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Universidade de Brasília

Programa de Pós-Graduação em Agronomia


Disciplina Manejo Integrado de Pragas
Primeira Avaliação
Data da entrega: 16/03/2022
Tipo de arquivo: PDF
Endereço da Entrega: resendeanamaria2022@gmail.com

Nome:
Matrícula:

Contextualização
A atividade deve ser realizada individualmente. O(A) aluno(a) pode e deve recorrer a
textos científicos para uma resposta mais embasada aos questionamentos. Caso haja
consulta a textos extras para auxiliar nas respostas, favor indicar após cada
questionamento. Ou seja, em cada pergunta o aluno deverá inserir a literatura consultada.
Os textos mencionados na Avaliação estão disponíveis na área de arquivos, no Teams. São
textos dos quais fizeram resenhas ou foram indicados para resenha.
A avaliação deve ser enviada até às 22h do dia 16/03/2022, impreterivelmente.
Bom trabalho!

Questões:

1. Considerando a coevolução, discuta as modificações (adaptações) que aconteceram ao


longo do tempo em artrópodes e plantas na busca da sobrevivência.
A coevolução pode ser definida como o processo evolutivo que promove a adaptação genética
de um espécie em resposta a seleção natural imposta pela interação com outra espécie, sendo
que os efeitos podem ser recíprocos, nesse sentido, a forma e os mecanismos a interação
entre espécies é a fonte de pressões para seleção natural.

Compreensivelmente a literatura tende a dar maior ênfase as interações atrópode-plantas que


representam em algum efeito econômico, porem vários tipos de relações ecológicas podem
ser resultado de coevolução como predação, parasitismo, competição e mutualismo.

Em relação a artrópodes danosos à plantas os requisitos biológicos para que a coevolução


aconteça envolvem a existência de considerável variabilidade genética entre a praga e a
hospedeira, a ação da praga deve ser capaz de reduzir consideravelmente a aptidão da planta
hospedeira em realizar seus ciclos biológicos e se reproduzir e a resistência da hospedeira de
impactar a virulência da praga.

Os artrópodes se relacionam com plantas para abrigo, reprodução e alimentação, sendo


algumas relações altamente especializadas como minadores e galhadores outras mais
generalistas como sugadores.

Uma das relações mais fundamentais seria a herbivoria. Plantas como organismos sésseis não
podem evadir o contato físico do herbívoro, portanto em resposta a alimentação algumas
plantas desenvolveram ou adaptaram vias metabólicas pra produção de toxinas em resposta a
danos aos seus tecidos. Essas toxinas podem ter efeito antibiótico ou antixenótico. Quando o
herbívoro é mantido no mesmo ambiente da planta, ao longo do tempo, esse também se
adaptava a essas toxinas.

A pressão dos artrópodes também levou ao favorecimento de indivíduos com defesas


constitutivas, que são as estruturas anatômicas de defesa como tricomas, pelos, glândulas e
espinhos, que atuam reduzindo palatabilidade ou dificultando a permanência do animal sobre
a planta.

Os insetos também se adaptam as defesas da planta com alterações comportamentais,


morfológicas e bioquímicas. Um grande aliado dos insetos são seus sofisticados sistemas
sensoriais e olfativos que permitem mudanças no comportamento em curto espaço de tempo.

Em alguns casos adaptações permitem locomoção em superfícies pegajosas ou pilosas das


plantas ou o corte de veios de folhas para reduzir a comunicação da estrutura atacada com o
resto da planta. Porém as principais adaptações são bioquímicas como a compartimentalização
de toxinas, desintoxicação enzimática, excreta de efetores que facilitam o ataque ou previnem
a ação de compostos de defesa.

Por fim a polinização e dispersão são um das mais estudadas relações mutualísticas entre
artrópodes e planta. A ideia central é que a planta, durante a evolução, tende a se especializar
para atender os polinizadores mais eficientes, pois esses, teoricamente, aumentam sua
aptidão reprodutiva.

Referências
OCCHIPINTI, A (2013) Plant coevolution: evidences and new challenges, Journal of Plant
Interactions, 8:3, 188-196.

Scott, A.C., Stephenson, J., and Chaloner, W.G., 1992, Interactionand coevolution of plants and
arthropods during the Palaeozoicand Mesozoic: Philosophical Transactions of the Royal
Societyof London. Series B: Biological Sciences, v. 335, p. 129–165

2. Apresente o conceito de Manejo Integrado de Pragas (MIP) e discuta a relevância do


MIP no contexto atual da agricultura brasileira.
O manejo integrado de pragas é definido como a associação harmoniosa de diversas
práticas de controle de organismos prejudiciais às culturas de tal maneira que as
intervenções com produtos químicos sejam realizadas apenas em nível economicamente
e ambientalmente justificáveis, com o objetivo de reduzir os impactos negativos da
atividade agrícola a sobre sustentabilidade ambiental, econômica e à saúde humana.
Na agricultura brasileira tem-se registrado avanços na adoção de MIP, especialmente
para culturas de grande importância econômica e em propriedades de grandes empresas,
como o caso de soja, milho, algodão e cana de açúcar, onde é comum a aplicação de
diversos métodos como uso cultivares resistentes, controle biológico, herbicidas e
inseticidas seletivos, uso de hormônios sintéticos, entre outros.
Mais recentemente o MIP vem ganhando relevância para médios e pequenos produtores,
em parte em função da demanda do consumidor de produtos com maior
responsabilidade ambiental e social. Culturas que sempre foram demandantes de altos
graus de intervenções com agrotóxicos como o grupo das hortaliças e fruticultura veem
o desenvolvimento de vários produtos de base biológica e hormonal, além de
universalização de práticas culturais relevantes como cultivos consorciados, rotação de
culturas, consideração do ciclo do inseto, vazio sanitários, eliminação de restos culturais
e conservação do solo.
No Brasil muito do que é discutido sobre MIP trata do estabelecimento de
monitoramento e níveis de controle. Apesar de ser uma ferramenta de manejo
importante, os níveis de controle contribuem pouco em distanciar o sistema de produção
da dependência do controle químico.
Um grande desafio para agricultura brasileira e o desenvolvimento de profissionais e
mão de obra qualificada para o correto monitoramento, planejamento e redesenho de
sistemas produtivos no contexto do MIP. Nesse sentido é importante o fortalecimento
dos serviços de assistência técnica e da instituições de pesquisa e extensão.
3. Descreva sua experiência com táticas do MIP. Se você não vivenciou experiências com
as táticas do MIP, cite as táticas (métodos de controle). Em qualquer das duas situações
relacione essas táticas com as hipóteses da relação inseto-planta e a interação com o
ambiente.
3.1. Resistência natural de plantas ... uso de cultivares resistentes.

4. Follett (2017) explora os aspectos relacionados as interações entre plantas e insetos,


bem como tecnologias para incrementar as inter-relações fisiológicas, ecológicas e
morfológicas entre insetos e plantas hospedeiras. De acordo com o autor, a resistência de
plantas tem muitas vantagens como componente de sistemas integrados de manejo, a saber:
a) seletividade contra a praga, b) durabilidade, c) compatibilidade com outras táticas e, d)
segurança ambiental. Escolha e explique quatro técnicas de Manejo discutidas pelo autor.

 Exploração de características físicas e químicas de defesa como base para


melhoramento da resistência. As plantas possuem diversos mecanismos de defesa
Os mecanismos fisiológicos envolvidos nas expressão de características antibióticas,
antixenóticas e de tolerância são em grande parte desconhecidas.
Devendo se levar em consideração o efeito dessas características não só na
produtividade mas também para a floração, polinização e sobre polinizadores.

 Prolongamento da resistência de espécies trangênicas com mistura de


genótipos suscetíveis, refúgios, e controle do nível de expressão de
endotoxinas.
 Evasão do hospedeiro depende mais das condições ambientais que da genética.
É realizado com plantas de maturação precoce, preparo reduzido do solo e
colheita do fruto em um estágio anterior ao crítico para a praga, cobertura do
solo, redução da detecção da cultura.
 O plantio consorciado com plantas altamente aromáticas pode induzir um
comportamento de não-preferencia para a cultura e dificulta a localização da
hopedeira para insetos.

5. Géneau et al. (2012) avaliaram se plantas não cultivadas em floração beneficiam


seletivamente a presença de parasitóides das pragas do repolho, sem interferir
positivamente no desempenho da própria praga. Os autores ressaltaram que o manejo do
habitat é um elemento importante na agricultura sustentável e pode ser usado para
maximizar a disponibilidade de serviços ecossistêmicos para apoiar a produção agrícola.
Qual o serviço ecossistêmico destacado no trabalho? De acordo com os resultados foi
observada correlação positiva entre espécies de plantas (flores, néctar floral e extra floral)
avaliadas e a presença de parasitóides e pragas? Que parâmetros os autores utilizaram para
avaliar a adaptação dos inimigos naturais? Explique.

6. De acordo com Carvalho et al. (2017), quais foram os efeitos do consórcio de


tomateiros com plantas aromáticas (coentro, manjericão ou cobertura com capim citronela)
no comportamento e no desenvolvimento de populações de Bemisia tabaci (Gennadius)
(Hemiptera: Aleyrodidae) em campo e estufa? Com base nesse manuscrito, como vocês
orientariam um produtor de tomate em uma área com histórico de infestação de mosca
branca?

7. Na adubação das culturas, com adubos minerais ou orgânicos, deve-se observar na


recomendação de adubação, principalmente, os níveis dos nutrientes mais demandados,
tais como nitrogênio, fósforo, potássio e a calagem. O histórico de manejo da área de
cultivo deve ser considerado, pois a relação entre a nutrição e os problemas fitossanitários
mais comuns pode fornecer informações sobre quais nutrientes favorecem o desequilíbrio
nutricional. Com base no texto de Gonçalves (2021), destaque três problemas
fitossanitários resultantes do estado nutricional das plantas. Qual o nutriente está mais
relacionado à infestação de pragas? Explique.

8. Considerando o texto de Ribeiro et al. (2012), mesmo com nutrição adequada, o


morangueiro é suscetível à infestação e a perdas severas causadas pelo ácaro rajado. A
adubação nitrogenada deve ser realizada de maneira mais cautelosa, visto sua influência no
aumento da densidade populacional de T. urticae. Com base na pesquisa mencionada,
apresente informações sobre o efeito do material genético na infestação do herbívoro
citado. Existem nutrientes que reduzem a infestação? Qual a recomendação dos autores de
manejo do ácaro no contexto da pesquisa? Como você lidaria com o problema na ausência
de inseticidas? Para cada sugestão que der, apresente a justificativa/explique.

Obs. Pontuação de cada questão: 1,25 pontos.

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