placas de microcultivo, foi possível observar o crescimento de um total de 7 colônias, das quais foram isoladas 2 colônias diferentes e bem definidas, com seus aspectos macro- morfológicos descritos na Tabela 1. Após extração de amostras dessas colônias isoladas para a confecção de lâminas, objetivando uma análise detalhada de micélio em microscópio óptico, as colônias 1 e 2 foram identificadas, respectivamente, como pertencentes ao gêneros Aspergillus sp. e Pennicilium sp.
Aspergillus sp. ( Colônia 2 -
aumento em 400X) Figura 1: em A, fotomicrografia de lâmina do fungo cultivado Aspergillus sp. Em B, esquematização da morfologia geral do gênero Aspergillus (VALENTE, 2014).
O gênero Aspergillus, pertencente
ao filo Ascomycota, são fungos oportunistas de distribuição cosmopolita em razão de sua adaptabilidade a diversos habitats, são eucariontes heterotróficos de dispersão anemófila, podendo ser encontrados na água, solo, alimentos, plantas, animais, humanos e em detritos, e contam com 344 espécies até o presente momento (FRANCISCO, 2017). Sua primeira descrição foi feita pelo sacerdote e micologista Pietro Antônio Micheli, e recebeu este nome pela semelhança de sua estrutura reprodutiva com o instrumento eclesiástico utilizado para aspergir água benta, o hissope (KIRK et al., 2008). Em sua morfologia, apresentam como características gerais um micélio altamente ramificado e septado. Tem como característica discriminante de gênero sua estrutura reprodutiva, assexuada e observada comumente em tipologia de colônia macro- morfológica e em análise de conidios e conidióforos, de caráter micro-morfológico (FRANCISCO, 2017). Seu principal meio de reprodução e difusão é pela dispersão de esporos chamados conídios. Estruturalmente, sua cabeça aspergilar se encontra na ponta de um conidióforo oriundo de uma célula basal do micélio, que dilata, formando uma vesícula. Esta vesícula, por sua vez, serve de base ou diretamente para fiálides, células produtoras de conídios (propágulos de cor cinza- esverdeada), ou para métulas, células estéreis que dão suporte para as fiálides, sendo chamadas no primeiro caso de unisseriadas, e no segundo caso, de bisseriadas. A disposição dessas estruturas pode ser colunar, com todas apontando para direções parecidas, ou radial, quando as direções delas são difusas, como também pode ser observado na fotomicrografia, sendo a disposição dessas estruturas um dos fatores determinantes para a diferenciação de espécies do gênero, além de análises moleculares, que permitem uma maior precisão de análise em comparação a análises estritamente fenotípicas ( FRANCISCO, 2017; VALENTE, 2014). Possui um grande impacto econômico e social, sendo úteis na biotecnologia para a produção de medicamentos, ácidos orgânicos, enzimas e até agentes de fermentação. Entretanto, também são importantes agentes patogênicos de condições consideradas nocivas para o ser humano e animais, ainda que a inalação da maioria de suas espécies comumente não apresente nenhum efeito adverso em indivíduos saudáveis humanos ( FRANCISCO, 2017). Também possuem relevância agrária pela produção de micotoxinas, que acometem culturas, e por tabela, animais e humanos que se alimentam dessas culturas, que se consumidas infectam e podem até ser agentes carcinogênicos para os seres humanos (VALENTE, 2014). Uma espécie proeminente específica desse gênero é a Aspergillus fumigatus, de estrutura filamentosa e distribuição cosmopolita, que tem como habitat natural o solo, onde se alimenta de detritos, sendo um agente importante na decomposição de matéria orgânica e na reciclagem de carbono e nitrogênio no ambiente. Possui grandes taxas de sucesso de dispersão em razão do tamanho diminuto de seus conídios (fator que facilita sua dispersão anemófila e o torna predominante no meio aéreo) e da produção massiva dos mesmos na reprodução assexuada. Tal fator também é decisivo e facilitante na sua patogenicidade, pois permite que os esporos entrem e se alojem com menor dificuldade nos alvéolos pulmonares. Outros fatores importantem que permitem seu sucesso reprodutivo é são termotolerância abrangente, permitindo que ele se desenvolva mesmo em temperaturas elevadas; Indicativos de possível reprodução assexuada em recentes estudos, o que favorece variabilidade genética e, portanto, adaptabilidade; e a produção de enzimas chamadas gliotoxinas, que permitem a invasão das hifas fúngicas advindas do conídio no tecido pulmonar (FRANCISCO, 2017). Entre as condições associadas à inalação de conídios de Aspergillus fumigatus, estão: a aspergilose bronco pulmonar alérgica (em indivíduos com contato constante a elevadas concentrações de conídios); o apergiloma (crescimento da hifa fúngica nas cavidades pulmonares em razão de sequelas em pacientes com histórico de turbeculose); e a aspergilose invasiva ( extensão da infecção fúngica para outros órgãos, comumente fatal em pessoas de sistema imunológico comprometido) (FRANCISCO, 2017).
Fontes:
FRANCISCO, Mariana Rato de
Conceição Monteiro. Caracterização de isolados de Aspergillus provenientes de ambiente hospitalar: identificação molecular e determinação dos padrões de susceptibilidade aos antifúngicos. 69 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciências, Biologia Animal, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2017.
VALENTE, Joana Rita dos
Santos. Estudo molecular de estirpes de Aspergillus fumigatus isolados em aviários e em aves diagnosticadas com aspergilose: possíveis implicações na saúde pública. 106 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Biologia, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2014. Kirk, P.M., Cannon, P.F, Minter, D.W., Stalpes, J.A. 2008. Dictionary of Fungi. 10 ed. United Kingdom: Cabi Europe, 771 p.
Avaliação dos Descritores Morfoagronômico e Morfoanatomia da Lâmina Foliar de Pilocarpus: Microphyllus Stapf ex Wardleworth – Rutaceae, Ananas Comosus Var. Erectifolius (L. B. Smith) Coppens & F. Leal – Bromeliacea e Psychotria Ipecacuanha (Brot.) Stokes