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CULTURA DO ALGODOEIRO
UBERLÂNDIA – MG
Maio – 2016
SUMÁRIO
Devido a fonte de energia ser a mesma para todos os processos, ocorre competição
interna pelos carboidratos fixados por meio da fotossíntese. Desta forma, se houver
decréscimo excessivo de estruturas reprodutivas, ocorrerá crescimento vegetativo
exagerado, levando ao auto-sombreamento, acarretando maior queda de estruturas
reprodutivas.
O crescimento da planta em todas suas fases é fortemente influenciado pela
temperatura, perante isso, foi elaborada uma escala, determinando a exigência de
temperatura para cada fase do crescimento do algodoeiro.
As Unidades de Calor significam que se em um determinado dia, a temperatura
mínima for 15ºC e a temperatura máxima for 35ºC, a temperatura média será 25ºC. Como
o algodão não cresce se a temperatura estiver abaixo de 15ºC, este valor é subtraído da
temperatura média. Assim, temos para aquele dia considerado, o acúmulo de 10 Graus-
Dia (25-15=10).
Tabela 1: Número médio de dias e unidades de calor (UC) que o algodão necessita durante seu
crescimento, em vários estágios. Dados obtidos na safra 1998/1999, na região de Rondonópolis, média
das variedades ITA 90 e Antares.
Figura 3: O ramo frutífero onde surge o botão floral na primeira posição caracteriza o estádio
correspondente.
1.1.3 Florescimento
F1 – Inicia quando o primeiro botão floral do primeiro ramo se transforma em flor.
F2 – Inicia quando o primeiro botão floral do segundo ramo se transforma em flor.
F3-Fn – Segue o mesmo critério.
Figura 4: O ramo no qual se abre a primeira flor caracteriza o estádio F.
Por outro lado, temperaturas mais baixas favorecem a formação de maçãs mais
pesadas (Figura 10). Nesta fase, a carga pendente deve ser suficientemente alta para inibir
o crescimento vegetativo, em função da competição que o grande número de maçãs em
desenvolvimento deve oferecer. A atividade do sistema radicular está em declínio, assim
como é diminuída a fotossíntese da copa da planta. Assim, nesta fase, o principal processo
que ocorre na planta é a translocação.
Figura 10: Peso final da maçã em função da temperatura média.
Desde a década de 1980, estudos são realizados com objetivo de determinar novos
arranjos de plantas nas principais regiões produtoras do mundo, sempre com a tendência
de redução dos espaçamentos.
Segundo Silva (2001), o arranjo das plantas influencia no crescimento,
desenvolvimento, na produtividade da cultura, na qualidade da fibra, na arquitetura das
plantas, posição dos frutos e número de frutos por planta. Em condições de alta população
por unidade de área, verifica-se a redução do número de frutos por planta, entretanto, tem-
se aumento do número de frutos por área, o que leva equilíbrio da produção.
A população de plantas é influenciada pela cultivar, pelo clima e pela fertilidade
do solo. Sendo o espaçamento ideal aquele em que há melhor aproveitamento do solo e
da radiação solar, isto é, as distâncias entre fileiras e entre plantas que proporcionam, na
mesma área, maiores produtividades.
A correlação entre produtividade com o espaçamento entre fileiras e com a altura
média das plantas sugere que os melhores espaçamentos entre fileiras são os que
correspondem a dois terços da altura da planta, nestas condições, a produtividade atinge
o máximo compatível com a possibilidade de cultivo nas entrelinhas (BOQUET, 2005).
Nichols (2004), estudou durante cinco anos, o efeito de cinco populações de
plantas, utilizando duas cultivares com hábitos de crescimento diferentes, não foram
encontradas diferenças significativas entre elas. Com o aumento da população, verifica-
se uma redução significativa na altura das plantas, no número de capulhos por planta e no
peso médio dos capulhos, independente da cultivar. Conclui-se ainda que a relação entre
a população e a produção de algodão depende das condições ambientais em que a cultura
se desenvolve.
A população de plantas pode ter efeito marcante sobre a incidência de determinada
doença na cultura do algodoeiro. Monteiro (2002) relatou que elevada densidade
populacional gera condições favoráveis para o desenvolvimento da ramulose.
Analisando o efeito de diferentes espaçamentos entre fileiras e densidades,
verificou-se que a produção de algodão em caroço é influenciada pelo espaçamento entre
fileiras, enquanto que as características tecnológicas da fibra são influenciadas pela
densidade.
Para as cultivares disponíveis no mercado, a população de plantas pode variar de
80.000 a 125.000 plantas/ha-1, sendo as de porte mais baixo exigentes em maior
população, e as de porte mais alto, populações menores, dentro do intervalo citado.
O cálculo do número de sementes a serem distribuídas é baseado no poder
germinativo do lote de sementes. Informação que deve ser prestada pelas empresas que
comercializam as sementes, porém, esse valor pode ser superior ao de emergência em
campo. Por isso, recomenda-se fazer teste de emergência em campo.
Para realização do teste, devem ser utilizadas 400 sementes (quatro subamostras
com 100 sementes). As sementes serão colocadas para germinar no campo, sendo
semeadas a uma profundidade de 2-3 cm, em solo preparado, em quatro fileiras de 10m
cada uma. A umidade do solo deverá ser mantida em nível adequado para a germinação
e emergência, durante a realização do teste. Doze dias após a semeadura, deve ser feita a
contagem do número de plantas em cada fileira, considerando apenas as vigorosas. O
percentual de emergência em campo será a média aritimética do número de plantas
emergidas nas quatro repetições de cem sementes.
O número de plantas m-1 a ser obtido na lavoura é estimado levando-se em
consideração a população de plantas desejadas/ha -1 e o espaçamento adotado, usando a
seguinte fórmula:
Nº de pl m-1= {(pop ha-1 x espaçamento (m)}/10.000
Com a obtenção desses valores, calcula-se o número de sementes por metro de sulco:
Nº de sementes m -1= (nº de plantas desejadas/m x 100)/ (% de emergência em
campo).
Para estimar a quantidade de sementes que será gasta por hectare, pode-se utilizar a
seguinte fórmula:
Q= (1000 x P x D) x f / G x E
Onde:
Q= Quantidade de sementes, kg/há-1;
P= Peso de 100 sementes, em gramas (varia de acordo com a cultivar e o número da
peneira);
D= Número de plantas m-1 que se deseja;
E= espaçamento utilizado em cm;
G= % de emergência em campo; e
F= fator de segurança, varia entre 1,10 a 1,15.
O fator de segurança (f) deve ser considerado, para evitar a redução do estande
em função de tombamento ou outros fatores que interfiram no estabelecimento da
população de plantas desejada.
Embora o algodoeiro possua capacidade de compensação maior do que de outras
culturas, como a soja e o milho, a uniformidade de distribuição das plantas nas linhas de
plantio é de grande importância. Falhas na lavoura acima de 40cm, na linha de plantio,
acarretam diminuição da produtividade, além de problemas decorrentes da presença de
plantas daninhas.
Aplicando essa fórmula, e considerando-se, 80% de germinação, peso de 100
sementes 9,5g, espaçamento de 80cm, densidade de 10 plantas m -1 e f como sendo igual
a 1,1, seriam necessários 16,3 kg de sementes há -1.
A utilização de sementes certificadas ou fiscalizadas é a garantia de que o
agricultor está adquirindo uma cultivar recomendada pela pesquisa, com alto grau de
pureza genética, vigor e percentagem de germinação.
3.2 Nitrogênio
3.3 Fósforo
3.4 Potássio
Em pré-florescimento é caracterizada pela clorose internerval das folhas do
baixeiro, seguida de necrose nas margens e queda; como consequência há encurtamento
do ciclo, a má formação dos capulhos, a redução da produtividade e da qualidade das
fibras (CARVALHO et al., 2011).
3.5 Cálcio
3.6 Magnésio
3.7 Enxofre
3.8 Boro
Os sintomas ocorrem nas partes jovens, nos tecidos de condução e nos órgãos de
propagação. São comuns amarelecimento, endurecimento e enrugamento das folhas do
ponteiro; presença de anéis concêntricos verde-escuros nos pecíolos e nas hastes, com
necrose interna na medula, no período e florescimento/frutificação, que podem surgir
também nos ramos e na haste principal.
3.10 Calagem
A acidez do solo com presença de alumínio trocável e, ou, baixos teores de cálcio
e magnésio, diminui o desenvolvimento radicular, o crescimento e a produtividade do
algodoeiro. No cerrado, é comum usar a saturação por bases para determinar a quantidade
de calcário. Porém, em solos arenosos, sã mais apropriados critérios de neutralização do
alumínio ou do aumento dos teores de Ca e Mg trocáveis, considerando o maior valor
encontrado pelas seguintes equações (SOUSA; LOBATO, 2004c):
NC (t/ha) = (2 x Al) x f ou NC (t/ha) = 2 – (Ca +Mg) x f
O algodoeiro produz bem em saturação por bases variando de 45 a 80%. Em geral,
saturações de 50% a 60% e pH em água máximo de 6,5 (FERREIRA et al., 2009) são
suficientes para obter boa produtividade, embora existam variedades que respondem a
saturações de 70 a 80%. A sensibilidade ao manganês pode explicar essa exigência. A
calagem deve ser feita para atender à cultura mais mais sensível usada no sistema de
rotação de culturas, que é o algodoeiro, e a faixa de 50 a 60% de saturação atende à
maioria das variedades em uso no cerrado. Assim, deve-se fazer recalagem sempre que o
limite inferior da faixa for alcançado.
3.11 Gessagem
O algodoeiro tem sistema radicular profundo, usado para aumentar sua capacidade
de absorção de água e nutrientes. Assim, além da correção da acidez da camada
superficial, é necessário eliminar qualquer restrição química nas camadas subsuperficiais,
que é feita pelo aumento de bases trocáveis lixiviadas da superfície pelo uso do gesso.
As maiores possibilidades de resposta ao gesso em produtividade ocorrem quando
o teor de cálcio nas profundidades de 20 a 40 cm e de 40 a 60 cm for inferior a 0,5
cmolc/dm3 e a saturação de alumínio na CTC efetiva dessas mesmas camadas {Al /
(Ca+Mg+K+Na) x 100} for superior a 20% (SOUSA, LOBATO, 2004c).
O algodoeiro está sujeito a ação de cerca de 250 patógenos, dos quais 221 são
fungos, um é bactéria, 16 são vírus, dez são nematoides e dois, micoplasmas, cuja a
importância relativa depende das condições edafoclimáticas, das cultivares utilizadas e
da presença do agente causal patogênico. Existem doenças mais recentes, emergentes,
como a mancha de mirotécio, mancha de coriespora e ferrugem tropical. Ainda existem
doenças que são esporádicas, como murchamento avermelhado, mosaico comum e
vermelhão, e as que estão restritas a regiões com microclima específico, como mofo-
branco e mela. E ainda há doenças cujo diagnóstico não está bem estabelecido, como o
hard-lock.
O método ideal de manejo de doenças do algodoeiro é a utilização de cultivares
resistentes. O controle genético tem utilizado resistência completa, parcial e múltipla, que
é desejada pelos agricultores. Atualmente, não há genótipos comerciais com níveis
satisfatórios de resistência múltipla à maior parte dos patógenos importantes (limitantes
do rendimento).
Desta forma, a medida mais utilizada para o manejo de doenças é a aplicação de
fungicidas. São eficazes tanto fungicidas protetores como sistêmicos triazóis e
benzimidazóis.
Outra medida importante de manejo de doenças é a utilização de sementes de
qualidade, sadias e adequadamente tratadas; a maior parte dos patógenos importantes do
algodoeiro é transportada e transmitida pelas sementes. Testes de sanidade podem
determinar a incidência de patógenos nas sementes, orientando a liberação de um lote
para ser utilizado como material de propagação.
A adoção de medidas de manejo integrado, ou produção integrada, utilizando
tecnologias geradas e recomendadas pela pesquisa, contribui para diminuir o custo da
produção e aumentar o rendimento do cultivo do algodoeiro. E isto é fundamental para a
sustentabilidade da cotonicultura no Brasil.
Aplicações/Procedi
Data Dose/hectare Dose no experimento
mentos
Gli Over 11/12/2015 1,5L/ha 150mL
Gramoxone 23/12/2015 1,5L/ha 150mL
Tratamento de
23/12/2015 - -
Sementes
300mL/100Kg
TS - Standak 23/12/2015 8mL
de semente
450mL/100Kg
TS - VitavaxThiram 23/12/2015 13mL
de semente
Semeadura 28/12/2015 - -
Dual Gold 28/12/2015 1,25L/ha 875mL
Urge 750 SP 07/01/2016 400g/ha 200g
Tiger 100 EC 07/01/2016 500mL/ha 250mL
Tiger 100 EC 20/01/2016 500mL/ha 250mL
Galil 22/01/2016 400mL/ha 180mL
Karate Zeon 250
22/01/2016 100 mL/ha 100 mL/ha
CS
Exemplo utilizando o produto Mospilan, segundo a tabela acima:
BOQUET,D.J. Cotton in ultra-narrow spacing: plant density and nitrogen fertilizer rates.
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