Você está na página 1de 6

Seminario Microbiologia

UFF - Volta Redonda

MICRORGANISMOS NO
CONTROLE BIOLÓGICO

Prof: Carlos Eduardo

Alunos: Iago Albuquerque, Pedro Henrique Dornellas, Renan Ramos, Vagner


Mattos
INTRODUÇÃO:

Medidas culturais e genéticas são adotadas no estabelecimento da lavoura, mas


muitas vezes são insuficientes para evitar que epidemias surjam e levem os
agricultores ao uso indiscriminado de agrotóxicos.
A sociedade demanda cada vez mais por medidas de controle alternativas ao uso
de agrotóxicos sintéticos pois, embora eficientes na maioria dos casos, podem levar
a uma série de problemas.

Neste contexto, surge como alternativa promissora o Controle Biológico de pragas e


doenças. Você sabe o que é controle biológico?

O QUE É CONTROLE BIOLÓGICO?

O termo controle biológico foi utilizado pela primeira vez para se referir a inimigos
naturais de alguns insetos-praga. Desde então, muito foi estudado acerca deste
tema. O controle biológico pode ser definido como o uso de um organismo, ou
organismos, na regulação de uma população.
Este organismo utilizado pode pertencer a diferentes classes como insetos
predadores e parasitóides (para outros insetos) ou microrganismos, como vírus,
bactérias e fungos (para insetos-praga e patógenos)

QUAL A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE BIOLÓGICO?

Novos fitopatógenos não param de surgir. Desde o ano 2000, o número de


organismos que causam danos à agricultura aumentou mais de sete vezes. Além
disso, existe uma crescente demanda de abastecimento de alimentos pela
população mundial. Estima-se que será necessário um aumento da produção global
de alimentos de pelo menos 70% para uma população estimada em 10 bilhões de
pessoas até 2050. Esse fato leva à necessidade de métodos eficientes e
sustentáveis de controle de fitopatógenos. Dentre as ferramentas existentes, uma
em especial vem se tornando cada vez mais popular entre agricultores e
consumidores, o controle biológico.

TIPOS DE CONTROLE BIOLÓGICO


O controle biológico de pragas pode ser dividido em natural, clássico e artificial.

No controle biológico natural são utilizados os inimigos naturais já existentes no


ecossistema. Isso pode ser feito pela preservação de matas nativas próximas aos
cultivos ou pela utilização de inseticidas seletivos.

No controle biológico clássico o foco é controlar pragas exóticas e para isso são
introduzidos inimigos naturais por algumas vezes no local, como medida de controle
a longo prazo.

O controle biológico artificial consiste da criação massal e aplicação de inimigos


naturais em grande quantidade, o que faz com que este tipo de controle tenha ação
mais rápida, semelhante a inseticidas químicos.

ESTRATÉGIAS DE UTILIZAÇÃO DE MICRORGANISMOS COMO AGENTES DE


CONTROLE BIOLÓGICO
O controle biológico foi proposto como método de controle de doenças de plantas
durante o simpósio realizado na Universidade da Califórnia, Berkeley, em 1963:
Ecologia de Patógenos de Plantas Habitantes do Solo: prelúdio para o controle
biológico. Na ocasião, duas estratégias foram sugeridas: o aumento das populações
de inimigos naturais, ou antagonistas, pela manipulação do ambiente e a introdução
de linhagens selecionadas de agentes de biocontrole. Desde então, a maioria das
pesquisas foram dirigidas à segunda estratégia, que consiste basicamente na
seleção de antagonistas eficazes e no desenvolvimento de bioprodutos baseados
em linhagens únicas, consideradas efetivas em condições experimentais. Essa
estratégia, denominada inundativa ou de biofungicida, para ser bem-sucedida,
depende da disponibilidade de formulações efetivas do agente de biocontrole, da
sobrevivência dele durante a estocagem e de sua rápida multiplicação e colonização
após inoculação.

Microrganismos antagonistas Os antagonistas são microrganismos com


potencial para interferir no crescimento ou sobrevivência dos patógenos
diretamente, contribuindo, desse modo, para o controle biológico. Podem ser:
Residentes – Habitantes naturais do solo (rizosfera, rizoplano), filoplano ou outros
sítios ocupados pelo patógeno. Podem ser multiplicados em laboratório e, então,
reintroduzidos no ambiente, para potencializar sua ação.
Não residentes – Microrganismos exóticos, ou isolados de outros nichos
ecológicos, podem ser cultivados e aplicados aos sítios onde são necessários (no
solo, nas sementes, atomizados sobre as folhas e outros órgãos das plantas, ou
misturados aos substratos).
Certos antagonistas apresentam ação de supressão de patógenos que atacam os
frutos na pós-colheita, sendo aplicados diretamente na superfície de frutos, raízes e
tubérculos colhidos.

MECANISMOS E MODO DE AÇÃO

O controle biológico pode resultar de interações diretas ou indiretas entre os


microrganismos benéficos e os fitopatógenos. Os mecanismos de biocontrole são
complexos, influenciados pelas condições ambientais e pela presença de outros
microrganismos. O contato do agente de biocontrole com o fitopatógeno pode ser
físico (interação direta ou antagonismo direto) ou envolver a síntese de compostos
antimicrobianos, tais como enzimas hidrolíticas e antibióticos, assim como a
competição por espaço físico, água, luz e nutrientes. A interação indireta pode vir
como resultado da resistência induzida na planta hospedeira ou da suplementação
da matéria orgânica no solo para aumentar a atividade antagonista contra o
patógeno. Dentro dessa visão, o hiperparasitismo exercido sobre um fungo
fitopatogênico por seu parasita obrigatório é considerado o tipo mais direto de
antagonismo. Já o estímulo de mecanismos de defesa na planta por um
microrganismo não fitopatogênico seria a forma mais indireta de antagonismo. Os
principais mecanismos de biocontrole serão detalhados a seguir:

Competição: A competição é um mecanismo que ocorre quando dois ou mais


organismos necessitam do mesmo recurso (espaço, nutrientes, água) e o uso deste
diminui a quantidade disponível para o outro. Microrganismos considerados fortes
competidores são aqueles mais evoluídos quanto aos mecanismos de sobrevivência
e metabolismo de fontes nutricionais, possuindo tolerância ao estresse competitivo
para se estabelecer no micro-habitat ocupado.

Micoparasitismo: A interação antagonista estabelecida entre espécies de fungos


diferentes, referida como micoparasitismo ou hiperparasitismo, representa uma
associação muito interessante do ponto de vista do controle biológico. Essa
interação pode ser classificada, de acordo com a agressividade parasítica para os
hospedeiros, em dois tipos: biotrófica e neurotrófica. Os hiperparasitas biotróficos
são geralmente parasitas obrigatórios, portanto são incapazes de sobreviverem sem
seus hospedeiros. Eles possuem alta especificidade e reconhecimento dos
organismos parasitados, obtendo nutrientes e compostos por eles produzidos,
muitas vezes sem evidência de danos. Os hiperparasitas necrotróficos, por sua vez,
são parasitas facultativos que destroem o protoplasma do hospedeiro, nutrindo-se
da matéria orgânica morta, por isso despertam maior atenção como agentes de
biocontrole, pois os danos, nesse caso, são maiores.

Antibiose: Antibiose é uma associação entre dois organismos com prejuízos ao


menos para um dos dois, em razão da produção de compostos antimicrobianos,
principalmente metabólitos secundários (MSs). Os compostos incluem antibióticos,
enzimas líticas, substâncias voláteis, sideróforos, peptídeos, proteínas, fenóis,
terpenos, policetídeos, entre outros.

Promoção do crescimento das plantas: Vários microrganismos são considerados


promotores de crescimento das plantas. Esse efeito é verificado na germinação de
sementes, enraizamento, brotação de estacas, crescimento de ramos, incremento
de área foliar, atraso da senescência e incremento no rendimento das culturas.
Muitos desses microrganismos, por aumentarem a absorção de nutrientes, podem
ser utilizados em formulações, como biofertilizantes. Nem todo promotor de
crescimento é biofertilizante, e o efeito na planta pode ser decorrente da atividade
de controle de fitopatógenos.

VANTAGENS DO CONTROLE BIOLÓGICO NA AGRICULTURA

Os inimigos naturais que são utilizados como agente de controle biológico são
organismos que não deixam resíduos nos alimentos, são seguros para o agricultor e
consumidor e protegem a biodiversidade. Não contaminam os alimentos e o
ambiente.
Além disso, o uso de agentes diminui o risco de seleção de organismos resistentes,
como ocorre no controle químico. A ausência de período de carência entre a
liberação do inimigo natural e a colheita é outra vantagem notável do controle
biológico.

MERCADO DE BIOLÓGICOS

Nos últimos anos, a nível mundial e também no Brasil, vem aumentando o número de
produtos biológicos registrados para o controle de doenças e pragas.Segundo o Ministério
da Agricultura, no último ano, o mercado brasileiro de defensivos biológicos cresceu mais
de 70%. Este percentual supera o crescimento apresentado pelo mercado internacional,
que ficou em 17%.

Uma pesquisa mostra que até 2030, esse mercado deve atingir R$ 3,7 bilhões. O valor
representa um crescimento de 107% em comparação com a previsão de vendas em 2021.
A pesquisa analisou os dados da indústria de produtos biológicos, a partir dos produtos
registrados no Brasil. A previsão levou em consideração a evolução do mercado nos últimos
três anos, resultado do aumento da adesão dos produtores rurais à tecnologia como uma
estratégia fundamental no manejo integrado de pragas.

O clima tropical e o cultivo diversificado do nosso país, nos coloca em uma posição
privilegiada, tornando possível a adoção desta estratégia em lavouras de diversas culturas,
atendendo aos anseios da população por uma agricultura mais sustentável.
EXEMPLO DE CONTROLE BIOLÓGICO COM MICROORGANISMOS

Em 2013, foi descoberta no Brasil a Helicoverpa armigera.

Praga que ataca culturas como tomate, cebola, feijão e muitas outras, mas, no
Brasil, ela ataca principalmente as culturas da soja, milho e algodão, a qual
demonstrou grande potencial de dano na lavoura.

Então logo veio uma preocupação: como poderíamos realizar seu controle? Na
época, não existiam produtos registrados e pouco se conhecia sobre a eficiência
dos defensivos químicos no controle dessa praga. A salvação das lavouras foi a
utilização de produtos biológicos à base de Bt (Bacillus thuringiensis, Bactéria do
gênero Bacillus) que produz esporos que liberam toxinas e ao serem ingeridos pelas
lagartas, elas acabam morrendo de 3 a 4 dias após a ingestão. e a base de vírus,
como Nucleopolyhedrovirus (HearNPV), que age no intestino da lagarta, provocando
infecção e, consequentemente, redução da alimentação e locomoção, até a morte..

Referências

AGROPÓS. Controle biológico: como ter lavouras mais sustentáveis e rentáveis.


Disponível em: <https://agropos.com.br/controle-biologico/>. Acesso em: 03 de ago.
de 2021.

FONTES, E. INGLIS, M. Controle Biológico de Pragas da Agricultura. Editora


técnicas. 1ª Edição. Brasília. Embrapa, 2020.

Você também pode gostar