Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
http://ojs.fsg.br/index.php/pesquisaextensao
ISSN 2318-8014
a) Curso de Medicina Veterinária, Centro Universitário da Serra Gaúcha, Caxias do Sul, RS.
1 INTRODUÇÃO
Fungos filamentosos estão sendo estudados na última década, como uma das principais
causas de infecções em pacientes imunocomprometidos. A aspergilose, causada pelo gênero
Aspergillus sp. é uma infecção de grande importância para a saúde humana, animal e vegetal (CHO,
et al., 2019; ALMEIDA, 2008). Devido a sua ampla variabilidade, o gênero Aspergillus está
presente como um dos contaminantes mais comuns de alimentos, solos, e ambientes hospitalares
(GAUTIER et al., 2016).
O gênero Aspergillus sp. tem sua dispersão por meio de reprodução assexuada e sexuada
(ROCKAS et al., 2013). Apresenta crescimento rápido, entre três e seis dias, em ambiente
controlado. Fungos desse gênero apresentam aparência cotonosa, com periferia branca, tornando-se
granulosa à medida em que a colônia envelhece. Classificado como um fungo oportunista, os
causadores da aspergilose, dispersam-se por esporos, ao qual funciona também como mecanismo de
transmissão da patologia via aerossol (CHO, et al., 2019).
O objetivo principal deste trabalho é trazer mais informações sobre os fungos do referido
gênero, devido a sua grande ocorrência ambiental e sua capacidade de infecção na rotina médica de
humanos e animais. Para isso, serão abordados aspectos como epidemiologia, etiologia, patogenia,
diagnóstico, tratamento e prevenção de infecções fúngicas por Aspergillus sp..
2 REFERENCIAL TEÓRICO
3 METODOLOGIA
Conforme classificação científica, Aspergillus sp. pertence ao reino Fungi, filo Ascomycota,
família Trichocomaceae. Este grupo fúngico ainda é separado por espécies. Estima-se que existam
339 espécies deste referido, habitando o solo (GAUTIER et al., 2016). Suas diferenças
morfológicas é o que auxilia no diagnóstico, sendo divididos em unisseriados, ao qual produz
apenas uma filaide primária entre a vesícula e o conídio, e os bisseriados, que possuem duas
camadas de estruturas (FISHER, Fran; COOK, B. Norma., 2001).
flavus, A. niger, A. fumigatus, sendo esta última uma das colônias mais estudadas devido a sua alta
virulência em humanos e sua crescente resistência no tratamento antifúngico (MEIS et al., 2016). .
5 PATOGENIA
Todos os órgãos podem ser atingidos pela aspergilose, sendo ela de formação crônica ou
aguda. Conhecida como aspergilose invasiva, o comprometimento de órgãos fora do sistema
convencional, respiratório, se deve principalmente ao estado responsivo do animal e a cepa invasiva
do organismo (LATGÉ, 1999).
grave. A doença pode ser crônica ou aguda, sendo a primeira resultante de uma exposição
extenuada de esporos fúngicos em indivíduos imunodeprimidos, e a segunda devido a grande carga
de esporos ambientais, advindos normalmente de camas contaminadas de aviários, e ventilação
inadequada nas granjas (MIRKOV et al., 2019). A doença também acomete aves silvestres, devido
a ampla disseminação destes fungos (ABRAMS et al., 2001).
Quando os esporos de Aspergillus invadem dos seios paranasais para os tecidos orbitais, é
conhecido como aspergilose sino-orbital, com sinais clínicos de abaulamento ao redor dos olhos,
edemaciação de pálpebra, além de agravantes neurológicos como tremores e desequilíbrio. É
comum também o paciente imunocomprometido, portador de uma grande massa fúngica, apresentar
sinusite e rinites, com descarga nasal mucopurulenta, além de desconforto na área, podendo ser
bilateralmente ou unilateral as narinas (SANCHES et al., 2007).
6 EPIDEMIOLOGIA
Os fungos do gênero Aspergillus são a segunda causa mais importante de infecções fúngicas
em humanos, responsável pelo maior número de mortes por fungos (LATGÉ, 1999). Além disso,
estas espécies também afetam animais e plantas.
As espécies de Aspergillus sp. são difundidas e amplamente isoladas do ambiente, sendo ele
interno ou externo. Quanto maior a predisposição de esporos ambientais, maior será a chance de
infecção. Um ambiente com características quentes, úmidas e com deposição de poeira por pouca
ventilação é o ideal para armazenamento de fungos do gênero Aspergillus (COHEN et al., 1993);
(LATGÉ, 1999). Apesar de ser amplamente distribuído no ambiente, estes fungos não possuem uma
evolutiva capacidade de disseminação ambiental, baseando-se exclusivamente em liberação de
conídios por perturbações do local, e fortes correntes de ar em ambientes com grande depósito de
esporos (FISHER, Fran; COOK, B. Norma., 2001).
Surtos hospitalares vem sendo relatados desde a década de 80, associados a reformas e
construções nos edifícios próximos, e que devido a movimentação de poeira concentrada de esporos
de Aspergillus, fazem com que o fluxo laminar nos quartos de pacientes, em estado dificultoso de
saúde, contamine-se (LATGÉ, 1999). Além disso, altas taxas de aspergilose vêm sendo encontradas
em aviários devido a grande descarga conidial presente de alimentos com muito tempo de
armazenamento, camas contaminadas e a aspersão errônea dentro dos centros de produção
(KROMM et al., 2016).
7 DIAGNÓSTICO
Testes de imagem como tomografia, radiografia podem revelar massas fúngicas, conhecidas
como aspergiloma além disso, os critérios diagnósticos são eosinofilia periférica, presença de
anticorpos específicos contra Aspergillus sp., níveis séricos elevados de IgE contra Aspergillus,
PCR, e podem incluir o diagnóstico diferencial de fungos filamentosos como zigomicetos,
Fusarium sp., além de Nocardia e Pseudomonas aeruginosa (POWERS-FLETCHER M.V.,
HANSON K. E., 2016). Existem várias maneiras de se obter amostra para cultura, desde a coleta do
tecido acometido, swab traqueal do escarro, auxiliado com exames de imagens complementares,
bioquímicos e hematologia, sendo normalmente cultivado em ágar micobiótico seletivo, ou então
em ágar saboraund dextrose (POWERS-FLETCHER M.V., HANSON K. E., 2016).
8 TRATAMENTO E CONTROLE
Os fungos do gênero Aspergillus sp. são cosmopolitas do ambiente, portanto existe um risco
iminente de contaminação pelos organismos, sejam eles inanimados ou orgânicos. Além disso, o
tratamento é variável, de acordo com a apresentação clínica da infecção e capacidade imunológica
do hospedeiro. Viabiliza-se manter o paciente imunocompetente, seja para o tratamento da forma
invasiva ou disseminada da doença (KROMM et al., 2016; MINAMI, Paulo S., 2003).
Em locais de grande exposição aos fungos de citado gênero, é ideal fazer a retirada dos
infectados, do material contaminante e aumentar a incidência de ventilação local, a fim de diminuir
a carga de esporos e minimizar a gravidade do surto fúngico. Roupas, forros e superfícies
contaminadas devem ser pulverizadas com enilconazol ou outro fungicida, seguido de instruções do
fabricante do produto. Em centros de hospitalização é ideal preconizar quartos lacrados, com boa
ventilação e filtros de equipamentos com alta eficiência de filtragem de partículas pequenas como a
do gênero Aspergillus (WALSH T. J., LEE J. W., 1993; BEERNAERT et al., 2010).
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
10 REFERÊNCIAS
ADAMAMA-MORAITOU, Katerina K., PARDALI, Dimitra, DAY, Michael J., DENNING, David
W., PAPAZOGLOU, Lysimachos, PAPASTEFANOU Anastasia, RALLIS Timoleon S.
Aspergillus fumigatus: bronchopneumonia in a hellenic shepherd dog. Journal of the American
Animal Hospital Association, vol. 47, n°2, 2011. Disponível em:https://doi.org/10.5326/JAAHA-
MS-5497. Último acesso: 31/08/2022.
CHO, Sung-Yeon, et al. Epidemiology and Antifungal Susceptibility Profile of Aspergillus Species:
Comparison between Environmental and Clinical Isolates from Patients with Hematologic
Malignancies. American Society for Microbiology, vol. 57, nº7, 2019. Disponível em:
https://doi.org/10.1128/JCM.02023-18. Último acesso: 31/08/2022.
DIBA, Kambiz et al. Aspergillus diversity in the environments of nosocomial infection cases at a
university hospital. Journal of Medicine and Life, [S. l.], v. 12, p. 128-132, abr. 2019. Disponível
em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6685303/. Último acesso: 31/08/2022.
FOLEY, Kirsten et al. The distribution of Aspergillus spp. opportunistic parasites in hives and their
pathogenicity to honey bees. Veterinary Microbiology, v. 169, n. 3-4, p. 203-210, 14 mar. 2014.
Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0378113513005531?via%3Dihub. Último
acesso: 31/08/2022.
KROMM, Michelle et al. Aspergillosis in Poultry. MSD Veterinary Manual, maio 2016.
Disponível em: https://www.msdvetmanual.com/poultry/aspergillosis/aspergillosis-in-poultry.
Último acesso: 31/08/2022.
MEIS, Jacques F. et al. Clinical implications of globally emerging azole resistance in Aspergillus
fumigatus. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences, v. 371, 5
dez. 2016. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5095539/. Último
acesso: 31/08/2022.
MINAMI, Paulo S. Micologia: métodos laboratoriais de diagnóstico das micoses. Manole, 2003.
MIRKOV, I., et al. Usefulness of animal models of aspergillosis in studying immunity against
Aspergillus infections. Journal of Mycologie Médicale, v. 29, p. 84-96, abr. 2019. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1156523318301239?via%3Dihub. Último
acesso: 31/08/2022.
NARDONI, Simona et al. Aspergillosis in Larus cachinnans micaellis: survey of eight cases.
National Library of Medicine, p. 17-21, maio 2016. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16649081/. Último acesso: 31/08/2022.
PAULUSSEN, Caroline et al. Ecology of aspergillosis: insights into the pathogenic potency of
Aspergillus fumigatus and some other Aspergillus species. Microb Biotechnol, v. 10, p. 296-322, 7
jun. 2016. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5328810/.Último
acesso: 31/08/2022.
ROKAS, Antonis et al. Aspergillus. Current Biology, Nashville, USA, v. 23, n. 5, p. 187-188, 21
jan. 2013. Disponível em: Aspergillus: Biologia Atual (cell.com). Último acesso: 31/08/2022.
WALSH T. J., LEE J. W. Prevention of invasive fungal infections in patients with neoplastic
disease. Clin Infect Dis. 1993 Disponível em:
https://doi.org/10.1093/clinids/17.supplement_2.s468. Último acesso: 31/08/2022.
WASSANO, Natália S., GOLDMAN, Gustavo H., DAMASIO, André. Aspergillus fumigatus.
Microbe of the month, vol. 28, nº7. p. 594-595, 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.1016/j.tim.2020.02.013. Último acesso: 31/08/2022.