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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI


CURSO DE GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

NAYARA DE SOUZA GANZAROLI

AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO DE ESPÉCIES ARBÓREAS

Gurupi/TO
2022
1. INTRODUÇÃO
Germinação é definida como a recuperação do crescimento pelo embrião,
desenvolvendo uma nova planta até que está desenvolva absolutas condições nutritivas e se
torne independente (KRAMER; KOZLOWSKI, 1972; HOPPE; BRUN, 2004). O processo
de germinação ocorre em três fases: embebição, indução do crescimento e crescimento. Na
fase de embebição, ocorre a reativação metabólica, o contato da semente com a água
ocasiona o início da respiração e início da digestão de reservas. Na segunda fase, ocorrem
todos os processos bioquímicos necessários para o desenvolvimento de uma nova planta,
como a digestão das reservas, respiração, translocação para os pontos de crescimento do
embrião e assimilação, onde são formados os novos tecidos. E por fim, na fase de
crescimento ocorre a expansão celular, que rompe o tegumento e dá origem a uma plântula
(HOPPE; BRUN, 2004).

A emergência das plântulas é um processo que ocorre na fase de ativação do


crescimento do embrião. Primeiramente, a raiz primária da planta emerge da radícula, que
cresce em direção ao solo e se fixa. Essas condições dão origem aos brotos que saem do
plúmulo, e emergem no solo. Assim, a emergência é o crescimento da plúmula em direção à
superfície do solo, que emerge do solo dando origem a um broto. A emergência não depende
só da energia contida no endosperma ou nos cotilédones, mas também das características
físicas do substrato, como estrutura, aeração, capacidade de retenção de água e grau de
infestação de patógenos, além da temperatura, umidade, profundidade de semeadura e

disponibilidade de oxigênio (ALBUQUERQUE et al., 1998; HACKBART;


CORDAZZO, 2003; SEVERINO et al., 2004;). Identificar os fatores que tem influência na
germinação e emergência das sementes permite que se tenha um melhor resultado na taxa,
velocidade e regularidade desses processos, o que favorece a produção de mudas. Os
principais fatores do ambiente que influem na germinação e emergência são: luz, oxigênio,
temperatura, água, substrato, recipiente, nutrientes, alelopatia, fauna e micro-organismos
(FOWLER; BIANCHETTI, 2000; HOPPE; BRUN, 2004;).

2. OBJETIVO

O objetivo desse trabalho foi avaliar a dinâmica de crescimento de mudas de espécies


nativas do Cerrado.

3. METODOLOGIA

Na Tabela 1, são apresentadas as 12 espécies nativas do Cerrado.


Tabela 1. Espécies nativas do Cerrado avaliadas.
NOME ESTÁGIO
NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA USO
POPULAR SUCESSIONAL
Cajuzinho Anacardium humile Anacardiaceae ST Não Madeireiro
Caroba Jacaranda copaia Bigbnoniaceae P, SI Madeireiro
Cega Machado Physocalymma scaberrimum Pohl Lythraceae P Madeireiro
Chichá Sterculia chicha Malvaceae ST Não Madeireiro
Embaúba Cecropia pachystachya Urticaceae P Não Madeireiro
Farinha Seca Abarema langsdorfii Fabaceaea P, SI Madeireiro
Fava de Bolota Parkia platycephala Fabaceaea SI Não Madeireiro
Ingá Inga edulis Fabaceaea P, SI Não Madeireiro
Ipê Amarelo Tabebuia serratifolia Bigbnoniaceae ST Madeireiro
Ipê Roxo Tabebuia heptaphylla Bigbnoniaceae ST Madeireiro
Jenipapo Genipa americana Rubiaceae P, SI, ST Não Madeireiro
Lixeira Curatella americana L Dilleniaceae P Não Madeireiro
Estágio Sucessional: (P) Pioneira; (SI) Secundária inicial; (ST) Secundária tardia.

Fonte: O autor (2021).

3.1 Avaliação do crescimento das espécies

O crescimento das espécies nativas foi avaliado a partir do primeiro mês de


estabelecimento do plantio, em todas as plantas da parcela amostral, tomando-se informações
para as seguintes variáveis:
- Altura total (HT): mensurada verticalmente do solo até o meristema apical, com o
auxílio de uma régua graduada.
- Diâmetro do Coleto (DAC): obtido a partir do diâmetro do coleto, com auxílio de
paquímetro digital.
Foi realizada uma avaliação prévia no primeiro mês após a implantação do
povoamento para fins de verificação da mortalidade e eventual substituição dos indivíduos.
Foi decidido que não seria feito replantio dos indivíduos mortos.
As avaliações de crescimento, tanto em altura quanto em DAC, foram realizadas em
três momentos: aos 4 meses, 8 meses e 12 meses após o plantio.
Foi calculada a taxa de sobrevivência dos indivíduos para os três períodos avaliados
em comparação com os indivíduos observados no primeiro mês de implantação do
povoamento com base na Equação 1.

3.2 Modelagem dos dados

Após a obtenção dos dados de diâmetros e altura em campo, os dados foram tabulados
e processados com o uso do software Microsoft Excel ® em sua versão 2013.
A análise da estrutura dos dados de DAC e HT, em termos de frequência, foi realizada
a partir da organização dos mesmos em classes aplicando o método proposto por Sturges para
definição do número de classes (k) conforme a Equação 2.

𝑘 = 1 + 3,3 ∗ 𝑙𝑜𝑔(𝑛)

Em que n representa o número de indivíduos na parcela.


A amplitude total dos conjuntos de dados foi definida pela subtração entre o maior e o
menor valor observado. Já a amplitude de classe foi definida pela relação entre a amplitude
total e o número de classes.
O centro de cada classe foi definido como a média entre os limites superior e inferior
de cada classe. Para determinar a frequência relativa (FR) dos indivíduos presentes em cada
classe foi aplicada a Equação 3.

𝐹𝑎
𝐹𝑅 = ( ) ∗ 100 (3)
𝑛

Em que Fa representa a quantidade de indivíduos presentes na classe.

O modelo matemático de Henriksen (Equação 4), foi ajustado em função do DAC


(mm), para a estimativa da altura total da árvore – HT (m). O procedimento utilizado para a
realização dos cálculos e obtenção dos coeficientes (β) foi o método dos mínimos quadrados
(Equação 5 e 6), onde procura-se encontrar o melhor ajuste para um conjunto de dados,
tentando minimizar a soma dos quadrados das diferenças entre o valor estimado e os dados
observados.

𝐻𝑇 = 𝛽0 + 𝛽1 ∗ 𝑙𝑛(𝐷𝐴𝐶) + 𝜀

HT- Altura total da árvore;


Βi- Coeficientes do
modelo; DAC- Diâmetro do
coleto.

𝛽₀ = 𝑌̅ − (𝑋̅ ∗ 𝛽₁ )

β ₁=∑ XY −¿¿ (6)


β₁ - Coeficientes;

X – Logaritmos neperianos do DAC (mm);

Ẋ - Média dos logaritmos neperianos do DAC (mm);

Y- Alturas observadas (m);

Ẏ - Média das alturas observadas (m);

nᵢ- Número de espécies.

Os incrementos do DAC foram calculados entre a segunda e primeira avaliação, compondo o


intervalo 1, entre a segunda e terceira avaliação, compondo o intervalo 2 e o intervalo total
representado pela relação entre a terceira avaliação e a primeira. Por fim, foi obtido a média do
incremento e desvio padrão por espécies nos intervalos definidos.
Foi aplicado o teste de correlação de Pearson para verificar se há algum padrão
comportamental de crescimento entre a altura e o DAC dos indivíduos da parcela.

4. RESULTADOS

Na Tabela 2 são apresentadas as taxas de sobrevivência dos indivíduos avaliados.

Tabela 2. Taxa de sobrevivência por espécie na parcela de monitoramento do MDR.


Sobrevivência (%)
Espécies Total de indivíduos
plantados 4 meses 8 meses 12 meses

Cajuzinho 6 100,0 100,0 100,0

Caroba 11 100,0 100,0 72,7

Cega Machado 29 100,0 96,6 93,1

Chichá 13 92,3 92,3 69,2

Embaúba 18 83,3 77,8 72,2

Farinha Seca 8 100,0 87,5 87,5

Fava de Bolota 61 98,4 98,4 91,8

Ingá 25 100,0 96,0 92,0

Ipê Amarelo 32 96,9 40,6 40,6

Ipê Roxo 10 100,0 90,0 90,0

Jenipapo 28 96,4 96,4 57,1


Lixeira 15 100,0 93,3 46,7

Média da parcela - 97,3 87,9 75,8


Fonte: O autor (2021).
Na figura 2 são apresentados os dados da distribuição da frequência para os DACs de
todas as espécies avaliadas.
Figura 2. Histogramas da distribuição de frequência para os DAC nos períodos de avaliação.

Fonte: O autor (2021).

A tabela 3 apresenta os dados de incremento médio (mm), e desvio padrão do DAC para
os intervalos observados.

Tabela 3. Dados de incremento médio e desvio padrão do DAC para os intervalos estudados
  Intervalo 1 Intervalo 2 Intervalo Total

Desvio Incremento Desvio Incremento Desvio Incremento


Espécies
Padrão* Médio* Padrão* Médio* Padrão* Médio*

Cajuzinho 4,00 14,09 8,20 23,02 11,62 37,11

Caroba 3,81 5,46 2,95 11,11 5,32 16,57

Cega Machado 6,77 7,77 5,44 12,03 6,20 18,26

Chichá 4,55 7,91 4,97 16,72 8,06 24,64

Embaúba 5,67 10,92 9,56 14,83 10,71 25,75

Farinha Seca 10,08 14,71 14,11 27,59 19,70 42,30

Fava de Bolota 4,43 7,00 5,67 15,91 6,98 22,64

Ingá 3,48 5,71 8,91 12,13 11,69 17,03

Ipê Amarelo 2,22 3,09 3,79 7,44 4,77 9,86

Ipê Roxo 5,81 14,23 3,32 8,12 6,72 22,35

Jenipapo 3,76 2,92 2,92 5,72 4,42 8,41


Lixeira 2,05 2,32 9,69 9,92 9,19 12,34

Média da parcela 4,72 8,01 6,63 13,71 8,78 21,44


* Leitura realizada em milímetros.
Fonte: O autor (2021).

Na figura 3 são apresentados os dados da distribuição da frequência para as alturas de


todas as espécies nas três avaliações.

Figura 3. Histogramas da distribuição de frequência para as alturas nos períodos monitorados

Fonte: O autor (2021).

Na Figura 4 são apresentados os dados de altura média, em metros, e incremento médio do


DAC, em milímetros, para todas as espécies avaliadas.
Figura 4. Média das alturas (m) e incrementos de DAC (mm) por espécie estudada
3.5 50.0

3.0
40.0
2.5

Incremento médio - DAC (mm)


Altura média - HT (m) 2.0 30.0

1.5 20.0
1.0
10.0
0.5

0.0 0.0
do
ho

xo

po
a

ta
a

Em á

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lo

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rin

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ga

va

Ip
Fa
Ce

Fa
Espécies da Parcela

Altura média - HT (m) Incremento médio - DAC (mm)

Fonte: O autor (2021).


Na Figura 5 são apresentados os resultados da modelagem hipsométrica para os 3
períodos monitorados.

Figura 5. Modelagem hipsométrica para os períodos monitorados

Fonte: O autor (2021).


5. CONCLUSÃO
A variação nas taxas de sobrevivência e incremento de altura e DAC, são comuns em
projetos de implantação de espécies nativas, tendo seu comportamento da distribuição dos
diâmetros e alturas em exponencial negativo.

A média do incremento em DAC da parcela para o período total de avaliação foi de


21,44 milímetros e um desvio padrão de 8,78 milímetros, o que indica uma alta dispersão dos
dados em relação à média, foi observado uma redução da dispersão do desvio padrão em relação
à média correspondendo à 41,0 % entre 1ª e 3ª avaliação.

Dentre as 12 espécies analisadas as que obtiveram um índice de sobrevivência maior


que 75% foram: Cajuzinho (100%), Cega Machado (93,1%), Ingá (92,0%), Fava de Bolota
(91,8%), Ipê Roxo (90,0%), Farinha Seca (87,5%).

6. REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE MC et al. Influência da temperatura e do substrato na germinação


de sementes de saguaragi (Colubrina glandulosa Perk) - Rhamanaceae. Rev Bras
Sementes 20: 346-349. 1998.

FOWLER, J. A. P; BIANCHETTI, A. Dormência em sementes florestais. Embrapa


Florestas-Documentos (INFOTECA-E), 2000

HACKBART, V.C.S.; CORDAZZO, C.V. Ecologia das sementes e estabelecimento


das plântulas de Hydrocotyle bonariensis Lam. Atlântica, v.25, n.1, p.61-65, 2003.

HOPPE, J.M; BRUN, E. J. Produção de sementes e mudas florestais. Caderno didático,


v. 1, n. 2, 2004.

KRAMER, P. J.; KOZLOWSKI, T. Fisiologia das árvores. Lisboa, Fundação


Calouste Gulbenkin. 1972. 745p.

SEVERINO, et al. Emergência da plântula e germinação de semente de mamona


plantada em diferentes posições. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v.5, n.1,
p.1-6, 2004.

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