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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ


INSTITUTO DE ESTUDOS EM DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO E REGIONAL
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DE MARABÁ

Luigy Renan Nascimento Raiol

AVALIAÇÃO CLIMATOLOGICA E FISIOLOGICA DE AVES CAIPIRA NO


SUDESTE PARAENSE

MARABÁ – PA
2021
Luigy Renan Nascimento Raiol

AVALIAÇÃO CLIMATOLOGICA E FISIOLOGICA DE AVES CAIPIRA NO


SUDESTE PARAENSE

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Bacharelado em
Agronomia do Campus Universitário de
Marabá, da Universidade Federal do Sul e
Sudeste do Pará, como requisito para
obtenção do título de Engenheiro
Agrônomo.

Orientador: Profº. Dr. José Anchieta de


Araújo.

MARABÁ – PA
2021
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará
Biblioteca Setorial Campus do Tauarizinho

R159a Raiol, Luigy Renan Nascimento


Avaliação climatologica e f isiologica de aves caipira no sudeste
paraense / Luigy Renan Nascimento Raiol. — 2021.
29 f . : il. color.

Orientador(a): José Anchieta de Araújo.


Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade
Federal do Sul e Sudeste do Pará, Instituto de Estudos em
Desenvolvimento Agrário e Regional, Faculdade de Ciências
Agrárias de Marabá, Curso de Agronomia, Marabá, 2021.

1. Avicultura - Pará, Sudeste. 2. Aves - Criação. 3. Bioclimatologia.


4. Aviário. I. Araújo, José Anchieta de, orient. II.Título.

CDD: 22. ed.: 636.5


Elaborado por Adriana Costa – CRB-2/994
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
INSTITUTO DE ESTUDOS EM DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO E REGIONAL
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DE MARABÁ

Luigy Renan Nascimento Raiol

AVALIAÇÃO CLIMATOLOGICA E FISIOLOGICA DE AVES CAIPIRA NO


SUDESTE PARAENSE

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Bacharelado em
Agronomia do Campus Universitário de
Marabá, da Universidade Federal do Sul e
Sudeste do Pará, como requisito para
obtenção do título de Engenheiro
Agrônomo.

Orientador: Profº. Dr. José Anchieta de


Araújo.

Data de defesa: 15 de dezembro de 2021. Banca Examinadora:

__________________________________________
Prof. Dr. José Anchieta de Araújo (Orientador) -
Curso de Agronomia – Unifesspa/Campus
Universitário de Marabá/PA.

__________________________________________
Me. Romero Kadran Rodrigues Vieira – Mestre
em Produção Animal na Amazônia – Unifesspa
(Examinador I)

__________________________________________
Profª. Drª. Rayane Nunes Gomes - Doutora em
Zootecnia – UEPB/Campus VI (Examinador II).

MARABÁ – PA
2021
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais e irmãos, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.
Agradeço a minha mãe Rosângela Nascimento Raiol, heroína que me deu apoio,
incentivo nas horas difíceis, de desânimo e cansaço.
Ao meu pai Luis Raiol da Costa que apesar de todas as dificuldades me fortaleceu e
sempre se fez disponível a me ajudar com todas as etapas para o desenvolvimento
deste trabalho.
Aos meus irmãos Wanderson Correia Nascimento e Hanna Louyse Nascimento Raiol
pelo carinho e apoio durante minha vida
A minha namorada Amanda Oliveira de Souza Costa pelo carinho, palavras de
incentivo e que me trouxe leveza e tranquilidade para minha vida e ajuda na coleta de
dados para a construção deste trabalho.
Ao meu orientador Prof. Dr. José Anchieta de Araújo por acredita em meu potencial;
que me cedeu, além de todo o seu conhecimento de orientador, a oportunidade de
trabalho sendo seu orientador, o que contribuiu muito para meu aprendizado.
Ao Grupo de Estudo em Animais de Produção e Estatística (GEAPE), pelo
conhecimento e aprendizado em equipe.
Ao Engenheiro Agrônomo e Técnico de Laboratório de agronomia da Universidade
Federal do Sul e Sudeste do Pará - Unifesspa Igor Vinicius de Oliveira pela concessão
dos termômetros de globo negro.
Meus agradecimentos aos amigos Adonay Costa Ericeira e Matheus Eduardo
Cardoso, irmãos na amizade que fizeram parte da minha formação e que vão
continuar presentes em minha vida com certeza.
A todos os colegas da turma 2016 de Agronomia da Unifesspa do qual tive a
oportunidade de fazer parte.
A todos os professores do curso de agronomia por sua perseverança em ensinar em
tempo tão difíceis obrigado pelo conhecimento, aprendizado e contribuição para meu
crescimento pessoal e profissional
Enfim, a todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para que eu
concluísse minha graduação e realizasse este trabalho.
A todos o meu muito obrigado!
‘’ A satisfação reside no esforço, não no
resultado obtido. O esforço total é a plena vitória”

. Mahatma Gandhi
SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12

2.REVISÃO DE LITETARURA........................................................................................... 13

2.1.Fisiologia das Aves ..................................................................................................... 13

2.2.Biometeorologia Animal............................................................................................. 15

2.3.Temperatura .................................................................................................................. 16

2.4.Umidade relativa do ar ................................................................................................ 17

2.5.Variáveis climáticas..................................................................................................... 18

2.6.Índices bioclimaticos .................................................................................................. 19

3.MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 20

4.RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 24

4.1.Dados climáticos .......................................................................................................... 24

4.2.Dados fisiológicos ....................................................................................................... 26

5.CONCLUSÃO ................................................................................................................... 28

6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .............................................................................. 29


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Alojamento dos pintainhos.................................................................................. 21


Figura 2 Animais utilizados no experimento pintainhos de postura (a) e pintainhos de
corte (b). ................................................................................................................................. 22
Figura 3 Equipamentos utilizados no experimento: termômetro digital a laser (a),
termômetro clínico digital (b) e multímetros (c)................................................................ 23
LISTA DE TABELAS
T abela 1. Valores médios das variáveis climáticas, temperatu ra do ar (TA),
temperatu ra de globo n egro (TG), ín dices de temperatu ra do globo n egro e
u midade (ITGU) e Ín dice de temperatu ra e Umidade (ITU) u midade relativa do
ar (UR) ................................................................................................................................... 24
Tabela 2. Valores médios de Frequência respiratória (FR), Cloaca, Perna, Dorso e
Cabeça de aves tipo caipira ................................................................................................ 26
Tabela 3. Efeito da interação espécie vs horário na temperatura da cloaca.............. 27
RESUMO

O presente trabalho objetiva avaliar os parâmetros fisiológico de frangos em


função da variação climática nos meses de setembro, outubro e novembro, criados na
região sudeste do estado do Pará. O experimento foi realizado a partir da seleção de
70 pintainhos de dois genótipos diferentes, sendo eles do tipo corte pesadão: pescoço
pelado; pescoço pelado carijó, mesclado colorido e do tipo postura vermelha, que
foram separados por raça em dois boxes vizinhos de mesma dimensão. Para controle
eficiente dos dados obtidos, a aves foram numeradas e marcadas com tintas não
toxica. Dessa forma, depois de 3 dias de adaptação ao ambiente se iniciou o
monitoramento dos animais. O período do experimento ocorreu entre o dia 4 até o dia
65 de idade, durante os quais foram realizadas as medições das variáveis fisiológicas,
que foram realizadas uma vez por semana, das 06:00 às 18:00 horas, a cada duas
horas, nas 35 aves de cada genótipo. Os dados de temperatura de máxima (Tmáx),
temperatura de mínima (Tmín), temperatura de bulbo seco (TBs), temperatura de
bulbo úmido (TBu) e temperatura de globo negro (TG) foram obtidos por meio de um
termômetro de globo digital portátil da marca Extech, modelo HT30 instalado no abrigo
dos animais. De acordo com os dados obtidos foi possível avaliar a adaptabilidade
dos animais aos fatores climáticos e concluir que o bioclima para a produção de
frangos de corte ou galinhas de postura deverá ser alterado visando um cuidado maior
em relação a umidade relativa que excedeu em diversos horários o limite seguro.

Palavras-chave: avicultura, ambiência, conforto térmico, comportamento animal,


confinamento, instalações agrícolas
ABSTRACT

The present work aims to evaluate the physiological parameters of broilers as a


function of climatic variation in the months of September, October and November,
raised in the southeast region of the state of Pará.The experiment was carried out from
the selection of 70 chickens with two different genotypes, being they of type heavy
broilers: bald neck; bald neck carijo, mixed colored; black caipira and type red layer,
which have been separated by race into two next same size boxes. For obtain an
efficient data control, the poultry were numbered and marked with non -toxic ink. Thus,
after 3 days of adaptation to the environment, the monitoring of the animals began. The
period of the experiment occurred from day 4 to day 65 of age, the physiological
variables measurements were made once a week, from 6 a.m. to 6 p.m., every two
hours, in the 35 poultries of each genotype. The data of maximum temperature (Tmax),
minimum temperature (Tmin), dry bulb temperature (DBGT), wet bulb temperature
(WBGT) and black globe temperature (TG) were obtained using a portable digital globe
thermometer by brand Extech, HT30 installed at the aviry. According to the data
obtained it was possible to assess the animals’ adaptability to the climatic factors and
conclude that the bio-climate for the production of broiler or laying hens should be
changed aiming a greater care related to the relative humidity that exceeded in several
times the safe limit.

Keywords: poultry production, animal environment, thermal comfort, animal behavior,


confinement, rural installation
12

1. INTRODUÇÃO

A avicultura conceitua-se como a criação de aves para produção de alimentos,


especialmente carne e ovos, sendo que a galinha (Gallus gallus) é a principal espécie
criada, seguindo-se de perus, patos, gansos, codornas, marrecos e avestruzes, entre
outras de menor expressão econômica (MURAD; DA SILVA, 2014).
Embora a espécie Gallus gallus tenha sido domesticada por volta do ano de
3.200 a.c., a exploração comercial, para a alimentação humana, desenvolveu -se,
somente, a partir do início do século XX e teve na 2ª Guerra Mundial seu elemento
impulsionador, passando de atividade de consumo doméstico, para exploração
econômica com crescente uso de tecnologia (OLIVEIRA et al.,2004).
Os primórdios da avicultura brasileira foram iniciados por produtores familiares,
vigentes até hoje em várias regiões do País. Com a predominância de animais
rústicos, como os das linhagens “caipiras”, a produção de frangos juntamente de
outras atividades era responsável pela constituição de renda da propriedade
inicialmente voltada à subsistência, prevendo a comercialização apenas dos
excedentes, a avicultura tornou -se rapidamente comercial pouco antes de 1930 na
região sudeste durante a chegada dos imigrantes japoneses em São Paulo
(ALFREDO et al., 2006).
Levando em consideração a fisiologia das aves, sobretudo sua homeotermia,
pode-se afirmar que um dos fatores de maior limitação para produção animal é o clima.
A manutenção da homeotermia é obtida por uma série de ajustes fisiológicos,
morfológicos e comportamentais, que objetivam minimizar a diferença líquida entre o
calor produzido e perdido pelo organismo (SILVA et al., 2009)
Neste contexto, uma instalação adequada é essencial para trazer um retorno
rentável da produção, dessa forma é necessário viabilizar as condições ambientais
dentro das instalações através do controle da temperatura, da umidade relativa do ar,
da radiação solar e da velocidade e qualidade do ar, esses fatores estão intimamente
ligados com o bom desempenho do lote, assim, o controle do ambiente é uma das
características principais para garantir o conforto e bem-estar das aves e melhorar a
qualidade do produto final, fazendo-se necessário estudar a capacidade de adaptação
de frangos de corte e de postura, através de variáveis fisiológicas e ambientais, para
verificar qual das linhagens estudadas, obtém o melhor resultado de adaptação ao
clima da região norte do Brasil.
13

Diante da necessidade de conhecer as condições para a produção dessa


atividade no estado do Pará, haja vista, a falta de estudos a qual justifica a realização
de pesquisas nessa área, tem-se a finalidade de produzir dados de referência para a
região, e como consequência garantir o bem-estar dos animais, melhorando a
eficiência na produção e a rentabilidade no trabalho para pequenos agricultores. O
presente trabalho objetiva avaliar os parâmetros fisiológico de frangos em função da
variação climática nos meses de setembro, outubro e novembro, criados na região
sudeste do estado do Pará.

2. REVISÃO DE LITETARURA

2.1. Fisiologia das Aves

A fisiologia conceitua-se como ciência que descreve o funcionamento do


organismo do animal. Em situações de normalidade, o sistema do animal busca
constantemente manter um estado de homeostase, no entanto, existem mecanismos
capazes de romper este equilíbrio através de respostas à diversos estímulos
negativos. Em condições estressantes, as aves podem demonstrar algumas
alterações fisiológicas, relacionadas às mudanças no eixo do estresse (FREEMAN,
1988).
Os resultados se resumem em aumento da taxa cardíaca, elevação na
corticosterona plasmática e níveis de catecolaminas, atrofia e hipertrofia atrofia da
glândula adrenal, imunossupressão, modificaçõ nos hormônios reprodutivos e nos
hormônios de crescimento, além de mudanças neuroquímicas (FREEMAN, 1988).
Os fatores ambientais podem ter efeito tanto positivo quanto negativo sobre a
produção de frangos, aumentando ou amenizando as condições de estresse. Assim,
altas temperaturas reduzem o consumo de alimento e prejudicam o desempenho,
enquanto baixas temperaturas podem melhorar o ganho de peso, mas prejudicam a
conversão alimentar (FURLAN & MACARI, 2002). Da mesma forma, aves que em
exposição a elevadas temperaturas, apresentam maiores índices de temperatura retal
e de freqüência respiratória em condições de estresse térmico são menos resistentes
ao calor (EBERHART & WASHBURN, 1993; MAZZI, 1998; YAHAV et al., 1998).
O bem-estar animal e a produção estão intimamente ligados às condições
ambientais em que o lote é submetido, a atividade dos animais naturalmente varia
14

conforme a temperatura, o horário do dia e com as condições de criação. As aves são


animais classificados como homeotermos, pois apresentam a capacidade de manter a
temperatura interna constante. Além disso, podem ser consideradas um sistema
termodinâmico aberto, por estarem em troca constante de energia com o meio (BAÊTA
& SOUZA, 1997).
A oscilação da temperatura corporal de uma ave fica entre os 41°C, e o
equilíbrio homeostático ocorre através das trocas de calor com o meio. Caso uma ave
estiver submetida à uma umidade e temperatura elevadas, ocorrerá uma severa
dificuldade para trocar ou perder calor com o meio, dessa forma, gerando um
acréscimo da temperatura corporal (BARBOSA FILHO, 2004; ÉLSON, 1995;
MELTZER, 1987). Sendo assim, para monitorar as variações de temperatura corporal
das aves, adota-se como parâmetro as temperaturas cloacal, da crista, do dorso e do
pé. A partir disso, obtém-se os resultados da adaptação do organismo diante ds
condições ambientais do local de criação.
Além de ocorrer aumento da temperatura corporal, através do estresse térmico
as aves apresentam também o aumento da ofegação, que caracteriza-se como uma
maneira de perda de calor latente por meio da evaporação na tentativa de evitar a
hipertermia. Esse aumento na ofegação das aves é medido pela contagem da
frequência respiratória (BARBOSA FILHO, 2004).
Outro fator de acentuada relevancia referente aos métodos citados de troca de
calor dos animais, é o aumento no consumo de água. A ingestão de água é
influenciada por diversos fatores, como a umidade relativa do ambiente, a
temperatura, função fisiológica, espécie animal, idade do animal (BERTECHINI,
2004). Segundo Sturkie (1967), a ave, ao sentir calor, aumenta seu consumo de água
mais que o usual, logo a porcentagem do consumo de água é maior em ambientes
mais quentes. Dessa forma, em temperaturas superiores a 30°C, é possível que o
consumo de água sofra o acréscimo de até 50% no volume diário consumido e a
principal razão para este incremento no consumo seria uma maior perda de água por
evaporação pelas vias respiratórias (COSTA, 2002). Os estudos de Beker & Teeter
(1994) infatizam que a temperatura da água fornecida para as aves é relevante, pois
esta intervém no seu consumo, que tende a decrescer na proporção em que a
temperatura da água aumenta.
Diante do exposto, é possível concluir que o bem-estar animal é um dos
principais responsáveis por manter a homeostasia do organismo, gerando assim bons
15

resultados na produção dos animais. No entanto, esse conforto até a alguns anos era
visto como um problema secundário, tan to do ponto de vista ecológico, quanto
produtivo. Em se tratando de condições ambientais, a variável predominante no
desempenho das aves é a temperatura, já que ela se encontra diretamente
relacionada ao metabolismo destas. Sendo assim, as novas exigências do mercado
pautam a questão ambiental, a segurança alimentar e o bem-estar animal, pois estes
respondem invariavelmente pelo ambiente térmico, conforme observado por Tinôco
(1988).

2.2. Biometeorologia Animal

A Biometeorologia é a área encarregada de analisar e planejar as ações


relacionadas à três vertentes principais: a animal, a fim de estudar ambientes e
determinar situações de estresse e conforto térmico; a vegetal, que visa estudar as
trocas térmicas entre as plantas e o meio ambiente; e a humana, que, assim como a
vertente animal, estuda os ambientes e construções para encontrar pontos de
estresse e conforto, através da análise de parâmetros meteorológicos como
temperatura, umidade relativa e velocidade do vento (CAMPOS et al., 2017).
O estudo biometeorologico baseia-se nas relações entre animais e ambiente,
u ti l iz an do a n á l is es a p a r ti r d a v a r i a ç ã o do calor que entra e que sai do
organismo dos seres vivos. O resultado define se um animal pode ou não manter sua
temperatura corporal dentro de limites aceitáveis para a sobrevivência. Dessa forma,
a s informações d e v e m s e r precisas em relação a o local de produção e a espécie
animal que será avaliada, estendendo a percepção dos elementos meteorológicos,
conhecendo as veriáveis fisiológicas e comportamentais dos animais, objetivando
continuamente a certificação do bem-estar e como consequência o aumento da
produtividade.
Em seus estudos Baldwin (1979), segregou os componentes ambientais em
físicos (temperatura, umidade, ventilação, tipologia das instalações), sociais
(hierarquia, tamanho e composição do grupo, presença ou ausência de animais
estranhos) e inseriu o item manejo (dieta, formas de arraçoamento). O ambiente físico
responsável por englobar os elementos meteorológicos capazes de afetar os
mecanismos de transferência de calor proporciona grande influência diante do
desempenho e a saúde dos animais. Nesse contexto, conhecer como se comporta o
16

equilíbrio térmico dos animais em função das condições meteorológicas do ambiente


pode ser útil para melhorar o manejo e as construções de abrigos para os animais
(SILVA et al., 2002).
A habilidade dos seres vivos de sobreviver ocorre devido a manutenção de um
equilíbrio complexo, dinâmico e harmonioso, denominado homeostase, o qual é
resultante de respostas fisiológicas reguladoras (COSTA, 2002). Assim, toda vez que
o organismo é ameaçado, fisicamente ou psicologicamente, ocorre uma série de
respostas adaptativas que se contrapõem aos efeitos dos estímulos, para tentar
restabelecer a homeostasia. Nesta condição dizemos que o animal está em estado de
estresse (COSTA, 2002). Para regular a troca de calor existem as regiões corporais
denominadas de janelas térmicas. Nestas áreas, o fluxo de calor é mantido pelo
controle e modificação da circulação sanguínea, via vasoconstricção e vasodilatação
(ŠUMBERA et al., 2007).
Em geral, as trocas de calor entre o animal e o ambiente das instalações, onde
a temperatura é inferior a 25ºC, predominam os processos não evaporativos, em que
15% das perdas de calor se dão por condução, 40% por radiação, 35% por convecção
e somente 10% por evaporação. No entanto, em locais onde a temperatura do meio
se encontra acima de 30ºC predominam as perdas por processos evaporativos, por
evaporação de água na superfície da pele, proveniente de sistemas de climatização e
pela respiração (ESMAY, 1982). Portanto, considerando as altas temperaturas da
região Norte, as trocas de calor dos galináceos é feita predominantemente através da
evaporação, por isso em dias mais quentes é possivel observar uma elevação da
frequência respiratória dos animias.

2.3. Temperatura

Dentre os fatores ambientais, os térmicos que são representados pela


temperatura do ar, umidade, radiação térmica e movimentação do ar, são os que
afetam de forma mais categórica as aves. Pois afetam sua função vital mais
importante, que é a manutenção da própria homeotermia, alcançada por meio de
processos sensíveis e latentes de calor (TINÔCO, 2001).
O conforto térmico ocorre a partir de uma determinada faixa de tempereatura
para os seres vivos, esta apresenta variância dependente da espécie e de sua
constituição genética, tamanho corporal, dieta alimentar, peso, idade, estado
17

fisiológico, exposição prévia ao calor (aclimatação), umidade relativa do ar (UR),


variação da temperatura de bulbo seco (Tbs), radiação incidente no ambiente de
criação (Qg) e velocidade do vento (Vv) (CURTIS, 1983; TEETER, 1990). Entretanto,
existe um intervalo comum de valores de temperatura do ambiente no qual as aves
estão inseridas, nele o controle térmico da temperatura interna do organismo, ocorre
de maneira mais eficiente.
Diante disso, o intervalo de temperatura responsável por manter a homeotermia
exigindo um menor gasto energético pelo animal é definido como faixa ou zona de
conforto térmico, no qual as aves irão apresentar uma maior eficiência produtiva
(RUTZ, 1994; SOUSA, 2005).
As prováveis conseqüências das variações da temperatura diante do
comportamento produtivo das aves se associam ao decréscimo no ganho de peso e
na eficiência alimentar quando submetidas a temperaturas mais baixas que 10 °C. Na
faixa dos 10ºC aos 21 °C a eficiência alimentar continua insuficiente, entre 15ºC e 26
°C observa-se a melhora da eficiência alimentar em conjunto com o ganho de peso,
considerando a temperatura de 20 °C ideal para ganho de peso em aves de corte.
Temperaturas de 29 a 32 °C o consumo alimentar diminui, então o ganho de peso é
baixo; temperaturas de 32 a 35 °C o consumo alimentar sofre um decréscimo, o ganho
de peso é insuficiênte, o consumo de água é estimado em mais que o dobro do normal
nesta faixa de temperatura ambiente, além disso a temperatura corporal da ave sofre
um aumento; temperaturas de 35 a 38 °C tenderão a prostração por calor, com isso é
preciso aplicar medidas de emergência para fornecer o resfriamento das aves. A luta
pela sobrevivência é o objetivo principal nessa faixa de temperatura (MEDEIROS,
2001).
Sendo assim, considerando a faixa de variação da temperatura interna das
aves entre 40-41 ºC, a temperatura ambiente recomendada para o frango de corte,
poedeiras e matrizes, segundo Ferreira (2005), tem a possibilidade de oscilação na
faixa dos 15ºC aos 28 ºC, vale ressaltar que nos primeiros dias de vida a temperatura
deve permanecer na faixa dos 33ºC a 34 ºC, o que depende da umidade relativa do
ar, a qual pode variar de 40 a 80%.

2.4. Umidade relativa do ar


18

Nos estudos de North & Bell (1990) a temperatura do ambiente e a umidade


relativa estimulam a dissipação do calor sensível e latente do corpo. A umidade
relativa do ar e a temperatura, em conjunto, são as duas variáveis climáticas que
proporcionam maior influência ao conforto térmico animal, já que em temperaturas
elevadas, o principal meio da perda de calor das aves é a evaporação, a qual depende
da umidade relativa do ar (BAETA; SOUZA, 2010). Dessa forma, explica-se que se a
umidade for elevada, a evaporação é lenta, reduzindo-se a perda de calor e alterando
o equilíbrio térmico da ave (VALÉRIO, 2000).
A capacidade das aves em suportar o calor é inversamente proporcional ao teor
de umidade do ar, como explica Oliveira et al., (2004). Desse modo, quanto mais
elevada for a umidade relativa do ar, maior será a dificuldade que a ave terá de
eliminar o calor interno através das vias aéreas, o que resulta no aumento da
frequência respiratória.
Diante disso, é essencial garantir que o ambien te dentro do local de criação
seja limpo, arejado, tenha a temperatura e a UR adequadas para o lote, pois a
umidade relativa do aviário é função da temperatura ambiente e do fluxo de vapor de
água que entra no galpão pelo sistema de ventilação, pelo sistema de resfriamento
evaporativo e da quantidade de vapor de água proveniente dos bebedouros das aves
e dos dejetos (BAÊTA e SOUZA, 2010).
Diante do exposto, a faixa de umidade relativa do ar necessária para melhorar
a produção de frangos, segundo Hicks (1973) está situada entre 35 e 75%, em contra
partida Donald (1998) cita como recomendação a faixa de UR entre 50 e 60%. De
acordo com estes autores, as trocas térmicas entre o animal e o meio, não são
afetadas nesses intervalos de UR.

2.5. Variáveis climáticas

É fato que a variação climática gera alterações consideráveis do meio


ambiente, fenômeno que afeta diretamente o desempenho e a produção animal. De
maneira mais direta, as mudanças no clima podem intensificar o estresse térmico em
consequência as alterações no equilíbrio da energia térmica entre o animal e o
ambiente, o qual é influenciado pelos fatores ambientais (radiação, umidade relativa,
temperatura e velocidade do vento) e mecanismos de termorregulação (evaporação,
convecção, radiação e condução) (SIROHI & MICHAELOWA, 2007). Assim, quaisquer
19

alterações nesses fatores podem modificar a zona de termoneutralidade e provocar


desconforto para o animal.
Em se tratando da influência da variação climática na região Norte, em relação
à criação dos diferentes genótipos de galináceos, observa-se que uma das grandes
dificuldades em se avaliar os impactos das mudanças do clima nos índices
relacionados ao bem-estar animal são as incertezas sobre as alterações nos valores
de umidade relativa do ar; sendo assim, para realização de estudos mais detalhados,
Silva et al. (2007) propõem a utilização de um modelo estatístico com ótimo
desempenho e consistência física, possibilitando assim o conhecimento dos possíveis
efeitos acerca das mudanças climáticas diante dos valores n ormais da umidade
relativa do ar.
Para evitar situações inesperadas e manter uma aclimatação com temperaturas
menos variáveis e mais próxima aos valores condizentes ao conforto térmico, é
importante adequar o material utilizado na construção dos aviários, principalmente o
material do telhado, o qual deve permitir bom isolamento térmico para que a
temperatura interna seja menos influenciável à variação climática e proporcione maior
conforto térmico para as aves. Para manter essa temperatura interna dentro da zona
de conforto térmico das aves, várias alternativas têm sido sugeridas, tais como:
orientação e dimensões dos aviários, lanternim, quebra-ventos, sombreiros, tipos de
cobertura, forros, ventiladores, paisagismo circundante e uso de material isolante.
Essas alternativas devem ser adotadas antes de serem utilizados os sistemas de
condicionamento térmico artificial (ABREU et al., 1999).

2.6. Índices bioclimaticos

Os índices bioclimáticos no interior das instalações, como por exemplo, no


galpão de frangos de corte, afetam direta e indiretamente na produção, sobrevivência
e no bem-estar das aves, e dentre os fatores ambientais, os fatores térmicos são
aqueles que os afetam mais diretamente (TINÔCO, 2001). Sendo assim, julga-se o
conforto térmico no interior das instalações avícolas um fator de extrema importância,
pois as condições climáticas inadequadas podem afetar negativamente tanto na
produção dos frangos de corte quanto na de postura, logo tanto o excesso de frio
quanto de calor oferece ambientes negativos de criação.
20

Nas análises sobre o conforto ou desconforto dos animais pelos elementos


climáticos, comumente são utilizados índices que unificam os seus efeitos e que
possuem relação com indicadores fisiológicos e comportamentais dos animais
(NEVES et al., 2009; AVILA et al., 2013; MARINS et al., 2020). São bons exemplos
de indicadores, o índice de temperatura do globo negro e umidade (ITGU) e o índice
de temperatura e umidade (ITU), que vem sendo bastante utilizados.
Segundo Barnwell & Rossi (2003) temperatura ideal no interior dos aviários
deve ser de 21,1ºC, umidade relativa do ar com média de 50% e velocidade do vento
entre 2,29 e 2,41 m s-1; entretanto Nicholson et al. (2004) recomendam que a
temperatura para frangos na fase inicial esteja entre 32ºC a 35ºC, havendo um
decréscimo a cada dois dias de 1,0ºC, e que a partir da terceira semana deve ficar
entre 20ºC e 24ºC. Caso ocorra uma variação inadequada dos índices bioclimáticos,
é necessário dar atenção especial à tipologia das instalações e ao acondicionamento
térmico do ambiente (FURTADO et al., 2003; 2005; BUENO & ROSSI, 2006).
Sendo assim, na criação animal os estudos bioclimáticos possibilitam a escolha
da espécie que melhor se adapte a certa condição climática, por conseguinte, se
elevam as chances de sucesso na produção (TURCO et al., 2006; SILVA et al., 2008;
MENDES et al., 2014).

3. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no setor de avicultura da Fazenda Santa Rosa


(Figura 1), localizada no município de Marabá, Estado do Pará, estando a uma altitude
de 76 metros, 5º.22’41.9” de latitude Sul e a 49º14’54.8” de longitude oeste. O clima
é classificado como equatorial, apresentando temperatura média anual de 32,35°C e
máximas em torno de 37,01°C e mínima de 22,71°C.
21

Figura 1 Alojamento dos pintainhos

Os animais selecionados para a realização deste experimento foram 70


pintainhos de um dia e dois genótipos diferentes (figura 2), sendo eles do tipo postura
vermelha (Rhode Island Red) (Figura 2a) que possuem as seguintes características;
cristas avermelhas e brincos de cor vermelha. Os olhos grandes possuem também
cor avermelhada e a sua penugem pode ser de cor vermelha ou branca, já o outro
genótipo utilizado para corte (Figura 2b) pesadão: pescoço pelado; pescoço pelado
carijó, mesclado colorido que são aves do tipo caipira melhorado voltados para a
produção de carne.
O aviário utilizado nesse trabalho, possuía as seguintes as dimensões de 2,5m
de altura interna 1,5m de largura e 3m de comprimento para cada box, telhado brasilit
6mm 244x110. As aves ficaram alojadas no local durante um período de 65 dias,
alimentadas com ração comercial, de acordo com a fase de desenvolvimento, a água
ad libitum.
22

Figura 2 An imais u tilizados n o experimento pintainhos de postura (a) e


pin tainhos de corte (b).

Durante todo o período experimental, as aves foram criadas no sistema


intensivo de confinamento. Para organizar a coleta dos dados obtidos, os pintainhos
foram enumerados e marcados com tinta não toxica, facilitando a visualização e a
identificação deles, nas duas linhagens estudadas. Para garantir uma melhor
acomodação das aves no local, foi estabelecido um período de adaptação de três
dias, em seguida iniciou-se o monitoramento dos animais dos 4 aos 65 dias de idade,
neste período foram realizadas as aferições de temperatura das aves e do local das
06:00 até as 18:00 horas.
Através dos registros das avaliações das variáveis fisiológicas foram obtidos os
dados de frequência respiratória, temperatura da cabeça, temperatura de dorso e
temperatura de pata das aves e temperatura corporal, através da cloaca. A medição
destas variáveis foi realizada uma vez por semana, a cada duas horas dentro do
intervalo de tempo citado.
A verificação da frequência respiratória foi feita por dois observadores através
da contagem do número de movimentos abdominais realizados pelas aves por um
período de 15 segundos, através de um cronômetro digital, em seguida o valor foi
multiplicado por quatro para obter o número de movimentos realizados em um minuto.
Após o registro da frequência respiratória foi feita a medição da temperatura de crista,
dorso e pata, que foram realizadas por meio de um termômetro digital infravermelho
23

posicionado perpendicularmente sob a região anatômica do corpo do animal (Figura


3a). Por fim, para a temperatura corporal a coleta dos dados foi feita com o uso de um
termômetro clínico digital (Figura 3b), introduzido perpendicularmente na cloaca das
aves, com emissão de sinal sonoro à estabilização da temperatura e posterior leitura.
Os dados de temperatura, temperatura de bulbo seco (TBs), temperatura de
bulbo úmido (TBu) e temperatura de globo negro (TG) foram obtidos por meio de um
termômetro de globo digital portátil da marca Extech, modelo HT30 instalado no abrigo
dos animais (Figura 3c). As variáveis foram coletadas sete vezes ao dia (6:00, 8:00,
10:00, 12:00, 14:00, 16:00 e 18:00 horas), durante o período experimental. Foi feito
também o cálculo do ITGU, conforme indica Buffington et al. (1981) e o ITU conforme
Thom (1958).

Figura 3 Equ ipamentos utilizados n o experimento: termômetro digital a laser


(a), termômetro clín ico digital (b) e mu ltímetros (c).

As variáveis fisiológicas foram avaliadas utilizando-se o delineamento


inteiramente casualizado, com arranjo em parcelas subdivididas. As duas linhagens
foram consideradas como parcelas, o horário do dia o fator subparcela e os dias de
coleta como repetição. Considerando as duas linhagens como tratamento, as
variáveis fisiológicas foram submetidas à análise de variância e posteriormente as
médias comparadas pelo teste Tukey a 5% de significância. As variáveis bioclimáticas
24

foram submetidas a análise de variância, e as médias comparadas pelo teste Tukey a


5% de probabilidade. Todas as análises estatísticas foram analisadas com o auxílio
do software R versão 2021.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Dados climáticos

São apresentados na (Tabela 1) os valores médios das variáveis do clima, bem


como os índices ambientais, temperatura do ar (TA), temperatura de globo negro (TG),
umidade relativa do ar (UR), índice de temperatura do globo negro e umidade (ITGU)
e Índice de temperatura e Umidade (ITU), nos diferentes horários analisados.

T abela 1. Valores médios das variáveis climáticas, temperatu ra do ar (TA),


temperatu ra de globo n egro (TG), ín dices de temperatu ra do globo n egro e
u midade (ITGU) e Ín dice de temperatu ra e Umidade (ITU) u midade relativa do
ar (UR)

Horários TA (°C) TG (°C) ITGU ITU UR (%)

06:00 27,49 c 25,81d 75,72d 77,40d 76,18ab


08:00 27,99 c 26,97d 77,66d 78,68cd 80,44a
10:00 29,93 bc 29,77c 81,05c 81,21bc 75,22abc
12:00 31,82 ab 32,01bc 83,82abc 83,63ab 68,70bcd
14:00 33,99 a 34,47a 86,59a 86,11a 62,78d
16:00 34,16 a 33,76ab 85,71ab 86,11a 59,58d
18:00 32,49 ab 31,83bc 83,59bc 84,24ab 65,41cd
CV (%) 6,23 5,44 2,43 2,70 11,09
As médias seguidas das mesmas letras nas colunas não dif erem entre si a 5% de probabilidade pelo
teste de Tukey. CV = coef iciente de variação.

Os dois elementos climáticos altamente correlacionados, temperatura e


umidade, são ao conforto térmico animal, uma vez que, em temperaturas muito
elevadas (acima de 35ºC), o principal meio de dissipação de calor das aves é a
evaporação, que depende da umidade relativa do ar (BAETA & SOUZA, 1997).
Segundo com Ferreira (2005), as temperaturas entre 15 e 28 °C, para frangos
de corte, poedeiras e matrizes, contudo, avaliando se as médias das temperaturas, as
quais a Máxima ficou em torno de 34°C e Mínima de 24°C durante os três meses do
25

experimento, compreendidos entre os meses Setembro, Outubro e Novembro do


presente ano, o qual a temperatura ambiente para os frangos estiveram acima da zona
considerável de conforto para aves, evidenciando a ocorrência de estresse por calor,
já as temperaturas mínimas, estiveram dentro da faixa tolerável de conforto para as
mesmas.
Segundo Tinôco (2004), um ambiente é considerado confortável para aves
quando apresenta umidade relativa do ar de 50 a 70%. Durante o experimento a
umidade relativa apresentou esteve mais baixa às 16:00 horas e com os maiores
valores compreendidos nos horários das 06:00 às 10:00 horas, enquadrando se
dentro da mínima proposta por Tinoco (2004), nos horários de 12:00, 14:00, 16:00 e
18:00 horas, estiveram consideráveis dentro da faixa de conforto. Porém a UR
constou-se fora da faixa considerada permitida ao ultrapassar, valores acima de 70%,
os quais foram observados respectivamente nos horários das 06:00 às 10:00 horas,
notado esses valores elevados de umidade relativa, podendo ser atribuídos ao clima
quente e úmido de nossa região.
Referenciando valores de ITU = 70 – condição normal; 70 a 78 – crítico; 79 a
83 – perigo e ITU > 83 – emergência. De forma que avaliados foram considerados que
os horários de 06:00 e 08:00 ficaram na faixa de 74 a 78 que exigem cuidado e alerta;
10:00, 12:00 e 18:00 apresentaram 79 a 84 que são considerados perigosos; 14:00 e
16:00 apresentaram valores acima de 85 sendo uma condição de emergência,
podendo causar a morte dos animais.
Pode-se notar elevado aumento nos valores de ITGU das 10:00 horas até às
18:00 horas (Tabela 1). Os horários de 12:00 e 14:00 e 16:00 horas foram os que
apresentaram maiores valores de ITGU, nestes horários o ITGU esteve acima do limite
aceitável de conforto que é de 77 para frangos de corte (FURTADO et al., 2003). Visto
que de forma positiva os horários de 06:00, 08:00, horas, estiveram dentro do limite
adequado e caracterizado como a zona de conforto térmico para as aves.
26

4.2. Dados fisiológicos

Na Tabela 2 estão dispostos os dados referentes as variáveis fisiológicas.

T abela 2. Valores médios de Frequ ência respiratória (FR), Cloaca, Perna,


Dorso e Cabeça de aves tipo caipira
Temperatura Superficial (°C)

Espécie FR Cloaca
Perna Dorso Cabeça
(Mov / Min) (ºC)

Postura 42,80 a 36,82b 37,70 a 36,92 a 41,18

Corte 44,00 a 37,66a 38,01 a 37,36 a 41,11

Horário

06:00 39,56 c 35,85d 36,735 d 36,15 d 40,75

08:00 41,08 c 35,39d 36,84 cd 36,28 cd 40,51

10:00 39,24 c 36,88c 37,31 c 36,65 c 40,9

12:00 39,84 c 37,62b 38,05 b 37,46 b 41,14

14:00 51,60 a 38,79a 38,97 a 38,20 a 41,53

16:00 48,75 ab 38,59a 38,9 a 38,07 a 41,65

18:00 44,16 bc 37,53b 38,17 b 37,14 b 41,51

CV (%) 15,77 1,7 1,35 1,18 0,57

As médias seguidas das mesmas letras nas colunas não dif erem entre si a 5% de probabilidade pelo
teste de Tukey. CV = Coef iciente de variação.

Houve diferenças significativas (p< 5) para as variáveis, frequência respiratória,


temperatura de Cabeça, temperatura de dorso e temperatura de pata nos diferentes
horários estudados ao longo do dia, valores elevados de Temperatura de Cabeça e
Dorso, foram obtidos nos horários de 14:00 e 16:00 horas. Com maior pico às 14:00
horas para a temperatura de Dorso e temperatura de Pata com maior valor no horário
de 14:00 horas.
Observando a frequência respiratória das aves ao longo dos intervalos de
análise, constatou-se que o período de maior calor do dia 14:00 e 16:00 horas a
frequência respiratória (FR) foi mais elevada. Para Santos et al. (2012), em alta
27

temperatura do ambiente as aves apresentam elevação da temperatura corporal,


como resposta, aumentam a frequência respiratória e promovem vasodilatação nos
músculos esqueléticos para maior dissipação de calor e redução da temperatura
corporal.
Oliveira et al. (2006) afirmam que a capacidade das aves em suportar o calor é
inversamente proporcional ao teor de umidade do ar. Quanto maior a umidade relativa
do ar, mais dificuldade a ave tem de remover calor interno pelas vias aéreas, o que
leva ao aumento da frequência respiratória, fatores que acabam afetando a função
vital mais importante das aves, que é a manutenção da própria homeotermia,
alcançada por meio de processos sensíveis e latentes de calor.
De acordo com Nããs et al. (2010), regiões com ausência de penas, as patas,
por exemplo, acabam fornecendo um maior gradiente de temperatura superficial, que
podem ser consideradas como um sítio de termólise, podendo ser considerada como
uma janela térmica para a dissipação de calor. Giloh et al. (2012) citam que o
acrescente da temperatura ambiente resulta no acréscimo da temperatura superficial
nas aves, devido a vasodilatadores periféricos, sendo considerado uma resposta
fisiológica para aumentar a dissipação térmica.
Em relação as aferições da temperatura interna das aves (Tabela 3) são
possíveis constatar não houve diferença significativa da variação da Temperatura da
Cloaca em função do efeito de interação espécie vs horário as 06:00, 08:00, 10:00 e
12:00 horas, sendo importante destacar que o horário de 14:00 para os animais de
corte, 16:00 horas para as duas espécies e 18:00 para a postura apontaram ser
estatisticamente idênticas assim com 14:00 horas da espécie de postura com 18:00
horas da espécie de corte.

T abela 3. Efeito da in teração espécie vs h orário n a temperatura da cloaca

Horário (h)
Espécie
06:00 08:00 10:00 12:00 14:00 16:00 18:00
Postura 40,8Ade 40,6Ae 40,9Acd 41,2Abc 41,4Bab 41,6Aa 41,7Aa
Corte 40,7Ade 40,4Ae 40,8Acd 41,1Abc 41,7Aa 41,7Aa 41,4Bab
Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na coluna e minúsculas distintas na linha dif erem pelo
teste Tukey (P<0,05). CV = coef iciente de variação.

De maneira geral os animais mantiveram a temperatura interna dentro dos


perímetros considerados normais. De acordo com Ferreira (2005) temperatura interna
28

das aves, varia entre 40-41 °C, indicativo de temperatura ambiente para frango de
corte, já Barbosa Filho (2004) e Furlan (2002) citam valores de 41,7ºC e valores
variando de 41ºC a 42ºC.
Os fatores ambientais podem ter efeito tanto positivo quanto negativo sobre a
produção de frangos, aumentando ou amenizando as condições de estresse.
Conhecer essas variações e aprimorar mecanismos de regulação do ambiente, são
fatores fundamentais para mitigar as atividades fisiológicas que as aves são obrigadas
a realizar para garantir a homeotermia, a fim de manter a temperatura corporal
constante, que segundo Santos et al. (2012), está em torno de 41° C.

5. CONCLUSÃO

Nas avaliações feitas, nota-se que o bioclima durante o período estudado na


região sudeste do estado do Pará demanda de um cuidado maior em relação a
umidade relativa, a qual excedeu em diversos horários o perímetro seguro e por
consequência disso excedendo os limites em algumas variáveis fisiológicas dos
animais utilizados no estudo, sendo necessário ajustar as instalações de modo que
elas passem a oferecer um ambiente mais confortável aos animais, com o objetivo de
amenizar o estresse térmico durante as horas mais quentes do dia, mantendo assim
um bom desempenho produtivo dos animais.
29

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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