.

3.2.3 Importância econômica da cultura

Por apresentar um ciclo bastante curto, rusticidade e proporcionar rápido retorno


econômico, o rabanete é bastante cultivado próximo às grandes cidades, nos polos de
hortaliças ou cinturões verdes. Apesar do cultivo do rabanete não ser expressivo em termos de
área plantada no Brasil, sua produção nacional é bem expressiva, cerca de nove mil toneladas
por ano, ocorrendo de maneira centralizada nas regiões sul e sudeste do país. A quantidade de
rabanete produzidos no país no ano de 2017 foi de 8.031 toneladas, sendo o estado de São
Paulo o maior produtor, com 939 unidades produtoras (IBGE, 2017).

O estado do Rio Grande do Norte, seguindo o cenário nacional, possui uma produção
limitada e pouco significativa de rabanete, como também é o quadro de algumas hortaliças
produzidas no estado, sendo predominante o cultivo por pequenos produtores perto dos
centros de comercialização (GRANGEIRO et al., 2008). De acordo com Censo agropecuário
de 2017, o estado do Rio Grande do Norte produziu nesse ano 8 toneladas de rabanete, em 22
estabelecimentos produtivos, sendo a cidade de Extremoz o maior produtor no estado (IBGE,
2017).
21

4 METODOLOGIA

O experimento foi conduzido entre os meses de outubro e novembro de 2022, na área


implantada com sistema de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS)
pertencente a fazenda escola do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Norte- Campus Ipanguaçu – PAIS/ IFRN, localizado no município de Ipanguaçu
(Figura 1). Com área total de 133 hectares, o campus está localizado à 5° 32 '06" sul, 36° 52'
17" oeste e uma altitude de 16 metros acima do nível do mar. O clima do município onde o
campus está instalado é muito quente e semiárido (IDEMA, 2008).

Figura 1- Imagem aérea do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia (IFRN), campus Ipanguaçu. O
ponto em laranja está indicando a área de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS), espaço
escolhido para o experimento. Fonte: Google Earth (2023).

As sementes utilizadas foram adquiridas da empresa Feltrin pertencente ao mesmo


lote, com percentual de germinação de 75% e pureza de 100%. A cultivar escolhida foi a
Crimson Gigante que é uma planta vigorosa, produz fruto redondo de cor vermelho carmim e
polpa branca, com tamanhos entre 3 e 4 centímetros de diâmetro. Pode ser cultivada nas
diferentes regiões do país e o seu ciclo varia entre 30 e 35 dias após a semeadura.
O semeio foi realizado no dia 11/10/2022 em bandejas (Figura 2A), as células foram
preenchidas com substrato de húmus de minhoca pré-umedecido, para facilitar a aderência e
fornecer umidade adequada para a germinação das sementes. Cada célula foi ocupada com
uma semente, visando evitar a necessidade de desbaste e consequente desperdício de
sementes. As bandejas foram mantidas na casa de vegetação do campus, recebendo irrigação
por sistema de microaspersão suspenso, duas vezes ao dia, manhã e tarde.
22

Inicialmente foi realizada a limpeza e manutenção da altura do canteiro devido o


tempo em desuso, logo após foi aplicada adubação orgânica utilizando-se o húmus de
minhoca e consequente cobertura usando a palha de carnaúba triturada. O tipo de solo
utilizado no experimento é caracterizado como Neossolo Flúvico. O canteiro utilizado
totalizou dimensões de 8 metros e 60 centímetros de comprimento, 1 metro de largura e 13 cm
de altura. O transplante ocorreu 13 dias após a semeadura (DAS), (Figura 2B), permanecendo
no canteiro definitivo com espaçamento de 10 centímetros entre plantas e 25 centímetros entre
linhas, totalizando 284 plantas.
A capina de maneira manual e mecânica ocorreu pela primeira vez, duas semanas
após o transplante das mudas, para retirada de ervas daninhas que dificultavam o
desenvolvimento da cultura de interesse produtivo. A irrigação por gotejamento foi acionada
diariamente, com dois turnos de rega, manhã e tarde (Figura 2B). Quanto ao manejo
fitossanitário, não se fez necessário devido ao não aparecimento de pragas e doenças.

(B)
(A)

Figura 2 - Mudas de rabanete na casa de vegetação (A) Transplante das mudas de rabanete para o canteiro
definitivo com sistema de irrigação montado(B). Fonte: a autora (2022)

No dia 16/11/2022 aconteceu a colheita dos rabanetes, sendo o canteiro dividido em


amostras, quatro ao total (Figura 3C), para fins de análise das variáveis de produção, sendo;
quantidade de plantas por m2; quantidade de rabanetes comercializáveis; peso da parte aérea;
peso e diâmetro da túbera; massa fresca da parte aérea e túbera.
23

Foi feita a demarcação das amostras, com 1 metro quadrado cada, logo após colhidos
os rabanetes de cada unidade, ainda inteiros (Figura 3B), foram colocados em sacos
etiquetados, e em seguida levados para o laboratório para posterior análise. A contagem e
pesagem dos rabanetes ocorreram para designação da quantidade de plantas e peso por m2 em
cada amostragem.

(A) (B) (C)

Figura 3- Visão do canteiro antes da colheita (A) Rabanetes colhidos (B) Delimitação das amostras no
canteiro(C). Fonte: a autora (2022)

Para determinar a quantidade de rabanetes comercializáveis foi separado o refugo,


considerando os seguintes parâmetros: rachadura e tamanho indesejado (Figura 4A). No
sentido de determinar os rabanetes comercializáveis, verificou-se o peso da hortaliça em
balança de precisão, logo após com o auxílio de uma faca, foram separadas a parte aérea e o
produto comercializável (Figura 4B), visando à obtenção do peso da matéria fresca, bem
como a medição do diâmetro da túbera com o auxílio de um paquímetro digital.
24

(A) (B)

Figura 4- Separação do refugo (A) Divisão dos comercializáveis em parte aérea e túbera (B). Fonte: a autora
(2022).

As variáveis testadas foram: Número de plantas totais por m² (NPT); Produtividade


total (PT); Número de plantas comerciais (NPC); Percentagem de plantas comerciais (PPC);
Produtividade comercial (PC); Percentagem da produtividade comercial (PC%); Diâmetro do
rabanete (DR); Massa fresca da parte aérea (MFPA); Peso médio de rabanete (PMR). Os
dados das variáveis foram submetidos à análise de estatística básica, obtendo-se os valores
médios, máximos e mínimos, variância, desvio padrão, erro padrão da média e coeficiente de
variação.
25

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram obtidas, na colheita, 39 ± 3,12 plantas por m² e, destas, 19,5 ± 2,25 foram tidas
como comerciais, o que representou 49,1% do total. O coeficiente de variação foi de 15,8%
para número de plantas total, valor tido como um CV médio (PIMENTEL-GOMES, 2009).
Para o número de plantas comerciais, o valor de CV foi de 23,1%, tido como alto para essa
variável. A produtividade total por m² foi de 2.243,13 ± 139,59 g e a produtividade comercial
foi de 1.218,91 ± 119,19 g/m², o que representou 54,3% da produtividade total (Tabela 1).

Tabela 1- Estatística descritiva contendo os valores médios, mínimo e máximo, variância,


desvio padrão, erro padrão da média e coeficiente de variação para as variáveis testadas.

Variáveis Desv. CV
Média Mínimo Máximo Variância S(m)
¹ Pad. (%)
NPT 39,50 32,00 47,00 39,00 6,24 3,12 15,8
PT 2243,13 1825,12 2398,14 77936,09 279,17 139,59 12,4
(g/m2)
NPC 19,50 16,00 26,00 20,33 4,51 2,25 23,1
PPC% 49,10 44,74 55,32 22,04 4,70 2,35 9,6
PC 1218,91 995,63 1554,96 56824,08 238,38 119,19 19,6
(g/m²)
PC% 54,33 47,56 64,84 57,33 7,57 3,79 13,9
DR mm 39,90 37,46 41,58 4,05 2,01 1,01 5,0
MFPA 466,12 299,43 611,06 17401,45 131,91 65,96 28,3
(g/m²)
PMR 37,63 34,85 40,57 9,64 3,10 1,55 8,2
1. Número de plantas totais por m² (NPT); Produtividade total (PT); Número de plantas comerciais (NPC);
Percentagem de plantas comerciais (PPC%); Produtividade comercial (PC); Percentagem da produtividade
comercial (PC%); Diâmetro do rabanete (DR); Massa fresca da parte aérea (MFPA); Peso médio de rabanete
(PMR).

Para a variante produtividade total, o valor observado de 2243,13 g m-² (22,43 t ha-¹),
é superior ao encontrado pelos autores Castro et al.(2016), que obtiveram produtividade
máxima de 651,5 g m-², equivalente a 6,51 t ha-1, na utilização de adubação potássica na
quantidade de 103 kg de K2O ha-¹. Os pesquisadores Oliveira et al. (2015), atingiram em seu
trabalho produtividade máxima de 7,0 t ha-¹ (700 g m-²) na dosagem de 55 t ha-¹ de flor-de-
seda incorporada ao solo. Nunes et al. (2020), conseguiram produtividade de 10,11 t ha-¹
(1011 g m-²) na quantidade de 47,72 t ha-¹ de Jitirana branca. Linhares et al. (2011),
constataram produtividade máxima de rabanete superior ao encontrado nesta pesquisa, com
3530 g m-² de canteiro ou 35,3 t ha-¹, na dosagem de 12 t ha-¹ de flor-de-seda no tempo de 15
dias antes do plantio.
26

Após a eliminação dos rabanetes não comerciais, foi considerado como média de
produtividade comercial 1218,91 g m-² (12, 18 t ha-¹), o coeficiente de variação em 19,6% foi
considerado médio para essa variante. O valor obtido é visto como superior ao encontrado
pelos autores Souza et al. (2020), que tiveram maior média de produtividade comercial para a
cultivar H. Novella com 1010 g m-² ou (10,1 t ha-¹). Linhares et al. (2010), observaram
produtividade comercial máxima de 952,9 g m-², correspondendo a 9,5 t ha-¹ para cv.
Crimson Gigante.

Para a variável massa fresca da parte aérea, foi identificada média de 466,12 g por m-²,
que corresponde a 4, 66 t ha -¹, o CV de 28,3% mostrou-se alto para MFPA. Esse resultado
mostra-se superior ao dos autores, Araújo et al. (2019), que avaliando o efeito de diferentes
lâminas de irrigação juntamente com variados tipos de cobertura de solo encontraram maior
peso de 44,50 g para MFPA, com lâmina de 289 mm. No entanto, o resultado encontrado por
Linhares et al. (2011), é superior ao desta pesquisa, que estudando quantidade e tempos de
decomposição da flor-de-seda no desempenho do Rabanete, obtiveram 1561 g m-² ou 15, 6 t
ha-¹ de massa fresca da parte aérea, na dose de 12,0 t ha-¹. Porém, essa superioridade pode ser
explicada devido ao uso de diferentes tratamentos com adubação orgânica no plantio de
rabanete, variável essa que não foi avaliada no presente estudo.

Em relação ao diâmetro do rabanete foi obtido média de 39, 90 ± 1,01 mm (4 cm), o


coeficiente de variação foi de 8,2% para essa variável, sendo considerado CV bom. O valor
médio encontrado é superior ao de Bonela et al. (2017), que avaliando a produção de rabanete
em cultivo subsequente de alface orgânico, obtiveram diâmetro médio de 1,10 cm entre as três
cultivares avaliadas (RedJewel F1; Variedade nº 25 e a cv. Vip Crimson). Magalhães et al.
(2018), comparando a produtividade do rabanete transplantado em diferentes datas e por
plantio direto, obtiveram diâmetro médio de 27 mm (2,7 cm) entre os tratamentos (7 e 11
DAS) respectivamente, bem como, no SPD 33 mm (3,3 cm). Rodrigues et al. (2013),
avaliando potencialidades do uso de esterco animal em substituição do fertilizante mineral na
produção de rabanete, encontraram valor mínimo de 3,08 cm e máximo 3,23 cm para mesma
cultivar utilizada no presente experimento, quando adubado com esterco bovino.

Para a média de 39, 90 mm (4,0 cm) de diâmetro encontrado nesse experimento,


alguns autores encontraram valores similares, tais como: Araújo et al. (2020), estudando
diferentes concentrações de húmus de minhoca no peso e tamanho dos tubérculos de rabanete,
27

encontraram maior diâmetro de (39, 34 cm) para o tratamento de 40% de adubo orgânico.
Linhares et al. (2010), ao observarem a interação do rabanete com diferentes doses de Jitirana
incorporadas ao solo, obtiveram diâmetro médio de (3, 83 cm). Paiva et al. (2013),
observaram um maior incremento no diâmetro com o efeito residual de 30 t ha-1 de adubo
verde, com valor máximo de 4, 6 cm para cultivar Crimson Gigante. O diâmetro de Rabanete
obtido nesta pesquisa revela-se como satisfatório, por corroborar com os resultados obtidos na
literatura e estar no padrão exigido para comercialização no mercado de hortaliças.

Quanto ao peso do rabanete, foi observado o valor médio de 37,6 ± 1,55 g, a medida
observada aproxima-se do resultado encontrado pelos autores, Araújo et al. (2020), que
obtiveram maior média de 37, 89 g com a dose de 40% de húmus de minhoca e 60% de solo.
Moreira et el. (2022), avaliando diferentes parâmetros em três variedades de rabanete
(Vermelho comprido; cometa e Redondo) em relação a distintas doses de Silício, obtiveram
resultados inferiores ao deste estudo, para a dose de maior concentração de Si de 75g kg-1,
encontraram peso médio de 22, 18 g e 23, 29 g para as cultivares Vermelho comprido e
Redondo, respectivamente, já a variedade Cometa atingiu seu maior peso com a dose
intermediária de 53, 5 g kg-1, com valor médio de 17, 83 g.

A porcentagem de plantas não comerciais para a cultura do rabanete, com 45, 67 %,


apresentou-se como insatisfatório, em função do alto número de túberas rachadas ou pequenas
demais, algo indesejado pelo produtor, devido ao grande prejuízo financeiro causado pela
inviabilidade de comercialização dessa hortaliça. O elevado número de raízes rachadas ou que
não alcançaram tamanho comercial pode ter sido influenciado pelas altas temperaturas
ocorridas durante o experimento (Figura 5). De acordo com Castro et al. (2006), a
produtividade e a qualidade do rabanete podem ser afetadas pelas variações de umidade e
temperatura do solo, ocorridos durante o desenvolvimento dessa hortaliça.

Silva et al. (2017), avaliando a produção de rabanete adubado com Flor-de-seda e


cultivado em duas épocas de cultivo (primavera e outono-inverno), observaram que no cultivo
de primavera a produção foi influenciada pelos fatores meteorológicos, temperatura média e
radiação solar, que apresentaram valores mais altos que os observados no cultivo de outono-
inverno, tais condições na primavera contribuíram para o aumento na porcentagem de raízes
rachadas, devido às oscilações na umidade do solo entre os intervalos de irrigação.
28

TEMP. MÁX
38

Temperatura (°C) 37

36

35 Temperatura máxima para cultura


34

33

32
11/out 18/out 25/out 01/nov 08/nov 15/nov
Variação de temperatura durante o experimento

Figura 5- Variação de temperatura máxima registrada durante o experimento. IFRN, Campus


Ipanguaçu, 2022. Fonte: a autora (2022).
29

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas condições do presente estudo, a utilização de mudas para formação inicial de


rabanete se mostrou eficaz, apresentando bom desenvolvimento e valores expressivos para a
maioria das variáveis agronômicas avaliadas na produção, como diâmetro e peso médio da
raiz, que alcançaram padrão exigido pelo mercado consumidor desse tubérculo. E mesmo as
variáveis que não se apresentaram satisfatórias, provavelmente não apontam relação direta
com a utilização de mudas, mas podem ter sido influenciados por fatores do ambiente como
teores de nutrientes disponíveis no solo, umidade e temperatura.

Apesar dos resultados apresentados nesta pesquisa, é importante salientar a


necessidade de mais estudos sobre a produção dessa hortaliça no vale do Açu, em diferentes
épocas de cultivo, para observação do período mais favorável para plantio, e, além disso, a
divulgação junto aos órgãos de extensão local, sobre as técnicas de cultivo dessa olerícola que
é tão pouco conhecida pelos agricultores da região.
30

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APÊNDICE A- REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO EXPERIMENTO


EM CAMPO

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