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FORRAGICULTURA

Guilhermo Congio
Manejo de plantas
daninhas em pastagens
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os fatores predisponentes ao aparecimento de plantas


daninhas em pastagens.
 Avaliar os prejuízos causados pelas plantas daninhas em pastagens.
 Definir estratégias de manejo de plantas daninhas em pastagens.

Introdução
As plantas daninhas são qualquer ser vegetal indesejado que se desen-
volve em um determinado ambiente. Essas plantas são indesejadas nas
áreas de pastagens porque estão constantemente competindo por nu-
trientes, água, CO2 e luz, além de serem hospedeiras de pragas e doenças,
causando também problemas de toxidade aos animais que as consomem.
O manejo inadequado das plantas daninhas pode ser um entrave para a
produção de alimentos, ainda mais em um cenário em que a demanda
global por alimento é crescente.
O manejo das plantas daninhas nas áreas de pastagens onera custos
com mão de obra e uso de herbicidas. No entanto, o controle da infes-
tação se torna necessário, e a aplicação de herbicidas é praticamente in-
dispensável. O uso de herbicidas para o controle de plantas daninhas nas
pastagens é uma técnica que deve ser utilizada considerando conceitos
de competitividade entre as espécies e de sustentabilidade dos sistemas.
Neste capítulo, você vai estudar os principais fatores predisponentes
ao aparecimento de plantas daninhas em pastagens. Você vai também
analisar os prejuízos que poderão ser causados por essas plantas, o que
permitirá adotar estratégias de manejo para o seu controle.
2 Manejo de plantas daninhas em pastagens

Aparecimento de plantas daninhas em


pastagens
A escolha inadequada de uma espécie forrageira para o local em que será
estabelecida a pastagem pode ser um dos grandes causadores do aparecimento
das plantas daninhas. Quando as forrageiras não são adaptadas às condições
do solo e aos fatores edafoclimáticos do local, elas não se estabelecerão ade-
quadamente e permanecerão com o dossel malformado, proporcionando um
ambiente favorável ao aparecimento das plantas daninhas nos espaços não
ocupados pelas forrageiras. Por isso, a escolha de espécies forrageiras adaptadas
às condições de solo e clima do local é importante para que o dossel seja bem
formado e tenha uma ótima cobertura vegetal (Figura 1).
A escolha de sementes pelo seu valor cultural pode garantir que uma boa
cobertura vegetal ocorra, fazendo com que a probabilidade de surgimento de
espaço entre as touceiras não esteja presente nas áreas de pastagens. Para que
seja possível garantir que o percentual de germinação e pureza das sementes
esteja de acordo com o anunciado no rótulo dos sacos das sementes de pasta-
gens, alguns procedimentos devem ser realizados, como o teste de germinação.

Figura 1. Dossel forrageiro bem formado, com adequada cobertura vegetal pela pastagem,
sem espaços entre as touceiras.
Fonte: alicja neumiler/Shutterstock.com.
Manejo de plantas daninhas em pastagens 3

O ajuste da taxa de lotação (número ou unidade animal/ha-1) ou, melhor


dizendo, a falta de ajuste na taxa de lotação dos animais em pastejo, contribui
para que o aumento dos espaços entre as touceiras das forrageiras ocorra,
aumentando, dessa forma, a ocorrência de plantas daninhas. O que é mais
comum de ocorrer é a presença de um número de animais maior do que a
capacidade de suporte da pastagem, favorecendo, assim, a degradação da
pastagem. A falta de ajustes nas taxas de lotação animal no período seco do
ano geralmente favorece o sobrepastejo, refletindo em áreas mal manejadas e,
consequentemente, com aumento no aparecimento de infestações de plantas
daninhas nas estações chuvosas posteriores.
O manejo do pastejo se torna um dos principais pontos a serem considerados
nas áreas de pastagens, para o controle do aparecimento das plantas daninhas.
Normalmente, nas pastagens brasileiras, encontram-se sistemas de produção
extensivos, com utilização de grandes extensões territoriais. Nessas áreas,
normalmente, ocorre o subpastejo das forrageiras nas épocas das águas, levando
a forrageira a alongar e entouceirar. Na época da seca, ocorre o sobrepastejo,
com animais consumindo as forrageiras em quantidades superiores àquelas que
o pasto consegue suportar, levando à morte de perfilhos e ao aparecimento de
áreas descobertas. O sobrepastejo e o subpastejo ocorrem pela falta de ajuste
nas taxas de lotação, não sendo seguidas as recomendações de manejo para
cada espécie e/ou cultivar, fazendo com que as plantas sejam prejudicadas.

Independentemente da espécie forrageira escolhida para o sistema de produção a


ser utilizado, respeitar os limites de manejo, seguindo as recomendações fisiológicas
das espécies forrageiras, pode garantir que o solo tenha boa cobertura vegetal e que
a competição entre plantas priorize a perenidade da forrageira.

Outro aspecto importante do cultivo de forrageiras é a reposição de nu-


trientes aos solos. As plantas daninhas costumam ser menos exigentes quanto
à fertilidade dos solos, o que acarreta o seu aparecimento e domínio compe-
titivo principalmente sobre as forrageiras das áreas de pastagens com baixa
fertilidade. Quando se trata da escolha da espécie forrageira adequada às áreas
de pastagens, a fertilidade e a umidade dos solos são importantes aspectos a
serem considerados, pois o bom estabelecimento da espécie forrageira con-
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tribuirá para a ocorrência da adequada cobertura do solo. Características de


tolerância a solos encharcados e à seca são importantes do ponto de vista da
competição, pois a persistência na área contribui para que a competição entre
plantas favoreça a forrageira.
Quando os níveis de fertilidade estão adequados, o manejo do pastejo
é empregado, e ocorre a convergência entre as respostas das plantas e dos
animais. Ou seja, os animais mantêm ganhos de peso considerados ótimos,
com aspectos corporais que indicam boa nutrição, e a pastagem apresenta
aspectos de ótima cobertura vegetal, com baixa possibilidade de aparecimento
de plantas daninhas (Figura 2).

Figura 2. Aspecto desejado para uma área de produção bovina a pasto: produção de
bovinos em áreas de pastagens com excelente cobertura vegetal.

Nas condições produtivas reais do Brasil, é comum encontrar os fatores


predisponentes ao aparecimento de planas daninhas. Nessas situações, as
espécies mais encontradas nas pastagens são as espécies nativas, considera-
das as principais daninhas à pastagem: canjiqueira (Byrsonima orbignyana),
lixeira (Curatella americana), pombeiro (Combretum spp.), cambará (Vochysia
divergens) e espinheiros (Mimosa spp.). São espécies lenhosas colonizadoras de
campos, notadamente em anos secos, e tendem a formações monodominantes,
que excluem o estrato herbáceo. Em solos argilosos, é comum o aumento da
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ocorrência de algodão-bravo (Ipomoea carnea ssp. fistulosa), conforme Potti et


al. (2013). A Figura 3 traz imagens das plantas daninhas lixeira e algodão-bravo.

(a)

(b)

Figura 3. (a) Lixeira (Curatella americana); (b) algodão-bravo (Ipomoea carnea ssp. fistulosa).
Fonte: Angel DiBilio/Shutterstockcom; Anitham Raju Yaragorla/Shutterstock.com.
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Prejuízos causados pelas plantas daninhas


Algumas plantas daninhas, consideradas tóxicas, causam a morte de animais,
quando ingeridas uma única vez. Outras plantas daninhas são tóxicas ao gado
e causam problemas quando a ingestão é realizada diversas vezes. Animais em
pastejo apresentam hábitos alimentares seletivos, na maioria dos casos com
preferência alimentar pelas espécies forrageiras; ou seja, se há abundância
de oferta de forragem, a probabilidade de intoxicação é menor. Em todos os
casos, é necessário saber reconhecer as plantas daninhas e as medidas de
controle necessárias.
Tokarnia, Döbereiner e Peixoto (2002) relatam que 80% de todas as mortes
de animais ocasionadas por plantas tóxicas no Brasil estão relacionadas à planta
tóxica conhecida como cafezinho ou erva-de-rato (Palicourea marcgravii)
(Figura 4). Os altos índices de intoxicação por essa planta decorrem de sua
vasta distribuição nas áreas de pastagens, além da boa aceitabilidade pelos
animais e de uma toxidez de efeito cumulativo.

Figura 4. Cafezinho ou erva-de-rato (Palicourea marcgravii).


Fonte: Ricardo de Paula Ferreira/Shutterstock.com.

Claramente, um dos maiores prejuízos causados pelas plantas daninhas


nas pastagens é a redução da produção forrageira, devido a diversos motivos,
como a competição por água e nutrientes, CO2 e luz solar. Esses fatores vão
favorecer as espécies menos exigentes e oportunistas; normalmente, são as
plantas daninhas que se sobressaem em ambientes menos favoráveis.
Outros tipos de plantas daninhas podem causar ferimentos aos animais em
pastejo, por apresentarem em sua morfologia espinhos e acúleos que machucam
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os animais e inibem os acessos à forragem. Esse tipo de problema provoca


restrição ao consumo de forragem, reduzindo a eficiência dos sistemas de
produção, conforme Tuffi Santos et al. (2004). Em rebanhos bovinos leiteiros,
as plantas daninhas com espinhos podem ferir os tetos das vacas, causando
mastite e prejuízos ocasionados pela redução na produção de leite.
Em alguns casos, as plantas daninhas aparecem como consequência do
manejo inadequado das pastagens e estão relacionadas aos processos de de-
gradação. Pode-se considerar que as plantas daninhas são a causa do desapa-
recimento da forrageira principal das áreas de pastagens, o que culmina com
processos de degradação dos solos, levando à redução da fertilidade natural
e aos processos de erosão (Figura 5), conforme Macedo (2009).

Figura 5. Erosão dos solos.


Fonte: Lynette Knott Rudman/Shutterstock.com.

O uso de herbicidas é uma prática de manejo quase inevitável nas áreas


com incidência de plantas daninhas. Porém, o custo se torna mais alto, quanto
maior for o nível de infestação. Dentre os principais herbicidas disponíveis
para controle de plantas daninhas, pode-se destacar:

 2,4-D — ácido 2,4-diclorofenoxiacético: formulação à base de sal amina;


é absorvido pelas folhas, raízes e caules e apresenta curta persistência
no solo (1 a 4 semanas), sendo usado para o controle de plantas daninhas
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em pastagens bastante sensíveis. Seu uso mais comum é em associação


com as moléculas de picloram, dicamba, triclopyr ou aminopyralide,
conforme aponta Monquero (2014).

Saiba mais sobre o uso do 2,4-D acessando o link a seguir.

https://qrgo.page.link/knxHd

 Picloram — ácido 4-amino — 3,5,6 tricloropicolínico: formulação à


base de sal amina, com absorção pelas folhas, raízes e caules, com
persistência no solo variável e dependente das condições do solo. O
picloran + 2,4-D (Tordon+2,4 D) é bastante utilizado nas pastagens
do Brasil, e o uso isolado é mais difundido para aplicação nos tocos.
 Triclopyr — ácido [(3,5,6-tricloro)-2-piridinil)oxi] acético: formulação
à base de sal amina, com absorção pelas folhas, raízes e caules, com
persistência no solo variando de 20 a 45 dias, segundo Monquero (2014).
 Aminopyralide — ácido 4-amino-3,6 — dicloropiridino-2-carboxilico:
formulação à base de concentrado solúvel, com absorção pelas folhas e
raízes, com persistência no solo dependente das características regionais,
mas, em média, varia de 25 a 35 dias, segundo Monquero (2014).
 Tebuthiuron — N-[5-(1,1-dimetiletil)-1,3,4-tiadiazol-2-il]-N-N-dimeti-
lureia: formulação peletizada, com absorção pela raiz, com alta persis-
tência e recomendação de aplicação para plantio de culturas rotacionais
após três anos, segundo Monquero (2014).
 Fluroxypyr — [(4-amino-3,5-diclro-6-fluoro-2-piridinil)oxi] acético:
formulação concentrada emulsionável, com absorção pelas folhas e
raízes, com persistência de meia-vida de 34 a 63 dias, conforme Mon-
quero (2014).
 Gliphosate — N-(fosfonometil) glicina: formulação diversa, com absor-
ção foliar e de persistência no solo de 30 a 90 dias. Muito utilizado nos
processos de renovação de pastagens, sendo aplicado no pré-plantio,
segundo Monquero (2014).
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A recomendação para aplicação se encontra nos boletins de uso de cada produto


de cada companhia. A recomendação dependerá do tipo de planta e do seu porte,
além de ser necessário que a aplicação seja acompanhada de um consultor técnico.

A aplicação de herbicidas ocorre nas fases de estabelecimento, para limpeza


e/ou manutenção das pastagens. Na fase de formação da pastagem, pode haver
infestação de plantas daninhas decorrente do banco de sementes presente na
área, o que pode levar à competição entre as plantas nessas áreas. Em caso de
pastagens já estabelecidas, pode haver reinfestação de plantas daninhas; em
casos de altos níveis de infestações, haverá necessidade de aplicação em área
total. Quando os níveis de infestação são baixos, o controle pode ser realizado
de forma dirigida, seja por via foliar ou com a aplicação do herbicida no
tronco das espécies invasoras que possam causar danos à produção forrageira,
conforme Monquero (2014).

Manejo de plantas daninhas


O manejo preventivo das plantas daninhas, impedindo-as de aparecerem e
se multiplicarem, são a melhor estratégia para prevenção ao dano causado às
pastagens. Sendo assim, as técnicas ou práticas que impeçam a disseminação
das plantas indesejadas nas áreas de pastagens consistem no princípio básico de
manejo, conforme aponta Victoria Filho (2000). O primeiro controle empregado
contra o aparecimento de plantas daninhas se relaciona às medidas de prevenção
prévias ao estabelecimento das pastagens. A escolha de sementes advindas de
empresas idôneas, com alto padrão de qualidade, excelentes níveis de pureza
e alta capacidade de germinação, é essencial para se evitar a disseminação de
novas espécies de plantas daninhas durante o estabelecimento das pastagens.
A mudança de animais de áreas de pastagens deve ser realizada de forma
que não seja permitido que os animais advindos de áreas com alta infestação
de plantas daninhas sejam trocados de piquetes sem que antes permaneçam
em jejum em uma área isolada. Isso evita ou minimiza a dispersão de se-
mentes, diminuindo os riscos de infestação ocasionada pela dispersão de
sementes, realizada pelos animais. Essas são as prevenções básicas que devem
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ser realizadas; porém, em casos de infestações de plantas daninhas, algumas


estratégias de manejo são realizadas.
O controle cultural auxilia na manutenção da produção de forrageiras. Ele
tem por objetivo auxiliar as forrageiras a melhorarem a habilidade competitiva,
por meio da melhoria da ocupação do solo. Dentre uma diversidade de técnicas
culturais, destacam-se:

 o uso de sementes de qualidade, livres de contaminação por outras


plantas daninhas;
 o manejo adequado da forrageira, seguindo as recomendações especí-
ficas para manejo de cada espécie e/ou cultivar.

As práticas de consorciar gramíneas com leguminosas forrageiras con-


tribuem para a fixação do nitrogênio atmosférico aos solos, beneficiando,
assim, a produção das gramíneas. Isso pode contribuir significativamente
para a melhoria da cobertura do solo, caso essa prática seja bem estabelecida
e o manejo seja adequado e eficiente.
As plantas forrageiras extraem os nutrientes dos solos, porém, uma pe-
quena parte retorna aos solos, por meio da decomposição de material vegetal
senescente, ou mesmo via fezes e urina dos animais. Sendo assim, a reposição
de nutrientes para manutenção da produção forrageira se torna uma prática
para melhorar a eficiência, o acúmulo e o perfilhamento das forrageiras,
levando, assim, a melhorias na capacidade de cobertura vegetal. Por sua vez, a
correção da acidez do solo pode gerar benefícios tanto diretos como indiretos.
A correção dos solos pode reduzir a probabilidade de surgimento de plantas
daninhas que se beneficiam de tais características desses solos, ocasionadas
pelo nitrogênio, pelo fósforo e pelo enxofre, conforme aponta Macedo (2009).
Outra estratégia é o controle mecânico das plantas daninhas. Esse con-
trole pode ser realizado por diversos equipamentos, como: roçadoras, grades
aradoras e, ou, niveladoras, correntão, enxadão, rolo faca, dentre diversos
outros. O maior cuidado no uso desse método de controle se dá pelo fato de
que as plantas daninhas, na maior parte dos casos, são perenes, e isso permite
que uma rápida reinfestação ocorra. Nessas condições, a rápida formação da
pastagem, com dossel cobrindo toda a área, deve ser priorizada, fazendo com
que, na competição entre culturas — forrageira e daninha —, beneficie-se a
cultura de interesse. O controle mecânico pode e, em muitas situações, deve
estar associado ao controle químico, pois, no processo de rebrotação das es-
pécies daninhas, essa planta se encontra no estádio de desenvolvimento mais
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sensível à aplicação de herbicidas, podendo-se, inclusive, reduzir drasticamente


a dosagem utilizada no controle.
O controle químico pode paralisar o desenvolvimento das plantas daninhas
e, em alguns casos, matá-las propriamente. Os herbicidas utilizados na maior
parte dos casos são sistêmicos; ou seja, seu princípio ativo é translocado até
o local em que o efeito terá ação. Para que haja eficiência na aplicação de
herbicidas, deve-se tomar alguns cuidados, como garantir que o herbicida
atinja as plantas daninhas do extrato inferior do dossel e que não ocorram
perdas do produto aplicado por deriva ou mesmo volatilização. Isso porque as
quantidades aplicadas são específicas, e a eficiência de controle é dependente
das tomadas de decisões do técnico responsável.

Saiba mais sobre a ação de herbicidas seletivos e não seletivos em culturas assistindo
ao vídeo disponível no link a seguir.

https://qrgo.page.link/CYiVz

Como a maioria dos herbicidas é absorvido por via foliar, a seletividade dos
herbicidas é relacionada à morfologia das plantas. Quando as folhas apresentam
caraterísticas de folhas largas e/ou folhas estreitas, a localização dos pontos
de crescimento é distinta. Outro fator determinante é a presença ou não de
pelos nas folhas, que interferem na eficiência de absorção dos herbicidas, por
dificultarem o contato do herbicida com a cutícula das folhas. As folhas mais
velhas que possuem tais características podem apresentar barreiras que vão
dificultar esse contato, por conterem maior número de pelos. Alternativamente
ao problema do contato do herbicida com as folhas, são utilizadas substâncias
surfactantes, que promovem a melhoria na adesão do herbicida à folha.
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Assista ao vídeo disponível no link a seguir para saber mais sobre as características de
plantas de folhas largas e folhas estreitas.

https://qrgo.page.link/yXkj3

Alguns fatores ambientais são importantes e influenciam drasticamente o


efeito dos herbicidas a serem absorvidos pelas folhas das plantas daninhas. A
luz solar influencia na intensidade fotossintética das plantas, levando a mudan-
ças na movimentação do herbicida. Essa mesma movimentação do herbicida,
influenciada pela intensidade metabólica da planta, pode ser influenciada
pela temperatura. A umidade relativa influencia no contato do herbicida com
a cutícula das folhas; a umidade relativa baixa pode ocasionar a evaporação
mais rápida do herbicida, que perde, assim, sua eficiência. As chuvas terão
influência sobre os herbicidas dependendo da formulação apresentada, pois
os herbicidas à base de óleo são menos afetados do que aqueles veiculados
em água, segundo Ferreira, Santos e Santos (2013). Plantas sob estresse têm a
atividade metabólica reduzida, prejudicando a atividade do herbicida. A maior
velocidade do vento aumenta a evapotranspiração das gotas.
O uso adequado dos herbicidas nas pastagens deve seguir algumas etapas,
como:

 identificação da espécie, avaliando-se a biologia, a morfologia e a


fisiologia das plantas daninhas;
 escolha do herbicida, conforme a sensibilidade das espécies daninhas;
 escolha do equipamento, para não ocorrer subdosagem ou sobredo-
sagem; e
 avaliação das condições ambientais no momento da aplicação, garan-
tindo, assim, a absorção do herbicida.
Manejo de plantas daninhas em pastagens 13

Acesse os links abaixo e saiba mais sobre o uso de técnicas alternativas para controle
de plantas daninhas com uso de drones e pulverizadores.

https://qrgo.page.link/AeBNs

https://qrgo.page.link/mRvjh

O controle biológico consiste na utilização de inimigos naturais para o


controle das plantas daninhas. Estes podem ser insetos, fungos, bactérias e
outros. Esse método pode ser extremamente eficiente nas pastagens de clima
tropical, demonstrando a não necessidade de utilização de produtos químicos,
conforme apontam Balbinot Jr. et al. (2002).

Saiba mais sobre a ação do controle biológico nas plantas daninhas acessando o link
a seguir.

https://qrgo.page.link/RXCWB

O uso do fogo de forma controlada é bem difundido em áreas de pastagens


para controle de diversas pragas, como é o caso das plantas daninhas. Esse
método é uma técnica rápida e barata, surtindo efeito nas plantas arbustivas;
mas, para todas os casos, o seu uso não é recomendado, por gerar problemas
ecológicos e ser de difícil controle quando mal-empregado, causando poluição
atmosférica. Além disso, pode diminuir o teor de matéria orgânica do solo e
de alguns dos principais minerais importantes para a manutenção da produção
forrageira, como o nitrogênio, o fósforo e o enxofre, segundo Morikawa et al.
(1998). O uso do fogo na interação solo-planta é conhecido como uma prática
imediatista; ou seja, a longo prazo, a degradação do ecossistema pastoril e a
poluição do meio ambiente dão origem a um processo que não é compensatório.
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Saiba mais sobre o uso de fogo controlado em pastagens, acessando o link a seguir.

https://qrgo.page.link/WMsaB

BALBINOT JR., A. A. et al. Predação de sementes de plantas daninhas em áreas cultiva-


das. Ciência Rural, v. 32, n. 4, p. 703-705, 2002.
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Leitura recomendada
REIS, R. A.; BERNARDES, T. F.; SIQUEIRA, G. R. Forragicultura: ciência, tecnologia e gestão
dos recursos forrageiros. Jaboticabal: Multipress, 2013.

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