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DE PRAGAS DE HORTALIÇAS
INTRODUÇÃO
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Desta forma, é necessário que pesquisas básicas de seletividade sejam realizadas para os
principais inimigos naturais presentes em hortaliças, pois as respostas obtidas serão
úteis na escolha do composto a ser aplicado. Deve-se salientar que no Brasil são raros os
trabalhos relacionados à seletividade de produtos em hortaliças.
Neste capítulo serão abordados conceitos relacionados à seletividade de
compostos químicos a inimigos naturais, as técnicas para realização de experimentos
em seletividade, resultados de alguns trabalhos de seletividade de pesticidas a inimigos
naturais em hortaliças e suas conseqüências no MIP.
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praga, quando encontram-se sob a ação de um mesmo composto. Desta maneira, esse
tipo de seletividade ocorre devido às diferenças fisiológicas da praga em relação aos
demais organismos não visados na aplicação, ocorrendo a morte das espécies-praga e
preservação dos inimigos naturais. Essa seletividade pode ser alcançada pela redução
de absorção do produto químico pelo tegumento ou pelo aumento na degradação da
substância tóxica pelo sistema enzimático do inimigo natural.
Este tipo de seletividade concentra-se basicamente nos processos relacionados à
rota de distribuição, a ausência de interação com o alvo de ação e a capacidade de
inimigos naturais metabolizarem alguns produtos químicos, eliminando a possibilidade
de serem afetados. Essas informações são importantes dentro do manejo de pragas em
hortaliças, uma vez que o inseto benéfico pode sobreviver à ação do composto, como é o
caso das larvas do predador Chrysoperla carnea (Hagen) que toleram os inseticidas
piretróides devido à presença de esterases em seu organismo (Ishaaya e Casida, 1981).
Na literatura, o número de trabalhos visando obter informações quanto ao
efeito dos produtos às pragas, é muito maior em comparação àqueles com inimigos
naturais, tanto em laboratório como no campo. O maior volume de estudos com pragas,
provavelmente, ocorre em função de: a) prioridade ao controle das pragas em relação à
conservação dos organismos benéficos, b) acredita-se que os inimigos naturais tenham a
mesma resposta aos inseticidas com relação às pragas e, portanto, o estudo de
seletividade é desnecessário, c) diferenças de recursos financeiros para estudos de
pragas em comparação com os custos para realizar ensaios com inimigos naturais, d)
dificuldade de criação em larga escala de predadores e parasitóides para realização de
testes e e) carência de métodos experimentais toxicológicos padronizados para inimigos
naturais, especialmente em relação aos desenvolvidos para avaliação de pragas.
Entre os diversos métodos de avaliação da seletividade de produtos químicos
aos inimigos naturais, os mais comuns são as aplicações tópicas, exposições às
superfícies tratadas (efeito residual), pulverizações diretas (com pulverizadores
convencionais e/ou torre de pulverização), imersões em caldas tóxicas, exposições a
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vapores e testes de alimentação. Outros métodos utilizados são a observação visual e
contagem após a aplicação, do número de predadores vivos presentes numa planta no
campo, girando ao redor do vegetal durante um tempo fixo, e aplicações de pesticidas
bastante tóxicos, seguidas de contagem do número de artrópodes não alvo coletados
(Graham-Bryce, 1987; Moraes, 1989; Ferreira, 1991; Mattioli, 1992; Carvalho, 1993;
Prezotti, 1993; Belarmino e Gatti, 1994; Carvalho et al., 1994a, 1994b, 1994c; Velloso,
1994).
Os produtos podem ser aplicados em superfícies por pulverizadores ou
misturados em solventes voláteis, como a acetona. Embora a toxicidade possa ser
avaliada em laboratório, onde o produto irá expressar a sua máxima ação, o efeito real
do pesticida sobre os organismos testes, somente pode ser medido em condições de
campo, onde as condições normais de abrigo, proteção, alternativas de escape,
alimentação e sobrevivência da espécie estão interagindo com o produto fitossanitário
avaliado. Desta forma, deve-se utilizar parcelas grandes devido à mobilidade que os
organismos podem apresentar. Fatores como o tempo, dosagem de aplicação,
comportamento e ciclo de vida de cada espécie devem ser considerados para avaliação
da toxicidade dos pesticidas aos organismos benéficos em condições de campo.
O efeito dos pesticidas pode ser avaliado em função da redução do número de
espécies em cultivos de hortaliças, alteração do hábitat, mudança de comportamento,
alterações no crescimento e reprodução, mudança na quantidade e qualidade do
alimento e resistência. Para uma avaliação precisa do efeito do composto, deve-se
considerar o sexo, idade, estado nutricional, estresse, saúde e microambiente em que
vive o inimigo natural.
Os testes de seletividade devem ser realizados com produtos em suas maiores
dosagens agronômicas, por serem mais práticas e coerentes. De uma forma geral, os
testes de toxicidade de pesticidas aos organismos benéficos, também denominados
testes de seletividade, são conduzidos inicialmente em laboratório (bioensaios). No caso
da seletividade, o estímulo de maneira geral é químico e as respostas podem ser
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avaliadas em função do efeito total sobre o inimigo natural, como porcentagem de
mortalidade, mudanças na capacidade benéfica e no aumento do consumo de oxigênio.
O efeito pode variar em função da quantidade do produto tóxico, tempo de exposição,
condições do ambiente e fase da vida em que o organismo se encontra.
Os testes de laboratório são preferidos, principalmente, em função da
repetibilidade de resultados, já que fatores externos e alguns internos podem ser
mantidos constantes. Assim, em condições de laboratório pode-se obter informações
reprodutíveis, com baixo custo.
Elevadas doses/dosagens de ingredientes ativos são utilizadas entre os países
hispano-americanos, no México, Peru, Nicarágua, Guatemala, Colômbia, sendo que
apenas neste último se destacam os estudos de seletividade de pesticidas aos insetos
benéficos.
No Brasil, os estudos de seletividade têm sido objetos de discussão; no entanto,
não existe nenhum acordo nacional de uniformização de metodologias ou padronização
de procedimentos para avaliar os efeitos colaterais de pesticidas sobre organismos
benéficos. São necessárias medidas que priorizem os programas de pesquisa com
seletividade de produtos químicos, dirigidos a inimigos naturais chaves, por meio de
experimentos de laboratório, semi-campo e campo.
Os estudos para a determinação da seletividade ecológica não devem ser
esquecidos. Tais testes são realizados no momento da aplicação em campo, com a
utilização de iscas tóxicas e tratamentos localizados.
Além dos trabalhos em seletividade com parasitóides e predadores presentes
em hortaliças, é importante a realização de testes com polinizadores, através do
tratamento tópico e aplicações em campo, avaliando a mortalidade e alternativas de
horário de aplicação.
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Seletividade versus Manejo Integrado de Pragas
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programas de manejo, até que métodos alternativos realmente efetivos sejam
alcançados.
Os efeitos colaterais devido ao uso de pesticidas em organismos não alvos,
como o homem, animais domésticos e selvagens, solo, água, polinizadores e inimigos
naturais, devem ser reduzidos ou eliminados. Entretanto, os pesticidas não podem ser
excluídos do sistema de controle de pragas, devendo ser utilizados somente quando
esgotadas todas as outras alternativas de controle, e de maneira emergencial. Desta
forma, devemos preferir inseticidas e acaricidas seletivos, bem como herbicidas,
fungicidas e outros produtos químicos e biológicos inócuos aos inimigos naturais, a fim
de que sejam alcançados os objetivos do MIP de hortaliças.
O desenvolvimento de programas de controle integrado, baseados na
otimização do uso dos métodos químicos e biológicos, tem recebido crescente atenção
pelos pesquisadores em muitas partes do mundo. Pesticidas que possam ser usados no
controle de pragas sem prejudicar os inimigos naturais mais importantes, tem sido a
principal preocupação dos pesquisadores, uma vez que o MIP preconiza a utilização de
pesticidas seletivos para que o controle biológico tenha pleno êxito em diferentes
agroecossistemas.
A seletividade de pesticidas para programas de MIP nos EUA tem sido
determinada após o registro dos produtos; na Europa, metodologias padronizadas de
experimentação a fim de se determinar o risco dos pesticidas aos organismos benéficos,
fazem parte da legislação de registro. O gasto anual, neste país, é cerca de 840 milhões
de dólares, devido a perda de inimigos naturais e polinizadores, pelo uso inadequado
de inseticidas. Em vista de problemas como esse, na Europa, dos 300 ingredientes ativos
atualmente no mercado para o controle de insetos e ácaros, 120 a 180 devem ser
retirados de circulação. No ano de 1991, as fábricas européias produtoras de inimigos
naturais (parasitóides, predadores e patógenos) arrecadaram 180 milhões de dólares,
demonstrando assim, a importância da utilização de organismos benéficos como
alternativa de controle de insetos pragas (van Lenteren, 1996). Entretanto, dentro das
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alternativas de controle desenvolvidas, não se pode prescindir do método químico na
agricultura moderna, principalmente em se tratando de programas de manejo de
pragas, onde devem conviver harmoniosamente o controle biológico e o químico. Desta
forma, os testes padronizados de seletividade vêm sendo conduzidos de modo a obter
informações a respeito da toxicidade dos pesticidas aos inimigos naturais.
No Brasil, não existe até o momento uma padronização de técnicas
experimentais utilizadas para testes de seletividade. Nos quatro últimos Congressos de
Entomologia da Sociedade Entomológica do Brasil, abrangendo o período de 1991 a
1997, dos 3.544 resumos publicados, 123 abordavam o tema seletividade de pesticidas a
inimigos naturais e polinizadores, representando apenas 3,5% do total (Congresso
Brasileiro de Entomologia, 1991, 1993, 1995, 1997). No XXI Congresso Internacional de
Entomologia (2000), realizado em Foz do Iguaçu, os resumos associados à seletividade
representavam somente 0,4% do total apresentado; já no XV Simpósio de Controle
Biológico (2001), realizado em Poços de Caldas apenas 3,6% do total de trabalhos
apresentados estavam relacionados à seletividade de pesticidas a organismos não alvos.
Em geral, a totalidade das metodologias utilizadas nesses trabalhos foram oriundas da
criatividade e critérios individuais dos próprios pesquisadores.
São poucos os trabalhos visando a obtenção de informações quanto a
seletividade de pesticidas aos principais inimigos naturais presentes em cultivos de
hortaliças. Em Lavras – MG, pesquisadores vêm estudando o impacto de pesticidas a
vários inimigos naturais, destacando-se os parasitóides Trichogramma spp. e predadores
dos gêneros Chrysoperla e Orius.
A seletividade dos principais produtos fitossanitários utilizados no controle de
insetos-praga na cultura do tomateiro, foi avaliada por Fuini (2000) que observou que os
inseticidas abamectin, ciromazina, imidacloprid e triflumuron foram prejudiciais ao
parasitóide Trichogramma pretiosum Riley. Esses produtos ocasionaram efeito tóxico aos
indivíduos da geração maternal e também aos seus descendentes. Já os produtos
lufenuron, metoxifenozide e pirimicarb mostraram-se seletivos. Também foi verificado
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que as fases de ovo-larva e de pupa do parasitóide foram sensíveis aos inseticidas
avaliados em laboratório. Em condições de semi-campo, abamectin apresentou uma
ação residual de cerca de 25 dias, permitindo a ocorrência de mais de 70% de
parasitismo, sendo considerado moderadamente tóxico. Os compostos ciromazina,
imidacloprid, lufenuron, metoxifenozide, pirimicarb e triflumuron foram seletivos
(classe 1) de acordo com a escala proposta por membros da IOBC, e, desta forma,
podem ser utilizados no MIP do tomateiro.
Estudando o impacto de 18 produtos fitossanitários utilizados no controle de
pragas da cultura do tomateiro, sobre duas linhagens de T. pretiosum, Carvalho, Parra e
Baptista (2001a) e Carvalho, Parra e Baptista (2001b), constataram que os inseticidas
clorfluazuron, teflubenzuron, Bacillus thuringiensis, ciromazina e os fungicidas benomil,
clorotalonil, mancozeb, iprodiona e dimetomorfe foram seletivos, permitindo a
utilização destes compostos no MIP do tomateiro. Os inseticidas abamectin, cartap,
deltametrina e lambdacialotrina foram os mais tóxicos em condições de laboratório. Em
condições de semi-campo, abamectin, metamidofós e cartap, afetaram a capacidade de
parasitismo dos parasitóides até sete dias da aplicação. Já, o lambdacialotrina
apresentou-se prejudicial até trinta e um dias após a pulverização, quando permitiu
mais de 70% de parasitismo.
A seletividade de inseticidas utilizados na cultura do tomateiro (cartap,
fentoato, lambdacialotrina, abamectin, tebufenozide e teflubenzuron) ao parasitóide T.
pretiosum foi estudada por Parra (1994). Foi concluído que cartap, fentoato e
lambdacialotrina apresentaram alta toxicidade a essa espécie, não sendo recomendados
para programas de manejo de pragas do tomateiro.
Ao avaliar o efeito de seis inseticidas, recomendados para o controle da traça
do tomateiro Tuta absoluta (Meyrick, 1917), sobre o parasitóide T. pretiosum, verificou-
se que o inseticida biológico Bacillus thuringiensis foi seletivo. Entretanto, os
compostos deltametrina, lambdacialotrina, metamidofós, abamectin e cartap,
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causaram uma elevada mortalidade nos adultos deste inimigo natural (Branco e
França, 1995).
Torres et al. (1996) estudaram o impacto de fungicidas utilizados em
tomateiro no Espírito Santo, sobre T. pretiosum, e constataram que iprodiona não
afetou as fases de ovo-larva e de pupa deste parasitóide. Já o clorotalonil e o
mancozeb foram prejudiciais à fase de ovo-larva e seletivos às pupas.
O efeito de produtos fitossanitários utilizados na cultura do tomateiro aos
percevejos predadores de tripes Macrolophus caliginosus Wagner e Dicyphus tananinii
Wagner (Heteroptera: Miridae), foi estudado por Figuls, Castañe & Gabarra (1999),
que verificaram que clorpirifós e metamidofós foram tóxicos às duas espécies de
percevejos até 30 dias das suas aplicações. O inseticida fipronil foi considerado
moderadamente persistente, tornando-se menos prejudicial aos percevejos M.
caliginosus e D. tananinii, somente aos 21 e 30 dias da sua aplicação, respectivamente.
O endosulfan mostrou-se moderadamente tóxico para M. caliginosus, e somente aos
21 dias após a sua aplicação tornou-se pouco tóxico ao D. tananini.
Stansly & Liu (1997) avaliaram a seletividade de alguns inseticidas usados no
controle da mosca-branca Bemisia argentifolli Bellows & Perring (Hemiptera:
Aleyrodidae) em tomateiros, ao seu parasitóide Encarsia pergandiella Howard
(Hymenoptera: Aphelinidae), nas fases de ovo, larvas de 1 o e 3o ínstares, pupa e fase
adulta. Foram testados óleo mineral, inseticida saponáceo, extrato de semente de
neen, ésteres naturais de açúcar, e tendo o piretróide bifentrina como tratamento
controle. O óleo mineral causou grande mortalidade do parasitóide em sua fase
imatura, sendo que para os adultos não provocou mortalidade significativa.
Bifentrina foi extremamente tóxico às larvas e adultos do parasitóide; já o inseticida
saponáceo e o extrato de semente de neen foram seletivos a este agente de controle
natural.
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ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS ENVOLVIDAS EM ESTUDOS DE
SELETIVIDADE
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Os membros do Grupo de Trabalho da IOBC enquadram os pesticidas em
classes que variam de 1 a 4, com base na mortalidade e na redução da capacidade
benéfica do inimigo natural (oviposição, parasitismo, predação e alterações
populacionais), como a seguir: a) testes de laboratório: 1= inofensivo (< 30%), 2= pouco
prejudicial (30-79%), 3= moderadamente prejudicial (80-99%), e 4= prejudicial (> 99%);
b) testes de persistência: 1= vida curta (< 5 dias), 2= pouco persistente (5-15 dias), 3=
moderadamente persistente (16-30 dias) e 4= persistente (> 30 dias) e c) testes de semi-
campo e campo: 1= inofensivo (< 25%), 2= pouco tóxico (25-50%), 3= moderadamente
tóxico (51-75%) e 4= tóxico (> 75%).
Existe uma outra organização internacional envolvida com estudos de
seletividade, sendo conhecida como “Organização Européia e Mediterrânea de Proteção
de Plantas” (OEPP/EPPO), que enquadra os pesticidas em apenas duas classes de
toxicidade em condições de laboratório: classe 1= não nociva (redução na capacidade
benéfica menor do que 30%) e classe 2= nociva (efeito maior do que 99%). Os produtos
que apresentarem valores intermediários aos das classes 1 e 2, deverão ser submetidos a
novos testes que compreendem, o efeito residual de três dias em laboratório e testes de
campo, para então serem classificados quanto ao seu efeito adverso.
Os estudos de seletividade devem ser iniciados em laboratório e concluídos em
condições de campo, sendo que os compostos que apresentarem seletividade ao inimigo
natural em laboratório, dispensam novos testes, e são considerados seletivos
independente de outras condições, com raras exceções. A seqüência de testes
preconizada pelos pesquisadores da IOBC pode ser representada da seguinte forma:
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Inócuo
Inócuo Inócuo Inócuo
Tóxico
Tóxico Tóxico Tóxico
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análise, onde a classificação do composto e a técnica empregada serão adotados ou não
pelos países membros da IOBC. A classificação é expressa em função do nome
comercial do produto fitossanitário, uma vez que o mesmo ingrediente ativo pode estar
presente em diferentes formulações comerciais, podendo desta forma ocasionar impacto
diferenciado sobre os organismos benéficos.
Os bioensaios de laboratório devem ser realizados em função de seus diferentes
objetivos: a) experimentos com o estágio de vida mais vulnerável (mais afetado ou mais
exposto) do organismo benéfico, b) experimentos com o(s) estágio(s) de vida menos
vulnerável(eis) do inimigo natural, c) experimentos de avaliação da duração da
atividade prejudicial do pesticida (persistência) e d) experimentos laboratoriais
ampliados.
Os testes de semi-campo e campo, ocorrem em condições bastante semelhantes,
diferindo-se apenas pelo fato que o primeiro é realizado dentro de casas de vegetação,
telados ou gaiolas, e na maioria das vezes os organismos benéficos são criados
massalmente e liberados. O segundo é realizado com organismos benéficos de
ocorrência natural ou mesmo através de liberações.
Em condições de laboratório, os organismos benéficos no(s) seu(s) mais
vulnerável(eis) estágio(s) de vida, são expostos numa condição de máximo contato com
a mais elevada dosagem agronômica do produto químico. O objetivo destes testes é
avaliar a inocuidade dos pesticidas (ausência de toxicidade), separando-os dos pouco
nocivos. Os testes laboratoriais com o(s) estágio(s) de vida menos vulnerável(eis) do
inimigo natural, permite(m) a diferenciação entre os produtos nocivos. Em relação aos
testes laboratoriais que mensuram a duração da atividade prejudicial do pesticida
(persistência), são de enorme valor para estimar os riscos de intoxicação dos inimigos
naturais, uma vez que o impacto do produto químico no campo é extremamente
afetado por sua persistência.
Com base nos dois testes supracitados, pode-se dizer que produtos nocivos mas
que apresentem pouca persistência, podem ser usados com sucesso em programas de
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MIP em hortaliças. Os experimentos laboratoriais ampliados contribuem para estimar
os efeitos dos compostos aos organismos benéficos sob condições simuladas de campo.
Nos testes de semi-campo e campo é possível avaliar o risco do pesticida,
proporcionando informações relevantes para o seu uso na prática.
Ao final dos diferentes testes, comparações de resultados pelos membros do
Grupo de Trabalho da IOBC são realizados com o intuito de avaliar o valor prático dos
diferentes tipos de métodos. Isto ocorre a cada dois anos, onde são testados cerca de
vinte produtos fitossanitários de interesse comum, numa variedade de organismos
benéficos e sempre utilizando métodos padronizados.
Atualmente, tem-se intensificado o desenvolvimento de outras metodologias
padronizadas, por parte dos pesquisadores deste Grupo. Inúmeros trabalhos de
pesquisa, conduzidos para desenvolver e racionalizar os métodos de avaliação dos
efeitos dos pesticidas sobre os diferentes organismos benéficos, estão sendo realizados
em condições de semi-campo e campo. É reconhecido por membros do Grupo que
nenhum teste isolado pode estabelecer informações suficientes para avaliar os efeitos
colaterais dos pesticidas em organismos benéficos. Com a cooperação internacional,
pode-se aumentar tanto o número, como o alcance dos métodos a serem realizados,
permitindo que a capacidade para conduzir os testes seja maximizada.
Em síntese, os testes de seletividade apresentam metodologias criteriosas e bem
definidas, sendo, apresentadas da seguinte forma:
a) o primeiro passo são os testes de laboratório para avaliação do potencial de
risco de um pesticida para a fauna de artrópodes não-alvo. Neste bioensaio, o
organismo-teste deve ser confinado sobre um resíduo seco e fresco do produto, sob
condições que reflitam o mais elevado nível de contato possível de ser exposto no
campo. Deve-se ressaltar que o tipo de teste escolhido deve ser o mais adaptado ao
modo de ação do produto, assim, por exemplo, produtos neurotóxicos devem ser
testados diferentemente dos reguladores de crescimento de insetos;
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b) deve-se incluir uma avaliação do efeito subletal em indivíduos sobreviventes,
por exemplo, fecundidade, taxas de parasitismo, atividade alimentar etc., uma vez que
o desenvolvimento de uma população de artrópodes não é exclusivamente influenciado
pela mortalidade;
c) os organismos em teste devem ser provenientes de uma criação de laboratório,
com idade e condições uniformes. Assim, serão submetidos a um filme seco do produto
depositado sobre uma superfície que deve ser sempre de material inerte, como vidro ou
areia quartzosa. Deve-se realizar o controle de qualidade do inimigo natural a ser
testado;
d) utilização de equipamentos de pulverização padronizados é prioritária;
d) as condições ambientais devem ser ótimas e sempre registradas, devendo-se
fornecer adequada ventilação e alimentação;
f) pode-se afirmar que os resultados de testes de laboratório, oferecem excelentes
indicações do comportamento dos pesticidas no campo, ou seja, aqueles que
apresentarem seletividade em laboratório a um determinado inimigo natural, também
será inócuo ao organismo em condições de campo, com raras exceções.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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agrícolas, e principalmente de se avaliar os seus efeitos sobre as diferentes populações
de inimigos naturais.
Os estudos de seletividade enfatizavam apenas o fato do pesticida provocar ou
não a mortalidade dos organismos benéficos, sendo que os seus efeitos subletais eram
praticamente desconsiderados. Atualmente, os efeitos dos compostos sobre a
capacidade de parasitismo, consumo de presa, fertilidade etc., têm relevância nos
estudos de seletividade, uma vez que a capacidade benéfica do inimigo natural pode ser
afetada sem que ocorra necessariamente a sua morte.
Em países europeus tem sido adotada norma rígida para registros de novos
produtos de uso agrícola, e mesmo para manutenção daqueles atualmente no mercado,
exigindo como características imprescindíveis a baixa toxicidade para mamíferos,
reduzida persistência no agroecossistema e seletividade para organismos benéficos.
Estas exigências, têm levado a um acréscimo no volume de testes de seletividade
visando a compatibilização do controle químico e biológico em programas de MIP.
Entretanto, poucos são os países que têm adotado normas padronizadas de estudos de
seletividade; no Brasil, as técnicas de seletividade estão sujeitas a criatividade e critério
de cada pesquisador.
Para uma maior eficiência na utilização de um determinado produto químico
em hortaliças, testes de seletividade devem ser regionalizados e direcionados à cada
programa específico de manejo. A busca por técnicas simples e de respostas rápidas do
efeito de pesticidas a inimigos naturais, possibilitará que instituições carentes de
recursos as utilizem, permitindo o aprimoramento desta linha de pesquisa nas diversas
instituições brasileiras de ensino, pesquisa e extensão.
Em hortaliças, como já relatado anteriormente, raros são os estudos de
seletividade de produtos químicos a inimigos naturais, portanto, é necessário a
realização de novos trabalhos com métodos padrões para obtenção de informações que
serão de grande utilidade no momento da escolha do composto a ser utilizado.
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