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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO

FRANCISCOCOLEGIADO DE ENGENHARIA
AGRONÔMICA SILVICULTURA (AGRO_0054)

RELATÓRIO DE ATIVIDADE PRÁTICA

Colheita de sementes e Produção de Mudas

Laurenielle Ferreira Moraes da Silva

PETROLINA – PERNAMBUCO – BRASIL

2022
Laurenielle Ferreira Moraes da Silva

COLHEITA DE SEMENTES E PRODUÇÃO DE MUDAS

Relatório de atividade prática apresentado


como requisito parcial de avaliação da
disciplina Silvicultura do curso de
Engenharia Agronômica da Universidade
Federal do vale do São Francisco.
Professor: Bruno F. T. Lessa

PETROLINA – PERNAMBUCO – BRASIL

2022
SUMÁRIO
RESUMO..........................................................................................................................4

INTRODUÇÃO ...............................................................................................................5

MATERIAIS E MÉTODOS ...........................................................................................6

RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................8

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................11

REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................11


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RESUMO
A leucena (Leucaena leucocephala Wit.) é uma leguminosa exótica, para a
produção das mudas dessa espécie é necessário quebrar a dormência natural das sementes,
causada pela impermeabilidade do tegumento à água. O objetivo do relatório foi realizar
uma coleta dos propágulos de 3 matrizes da espécie arbórea Leucena leucocephala, com
intuito de realizar um monitoramento da taxa e velocidade de emergência das plântulas,
bem como o desenvolvimento das mudas. Foi determinado o tempo médio de emergência,
IVG e a porcentagem de germinação após o procedimento de quebra de dormência por
imersão em água quente. O processo de imersão em água quente trouxe resultados
negativos, com baixa taxa de germinação e de IVE, sendo o tempo médio emergência a
única variável que obteve resultado positivo.

Palavra-chaves: Leucena leucocephala; dormência; emergência; germinação; plântulas;


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INTRODUÇÃO
A leucena (Leucaena leucocephala Wit.) é uma leguminosa exótica, originária do
México, e é encontrada em toda a região tropical, esta espécie mantém verde durante a
estação seca, perdendo somente os folíolos em secas muito prolongadas ou com geadas
fortes. A planta apresenta um sistema radicular profundo, com poucas raízes laterais, que
ocorrem em pequeno número, próximas à superfície do solo. As folhas são bipinadas,
com 15 a 20 cm de comprimento, apresentando quatro a dez pares de pinas, cada uma
com cinco a vinte pares de folíolos em cada pina. Cada folíolo apresenta 7 a 15 cm de
comprimento e 3 a 4 mm de largura. A inflorescência é globosa e solitária, sobre um
pedúnculo com mais de 5 cm de comprimento, apresentando numerosas flores brancas.
Essas inflorescências são de autopolinização que resultam em cachos de vagens, sendo
estas estreitas e achatadas, com 20 cm de comprimento e 2 cm de largura, portam de 2 a
13 sementes, que apresentam cor marrom (Skerman, 1977).

Para a produção das mudas dessa espécie é necessário quebrar a dormência natural
das sementes, causada pela impermeabilidade do tegumento à água. Esse tipo de
dormência é o mais comum entre as espécies tropicais (Kigel & Galili, 1995), sendo
encontrada em boa parte das leguminosas. Conforme dados apresentados por Rolston
(1978), das 260 espécies examinadas da família Leguminosae, cerca de 85%
apresentavam sementes com tegumento total ou parcialmente impermeável à água.
Para eliminar o problema causado pelas sementes duras consiste em se provocar
alterações estruturais dos tegumentos através de escarificação mecânica, tratamento
químico ácidos (sulfúrico ou clorídrico) ou base (hidróxido de sódio), imersão em água
quente, tratamento com solventes (éter, álcool, acetona) e incisão com lâmina ou estilete
(Toledo & Marcos Filho, 1977, citado por Alves et al., 2007).

Portanto, o presente trabalho teve como objetivo foi realizar uma coleta dos
propágulos de 3 matrizes da espécie arbórea Leucena leucocephala, com intuito de
realizar um monitoramento da taxa e velocidade de emergência das plântulas, bem como
o desenvolvimento das mudas.
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MATERIAIS E MÉTODOS
As sementes de Leucena foram coletadas (figura 1), no dia 20/03/2022, no bairro
COHAB Massangano (Petrolina-PE). A coleta das sementes foi realizada a partir de três
indivíduos (matrizes) arbóreos de Leucena leucocephala em plena frutificação.

Figura 1. Local de coleta das sementes de Leucena.

Foi realizado as atividades de beneficiamento: extração das sementes da vagem


(figura 2), limpeza e seleção da amostra de trabalho. Em seguida, foi realizado o
tratamento de superação de dormência, pois a semente de Leucena possui
impermeabilidade do tegumento à água, a qual se denomina semente dura. Dessa forma,
foi utilizado o método de imersão em água quente (80oC por 5 min), para sementes de
leucena (KLUTHCOUSKI, 1980).

Figura 2. Extração das sementes das vagens.

Os recipientes utilizados foram copos descartáveis, sendo necessário a realização


da abertura no fundo de cada copo, com intuito de garantir a saída do excesso de água da
irrigação. Os recipientes foram preparados com terra vegetal e esterco bovino (figura
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3), para 20 mudas. Foi realizada a semeadura de 20 sementes de forma individual por
recipiente no dia 21/03/2022, em seguida foram acondicionadas em local sombreado e
arejado durante todo o período de germinação das sementes.

Figura 3. Recipientes preenchidos com o substrato e sementes.

Em se tratando do percentual germinativo, o valor foi determinado através da


relação entre o número de sementes germinadas, pelo número total de sementes utilizadas
no experimento.

O tempo médio de germinação foi estimado segundo Edmond & Drapala (1958),
pela equação:

Onde, Tm é o tempo médio necessário para atingir a germinação máxima; G1, G2


e Gn é o número de sementes germinadas nos tempos T1, T2 e Tn, respectivamente.
Consideraram-se como germinadas sementes que deram origem a plântulas normais, ou
seja, com todas as suas estruturas essenciais bem desenvolvidas, completas, proporcionais
e sadias.

O Índice de velocidade de emergência (IVE) também foi determinado, em que Gn


é o número de plântulas normais computadas nas contagens, e Nn corresponde ao número
de dias, traz o valor do número de sementes germinadas a cada dia.
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Também foi avaliado as plântulas, como normal, anormal, sementes mortas,


dormentes e duras, a fim de garantir uma boa interpretação dos resultados. As plântulas
devem ser analisadas de acordo com as definições de plântula normal e anormal propostas
nas RAS (VIEIRA & BUHRER, 2015).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após terem sido realizados os procedimentos necessários para a semeadura, a partir
do monitoramento foi notado o rompimento do tegumento já no terceiro dia (figura 4),
sendo que no sexto dia já haviam 3 plântulas (figura 5), e em exatos 10 dias já haviam
emergido 4 plântulas normais (figura 6). Após o décimo dia não houve uma nova
emergência, o monitoramento durou 15 dias. Segundo Fonseca et al (2011), a Leucaena
leucocephala apresentou o menor tempo médio para o início da germinação das sementes,
que foi de 1,8 ± 1,0 dias.

Figura 4. Primeira semente a germinar após 3 dias. Figura 5. Após 6 dias.


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Figura 6. Após 10 dias

Com relação ao percentual germinativo, o valor encontrado foi de 20% (figura 7),
sendo considerado um percentual baixo. Dessa forma, o resulta mostra que o método da
dormência não foi eficaz, sendo comparado ao plantio de sementes sem quebra de
dormência, que segundo Kluthcouski (1980), o plantio de sementes desta leguminosa sem
quebra da dormência física resulta, geralmente, em índice de germinação inferior a 50%,
ocasionando uma emergência lenta e irregular. No experimento realizado Teles et al
(2000), os valores encontrados para a porcentagem de germinação foram de 94,7% no
tratamento de quebra de dormência com água a 80oC por 5 min. A equação abaixo mostra
como foi calculado a variável:

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%G=20 ∗ 100% = 20%

Figura 7. 20% das sementes que germinaram

O gráfico 1 exemplifica a porcentagem de germinação das sementes, onde 80% não


germinaram e 20% germinaram.

Porcentagem de germinação

20%
Germinadas
Não germinadas
80%
10

Gráfico 1. Porcentagem de sementes que germinaram

O valor do Índice de velocidade de emergência foi de 20% como demonstrado


abaixo:

1+2=1
IVE = 4+6+10 = 0,2 ∗ 100% = 20%

A contagem das sementes emergidas foi realizada diariamente até os 15 dias, e de


acordo com Ramos (1990) considerou-se semente germinada a que, por emergência e
desenvolvimento, demonstrasse aptidão para produzir uma planta normal em condições
favoráveis de campo.

Logo, a partir do monitoramento realizado, o tempo médio de emergência foi de


6,5 dias, apresentando uma rápida emergência das plântulas. O valor foi estimado pela
equação:

1∗4+2∗6+1∗10
Tm = = 6,5 𝑑𝑖𝑎𝑠
1+2+1

As plântulas devem ser analisadas de acordo com as definições de plântula normal


e anormal propostas nas RAS (VIEIRA & BUHRER, 2015). Uma plântula deve ser
considerada normal quando apresentar potencial de formar uma planta normal, e ter suas
partes intactas apresentando por exemplo: um sistema radicular com raiz primária
desenvolvida, hipocótilo e epicótilo desenvolvidos (para algumas espécies de germinação
epígea), cotilédones (um em monocotiledôneas e um, dois ou mais em dicotiledôneas),
folhas primárias em expansão, gema apical e com defeitos em menos de 50% do tecido.
Dessa forma, as plântulas (figura 8) do experimento enquadram-se nos requisitos
determinados pela RAS.
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Figura 8. Plântula com potencial para gerar planta normal

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dessa forma, realizar o processo de imersão em água quente (80oC por 5 min.)
trouxe resultados negativos, com baixa taxa de germinação e de IVE, sendo o tempo
médio emergência a única variável que obteve resultado positivo.

REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, A. F.; ALVES, A. F.; GUERRA, M. E. C.; FILHO, S. M. Superação de
dormência de sementes de braúna (Schinopsis brasiliense Engl.). Revista Ciência
Agronômica, Fortaleza, v. 38, n. 1, p. 74-77, 2007.

EDMOND, J. B.; DRAPALA, W. J. The effects of temperature, sand and soil, and
acetone on germination of okra seed. In: Proceedings of the American Society for
horticultural Science. 1958. p. 428-434.

FONSECA, Nilson Gonçalves da; JACOBI, Claudia Maria. Desempenho germinativo da


invasora Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit. e comparação com Caesalpinia ferrea
Mart. ex Tul. e Caesalpinia pulcherrima (L.) Sw.(Fabaceae). Acta Botanica Brasilica, v.
25, n. 1, p. 191-197, 2011.

KIGEL, J.; GALILI, G. Seed devolopment and germination. New York: Marcel
Dekker, 1995. 853 p.

KLUTHCOUSKI, J. 1980. Leucena: alternativa para a pequena e média agricultura.


Brasília: EMBRAPA-DID. 12p.

RAMOS, A. Técnicas para análise de sementes de bracatinga (Mimosa scabrela).


Londrina, PR: IAPAR. 26p. (Informe da pesquisa, 95). 1990.

ROLSTON, M. P. Water impermeable seed dormancy. The Botanical Review, New


York, v. 44, p. 365-396, 1978.

SKERMAN, P. J. Tropical forage legumes. Rome: FAQ, 1977. 609 p.

TELES, Margareth Maria et al. Métodos para quebra da dormência em sementes de


leucena (Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit. Revista Brasileira de zootecnia, v. 29,
n. 2, p. 387-391, 2000.
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VIEIRA, E. S. N.; BUHRER, C. B. de. Interpretação do teste de germinação de


sementes de Pinus taeda. Colombo – PR. Embrapa: comunicado técnico. 2015

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