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Fitoquímica e farmacognosia I Raquel Martins

Fármacos vegetais podem ser plantas inteiras, partes de plantas (porque as plantas produzem os
compostos e depois eles podem-se ir acumular em determinados tecidos), quando se utiliza a planta
inteira é porque esses compostos não se acumulam em nenhum local especifico, contudo é raro
utilizar a planta toda. Estão também dentro desta definição as algas, fungos, os líquenes que podem
ser utilizados sem qualquer tratamento geralmente são usados na forma seca. Podem também ser
incluído os exsudados que não foram sujeitos a nenhum tratamento, tal e qual foram produzidos.
São identificados pelo nome botânico cientifico de acordo pelo sistema binominal (género, espécie,
variedade e autor). Temos sempre que associar a parte da planta ao nome.
Quando se pergunta qual é o fármaco vegetal temos sempre que dizer: parte da planta e o nome da
espécie. O fármaco vegetal não é uma molécula, mas sim uma associação de moléculas porque é
uma parte da planta com mais de uma composto.
Os fármacos vegetais podem ser obtidos quer por plantas cultivadas quer por plantas espontâneas.

Para além da definição de fármacos vegetais, há também uma particularidade para os fármacos
vegetais para tisanas.

O chá é uma planta.


O que nós vulgarmente preparamos em casa são tisanas, e essas tisanas que nós
preparamos, são preparadas pelo método de infusão.
Uma infusão é um extrato quando colocamos água fervente em cima da planta seca e depois fica lá
um tempo.
Assim, as tisanas são fármacos vegetais destinados a preparações aquosas (é sempre feito com
água) para uso oral, obtidos por decocção, infusão ou maceração.

Decocção- é um cozimento, colocamos a planta e a água todo ao mesmo tempo


Infusão- primeiro ferve-se a água e depois deita-se sobre a planta seca
Maceração- é feita à temperatura ambiente, coloca-se a planta em contacto com a água à
temperatura ambiente.

Deve-se obedecer à monografia. Temos que ter em conta qualidade microbiológica que depois vai
ter influencia na temperatura da água.

Os fármacos vegetais podem ser obtidos por crescimento espontâneo ou de cultura.


O crescimento espontâneo foi utilizado durante muito tempo, porque era o mais fácil de aceder;
isso tem algumas vantagens ou desvantagens.
Hoje em dia, é utilizado o crescimento de cultura, tem a vantagem de:
- se preservar a variabilidade genética dentro de uma espécie que nos leva à questão da
seleção de quimiotipos (variáveis químicas). O crescimento de fármacos vegetais in vivo em
cultura permite a seleção de quimiotipos, ou seja, indivíduos da mesma espécie com
características morfológicas idênticas mas com composição química diferente. Eles expressão
o mesmo fenótipo mas diferente genótipo e portanto temos que selecionar aquele quimiotipo
que permite um maior rendimento dos compostos de interesse.
- Por outro lado, a cultura de fármacos permite ao selecionar o quimiotipo que pretendemos
propaga-lo e vai nos garantir uma maior uniformidade do tipo de constituintes quer a nível da
quantidade. E estas duas coisas ao mesmo tempo permite tirar o maior rendimento possível
da produção e assim produzir tudo o que é aproveitável de acordo com as normas da
farmacopeia.
- Permite também prevenir eventuais trocas de espécies e isto é importante em espécie
tóxicas.
- Preveni também a extinção da espécie isto acontece mais quando é uma espécie pouco
estudada ainda. Isto também serve para controlar espécies sujeitas a regulamentação.
- Outra coisa que permite é a colheita mecanizada.

Então os argumentos a favor da cultura de fármacos vegetais são

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Então os argumentos a favor da cultura de fármacos vegetais são
→ há composto que são naturais cuja síntese natural é muito dispendiosa, logo é mais fácil
extrair do que sintetizar, e muitas vezes não é possível produzir em laboratório;
→ a descoberta de novas aplicações implica que vai haver uma maior procurar o que faz com
que a cultura seja uma vantagem;
→ politicas viradas para o desenvolvimento de países em desenvolvimento, contudo há um se
não que é falta de mão de obra especializada;
→ investigação também veio necessitar a cultura de fármacos.

Obviamente que também há os aspetos contra,


> há espécies que crescem em determinados país e se estiveram envolvidas num conflito (por
exemplo uma guerra) o resto do mundo fica privado dessas espécies por outro lado as
flutuações económicas também influenciam.
> Temos também casos em que a síntese de compostos similares é mais vantajosa do que a
extração assim não recompensa a cultura desse fármaco.
> O aparecimento de doenças e pragas que disseminam uma cultura inteira, as vezes, são
desmotivadores para a cultura de fármacos.

EMA (Agência Europeia do medicamento): guidelines específicas no que diz respeito à


produção de matérias-primas para medicamentos à base de plantas → estão descritas
especificações regionais e nacionais sobre higiene no manuseamento, materiais adequados,
como deve ser utilizado e por quem; informações sobre o género, espécie e quimiótipo da
planta; indicações sobre manutenção e proteção das culturas e o impacto ambiental;
informações sobre o cultivo, colheita, processamento e armazenamento, de forma a garantir a
máxima segurança.

A agencia europeia do medicamento tem umas orientações sobre a produção de fármacos para
serem usados como matéria prima vegetal, desde do cultivo ao armazenamento.

Atualmente, os fármacos vegetais são obtidos por culturas- os fitotrões é o local onde é feito o
estudo prévio das condições necessárias para a cultura, as populações espontâneas têm a tal
vantagem de haver uma variedade genética e isto leva nos a uma questão relacionada com a
aplicação terapêutica (por exemplo, aqui em Portugal uma planta pode ter uma determinada
aplicação terapêutica e em Espanha ser usado para outra aplicação). Assim a escolha da variedade
química é feita pela que traz mais rendimentos e que cumpre todos os paramentos da farmacopeia
como outros fenómenos.

A produção de determinados compostos terapêuticos só acontece quando a planta é sujeita a


determinadas condições de stress, como por exemplo a falta de determinados nutrientes, ou o
aporte de determinados nutrientes. Por exemplo, se quisermos aumentar a produção de compostos
fenólicos colocamos a plantas a crescer em ambientes muito solarengos; se quisermos que produza
mais alcaloides fazermos uma suplementação com azoto.

Em relação aos resíduos de pesticidas, a farmacopeia considera como pesticida qualquer substância
destinada a prevenir, destruir ou combater as pragas, espécies indesejáveis de plantas ou de
animais que causam danos durante a produção, transformação, armazenamento, transporte,
distribuição.

Em relação aos elementos estranhos são de dois tipos: ou são partes estranhas (qualquer elemento
que vem da planta mãe mas que não é fármaco vegetal da mesma espécie), ou matérias estranhas
(não tem nada a ver com a mesma espécie, de espécie diferentes).

Como é uma cultura de um organismo vivo, os fatores edafoclimáricos muitas vezes fazem-se
estudos prévios para ver qual é que tem maior rendimento. Podemos ter vários tipos de
propagação.

Para realizar a colheita também se deve ter cuidados especiais. Por norma, só se colhe a parte da
planta que interessa, numa altura especifica do dia. A idade da planta também é um fator a ter em
conta (porque dependente da idade da planta podem produzir mais ou menos a substancia de

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conta (porque dependente da idade da planta podem produzir mais ou menos a substancia de
interesse).
O espaço que medeia entre a colheita e a secagem deve ser feito o mais rápido possível. A
esterilização pode se utilizar o óxido de etilieno e a radiação ionizante.

A secagem tem como objetivo a eliminação da água que está relacionada com a inibição de sistemas
enzimáticos (para não alterar a planta), o desenvolvimento de microrganismos.
O tipo de secagem vai depender do tipo de fármaco:
- Temperatura ambiente (ao ar livre e ao sol, à sombra em local ventilado)
- Calor artificial (estufas, túneis de ar quente)
- IV
- Estufa sob vazio
- Liofilização (congelar o material vegetais e a pressão reduzida é sublimado e depois leva à
secagem)

O mais utilizado é à sombra em local ventilado (porque a luz altera a clorofila das plantas), as
estufas e túneis de ar quente.
A temperatura de secagem também é importante.
O processo entre a colheita e a secagem deve ser o mais rápido possível.

A conservação deve ser feita ao abrigo da luz (frascos de vidro âmbar). O grau de divisão da planta
também é importante, quanto maior o grau de tenuidade maior é a probabilidade de degradação
porque a área em contacto com o ar é maior. A humidade e a temperatura devem também ser
controlados.
Muitas vezes o que acontece é que as plantas podem ser atacadas por insetos, aracnídeos; nas
industrias usa-se ventilação, temperatura baixa e p-Diclorobenzeno. Nas farmácias e herbanários
utiliza-se timol, CHCl3, CCl4.
O controlo de qualidade de fármacos vegetais garante a variabilidade química e a qualidade do
produto.
Por isso, é importante a padronização, quantos mais parâmetros tiver mais vai de encontro com as
recomendações da farmacopeia.
Nas farmacopeias existem ensaios que devem ser obedecidos como as:
- Características organoléticas
- Qualidade (elementos estranhos, perda de peso por secagem, água por arrastamento, cinzas,
índice de intumescência e índice de amargor)
- Contaminação
- Constituintes
- Botânica (constituintes macroscópicos e microscopia)

Para estes ensaios é importante a amostragem, uma das principais características é a


homogeneidade e a quantidade tem que ser representativa do todo.

Cultura in vitro de tecidos vegetais

Uma cultura in vitro é uma cultura num meio controlado, que se pode propagar apenas uma parte
da planta. O grande objetivo é obter grande quantidade de biomassa. Podemos ter tecidos
organizados ou tecidos não organizados.

- Tecidos organizados vamos ter células que têm uma função especifica, ou seja, já
diferenciados, podemos ter:
○ Plântula que são plantas bebés
○ Rebentos caulinares que só corresponde à parte aérea
○ Raízes

- Tecidos não organizados vamos ter células não organizadas


○ Células em suspensão
○ Calos
Protoplastos (células celulares sem parede celular)

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○ Protoplastos (células celulares sem parede celular)

O ponto de partida é escolher a planta a propagar, ou seja o explante, cujo objetivo é aumenta o
rendimento dos compostos em interesse.
O material que se parte é constituído por plantas saudáveis e jovens com menor grau de
diferenciação (que têm maior probabilidade de dar origem a culturas viáveis), é possível também
fazer a propagação para obter linhas celulares altamente produtoras do que nós queremos.

 A biossíntese de determinado composto não é feita no local onde ele se acumula.

O que se costuma fazer é fazer a cultura com as sementes. Todos os materiais devem ser
desinfetados devido à possibilidade de haver microrganismo, essa desinfeção é feita com etanol a
70% e as soluções de hipoclorito e depois lavamos com água destilada e esterilizada.

Temos 2 categorias de meios de culturas:

→ Líquidos

São mais interessantes para obter tecidos não organizados e taxas de crescimento superior
porque vai estar todo rodeado pelo meio e a absorção de nutrientes, vitaminas … é feita por
toda a superfície
Pode haver uma diminuição do oxigénio disponível, o que pode fazer com que haja hipoxia e
produção de metabolitos tóxicos e para evitar isso, muitas vezes fazem-se injeções de ar
esterilizados, rotação dos frascos ou agitação para aumentar a percentagem de oxigénio.

→ Semissólido
Têm agentes gelificantes, o mais usados é o agar 0,8-1%
Recolha de explantes pequenos
Sem necessidade de oxigenação suplementar porque estão em contacto com o ar
Estabilidade física em que há o crescimento organizado de raízes e rebentos caulinares e evita
desagregação de células (calos)

Têm que ser esterilizados por exemplo na autoclavagem a 121ºC a 20 minutos, ou através filtração
de membranas de poros esterilizantes que são de 0,22 µm.
Estes meios podem ser vendidos já com a composição definida.

Dentro dos reguladores de crescimento vamos ter, por exemplo as auxinas e as citocinas. As auxinas
estão mais envolvidas no alongamento dos tecidos e as citoquininas estão mais associadas à divisão
celular.

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As auxinas têm um
transporte oposto da
citocininas.

As hormonas vegetais já se encontram no organismo da planta. Os reguladores de crescimento não


mas têm uma estrutura semelhante.
As citocininas derivam da adenina.

Há vários fatores que interferem com a produção do material in vitro nomeadamente a


temperatura (20-25ºC). O fotoperiodo também é importante e deve ser feita um estudo prévio, não
só pela quantidade de luz mas também durante quanto tempo é que a planta deve receber. O pH
vai interferir com a captação de nutrientes e precursores, enzima, fitorreguladores e pode interferir
com o estado físico do meio. O arejamento/agitação e a humidade (cerca de 70%) também devem
ser fatores a controlar.
Para produzir estas culturas é necessário mão-de-obra especializada e equipamento e instalação
adequadas.

Também podemos manipular o meio de forma a que o meio produza aquilo que nós queremos, para
isso vamos alterar a constituição do meio, vamos mexer nos fitorreguladores e juntar precursores
biossintéticos, este precursor não pode ser tóxico nem suscetível a degradação enzimática, de fácil

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biossintéticos, este precursor não pode ser tóxico nem suscetível a degradação enzimática, de fácil
penetração nas células e não pode ser armazenado em compartimento intracelular de difícil acesso
para as enzimas.

O meio liquido permite substratos exógenos.

Outro meio de fazer a manipulação da cultura é a eliciação. Para isso, vamos ter:

- Elicitors bióticos

Podemos ter microrganismos patogénico que desencadeiam um processo infecioso e as


plantas em resposta a essa agressão, vamos produzir os compostos que nós queremos, que
são chamadas fitoalexinas.
Também pode ser feita com componentes estruturais ou moléculas desse microrganismo, não
necessita de ser o microrganismo inteiro.

- Elicitors abióticos (estão relacionados com o ambiente)

Radiação UV, temperatura, metais pesados e sais

Engenharia metabólica temos que fazer a introdução de genes que codificam novas enzimas para
vias metabólicas, ou genes codificadores de enzimas de vias metabólicas (sobreexpressão), o uso do
RNA antissense (bloqueio)-vias metabólicas e ramificações ou a estimulação da atividade
enzimático. O objetivo é sempre o mesmo - aumentar a produção do composto de interesse ou
então o conjunto de compostos.

Glúcidos
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Glúcidos

Todos estes compostos têm origem na fotossíntese e a glucose tem um papel fundamental.
Os glúcidos podem se chamar de hidratos de carbono, açucares ou oses simples.

Têm várias funções nas plantas como elementos estruturais (celulose), são fonte de energia
(amido), são constituintes de metabólitos (ribose) e são percursores das vias metabólicas.

São sempre aldeídos ou cetonas polihidroxilados, depois temos os derivados de oxidação,


derivados de redução, desoxiaçúcares, oses aminadas (tem azoto).

Os ósidos já implicam a existência de uma ligação osídica, ou seja, uma ligação entre duas
moléculas de açucares. O facto de ter ligação osídica implica que um dos carbonos
importantíssimos do açúcar já não esta livre para reagir, e o nome passa a terminar em
ósido.
Dentro dos ócidos
> Holósidos (moléculas que são constituídas só por açucares)- oligossacáridos,
polissacáridos (=glicanas, quer disser que é a molécula é só constituída por aquele
açúcar)
> Heterósidos (são constituídos por um açúcar e uma molécula que não é açúcar)- ose
ou oligósido + molécula não osídica (genina ou aglícona)
○ N-heterósido (ligação feita pelo azoto)
○ O-heterósido (ligação feita pelo oxigénio)
○ C-heterósido (ligação feita pelo carbono)
○ S-heterósido (ligação feita pelo enxofre)

Os açúcar simples podem ser classificados quanto ao número de carbono e quanto à


natureza do grupo carbonilo - aldoses (-ose), cetoses (-ulose)
A numeração é feita a atribuir o número mais baixo no carbono do carbonilo.
Estamos a falar de moléculas com carbonos quirais. Número de estereoisómeros = 2 n, onde
n=número de carbonos quirais.

Séries D e L- Projeção de fisher


Quando o -OH mais afastado do grupo
carbonilo está à direita é D; quando
está à esquerda é L

A maior parte dos açucares é D, à exceção da L-Ramnose, L-Arabinose, L-Fucose.


Por convenção, cada tracinho corresponde a um grupo hidroxilo (-OH) (na química orgânica
cada tracinho corresponde um metilo).

Epímeros são dois diasterioisómeros que diferem apenas num carbono quiral.

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A manose é um epímero em 2 da glucose

Os açucares não estão na forma aberta, mas sim na forma fechada.

 Para fazer a ciclização dos açucares, temos que envolver o carbono que tem o grupo
carbonilo e um hidroxilo qualquer como perda de uma molécula de água, pois no
inicio houve uma hidratação.

Carbono carbonilo

Ocorre hidratação

Pode haver formas furanósica ou piranósica. Geralmente:


◊ Cetoses vão dar origem a formas furanósica
◊ Hexoses vão dar origem a formas piranósica

As formas furanósicas tem o heteroátomo no centro; e as formas piranósica têm o


heteroátomo para o canto superior direito.

Quando se passa das formas abertas para as formas fechadas, por convenção, tudo o que
está do lado direito, nas formas abertas é representado para baixo nas formas fechadas;
tudo o que está do lado esquerdo, nas formas abertas é representado para cima nas formas
fechadas.
Se tiver um açúcar D, o carbono que fica de fora do ciclo fica orientado para fora do ciclo.
Se tiver um açúcar L, o carbono que fica de fora do ciclo fica orientado para dentro do
ciclo.

Quando fazemos a ciclização cria um novo carbono quiral, portanto estamos a falar de
anómeros α e β.

Anómeros α - hidroxilo do carbono quiral (que tinha a função carbonilo) em

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Anómeros α - hidroxilo do carbono quiral (que tinha a função carbonilo) em
orientação oposta ao carbono primário
Anómeros β - hidroxilo do carbono quiral (que tinha a função carbonilo) para o
mesmo lado que o carbono primário

Esta reação dá origem ao ácido carboxílico correspondente, e serve para identificação de


açucares redutores. É feita com licor de feeling que contém hidróxido cúprico. Então o
açúcar é oxidado, o hidróxido cúprico é reduzido que dá origem ao hidróxido cuproso e por
aquecimento, desidrata e forma um precipitado de cor alaranjada e é isso que permite
identificar se o açúcar é redutor.

Para o açúcar ser redutor é necessário que tenha o hidroxilo do carbono anomérico livre.

No ciclo de Calvin (fase escura da fotossíntese), temos ribulose difosfato carboxilase que é
um aceitador de carbono que dá origem a um composto com 6 carbonos que rapidamente
se dissocia em duas unidades de 3 carbonos - gliceraldeido-3-fosfato - que tem um papel
importante na formação de todos os açucares. Depois, o aceitador de carbono vai ter que
ser regenerado dando o dióxido de carbono.

As principais oses que nos interessa nas:

- Tretose
○ É a eritrose que é essencial para a síntese de
compostos aromáticos, nomeadamente pela via chiquimato.
Vamos vê-la a entrar fosforilada

- Pentoses
○ Temos várias pentoses importantes, como:

- Hexoses

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A sacarose é um dissacárido constituído por frutose e glucose.

Temos também os desoxiaçucares que são açúcares em que falta o oxigénio, o grupo
alcoólico foi eliminado por redução.

Atenção: podemos ter hidroxilos que são metilados, isto NÃO são
desoxiaçucares porque o oxigénio continua lá.

Os ácidos urónicos já são produtos de oxidação de


açucares.
Existe oxidação do álcool primário (carbono 6) quem
faz isso são desidrogenases e vão originar ácidos
carboxilicos e termina em -ónico.

Vamos encontra-los em pectinas, mucilagens e gomas.

Os Polióis resultam da redução do grupo carbonilo,


ou seja, perda do grupo carbolino e asssim a molécula
vai ter grupos hidroxilos.

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Utilização na farmácia

- Glucose
○ Obtida por hidrólise enzimática do amido, por amilases e amido glicosidases,
quebra a molécula toda de amido. A administração é parentérica e consoante a
concentração pode ser usada com diferentes
finalidades:
 concentrações mais baixas (5-10%) : usadas para prevenção de
hidratação ou quando já está hidratação instalada e há perda de
eletrólitos superior à perda de água. É usada para prevenir e tratar
estados de cetose em situação de desnutrição; usada como aporte
calórico e para veicular fármacos, antes, durante ou após a cirurgia.
 concentrações mais altas (15,20,30,50%) : soluções hipertónicas são
usadas para nutrição parentérica e em casos de hipoglicemia. Estas
hipertónica são sempre administradas lentamente e os doentes são
monitorizados: a glicosúria, acetonúria e caliemia, e os níveis de cálcio, e
em caso de necessidade, pode levar suplementação com insulina ou com
potássio. REQUEREM VIGILANCIA

- D-Frutose
○ Obtida por hidrólise da inulina, ou a partir do açúcar invertido. É usada na
alimentação parentérica, ótima para regimes de diabéticos ou desportistas
(tem reabsorção intestinal lenta e não desencadeia picos de insulina, e no
metabolismo hepático transforma-se em glicogénio).

Tem poder edulcorante muito superior ao da sacarose.

- D- sorbitol
○ É um poliol, é obtido por hidrogenação da glucose, tem propriedades
laxativas (como laxativo osmótico, com retenção de água e eletrólitos).
A metabolização dele origina ácidos que estimulam o peristaltismo,
contribuindo para as propriedades laxativas, e portanto, por esta razão são
usados em casos de obstipação e dispepsia. No entanto, está contra-indicado
em casos de colonopatia inflamatória, síndrome oclusivo e de síndrome
doloroso abdominal, porque vai agravar estas situações, por ter ação laxativa.

- administração parentérica 5-10% tem as mesmas funções que a glucose. Em


propriedade edulcorante, bom para diabetes, transformada em frutose e
metabolização hepática, aumentando os níveis de glicogénio.

O sorbitol está muitas vezes nas pastilhas elásticas, tem fermentação muito
lenta, é pouco cariogénico, faz variar pouco o pH na cavidade bucal.

Em termos de farmacotecnia , é regulador de humidade (pós), retarda a


cristalização, e é importante na textura formas pastosas.

Para além do sorbitol, são usados ésteres de sorbitano , com combinações com
ácidos gordos e outros derivados polioxoetilénicos (usados como excipientes).

- D-xilitol
○ Resulta da hidrogenação catalítica da xilose, é também um poliol (só tem
grupos hidroxidos). Tem propriedades edulcorantes, usado na preparação de
xaropes. Pode prevenir a cárie, porque não é acidogéneo e tem ação sob a
bactéria (Streptococcus mutans) que está na saliva e contribui para a deposição
da placa dentária. Outros dizem que a prevenção da cárie se deve
exclusivamente à estimulação do fluxo salivar ao mascar pastilhas (aumenta
salivação e placa dentária não adere tanto).

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Tem problemas com uso excessivo: flatulência e diarreia (contra indicado em
crianças < que 3 anos).

- D- manitol
○ É outro poliol, que tem propriedades diuréticas por via parentérica.
Praticamente não é metabolizado, é todo filtrado a nível glomerular e não sofre
reabsorção tubular.
Em doses elevadas pode levar ao aumento de excreção de eletrólitos (sódio,
cloro e potássio).
As soluções hipertónicas são administradas por perfusão, e são usadas em
oligoanúria, edema cerebral (diminui edema) e em casos de hipertensão
intraocular.
Tem função edulcorante, laxativa, osmóticas e colecistocinético (nestes casos,
administra por via oral, para cuidar obstipação ou dispepsia).

○ Maná: tem muito manitol, usa-se o suco que escorre nas paredes, tem 70% de
manitol e outros açúcares. Usado em obstipação, fissuras anais, cirurgia anal, e
amolece as fezes, logo, facilita a evacuação. Quase não provoca náuseas nem
cólicas e pode ser usado em pediatria.

- D-Glucosamina (quitosamina)
○ É um açúcar aminado. Está nas carapaças dos crustáceos, tem ação nas células
formadoras de cartilagem e são usadas em osteoartrose.
Pode haver hipersensibilidade porque há pessoas alérgicas ao marisco.

- Ciclitois
○ São poli-hidroxicicloalcanos, ou seja são estruturas ciclicas com mais ou menos
hidroxilos.
 Derivados do Inositol (esteres fosfóricos do inositol são a principal
reserva de fosforo da natureza)

 Ácido fítico
□ É derivado do inositol e tem os 6 hidroxilos todos com grupo
fosfatos.
□ Tem a capacidade de coletar iões como cálcio, magnésio, zinco; é
captar de coletar e precipita e impede a reabsorção desses iões.
Tem propriedades antioxidantes e faz baixar o colesterol, a
diminuição da absorção do cálcio tem que se ter em conta e é
utilizado em casos de hipercalciúria.

Glúcidos - Polimerização

Os dissacáridos que implicam duas moléculas de açúcar. A polimerização de açúcar implica


sempre uma ligação ósídica ou hemiacetálica, mas para acontecer isso um dos açucares tem
de ser ativado, o ativador é a uridinadifosfato (UDP) que se vai ligar ao hidroxilo do carbono
anomérico, há saída de uma molécula de água para se estabelecer a ligação ósidica. Essa
ligação é feita com outro hidroxilo qualquer da outra molécula. É sempre entre o carbono 1
e outro hidroxilo da outra molécula.

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Neste caso a ligação é feita entre o carbono 1 e carbono 4.
A ligação de duas moléculas é dissacárido, de até 10 moléculas é oligossacárido e mais do
que 10 moléculas é polissacárido.
Homogéneo é se tiverem sempre a mesma molécula de açúcar.
Heterogéneo é se tivermos moléculas de açúcares diferentes.

Esta ligação ósidica é facilmente quebrada quimicamente, também podemos quebrada


enzimaticamente, mas essa enzima tem de ter uma certa especificidade.

Quem implicações é que essa ligação tem no poder redutor? Para um açúcar ter poder
redutor o hidroxilo do carbono anomérico tem que estar livre, para poder abrir.

É um açúcar redutor
visto que tem o
carbono anomérico
livre

Não é um açúcar redutor, porque não tem o carbono anomérico livre

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Não tem poder redutor

Os dissacáridos estão sempre ligados por um carbono anomérico a outro hidroxilo


qualquer.

No caso da sacarose, temos uma molécula de glucose ligada a uma molécula de frutose e a
ligação é feita pelos dois carbonos anoméricos logo não terá poder redutor.

Dissacáridos:
Maltose: polímero de glucose (ligação C1 e C4, com perda de água) e depois a água quebra
esta ligação com formação de 2 glucoses. Ligação α (1-4).
Cellobiose: é um dissacárido feito à custa de glucoses, simplesmente a ligação é β-1,4 . C1
de uma e C4 de outra. Esta é a unidade estrutural da celulose , e por isso, as duas unidades
ligadas se repetem n vezes na celulose.
Maltose: temos duas glucoses, mas a ligação é α (1-4) .
Gentiobiose: 2 glicoses unidas por β(1-6).
Trealose: 2 moléculas unidas pela ligação α (1-1) (este não é açúcar redutor - não tem OH
livre).

Pode-se chamar de
α-D-glucopiranosil-(1-2)-β-D-frutofuranósido
ou β-D-frutofuranosil -(1-2)- α-D-glucopiranósido
porque um dos açúcares está a servir de radical ao
outro e assim termina em -il; e o sufixo -ósido
estamos a falar de uma açúcar que já não tem o
hidroxilo do carbono anomérico livre assim não tem
poder redutor, se terminar em -ose indica que tem
poder redutor.

Assim resumindo,
 Termina em -il, está a servir de radical a outro
 Termina em -ósido é um açúcar não redutor
 Termina em -ose é um açúcar redutor

A sacarose é um excipiente em xaropes, compridos, capsulas e é também edulcorante.

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Temos uma galactose ligada a uma molécula de
glucose. Pelo nome podemos ver que o carbono
anomérico está a servir de radical e que a glucose
é um açúcar redutor

Aqui pelo nome Lactulose podemos ver que se


trata de uma cetose.
Temos a galactose ligada a uma frutose que
também tem poder redutor.
É um laxante osmótico estimula peristaltismo
intestinal, faz baixar pH intestinal porque a sua
metabolização origina ácido lático, altera a
flora alcalina e faz com que diminua a absorção
de amoníaco e aumento da sua eliminação.

Podemos usar em casos de obstipação e em casos de encefalopatia hepática (alteração da


função cerebral por acumulação no sangue de substâncias tóxicas que o organismo devia
ter eliminado, como produtos de degradação de proteínas, como amoníaco). Logo, tem
interesse nestes casos.

Os oligossacáridos

São polímeros com 3 a 10 moléculas de açúcar, têm uma distribuição mais restrita na
natureza por isso têm interesse taxonómico na botânica.
Estão muitas vezes associados a outras moléculas formando heterósidos.

Dentro dos oligossacáridos superiores há uns que são muito abundantes que são os
polímeros superiores da sacarose galactosilado, ou seja, temos a molécula da sacarose e
vamos adicionando moléculas da galactose. Eles estão nos legumes secos, por exemplo no
feijão e é isso que é responsavel pela flatulencia.

Temos também os fruto-oligossacáridos, têm a sacarose e depois tem frutose por ai fora, e
têm propriedades bifidogénicas (não são degradados no intestino delgado mas sim no colón
e promove a multiplicação das bifi bactérias). Não são moléculas com poder redutor.

No caso particular dos oligossacáridos, é o caso das ciclodextrinas que resulta da ação de
umas enzimas sobre o amido.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 15


As ciclodextrinas resulta da
ciclodextrina glicosiltransferase
que é uma enzima que existe em
bactérias do género bacillus.
Esta enzima pega no amido e
vai quebra-lo e formar estruturas
com 6, 7 ou 8 moléculas de amido
com ligação α 1-4, e vamos ter
ciclodextrinas α, β, γ
respetivamente.
Assim vamos ter moléculas
com cavidade interior hidrófoba
que corresponde ao esqueleto
carbonado e às pontes éter
entre as moléculas de açúcar
e para fora é hidrófilo que
corresponde aos hidroxilos
primários e aos restantes hidroxilos.
São estruturas cíclicas que servem para encapsulamento molecular não covalente (o que vai
ser encapsulado depois pode sair, isto serve para aumentar a estabilidade quer térmica,
quer química, aumentar a solubilidade e dispersibilidade, melhorar biodisponibilidade,
evitar interações, degradação (gástrica e ocular) e mascarar maus sabores e odores.
Usadas para veicular princípios ativos e moléculas aromatizantes e pigmentos que vão dar
cor e aroma.
A nível da farmácia vão ser usadas quer para encapsular princípios ativos, quer para
encapsular moléculas responsáveis pelo aroma e sabor que podem sofrer alteração.

Na cromatografia dão origem a enchimentos quirais usados para separar compostos.

A indústria alimentar usa a beta-ciclodextrina (7 unidades de glucose).

Outra ciclodextrina muito usada é esta.


Tem 8 moléculas de glicose, contudo a nível
do carbono 6, ela sofreu uma reação e foi
introduzida uma cadeia carregada
negativamente que estende a
molécula e essa alteração permite
encapsular o rocurónico e o vecurónio que
são usados em anestesia para promover o
bloquei neuromuscular, quando queremos
que a pessoa acorde temos que retirar os
curares ( rocurónico e o vecurónio) e para isso
usamos a ciclodextrina. O facto da cadeia ser
carregada negativamente vai estabilizar o
encapsulamento para além das
interações hidrofóbicas que existem dentro.

Temos aqui agora uma molécula que é um psedotetrassacarido porque temos 3 açúcares e
um ciclitol que se chama acarbose. Que é a junção da acarviosina e a maltose (duas
moléculas de glicose), isto é um inibidor competitivo da α glucosidase que é responsável
pela degradação de polissacaridos, e ao inibir esta enzima, não vai haver a degradação dos
polissacarideos no instestino mas sim numa zona mais distante o que faz com que não haja
esses picos de insulina depois das refeições é usado em diabetes tipo 2.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 16


esses picos de insulina depois das refeições é usado em diabetes tipo 2.

Polissacáridos de bactérias e fungos

Mais de 10 moléculas de açucares, são estruturas muito pesadas com estruturas mais ou
menos ramificadas, conhecidos por glicanos. Têm várias funções nas plantas são
responsáveis pela rigidez da parede celular nas plantas terrestres e nas algas tem haver com
a flexibilidade. Outra das funções é a reserva energética, são moléculas hidrofílicas e estão
associadas à parede dos microrganismos associados à defesa.

Em termos estruturas podemos ter homogéneos ou heterogéneos, podem ser ramificadas


ou lineares e ainda podem ser classificadas relativamente à distribuição das moléculas no
polissacárido:
- Sequencia periódica (consequências na estrutura tridimensional)
○ β (1-4): fita
○ α (1-4): helicoidal
○ (1-6): flexibilidade

- Sequência interrompida (podemos ver zonas com um padrão e outras já não)


- Sem sequência

Estes polissacáridos são importantes porque são capazes de formar redes tridimensionais
que retêm a fase liquida no interior e assim vão inchar (aumento de volume), estamos a
falar da passagem de solução verdadeiras para uma solução em que há associação de
cadeias. Quando maior for o numero de cadeias ou segmentos que se associam maior é a
rigidez.

Se tivermos homopolímeros regulares, vamos ter muitas zonas iguais e assim vai formar
zonas de junção extensas e formar um precipitação.
Polímeros heterogéneos sem sequência regular, não há junções e ficam dispersos no
solvente e formam soluções viscosas
Polímeros de sequência regular interrompida, em que há zonas que se repetem alternadas
com outras zonas onde não há repetições já vai haver pontos de junções pontuais e vamos
ter a formação de géis elásticos.

Temos ainda mais móleculas que vêm dos microrganismos como - os Dextranos- que são
polimeros de glucose (α-D-glucose) com vários tipos de ligações (1-2), (1-3), (1-4), (1-6) em
que geralmente a ligação (1-6) é mais abundante.

Estes dextranos são moleculas ramificadas, onde podemos encontrar 1 ou 2 moleculas de


glucose e a ligação à cadeira principal é feita ao carbono 2 ou carbono 3.

Ou seja, temos a cadeia principal em existem ligações (1-6) e para criar ramificações
podemos ter ligações (1-2), (1-3)

Ligação (1-6)

Ligação (1-3)

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 17


Estes dextranos surgem nas bacterias Lactobacillus, Streptococcus, estas bacterias têm uma
enzima dextrano sucrase que pega na molécula da sacarose (glucose mais frutose) e quebra
a molécula e depois une as moléculas de glucose.

Eles podem ser produzidos em colocar estas bactérias em meios de cultura ricos em
sacarose. A enzima atua, forma a glucana, quebra moléculas e junta a glucose, depois junta-
se álcool para precipitar a glucana e depois, temos dextranos com diferentes pesos
moleculares, ou seja, isso implica que acha uma despolimerização e para quebrar a
molécula do dextrano com o peso molecular que queremos temos que fazer uma hidrolise
com ácido sulfúrico, podemos recorrer a ultrassom ou então utilizando dextranases
fúngicas.

Os dextranos de diferentes pesos moleculares têm diferentes usos.

Podemos ter vários tipos de dextrano: 40, 60, 70 (i.v.) - via intravenosa e 1 (Farmacopeia
Europeia)

- Dextrano 70 em solução a 6% : tem viscosidade e osmolaridade próximo do plasma,


sendo usado em choque hemorrágico, traumático, toxi-infeccioso, desidratação,
queimaduras graves.
No entanto, podem desencadear hipersensibilidades e é aqui que entra os de PM mais
baixo.

- Dextrano 1 : são usados em prevenção de reações anafiláticas, e administrados antes


do de PM mais elevado. Vão bloquear os locais de ligação ao Anticorpos e impede a
formação do complexo Antigene-Anticorpo, e impede reações de hipersensibilidade.
Podem ser usados em casos de insuficiência lacrimal, e para líquidos de lentes de contacto
(são lubrificantes, muito hidrofílicas, causam conforto no olho).

Outro polissárido vem de uma bactérias encontrada nas Brassicaceae (couve tronchuda)
que é capaz de produzir uma "goma" xantana (não é verdadeiramente uma goma). Então,
essa "goma" xantana é um polímero de glucose, mas não é um polimero homogéneo,
ligações β (1-4) e a certa altura há ramificações no carbono 3 da cadeira principal; essas
ramificações são sempre constituida por 3 moléculas; 2 moléculas de manose acetilada e
uma de ácido D-glucurónico. A manose que faz a ligação à cadeira principal esta acetilada a
nível do carbono 6 e depois no meio temos a molécula de ácido glucurónico e a outra
manose esta na extremidade da ramificação e está combinada com o acido pirúvico
formando um acetal entre carbono 4 e 6.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 18


A viscosidade dessa "goma" xantana não é influenciada pela temperatura nem pelo pH.
É produzido num meio de cultura rico em amido, melaço, com hidrolisado de caseína, com
sais minerais, temos polímero por ação da xanthomonas campestris, e depois podemos
precipitar a goma por ação do isopropanol.

É um estabilizante, gelificante e usado como saliva artificial.

O Lentinus edodes produz um polissacárido, que é uma glucana com moléculas de glucose
ligadas por β (1-3) e que também é ramificado, e a ramificação é β (1-6). Este polissacárido
tem a particularidade de ter uma estrutura em tripla hélice que é importante para a
atividade (quando perde a estrutura de tripla hélice, perda a atividade).
Tem propriedades imunoestimulantes, ele liga-se aos recetores de Dectina-1 e é capaz de
aumentar a proliferação dos linfócitos, a atividade dos macrófagos e a produção de
citoquinas e toda esta atividade faz com que em alguns países seja usado para combater o
cancro por causa da ação imunoestimulante (não é na vertente de impedir a proliferação
das células mas sim por aumento das defesas).

Glúcidos - Polissacáridos de alga

Os polissacáridos de alga (por exemplo agar) são importantes porque lhes conferem uma
certa flexibilidade e são também polissacáridos de reserva.

Nos países orientais, o consumo de algas é extremamente elevado.


As algas têm a vantagem do reduzido teor lipídico, elevado teor de polissacáridos não-
digeríveis e portanto poderão entrar no conceito de fibra alimentar e têm minerais e
vitaminas.

Com o elevado consumo, definiram-se determinados parâmetros a ter em conta por


exemplo o teor de iodo (visto que são muito ricas em iodo).
Parâmetros toxicológicos: I, As, Cd, Sn, Pb, Hg
Parâmetros microbiológicos

Tem também um interesse económico por serem polissacáridos espessantes, estabilizantes


e gelificantes na indústria agroalimentar: molhos, gelados, sobremesas, bebidas e na
indústria farmacêutica: géis; fertilizantes líquidos (K, I), para enriquecimento da
alimentação animal, na indústria da Cosmética e Talassoterapia (refirmante) e na
terapêutica (terpenos, compostos fenólicos).

Há 3 grandes famílias de algas, consoante os pigmentos abundantes:

→ Castanhas ricas em teratenoides, vão ser fornecedoras do alginato


→ Vermelhas ricas em fitoiritrinas, vão ser fornecedoras de galactanas sulfatadas
→ Verdes são uma mistura de tudo, mas principalmente de clorofila

Ácido algínico e alginatos (Pucus vesiculosus, Macrocystis pyrifera, Laminaria digitata)

São produzidos por algas castanhas: Pucus vesiculosus, Macrocystis pyrifera, Laminaria
digitata.

São polímeros de dois ácidos: do ácido manuronico e do ácido guluronico.


Pode estar na forma de sal e temos ácidos de catiões mono ou bivalentes, os de
monovalentes e de magnésio são solúveis em água e os de cálcio por norma precipitam.

O facto de termos ácido manuronico e do ácido guluronico, a verdade é que a estrutura do


polissacárido depende muito da origem botânica.
Sabemos que o esqueleto tem ácido manuronico e do ácido guluronico, mas
podemos ter uma fração que é só ácido manuronico de pois temos uma cadeira de

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podemos ter uma fração que é só ácido manuronico de pois temos uma cadeira de
ácido guluronico e depois vêm intercalado, noutra espécie pode só ter intercalado.

A percentagem de ácido manuronico e do ácido guluronico e a maneira como ele estão


ligados dependem da origem botânica.
A origem geográfica e a data de recolha também têm influencia na composição do
polissacárido, tem muito haver com a própria idade e maturidade da alga.

Como se obtêm?

Primeiro faz-se uma lavagem com água ligeiramente acidulada (vamos eliminar sais e
açucares hidrossolúveis), depois faz-se uma maceração com uma solução de
carbonato de sódio ligeiramente a quente. Se adicionarmos os iões de cálcio vamos
ter o alginato precipitado.

Se fizermos uma reação a quente com o 1,3-dinitrofenilnaftaleno e ácido clorídrico e


se tivermos uma cor azul-vermelhado temos ácido algínico.

Qual é a particularidade do ácido algínico?

Ele vai ter uma estrutura tipo caixa de ovos e


isso deve-se à fração de ácido guluronico,
porque conseguimos estabelecer ligações
paralelas e depois retêm água lá no
meio como acontece nos polissacáridos.
No caso dos alginatos com catiões
monovalentes e magnésio quando colocamos
água vamos obter uma solução coloidal e se
adicionarmos outros catiões divalentes
nomeadamente o cálcio
vamos formar um gel elástico, resistente ao calor.
A fração de ácido gulurónico é que vai determinar a formação e a força do gel que se obtêm
porque os catiões vão ficar presos por coordenação no interior da fração do ácido
gulurónico.

A utilização destes alginatos em farmácia pode ser como excipiente ou como substância
ativa.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 20


ativa.
- Excipientes em formulações de libertação prolongada e revestimento
gastrorresistentes (conseguem passar a barreira do estômago sem se degradar).
Vai funcionar como espessante, ligante, desagregante (ao reter água no interior vai
inchar e desagregar e assim libertar a substância ativa)

- Substância ativas é utilizado em casos de patologia digestiva após a refeição com


NaHCO3, Al(OH)3. Ao contactar com o ácido do estomago, há a libertação do ácido
ácido algínico, há um desprendimento do CO2 e forma tipo uma mouse e constitui
uma barreira física para os casos de refluxo gastroesofágico. É usado também em
compressas pré e pró cirúrgico ou feridas crónicas, porque ácido algínico com cálcio
precipita e pode absorver excusados, formando filmo entre ferida e compressa e
promove a limpeza da ferida.

- Aditivo alimentar como espessante

Carrageninas (Chondrus crispus)

É produzido por algas vermelhas, a principal produtora é a Chondrus crispus


As carrageninas são galactanas sulfatadas com uma cadeia linear com ligação β(1-3) e β(1-4)
entre β-D-galactose e α-D-galactose.
Temos que olhar para as carrageninas como uma sequencia de dímeros onde há uma
unidade A que está sempre sulfatada nos carbonos 4 ou no carbono 2 (só é sulfatada num
carbono), enquanto que a unidade B está sulfatada no carbono 2 e/ou carbono 6 ou então a
formação de um éter interno.
Éter interno entre
o carbono 3 e 6

Consoante as unidades que se ligam, nós temos carrageninas diferentes com propriedades
diferentes.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 21


Como se obtêm?
Com água quente alcalinizada concentra-se
o filtrado, precipitação com 1,2-propanol
(sempre álcool usado para precipitar e obter
os polissacáridos). Como temos sulfatos
existe a possibilidade de formação de sais.
À medida que temos solução, se arrefecer
começam a formar a dupla hélice,
continuamos a arrefecer estas dupla hélices
começam a associar-se mais, e depois se
voltamos a aquecer, voltamos a ter uma
solução, ficando no interior os iões.

Elas são usadas como


- Excipiente: Cremes, emulsões, pastas na Cosmética
- Terapêutica: Obstipação, Úlcera gástrica (neutralização da pepsina), Regimes de
restrição, Resfriados (ι-carragenina: hidratação da mucosa nasal)
- Indústria alimentar: E407, Estabilizantes, gelificantes, inibidores de cristalização
(produtos lácteos)

IMPORTANTE: Como polissacárido retém água no seu interior e incha

Agar-agar (gelose) (Gelidum, Gracilaria)

Também vem de algas vermelhas do género do Gelidum, Gracilaria.


Também é obtida por água quente ligeiramente acidulada, forma-se uma massa, onde é
forçada a atravessar um tamis e solidifica por arrefecimento.

No agar temos β-D-galactose e α-L-galactose e para além é um conjunto de 3


polissacáridos:
- Agarose: Escassamente sulfatado
Estrutura linear (AB)n,
A = D-galactose,
parcialmente metilada em
C-6 (não quer dizer que tem que estar sempre na carragenina tinha de estar sempre)
B = 3,6-anidro-L-galactose

- Piruvil-agarose porque está em


conjugação com ácido pirúvico a
formar um hemi-acetal entre os
carbonos 4 e 6 : Escassamente sulfatado
Anidridos internos (3,6)
A = 4,6-O-(1-carboxietilidene)-D-galactose

- Agaropectina: Fortemente sulfatada, pobre em éteres internos


Agarose + ác. galacturónico + galactossulfónico

A proporção destes 3 polissacáridos depende das algas

Como todos os polissacáridos é solúvel em água quente e quando arrefece retêm água no

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Como todos os polissacáridos é solúvel em água quente e quando arrefece retêm água no
seu interior. Podemos encontrar em pomadas, cremes, porque é estabilizante. Protege
estômago, funciona como laxante, usado em preparação de meios de cultura, e usado
como espessante. Usado em gelatina na indústria alimentar.

Fucanas (polímeros de fucoses)

São produzidos pelas algas castanhas, representam quase 50% do peso seco da alga.
São sempre polissacáridos sulfatados e apesar de se chamar fucanas não são constituido
exclusivamente por fucoses. A fucose é dos poucos açucares L. Vamos ter também xilose e
ácido glucurónico.

Xilose
Fucose Ácido glucurónico

Há alguns autores que ainda subdividem as fucanas em 3 classes

 Fucoidanos (é a mais importante) é só constituido por fucoses com moléculas


sulfatadas. Vamos ter uma cadeia principal com ligação α (1-3), e depois também
podemos ter a possibilidade de haver intercalado a ligação α (1-4).

 Ascofilanas, já temos uma mistura de xilose, fucose e de um ácido urânico

 Sargassanas para além das fucoses, temos glucose e ácido glucurónico,

Todas as moléculas são sulfatadas com ligação α (1-3)

Têm um propriedades anticoagulantes.


O fucoidan é muito procurado por imunomodulador, mas a propriedade mais importante
de todas é a função anticoagulante.

Polissacáridos de plantas vasculares

Amido

Está presente no trigo, milho, batata…


A maltose é a unidade fundamental do amido com ligação α(1-4).
O amido é quase constituído por glucose. É possível, na analise microscopia a distinção do
amido pelas seguintes características: tamanho, forma, se é visível ou não o hilo, estrilas .

Relativamente à estrutura química, no amido temos 2 polissacáridos:


- Um de origem botânica que é a amilose, que é um polímero linear, estamos a falar de
um polissacárido homogéneo só constituído por glucose e que estão unidas por
ligações α(1-4)
- Outro polissacárido que compõem o amido é a aminopectina, é ramificado em que
temos uma cadeia principal com ligações α(1-4) e uma ramificação com ligações
α(1-6) e é o maioritário.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 23


O comportamento do amido na água vária em relação à temperatura.
O amido à temperatura ambiente é insolúvel, ele retém água mas não se dissolve, se
subirmos um bocadinho a temperatura (50-60ºC) vai haver um enchimento irreversível dos
grãos o que leva à gelatinização. Se subirmos a temperatura para os 100ºC perde-se a
estrutura granular por difusão da amilose para o meio e o amido fica tudo solubilizado. Ao
diminuir a temperatura forma-se um gel.

Aquelas estruturas do polissacárido têm interferências com as propriedades do amido, no


caso da amilose com ligações α(1-4), ela vai adquirir uma disposição helicoidal e no interior
é capaz de incorporar moléculas hidrófobas como o iodo (que está relacionado com a
deteção do amido), ácidos gordos, álcoois, lípidos. No caso da aminopectina, temos uma
estrutura em cacho por causa das ramificações; em que vamos ter zonas cristalinas e zonas
mais amorfas que é o que determina o aspeto estriado.

Para além do amido propriamente dito, em farmácia também são usados amidos
modificados:
 Escolha da variação do amido em que a proporção de amilose/amilopectina interessa
mais
 amido que foram sujeitos a tratamento físico, como os amidos pré gelatinizados
porque sofreram um cozimento prévio seguido de desidratação; é possivel também
haver amidos por extrusivo (obrigados a passar por um género de tamis)
 reticulação (grau de inchamento é reduzido), temperatura inferior à gelatinização
 Podem sofrer também oxidação (NaOCl), Esterificação ((CH3CO)2O , H3PO4 )
Eterificação (hidroxialquil-, carboximetil-)
 Despolimerização controlada que pode ser feita por hidrólise parcial ou por ação
enzimática (amílases, amiloglucosidase)

Estes amidos são usados para obter comprimidos: usado como diluente (dá volume), quer
como ligantes (ajudam a incorporar o SA), quer como desagregante (incha). Usado também
para obtenção de dextrinas, ciclodextrinas e polióis.

Celulose

A unidade fundamental da celulose é a celubiose com ligação β(1-4).

A diferença entre o amido e a celulose é no α e β, contudo é o que nos faz digerir o


amido e não a celulose.

Então, a ligação da celulose é β(1-4), e esta ligação tem uma implicação a nível
estrutural que é por cada duas moléculas há uma rotação a 180º. Esta rotação de
180º permite o estabelecimento de pontes de hidrogénio intramoleculares entre o
oxigénio do heterocíclico e o hidroxilo do carbono 3 da molécula que está a seguir.
Por outro lado, há o estabelecimento de ligações por ligação paralelas e isso leva à
estabilidade da molécula.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 24


estabilidade da molécula.

A celulose é utilizada como diluente, ligante, desagregante.

A celulose está presente também por exemplo do algodão que corresponde aos pelos das
sementes gossypium spp. E é constituído por 95% de celulose.

Os pelos são muito compridos e recobertos de lípidos . Geralmente tem de ser tratado.
para obtermos:

- Algodão cardado: penteado, sem impurezas sólidas (minerais, restos de fruta). E utilizado
para fechar material de vidro.

- Algodão hidrófilo: usado em casa, tem tratamento mais complexo, é desengordurado


com solução alcalina, é branqueado com soda clorada, é lavado com ácido para
neutralizar a soda e depois com muita água, e depois é seco e no final é só pentear
como o algodão cardado. Tem grande capacidade de obtenção de líquidos e pode ser
usado para proteção de tecidos.

Para além de celulose propriamente dita, vamos ter também derivados de celulose e esta
modificação tb envolvem os hidroxilos tal como existia nos amidos.

Podem ter éster em que colocamos:


- Nitrato, acetato - plastificantes, películas, filtros, membranas de diálise
- Acetoftalato – películas gastrorresistentes
- Ftalato de hidroxipropilmetilcelulose – microencapsulamento, libertação prolongada

Depois temos os éteres (metil-, etil-, propil-, carboximetil-), que consoante o grau de
substituição dos hidroxilos do polímeros inicial vamos ter formação de soluções mais ou
menos viscosas isto tem haver com o numero de hidroxilos que é modificado na molécula.

Aplicação em farmacotecnia: Espessantes, lubrificantes, estabilizantes, ligantes;


Comprimidos, géis, cremes, loções, produtos de maquilhagem

Fibras alimentares

É um conceito mais nutricional ou fisiológico, NÃO é uma classe de composto


A definição aceite de fibras é resíduos vegetais que resistem às enzimas do trato digestivo
do homem, isto vai cobrir várias moléculas vamos ter macromoléculas da parede celular e
polissacarídeos intracelulares

Estão divididas em 2 grandes grupos consoante a hidrossolubilidade (se são solúveis ou


insolúveis) e depois também vamos ter as que são da parede celular e as que não são da
parede celular.

Estas estão na parede celular

 Celulose (insolúvel)
 Lenhina (insolúvel) NÃO É UM POLISSACÁRIDO

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 25


 Lenhina (insolúvel) NÃO É UM POLISSACÁRIDO
 Hemiceluloses (oses neutras e ácidas, homo- ou heteropolissacáridos)
 Pectinas são polissacáridos (glicanogalacturonanas)
 Glicoproteínas (hidroxiprolina)

Estas não são da parede celular


 Gomas
 Mucilagens são polissacáridos
 Polissacáridos de algas

Vamos encontrar fibras nos legumes, nas leguminosas, na fruta, nos cereais..

O que é que as fibras fazem no nosso organismo?

As fibras sofrer fermentação por ação da microflora do colon com quer produção de gás
(causa dor e flatulência) quer de ácidos gordos de cadeia curta (processos inflamatórios,
baixar o pH o que altera a flora intestinal e contribui para aumentar a população de flora
microbiana e aumentar a quantidade de fezes). Por outro lado, vai levar ao aumento da
água no interior do intestino que vai levar ao aceramento do transito intestinal.

Fibras Solúveis: têm grande poder de adsorção e ligação de várias moléculas, são capazes
de absorver ácidos biliares e aumentar o número de ácidos biliares presentes nas fezes, e
desta maneira vão reduzir a absorção de lípidos e como consequência, vai haver uma
diminuição de absorção dos lípidos e segundo vai haver uma diminuição do colesterol (se
não temos ácido biliar, não conseguimos fazer lipoproteínas para o transporte dos lípidos
para as células e o organismo vai reduzir a esta falta de lípidos, sintetizando lípidos a partir
do colesterol). Também conseguem ligar-se a minerais e alterar o balanço mineral do
organismo.

Estão associadas à formação de gel (quer a nível do estomago e no intestino) , porque


retém água. No estômago vai haver a diminuição da velocidade de esvaziamento gástrico
(estamos a espessar o conteúdo estomacal e assim demora mais tempo ao estomago ficar
vazio). Isto tem como consequência, para além da sensação de saciedade, o retardamento
da absorção de glucose (não há absorção pós-prandial) e diminui a absorção de nutrientes.
Na questão do intestino, ao espessar o conteúdo intestinal aumenta o tempo de trânsito no
cólon.

Fibras Solúveis e Insolúveis: a retenção de água adapta-se a ambas as fibras, com aumento
do volume fecal e aceleração do trânsito intestinal por aumento da frequência de dejeções
e diminuição da obstipação e assim regularização do transito intestinal.

Da metabolização destas fibras há uma diminuição do lúmen do ph do trato gastrointestinal


pela formação de ácidos gordos de cadeia curta e formação de lactato e isto tem
consequência na síntese secundária de ácidos biliares, e elas conseguem interferir com a
absorção dos minerais. Estes ácidos são carcinogénicos por outro lado ao acelerar a
velocidade do transito intestinal estamos a diminuir a absorção de substâncias toxicas, por
outro lado ao aumentar a quantidade de água no colon estamos a diluir o que poderá ser
tóxico para as células.

Efeitos biológicos: depende da composição e a principal ação é regulação do trânsito


intestinal. Tem interesse a nível de prevenção de doenças cardiovasculares, por causa da
capacidade que tem a nível da diminuição do colesterol. Levam a retardar a absorção de
glicose e por isso, ajuda nos diabetes (regime hipocalórico, pobre em amido).
A normalização de trânsito não se faz em crianças.

Frutanas

São polímeros de frutoses, só que as frutanas não têm unicamente frutose, elas têm uma

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 26


São polímeros de frutoses, só que as frutanas não têm unicamente frutose, elas têm uma
glucose (contudo como é só têm uma molécula de glucose para tantas frutoses que é
considerado um polímero homogéneo). A ligação entre a frutose e a glicose é feita pelo
carbono 2 e por esta razão há muita gente que considera polímeros superiores de sacarose.
O que se faz é ir adicionando várias moléculas de frutose que se pode ligar de várias formas.
Não tem poder redutor. Precisam de calor para serem hidrossolúveis e o grau de
polimerização depende muito da espécie produtora e do estado fisiológico da planta (têm
tendência a serem formados nos órgãos subterrâneos).

As ligações entre os polissacáridos são quebradas por hidrolise ácida.

Inulina e Oligofrutose

Há uma frutana muito conhecida é a inulina. Depois


temos a oligofrutose que é semelhante só que tem
mais moléculas de frutose.
Temos a inulina que é a enzima que quebra a
ligação entre as frutoses.

A Inulina tem efeitos prebióticos , não são absorvidas


a nível do íleo, nem são degradadas pela
alfa-glucosidase. São parcialmente degradadas no
cólon e levam à multiplicação das bifidobactérias, e
ajudam à fermentação e libertação de ácidos
gordos de cadeira curta e de gás, tal como nas
fibras alimentares.

Usos: obtenção de frutose pela inulinase, não são


metabolizadas, não se ligam a proteínas plasmáticas, não são adsorvidas nem excretadas a
nível tubular, e são usadas para estudo da função renal. É substituto da sacarose.

Encontra-se na chicória (raiz) e no dente de leão (folhas). Têm propriedades


colerético e colagogo (colerético aumenta secreção da bílis e colagogo estimula fluxo da
bílis da vesícula para o duodeno; uma é secreção e outro é o transporte) e são usados para
a eliminação renal de água.

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Heterogéneos (Gomas, Mucilagens e Pectinas)

Gomas

As gomas não existem pré-formadas nas plantas. As gomas são polissacáridos heterogéneos
ramificados e são produzidos quando a planta sofre algum tipo de traumatismo, pode ser
uma picada de um inseto, um traumatismo mecânico e esse traumatismo leva a uma
transformação dos polissacáridos da parede e do próprio amido e forma-se então a goma
que depois exsuda para fora da planta, seca e endurece. Como são polissacáridos são
insoluveis em solventes orgânicos e é isso que distingue das resinas. As gomas são soluveis
em água e dão origem a soluções mais ou menos viscosas

Há quem considere que as gomas podem ser agrupadas em 4 grupos distintos


 Grupo A: onde está a goma arábica, é galactana (polímero de galactose), mas depois
têm ramificações com L-arabinose e com oligósidos formados por outros açúcares(L-
ramnose, D-xilose, ácido D-glucurónico) mas a cadeia principal é constituída com
galactana, e é frequente estarem associadas a proteínas.
 Grupo B: estrutura próxima das pectinas, têm sempre ácidos galacturónicos, com
ligação 1,4, interrompido com L-ramnose, por vezes. Pode ter ainda outros açúcares,
com L-arabinose, ácido D-glucurónico e ácido D-galacturónico.
 Grupo C: são xilanas, ou seja, xilose com outras moléculas (L-arabinose, L-galactose,
ácido D-glucurónico), com ligações beta-1,4.
 Grupo D: em vez de ácido galacturónico como as do grupo B, são ácido galacturónico
e manose, com ligações 1,4 e 1,2. Muitas vezes o OH em C3 da manose pode ter uma
substituição semelhante com o que acontece no grupo A.

O tipo de goma depende da espécie, origem geográfica e de fatores ambientais.

Gomas estercúlia (Sterculia spp e S. urens, S. tomentosa)

Obtida de várias especies de estercúlia. As principais produtoras são a Sterculia spp e S.


urens, S. tomentosa.

Temos uma Glicano-ramno-galacturonana (como tem Gli- é um açucar não especificado e


depois temos ramnose e do ácido galacturonico)

Há algumas unidades acetiladas e por causa disto esta goma tem um odor acética, é uma
goma que hidrata muito lentamente e o que se faz para ultrapassar isso é fazer uma
mistura previamente com o álcool e obtém-se uma dispersão homogénea e a viscosidade
daa solução vai depender da concentração de goma. Se tivermos 2-3% vai formar uma
pasta (gel) e 20-50% vai ter características de adesividade.
Não é fermentável, absorvida, degradada, ou tóxica.

Como polissárido que é vai ser usado obstipação, regimes de emagrecimento e em


aparelhos de colostomia e próteses dentárias devido à sua adesividade.

Goma arábica (Acacia spp., A. senegal, A. Seyal)

Vai ser obtido de espécies de acácia como

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 28


Goma arábica (Acacia spp., A. senegal, A. Seyal)

Vai ser obtido de espécies de acácia como


Acacia spp., A. senegal, A. Seyal.
Temos uma polímero de galactose, então uma
galactana e depois temos as tais ramificações
com ácido glucorónico, arabinose e ramnose
(eventualmente), mas a cadeia central é
sempre constituida por galactose.
Como temos ácidos podem estar na forma de
sais. Estas estão associadas ao grupo A, onde
podem ter uma fração glicoproteínas.
Arabinogalactana constitui 88%.

A constituição desta goma está dependente da espécie e da data de cultura.

É uma goma que é muito solúvel em água e a viscosidade da solução que se obtém vai
depender do pH e a temperatura.
A viscosidade é mais quando estamos a trabalhar num ambiente neutro, e a presença de
temperatura e eletrólitos vai diminuir a viscosidade.

Incompatível com gelatina, sais de ferro, fenóis


Tem propriedades emoliente e béquico, estabilizante e emulsionante (E414) e
encapsulamento de aromas.

Goma adraganta (Astragalus spp., A. Gummifer)

Vamos encontrar uma mistura de 2 polissacáridos e é produzida por Vamos ter 2


polissacáridos, um que é ácido (e portanto vai ter ácido na sua composição) e outro que é
neutro.
Bassorina (60-70%) é o que é acido e é acido por tem Glicanogalacturonana (pode estar
mais ou menos metilação), pode ter mais açucares que estão ligados ao carbono 3 do ácido
glucorónico e têm sempre xilose que é a que liga à cadeira central.

No caso da Tragacantina (30-40%): Arabinogalactana (1-6, 1-3) é neutra e é solúvel em sol.


Hidroalcoólicas e com a água (sol. coloidal).

É utilizada na obstipação, como estabilizante (suspensões, emulsões) e espessante (E413).

Mucilagens

Ao contrario das gomas que se formam na sequencia de um traumatismo, as mucilagens já


existem pré-formadas nas plantas. Estão guardadas em formações histológicas
especializadas e têm um grande poder de retenção de água e assim são importantes para
evitar a desidratação das sementes e na germinação.

Vamos ter mucilagens neutras e ácidas.


Dentro das neutras (temos sempre sempre manose na cadeia principal com ligação 1-4)

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 29


Dentro das neutras (temos sempre sempre manose na cadeia principal com ligação 1-4)
vamos ter:
- as glucomananas, ou seja glucose mais manose e podemos ter algumas unidades
acetiladas, por exemplo no carbono 6
- Galactomanas, vamos ter galactose ligada à manose no carbono 6
- Galactoglucomananas (são uma mistura das outras duas) em que vamos ter
polissacárideos de glucomananas com ligação 1-4 e ramificações de D-galactose em
C-6, α

Mucilagens neutras

"Goma" de alfarroba (ceratonia siliqua)

Não é uma goma é uma mucilagem mas é o nome comum e é obtida da


Neste caso temos uma galactomanas, com ligação 1-4 entre os carbonos e depois a
galactose a ligar-se ao carbono 6.
A razão entre o número de manoses e o número de galactoses é de 1 galactose para 4
manoses.
Esta "goma" de alfarroba é muito usada para espessamento de leite que são usados nos
bebés que deitam fora o leito tudo e não conseguem segurar o leite no estomago. Para
evitar o regurgitamento do lactente, diarreia do lactente, regimes de emagrecimento e
produtos lácteos (E410).

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 30


"Goma" do guiar (Cyamopsis tetragonolobus)

São obtidas da semente do


Cyamopsis tetragonolobus,
também é uma galactomanana, a
diferença está que vamos ter
1 galactose para cada 2 manoses.
Esta "goma" do guiar tem algumas
propriedades interessantes como
a capacidade de diminuir a
hiperglicemia e a insulinemia
pós-prandial (embora não sejam
suficientes para regularizar os
valores nos diabéticos, ajudam),
porque aumenta a viscosidade no estômago e no intestino, diminui a velocidade do
esvaziamento gástrico, mas não é suficiente para tratar diabéticos.
Também diminui a colesterolemia e a lipoproteínas de baixa densidade , o mau colesterol. É
muito usada em afeçoes do esófago ou gastroduodenais em conjunto com o alumínio e
magnésio para prevenir o refluxo gastroesofágico e é espessante.

Nota: Ao ser usada requer que se ingira um volume adequado de líquidos caso contrario
pode haver oclusão esofágica ou intestinal.

Konjac

É um tubérculo muito rico numa mucilagem neutra, neste caso numa glucomanana (só
glucose com manose) a ligação na ramificação é 1-3. Podemos ter moléculas acetiladas, e
neste caso a razão é de 1 glucose para 1,6 manoses.
É usado em regimes hipocalóricos (de emagrecimento), diminui a colesterolemia e o LDLc.
Usado em casos de obstipação e antiácido, funciona também como espessante.

Mucilagens ácidas

Se são ácidas, quer dizer que vamos ter ácido urónicos na composição. As gomas têm
sempre ácidos, as mucilagens podem ou não ter ácidos.
De um modo geral, as mucilagens ácidas são obtidas de sementes e têm propriedades
laxantes, as que são obtidas das outras partes das plantas (raízes, folhas e flores) são usadas
para propriedades calmantes da tosse e expetorante.

Tília

No caso da tília são usadas as Inflorescências quer da Tilia corda, quer da Tilia platiphyllos
temos mucilagens de cinco frações, não está muito claro qual é a estrutura o que se sabe é
que têm D-galactose, L-arabinose, L-ramnose, ácidos urónicos.
A tisana de tilia têm propriedades para problemas menores do sono, afeções

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 31


A tisana de tilia têm propriedades para problemas menores do sono, afeções
dermatológicas, diaforético (faz suar) e afeções das vias respiratórias.

Atenção Estamos a falar de polissacarídeos que absorvem a água, assim conseguem criar
uma película.

Alteia

No caso da Alteia (são usadas as folhas e as raízes) e da Malva (só são usadas as flores).
Vamos ter uma Ramnogalacturonana, ácidos urónicos, galactose com uma estrutura muito
semelhante à das pectinas.
Estas mucilagens têm propriedades anti-inflamatório, emoliente e béquico e por isso é
usado no caso do tratamento sintomático da tosse, problemas digestivos, afeções
dermatológicas, afeções da cavidade bucal.

Estas estão classificadas pelo Infarmed com medicamentos à base de plantas.

Plantago

Dentro das mucilagens ácidas, temos depois várias espécies do Plantago.


Da Plantago, P. ovata (Ispagula), P. afra, P. indica (Psílio) são usadas as sementes. Nas
mucilagens quando são utilizadas as sementes vamos para propriedades laxatantes. E
nestas vamos ter Arabinoxilanas com Ác. Galacturónico. A diferença está que na P. ovata
vamos ter a L-Ramnose e a P. afra, P. indica vamos ter a D-Galactose.

Este polissacárido vai aumentar a absorção de água, aumenta a massa e a humidade do


bolo fecal, a degradação do polissacárido vai aumentar a acidez do bolo fecal, isto acontece
a nível do colon e tudo isto vai favorecer a ação laxante. Por outro lado, esta mucilagem não
é despolarizada no intestino, é degradada parcialmente no colon com libertação de ácidos
gordos de cadeia curta e de gás que também vai levar à ação laxante. Estes ácidos gordos
de cadeia curta têm a particularidade de inibir a síntese de colesterol. Devido à viscosidade,
permitem diminuir a hiperglicemia após as refeições (porque retarda a absorção de
açucares), pode levar ao sequestro de ácidos biliares e ao sequestrar os ácidos biliares vai
diminuir a sua reabsorção intestinal e vai aumentar a sua eliminação fecal, e como o
organismo vai deixar de ter os ácidos biliares para formar as lipoproteinas para transporte
de lípidos vai degradar o colesterol.
Assim temos dois mecanismos para a diminuição de colesterolemia, por um lado a inibição
da síntese de colesterol, por outro lado a formação de lípidos à custa da degradação de
colesterol.

São usados em casos de obstipação e fezes moles quando há uma cirurgia anal ou uma
espécie de ferida, contudo isto implica uma gestão adequada de água. Se houver alguma
estenose do esófago, oclusão intestinal não deve ser usado.

No caso das folhas do Plantago vamos ter duas espécies a P. major e a P. lanceolata
conhecidas como Tanchagem-maior e Tanchagem-menor, respetivamente.
No caso da Tanchagem-maior temos a Arabinoxilana com Ácido urónicos, no caso da
Tanchagem-menor temos D-Galactose, L-Arabinose e Ácidos urónicos (aqui já não tem
xilose).
Tem propriedades emoliente e anti-inflamatório (embora a ação de anti-inflamatório não se
deve ao polissacarídeo, às mucilagens mais sim aos iridoides que também estão presentes
nesta mucilagem). São usados também nas afeções dermatológicas (calmante,
antipruriginoso), Irritação / desconforto ocular e afeções das vias respiratórias e orofaringe.

Linho

No caso do Linho, as sementes do linho têm uma mucilagem que é composta por duas
frações: uma que é uma Arabinoxilana ramificada com D-Glucose e D-Galactose e outra
com Ácido galacturónico e L-Ramnose.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 32


com Ácido galacturónico e L-Ramnose.
O mecanismo de ação é sempre o mesmo, aumenta a absorção de água no intestino,
aumenta a massa, a humidade e a acidez do bolo fecal e vai aumentar o peristaltismo.

No linho, conseguimos encontrar umas linhanas, isto não são polissacarídeos, estas linhanas
vão ser hidrolisadas no intestino, ou seja perdem o açúcar e são depois desmetiladas e
reduzidas e vão dar a duas enterolinhanas porque só se formam no intestino (não estão nas
sementes do linho).

E estas enterolinhanas têm efeitos estrogénicos.

As sementes são usadas como laxante mecânico (requer o consumo de H2O), emoliente e
proteção da inflamação.
No entanto quando existe um problema associados nunca se deve administrar o laxante, ou
seja quando houver afeção do esófago, oclusão intestinal, hemorragia, crianças < 12 anos,
grávidas, aleitamento, cancro hormono-dependente.

Substancias Pécticas

No caso das pectinas, vamos ter então Glicanogalacturonanas (as tais que eram
semelhantes às gomas do grupo A) com D-galactose, L-arabinose e L-ramnose são os
açúcares que estão associados ao ácido galacturónico e a composição vai depender da
origem botânica e do estado de desenvolvimento da espécie.
Como estamos a falar de ácidos, estes ácidos podem estar metilados e o grau de metilação
vai determinar o tipo de composto.

- Grau de metilação inferior a 5 vamos ter os ácido pécticos (< 5) - pectatos


- Se tivermos mais de 5 e menos de 50 vamos ter pectinas fracamente metiladas
- Se forem acima de 50 Pectinas altamente metiladas (> 50)

Ácido galactúrico metilado

É possível quebrar a ligação entre estas unidades, à enzimas capazes de o fazerem.

E vamos ter também três tipo de substâncias pécticas:

- Homogalacturonanas, que são só com ácido α-D-galacturónico, eventualmente


poderá haver uma ou outra ramnose intercalada na cadeia, podem ser mais ou
menos metiladas e depois podem estar acetiladas e se tiverem acetiladas é no C2 ou
no C3

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 33


no C3

As Ramnogalacturonanas do tipo I, têm a cadeia de ácido D-galacturónico intercalada com


ramnose e depois é possível ver que nas ramnoses há oligossacáridos que se ligam às
ramnoses no carbono 4, e nessas ramificações vamos encontrar ou arabinose ou galactose,
para além de poder haver acetilação nos carbonos 2 ou 3.

As Ramnogalacturonanas do tipo II, já são diferentes têm uma cadeira principal que é só de
ácido galacturónico, e depois este ácido galacturónico pode estar substituído por
oligossacáridos, nonassacáridos em C-2, dissacáridos em C-3. Neste caso, já não está
intercalado nenhuma ramnose na cadeira principal.

As substâncias pécticas são obtidas a partir de resíduos da industria alimentar, a partir dos
desperdícios dos sumos, compotas, sidra; e esses resíduos são sujeitos a uma extração e
hidrolise ácida com aquecimento e depois há uma precipitação com etanol ou com

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 34


hidrolise ácida com aquecimento e depois há uma precipitação com etanol ou com
isopropanol e consoante o grau de metilação podem ser classificadas de diferentes formas.
As que se obtêm primeiro são as que têm um grau de metilação elevado e depois podem
ser purificadas e hidrolisadas e retirar os grupos metilos e dar origem depois a formas com
menor grau de metilação. A purificação pode ser feita com a passagem de resinas de troca
iónica e assim obter substancias pécticas mais ou menos puras.

Tal como os outros polissacáridos contribuem para a diminuição dos níveis de colesterol e
das lipoproteínas de baixa densidade, diminuem a absorção de glucose e aumentam
excreção de ácidos biliares e têm um efeito negativo sobre a biodisponibilidade das
vitaminas. São usadas como espessante do conteúdo gástrico, obstipação, regurgitamento
do recém-nascido e estabilizante e gelificante (E440).

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 35


Corpos gordos

Os corpos gordos são grupos bem definidos quimicamente.

Os corpos gordos são misturas homogéneas nas quais predominam os lípidos:


→ untuosos ao tacto
→ mancham o papel de nódoa gordurosa, translúcida e persistente
→ insolúveis na água, solúveis em solventes orgânicos apolares e nas soluções aquosas
alcalinas
→ densidade inferior a 1

São produtos pouco voláteis de natureza hidrofóbica e solúveis em solventes orgânicos


pouco polares.

“Ésteres de ácidos gordos e de um álcool ou poliol “ é uma definição antiga que não faz
muito sentido hoje em dia.

São produtos do metabolismo primário, desempenhando funções energéticas, estruturais


e de sinalização (por exemplo as prostaglandinas)

O metabolismo primário e o metabolismo secundário muitas vezes têm vias


biossintéticos diferentes.
O metabolismo primário basicamente engloba todas as substâncias ou todos os
compostos que são essências à vida dos organismos e quase todos são
universais, ou seja, estão presentes em todos os organismos. O metabolismo
secundário é mais especializado, permite sintetizar moléculas que não existem
em todos os organismos.

Em farmácia eles têm três funções diferentes:

→ Nutrientes e alimentação (por exemplo: sacos de alimentação parentérica)


→ Bioativos
→ Excipientes/Veículos (para veicular substancias lipofílicas)

Classificação dos Lípidos

Existem várias classes de lípidos.

Lípidos simples: Carbono, oxigénio e hidrogénio (não têm de ter necessariamente estes
três)

Ácidos gordos: Cadeias carbonadas, mais pequenas


ou maiores, que tem num terminar um grupo carboxílico
é por isso que não considerados ácidos e
gordos por causa da lipofílica que a cadeia
carbonada confere

Acilgliceróis / glicéridos : Ésteres de ácidos gordos e do


glicerol

Céridos :Existem nas ceras e são derivados da


esterificação de álcoois alifáticos de média/elevada

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 36


glicerol

Céridos :Existem nas ceras e são derivados da


esterificação de álcoois alifáticos de média/elevada
massa molecular, mono-hidroxilados, cadeia linear, saturada.

Estéridos : Derivados de esteróis

Lípidos complexos

São bastante raros

Podemos ter também uma classificação com base no estado físico.

Óleos – Líquidos à temperatura ambiente, predominância de acilglicerois de ácidos


insaturados.
Gorduras – Sólidos à temperatura ambiente, predominância de acilglicerois de ácidos
saturados (como são saturados conseguem compactar).
Ceras – sólidos à temperatura ambiente, predominância de céridos.

Ácidos Gordos

AG Saturados – Cadeia carbonada sem ligações duplas

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 37


AG Saturados – Cadeia carbonada sem ligações duplas

AG insaturados – Cadeia carbonada com uma ou mais ligação dupla. Se tiverem uma ligação
dupla eles são Monoinsaturados se tiverem mais do que uma ligação duplas são
Polinsaturados.

Metoxilados – distribuição restrita na Natureza ocorre junto ao carboxilo


Halogenados – distribuição restrita na Natureza (são predominantemente de animais
marinhos, visto acontece porque a água do mar está cheia de halogénio)

Ácidos gordos insaturados

Os ómegas tem haver com a distancia da


ligação ao grupo hidroxilo

Biossíntese

A biossíntese dos ácidos gordos


ocorre no citosol, faz sentido
porque se os ácidos gordos são
metabolitos primários significa que
estão desde do inicio na vida e em
seres muito simples, logo faz
sentido que seja no citosol
Via acetato
Iniciador: Acetil-S-CoA
Alongador: Malonil-CoA (vai
sempre contribuir com 2 átomos
de carbonos)
Cadeia é alongada com 2C,
sucessivamente (AG com nº de C
impares são raros)
Ciclos de elongação com 4 passos
Fatty acid synthase (FAS)

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 38


Habitualmente, a biossíntese termina quando se obtém AG C14-C18.
Existem AG maiores (VLCFA, very large chain fatty acids), no entanto são necessárias
enzimas adicionais.
Para a síntese dos AG insaturados, são necessárias desidrogenações.

Analise de ácidos gordos

 Insaponificável – constituintes não voláteis a 100-105 ºC, extraíveis com solventes


orgânicos após um passo de saponificação da amostra.
 Doseamento por gravimetria (carotenos, esteróides, vitaminas, hidrocarbonetos …)
 TLC (Cromatografia em camada fina), GC (cromatografia gasosa, neste caso
precisamos que o composto seja volátil o que não acontece por isso precisamos de
um passo prévio de transformar o composto num derivado para ser mais fácil usar a
cromatografia gasosa), HPLC
 Índices físicos PF, ponto de solidificação, densidade, índice de refração, poder
rotatório

Índices Químicos

→ Indicadores de identidade

Índice de saponificação
Índice de éster
Índice de hidroxilo
Índice de iodo …

→ Indicadores do estado de conservação


Índice de ácido (hidrólise)
Índice de peróxido (oxidação)…

Índice de saponificação (IS)

Nº de mg de KOH necessários para neutralizar os ácidos livres e hidrolisar os ésteres


presentes em 1 g de corpo gordo.

Índice de éster (IE)

Nº de mg de KOH necessários para saponificar os ésteres presentes em 1 g de corpo gordo.

Índice de cálculo indirecto : IE = IS – IA

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 39


Índice de hidroxilo

Nº de mg de KOH equivalentes ao ácido acético que acetila os hidroxilos livres de 1 g de


amostra.

Índice de iodo

Nº de g de halogéneo, calculada em iodo, adicionada pelas insaturações de 100 g


de corpo gordo

Índice de ácido (IA)

Nº de mg de KOH necessários para


neutralizar os ácidos livres presentes
em 1 g de corpo gordo.

Índice de peróxido (IP)

Nº de meq de oxigénio activo correspondente à quantidade de peróxidos presentes em


1000 g de corpo gordo.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 40


1000 g de corpo gordo.

Corpos Gordos com interesse em farmácia: (não é preciso saber os nomes em latim
destes)

Azeite (olea eupaea) - colagogo, emoliente, via parentérica;

Óleo de amêndoas (prunus dulcis var. dulcis e var. amara) - inflamações da pele, protetor
solar, via parentérica;

Óleo de rícino (ricinus communis) - purgativo, pomadas e cremes farmacêuticos e


cosméticos (FP);

Cera de carnaúba (copernicia cerifera) - polimento de drageias;

Óleo de jojoba (simmundsia chinensis) - emoliente, protetor da pele.

De espécies animais:

Lanolina (ovies aries) - emoliente, emulsionante (fármacos hidrófilos);

Óleo de fígado de bacalhau (gadus spp.) - raquitismo, diminui a colesterolemia, rico em


vitamina D;

Espermacete (physeter macrocephalus) - emoliente, protetor da pele, vem do cachalote,


mas podemos obter por via sintética. (vem do cachalote)

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 41


Compostos fenólicos

São compostos do metabolismo secundário.

Do ponto de vista químico, todos estes compostos são compostos fenolicos. Do ponto de
vista fitoquímico há necessidade de agrupar estes compostos em diferentes classes. Assim é
preciso agrupar com base de na biossíntese.

Então do ponto de vista fitoquímico, compostos fenólicos são compostos que têm uma
aromatização que resulta da via acetato e/ou via chiquimato.

A via chiquimato é a que dá origem a vários ácidos cinâmicos e derivados


A via acetato, são unidade de dois carbonos que são adicionados de cada vez

Apesar de só existirem duas vias, temos estruturas que resultam da combinação de várias
vias: acetato + chiquimado / chiquimado + mevalonato / acetato + mevalonato

A definição de compostos fenólicos são compostos sem azoto cuja a aromatização resulta
quer da via acetato e/ou via chiquimato.

É muito fácil olhar para uma estrutura e perceber que via é que segue. No caso da via
acetato e porque é pela adição de duas unidades (o acetato), quando fechamos o ciclo
vamos ter oxigenações em posições alternadas isto é uma característica da via acetato.
No caso da via chiquimato vamos ter um anel com uma cadeia de 3 carbonos que pode
sofrer encurtamento e no local oposto à cadeira vamos ter uma oxigenação e as
oxigenações posteriores já não vão ser em posições alternadas mas sim nos carbonos que
estão ao lado.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 42


Os compostos fenólicos têm características importantes, os hidroxilos fenólicos
comportam-se como ácidos fracos.

Radical fenoxilo pode circular por todo o anel, assim estes compostos são bons
antioxidantes porque são menos reativos que outros compostos.
Esta propriedade está envolvida no desenvolvimento de cor, instabilidade,
incompatibilidade (ex: com sais metálicos, importante em farmacotecnia)

Podem sofrer acoplamento oxidativo intramolecular ou intermolecular.


Quando é intramolecular ele dá origem à formação de ciclos.
Quando é intermolecular dá origem à formação de polímeros.

Se este acoplamento é dentro da molécula vamos ter a formação de ciclos e não de


polímeros.

Para além do acoplamento oxidativo pode haver também oxidação do anel aromático e
consoante as enzimas que são responsáveis por essa oxidação podemos ter a clivagem ou
não do anel.

No caso de ser uma Dioxigenase vai haver a ionização e oxidação na presença de Ferro (III)
vamos ter a rutura do anel e a abertura do anel.
No caso de ser uma Mono-oxigenase vamos ter um grupo hidroxilo na molécula.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 43


No caso de ser uma Mono-oxigenase vamos ter um grupo hidroxilo na molécula.

Como já vimos, são compostos que se comportam como ácidos fracos (estamos a ver isto
para os compostos fenolicos gerais, ainda não entramos em nenhuma classe especifica)

Há reação que permitem a identificação destes compostos, contudo podem ser detetados
por via direta: visiveis à vista desarmada, à exposição UV com vapores de amoníaco.

Podem ser identificados por reações de cor , como, FeCl3, vanilina em meio ácido,
fosfomolubdato-fosfotungstato (determina fenóis totais em meio básico, complexo absorve
numa cor azul), entre outras. A velocidade e a cor podem ajudar na identificação e já nos
dão algum tipo de orientação (posição dos grupos -OH…)

A identificação de eleição é por HPLC (UV, DAD, MS), o método de eleição, como tem
duplas conjugadas dos anéis absorve no UV, o DAD (mais frequente) tem a vantagem de ver
o espetro UV dos compostos, e o espetro de massa, contribui para a estrutura dos
compostos.
Um detetor de diodos conseguimos fazer um varrimento de comprimento de ondas e assim
é mais vantajoso usar este detetor.

Metabolitos sintetizados pela via acetato

Isto é tudo alimentado pelo ciclo de calvin que apartir da glicólise vai-se forma o
fosfoenolpirúvico e o piruvato , e este piruvato vai ter muitos caminhos possíveis, mas o
que interessa mesmo é a formação de acetil-Co-A, que pode sofrer depois outras reações
de oxidação. Temos que ter o acetato ativado na forma de acetil-Co-A.
Chama-se via acetato porque a acetil-Co-A é a molécula iniciadora, é o percursor desta via
acetato, mas a molécula que vai permitir alongar a cadeia é o malonil-Co-A que é uma
molécula de 3 carbonos onde vai haver uma condensação entre a molécula de acetil-Co-A e
o molécula de malonil-Co-A com uma descarboxilação (é por isso que se perde um carbono
do malonil). Vai se formar uma cadeia policetometilénica que depois vai dar origem aos
compostos fenólicos. Como podemos ter carbonos que são mais eletrofílicos são moléculas
muito reativas que podem sofrer várias ciclização

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 44


Se sofrer uma condensação aldóica vai dar origem ao ácido orcelínico, consoante o radical R
vamos ter diferentes compostos.

Pode sofrer uma condensação de Claisen e aqui vai dar origem a acilflorogucinóis.

Quinonas

Metabolitos sintetizados pela via acetato, já estamos a falar de metabolismo secundário


logo as plantas não têm necessidade de produzir para viver.

Uma quinona é uma dicetona, é um sistema conjugado. As mais comuns são as p-quinonas
ou 1,4 dicetociclohexa-2,5-diona; mas também há as o-quinona
O naftaleno são dois anéis conjugados. Existem 1,4 naftoquinonas (a posição dos grupo
carbonilo estão na posição 1,4) mas também temos as 1,2 naftoquinonas (a posição dos
grupos carbonilo está na posição 1,2).
Temos a antraquinona que lembra o antraceno que são três anéis aromáticos.
Temos a naftodiantrona que se desdobrarmos temos a nafto- que é 2 anéis e a diantrona-
que é 2 vezes 3 anéis.

Para a via biossintética há várias possibilidade temos a via acetato/malonato


O policetoéster sofre aldolização, cicliza e forma antrona é reduziada (porque falta um
função etónica) que por oxidação e aparece a outra cetona, forma antraquinona e depois
ocorre a descarboxilação que vai dar origem aos compostos antraquinonicos.

Consequências: temos OH no C1 e C8, geralmente no C3 temos um substituinte com


carbono, e pode ou não existir a hidroxilação em C6, ou um metoxilo. Tudo o resto, resulta
da ciclização do poliacetato.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 45


Há no entanto, outras possibilidades como a via dos ácidos mevalônico e corísmico que leva
ácido isocorísmico e o cetoglutárico; esse ácido isocorísmico vem do succinilbenzoico e a
conjugação desses dois dá origem ao ácido ácido 1,4-dihidroxi-2-naftóico (porque é
naftaleno por causa dos dois anéis e o grupo ácido está na função dois). Este é um
composto chave nesta via biossíntetica porque é um percursor direto das naftoquinonas
que podem sofrer várias alterações. Também podem formar-se algumas antraquinonas
contudo é mais frequente a outra via.

Há também a via do ácido p-hidroxibenzoico, este ácido pode sofrer prenilação pelo
pirofosfato de geranilo e vai dar origem a naftoquinonas.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 46


As quinonas são di-cetonas com duas funções carbonilos.
Essas quinonas são agentes de oxidação suaves convertidos em hidroquinonas e ligam-se
facilmente pelos centros eletrófilos delas e sofrem a adição de nucleófilos.

Em termos de solubilidade, os compostos livres são solúveis em compostos orgânicos, os


heterósidos já são solúveis em soluções aquosas e soluções hidroalcoólicas por causa do
açúcar presente na molécula.

Em termos de caracterização, a reação de Borntrager é aquela que é mais usada e é


também usada para fazer a revelação das placas em cromatografia em camada fina. Outro
processo de identificar as quinonas é por HPLC com deteção no UV e algumas também no
visível.

O doseamento pode ser feito pela reação de Borntrager, por HPLC.

E em termos de propriedades biológicas, os compostos que nos interessam são os


derivados 1,8-di-hidroxiantracénicos que têm propriedades laxativas. As naftoquinonas têm
propriedades antimicrobiana e citotóxica mas não são muitos usadas, contudo têm
propriedades corantes.
A Alizarina tem cor vermelhada e a Cochonilha é usada na industria alimentar e vem de um
inseto.

Principalmente as benzoquinonas e as naftoquinonas estão envolvidas em processos


alérgicos, elas comportam-se como Haptenos ligam-se pelos centros delas eletrofilicos aos
grupos amina e são capazes de causar dermatites por contacto.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 47


Quinonas: Naftoquinonas

Orvalhinha (Drosera rotundifolia e a Drosea madagascariensis)

Temos a orvalhinha que é usada a planta inteira de duas espécies de Drosera. A Drosera
rotundifolia e a Drosea madagascariensis.
A Drosera rotundifolia, era uma espécie protegida, é uma planta carnívora.
São todas 1,4 naftoquinonas. As naftoquinonas têm todas uma particularidade, obtemos
substituintes metilo ou hidroxilo no anel quinonico ou no anel benzénico.

Esta orvalhinha está associada a atividade antimicrobiana que é contra bactérias de gram -
ou gram +. Mas esta orvalhinha não é usada para isso mas sim para tosse espasmódica e
irritativa e para a asma.

Nogueira (Juglans regia)

São usadas as folhas da Juglans regia, temos também uma


1,4 naftoquinonas, neste casa 5-hidroxi,1,4-naftoquinona
mais conhecida como juglona.
O teor deste composto não é sempre igual e os teores são
mais elevados na planta jovem e depois vai diminuindo ao
longo do envelhecimento da planta; a juglona existe em maior
quantidade na planta fresca do que na planta seca.
Tem atividade antibacteriana e fungicida como naftoquinona
que é, e as folhas da nogueira têm outros compostos.
São usadas em casos de insuficiência venosa, sintomatologia
hemorroidária, descamação do couro cabeludo, afeções dermatológicas e afeções da
cavidade bucal e/ou faringe.

Hena (Lawsonia inermis)

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 48


Hena (Lawsonia inermis)

É usado as folhas da Lawsonia inermis para obter a Lawsona.


É outra naftoquinona com o hidroxilo na posição 2, que não é muito
comum.
É usada como fungicida, e é usada na cosmética em tintas porque se
liga ao grupo tiol da queratina.
Pode ocorrer reação alergica, mas não se deve à hena mas sim ao
p-fenilenediamina que misturam com a hena para garantir uma
maior duração e estabilidade da cor.
São usadas nas doenças de pele, tenicida, antidiarreico, abortivo.

Pau d'arco (Tabebuia avellanedeae)

Esta é uma espécie que está associada a fenómenos alérgicos, as cascas têm lapacol e tem
uma atividade antitumoral, chegou a ser utilizado em ensaios clínicos mas teve de ser
abandonado porque a dose eficaz era também toxica. A β Lapacona, já não é uma 1,4
naftonona mas sim 1,2 naftoquinona e esta em ensaio clínicos.

Quinonas: Antraquinonas

Antraquinonas, antraceno, ou seja 3 anéis.


Forma oxidada antraquinona, forma reduzida antrona ou antranol.
Vamos encontrar as quinonas quer na forma livre quer na forma de heterósido.
No caso das formas reduzidas elas são mais instável e encontram-se na forma de heterósido
e pode ser também na forma de dimero e essa formação é feita sempre à custa de duas
antronas e há ligação através do carbono 10 de cada uma delas, daí o nome de diantrona

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 49


Em termos de estrutura, não temos muita grande variedade estrutural porque está
relacionado com a via biossintética. A síntese destes compostos está associada à via acetato
de maloato.

Em termos de estrutura:
- Hidroxilo (-OH) está sempre nas posições 1 e 8
- O substituinte em na posição 3 é sempre um
substituinte com carbono ( -COOH, carboxi;
-CH2OH, hidroximetilo; -CH3 metilo)
- O substituinte em 6 ou hidrogénio ou um
substituinte com oxigénio (-OH, hidroxilo; -OCH3,
metoxilo)

Depois temos as antronas respetivas não têm o grupo carbonilo em 10, só


tem um grupo carbonilo. Em relação aos nomes das antronas, pega-se no
nome da antraquinona e acrescenta-se o nome antrona à frente.

Nas diantronas o sistema de nome funciona de maneira semelhante.


Lembrar que existe ligação de duas antronas no carbono 10.

Temos homodiantronas (2 antronas iguais) e heterodiantrona (2 antronas


diferentes)

Em termos de síntese temos o polybetacetoester que depois vai ciclizar.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 50


As antraquinonas, mais as antronas estão ligadas a açúcar (glucose, ramnose, apiose).
No caso dos O-Heterósidos a ligação é feita aos carbonos 6 e 8.
Nos C-Heterósidos a ligação é feita ao carbono 10 (ao carbono metilérico)
Temos antronas na forma de Heterósidos. As antronas são extremamente ativos e estes
farmacos vegetais não são usados sem serem sujeitos a um processo de secagem ou então
armazenamento durante algum tempo para haver oxidação desses composto para se
transformar em antraquinonas, ou então existe a transformação para diantronas através de
um processo enzimático que ocorre a uma temperatura não muito elevado. Há autores que
afirmam que elas já se encontram lá.
Assim:
- Temperaturas elevadas- oxidação
- Temperaturas mais baixas- reação enzimática

Em termos de propriedades físico-químicas estes compostos são amarelos, alaranjados.


Solubilidade- Os compostos livres, as geninas, são solúveis em solventes orgânicos; aquelas
que tiverem o grupo carboxílico -COOH são solúveis em soluções aquosas de hidrogénio
carbonato de sódio. No caso dos heterósidos são solúveis em solução aquosas e misturas
hidro-alcoólicas.

A hidrolise, no caso dos O-heterósidos é facil é so com ácido e aquecimento. No caso dos C-
heterosidos ou diantronas vamos precisar do ácido e do catalisador cloreto férrico (tem
dupla função catalisador e antioxidante). Para quebrar a ligação dos carbonos 10 das
diantronas é necessário o cloreto férrico mas a reação só ocorre em meio neutro (primeiro
precisamos de quebrar o dímero só depois é que se junta o ácido).

Estes compostos são caracterizados com a reação de Borntraeger consiste na reação com
uma base, o hidróxido de potássio (KOH) que vai promover a ionização dos grupos
hidroxilos fenólicos, vão ser ácidos fracos.

Vão ser solúveis em soluções aquosas por estarem ionizados e existe uma alteração da cor
porque aumenta a conjugação eletrónica e existe um desvio batrocrômico.

É possível fazer uma reação semelhante a esta usando acetato de magnésio usando solução
metanólica. A cor que se desenvolve é uma cor mais estável e intensa e é interessante usar
quando se trata de fazer um doseamento.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 51


Para reagir com a reação de Borntraeger e dar positivo tem que ser compostos livre e ter
hidroxilos livres nas posições 1 e 8.
As antronas vão dar negativo, assim é preciso transformar o composto.

Estes compostos absorvem no visível e em UV, vão dar compostos vermelhos que são
característicos destes compostos.

É possível também fazer outras reações mais especificas com p-nitrosodimetilanilina,


funciona só com antronas livres e forma-se uma azometina de cor azul (precisa de ter o
carbono livre).

A reação de Schoutelen é feita com o borato de sódio e basea-se na capacidade que os C-


heterósidos têm de emitir uma fluorescência.

Em termos de doseamento, a farmacopeia preocupa-se com as formas combinadas, isto é


porque as formas livres são praticamente inativas.
Há três etapas:
→ Extração (porque estamos a falar de uma matriz com mais compostos, com
água ou solução aquosa para extrair formas combinadas, podemos fazer uma
lavagem com solução orgânica para nos certificamos que não temos compostos

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 52


lavagem com solução orgânica para nos certificamos que não temos compostos
livres)
→ Hidrolise (oxidação com cloreto férrico (e catalisar a reação se houver C-
heterósidos à mistura) e meio ácido e fazemos uma extração em solvente
orgânico)
→ Reação de cor (reação de Borntraeger, e desenvolve-se a cor vermelha para
determinar a quantidade de composto numa leitura espetrométrica)

Serve não só para doseamento mas também para detetar estes compostos.

Em termos farmacológicos, comportam-se como laxativos ou purgativos e a atividade está


relacionada com a estrutura dos compostos.
Do ponto de vista farmacologico os mais importantes são os O-Heterósidos de
antraquinonas e das diantronas ou os C-glucósidos, quer isto dizer que são os compostos
em que o carbono 10 não é metilénico, ou seja, este carbono 10 ou está ligado a outra
antrona ou vai estar ligada a um açúcar e vamos ter C-glucósido.

As antronas e outros heterósidos de antronas são extremamente reativos, por isso os


fármacos vegetais que os compõem são guardados durante um ano antes de serem usados
ou então com tratamento térmico ou então com tratamento enzimático, o que interessa é
que o carbono 10 passe a ter outro grupo lá ligado que não hidrogenio.

As antraquinonas livres são inativos.

Em termos de mecanismo de ação, estes compostos (antraquinonas livres) chegam ao


intestino delgado e as formas livres vão sofrer conjugação com o ácido glucurónico e
eliminados na urina. É por isso que as antraquinonas livres são inativos porque não chegam
ao colón.

As formas que estão ligadas a açúcar (heterósidos de antraquinonas), essas sim atingem o
intestino grosso e aí vão ser quebradas as ligações aos açucares pelas β-glucosidases do
colon e vão ser reduzidas e dão origem a antronas livres que é quem vai atuar no
instestinos.
É por isso que os heterósidos destas antraquinonas são considerados pró-fármacos, o
açúcar só esta la pra ajudar a levar o composto ao seu local de ação.
Então essa antrona livre que se forma a nivel do colón vai ter dois efeitos. Vai ter efeito a
nível da atividade intestinal com a estimulação do movimentos peristálticos e vai ter efeitos
a nível da secreção dos eletrófilos porque vai inibir a bomba Na 2+/K+, vai estimular a
secreção de potássio e acompanhada da secreção de agua que vai promover o efeito
laxativo.

Este mecanismo é diferente do mecanismo dos polissacáridos.

Para este processo ocorrer existe um tempo de latência associado de 10 a 12 horas a atuar.

Estes compostos são usados na forma de tisanas (extratos aquosos), ou são usados em
preparações galénicas como comprimidos e capsulas.

Usos: Têm propriedades laxativas e purgativa (vai fazer a limpeza total do intestino) e são
utilizados para situações em que se pretende a limpeza do intestino como seja a realização
de exames radiológicos e colonoscopia, intervenção cirúrgica, obstipação ocasional (não se
pode usar em usos crónico).

Contraindicação: Crianças (para não causar desidratação e diarreias), grávidas (podem


causar aborto, pode levar ao desequilíbrio eletrolítico), lactantes (para não passar para o
leite), oclusão intestinal, doenças inflamatórias do intestino, cardiotónicos (usados na
insuficiência cardíaca e têm uma ação ao nível do K +, assim se este produto interfere na
bomba de Na2+/K+ e no influxo de potássio podemos ter uma hipocalemia), contracetivos
orais (diminuição da absorção do contracetivo oral).

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 53


orais (diminuição da absorção do contracetivo oral).

Efeitos indesejáveis (são pelo uso diário e prolongado)


Colite reativa, diarreia e dores abdominais, náuseas, vómitos, melanose, alteração da
mucosa, desequilíbrio hidroeletrolítico (hipocaliemia) tolerância, dependência

É para ser usado num período curto de 8 a 10 dias, não mais que isso.

Sene

Temos duas espécies o sene da índia (Cassia angustifolia) e o sene da índia (Cassia senna).
São usadas quer as folhas, quer os frutos. Vamos encontrar uma percentagem muito baixa
de antraquinonas livres, mas vamos encontrar principalmente heterósidos quer de
antraquinonas quer de antronas

Mas os compostos maioritários são as diantronas

Sennosideos A e B são
homodiantronas

Sennosideos C e B são
heterodiantronas

Amieiro negro

São usadas as cascas da espécie Rhamnus frangula.


Vamos ter antraquinonas livres mas vamos ter heterósidos de antronas e aqui temos vários
compostos: frangularósido A, frangularósido B, glucofrangularósido A, glucofrangularósido
B; ou seja os frangularósidos são os compostos que têm a ramnose ou a apiose; os
glucofrangularósido são os derivados destes compostos com a glucose no carbono 8.

E tem tambem os heterósidos de antraquinonas e as respetivas frangulina A (6-O-ramnosil-


emodina), frangulina B (6-O-apiosil-emodina), glucofrangulósido A (6-O-ramnosil-8-O-
glucosil-emodina), glucofrangulósido B (6-O-apiosil-8-O-glucosil-emodina).

Para além destes monómeros temos também algumas diantronas.

Cáscara Sagrada

Temos a especie Rhamnus purshiana, também são usadas as cascas.


Vamos ter antronas e os respetivos cascarósidos, temos a barbaloina A e B e a Crisaloina A e
B, conhecidas por aluinas (C-heterósidos), mas os compostos maioritários são os
cascarósidos (C e O-heterósidos).

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cascarósidos (C e O-heterósidos).

Nos cascarósidos temos glucose no carbono 8, nas aloinas temos glucose no carbono 10.

Aloés

Temos duas especies, o aloés do cabo por exemplo com o aloe ferox e o aloés dos barbados
por exemplo o aloe vera.
O suco de aloés é aquilo que escorre quando quebramos a folha do aloés que depois é seco
e que parece umas pedras.
O reinósido não é uma antraquinona
A mucilagem polissacaridea (gel de aloé, células poliédricas da zona central depois de tirar a
parede celular) é usada como hidratante, cicatrizante, afeções dermatólogicas.

O suco de aloé já é usado em casos de obstipação e voltamos a ter as barbolinas A e B (são


comuns aos dois).

- do Cabo (aloe ferox) : temos aloinósidos A e B (ramnose ligada ao OH, compostos


com 2 açúcares) e temos a 5-OH-aloína A (hidroxialoína);
- dos Barbados (aloe vera) : temos a 7-OH-aloína A, B, e algumas com metilação no C8
(hidroxialoína).

Ruibarbo

No caso do ruibarbo são usadas as raízes destas duas espécies Rheum palmatum, Rheum
officinale com glucosidos de várias antraquinonas.

Temos O,C-diglucósidos de monómeros e dímeros

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É usado maioritariamente em infeções da cavidade bucal

Alguns produtos comercializados

Quinonas: Naftodiantronas

São nafto- porque têm dois aneis, diantronas porque têm 2 sequencias de três aneis.

Hipericão

São usadas as subunidades floridas do Hypericum perforatum. Este hipericão têm


propriedades antidepressivas e muitas das vezes em vez deste vêm o hipericão do geres
que não é esta espécie que não tem atividade depressiva mas sim é hepatoprotetor.

Temos a Hipericina, R=H, Pseudo-hipericina, R=OH e temos a Proto-hipericina, R=H,


Protopseudo-hipericina, R=OH, na planta fresca porque lhe falta fechar aquele anel.

Para além destes compostos temos também os flavonoides, nomeadamente a rutina e


vamos ter derivados do floroglucinol,

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 56


A biossintese deste tipo de compostos.

Via acetato: para formar o sistema de três aneis, depois temos a dimerização e na planta
fresca ainda não está fechado um anel.
Depois da planta seca já temos a formação da naftodiantrona.

O Hipericão tem atividade antidepressiva e essa atividade é consequência da ação que tem
a vários níveis. É a mistura de todos os compostos que faz com que tenha essa atividade. A
nível pré-sináptico ele diminui o apeteito dos neurotransmissores: dopamina,
noradrenalina.. Também diminui a ligação do GABA aos recetores respetivos, promove a
ligação da 5-HT2 aos recetores do cortex central, inibição da MAO e da COMT vai fazer com
que os níveis da noradrenalina aumentem.
Tem também atividade anti-retrovírica (devido hipericina), tem também atividade
cicatrizante e atividade antibacteriano.

Utilização: provoca reações de fotossensibilidade o chamado Hipericismo (responsabilidade


da hipericina), assim quem faz tratamento com o hipericão deve-se proteger da radiação
UV 1-2 semanas antes e durante o tratamento.
Este hipericão têm imensas interações entre medicamento que podem ser do tipo
farmacocinéticas (complexo P450 e a glicoproteina P) ou de farmacodinâmicas.

Orcinóis

Cânhamo indiano (cannabis sativa)

O cânhamo indiano tem imensos compostos que foram identificados e um deles é o THC

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O cânhamo indiano tem imensos compostos que foram identificados e um deles é o THC
(tetrahidrocanabinol) é o único que é psicoativo. É uma planta dioica, tem uma planta
fêmea e uma planta macho, é sobretudo a parte inflorescente da planta fêmea é que tem o
efeito psicótico.
- É inalado misturado com o tabaco
- Temos a marijuana
- A resina é o HAXIXE
- O óleo das sementes de cannabis é extremamente ativa

O genótipo determina que nos tenhamos dois tipos de cannabis


→ Um tipo erva
→ Um tipo fibra, é usada para fazer cordas que são extremamente resistente

A canábis é uma das drogas há mais tempo enraizadas na Europa. É a substância ilícita mais
consumida, tendo quase 20% dos indivíduos no grupo etário dos 18 aos 24 anos afirmado
ter consumido canábis no último ano .
A Canábis é a mais consumida na União Europeia.
Em Portugal, a cannabis, a cocaína e o ecstasy são as substâncias ilícitas preferencialmente
consumidas.
Mais pessoas a consumir e mais com padrões de consumo diário/quase diário, em que mais
de ⅗ dos consumidores teve consumos diários/quase diários nos últimos 12 meses. Há
também um agravamento da dependência do consumo de cannabis na população.
É mais consumido por homens do que por mulheres.
Dependência: tem vindo a aumentar ao longo dos anos, sendo de destacar o grupo dos
15-34 anos.
A mortalidade aumenta em que consome cannabis misturado com outras coisas.
É a droga de maior acessibilidade, e a “mais leve”.
Há um aumento de utentes readmitidos, ou seja, alguém que consumiu, largou, e voltou.
O nº de apreensões diminui e a quantidade também, logo, há vias paralelas para fazer o
tráfico. O principal fornecedor de Portugal vem de Marrocos.
Potência: medida em termos de tetrahidrocanabinol - psicoativo .
A potência da cannabis tem vindo a aumentar.

É uma planta que se adapta a qualquer tipo de condições e que é muito invasiva.
A legislação para o consumo e produção de cannabis é muito especifica e controlada e
depende muito de país para país.

Consoante os compostos temos vários tipos de cânhamo.


São orcinóis porque derivam do orcinol; anel benzénico,
hidroxilação alternada e cadeia carbonada.
Da cannabis é usada Inflorescências (é onde está mais concentrado THC),
Folhas e Resina (consumido habitualmente por inalação) .

Cannabis tipo "resina"- teor mais elevado de THC

Marijuana - 2-6% THC


Haxixe - 5-20% THC
Óleo de canábis- > 50% THC

Cannabis tipo "fibra" - teor mais elevado de THC, mas um teor maior de canabidiol (orcinól
com muitas propriedades descritas)

Cannabis tipo "intermédio" - tem níveis intermédio de THC e CBO

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O controlo destes compostos é feitos por cromatografia em camada fina e cromatografia
gasosa, pois estão extremamente voláteis. O controlo é maioritariamente feito por
cromatografia gasosa acoplada a detetores de massa.

Na planta fresca temos os ácidos, com um grupo carboxílico na posição R, à medida que a
planta vai secante vai haver descarboxilação.
Na planta fresca existe um teor de THC mas que vai aumentando à medida que a planta vai
secando.

A potência vai depender da origem geográfica, armazenamento e da forma de cultivo.

Biossíntese

É um poliacetato porque vamos ter a interferência da coenzima A.

Começamos com uma molécula de hexanol-CoA e 3 moléculas de malonil-CoA. (por cada


molécula de malonil-CoA existe uma descarboxilação), depois há a ciclização para formar o
ácido olivetólico. Este ácido olivetólico vai se conjugar com pirofosfato de geranilo
que resulta da via da desoxixilulose difosfato (logo é uma biossíntese mista), para dar
origem ao ácido canabigerólico

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 59


Assim com a secagem ou quando queimam a erva para fumar vai levar a descarboxilações e
vai dar origem aos THC, CBC, CBD. Contudo o primeiro composto é sempre o ácido
canabigerólico.

Efeitos Imediatos:

Físicos:
- Aumento da frequência cardíaca;
- Aumento da pressão arterial sistólica quando se está deitado e diminuição quando se está
de
pé;
- Congestão dos vasos conjuntivais (olhos vermelhos);
- Dilatação dos brônquios;
- Diminuição da pressão intraocular;
- Fotofobia;
- Tosse;
- Diminuição do lacrimejo.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 60


- Diminuição do lacrimejo.

Psíquicos:
- Euforia (minutos depois do consumo); depois podem surgir sintomas de depressão;
- Sonolência;
- Fragmentação dos pensamentos ideias paranoides;
- Intensificação da consciência sensorial, maior sensibilidade aos estímulos externos;
- Instabilidade no andar;
- Alteração da memória imediata e da capacidade para realizar tarefas que requeiram
operações múltiplas e variadas;
- Reações mais lentas e défice na aptidão motora (até 12 h após consumo).

Nas pessoas com pouca experiência e que consomem em lugares desconhecidos, os efeitos
negativos mais frequentes são ansiedade e ataques de pânico .

THC:
- Absorção rápida : pico plasmático = 7 min / tempo de semi-vida = 2h
- Metabolização : no fígado e hidroxilado, 11-hidroxi-tetrahidrocanabinol e 8beta-THC,
outros
- Eliminação : urina (dá para detetar até 2 semanas nos consumidores de vez em quando e
até 3 meses para grandes consumidores)
regulares); fezes (análise da urina: controlo do consumo de cannabis).

Efeitos a Longo Prazo:

Físicos:
- Bronquite e asma (fumadores);
- Maior risco de cancro do pulmão;
- Diminuição da testosterona e inibição reversível da
espermatogénese;
- Supressão da LH plasmática, que pode originar ciclos
anovulatórios.

Psíquicos:
- “Síndrome amotivacional“ (fumadores crónicos) - apatia,
deterioração dos hábitos pessoais, isolamento, passividade e
tendência para a distração;
- Potencial de dependência;
- Síndrome de abstinência leve - ansiedade, irritação, transpiração, tremores, dores
musculares.
Os filhos das mulheres consumidores crónicas podem apresentar problemas de
comportamento.

→ Estes efeitos todos surgem de ligação aos recetores canabinoicos que nós temos no
nosso organismo e que se ligam os endocannabinoides.

Ações da cannabis: antiemético (previne os vómitos em pacientes que fazem


quimioterapia); antiglaucomatoso; antiasmático; anticonvulsivante; espasmolítico;

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 61


quimioterapia); antiglaucomatoso; antiasmático; anticonvulsivante; espasmolítico;
analgésico; estimulante do apetite.

A quantidade distribuída da canabinóides: depende da técnica de inalação/exalação; aero


ingestão; funcionalidade pulmonar e origem da planta

Controlo de qualidade: feito por cromatografia de camada fina; mede-se o THC e a pesquisa
de contaminantes, sujeita a ataque de fungos, bactérias, metais (como Al e Cd que ela
acumula) e os organofosforados (inseticidas para controlo de pragas) (em países autorizada
para fins medicinais).

Monitorização: o paciente, de modo a evitar a dependência e os efeitos adversos.

Floroglucinóis

A molécula tem oxigenação alternada no anel aromático só podia


ser resultante da via acetato. Contudo pode originar compostos
que tenham outras modificações posteriores.

Lúpulo (Hummulus lupulus)

A cerveja preta contém estes compostos.

São compostos amargos e têm ação antibacteriana e antifúngica e têm também


propriedades sedativas e calmantes principalmente a humulone. E existe um medicamento
à base de plantas no mercado que tem como constituinte o humulone que é o
Valdispertstress.

Para além destes compostos, há uns compostos que têm tipo


mais atenção ultimamente, é o xantohumol que já não é um
floroglucinóis mas sim um flavonoide nomeadamente um
flavonoide da classe das xaltonas porque não tem 3 anéis
só tem 2; é um composto de biossíntese mista.
ISTO É UM FLAVOIDE.

O xantohumol no intestino vai ciclizar e originar o isoxantohumol e no fígado vai sofrer uma
saida do grupo metoxilo e vai dar origem à 8-prenilnaringenina que é um agonista dos
recetores de estradioal (Erα) e tem propriedades estrogénicas.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 62


Relativamente aos derivados de ácidos orselínicos, temos o próprio do ácido
orselínico em que temos uma oxigenação alternada mas temos um grupo metilo
Ácido orselínico

Exemplo: a Penicillium spp. , o ácido micofenóico, que resulta de uma oxidação do ácido 5-
metil-orselínico, há formação de um anel lacónico que é uma lactona (uma lactona é um
éster interno/ cíclico), há conjugação com o pirofosfato de parmesilo, e origina o ácido.
É produzido por estas espécies: P. echinulatum, P. stoloniferum

O ácido micofenólico é uma micotoxina que inibe a inosinamonofosfato desidrogenase,


importante na síntese de purinas nomeadamente da guanosina, e dessa forma vai impedir o
crescimento dos linfócitos T e B, e exerce assim, uma ação imunossupressora e é usado em
casos de transplantes.

Metabolitos sintetizados pela via chiquimato

Via chiquimato deve ter algures o ácido chiquimico, mas NÃO COMEÇA COM O ÁCIDO
CHIQUIMICO (enquanto que a via acetato começava com a acetilCoA).
Os percursores da via chiquimato são a eritrose-4-fosfato (tetrose) e o ácido
fosfoenolpirúvico.

Existe conjugação da eritrose-4-fosfato e o ácido fosfoenolpirúvico que origina um


intermédiario com 7 carbonos que sofre uma sofre de reações, com formação do ácido 3-
dehidroxiquimico.
Temos o ácido 3-dehidrochiquimico por redução origina o ácido chiquimico.
O ácido chiquimico tem uma estereoquímica particular que não é fácil conseguir no
laboratório; não são muitas as plantas que acumula o ácido chiquimico porque ele segue
outras vias. Uma planta que acumulado é o anis estrelado.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 63


Não confundir o ácido chiquimico com o ácido quinico! O ácido quimico não tem dupla
ligação

Ácido quinico Ácido chiquimico

Este ácido chiquimico vai ser fosforilado vai ser conjugado com outra molécula de ácido
fosfoenolpirúvico vai sofrer uma serie de reações e vai dar origem ao ácido corísmico, e
este ácido tem um papel chave na via chiquimato porque pode sofrer vários tipo de
reações. E já podemos ver que a estrutura dos compostos da via chiquimato tem uma
configuração C6-O-C3.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 64


Este ácido corísmo é capaz de sofrer uma aminação no carbono 2 e uma eliminação de uma
cadeia de 3 carbonos que vai dar origem ao ácido antranílico e que vai dar origem a um
aminoácido -triptofano- que vai seguir para a síntese de alcaloides.
Outra coisa que acontece é sofrer uma hidroxilação e uma desidratação, desaparecendo o
grupo OH que dá origem a ácido isocorísmico , e a partir deste obtemos o ácido salicílico e
outros ácidos fenólicos.

O ácido corísmico pode sofrer


rearranjo periciclico e a cadeia

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 65


O ácido corísmico pode sofrer
rearranjo periciclico e a cadeia
lateral vai ser ligada ao anel
originando o ácido perfénico.
→ Se mantiver o grupo -OH vai
dar origem ao aminoácido
tirosina
→ Se o grupo -OH foi removido
vai dar origem ao aminoácido
fenilalanina

Ácido cinâmico: estrutura C6-C3, e


com hidroxilação, no local oposto à
cadeia carbonada,
temos uma obtenção de ácido 4-
cumárico/p-cumárico. Dos ácidos
cinâmicos podemos ter
aldeídos e álcoois cinâmicos e alil e
propenilfenóis.

O esqueleto típico de um composto


da via chiquimato que vai ter uma
estrutura C6-C3

Esqueleto típico da via chiquimato, a hidroxilação vai aparecer no lado oposto da cadeia
carbonada e as hidroxilações posteriores vão ser feitas nos carbonos do lado, não é
alternado.

Temos o ácido cinâmico e o ácido 4-comanico que são tipos da vai chiquimato porque têm
uma estrutura C6-C3

Diferença fundamental entre a via acetato e a via chiquimato. A via acetato tem composto
aromáticos com oxigenações alternadas no anel aromático e na via chiquimato temos
compostos aromáticos com uma estrutura C6-C3 em que a oxigenação vai aparecer no local
oposto da cadeira de 3 carbonos.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 66


- Primeiro ocorre sempre hidroxilação, depois pode ocorrer outras alterações, mas
primeiro ocorre sempre hidroxilação
- Quanto mais passos tiver a via biossintética de um composto mais raro, o composto
vai ser

Temos então os ácidos benzoicos e derivados que vão ter uma estrutura do tipo C6-C3, ou
então compostos C6-C1.

A partir do ácido cinâmico ou do ácido p-hidroxi cinâmico com uma estrutura tipo C6-C3 ao
sofrer oxidação pode originar um composto com estrutura C6-C1

No caso dos fenóis simples tem a tal formação C6-C1 mas depois sofre uma descarboxilação
e uma redução para dar origem então aos fenóis simples que são estruturas que tem um
hidroxilo no anel aromático

Temos aqui alguns fenóis simples e ácidos fenólicos.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 67


Ácidos fenólicos

Para termos um ácido fenólico temos que ter um grupo carboxílico e um grupo hidroxilo
fenólico.
Há vários autores que dividem em dois grandes grupos:
- Estrutura C6-C1 (derivados do ácido benzoico)
- Estrutura C6-C3 (derivados do ácido cinâmico)
Em qualquer dos casos eles podem estar livres, esterificados, podem estar ligados a
açucares e formar heterósidos e nos casos nos compostos livres podem sofrer uma
oxidação e dar origem ao aldeído correspondente.

No caso da estrutura C6-C3, podemos ter ésteres de álcoois alifáticos, Ésteres do ácido
quínico Ésteres ou éteres de açúcares Ésteres de metabolitos secundários.

Temos a vanilina que está presente na baunilha

Temos o ácido dicafeoiltartárico com uma


molécula de ácido tartárico ligada a duas
moléculas de ácido cafeico

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 68


Temos o ácido clorogénico que tem uma molécula de ácido quinico
com um ácido cafeico com uma esterificação no carbono 5, que é o
mais abundante na natureza. O ácido cafeico pode estar esterificado
em várias posições do ácido quinico. No ultra-som vai ocorrer
diferentes esterificações.

Podemos encontrar também os ésteres fenilpropanoicos de heterósidos, em que heterosido é formado por
um di- ou triósido geralmente glucose que pode estar combinado com ramnose e o fenilpropanoico é o di-
hidroxifeniletanol.
Para quebrar os esteres basta fazer uma hidrolise alcalina.
Nas ligações osidicas (esteres ligado a um açúcar) são quebradas com uma hidrolise ácida com aquecimento.

Em termos de solubilidade eles são solúveis em solvente orgânicos polares tipo etanol, acetona, acetato de
etilo.
São relativamente instáveis e podem sofre oxidação e isomerização (os isómeros naturais são os trans), o
ideal é trabalhar em atmosfera de azoto ao abrigo de luz.

Relativamente à extração, usa-se um álcool ou misturas hidro-alcoólicas para fazer a extração depois são
concentrados, temos de ter atenção à temperatura e não podemos deixar que vá muito acima dos
30-40 ºC porque a partir daí começa a haver a possibilidade de haver transformação.
Se quisermos uma partição com solventes não miscíveis de polaridade crescente, vamos conseguir separar
as formas livres dos esteres e dos heterósidos.
É possível fazer a hidrolise deste tipo de compostos e recorre-se muitas vezes à hidrolise quando se quer
saber qual o ácido que está por trás e que está ligado e depois volta-se a injetar num sistema de HPLC para
ver qual é genina que ficou porque os açúcares não absorvem no UV.

Em termos de purificação, vamos falar de compostos fenólicos no geral, um dos processos de purificação ou
enriquecimento é em extração em fase sólida, ou seja, pega-se na solução extrativa e acidificamos essa
solução, isto serve para garantir que todos os grupos fenólicos se mantêm na forma não ionizada vamos
depois acondicionar numa coluna de extração sólida em fase estacionaria apolar (têm o mesmo tipo de
enchimento de colocas de HPLC) podemos ter C18 (são usadas mais estas) ou C8, são acondicionadas
primeiro passamos etanol e depois passamos água ácida, aplicação da solução extrativa, vai acontecer que
como os compostos não estão ionizados vão ter mais afinidade para a fase estacionária (apolar) do que para
a fase móvel e assim vão ficar retidos na coluna, eluição de interferentes (lavagem da coluna) e no final
fazemos eluição dos compostos fenólicos com um solvente no qual eles sejam mais solúveis (normalmente
usa-se metanol).
Este processo é aplicado quando queremos purificar um extrato.

CCF pode ser feita para caracterizar por revestimento das placas, o sistema eluente leva um ácido, a
revelação – FeCl3 , vanilina clorídrica, …
CG pode ser usada mas estes compostos não são voláteis têm de ser derivatizados antes e é feita por
sililação
HPLC: colunas de fase reversa, a fase móvel é água, álcoois (e/ou acetonitrilo), também vai ácido (melhora a
resolução), deteção acoplado a detetores de UV, podemos também acoplar um detetor de díodos, um
detetor de massa.
Para composto isolados usamos os espetros de UV-vis, IV, RMN

Uva-ursina (Arctostaphylos uva-ursi)

São usadas as folhas, e vamos encontrar a arbutina que é um heterósido de um fenol simples; e vamos
encontrar também a metilarbutina, a diferença entre as duas é que o hidroxilo que está livre na arbutina
estar metilado na metilarbutina.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 69


Arbutina Hidroquinona p-quinona

Esta arbutina é capaz de no intestino ser hidrolisada por uma beta glucosidase e dar origem a um
hidroquinona que rapidamente sofre oxidação e da origem à p quinona. Esta arbutina é um marcador
taxônico da pera.

A hidroquinona tem uma ação antibacteriana (os fenois têm ação antibacteriana)

Temos a hidroquinona (sai a glucose) no organismo e é capaz de sofrer conjugação quer com o ácido
glucorónico quer com o sulfato e é nessa forma que ela vai atingir a bexiga e vai ter que ser quebrada para
libertar o fenol que é o que tem a ação antibacteriana no caso das infeções urinárias. É usada para infeções
urinárias, mas para que isso ocorra a urina não deve ser ácida e o pH deve ser superior a 8. Assim esta
conjugação serve como um pró-fármaco.
Há quem diga que não é preciso alcalinizar a urina porque as bactérias responsáveis pela infeção podem
quebrar a ligação.

Não é recomendado em crianças, grávidas e lactantes.

Para além disso, esta hidroquinona tem uma propriedade muito interessante que é ser despigmentante, ela
é capaz de inibir a sintese de melanina e também é citotóxica para os melanócitos, portante vai ter ação em
casos de hiperpigmentação, basicamente vai clarear a pele.
Inibe o primeiro passa da formação da melanina, ou seja inibe a formação da DOPA quinona.

Tem esta ação quer a hidroquinona quer o mequinol, a propria arbutina


também tem esse efeito e os extratos de uva-ursina porque têm arbutina e
metilarbutina também vão ter esse efeito e é usado em casos de melasma
(exposição solar), melanose pós-inflamatória e química.

Tem que se ter algum cuidado na utilização deste produtos.


Podem usar os profissionais em tintas de cabelo (concentração permitida menor ou igual a
0,3%) ou em unhas artificiais (concentração permitida menor ou igual a 0,02%).

Baunilha (vanilla planifolia)

Não tem propriedades curativas, mas é usada como corretiva do cheiro e do sabor e é muito usada pela
industria alimentar.
São usados os frutos.
A composição altera em função do amadurecimento da planta :
- planta mais jovem : vanilósido (açúcar ligado e um aldeído);
- planta mais velha : vanilolósido (e um álcool).
Nenhum destes compostos tem cheiro, porque tem açúcar, é capaz de sofrer hidrólise e
libertar-se do açúcar. No caso do vanilolósido, tem de sofrer hidrolise e oxidação e obtemos a vanilina ou
vanilal , que dá o cheiro característico da baunilha.

Normalmente recolhe-se os frutos incompletamente maduro e depois podem levar ao aquecimento 50-60ºC
por vários dias para promover estas transformação ou então mergulhar em água quente.

A vanilina sintética é produzida pelo guaiacol e eugenol (não são percursores).

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 70


A vanilina sintética é produzida pelo guaiacol e eugenol (não são percursores).

Ácidos fenólicos

São sintetizados pela via chiquimato e uma das característica é


tem um -OH no carbono oposto à cadeia de 3 carbonos, as
hidroxilações posteriores são adicionadas nos carbonos adjacentes.
Alguns desses hidroxilos podem ser metilados por isso depois
vamos ter grupos metoxilos. Quantas mais transformações houver
menos frequente é na natureza.

Na coluna ao lado, temos os correspondentes dos ácidos benzoicos


que correspondem aos ácidos cinâmicos, o que acontece de uma
coluna para a outra é a saída de um acetato e o encurtamento da
cadeia.
Assim ácidos cinâmicos estrutura C6-C3, ácidos benzoicos
estrutura C6-C1.

Alguns fármacos vegetais derivados dos ácidos fenólicos e mais derivados do ácido cafeico

Alcachofra (Cynara scolymus)

Para fins medicinais são usadas as folhas.


Vamos ter muitos derivados do ácido cafeico e é capaz de estar
esterificado no ácido quinico em várias posições.
Temos como composto a cinarina, que corresponde ao
ácido 1,3 di-cafeiolquínico (pode apresentar outros ácidos noutras
posições).
Para além dos ácidos temos os heterósidos, cuja genina é um flavonoide
que é a luteolina.

No processo de extração da planta, os ácidos podem sofrer várias reações, como hidrólise,
transesterificações (moléculas de ácido cafeico podem saltar), e isto quer dizer que o mesmo extrato
preparado com o mesmo solvente, pode não ter a mesma atividade, porque pode ter ocorrido uma reação.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 71


A alcachofra é muito conhecida pela ação colerético (aumenta a secreção de bílis) e colagogo (promove a
passagem da bílis da vesicula para o intestino). Há estudos que sugerem que diminuiu os níveis de colesterol
Porque tem ação na biossíntese de colesterol, é hepatoprotetor e favorece a eliminação renal e a função
digestiva. A EMA dá a indicação para problemas digestivos.
Não está indicado para crianças, grávidas, lactantes e para a obstrução das vias biliares (como é colerético e
colagogo vai aumentar a tensão se existir obstrução das vias biliares).

Cardo-do-coalho (Cynara cardunculus)

É uma espécie mais selvagem da alcachofra, as propriedades são semelhantesa: colerético, colagogo,
hepatoprotetor e diurético.

Amostras colhidas em épocas


diferentes e o que se verificou é que
o perfil químico da época de
colheita, era distinto.
Tinha os mesmos compostos, mas
havia inversão do teor dos
compostos.
- Amostras colhidas no verão:
composto maioritário é ácido
1,5-O-dicafeoilquínico;
- Amostras colhidas no
inverno: composto maioritário é
ácido 5-O-cafeoilquínico.

Alecrim (rosmarinus officinalis)

São usadas as folhas e as flores e que tem ácido rosmarínico em termos estruturais é um éster do ácido
cafeico e do ácido α-hidroxi-dihidrocafeico (porque temos um hidroxilo no carbono α e não temos a dupla
ligação logo dihidro-)(na ligação do ácido cafeico com o ácido α-hidroxi-dihidrocafeico existe a saida de uma
molécula de água).
No alecrim também podemos encontrar o ácido clorogénico e
diversos dipetrenos fenólicos.
A espécie rosmarinus officinalis pertence à família botânica
das labiadas e sabe-se que este ácido rosmarínico é um
marcador taxomico desta família lamiadas, ou seja, as plantas
que pertencem à família das lamiadas apresentam todas ácido rosmarínico.

Tem propriedades semelhantes aos fármacos atras: Colerético, colagogo, Hepatoprotetor, favorece a
eliminação renal, favorece a função digestiva, antissético e cicatrizante, anti-inflamatório, antioxidante

A utilização é dispepsia e espasmos do trato gastrointesteinais.

Containdicação: Problemas hepáticos, Obstrução das vias biliares


Não recomendado: Crianças, grávidas, lactantes

Chá-de-java (Orthosiphon aristatus)

São usadas as folhas e as extremidades dos caules.


Vamos ter também vários derivados do ácido cafeico.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 72


Chá-de-java (Orthosiphon aristatus)

São usadas as folhas e as extremidades dos caules.


Vamos ter também vários derivados do ácido cafeico.
Vamos ter um ácido litospérmico (é uma liana) que é a
junção do ácido rosmarinico e de um derivado do ácido
cafeico e do ácido α,β, dihidroxi, dihidrocafeico.
Para além do ácido litospérmico temos também o ácido
rosmarínico e o ácido dicafeioiltartarico

Este chá-de-java favorece a eliminação renal, favorece a função digestiva, adjuvante em regimes de
emagrecimento.

Mas a recomendação da união europeia é para adjuvante em problemas menores do aparelho urinário.

Agripalma (Leonurus cardiaca)

São usadas as folhas e as florezinhas e para alem de ter uma serie de ações e tem ação cardiovascular.

Para alem do ácido rosmarínico, vamos um derivado de um éster e


um heterósido formado por um diósido e pelo
3,4 dihidroxifeniletanol.

As recomendações que a união europeia dá é sensivelmente


para situações associadas à ansiedade; alívio dos sintomas de
tensão nervosa, alívio de manifestações cardíacas semelhantes a palpitações (após descartar condições
graves com diagnóstico médico).

Containdicação: Gravidez
Não recomendado: Crianças

Salva (Salvia officinalis)

É uma erva aromática e medicinal. É usada no condimento de comida para substituir o sal.
Tem propriedades antiespasmódico, antissético, adstringente (melhora a digestão).
Sendo uma lamiadas, logo tem ácido rosmarínico (que é um indicador taxonómico para a família das
lamiadas).
Tem em vista estudos, a quantidade de ácido rosmarínico tem vindo a aumentar com o envelhecer da
planta.
Como é uma espécie aromática é colhida entre maio e julho por causa dos óleos essenciais, se quisermos
tirar os ácidos fenólicos a melhor data de colheita é Setembro.
O teor de ácido rosmarínico também aumenta se colocarmos alguma espécie de suplementação.

Aveleira (corylus avellana)

É utilizada as folhas, tem propriedades medicinais, tem muitos


derivados do ácido cafeico.
Têm muitas variedades e conforme a variedade o composto maioritário
também se vai alterar.

Alfazema (lavandula officinalis)

É uma lamiada, é um espececie que é medicinal e aromátcia ao mesmo tempo. É usada como dispepsia,
sedativa, diurética, espasmolítica.
Para além do ácido rosmarinico vamos ter vários derivados glicosilcumáricos.

Do cumárico há hidrólise e
ciclização para dar origem às

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 73


Para além do ácido rosmarinico vamos ter vários derivados glicosilcumáricos.

Do cumárico há hidrólise e
ciclização para dar origem às
cumarinas.

Nas especies para consumo existe um aumento


das cumarinas que provavelmente se deve à
hidrolise e ciclização do ácido glicosilcumárico.

Derivados do ácido salicílico

Atenção temos de olhar bem para as moléculas e ver que grupos funcionais têm.

O salicósido ou salicina é um heterósido, mas é feita à custa do álcool salicílico.


O monotropitósido é um derivado do salicilato de metilo.

Em termos gerais são utilizados para:


→ uso interno: antipiréticos; analgésicos; anti-inflamatórios; antiagregantes plaquetários
→ uso externo: analgésicos, anti-inflamatórios, rubefacientes, antirreumatismais

Rainha dos prados (Filipendula ulmaria (= Spirea ulmaria))

As unidades floridas desta espécie deram origem à aspirina.


A aspirina é um composto síntese.

Com a hidrodestilação vamos conseguir


libertar quer o salicilato de metilo quer o
aldeído salicilico.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 74


Com a hidrodestilação vamos conseguir
libertar quer o salicilato de metilo quer o
aldeído salicilico.

O que está na planta é isto

Está indicado para estados febris e gripais, analgésico, anti-inflamatório, favorece a eliminação urinária,
favorece a função digestiva
Não recomendado: Crianças, grávidas, lactantes
Contraindicação: Hipersensibilidade aos salicilatos

Óleo essencial de wintergreen (Gaultheria procumbens)

São usadas às folhas desta espécie.


É muito usado para a higiene bucal, cosmética, aromatizante alimentar, analgésico, anti-inflamatório,
antipirético, antissético, antiespasmódico, sedativo
Por ter um teor de salicilato de metilo muito elevado mais de 95% estão descritos vários casos de
intoxicação (1 ml salicilato de metilo vai corresponder a 1,4 g ác. acetilsalicílico (>10 ml!)).

Salgueiro (Salix purpurea, S. daphnoides, S. fragilis)

São usadas as cascas, para além de ter salicina, vamos ter derivados benzoados do salicósido.
São compostos termolábeis e quando são sujeitos a uma temperatura elevada vão libertar o salicósido (é
heterósido do álcool salicílico). Este salicósido no intestino vai ser hidrolisado, vai sair o açucar e vai ser
oxidado e libertado o ácido salicilico.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 75


Contraindicação: Hipersensibilidade aos salicilatos, Grávidas (3º trimestre), Asma, Úlcera gástrica ou
deficiência em G6PD
Utilização: Estados febris e gripais, Analgésico, Anti-inflamatório

Choupo (Populus nigra)

São utilizadas as gemas foliares.


Vamos ter dentro desta especie dois heterósidos

É um derivado glicosilado do álcool salicilico mas que uma


parte que está esterificada do ácido benzoico

Temos a molécula do populósido, mas a função álcool


serviu para esterificar outra molécula de ácido salicílico

Utilizações: Estados febris e gripais, analgésico, anti-inflamatório


Contraindicação: Hipersensibilidade aos salicilatos

Cumarinas

São compostos sintetizados pela via chiquimato, na posição 7 vamos ter sempre um hidroxilo (pode estar
metilado ou não).
A umbeliferona é o percursor das cumarinas.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 76


Podemos ter 6,7-diOH e 6,7,8-triOH e é possível haver a metilação dos hidroxilos (OCH3) ou a glicosilação
(heterósidos).
É possível haver prenilação, a introdução de cadeias isoprénicas de 5 carbonos e essa prenilação pode ser
feita através de um oxigénio ou então pode ser nuclear (pode-se ligar diretamente ao anel nas posições 6 e
8) e geralmente quem implicado é um grupo umbeliferona, herniarina embora também possa haver
introdução de um grupo na posição 3 mas seja menos frequentes.
Podemos ter a introdução de 1,2 até 3 unidades de 5 carbonos. Esta prenilação é o que justifica o
aparecimento de Furano- e piranocumarinas.

Biossíntese

Temos o ácido p-cumárico (hidroxilo na posição oposta da cadeia de 3 carbonos) e a etapa chave é a
hidroxilação no carbono 2
Estes ácidos os que existem na natureza são os isómeros trans, então sofre isomerização que pode ser
provocada pela luz ou por enzimas, para depois dar o isómero cis e então ocorre a tal lactonização (um ester
interno-lactona) com a saída de água, e forma a umbeliferona.

Se basicamente a biossintese é colocar um hidroxilo na posição 2 e depois ocorre a ciclização podemos


perguntar o porque de não ocorrer ciclização do ácido o-cumárico (mas isso não ocorre porque o ácido o-
cumárico não é muito fácil obter esse ácido por causa do -OH na posição 2) assim a cumarina como
composto não é muito frequente porque em termos de via biossintética não é muito comum.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 77


Esta via não é
muito comum

No caso das Furano- e piranocumarinas, implica de certeza uma prenilação (um resíduo de 5 carbonos),
assim já é uma biossíntese mista (não é só via chiquimato) e consoante o local em que é introduzido a
cadeia podemos ter furano e piranocumarinas lineares ou angulares.

Introdução da cadeia na
posição 6
Depois temos o ataque
nucleofilico do hidroxilo
da posição 7 e
consoante o sitio onde
vai ocorrer o ataque
podemos ter um anel
furanico se for em 1 e
um anel piramico se for
em 2 e depois é preciso
que saia o resíduo

Esta é linear se a
introdução da cadeia
for no carbono 8 é
angular

NÃO NOS PODEMOS ESQUECER QUE AS ESTRUTURAS PODEM ESTAR AO CONTRARIO

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 78


Para analisar temos que olhar para o núcleo e ver o que aconteceu.

Em termos de solubilidade os compostos livres são solúveis em solvente orgânicos, os ligados a açucares são
solúveis em solvente aquosos ou misturas hidroalcoolicas.
Para purificar estes compostos, normalmente joga-se com as propriedades da lactona que abre e solubiliza
em meio alcalino e fecha em meio ácido.
Também é possível solubilizar estes compostos por sublimação, mas este processo pode levar a alterações
estruturais do anel.
Pode ser feita por HPLC que como tem anéis vai absorver a UV, usando colunas de fase reversa e fase
normal.
Relativamente à análise é essencial ver o espetro de UV (dos substituintes e ver no meio pH em que estão
inseridos), por CCF e por HPLC.

Castanheiro da índia (Aesculus hippocastanum )

Usam-se as cascas, vamos ter heterósidos.


Tem propriedades protetoras vascular e venotónico e assim são usadas em caso de Insuficiência
venolinfática (pernas pesadas), fragilidade capilar cutânea, crise hemorroidária.

Meliloto (Melilotus officinalis)

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 79


Meliloto (Melilotus officinalis)

As extremidades floridas são ricas num derivado ácido o-cumárico (que tem a glicose ligada ao hidroxilo do
carbono 2), facilmente sofre hidrolise e rapidamente lactonizar e dar origem à cumarina, esta cumarina no
caso de sofrer contaminação fúngica vai dimerizar e dar origem ao dicumarol, o dicumarol não existe no
meliloto só aparece no caso de haver contaminação fungica.
O dicumarol tem propriedades anticoagulantes e é capaz de inibição da vit K epóxido redutase e assim
diminui a síntese de protrombina e fatores de coagulação.

O meliloto tem propriedades Anti-edematoso, aumenta o débito venoso e linfático e diminui o


permeabilidade capilar e por isso é usado em Insuficiência venolinfática, fragilidade capilar cutânea, crise
hemorroidária
Contraindicações: Tratamento com anticoagulante.

Pilosela (Hieracium pilosella)

É usada a planta toda e tem umbeliferona e durante muito tempo foi usado
como bacteriostático e era usada em veterinária.
Ela tem capacidade de favorecer a eliminação renal e favorecer a função
digestiva

Utilização (EU): Problemas menores do aparelho urinário


Não recomendado: Crianças, grávidas, lactantes

Angélica (Angelica archangelica)

São usadas as raízes, vamos ter dois tipos de cumarinas, vamos ter cumarinas simples e furanocumarinas.

É uma furanocumarina angular

Teve uma prenilação

É usada em problemas digestivos e colites espasmódicas, mas tem um problema que é a associação de
fotodermatites.
As furanocumarinas (furanocumarinas lineares, as angulares não têm este efeito) se contactarmos com
estes compostos e depois tivermos exposição à luz vamos ter uma dermatite aguda e depois
hiperpigmentação e é agravado pelo calor, o tratamento é com corticosteroides e compressas frias.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 80


As furanocumarinas lineares vão se ligar às bases pirimidinas do DNA (mais à timina do que à citocina) e
podem fazer ligações de cicloadição e podem ser monoaducto ou diaductos essa ligação é feita pelos C3 -C4
ou C4'-C5'. Há algumas substancias que têm interesse na industria da dermocosmética e têm limites bem
definidos.

A figueira (ficus carica) têm também furanocumarinas e a sua utilização deve ser cuidada.

Contudo têm utilização a nível terapêutico em PUVA terapia quer isso dizer um tratamento psoraleno
seguido de radiação UV (320-380 nm) pode ser tambem metoxipsoraleno.
Estão indicados em casos mais resistentes de psoriase em que há um processo inflamatorio em que não há
renovação de pele. Também usados em casos de vitríolo , são casos de despigmentação o que vai promover
a proliferação de melanócitos, síntese de tirosinase, formação e melanização de melanossomas,
transferência de melanossomas para queratinócitos

Contraindicações: Grávidas, crianças, afeções cutâneas, insuficiência renal ou cardíaca


Riscos: Fotossensibilização, cefaleias, vertigens, problemas digestivos, envelhecimento do cristalino e
cutâneo, carcinoma espinocelular, melanoma
Temos que ter cuidado na exposição ao calor.

Lenhanas
Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 81
Lenhanas

São compostos que resultam da condensação de unidades C6-C3 e vários ter diferentes compostos.

Lenhanas: as unidades C6-C3 vai se ligar sempre no carbono 8 de cada unidade - ligação 8-8’
Neolenhanas: ligação envolve, no máximo, um carbono 8 (pode nem estar envolvido nenhum carbono 8).

Para reconhecer se são lenhanas ou neolenhanas devemos sempre primeiro identificar as estruturas C6-C3 e
depois numerar os carbonos e identificar

A ligação entre as unidades C6-C3 pode ser carbono-carbono, carbono-oxigenio-carbono.

Biossíntese
É via chiquimato mas depois a polimerização (a ligação entre as unidades) envolve uma etapa de oxidação
com a formação de um radical fenoxilo que depois pode ser deslocalização e depois há o acoplamento das
duas unidades.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 82


Norlenhanas: Condensação de unidade C6 -C3 e C6 -C2, Ligação 7-8’, 8-8’, 9-8’

Oligómeros: são estruturas mais complexas, Condensação de 3 ou 4 unidades fenilpropânicas

Lenhoides (lenhanas híbridas): origem biossintética mista

Lenhina

É constituída por estes 3 álcoois

Há muitas propriedades biologicas descritas para este tipo de compostos como, inibição do PAF, inibição da
desgranulação dos mastócitos, inibição da produção de TNF-α, inibição de COX-1, COX-2, 5-LOX, anti-HIV

Para além disso, na dieta vamos encontrar vários compostos destes tipos.

Nas sementes do linho existe a presença de uma lenhana ligada a açúcar que durante o processo digestivo
há uma hidrolise (há a quebra de ligação dos açucares) e depois há uma desmetilação seguida de uma
redução que já ocorre a nível do intestino com a formação de outras lenhanas é por isso que se chamam de
enterolenhanas porque são formadas no intestino. Se repararmos nas estruturas final vemos que só tem um
hidroxilo no anel aromático o que resulta da desmetilação do metoxido, existe também a redução porque
existe a eliminação do -OH na posição para.
Então enterodiol com dois grupos -OH e enterolactona com a formação de uma lacónico (éster interno). As
enterolenhanas só existem no colon.

Só estas é que são enterolenhanas

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 83


Só estas é que são enterolenhanas

Se olharmos para a estrutura do estrogénio vemos algumas semelhanças, logo são capazes de se ligar aos
recetores de estrogénicos e pode ter algum interesse relacionado com a menopausa e com cancros
hormonodependentes (cancro da mama e da próstata) e também cancro do colon.

Podófilo (Podophyllum peltatum)

Extrai-se da raiz uma resina.


Podofilino é o nome que se dá à resina que se agita a raiz com álcool a 90 graus e depois é submetido a um
processo de concentração e depois é precipitado com água ácida e essa resina que só tem esse precipitado
chama-se podofilino.
Este podofilino é rico em lenhanas nomeadamente na podofilotoxina mas também outras.
Estas lenhanas têm a particularidade de impedir a formação do fuso acromático são anti-mitóticas impedem
a polimerização da tubulina e assim param a mitose no início da metáfase, no entanto há alguns requisitos
impostantes para esta atividade, nomeadamente a fusão entre o anel lactonico e os outros anéis que tem
que ser em trans (porque quando a fusão é em cis não tem atividade), outro dos requisitos é que as geninas
(compostos livres) são muito mais ativos que os compostos glicosilados no entanto os efeitos secundários
também são menos graves nos compostos heterósidos do que nas geninas.

Este podofilino também pode ser retirado doutra especie a Sinopodophyllum hexandrum (também da
resina) que são mais ricos em resinas e em podofilotoxina.

Este podofilino tem propriedades laxativas e colagogo mas no


entanto não é usado como tal por ser antimicotico, ele é usado só
para extrair o podofilino e para obter compostos síntese.

A podofilotoxina é um composto anti-mitotico dotado de toxicidade


dá origem a problemas digestivos, encefalopatia, neuropatia periférica,
toxicidade hematológica.

Utilização: Condilomas externos (sol. alcoólica 0,5%) (verrugas).

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dá origem a problemas digestivos, encefalopatia, neuropatia periférica,
toxicidade hematológica.

Utilização: Condilomas externos (sol. alcoólica 0,5%) (verrugas).


Contraindicações (antimitótico): gravidez, aleitamento, crianças. Cuidados com mulheres em idade de
procriar.

Então a podofilotoxina que é extraído do podofilino é usada para obter derivados semi-sintéticos e estes
derivados semi sintéticos são glicosilados (o que vai diminuir a toxicidade), assim a nível no hidroxiolo 4
temos uma glicosilação e depois a formação de um acetato. No caso do hetoposido temos o acetilino a
formar um acetado (é sempre os hidroxilos nas posições 4 e 6 a formar os acetais) grupo etilideno, no caso
do etopósido, grupo tenilideno no caso do tenipolósido. A orientação do hidroxilo também pode sofrer uma
alteração.
Para além disso, para aumentar a solubilidade e a biodisponibilidade fazem-se derivados fosforilados
(fosfato de hetoposido) e depois é quebrado por fosfatases séricas e liberta o composto.

Enquanto que a podofilotoxina impede a polimerização da tubulina e portanto formação do fuso acromático
é esse o mecanismo de ação anti-mitótica; estes derivados da podofilotoxina têm um mecanismo de ação
diferente que é inibir a topoisomerase II e portanto vão impedir a mitose entre a passagem da fase S para a
fase G2

Requisitos estruturais
essenciais para a atividade
destes compostos

Estes derivados são usados em quimioterapia, sobretudo poliquimioterapia, tem menos efeitos secundários
mas ainda assim são muitos.

Em Portugal é
usado o
etopósido

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Em Portugal é
usado o
etopósido

As pessoas a fazer estes tratamentos têm de ser sempre monitorizadas.


ATENÇÃO: nem todas as lenhanas são anticancerígenas

Esquisandra (schizandra chinesis)

São usados os frutos, e estas estrutruras são todas lenhanas.

Muito usada como adaptogénio (para melhorar o bem estar geral da pessoa), mas atualmente usada como:
- anti-hepatotóxica;
- antioxidante;
- anticarcinogénico;
- estimulante do SNC (depressões, por exemplo).
Muito usada na medicina tradicional chinesa.

Cardo Mariano (silybim marianum)

São usados os frutos, tem ação a nível hepatotóxico


Não vamos encontrar lenhanas, mas sim flavolenhanas, temos uma parte que corresponde a um
Flavonoide que se liga a uma unidade C6-C3 (álcool coniferílico) sob um flavonoide (existe livre no cardo
mariano, é um flavan-1-ol).
O primeiro a ser extraido não foi um composto mas sim uma mistura de três compostos. A silibina,
silicristina, silidiana, numa mistura são a silimarina. Mas é sempre a mistura da taxifolina (que é o
flavonoide) com álcool coniferílico. A slimarina não é um composto é uma mistura e o maioritário é a
silibina.

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silibina.

Ação: anti-hepatotóxica.
É antioxidante, inibe a peroxidação lipídica, ação anti-radicalar, anti-inflamatória, inibindo
produção de citoquinas pró-inflamatórias, pode estimular síntese proteica ao estimular RNA
Polimerase, tudo isto melhora a regeneração do tecido hepático.
Para além disso tem propriedades imunoestimulante (IFN-α, IL) e tem ação sobre células tumorais (inibem a
proliferação, e inibem fatores pro-angiogénicos (estas células precisam de vasos que as irriguem para
terem nutrientes, e libertam fatores pró-angiogénicos para terem como se alimentar, sendo
capazes de inibir esses fatores), outra ação muito conhecida é na intoxicação com cogumelos da espécie da
amanita phalloides, porque a silimarina liga aos mesmos receptores que a toxina deste cogumelo,
bloqueando estes recetores.

Derivados da extensão do fenilpropano

Estes compostos são derivados da via chiquimato, mas são compostos de biossintese mista, ou seja, temos a
via chiquimato a dar origem ao ácido p-cumárico e este ácido p-cumário é ativado sob a forma de p-cumaril
coA e depois vai se condensar com tres unidades de manonil coA, via acetato, para dar origem a estes
compostos.
No caso das xantonas, há uma β-oxidação em que vamos perder acetato e vamos ficar com uma cadeia que
em vez de ter 3 carbonos vamos ficar só com 1; e depois há a conjugação com as 3 unidades do manonil coA
que cicliza e dá origem à xantona. A β-oxidação (perda de carbonos) é essencial para a formação das
xantonas.
No caso dos flavonóides e estilbenos : não há beta-oxidação (ficamos com uma unidade C6-C3) que se
conjuga com 3 unidades de Malonil-Co-A (com cada molécula que se associa há perda de uma molécula de
CO2) é feita diretamente ao p-cumaroil-Co-A. A maneira como ele vai ciclizar a molécula origina flavanóides
ou estilbenos; mas para os estilbenos implica a saída de uma molécula de CO2.
Flavonoides têm uma estrutura C6-C3-C6, já os estilbenos têm uma estrutura C6-C2-C6.

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Estibenoides

Vamos encontrar moléculas livres ou na forma glicosilada, portanto vamos ter unidades de dois anéis
benzénicos ligados por uma ponte de 2 carbonos, que pode ser um etano um eteno.
Podemos ter estruturas complexas.
Produzidos como fitoalexinas quando há lesão, infeção, como resposta a UV, etc. tem também
propriedades fito-hormonas, como reguladores de crescimento e antimicrobianas.

A sua formação resulta de um ácido cinâmico que é ativado na forma de acetil co-A, conjugação com três
unidades de dois carbonos depois ocorre ciclização, neste caso de aldolização, ocorre a saída de CO2 para
ficarmos com a ponte de 2 carbonos.

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O resveratrol, muito conhecido. O vinho tinto tem muito resveratrol e protegia a saúde dos
franceses, que era afetada pela dieta má deles.
O resveratrol está nas sementes e casca da uva, está quer na forma livre quer na forma glicosilada.
Geralmente os compostos naturais são isómeros trans. Mas já estamos a perceber que são dois aneis
benzénicos e uma ponte com dois carbonos.

No caso dos dímeros, ou seja 2 unidades de 14 carbonos, temos autores que separam em Grupo A e Grupo B
no caso se têm ou não um anel oxigenado.

Assim no Grupo A temos um anel oxigenado.

No Grupo B não temos anel oxigenado.

Não confundir com as lenhanas que são estruturas C6-C3 e aqui são estruturas C6-C2-C6

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 89


Resveratrol (Vaccinum spp)

Temos na uva e vamos o encontrar no vinho, a quantidade de resveratrol depende da casta.


Depende da origem geográfica e da infeção fúngica.
Em climas mas frios é mais propicio a infeções fúngicas e assim mais rico em resveratrol.
Quanto mais tempo estiver em contacto com as grainhas e com as cascas maior é a concentração de
resveratrol.
Para além do vinho vamos poder encontar reveratrol no mirtilo, arando, groseilha…

É um composto com muitas propriedades, mas tem um problema que é a biodisponibilidade oral. Ele sofre
muito de metabolismo de primeira passagem sofre gluconorização e sulfatação e ele é muito rapidamente
eliminado. Assim estão a tentar desenvolver nanoformulações para a inclusão do resveratrol e assim
aumentar a biodisponibilidade.

Combretastatina A4 (Combretum caffrum)

O isoméro ativo é o cis e tem propriedades citotóxicas e o trans é inativo.


É capaz de inibição da polimerização da tubulina – pára a mitose, tem também ação antivascular (ao nível do
tumor) – apoptose das células endoteliais.
Tem um problema a nivel da solubilidade
Fosfato de combretastatina: hidrossolúvel que atua como pró-fármaco, no organismo é capaz
de ser hidrolisado e libertar a combretastatina, como acontecia com o etopósido e o respetivo fosfato.
O fosfato aumenta hidrossolubilidade , e no organismo as fosfatases quebram a ligação e libertam o
composto ativo.

Flavonoides

São parecidos com os estilbenos, mas não temos uma estrutura do tipo C6-C2-C6 mas sim uma estrutura do
tipo C6-C3-C6, são derivados do nucleo crumano e tem um terceiro anel ligado na posição dois.

De acordo com a origem biossintética, estas estruturas vão ter uma substituição característica.
O anel A vem da via acetato, o anel B vem da via chiquimato e o anel C é o ultimo a ser formado e há
flavoindes que nem têm esse anel.
Como o anel A vem da via acetato tem que ter hidroxilação alternada vai ter substituição no C5 ou C7. O

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Como o anel A vem da via acetato tem que ter hidroxilação alternada vai ter substituição no C5 ou C7. O
anel B como vem da via chiquimato tem que ter hidroxilação em 4’, ou em 3’,4’ ou em 3’,4’,5’.

Temos diversas classes.

A Quercetina é o flavonoide mais abundante.

Biflavonoides

E para além dos flavonoides simples vamos encontrar também biflavonoides, tal como o nome indica temos
duas moléculas de flavonoides que se juntam, geralmente a ligação entre as duas unidades é feita pela C6
ou pelo C8 de uma delas, são sobretudo flavonas e flavanonas com substituição nos carbonos 5,7 e 4' que
estão envolvidas nestas moléculas.

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Um erro muito comum é baralhar os biflavonoides com os taninos hidrolisáveis, uma maneira de distingir é
ver se têm um grupo carbonilo, se tiverem significa que são biflavonoides.
Podemos ter ligação de C-C ou C-O-C.

Heterósidos Flavonoídicos:

Existem maioritariamente ligados a açúcares, como hexoses, pentoses (arabinose), ácidos


urónicos, e para além disso, a molécula do açúcar pode sofrer acilação (adiciona ao açúcar um aido).

Podemos ter:
- O-heterósidos: geralmente nas flavonas e flavanonas, e a ligação é feita ao C7, no caso
dos flavonóis, faz ao C3. No entanto, há compostos que têm ligação a açúcar em mais do que uma posição (3
e 7 ao mesmo tempo).

-C-heterósidos: são mais raros na natureza, ligação do açúcar no C6 e C8, porque é onde não há oxigenação
(está no 5 e 7). Não se costuma ver no anel B.

Biossíntese:

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Os flavonóides resultam da biossíntese mista, via chiquimato e acetato, resulta da ativação de uma molécula
da via chiquimato conjuga com a malonil-Co-A, com perda de CO2, e a ciclização, formando primeiramente
uma chalcona . Depois pode fechar, e dar origem às diferentes classes de flavonóides.

Os flavan-3-óis têm uma biossintese um bocadinho diferente que implica reações de redução para eliminar
o carbonilo, com formação dos compostos sem dupla ligação e sem grupo carbonilo.

Sofrem hidroxilação, O-metilação, O-acilação, glicosilação e prenilação, ocorre tudo depois da hidroxilação.

Propriedades Físico-Químicas
Compostos ligados a açúcar são solúveis em água ou misturas hidroalcoólicas e os livres são solúveis em
solventes orgânicos; aplica-se aos flavonóides, mas nalguns isto não se aplica. Hispiridina é solúvel em
solvente orgânico e pouco soluvel em água apesar de ser um heterosido.
Todos eles são solúveis em hidróxido alcalinos (se tiver OH fenólicos livres)
São compostos instáveis e temos de ter cuidado por causa da luz e temperatura.

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Extração: feita com metanol, ou com misturas hidroalcoólicas, e depois podem ser purificados por
extrações líquido-líquido, pela extração em fase sólida ou fazendo variar a polaridade dos solventes de
polaridade crescentes.

Em termos de identificação , às vezes é preciso proceder a hidrólise química ou enzimática , para


ajudar a fazer a identificação da estrutura em causa, e os métodos de separação são TLC, CC (fase
reversa, alta pressão, ou pressão normal).

Os processos de purificação e separação são CCF e CC.

Em termos de caracterização química, há compostos que são vistos à luz visível como as chalconas e
auronas. Há outros compostos que absorvem no UV e pode ser usada a exposição a vapores de amoníaco
(antes) ou por pulverização de cloreto de alumínio.
A solução metanólica 1% difenilborato de 2-aminoetanol (MeOH) usada para revelar placas de
cromatografia em camada fina e tem a vantagem de corar os compostos ácidos fenólicos e flavonóides de
modo diferente. O ácido fenólico cora de azul e os flavonoides vão corar de amarelo, com particularidade
dos derivados de quercetina corarem quase de laranja, e por isso, quando se revela as placas com esta
solução tem-se ideia da classe no extrato.

Em relação às reações temos a da cianidina e a oxalá-bórica são especificas para o núcleo fundamental
enquanto que as reações de sais metálico e hidroxidos alcalinos permitem determinar se estamos perante
um hidroxilo fenólico.

Outros processos de caracterização, que são muito usados, é o HPLC com matriz de Díodos com formação
do espetros de UV. Estes espetros são muito importantes porque nos não informações sobre a classe dos
flavonoides. O método de analise para compostos fenólicos é o HPLC em fase reversa (coluna apolar C8,
C18)

Doseamento
Faz-se recurso a este tipo de tecnologia (por HPLC).

Estes compostos nas plantas, têm um papel na coloração são considerados copigmentos, absorvem no UV.
O prefixo Flavo quer dizer amarelo, as antocianinas são azuis e são importantes agentes de polinização.
As antocianinas consoante o pH do solo vão variando de cor, são importantes para polinização, e as plantas
produzem-nos como agentes de defesa para organismos externos.

Para os humanos são compostos reconhecidos como compostos altamente antioxidantes. Esta ação
antioxidante dos flavonoides, exerce-se de várias maneiras, não só porque são capazes de intersetar radicais
livres e romper cadeias de oxidação mas também conseguem inibir enzimas que estão relacionadas com
processos oxidativos, são capazes também de interferir com cascatas de sinalização e têm a capacidade de
coletarem o metal. Para além disso, tem outras atividades descritas in vitro.
Contudo a atividade terapêutica destes compostos é apenas como venoativos (apesar de terem aquelas
propriedades todas só são usados como venoativos), aumentam a resistência e diminuem a permeabilidade.

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propriedades todas só são usados como venoativos), aumentam a resistência e diminuem a permeabilidade.
E para esta ação venoativa, temos vários mecanismos possíveis:
- Ação antioxidante
- Ação sobre a prolina hidroxilase, conseguem estimular esta enzima e estabilizam o colagénio
- Inibe a histidina descarboxilase que é uma enzima que é responsavel pela transformação de histidina
em histamina só que a histamina é capaz de aumentar a dilatação vascular e aumentar a
permeabilidade; se inibirmos a enzima isto já não acontece

- Conseguem inibir a COMT, assim aumentam o número de catecolaminas, resistência vascular


- Inibem a hialuronidase e garantem a integridade do tecido conjuntivo.

Devido a esta ação são usados em casos de Insuficiência capilar e venosa, insuficiência venolinfática, Crise
hemorroidária, Fragilidade capilar cutânea, Metrorragias

Alguns dos flavonoides que estão comercializados, são provenientes dos frutos de várias espécies do género
Citrus spp.

Rutósido (= Rutina = 3-O-Rutinosilquercetina)


Temos a molécula da quercetina, temos a rutinose é dissacárido formado por glucose e ramnose, está rutina
apesar de ser um heterosido não é muito solúvel em água e o que foi feitos foram alterações moleculares
para aumentar a solubilidade. São utilizados para insuficiência venolinfática, crise hemorroidária, fragilidade
capilar.

Ginkgo (Ginkgo biloba)

São usadas as folhas. Vamos ter flavonoides, derivados da quercetina e campferol ,vamos ter Biflavonas
(C-3’- C-8’’) e vamos ter terpenos (têm capacidade de inibir os fatores de ativação das plaquetas).

Ações farmacológicas: inibidor do PAF, atividade antirradicalar, inibição COX, LOX

Utilização Insuficiência cerebral: melhoria do declínio cognitivo associado à idade e da qualidade de vida em
caso de demência ligeira.

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Passiflora (Passiflora incarnata)

Tem uma ação sedativa e antiespasmódico (GABA-A). Vamos ter vários heterósidos de flavonas, C-
heterósidos, neste caso.

Muitas vezes esta espécie é falsificada pela P. edulis, P. coerulea.

A P. edulis é a do maracujá tem muitos derivados de flavonas, C-heterósidos, moléculas simultaneamente


C-heterósidos e O-heterósidos, e tem heterósidos com desoxiaçúcares que são muito menos frequentes na
natureza.

Limonete (Lippia citriodora)

O controlo de qualidade é feito pela pesquisa do citral, tem um cheiro a limão


devido ao citral, mas muitas espécies têm citral por isso temos que fazer o
controlo da espécie de outra forma, uma das hipóteses é pegar nos
citral
compostos fenólicos. O verbascósido é derivado do ácido cafeico.
É usado como antiespasmódico, estomáquico, sedativo, aromatizante.
A quantidade de compostos está dependente da exposição solar, também as praticas de cultivo (as plantas
podadas tinham maior quantidade de compostos).

Hipericão do Gerês (Hypericum androsaemum)

Temos vários derivados do ácido cafeico, temos vários derivados da quercetina.


Não confundir o hipericão com o hipericão do geres. O hipericão do gerês, não tem rutina nem tem
hipericina.

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O hipericão é usado como antidepressivo e o hipericão do geres é usado como colagogo, hepatoprotetor,
diurético.
Esta espécie tem Quimiotipos intraespecíficos, igual por fora, mas com espécies muito diferentes.

Pata de vaca (Bauhinia forficata)

Tinha descrito como marcador taxonómico a Campferitrina,


contudo um estudo mostrou que não pode ser considerado um
marcador taxonómico porque só foi encontrado numa amostra.

Camomilla romana (Chamaemelum nobile)

Vamos ter derivados de flavonas, com ação anti-inflamatório, antiespasmódico (COX-2, outros mediadores
ainda não estão bem definidos).

Via oral: problemas digestivos


Uso local: calmante e antipruriginoso, analgésico, higiene bucal

Chá (Camellia sinensis)

Temos vários tipos de chá: Chá preto, chá verde, a diferença está no passo da fermentação que pode existir
ou não, que pode ser parcial ou não. Está fermentação não é mais do que um processo de oxidação
promovido por polifenóis oxidases, por isso é que o chá verde é um bom antioxidante porque não passa
pelo passo de oxidação, os compostos não estão oxidados.

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Rooibos (Aspalathus linearis)

São utilizadas as folhas, é usada para preparar infusões.


Sofre um processo semelhante ao que acontece com a planta do chá, se for fermentada há oxidação dos
compostos e temos o rooibos vermelhos, se não for fermentada temos o rooibos verde.
Temos algumas hidrochlanconas, flavonoides. (se for compostos oxidados vamos ter compostos ciclizados).

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Temos algumas hidrochlanconas, flavonoides. (se for compostos oxidados vamos ter compostos ciclizados).
Este rooibos é preferível à planta do chá porque não tem cafeina e tem um teor muito mais baixo de taninos
portanto não é tão adstringente.
É uma espécie com propriedades antioxidantes contudo esta atividade é inferior à que contem a planta do
chá (o processo de fermentação também tem implicações no teor de antioxidantes), tem ação anti
mutagénico, é utilizada para problemas de sono e de digestão. Em utilização tópica é usada para eritema
eczema, alergia cutânea.

Soja (Glycine max)

É uma isoflavona (o anel B em vez de estar ligado ao carbono 2 está ligado ao carbono 3). São usadas as
sementes da soja.
As isoflavonas conseguem-se adaptar bem ao recetores de estrogénios do organismo por isso elas são
modeladoras dos recetores de estrogénio.
São utilizadas para sintomatologia da menopausa, osteoporose pós-menopausa, cancro da mama e do
endométrio, fatores de risco cardiovascular.

Compostos antociânicos

Os compostos antociânicos têm a capacidade de diminuir a permeabilidade e aumentar a resistência dos


capilares; por Inibição a elastase e colagenase e por isso é que são usadas em insuficiência venolinfática e
fragilidade capilar, problemas circulatórios ao nível da retina, melhoria da visão noturna.

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fragilidade capilar, problemas circulatórios ao nível da retina, melhoria da visão noturna.
Também são capazes de baixar a colesterolemia e resistência vascular periférica, conseguem modificar
constituintes da parede arterial, Atividade antirradicalar, Inibição de fatores implicados na aterogénese e
pró-aterosclerótico. Todas estas atividades em conjunto ajudam na prevenção de acidentes
cardiovasculares.

Para além destas propriedades biológicas de interesse quer preventivo quer de tratamento, elas são usadas
pela industria alimentar como corante. São usadas como compostos isolados ou extratos e têm a vantagem
de não terem toxicidade, tem de se ter atenção à estabilidade e são solúveis em matrizes aquosas.

Mirtilo ( Vaccinium myrtillus)

São usados os frutos e há pessoas que usam as folhas. São usados em casos de insuficiência venolinfática e
fragilidade capilar, em problemas de visão porque têm a tal capacidade de proteger os vasos e edemas, a tal
diminuição da permeabilidade, inibição da agregação plaquetária e atividade antioxidante (sequestro de
radicais).

Videira (Vitis vinifera var. tinctoria)

Muito usada em fitomedicamentos, interessa sobretudo a variedade tinta, na qual vamos encontrar as
antocianinas na forma glicosilada e acilada (em alguns casos). A utilização é a mesma dos outros casos
(pernas pesadas, má circulação…).

Antocianinas

São uma classe de flavonoides, apresentam uma grande diversidade e aparecem na natureza na forma
glicosilada pelo que se removermos os açucares ficamos com uma antocianidina ou seja a forma aglicona
libertando-se açúcar.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 100


libertando-se açúcar.
Existe imensa diversidade e essa diversidade acontece através da estrutura da aglicona, e da posição e do
tipo de açúcar.
Como todos os flavonoides temos o anel A, B e C, de um modo geral para termos uma antocianidina no anel
B vamos ter sempre um grupo -OH e pelo menos dois grupos -OH no anel A; e a diversidade ocorre nas
alterações nos outros carbonos (quer no anel A, quer no anel B) bem como os açucares que estão ligados.
De um modo geral, o açúcar está ligado em primeira mão no anel C à posição C-3 (são O-glicosidos) e
normalmente a segunda glicosilação ocorre no anel A na posição 5.
Apesar da diversidade, podemos dividir em subclasses:

- Pelargonidina (temos os dois grupos -OH característicos no anel A e apenas um grupo -OH no anel B)
- Cianidina (temos os dois grupos -OH característicos no anel A e dois grupo -OH no anel B)
- Peonidina (temos os dois grupos -OH característicos no anel A e tem dois grupo -OH no anel B, mas
um deles foi metilado)
- Delfinidina (temos os dois grupos -OH característicos no anel A e tem três grupos -OH no anel B)
- Petunidina (temos os dois grupos -OH característicos no anel A e tem três grupos -OH no anel B, mas
um deles foi metilado)
- Malvidina (temos os dois grupos -OH característicos no anel A e tem três grupo -OH no anel B, mas
dois deles foram metilado).

Estas subclasses são as principais na natureza e resultam em alterações a nível do anel B.

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 101


Ocorrem na natureza na forma glicosilada e isso confere um aumento na quantidade de grupos hidroxilos e
assim estes compostos são solúveis na água.

Relativamente à reatividade a primeira é a reação ácido-base, a pH acídico, as antocianinas ocorrem na


forma catiónica e condensam carga positiva no oxigénio e por isso é um ião flavilico, e estes iões de um
modo geral têm coloração vermelha. Se eles libertarem protões e se transformarem numa base, formam
uma base quinoidal e com isto há alteração da cor para azul.
Os pka são inferiores a 3 e isso significa que as formas catiónicas só ocorrem a pH acídicos.

O segundo tipo de reações são reações de Hidratação, as reações de hidratação são a reação com uma
molécula de água na posição 2, encontram-se em tautomerismo em equilíbrio entre a forma hemiacetal e
cis-chalcona e pode originar o trans-chalcona, as chalconas não são muito estáveis ao calor e sofrem
degradação.

Nas plantas a cor não está associada a variações de pH mas sim ao facto das antocianinas formarem
complexos envolvendo várias moléculas, catiões metálicos (e.g. Mg+2 e Fe+3 ) e outros polifenóis – Co-
pigmentação, este fenómeno de co-pigmentação confere estabilidade e é responsável à cor que apresenta.

Recorte de ecrã efetuado: 01/06/2021 12:20

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 102


As reações acido-base são extremamente rápidas em soluções (leva segundos), e as reações de hemiacetal e
para cis-chalconas é mais lenta (leva minutos) e para a passagem a trans-chalconas que dá uma coloração
amarela (pode demorar horas). Isto significa que preservar as antocianidinas na forma catiónica temos que
armazenar em meio acido e retirar a água. Na ausência de luz e em extratos secos podem ser preservadas
num longo período.
O carbono 2 pode levar a ataques nucleofílicos, o carbono 4 também é suscetível, por outro lado o carbono
5 é eletrofílico e é suscetível a ligação a açúcar.

Isto pode ser utilizado para alterar do ponto de vista sintético as antocianidas, por exemplo a utilização dos
sulfitos redutores na preservação dos alimentos.

In vivo, a oxidação das antocianinas é catalisada por enzimas, sendo particularmente importantes as
polifenoloxidases – são proteínas da família das oxidorreductases contendo cobre no centro ativo, usam o
oxigénio molecular para promover a hidroxilação de mono-fenóis para o-di-fenóis e depois a
desidrogenação para formar o-quinonas. As quinonas produzidas reagem rapidamente, levando à formação
de melaninas. Portanto, a danificação dos tecidos vegetais faz com que as polifenoloxidases (citoplasma e
nos plastos) entrem em contacto com as antocianinas (vacúolos) levando à descoloração e formação de
pigmentos escuros.

Oxidação-redução em sistemas químicos – base da atividade antioxidante Os fenóis do anel B são


transformados em quinonas, cedendo dois eletrões e dois protões. O catião Flavilium reduzido cede eletrões
facilmente reduzindo outras moléculas incluindo ROS, e fica oxidado.

Recorte de ecrã efetuado: 01/06/2021 12:21

Os processos de degradação também podem ocorrer por oxidação redução. A oxidação redução é
extremamente ativa na presença de oxigénio, peroxido de hidrogénio desde que estejam metais de
transição no meio como o ferro e o cobre e leva à formação de radicais hidroxilo, ou podemos promover

Fitoquímica e farmacognosia I_Raquel Martins Página 103


transição no meio como o ferro e o cobre e leva à formação de radicais hidroxilo, ou podemos promover
também a degradação por via enzimática.

Do ponto de vista de saúde, as antocianidinas são moléculas de grande potencial uma vez que estudos
epidemiológicos podem reduzir o risco de doenças relacionadas com síndrome metabólico, incluindo
diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, e doenças neurodegenerativas. Estudos em células e animais,
modulam várias vias de sinalização intracelular, preservam, em condições de stress oxidativo, o ambiente
redutor das células, evitando a oxidação das biomoléculas e a morte prematura das células modulam a
resposta inflamatória, melhoram o metabolismo bioenergético de lipídico, reduzem a sensibilidade a
alérgenos.
No entanto, não existem formulações baseadas em antocianinas com aprovação para tratamento das
doenças crónicas relacionadas com o síndrome metabólico (e.g. diabetes tipo 2) e para as doenças
neurodegenerativas.

Todavia existem no mercado várias formulações de Nutracêuticos baseadas em antocianinas, contudo estas
têm baixa biodisponibilidade, ou seja, é muito difícil atingirem as células alvos (têm baixa absorção e podem
ser degradadas no organismo).
Nas doenças neurodegenerativas as alterações bioquímicas estão no processos neurodegenerativo:
disfunção mitocondriais, alterações no perfil lipídico das membranas, inflamação crónica, stresse oxidativo.
Estas alterações bioquímicas levam a alterações fisiopatológicas nomeadamente agregados proteico (b-
amiloide/ Tau /Sinucleína, perda de atividade sináptica e morte dos neurónios é evidente que isto leva a
disfunções cerebrais como perda de memória / Coordenação motora, desorientação no espaço/tempo,
deterioração das capacidades cognitivas e acabam por morrer.

Na FFUP está-se a tentar desenvolver moléculas que ajudem a tratar as doenças neurodegenerativas.
A matriz é as bagas de sabugueiro.

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Taninos

Os taninos são compostos que são caracterizados pela capacidade de transformar a pele fresca em couro,
envolvidos num processo de tanagem. Essa tanagem consiste num processo de estabelecimento de ligações
entre as fibras de colagénio da pele que vão torna-la resistente ao calor, água, abrasão…
Hoje em dia, este processo é feito por minerais, contudo as melhores peles são as que são feitas com
extratos de plantas.
Isto consiste no tal estabelecimento de ligações que os taninos conseguem fazer com macromoléuclas e isso
está diretamente relacionam com o peso molecular. Eles são capazes de precipitar celulose, peptinas,
proteínas. São compostos com ação de adstringência (proteínas ricas em prolina e flexíveis que vai levar à
diminuição da lubrificação da saliva, sensação de boca seca).

Existem vários tipos de ligações umas são reversíveis e outras são irreversíveis. Temos ligações de interações
hidrofóbicas, ligações de hidrogénio (estas são reversíveis é porque isso que comemos certos tipos de
alimentos e depois passa o efeito) no caso do couro temos também ligações covalentes irreversíveis que
requerem uma oxidação prévia das moléculas.

A definição de taninos é a seguinte compostos fenólicos hidrossolúveis, de massa molecular compreendida


entre 500 e 3000, que apresentam, juntamente com as reações clássicas dos fenóis, a propriedade de
precipitar alcaloides, gelatina e outras proteínas.

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Há dois grandes grupos de taninos:
- Os hidrolisáveis (podem ter ácido galhico, ácido hexa-hidroxidifénico (duas moléculas de ácido galhico
unidas pelo carbono 2) e ácido elágico). O ácido hexa-hidroxidifénico quando está livre rapidamente é
capz de lactonalizar na presença de calor e dá origem ao ácido elágico.
- Condensaveis ou proantocianidinas e como o nome sugere vai dar origem a antocianidinas.

Ainda há autores que dentro dos taninos hidrolisáveis conseguem subdividir

ATENÇÃO: Nos taninos condensados não têm o carbonilo na posição 4.

Em termos de biossíntese

Nos hidrolisáveis:
Normalmente parte-se do ácido gálhico que se liga à glicose ativada (uridina-difosfato (UDP-glucose) e
vão juntando-se a ela unidades de ácido galhico, vai ser uma junção um a um. A glucose tanto é
aceitadora como dadora de eletrões. E ainda é possível que se estabeleçam ligações entre as duas
moléculas (se houver um processo de oxidação), há um acoplamento oxidativo entre as unidades dos
anéis benzénicos para formar o ácido hexa-hidroxidifénico.
Quando existe uma hidrólise de um tanino hidrolisáveis forma-se ácido hexa-hidroxidifénico e é capaz

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Quando existe uma hidrólise de um tanino hidrolisáveis forma-se ácido hexa-hidroxidifénico e é capaz
de depois lactonizar e dar origem ao ácido elágico

Exemplos de taninos hidrolisaveis

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Antes do
elágico formou-
se o ácido
hexahidroxidifé
nico que depois
dá origem ao
elágico
Nos condensados
São polimeros de unidades de flavanois, em que temos forçosamente a formação de um carbocatião a
nivel do carbono 4 que é muito reativo e vai haver a ligação com uma molécula deste tipo (flavanol)
para fazer uma ligação 4-8 ou 4-6, geralmete as 4-8 são maioritárias.
Dentro dos taninos condensaveis temos os taninos do tipo A e do tipo B. Os do tipo B, os monómeros
se unem apenas por uma ligação , geralmemte 4-8 mas tb pode ser 4-6. No tipo A, há duas ligações
que é a 4-8 ou 4-6 e depois uma segunda ligação 2-O-7.

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Exemplos de tipos de Condensados

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Não confundir com os biflavonois porque estas não têm o grupo carbonilo.

Propriedades Físico-Químicas:
Em termos de solubilidade, são solúveis em água , mas não é infinita, diminui à medida que aumenta o
grau de polimerização a solubilidade vai diminuindo, mas também são solúveis em álcoois e acetona.
Dão positivo à reação com cloreto férrico (FeCl3) porque são compostos fenólicos.
Precipitam metais pesados e gelatina nas soluções aquosas (formam uma camada
menos hidrofílica à superfície da proteína e por isso é que precipitam).

A distinção destes dois tipo de taninos pode ser feita de vários modos, a mais importante é a maneira como
eles se comportam em meio ácido a quente. Os taninos hidrolisáveis vão quebrar, quebram a ligação ao
açúcar portanto libertam o açúcar e ficam com o ácido galhico e/ou o ácido hexahidroxidifénico consoante o
que a molécula tiver. No caso do ácido hexahidroxifénico a ligação entre as moléculas do carbono 2 não vai
quebrar, vai rodar e dar origem muito rapidamente ao ácido elágico.
No caso dos taninos condensados, em meio ácido, a quente, eles têm um comportamento diferente; há
formação de um carbocatião no carbono 4 que em contacto com o ar vai dar origem a um composto
antocianidinas de cor vermelha, o resto da molécula vai dar origem a um precipitado.

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Geralmente, quando fazemos a extração destes compostos a partir de tecidos frescos ou então congelados
ou liofilizados obtemos maior rendimento porque diminui muito os polímeros. Podemos fazer com uma
mistura de água e acetona depois podemos fazer uma eliminação da acetona por destilação, depois fazemos
um passo de desengordoramento com diclorometano (Eliminação de pigmentos e lípidos (CH2Cl2)) e uma
extração com acetato de etilo e vamos observar duas fases, numa delas vamos ter os taninos mais
levezinhos e na de baixo as moléculas mais pesadas. Para isolar compostos não é fácil, podemos recorrer a
uma cromatografia de exclusão em gel ou a uma cromatografia em fase reversa.

Reações de identificação

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A farmacopeia portuguesa para dosear estes taninos recorre a um método que usa pele em pó (proteína), é
preparado um extrato aquoso do fármaco em causa que é dividido em duas aliquotas distintas:
- uma é só tratada com ácido Fosfomolíbdicotúngstico em meio alcalino e vai se desenvolver uma
reação de oxidação redução, graças aos hidroxilos fenólicos e vai dar origem a um produto corado de
azul cuja absorção é determinada a 700 nm
- A outra aliquota sofre previamente um tratamento com pele em pó, ou seja, vai haver precipitação da
proteína depois é filtrado e depois o filtrado vai sofrer a mesma reação que sofre a outra aliquota, ou
seja, mete-se novamente a absorção. (aqui estamos a meter tudo o que não é tanino, porque o que é
tanino ficou no precipitado, aqui determina-se todos os compostos fenólicos que não são taninos)
- E por diferença entre as duas aliquotas conseguimos ver qual é o teor de taninos, se usamos o
pirogalhol como curva padrão (é por isso que conseguimos determinar por diferença, porque numa
aliquota determinados todos os compostos (taninos e compostos fenólicos), noutra aliquota só
determinamos compostos fenolicos, por substração determinamos o valor só dos taninos).

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Propriedades biológicas

As propriedades biológicas destes compostos resultam muito da sua capacidade para complexar as
macromoléculas nomeadamente as proteínas, enzimas digestivas e proteínas fúngicas e virias e esta
complexação é muito responsável por muitos problemas que existem na industria agroalimentar por
exemplo na industria da cerveja (a turvação tem haver com a presença dos taninos).

Eles vão ter várias utilizações que resultam das suas propriedades adstringentes.
A utilização por via externa é sobretudo para regenerar tecidos lesados porque eles conseguem eliminar a
perda de fluidos e formam uma pelicula protetora à superfície da pele, o que provoca uma vasoconstritores
dos pequenos vasos superficiais e impermeabilização das camadas mais externas da pele e mucosas.
Por via interna, já têm ação antidiarreica e também são usados como antisséticos (diarreias infeciosas,
dermatites).
Esta atividade antissética ou antimicrobiana, exerce-se de vários modos; eles são capazes de modificar o
metabolismo e portanto alterar a constituição da membrana celular dos microrganismos e eles podem inibir
enzimas e/ou complexação substratos dessas enzimas que sejam essenciais à sobrevivência desse
organismo e também podem complexar iões que sejam essenciais por exemplo à ação das enzimas dos
microrganismos.

Para além disso, também são antioxidantes (como compostos fenólicos que são) por sequestro de radicais,
por inibirem a peroxidação lipídica, por eliminação de enzimas (ex. LOX, ECA; HDC…), os taninos também
ajudam e estão envolvidos no paradoxo francês. Outras propriedades são capazes de estimular a resposta
imunitária, portanto são imunomodeladores, inibem da replicação de vírus (quer por adsorção celular, quer
por transcritase reversa), têm uma ação a nivel do musculos cardiaco aumentando a força de contração e
são vasodilatadores coronários, aumentam a resistência e diminuem a permeabilidade capilar, aumentando
o tónus venoso.

Carvalho (Quercus spp.)

Temos as galhas (estas galhas resultam da deposição dos ovos de um inseto, e depois a planta o que faz é
desenvolver uma proliferação celular no local da deposição celular).
As galhas são usadas em queimadoras (porque ajuda na regeneração dos tecidos) , dermatites, e
hemostático.
A casca dos carvalhos vai ser usada mais a nível interno, em diarreia e formações tópicas a nivel da
inflamação da mucosa bucal, inflamação cutânea associada a hemorroidas.

Hamamélia (Hamamelis virginiana)

Usamos as folhas, vamos ter taninos hidrolisáveis e condensáveis, tem propriedades adstringentes, anti -
inflamatórias e por essa razão são usados na insuficiência venosa, sintomatologia hemorroidária, afeções
dermatológicas e irritação ocular.

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Ratânia do Perú (Krameria lappacea)

São usados os subterrâneos (raízes), temos maioritariamente taninos condensados. É sobretudo usado
como venotrópico (porque tem ação a nível dos capilares), mas também para a fragilidade capilar cutânea,
insuficiência venosa, sintomatologia hemorroidária e como adstringente, antidiarreico, cicatrizante e para a
higiene bucal

Salgueirinha (Lythrum salicaria)

São usados as unidades floridas, vamos ter taninos hidrolisáveis e as utilizações são as mesmas dos outros.

Pirliteiro (Crataegus monogyna, Crataegus laevigata)

São usadas as vagas e folhas, vamos ter sobretudo taninos condensados, com ligação 4-8.
Tem uma ação no musculo cardíaco e é usada em caso de insuficiência cardíaco ((contratilidade, débito),
arritmias, hipotensor), também é usado em problemas do sono (Estados neurotónicos).

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