Você está na página 1de 24

material do aluno

agronomia
Olá, prezado estudante,
É com alegria que lhe damos as boas-vindas à trilha da
carreira de Agronomia. Aqui, você terá a oportunidade de
se envolver em uma situação de extrema relevância na vida
prática do agrônomo: a identificação e o controle de doenças
em plantas.
Você está animado para começar esta jornada?
Nessa etapa, você conhecerá a Fitopatologia, uma das áreas
fundamentais da atuação do agrônomo.
Pronto para mergulhar de cabeça nessa fascinante jornada?
Estamos entusiasmados para compartilhar conhecimento
e caminhar ao seu lado nesta emocionante aventura pela
Agronomia! Vamos embarcar juntos nesta emocionante
aventura em busca de conhecimento na Agronomia!
PASSO 1

INICIALIZAÇÃO

Agrônomo detetive: o caso das batatas enfermas

Você está no oitavo período do curso de Agronomia. O seu pai, extremamente orgulho-
so, mencionou entusiasmadamente em um grupo de amigos de longa data que, embora
falte um tempinho ainda, ele está ansioso pela sua colação de grau e pelo momento de
te ver recebendo seu diploma.

Nesse mesmo grupo, encontra-se também o sr. Cristiano Hayata, proprietário de uma
fazenda com 50 hectares cultivados com batatas em São Gotardo (MG). O sr. Hayata,
carinhosamente conhecido como “Japa” pelos amigos, enviou uma mensagem para o
seu pai informando que uma doença está afetando suas plantas e pede o seu contato.
Ele te informa que, inicialmente, as folhas mais próximas ao solo ficaram enroladas e as
folhas superiores ficaram amareladas. Com o tempo, toda a planta apresentou en-
rolamento das folhas e redução do crescimento. Para ajudar na identificação, ele
te enviou uma foto (Figura 1). O sr. Hayata suspeita que essa doença esteja relacionada
à estiagem que assola a região, como ele mencionou: “aqui na região, parou de chover”.
Além da escassez de água, outras possíveis causas para os mesmos sintomas incluem
um fungo conhecido como Rhizoctonia solani e um vírus denominado Potato leafrool vi-
rus (PLRV). Esse vírus é transmitido por pulgões. O tempo para esses insetos adquirirem
o vírus varia de 10 minutos a várias horas. Após adquirirem o vírus, os pulgões necessi-
tam de um intervalo antes de serem capazes de transmiti-lo por meio das picadas de
alimentação.

Apesar de você ainda não ter se formado, você já fez as disciplinas de Solos, Microbiolo-
gia, Fitopatologia e Entomologia.

Figura 1: Planta de batata apresentando enrolamento das folhas próxima a uma planta assintomática
(“normal”). Fonte: Eugene E. Nelson, Bugwood.org

2
Você começa a conversa com o sr. Hayata realizando uma minuciosa anamnese,
querendo saber diversas informações que serão importantes, tais como: o histó-
rico da propriedade (quais culturas foram plantadas naquele local e por quanto
tempo? Houve problemas com doenças? Quais? Que tipo de controle foi emprega-
do?), as variedades de batatas cultivadas, a qualidade das batatas-semen-
tes (se elas são provenientes de fontes confiáveis através do cultivo de meriste-
mas e obtidas de fornecedores honestos), o tipo de solo, os procedimentos de
preparo do solo (por exemplo, se foi realizado correção de pH), espaçamento e
densidade populacional das plantas, quais foram as condições de ambien-
te (temperatura, umidade relativa, precipitação) durante o período que precedeu o
aparecimento da doença e durante o desenvolvimento dela, o sistema de irriga-
ção adotado, o intervalo entre as regas, os tratos culturais (como adubação
e capina), além das estratégias de controle fitossanitário e métodos de colhei-
ta empregados.
Após essa conversa inicial, você formulou três potenciais hipóteses que possam
estar causando o problema. A fim de investigar a primeira hipótese, você instruiu o
sr. Hayata a avaliar, minuciosamente, o seu sistema de irrigação, que é o pivô cen-
tral. Pediu para ele se certificar se o sistema está devidamente calibrado e livre de
entupimentos nos bicos de irrigação. Sugeriu também a alteração no intervalo de
rega, passando de 3-4 dias para um período de 2 dias.

Para testar a segunda e terceira hipóteses, você recomendou ao sr. Hayata a co-
leta de amostras de plantas doentes e de solo, a serem enviadas a um laboratório
especializado em diagnóstico fitossanitário, também chamado de “Clínica de diag-
nose de doenças de plantas”. Na Clínica, foram requisitados três testes: isolamen-
to indireto, o teste ELISA indireto (teste sorológico para identificação de vírus)
e sequenciamento do material genético do patógeno (teste molecular). Essas
análises têm como objetivo identificar e caracterizar os possíveis patógenos as-
sociados às amostras, fornecendo informações cruciais para a determinação da
causa do problema.

Na agronomia, a anamnese é uma entrevista detalhada com o produtor para


coletar e registrar diversas informações sobre uma área de cultivo. Essa práti-
ca auxilia os agrônomos na tomada de decisões para aprimorar o manejo agrí-
cola e maximizar a produção.

O cultivo de meristemas é uma técnica de propagação que envolve a coleta de


tecido vegetal com células não diferenciadas, cultivando-o em laboratório para
produzir plantas geneticamente idênticas e livres de doenças.

O controle fitossanitário refere-se às medidas e estratégias adotadas para evi-


tar e tratar as plantas cultivadas contra pragas, doenças e ervas daninhas.

3
O isolamento indireto envolve a transferência de pedaços da planta para um
meio de cultura. Essa técnica é usada quando o fungo presente nos tecidos
do hospedeiro não produz nenhuma estrutura na superfície do órgão afetado.
Para evitar o desenvolvimento de organismos decompositores que possam
estar presentes na superfície da planta, é necessário realizar a desinfesta-
ção superficial dos tecidos por meio de uma solução desinfetante, como, por
exemplo, a água sanitária. Caso ocorra algum crescimento fúngico, procede-
-se então à obtenção de uma cultura pura desse fungo.

Pergunta norteadora:
?
Quais seriam as possíveis causas do problema apresentado pelo sr. Hayata e
quais soluções você poderia apresentar a ele para ajudar a salvar o cultivo de
batatas?

Para te ajudar a organizar esses conhecimentos e resolver o problema nortea-


dor, você precisará executar os passos a seguir:

1 - Responda o sr. Hayata por e-mail, elencando as três hipóteses para a


origem do problema que está impactando negativamente a produção de ba-
tatas na propriedade.

2 - Adicionalmente, apresente a sua conclusão sobre a causa do problema,


sustentando-a com justificativas embasadas.

3 - Além disso, indique quatro medidas de manejo essenciais que o sr. Haya-
ta deve adotar para o controle eficaz da enfermidade em sua plantação.

4
Pílulas de Conhecimento

PÍLULA 1

Apresentação do case

Clique aqui

PÍLULA 2

Um pouco mais sobre a carreira


de Agrônomo

Clique aqui

PÍLULA 3

Amplificando o conhecimento:
compreendendo a Reação em Cadeia da
Polimerase (PCR)

Clique aqui

5
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:

• Conhecer uma das áreas de atuação do Agrônomo, a Fitopatologia;

• Desenvolver conhecimentos da Agronomia de forma abrangente;

• Fornecer aos alunos um cenário desafiador e realista, estimulando o pensamento


crítico, a investigação e a aplicação prática de conhecimentos em Agronomia para
solucionar problemas reais na área;

• Propor um plano de investigação para identificar o agente causador da doença nas


plantas de batata, considerando o histórico da fazenda, amostragem adequada e
uso de técnicas de diagnóstico apropriadas;

• Formular estratégias de manejo efetivas para controlar a enfermidade nas plantas


de batata e ações para minimizar a dispersão da doença na propriedade agrícola.

SOFT SKILLS RELACIONADAS A ESSA ATIVIDADE:

Comunicação, criatividade, curiosidade, empatia, escuta ativa, pensamento crítico,


resolução de problemas.

OUTRAS SOFT SKILLS RELACIONADAS À CARREIRA:

Adaptabilidade, ética, gestão do tempo, integridade, inteligência emocional, lideran-


ça, negociação, proatividade, resiliência, trabalho em equipe, vontade de aprender.
resolução de problemas.

6
PASSO 2

APROFUNDAMENTO

Nesse momento, é fundamental que você se aprofunde no desafio enfrentado pelo


sr. Cristiano Hayata. Esse agricultor enfrenta um problema sério relacionado a uma
doença que afeta suas plantas. Sua missão consiste em compreender as possíveis
causas desse dilema e propor estratégias eficazes para controlá-lo.

Para essa etapa, é crucial que você investigue, minuciosamente, o problema, reali-
zando uma análise detalhada dele. Este passo é de extrema importância para apro-
fundarmos na compreensão do problema.

Você está preparado para essa empolgante tarefa?

Se sim, avancemos com determinação! Sua dedicação é fundamental para fornecer


a melhor assistência possível ao sr. Hayata.

DINÂMICA: PREENCHA AS CAUSAS - O ENIGMA DAS PLANTAS ENFERMAS

O desafio enfrentado pelo sr. Hayata é fascinante. Agora é a oportunidade para for-
mar grupos com seus colegas, e juntos, explorar e discutir as possíveis causas das
batatas enfermas. Nesse sentido, é fundamental que todos os membros do grupo
participem ativamente da discussão, compartilhando as suas ideias e ouvindo aten-
tamente as perspectivas dos outros integrantes.

Através desse diálogo colaborativo, o objetivo dessa etapa é: elaborar três hipóte-
ses sobre a causa da doença nas plantações de batata. Nesta fase, vocês não irão
chegar à conclusão, fiquem tranquilos, pois o objetivo é pensar nas possibilidades
que levaram as batatas ficarem doentes.

Primeiramente, revisem o case para identificar e refletir sobre as possíveis hipóte-


ses. Depois, no diagrama ilustrativo (Figura 2), preencham os campos designados
com as hipóteses levantadas. Além disso, anotem quais testes podem ser realizados
para confirmar cada hipótese.

Esse método colaborativo de análise será a base para a investigação e resolução do


problema do sr. Hayata. É crucial a participação ativa e o empenho de todos para o
êxito dessa tarefa

Materiais necessários para realização das atividades:

• Cartolina ou diagrama ilustrativo impresso;

• 2 Blocos de notas adesivas de cores diferentes;

• Caneta hidrográfica preta.

7
INSTRUÇÕES PARA A EXECUÇÃO DA DINÂMICA:

1 - Se organize em grupos de trabalho com seus colegas, entre 3 a 6 integrantes;

2 - Desenhe o diagrama ilustrativo (Figura 2) em uma cartolina ou imprima-o;

3 - Escreva os nomes dos testes realizados em uma nota adesiva e cole-os nos cam-
pos correspondentes do diagrama ilustrativo;

4 - Em conjunto com os colegas do grupo, busque identificar as possíveis causas da


doença das batatas (hipóteses).

5 - Escreva cada hipótese levantada em uma nota adesiva de cor diferente daquela
usada para os testes. Em seguida, cole essas hipóteses nos campos apropriados do
diagrama ilustrativo. A utilização das notas adesivas facilitará a reorganização, se
necessário.

6 - Para cada hipótese, tente desvendar quais dos testes seriam os mais adequados.

Problemas de irrigação?
Não Sim

Teste A Hipótese 1

Amostra com presença


de fungos?

Sim Não

Hipótese 2 Teste B Teste C

Amostra com presença DNA da amostra


de vírus? é viral?

Não Sim Não

Outras Hipótese 3 Outras


causas causas

Figura 2: Diagrama ilustrativo dos testes realizados para identificar o agente causal e as hipóteses
das possíveis causas da doença das batata.

8
Por meio dessa dinâmica, você terá a oportunidade de desenvolver competências
fundamentais exigidas na atuação profissional do Engenheiro Agrônomo, tais como
comunicação eficaz, criatividade, desenvolvimento de ideias, escuta ativa, foco, or-
ganização, pensamento crítico, planejamento, reflexão, resolução de problemas e
trabalho em equipe.

Importante destacar: ao concluir essa atividade, os grupos deverão apresentar suas


hipóteses e como o diagrama ficou organizado.

9
PASSO 3

ESTUDO DIRIGIDO

Aula 1 - Conhecimentos sobre Fitopatologia

Para ampliar seu conhecimento e embasar suas ações, você deve dedicar-se ao estudo
de diversos materiais indicados no texto a seguir. Essa leitura permitirá que você com-
preenda os fatores que afetam a sanidade das culturas e, consequentemente, auxiliará
na busca por soluções adequadas para o problema enfrentado pelo sr. Hayata.

Se reúna mais uma vez ao seu grupo, caso seu grupo seja um pouco grande, podem se
dividir em subgrupos, de forma a garantir a participação ativa de todos nas tarefas. Por
exemplo, se o grupo for composto por oito pessoas, quatro delas podem se dedicar ao
estudo das doenças que afetam a batateira, bem como nas estratégias de controle as-
sociadas a essas enfermidades, e as outras quatro podem buscar informações sobre
o processamento de amostras vegetais e métodos de diagnóstico: Isolamento, testes
sorológicos e moleculares. Na internet, vocês encontrarão um vasto conteúdo sobre os
temas. Se considerarem necessário, vocês podem realizar pesquisas adicionais para
enriquecer a discussão.

Boa leitura!

Grupo 1 - Doenças de plantas (Fitopatologia)

A Fitopatologia é a área dentro da Agronomia que se dedica ao estudo das doenças em


plantas. Ela engloba o estudo das causas, desenvolvimento, manifestações, efeitos e
controle das doenças que afetam diversas plantas, sejam elas culturas agrícolas, plan-
tas ornamentais, árvores florestais ou qualquer outro tipo de planta.

Uma doença de planta é uma alteração no funcionamento normal das células e tecidos
do hospedeiro, causada pela irritação contínua de agentes patogênicos ou fatores
ambientais. Para que uma doença ocorra é necessário o encontro de três elementos:
uma planta suscetível, um agente causador e condições climáticas favoráveis
para o seu desenvolvimento. A consequência dessa perturbação é o surgimento de sin-
tomas visíveis, que podem variar desde danos parciais até a morte de partes específi-
cas da planta ou até mesmo de toda a planta. Dessa forma, as doenças impactam tanto
a produtividade das plantas quanto a qualidade dos produtos a serem colhidos.

As doenças podem ser divididas em dois grupos: doenças bióticas (também conhe-
cidas como infecciosas e transmissíveis) e doenças abióticas (não infecciosas e não
transmissíveis). As doenças bióticas surgem de infecções causadas por organismos,
como fungos, bactérias, vírus e nematóides, os quais são chamados de agentes bióti-
cos ou infecciosos. Por outro lado, as doenças abióticas, geralmente, têm origem em
condições ambientais adversas, como temperaturas muito altas ou baixas, carência ou
excesso de umidade, insuficiência ou excesso de luz, bem como deficiências e/ou dese-

10
quilíbrios nutricionais. Além disso, fatores químicos, como poluição do ar e toxidez pro-
vocada por herbicidas, também podem desencadear tais doenças. É importante ressal-
tar que, ao contrário das doenças bióticas, as doenças abióticas não são transmitidas
de uma planta doente para outra sadia.

De modo geral, conseguimos diferenciar entre esses fatores, com base nos sintomas
apresentados. No caso dos fatores bióticos, os sintomas nas plantas e as estruturas
dos agentes patogênicos costumam se distribuir de maneira aleatória na planta, a me-
nos que haja uma infestação severa. Por exemplo, podemos notar manchas em algu-
mas folhas da planta doente. Por outro lado, nos casos de fatores abióticos, nos quais o
problema surge de limitações no ambiente em que a planta cresce, como a falta de nu-
trientes, os sintomas costumam se distribuir de forma uniforme ou simétrica. Isso pode
afetar todas as folhas mais antigas ou as pontas de todas as folhas, infectando a planta
como um todo, por exemplo.

No portal da Embrapa Hortaliças, você tem acesso a informações fundamentais sobre


as principais doenças que podem afetar o cultivo de batatas. Ao clicar no link, você en-
contrará uma estrutura que separa as doenças em diferentes categorias: aquelas cau-
sadas por fungos, bactérias, nematóides e vírus. Essa organização permite que você
aprenda sobre cada tipo de ameaça à cultura da batata de maneira clara e organizada.
Além disso, o portal também apresenta medidas importantes para o controle integra-
do dessas doenças, fornecendo uma visão geral de como os Engenheiros Agrônomos
abordam esses desafios para garantir colheitas saudáveis e produtivas.

Para conhecer mais sobre as principais pragas e doenças que podem impactar a cultu-
ra, o livro “Cultura da Batata – Pragas e Doenças” é uma excelente fonte. Elaborado
por pesquisadores do Instituto Biológico (IB-APTA), o livro está disponibilizado de forma
gratuita pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo por
meio deste link. Nesse material, você também terá acesso a orientações sobre os pro-
cedimentos de coleta e envio de amostras para análise laboratorial. Você pode utilizar
o livro procurando por termos-chave, tais como Rhizoctonia solani.

A recomendação para que você e seu grupo aproveitem ao máximo essa etapa do estu-
do dirigido é que: duas pessoas foquem no material produzido pela Embrapa Hortaliças
e outras duas podem se concentrar no material do Instituto Biológico.

Grupo 2 - Identificando o causador da doença: diagnóstico em plantas

Em razão de algumas doenças apresentarem sintomas muito parecidos, a identificação


do agente causal, seja de natureza biótica ou abiótica, nem sempre é fácil, podendo-se
incorrer em erros de diagnóstico e, consequentemente, de adoção de medidas de con-
trole. O diagnóstico de uma doença pode ser realizado na própria área de cultivo,
quando os sintomas ocasionados em decorrência do ataque são extremamente pecu-
liares e conhecidos, ou no laboratório, onde as amostras de partes de plantas infec-
tadas são previamente coletadas e submetidas às etapas de identificação do agente
causal.

11
Isolamento Indireto do patógeno: O isolamento indireto baseia-se na técnica
de transferência para um meio de cultura de porções infectadas de tecido hospe-
deiro ou amostras de solo e sementes infestadas em que não exista a evidência de
estruturas do micro-organismo. O isolamento de fungos é obtido em cultura pura a
partir de tecidos doentes do hospedeiro, quando obtido um organismo em cultura
pura não significa que ele seja o agente causal da doença. Vários meios são utiliza-
dos, porém o mais usado é o Batata-Dextrose-Ágar (BDA) e Extrato de Malte-Ágar
(EMA). O organismo é cultivado em placas de Petri, repicado em tubos com meio
BDA inclinado, para ser armazenado.

Para obter uma visão geral sobre o processamento das amostras e os métodos
empregados em clínicas de diagnóstico de doenças de plantas, recomenda-se a lei-
tura do informativo técnico elaborado por pesquisadores da Empresa de Pesquisa
Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Esse material oferece in-
sights valiosos sobre as abordagens utilizadas nesse contexto.
ELISA: Um teste amplamente empregado na detecção e identificação de pató-
genos é o Enzyme-Linked ImmunoSorbent Assay, ou simplesmente ELISA. Inicial-
mente desenvolvido para análises clínicas, o ELISA foi adaptado para análises de
amostras vegetais e rapidamente tornou-se o ensaio sorológico mais comum em
todo o mundo. Sua popularidade decorre da sua rapidez, simplicidade, precisão
e sensibilidade, além de ser barato. Dentro das diferentes variantes de ELISA, o
ELISA indireto destaca-se como o mais utilizado para identificar fitopatógenos.
Apesar de existirem algumas diferenças entre os testes empregados em análi-
ses clínicas e os aplicados em amostras vegetais, é possível conferir como são
conduzidos esses testes no vídeo desenvolvido por estudantes de graduação do
curso de Farmácia da Universidade Federal do Paraná.

Sequenciamento genético: No contexto de identificação do agente causal,


os testes moleculares desempenham um papel fundamental na confirmação
da espécie responsável. A técnica mais amplamente utilizada é a Reação em
Cadeia da Polimerase (PCR), seguida pelo sequenciamento do material ge-
nético do patógeno, devido à sua notável sensibilidade e precisão na identifi-
cação. Após a obtenção das sequências, procede-se a uma pesquisa no banco
de dados GenBank através do uso da ferramenta BLAST. Para uma demonstra-
ção prática de como realizar um BLAST, assista ao vídeo (até aproximadamente
dois minutos ) do canal Entenda Genética.

12
Recomenda-se que duas pessoas estejam direcionadas aos testes sorológicos e as
outras duas aos testes moleculares.

Portanto, quando os Engenheiros Agrônomos suspeitam que uma plantação possa


estar doente, eles podem usar diferentes testes como ferramentas para identificar
o agente responsável. Isso possibilita uma resposta ágil no controle da doença, man-
tendo a oferta de alimentos seguros e saborosos em nossas mesas.

Após a conclusão desses estudos, você estará preparado para compreender e ana-
lisar as causas de uma doença de planta, identificar o agente causal e elaborar es-
tratégias de controle.

Como encerramento desta aula, é fundamental que vocês reúnam suas anotações,
compartilhem ideias e organizem todo o conhecimento adquirido para aplicá-lo
na resolução do caso apresentado e trazer suas contribuições para a próxima aula.

Lembre-se de realizar sua tarefa com atenção aos detalhes, pois isso facilitará signi-
ficativamente a obtenção da solução para o caso!

Aula 2 - Giro Colaborativo

Agora que seus estudos foram concluídos, com dedicação, é hora de compartilhar o
conhecimento entre todos os membros do grupo.

Vamos relembrar alguns conceitos?

Ao iniciar o estudo dirigido, foi sugerida uma distribuição equilibrada de tarefas. Por
exemplo, se o seu grupo foi composto por oito alunos, quatro deles se dedicaram ao
estudo das doenças de plantas e seu controle, dois focaram no material produzido
pela Embrapa Hortaliças, enquanto os outros dois concentraram-se no material do
Instituto Biológico. Simultaneamente, outros quatro alunos estudaram o processa-
mento de amostras vegetais e métodos de diagnóstico, com dois deles focados nos
testes sorológicos e os outros dois nos testes moleculares.

Após a conclusão dos estudos, vocês devem sistematizar as informações cole-


tadas nas pesquisas realizadas e compartilhar o conhecimento com todos do grupo,
permitindo assim uma resolução adequada do caso.

13
Antes de compartilhar seus aprendizados do tópico pelo qual ficou responsável,
anote no espaço abaixo as ideias centrais do conteúdo estudado.

Que tal fazermos um giro colaborativo?

Vocês deverão agora retomar os conceitos da aula anterior e compartilhar com os


demais colegas de grupo para que a solução do case possa se iniciar.

Vocês têm total liberdade para escolher como desejam organizar as informações.
Como sugestão, vocês podem optar por criar mapas mentais ou diagramas con-
ceituais. Esses permitem a visualização e a estruturação das informações essen-
ciais. Cores, ícones e conexões podem ser usados para representar as relações en-
tre os conceitos. Outra alternativa é utilizar cartolinas, colocando as informações
mais relevantes por meio de notas adesivas ou escritos. Pensem em destacar os
pontos-chave, escrever resumos concisos de cada tópico e, em seguida, agrupar
esses resumos a fim de obter uma visão abrangente do caso.

A troca de ideias é essencial e, ao término da dinâmica, o grupo deve chegar a um


consenso sobre as hipóteses acerca da causa da doença nas plantações de ba-
tata, além de listar diversas medidas possíveis para o seu controle. O objetivo é
uniformizar o conhecimento adquirido e resolver o caso.

Essa dinâmica é de grande relevância, pois permite o desenvolvimento de habilida-


des como aprendizagem, raciocínio crítico, reflexão, resolução de problemas, toma-
da de decisão e trabalho em equipe.

14
PASSO 4

EXECUÇÃO

Estamos chegando ao final da nossa trilha de carreira de Agronomia. Espero que


você esteja empolgado por ter vivenciado diversos aspectos da carreira e da atua-
ção do Engenheiro Agrônomo na área da Fitopatologia.

Nesta quarta etapa, com base nos conhecimentos adquiridos durante o estudo diri-
gido, seu grupo tem a missão de interpretar os resultados dos testes realizados,
identificar a causa da doença que afeta as batatas e sugerir quatro medidas
de manejo para combater essa enfermidade. Assim, vocês irão aplicar os conhe-
cimentos adquiridos ao longo deste percurso e desvendar o mistério das batatas
enfermas.

Considere a entrega da etapa 4 como uma simulação da sua conversa com o sr.
Hayata, de modo que você o oriente por e-mail.

Prontos para a ação?

Para garantir que nenhum detalhe seja perdido, é fundamental ler atentamente as
informações a seguir. Caso algum conteúdo não esteja completamente claro, reco-
mendamos acessar novamente os materiais fornecidos durante o estudo dirigido.

Relembrando a pergunta norteadora:

Quais seriam as possíveis causas do problema apresentado pelo sr. Hayata e quais
soluções você poderia apresentar a ele para ajudar a salvar o cultivo de batatas?

Aula 1 - Interpretação dos resultados dos testes

Após alguns dias desde a primeira conversa com o sr. Hayata, vocês receberam no-
tícias dele sobre o sistema de irrigação. Além disso, o seu grupo recebeu os resulta-
dos dos testes solicitados. Os resultados desses testes fornecerão pistas valiosas
para compreender a causa da doença nas batatas e, por fim, ajudarão a resolver
esse intrigante caso. Vamos agora analisar esses resultados de forma minuciosa e
colaborativa para desvendar o enigma que nos desafia.

Cinco dias após o contato com o sr. Hayata, ele envia um e-mail informando sobre o
sistema de irrigação:

15
Olá, meu caro amigo.

Conforme orientado por você, chequei o meu sistema de irrigação e ele está
calibrado. A pressão está boa e estável. Passa água por todo o trajeto. Nenhum
dos bicos de irrigação apresentou obstrução. Não há entupimentos.

Nós estamos fazendo regas frequentes e, mesmo assim, as plantas continuam


com os sintomas: folhas enroladas e amareladas.

Fico no aguardo de mais orientações.

Atenciosamente, Hayata

Passados sete dias, o seu grupo recebeu os resultados das análises do laboratório.

Sr. Cliente,

As amostras de batata enviadas ao nosso laboratório foram analisadas. Abai-


xo, segue o laudo técnico para análise fúngica:

Após uma minuciosa observação das lesões com o auxílio de um microscópio


estereoscópico, não foram identificadas quaisquer estruturas fúngicas. Para
uma análise aprofundada, foi realizado o isolamento indireto, que consistiu na
transferência de fragmentos vegetais, previamente desinfestados superficial-
mente, para um meio de cultura. O resultado do isolamento indireto está repre-
sentado na Figura 3.

Representação do resultado
do isolamento indireto a partir
das amostras de tecido vegetal.
Fonte: André Rosado

Além disso, o seu grupo também recebeu o resultado do teste ELISA indireto (Figura
4), realizado para a detecção do Potato leafrool virus (PLRV), o qual tem o potencial
de revelar a causa da doença nas batatas.

16
Prezado cliente,

Abaixo segue o resultado do teste ELISA realizado em suas amostras de batata:

Este foi composto por três tratamentos: o controle negativo (A), que representa
uma referência de base sem a presença do vírus; o controle positivo (B), que é
um padrão conhecido que atesta a eficácia do teste; e as amostras coletadas
na propriedade do sr. Cristiano Hayata (C). Vale ressaltar que cada tratamento
foi replicado quatro vezes na placa.

Figura 4: Representação
A do resultado do teste ELI-
B SA indireto para detecção
C de Potato leafrool virus
(PLRV). A) Controle nega-
tivo; B) Controle positivo;
C) Amostras coletadas na
propriedade do sr. Cristia-
no Hayata. Fonte: André
Rosado

Por fim, vocês também obtiveram o resultado do sequenciamento do material ge-


nético do patógeno (teste molecular). Utilizando a sequência a seguir, vocês podem
realizar uma pesquisa no banco de dados GenBank utilizando a ferramenta BLAST
para confirmar a identificação do agente causal da doença.

17
Prezado Cliente,

Enviamos o resultado do pedido do sequenciamento genético da amostra envia-


da ao laboratório:

>Batata, propriedade do sr. Cristiano Hayata

ATGAGTACGGTCGTGGTTAAAGGAAATGTCAATGGTGGTGTACAACAACCAAGAA-
GGCGAAGAAGGCAATCCCTTCGCAGGCGCGCTAACAGAGTTCAGCCAGTGGTTA-
TGGTCACGGCCCCTGGGCAACCCAGGCGCCGAAGACGCAGAAGAGGAGGCAA-
TCGCCGCTCAAGAAGAACTGGAGTTCCCCGAGGACGAGGCTCAAGCGAGACAT-
TCGTGTTTACAAAGGACAACCTCATGGGCAACTCCCAAGGAAGTTTCACCTTCG-
GGCCGAGTCTATCAGACTGTCCGGCATTCAAGGATGGAATACTCAAGGCCTACCA-
TGAGTATAAGATCACAAGCATCTTACTTCAGTTCGTCAGCGAGGCCTCTTCAACC-
TCCTCCGGTTCCATCGCTTATGAGTTGGACCCCCATTGCAAAGTATCATCCCTC-
CAGTCCTACGTCAACAAGTTCCAAATTACGAAGGGCGGCGCCAAAACTTATCA-
AGCGCGGATGATAAACGGGGTGGAATGGCACGATTCTTCTGAGGATCAGTGCCG-
GATACTGTGGAAGGGAAACGGAAAATCTTCAGATACCGCAGGATCCTTCAGAGT-
CACCATCAGGGTGGCTTTGCAAAACCCCAAATAG

No espaço abaixo, registrem as conclusões alcançadas pelo grupo com base na


última conversa com o sr. Hayata e nos resultados dos testes recebidos, chegando a
um consenso sobre a causa da doença nas batatas.

18
Aula 2 - Escolha das medidas de manejo

Agora que vocês identificaram o agente causal da doença, é hora de elaborar uma
lista de medidas de manejo que o sr. Hayata pode adotar para o controle eficaz da
enfermidade em sua plantação.

Primeiramente, é interessante que todos os estudantes compartilhem diversas me-


didas de manejo para doenças de plantas em geral. Em seguida, os integrantes do
grupo devem debater se as medidas elencadas são apropriadas para tratar a doen-
ça específica deste caso. É importante observar que uma medida eficaz para con-
trolar uma doença causada por um fungo pode não ser igualmente eficiente se a
doença for provocada por um vírus, por exemplo. Caso seja necessário, consultem
novamente os materiais indicados.

Espaço destinado às medidas de manejo sugeridas pelo grupo.

Ao final dessa discussão, o grupo deverá redigir um e-mail detalhado em resposta ao


sr. Hayata. No e-mail, relatem que inicialmente vocês haviam considerado três hipó-
teses para a origem do problema que afeta a produção de batatas em sua proprieda-
de. Mas, após a anamnese realizada com ele e análise dos resultados dos testes, o
grupo identificou a causa do problema, apresentando justificativas embasadas para
essa conclusão. Por fim, indiquem quatro medidas de manejo escolhidas pelo grupo
como eficazes para o controle do agente causal da doença.

Espaço para a elaboração do e-mail detalhado.

19
20
PASSO 5

AVALIAÇÃO EM PARES

Prezado aluno,

Chegamos à etapa final da Trilha de carreira de Agronomia!

Nesta última etapa, realizaremos a avaliação em pares, que é uma metodologia ativa
na qual os alunos avaliam o trabalho de seus colegas de classe. Essa abordagem
visa envolvê-los ativamente no processo de aprendizagem, fomentando debates, a
troca de ideias, a busca por soluções inovadoras e incentivando a defesa das pró-
prias perspectivas em relação ao conteúdo trabalhado em sala de aula. Agora, che-
gou o momento de avaliar a trajetória de seus colegas, mas desta vez, será feita por
você! E eles avaliarão a sua.

Aula 1: avaliação em pares

Usando os números atribuídos a cada grupo, realizaremos um sorteio para determi-


nar qual grupo será o avaliador e qual será o avaliado.

O grupo avaliador deverá fazer uma leitura minuciosa da resolução do caso apre-
sentada pelo grupo avaliado. Avaliem as hipóteses levantadas por esse grupo, anali-
sem se a interpretação dos resultados dos testes está correta, verifiquem se o gru-
po chegou à conclusão correta sobre o agente causal da doença e se as medidas de
manejo propostas são adequadas. Em seguida, o grupo avaliador deverá comparar
a resolução do grupo avaliado com os critérios apresentados no quadro a seguir:

21
Item / Muito bom Bom Satisfatório Insatisfatório
Critérios 100% 75% 50% 25%

Elencaram Elencaram
Hipóteses Elencaram as Elencaram as
pelo menos pelo menos
para a origem três hipóteses três hipóteses
duas hipóteses uma hipótese
do problema corretamente. corretamente.
corretamente. corretamente.

Elencaram
pelo menos
Interpretaram
Interpretaram com uma hipótese
Interpretação Interpretaram com com precisão
precisão todos corretamente.
dos precisão todos quase todos
os resultados Interpretaram
resultados os resultados os resultados
e identificaram incorretamente
e conclusão e identificaram e identificaram
corretamente todos os resultados
sobre a causa corretamente a corretamente
a causa do e não conseguiram
do problema causa do problema. a causa do
problema. identificar
problema.
adequadamente a
causa do problema.

Indicaram
Indicaram somente Indicaram somente
Indicaram quatro somente
três medidas uma ou nenhuma
Medidas de medidas de manejo duas medidas
eficientes para medida eficiente
manejo para o controle eficientes para
o controle da para o controle da
eficaz da doença o controle da
doença. doença.
doença.

Elaboraram Elaboraram
Elaboraram um um e-mail com um e-mail com
e-mail minucioso informações informações Elaboraram um
e-mail de
e forneceram incorretas, mas incorretas e-mail com muitas
resposta ao
orientações claras apresentaram-no e de difícil informações
sr. Hayata
e acessíveis ao sr. de forma clara compreensão incorretas.
Hayata. e acessível ao para o público
público leigo. leigo.

22
Aula 2: feedback

Na última aula, realizaremos a etapa de feedback, na qual o grupo avaliador fornece-


rá avaliações detalhadas ao grupo avaliado. Com a mediação do tutor, cada grupo
avaliador terá a oportunidade de explicar por que atribuiu determinado percentual
de acordo com os critérios da rubrica ao grupo avaliado. Certifique-se de que todas
as questões e pontos de avaliação sejam esclarecidos, para que o grupo avaliado
compreenda completamente os motivos por trás da avaliação atribuída. Ao final, o
grupo avaliador revelará a nota final obtida pelo grupo avaliado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Espero que esta experiência tenha enriquecido seu entendimento sobre a carreira
de Engenheiro Agrônomo e sua importância na agricultura, especialmente na iden-
tificação e controle de doenças que afetam as plantas. Percorrer esta jornada com
vocês foi uma verdadeira satisfação!

Vocês deram os primeiros passos no fascinante mundo da Agronomia e, com dedi-


cação e paixão, podem trilhar um caminho repleto de descobertas e realizações.

Lembrem-se sempre de que a Agronomia não é apenas uma carreira; é uma missão
que envolve cuidar da terra, das plantas, dos alimentos que chegam à mesa das pes-
soas. Nós contribuímos para a segurança alimentar, a conservação do meio ambien-
te e o desenvolvimento sustentável.

A paixão pelo campo, a curiosidade científica e a vontade de aprender são suas


melhores ferramentas. Sejam curiosos, mantenham-se abertos, façam perguntas e
ampliem a zona de conforto de vocês. O aprendizado contínuo pode abrir portas e
ajudá-los a se tornar a melhor versão de si mesmos. Nunca parem de aprender!

Vocês são a próxima geração de agrônomos, prontos para enfrentar os desafios e


colher os frutos de um trabalho árduo e recompensador. Vão em frente, com entu-
siasmo e determinação. O mundo precisa de vocês.

Vamos juntos cultivar um futuro melhor!

23

Você também pode gostar