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Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária – FAV

Programa de Pós-graduação em Agronomia


Manejo Integrado de Pragas.
Professora: Dra Ana Maria Resende Junqueira.
Aluno: Guilherme Facundes Balduino
Data: 14/03/2022.
RESENHA

Manejo de solos e a nutrição de plantas e sua relação com a ocorrência de pragas.

Gonçalves., 2021.

O solo é um elemento essencial para as atividades humanas, é composto por materiais


minerais, orgânicos, água e ar além de ser o habitat de uma grande quantidade de organismos
que são responsáveis para suporte nutricional para as plantas agricultura.

O principal princípio do Manejo Integrado de Pragas é o aumento de fatores de mortalidade


natural de pragas a partir da implementação de métodos de controle selecionados com base
em aspectos técnicos, econômicos, ecológicos e sociais. Considerando que o solo é o
compartimento da nutrição, práticas de manejo de solo devem compor estratégias para
manejo de pragas.

Em termos gerais o manejo ecológico do solo com técnicas como rotação, plantio direto,
plantas de cobertura, proporcionam conservação da umidade, temperatura, matéria orgânica
do solo, ciclagem de nutrientes, proteção contra radiação solar, controle da erosão, controle
de plantas daninhas e preservam o equilíbrio e diversidade de organismos benéficos. Esses
últimos incluem predadores e parasitas que ajudam a controlar populações de outros grupos
de insetos e saprófitos e coprófagos envolvidos na melhoria físico-química do solo.

O plantio direto, é tido como uma das principais práticas conservacionistas. Nele o solo não é
revolvido para o plantio ou semeadura. Em sistemas com aplicação de inseticidas o plantio
direto consegue preservar maior diversidade de insetos por fornecer refúgios no solo. Além
disso a umidade nas camadas mais superficiais melhora as condições para vários insetos
benéficos.

Os benefícios no entanto precisam ser ponderados com as condições locais de cultura e


manejo. Existem vários organismos que se beneficiam do sistema de plantio direto que podem
se comportar como pragas para certas culturas, como alguns nematoides de raiz. Esse
problema pode ser mais bem contornado com manejo correto de rotação e consorcio de
culturas. Outra possibilidade é que o uso de herbicidas em plantio direto restrinja a oferta e
diversidade alimentar disponível consequentemente selecionando a rol de organismos em
uma área.

Outra prática é o uso de cobertura do solo com pós colheita culturas estruturantes que
desempenham funções de proteção pela produção de palhada, cultura de rotação e cultura
comercial. Além das diversas vantagens na conservação de umidade e de prevenção de erosão,
no manejo de pragas a cobertura dificulta atividade de ovoposição e o contato direto da praga
com o solo. A palhada também funciona de abrigo para vários inimigos naturais.

A rotação de culturas é uma prática importante para controle de populações de pragas,


principalmente sistemas onde há a aplicação convencional de herbicidas e inseticidas. O
requisito básico é que a cultura de rotação não deve ser hospedeira das pragas mais
importantes da cultura anterior, porém outros aspectos como a época ideal para
dessecamento ou tombamento da cultura são importantes para reduzir o inócuo de pragas
dependentes da biomassa viva.

O artigo concentra maior parte de suas observação no efeito da efeito da adubação na


presença e ataque de insetos. Isso remete aos princípios da trofobiose, a ideia que
susceptibilidade de plantas à pragas sofre influência do estado nutricional da planta. O
postulado é que disponibilidade de nutrientes solúveis, especialmente proteicos, tendem a
favorecer exigências tróficas de herbívoros, e por consequência o ataque.

Os adubos de fontes orgânicas aumentam a disponibilidade de água no solo, ajudam a


estruturá-lo e tendem a ter uma liberação mais lenta de nutrientes. Esse tipo de adubo,
quando bem aplicado, tem sido relacionado com melhor equilíbrio nutricional da planta,
porém uma dificuldade é que costumam ser muito volumosos e não possuir condições
balanceadas de nutrientes sendo necessário um conhecimento técnico mais refinado. Ainda
assim no contexto de manejo integrado visando maior sustentabilidade da agricultura o adubo
orgânico deve tomar precedência sobre o mineral que tende a reduzir a diversidade do solo no
longo prazo.

O nitrogênio é um dos principais nutrientes exigidos pelas plantas e se relaciona diretamente


com o conteúdo proteico dos tecidos, e várias pesquisas indicam que concentrações elevadas
do nutriente no solo aumentam a incidência ou dano de determinadas pragas. Mesmo a
adubação orgânica em níveis elevados pode desestabilizar o balanço de aminoácidos livres.
Outros nutrientes como potássio e fósforo tem uma resposta variável de acordo com a
dosagem, local, cultura e praga.

As nuances relacionadas a adubação e resposta das plantas e insetos ressaltam a necessidade


de conhecimento profundo e detalhado dos sistemas de plantio por parte do produtor, a fim
de desenhar estratégias apropriadas. Por exemplo no arroz, o manejo da adubação
nitrogenada pode ser um redutor ou facilitador do ataque de gorgulho dependendo da dose, e
da fase de desenvolvimento em que é aplicado.

Por outro lado a adubação com silício tem se mostrado eficiente para redução de danos em
plantas por insetos desfolhadores e sugadores de seiva. Compostos de silício promovem a
síntese de tanino e lignina inibindo o hábito alimentar e favorecem o metabolismo de enzimas
de defesa.

Boro e cálcio exercem papel nas vias metabólicas responsáveis pela deposição de lignina e
resistência da parede celular respectivamente, dificultado a penetração de insetos, sendo
relatado efeitos positivos para controle dos danos por pulgões e mosca-branca.

O artigo discorre brevemente sobre práticas conservacionistas e como são importantes para
diversidade biológica e sanidade vegetal, porém o texto pouco se empenha em demonstrar
essas relações no contexto controle biológico. A abordagem aqui é de como a melhoria da
qualidade de solo por adubações equilibradas e diversidade biológica conseguem melhorar o
equilíbrio nutricional da planta reduzindo a preferência ou danos de insetos pragas.

Essas práticas se alinham com o manejo integrado, porém devem levar em consideração
cuidadosamente a comunidade de pragas, as fontes de adubos, as culturas de cobertura e sua
compatibilidade com o sistema, não devendo ser admitido condições parciais que beneficiem a
praga. O histórico de manejo das áreas com dados de adubação e surtos de pragas é um
valioso recurso para entender quais nutrientes chaves que aumentam a susceptibilidade da
planta.

Referencias:

LEITE, G.L.D. et al. Efeito da adubação orgânica, espaçamento e tamanho de rizoma semente
sobre artrópodes em mangarito Xanthosoma mafaffa Schott. Arquivos do Insituto Biológico,
v.74, n.4, p.343-348, 2007.

SHIREEN, F.; NAWAZ, M.A.; CHEN, C.; ZHANG, Q.; ZHENG, Z.; SOHAIL, H.; SUN, J.; CAO, H.;
HUANG, Y.; BIE, Z. Boron: Functions and Approaches to Enhance Its Availability in Plants for
Sustainable Agriculture. Int. J. Mol. Sci. 2018, 19, 1856. https://doi.org/10.3390/ijms19071856

BARCELLOS, M. Adubação orgânica e mineral na produção de culturas em rotação sob plantio


direto e nas propriedades químicas do solo da região dos campos gerais do Paraná.
Dissertação, PPG Ciências Agrárias UFPR, 2005.

GONÇALVES, P. A. de S. Manejo de solos e a nutrição de plantas e sua relação com a ocorrência


de pragas. Scientific Electronic Archives Issue ID: Sci. Elec. Arch. Vol. 13 (6) June 2021

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