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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

TIAGO DA CRUZ MENDES DA SILVA

PROJETO SOBRE O PATOSSISTEMA:


RAQUITISMO DA SOQUEIRA DA CANA-DE-AÇÚCAR – Leifsonia xyli subsp. Xyli.

Trabalho acadêmico apresentado à


disciplina de Fitopatologia, do Curso de
Agronomia da Universidade Tuiuti do Paraná,
como nota parcial para a conclusão da
disciplina. Professor Marcos Antonio Dolinski.

CURITIBA
2022
Sumário

1. INTRODUÇÃO: IMPORTÂNCIA E HISTÓRICO DA DOENÇA ........................ 1

2. ETIOLOGIA: ESTRUTURAS E DESCRIÇÃO DO PATÓGENO ...................... 2

3. SINTOMATOLOGIA: SINTOMAS E SINAIS .................................................... 3

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 5
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1. INTRODUÇÃO: IMPORTÂNCIA E HISTÓRICO DA DOENÇA


O raquitismo é uma das doenças mais importantes da cana-de-açúcar, causada
pela bactéria Leifsonia xyli subsp. xyli, colonizadores de vasos do xilema de plantas. A
doença foi descrita pela primeira vez em Queensland, Austrália, em 1944, e primeira
vez constatada no Brasil, em Campos dos Goytacazes (RJ), em 1956 quando já havia
sido relatada em mais de 60 países. Hoje, ele é encontrado na maioria das regiões de
cultivo de cana-de-açúcar, incluindo o Brasil, e pode causar mais de 50% de perda de
variedades suscetíveis.
É uma bactéria singular, por vários motivos: apresenta exigência nutricional
complexa e um crescimento vagaroso em meio de cultivo. Acredita-se que esse
comportamento fastidioso resultou de mutações em genes muito importantes para o
metabolismo bacteriano que afetaram a funcionalidade desses genes. De fato, a análise
de seu genoma mostra que até 13% dos seus genes sofreram mutações, o que é outra
singularidade desse microrganismo.
Os sintomas do raquitismo são caracterizados por redução no porte da planta,
tanto em altura quanto no diâmetro dos colmos, os quais se tornam mais severos após
sucessivos cortes. Os danos tornam-se mais intensos quando as plantas são expostas
a déficit hídrico. Como esses sintomas são facilmente confundidos com aqueles
ocasionados por outros fatores que limitam a produção, como deficiência nutricional, é
comum a manutenção de plantas doentes no campo. Internamente, pode-se observar a
presença de pontuações avermelhadas na região do nó e de coloração rosada próxima
ao meristema apical de plantas jovens.
Algumas variedades, consideradas tolerantes, podem apresentar alta taxa de
infecção sem que esses sintomas sejam notados, ao passo que, em outras,
consideradas resistentes, a bactéria cresce pouco. Essas alterações decorrem do
entupimento dos vasos do xilema por substância que ainda não se sabe se é de origem
vegetal ou bacteriana. Análises moleculares revelaram também que um aumento da
concentração da bactéria nos tecidos da cana leva a uma redução na expressão de
genes ligados ao processo da divisão celular, o que explica o menor crescimento de
plantas infectadas. A bactéria ainda parece “manipular” a fisiologia da planta,
estimulando, por exemplo, a atividade de genes ligados à síntese dos aminoácidos
cisteína e metionina, ambos compostos essenciais para o microrganismo. Uma das
técnicas mais empregadas para a detecção dessa bactéria na planta é o dot blot,
baseado em reação com anticorpos que reconhecem a bactéria.
Embora a doença seja onipresente, ela ainda é pouco compreendida, o que leva
à negligência de sua importância. (Fitopatol. Bras., 2004)
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2. ETIOLOGIA: ESTRUTURAS E DESCRIÇÃO DO PATÓGENO


O organismo causador dessa doença, é provocado pela bactéria Leifsonia xyli
subsp. Xyli, é uma bactéria Corineforme Gram-positiva e fastidiosa que não
possui flagelo para locomoção, pertencente à espécie Leifsonia xyli que possui duas
subespécies fastidiosas de lento crescimento: Leifsonia xyli xyli e Leifsonia xyli
cynodontis. É aeróbia obrigatória e coloniza o xilema da cana-de-açúcar. (Figura 1).
O uso de hospedeiro indicador foi um método seguro de identificação da doença,
até quando o agente causal foi descrito em 1984, como sendo Clavibacter xyli subsp.
xyli, hoje denominada Leifsonia xyli subsp. Xyli. Diagnósticos da doença atualmente são
baseados na detecção da bactéria por inúmeras técnicas diferentes, incluindo a
microscopia de contraste de fase, sorologia e mais recentemente, PCR.
L. xyli subsp. xyli é transmitida por estacas ou colmos-sementes provenientes de
plantas doentes. Este mecanismo de disseminação tem sido de extrema importância, 6
pois havendo cultivo com material infectado, a doença será facilmente disseminada.
Uma vez que os sintomas não são muito evidentes, a disseminação do RSD através do
plantio de material infectado é facilitada. Além disso, plantas sadias são facilmente
infectadas com o patógeno por inoculação mecânica com extratos de canas doentes. A
transmissão ocorre quando facões cortam plantas sadias depois de terem cortado
plantas doentes. Da mesma forma, colheitadeiras e plantadoras de cana-de-açúcar
também são responsáveis pela transmissão da bactéria. (Pan et al., 1998).

A B

Figura 1. Estruturas de Leifsonia xyli susbp. Xyli em solução aquosa de ácido


fosfotúngstico 1% na figura (A) e (B). Fonte: Google imagens.
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3. SINTOMATOLOGIA: SINTOMAS E SINAIS


Os sintomas mais comuns são crescimento irregular, subdesenvolvimento e
encurtamento dos colmos de plantas de cana-de-açúcar. Algumas variedades, porém,
podem exibir alto nível de infecção sem, no entanto, apresentar sintomas externos. Isso
ocorre em função da influência do ambiente na expressão da doença, sendo
mascarados pela disponibilidade de água para a planta. Os sintomas externos são
evidenciados por outros fatores, como ano agrícola com pluviosidade desfavorável e/ou
práticas culturais inadequadas, que determinam à planta uma condição de estresse, tais
como a presença de plantas invasoras, compactação do solo, acúmulo ou falta de
adubos, corretivos e herbicidas e ocorrência de outras doenças. Sintomas internos são
caracterizados pela presença de pontuações ou vírgulas avermelhadas, decorrentes da
deposição de gomas ou formação de tiloses nos feixes do xilema e pela coloração rosa
nos tecidos meristemáticos de plantas jovens, localizados na região inferior do nó.
Contudo, os sintomas internos são difíceis de serem visualizados após o
envelhecimento da planta, devido ao escurecimento e seca dos tecidos, além disso,
estes sintomas não são específicos do RSD, ocorrendo também em função de ataques
de outros patógenos, como Fusarium Moniliforme, Colletotrichum Falcatum,
Xanthomonas Albilineans, X. Campestris pv. Vasculorum e Erwinia Herbícola. (Gillaspie
Jr. & Davis, 1992; Davis et al., 2 1994)
Uma vez que os sintomas não são muito evidentes, a disseminação do RSD
através do plantio de material infectado é facilitada. Além disso, plantas sadias são
facilmente infectadas com o patógeno por inoculação mecânica com extratos de canas
doentes. A transmissão ocorre quando facões cortam plantas sadias depois de terem
cortado plantas doentes. Da mesma forma, colheitadeiras e plantadoras de cana-de-
açúcar também são responsáveis pela transmissão da bactéria, o patógeno
aparentemente permanece viável por mais de três meses em restos de cultura, a
bactéria pode sobreviver por longos períodos e, como consequência, pode infectar
novos plantios. Desta forma, faz-se necessário um período de pelo menos seis meses
entre plantios. Não há relatos de transmissão do patógeno por insetos.
Devido à forma de transmissão, o controle desta importante doença tem sido
realizado através de métodos de exclusão, baseados no uso de material sadio para
plantio. Facões devem ser desinfestados, especialmente quando usados em campos de
propagação de material. A desinfestação pode ser realizada através do calor (chama,
vapor ou água quente) ou produtos químicos como amônia quaternária, solução de
ácido cresílico e etanol 50%. O tratamento térmico com calor (vapor ou água quente) a
52ºC por 30 minutos é também usado em estacas ou colmos-sementes para produzir
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material sadio a ser utilizado no estabelecimento de viveiros livres da doença e de


campos comerciais. (Gillaspie & Teakle, 1989)

C
D

Figura 1. Sintomas de de Leifsonia xyli subsp. Xyli (A), sinais sem sintomas da
doença (B), sintomas de Leifsonia xyli subsp. Xyli nas folhas em cana-de-açúcar
(C), sintomas de Leifsonia xyli subsp. Xyli no caule da cana-de-açúcar (D).
Fonte: Google Imagens.
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REFERÊNCIAS
FONSTEIN, M.; HASELKORN, R. Mapeamento físico de genomas bacterianos:
mini-revisão. Journal of Bacteriology, v.177, p.3361-3369, 1995.

GILLASPIE, A. G. Doença do raquitismo da cana-de-açúcar: sorologia. Fitopatologia,


v.68, p.529-532, 1978.

GILLASPIE JR.; A.G.; TEAKLE, D. S. Doença do raquitismo da soca. In: RICAUD, C.;
EGAN, B.T.; GILLASPIE JUNIOR, A.G. et al. Doenças da cana-de-açúcar: principais
doenças. Amsterdam: Elsevier Science, 1989. p.59-80.

KEIS, S.; SULLIVAN, J.T.; JONES, D. T. Mapa físico e genético do Clostridium


Saccharobutylicum (anteriormente Clostridium acetobutylicum) cromossomo NCP 262.
Microbiologia, v.147, p. 1901-1922, 2001.

PAN, Y.B.; GRISHAM, M.P.; BURNER D. M. et al. Uma reação em cadeia da polimerase
protocolo para detecção de calvibacter xyli subsp. xyli, a bactéria causadora de
doença do raquitismo da soca. Plant Disease, v.3, n.82, p.285-290, 1998.

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