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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


PROGRAMA DE MELHORAMENTO GENÉTICO
DO ALGODOEIRO
PROFª. DRª. LARISSA BARBOSA DE SOUSA

CULTURA DO ALGODOEIRO

INSTRUÇÕES DE MANEJO PARA A CULTURA

UBERLÂNDIA – MG
Maio – 2016
SUMÁRIO

1. FENOLOGIA E ECOFISIOLOGIA DO ALGODOEIRO 1


1.1 FENOLOGIA DO ALGODOEIRO 2
1.1.1 FASE VEGETATIVA 2
1.1.2 FASE DE FORMAÇÃO DE BOTÕES FLORAIS 3
1.1.3 FLORESCIMENTO 3
1.1.4 ABERTURA DE CAPULHOS 4
1.2 SEMEADURA E EMERGÊNCIA 4
1.3 DA EMERGÊNCIA AO PRIMEIRO BOTÃO FLORAL – FASE 6
VEGETATIVA
1.3.1 DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA RADICULAR 6
1.4 DESENVOLVIMENTO DA PARTE AÉREA 7
1.4.1 DO PRIMEIRO BOTÃO A PRIMEIRA FLOR – FASE DE BOTÕES 7
FLORAIS
1.4.2 QUEDA DE ESTRUTURAS REPRODUTIVAS 8
1.4.3 DO PRIMEIRO CAPULHO A COLHEITA 9
2. SEMEADURA, ESPAÇAMENTO E DENSIDADE 10
2.1 ÉPOCA DE SEMEADURA 10
2.2 ESPAÇAMENTO ENTRE FILEIRAS E DENSIDADE DE PLANTAS 10
3. NUTRIÇÃO, CALAGEM E ADUBAÇÃO 15
3.1 DEFICIÊNCIA NUTRICIONAL E DIAGNOSE FOLIAR NO 15
ALGODOEIRO
3.2 NITROGÊNIO 16
3.3 FÓSFORO 16
3.4 POTÁSSSIO 16
3.5 CÁLCIO 17
3.6 MAGNÉSIO 17
3.7 ENXOFRE 17
3.8 BORO 17
3.9 OUTROS MICRONUTRIENTES 17
3.10 CALAGEM 18
3.11 GESSAGEM 18
3.12 CÁLCULO NUTRIENTES E ADUBAÇÃO 19
4. DOENÇAS E SEU CONTROLE 21
5. PRAGAS E SEU CONTROLE 22
5.1 CÁLCULO DE APLICAÇÕES DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS 22
REFERÊNCIAS 27
1. Fenologia e Ecofisiologia do Algodoeiro

Diversos eventos ocorrem ao mesmo tempo durante a maior parte do ciclo da


planta de algodão, principalmente dos 50-60 dias até 110-120 dias, tais como crescimento
vegetativo, aparecimento de gemas reprodutivas, florescimento, crescimento e maturação
de frutos (Figura 1).

Figura 1: Esquema mostrando o ciclo de crescimento do algodoeiro.

Devido a fonte de energia ser a mesma para todos os processos, ocorre competição
interna pelos carboidratos fixados por meio da fotossíntese. Desta forma, se houver
decréscimo excessivo de estruturas reprodutivas, ocorrerá crescimento vegetativo
exagerado, levando ao auto-sombreamento, acarretando maior queda de estruturas
reprodutivas.
O crescimento da planta em todas suas fases é fortemente influenciado pela
temperatura, perante isso, foi elaborada uma escala, determinando a exigência de
temperatura para cada fase do crescimento do algodoeiro.
As Unidades de Calor significam que se em um determinado dia, a temperatura
mínima for 15ºC e a temperatura máxima for 35ºC, a temperatura média será 25ºC. Como
o algodão não cresce se a temperatura estiver abaixo de 15ºC, este valor é subtraído da
temperatura média. Assim, temos para aquele dia considerado, o acúmulo de 10 Graus-
Dia (25-15=10).
Tabela 1: Número médio de dias e unidades de calor (UC) que o algodão necessita durante seu
crescimento, em vários estágios. Dados obtidos na safra 1998/1999, na região de Rondonópolis, média
das variedades ITA 90 e Antares.

1.1 Fenologia do Algodoeiro

Fenologia constitui-se no estudo das fases de crescimento do algodoeiro, sendo de


fundamental importância na decisão sobre o momento de realização de práticas culturais.
A “Escala do Algodão” é um sistema de identificação de estádios de desenvolvimento do
algodoeiro, que permite definir exatamente cada passo do desenvolvimento e crescimento
da planta. Neste sistema, o ciclo de vida da planta é dividido em quatro fases: fase
vegetativa (V), formação de botões florais (B), abertura de flores (F) e abertura de
capulhos (C).

1.1.1 Fase Vegetativa


V0 – Emergência da plântula até o momento em que a nervura principal da primeira folha
verdadeira alcança 2,5 cm de comprimento.
V1 – Final da V0 até que a segunda folha alcance 2,5 cm de comprimento.
V2 – Final da V1 até que a nervura central da terceira folha atinja 2,5cm.
V3-Vn – Segue o mesmo critério.
Figura 2: Estádios vegetativos da planta de algodão: V0 , V1 , V2 , V3 , V4 e V5 . O ponto de mudança
é determinado pelo comprimento da folha: 2,5 cm.

1.1.2 Fase de formação de Botões florais


B1 – Inicia quando o primeiro botão floral se torna visível.
B2 – Inicia quando o primeiro botão floral do segundo ramo frutífero se torna visível.
B3 – Inicia quando o primeiro botão floral do terceiro ramo frutífero se torna visível.
Nesta época, o segundo botão do primeiro ramo também se torna visível.
B4-Bn – Segue o mesmo critério

Figura 3: O ramo frutífero onde surge o botão floral na primeira posição caracteriza o estádio
correspondente.

1.1.3 Florescimento
F1 – Inicia quando o primeiro botão floral do primeiro ramo se transforma em flor.
F2 – Inicia quando o primeiro botão floral do segundo ramo se transforma em flor.
F3-Fn – Segue o mesmo critério.
Figura 4: O ramo no qual se abre a primeira flor caracteriza o estádio F.

1.1.4 Abertura de capulhos


C1 – Inicia quando a primeira maçã do primeiro ramo se abre, transformando-se em
capulho.
C2 – Inicia quando a primeira maçã do segundo ramo se abre, transformando-se em
capulho.
C3-Cn – Segue o mesmo critério.

Figura 5: O ramo frutífero em que se abre o primeiro capulho determina o estádio C.

O estágio pode ser determinado mesmo com a ocorrência de queda de estruturas,


tomando-se outras como referência. Assim, se a primeira estrutura de um determinado
ramo foi perdida, toma-se uma segunda estrutura, dois ramos abaixo, que deverá ter a
mesma idade fisiológica.

1.2 Semeadura e Emergência

Em condições normais, a emergência ocorre entre cinco e 10 dias, porém, depende


diretamente da temperatura. O primeiro evento que ocorre é a embebição (Figura 6), no
qual se o solo não estiver muito seco, a temperatura tem maior efeito na velocidade de
embebição da semente do que a própria água, pois, a 37,8ºC, a semente chega a 60% de
umidade em aproximadamente, oito horas, enquanto que, a 15,5 ºC, a mesma umidade
somente é atingida em, aproximadamente, 28 horas. No campo, o sintoma de problemas
com baixas temperaturas será a desuniformidade do estande.

Figura 6: Embebição de sementes de algodão em função do tempo de semeadura e temperatura.

O evento seguinte é a emissão da radícula (Figura 7), que também é dependente


da temperatura. Independentemente da umidade do solo, o tempo para emissão da
radícula diminui significativamente com o aumento na temperatura, com o tempo mínimo
ocorrendo na ordem de 32ºC.
Figura 7: Emissão da radícula de algodoeiro em função da temperatura e da umidade do solo.

O terceiro evento é o crescimento do hipocótilo (Figura 8), que sofre interferência


da temperatura e influência muito grande da umidade do solo. Assim, se o solo estiver
com umidade de -10,0 bar (relativamente seco), insuficiente para inibir completamente
os eventos anteriores, e se a semeadura tiver sido realizada a 5 cm de profundidade, não
haverá emergência. Da mesma forma, independentemente da umidade do solo, se a
temperatura média for menor que 21ºC ou maior que 34ºC, não haverá emergência da
planta.

Figura 8: Comprimento do hipocótilo do algodoeiro, em função da umidade do solo e da temperatura.

1.3 Da emergência ao Primeiro Botão Floral – Fase Vegetativa

Esta fase ocorre entre 27 a 38 dias, dependendo da temperatura (BAKER &


LANDIVAR, 1991). O crescimento da parte aérea é relativamente lento, mas há vigoroso
crescimento do sistema radicular. O crescimento de plântulas de algodão durante as duas
primeiras semanas após a emergência não é muito sensível à mudança na temperatura.
Entretanto, a partir da terceira semana a planta se torna bastante sensível a variações de
temperatura, com crescimento ótimo em temperaturas diurnas de 30ºC e noturnas de 22ºC
(REDDY et al., 1992).

1.3.1 Desenvolvimento do Sistema radicular


A raiz pivotante penetra o solo rapidamente, podendo atingir profundidade de 25
cm ou mais por ocasião da abertura dos cotilédones. Durante esta fase, a raiz deve crescer
de 1,2 a 5 cm por dia, se não houver impedimento. Quando a parte aérea tiver
aproximadamente 35 cm de altura, a raiz deverá estar a 90 cm de profundidade
(McMICHAEL, 1990). Numerosas raízes laterais aparecem, formando um tapete que se
encontra no meio das linhas, mas são relativamente superficiais. O comprimento total das
raízes continua a aumentar até que a planta atinja a sua máxima altura e os frutos comecem
a se formar. A partir deste ponto, o comprimento total do sistema radicular entra em
declínio. Nesta fase desenvolvem-se nós e internós, podendo haver início de crescimento
de um ou mais ramos vegetativos.
O algodoeiro possui dois tipos de ramos: reprodutivos e vegetativos. Em cada nó
se desenvolve um ramo reprodutivo. Por outro lado, não é desejável o desenvolvimento
de muitos ramos vegetativos. Os primeiros 4 a 5 nós da haste principal são vegetativos e
suas folhas têm duração curta. O primeiro botão floral deve aparecer entre o quinto e o
sexto nó.

1.4 Desenvolvimento da Parte Aérea

Nesta fase, desenvolvem-se nós e internos, podendo haver início de florescimento


de um ou mais ramos vegetativos. O algodoeiro possui dois tipos de ramos: reprodutivos
e vegetativos. Em cada nó, desenvolve-se um ramo reprodutivo.
Os primeiros quatro a cinco nós da haste principal são vegetativos e suas folhas
têm duração curta. O primeiro botão floral deve aparecer entre o quinto e sexto nó.

1.4.1 Do Primeiro Botão à Primeira Flor – Fase de Botões Florais

Nesta fase acentuam-se o crescimento em altura e a acumulação de matéria seca


pela planta, que entra na fase linear de crescimento. A duração desta fase é também
regulada pela temperatura, durando usualmente de 25 a 35 dias (BAKER & LANDIVAR,
1991).
Em temperaturas médias de 22 a 25 o C, as plantas iniciam a produção de um novo
ramo simpodial (frutífero) na haste principal a cada 3 dias (BAKER & LANDIVAR,
1991; HODGES et al., 1993). Por ocasião do aparecimento da primeira flor, as plantas
devem ter desenvolvido entre 14 e 16 nós, na haste principal, acima do nó cotiledonar.
Embora haja alguma variação em função da posição na planta, além da temperatura, pode-
se estimar que a cada três dias deva aparecer um botão floral em ramos sucessivos, e a
cada seis dias deva aparecer um botão floral no mesmo ramo (KERBY & KEELEY,
1987).
Nesta fase, o crescimento vegetativo é fundamental para gerar um grande número
de posições frutíferas. Por ocasião do aparecimento da primeira flor (branca), uma planta
com bom potencial de produção deve ter 9-10 nós acima desta flor (KERBY & HAKE,
1993).
Com relação à exigência em água, nesta fase ela passa de menos de 1mm por dia
para quase 4mm por dia. A falta de água neste período fará com que a planta fique menor
do que deveria, com menos posições para o desenvolvimento de flores e maçãs. Uma seca
nesta fase faz com a planta estacione seu crescimento. Se a seca não for muito severa,
poderá haver recuperação do crescimento.

1.4.2 Queda de Estruturas Reprodutivas

A queda de botões florais e de maçãs jovens é um fenômeno natural no algodão,


que é acentuado pela ocorrência de condições adversas como tempo nublado,
temperaturas muito altas ou baixas, deficiência de nutrientes e crescimento vegetativo
muito intenso.
A queda é regulada pelo balanço entre açúcares no tecido e teor de etileno. Desta
forma, qualquer fator que determine uma queda na fotossíntese, ou um aumento no gasto
metabólico, resultará em queda de estruturas reprodutivas, como, por exemplo, auto-
sombreamento por crescimento excessivo, muitos dias nublados, temperaturas altas, etc.
Tendo em vista que o algodão é uma planta tipo C3, com elevada taxa de fotorrespiração
e alto ponto de compensação de CO2, a planta é particularmente sensível à falta de
luminosidade.
O crescimento excessivo da planta causa maior auto-sombreamento, dificultando
a penetração da luz na copa da planta, também com prejuízos na produtividade.
Normalmente se aceita que a altura máxima da planta não deve ultrapassar 1,5 vezes o
espaçamento da cultura.
Altas temperaturas tendem a desbalancear o equilíbrio entre crescimento
reprodutivo e crescimento vegetativo da planta, em favor do desenvolvimento vegetativo.
1.4.3 Do Primeiro Capulho a Colheita
A fase final da cultura começa com a abertura do primeiro capulho e termina com
a aplicação de desfolhantes e/ou maturadores. Neste caso, essa fase dura de 4 a 6 semanas,
dependendo da produtividade, do suprimento de água e de nutrientes, assim como da
temperatura.
A maturação das maçãs depende fundamentalmente da temperatura, como pode
ser visto na Figura 9. A maior taxa de crescimento, ou seja, a temperatura em que as
maçãs atingem a maturidade em menor tempo, encontra-se entre 21 e 26 o C. Para
temperaturas médias de 30, 26 e 23 o C, o tempo para se obter maçãs maduras será,
respectivamente, de 40, 50 e 60 dias.

Figura 9: Taxa de crescimento da maçã de algodão em função da temperatura.

Por outro lado, temperaturas mais baixas favorecem a formação de maçãs mais
pesadas (Figura 10). Nesta fase, a carga pendente deve ser suficientemente alta para inibir
o crescimento vegetativo, em função da competição que o grande número de maçãs em
desenvolvimento deve oferecer. A atividade do sistema radicular está em declínio, assim
como é diminuída a fotossíntese da copa da planta. Assim, nesta fase, o principal processo
que ocorre na planta é a translocação.
Figura 10: Peso final da maçã em função da temperatura média.

2. Semeadura, Espaçamento e Densidade

2.1. Época de Semeadura

Fator de extrema importância para a cultura, podendo interferir na produtividade,


qualidade da fibra e no custo de produção. É fundamental que a cultura do algodoeiro se
desenvolva no período do ano em que os fatores climáticos ofereçam maiores
probabilidades de sucesso. Geralmente, verifica-se redução na produtividade de fibra com
o atraso da época de semeadura.
Além da observação da época de semeadura preconizada pelo Zoneamento
Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), é importante
que, em uma determinada região, a semeadura seja feita no menor intervalo de tempo
possível. De acordo com o Zoneamento Agrícola do Mapa, a época de semeadura prevista
para o Mato Grosso vai de 20 de novembro a 20 de fevereiro, para a região mais ao sul
do estado, considera-se o mês de dezembro como ideal, e para a região norte, o mês de
janeiro. O plantio específico de plantio para cada região do estado deve ser seguido de
acordo com a portaria 003/05 do INDEA-MT.
A época de semeadura é uma das táticas recomendadas para a convivência com o
bicudo-do-algodoeiro, Anthonomus grandis (Coleoptera: Curculionidae) e para o controle
da largarta-rosada, Pectinophora gossypiella, (Lepidoptera: Gelechiniidae).
2.2. Espaçamento Entre Fileiras e Densidade de Plantas

Desde a década de 1980, estudos são realizados com objetivo de determinar novos
arranjos de plantas nas principais regiões produtoras do mundo, sempre com a tendência
de redução dos espaçamentos.
Segundo Silva (2001), o arranjo das plantas influencia no crescimento,
desenvolvimento, na produtividade da cultura, na qualidade da fibra, na arquitetura das
plantas, posição dos frutos e número de frutos por planta. Em condições de alta população
por unidade de área, verifica-se a redução do número de frutos por planta, entretanto, tem-
se aumento do número de frutos por área, o que leva equilíbrio da produção.
A população de plantas é influenciada pela cultivar, pelo clima e pela fertilidade
do solo. Sendo o espaçamento ideal aquele em que há melhor aproveitamento do solo e
da radiação solar, isto é, as distâncias entre fileiras e entre plantas que proporcionam, na
mesma área, maiores produtividades.
A correlação entre produtividade com o espaçamento entre fileiras e com a altura
média das plantas sugere que os melhores espaçamentos entre fileiras são os que
correspondem a dois terços da altura da planta, nestas condições, a produtividade atinge
o máximo compatível com a possibilidade de cultivo nas entrelinhas (BOQUET, 2005).
Nichols (2004), estudou durante cinco anos, o efeito de cinco populações de
plantas, utilizando duas cultivares com hábitos de crescimento diferentes, não foram
encontradas diferenças significativas entre elas. Com o aumento da população, verifica-
se uma redução significativa na altura das plantas, no número de capulhos por planta e no
peso médio dos capulhos, independente da cultivar. Conclui-se ainda que a relação entre
a população e a produção de algodão depende das condições ambientais em que a cultura
se desenvolve.
A população de plantas pode ter efeito marcante sobre a incidência de determinada
doença na cultura do algodoeiro. Monteiro (2002) relatou que elevada densidade
populacional gera condições favoráveis para o desenvolvimento da ramulose.
Analisando o efeito de diferentes espaçamentos entre fileiras e densidades,
verificou-se que a produção de algodão em caroço é influenciada pelo espaçamento entre
fileiras, enquanto que as características tecnológicas da fibra são influenciadas pela
densidade.
Para as cultivares disponíveis no mercado, a população de plantas pode variar de
80.000 a 125.000 plantas/ha-1, sendo as de porte mais baixo exigentes em maior
população, e as de porte mais alto, populações menores, dentro do intervalo citado.
O cálculo do número de sementes a serem distribuídas é baseado no poder
germinativo do lote de sementes. Informação que deve ser prestada pelas empresas que
comercializam as sementes, porém, esse valor pode ser superior ao de emergência em
campo. Por isso, recomenda-se fazer teste de emergência em campo.
Para realização do teste, devem ser utilizadas 400 sementes (quatro subamostras
com 100 sementes). As sementes serão colocadas para germinar no campo, sendo
semeadas a uma profundidade de 2-3 cm, em solo preparado, em quatro fileiras de 10m
cada uma. A umidade do solo deverá ser mantida em nível adequado para a germinação
e emergência, durante a realização do teste. Doze dias após a semeadura, deve ser feita a
contagem do número de plantas em cada fileira, considerando apenas as vigorosas. O
percentual de emergência em campo será a média aritimética do número de plantas
emergidas nas quatro repetições de cem sementes.
O número de plantas m-1 a ser obtido na lavoura é estimado levando-se em
consideração a população de plantas desejadas/ha -1 e o espaçamento adotado, usando a
seguinte fórmula:
Nº de pl m-1= {(pop ha-1 x espaçamento (m)}/10.000
Com a obtenção desses valores, calcula-se o número de sementes por metro de sulco:
Nº de sementes m -1= (nº de plantas desejadas/m x 100)/ (% de emergência em
campo).
Para estimar a quantidade de sementes que será gasta por hectare, pode-se utilizar a
seguinte fórmula:
Q= (1000 x P x D) x f / G x E
Onde:
Q= Quantidade de sementes, kg/há-1;
P= Peso de 100 sementes, em gramas (varia de acordo com a cultivar e o número da
peneira);
D= Número de plantas m-1 que se deseja;
E= espaçamento utilizado em cm;
G= % de emergência em campo; e
F= fator de segurança, varia entre 1,10 a 1,15.
O fator de segurança (f) deve ser considerado, para evitar a redução do estande
em função de tombamento ou outros fatores que interfiram no estabelecimento da
população de plantas desejada.
Embora o algodoeiro possua capacidade de compensação maior do que de outras
culturas, como a soja e o milho, a uniformidade de distribuição das plantas nas linhas de
plantio é de grande importância. Falhas na lavoura acima de 40cm, na linha de plantio,
acarretam diminuição da produtividade, além de problemas decorrentes da presença de
plantas daninhas.
Aplicando essa fórmula, e considerando-se, 80% de germinação, peso de 100
sementes 9,5g, espaçamento de 80cm, densidade de 10 plantas m -1 e f como sendo igual
a 1,1, seriam necessários 16,3 kg de sementes há -1.
A utilização de sementes certificadas ou fiscalizadas é a garantia de que o
agricultor está adquirindo uma cultivar recomendada pela pesquisa, com alto grau de
pureza genética, vigor e percentagem de germinação.

Alguns pontos durante a semeadura são fundamentais para obter sucesso no


estabelecimento da cultura:

1) Número de linhas da plantadeira – deve ser igual ou múltiplo no número de


linhas do pulverizador que será utilizado na aplicação de herbicidas em jato
dirigido e na máquina que irá colher a produção final. A não-observação deste
ponto dificulta a aplicação de herbicidas e a colheita, além de interferir
negativamente na qualidade das operações.

2) Regulagem da distribuição de adubos e sementes – antes de iniciar a operação


de semeadura, deve-se proceder à regulagem da máquina para assegurar uma
distribuição uniforme e nas quantidades planejadas, tanto para o fertilizante como
para as sementes. No caso de áreas muito grandes, recomenda-se que seja feita a
avaliação da regulagem das máquinas, pelo menos a cada início de jornada.

A uniformidade de distribuição das sementes é extremamente importante. Deve-


se ter sempre como objetivo a distribuição uniforme das sementes no campo para
assegurar um estande uniforme. O fertilizante deve ser colocado abaixo e de lado
da semente. Quando em contato direto com as sementes, o fertilizante prejudica o
processo de germinação, levando à formação de uma lavoura com estande baixo.

3) Profundidade de semeadura – o ideal é que as sementes sejam colocadas a uma


profundidade de 2 a 3 cm. Nessa profundidade, desde que as condições de
umidade e temperatura sejam adequadas, as sementes irão germinar e a
emergência irá ocorrer no menor tempo possível. Em média, as sementes de
algodão levam de quatro a dez dias para emergirem.

Herbicidas aplicados em pré-emergência, especialmente em solos com altos teores


de areia, podem comprometer a germinação, principalmente se ocorrerem chuvas
logo após a aplicação desses produtos.

4) Aplicação de herbicidas antes da semeadura – quando antes da semeadura for


necessária a aplicação de herbicidas de manejo (dessecação), alguns cuidados são
fundamentais:
- intervalo de tempo entre a aplicação do herbicida e a semeadura – esse intervalo
é variável em função da quantidade de palha e do herbicida. Quando for grande a
quantidade de palha, recomenda-se que a semeadura seja realizada 15 a 20 dias
após a dessecação.
- se, por ocasião da dessecação, for utilizado qualquer herbicida à base de 2,4D,
somente realizar a semeadura 20 a 30 dias depois da aplicação do herbicida. No
caso de solos arenosos, aguardar 30 dias, e de solos argilosos, 20 dias.
- é importante que, antes da dessecação, sejam realizadas amostragens para
identificar a presença de insetos-pragas e, quando necessário, especialmente se a
cobertura do solo for com milheto, é recomendado que, por ocasião da dessecação,
seja aplicado inseticida. Após a emergência do algodoeiro, devem ser realizadas
novas aplicações.

5) Tratamento de sementes – a semente é uma das principais vias de transporte de


agentes que podem causar doenças e introduzi-las em novas áreas. Portanto o seu
tratamento com fungicidas é fundamental para o estabelecimento da cultura.
6) Rotação de cultura – em qualquer que seja o sistema de produção, é fundamental
para a sustentabilidade da cultura do algodoeiro a prática de rotação de culturas.
Embora seja uma prática simples, seus efeitos são altamente benéficos, podendo
ser destacados: melhor aproveitamento de nutrientes, controle de pragas, doenças
e plantas daninhas.

3. Nutrição, Calagem e Adubação

Os solos da região do cerrado são naturalmente de baixa fertilidade, em sua maior


parte, e a reserva de nutrientes não é suficiente para suprir a quantidade extraída pelas
culturas e exportada nas colheitas por longos períodos. Sendo assim, a correção e
adubação são essenciais.
O uso eficiente da adubação é essencial para alta produtividade, redução de custo
por kg de algodão produzido e viabilização dos sistemas de produção vigentes. No
cerrado obtêm-se até 6.000kg/ha (CARVALHO et al. 2015) de algodão em caroço devido
as condições favoráveis para o desenvolvimento da cultura e ao alto nível tecnológico
adotado nas lavouras. Nessas condições, a adubação tem que atender a demanda do
sistema de produção usado e à expetativa de produtividade local, além da necessidade do
uso racional dos fertilizantes e a manutenção das produtividades alcançadas com
sustentabilidade e responsabilidade ambiental.

3.1 Deficiência nutricional e diagnose foliar no algodoeiro

O algodoeiro é exigente de nutrientes e, se houver suprimento inadequado, ele


manifesta sintomas típicos de deficiência.
O estado nutricional da planta pode ser avaliado pela simples comparação entre
uma amostra e um padrão (MALAVOLTA, 1997). A diagnose visual é uma forma de
avaliar o estado nutricional, através da comparação de uma amostra deficiente com um
padrão normal, geralmente folhas de igual estágio fenológico e a mesma posição na planta
(TAIZ; ZEIGER, 2006).
A folha é a parte da planta mais usada no diagnóstico visual, porém há vários
fatores que alteram as folhas, o que leva a confundir com deficiência. Portanto, é
necessário observar se existe incidência de pragas e doenças, se os sintomas são
generalizados, e se existem gradiente e simetria de plantas.
A sintomatologia de deficiência nutricional é generalizada, o sintoma ocorre em
grandes áreas, não isolado em uma única planta, ou em reboleira (MALAVOLTA, 1997).
Alguns nutrientes podem ser redistribuídos das folhas mais velhas para as mais novas
(TAIZ; ZEIGER, 2006), criando gradiente de mobilidade.
Nutrientes móveis na planta, como nitrogênio, fósforo, potássio emagnésio,
podem prontamente mover-se das folhas mais velhas para as mais jovens; dessa forma,
os sintomas de deficiência tendem a aparecer primeiramente nas folhas mais velhas. Por
outro lado, nutrientes de baixa mobilidade, como o cálcio, enxofre, boro, cobre, manganês
e zinco, apresentam os sintomas nas folhas jovens.
Outro aspecto para confirmação de sintomatologia de deficiência nutricional é a
presença de simetria; na folha, o sintoma ocorre tanto do lado direito quanto do lado
esquerdo em relação à nervura principal; e no algodoeiro, a simetria acontece nos ramos
vegetativos e produtivos, em relação ao caule.

3.2 Nitrogênio

A deficiência resulta em clorose em toda a planta. Os sintomas de amarelecimento


surgem nas folhas mais velhas do “baixeiro”. A deficiência diminui o crescimento, reduz
o número e o comprimento dos internódios, o número de ramos vegetativos e
reprodutivos; ao se tornar mais severa as folhas ficam bronzeadas, secam e caem
precocemente e ocorre queda anormal de botões florais, flores e frutos novos,
prejudicando a produtividade e a qualidade da fibra (CARVALHO et al., 2008, 2011).

3.3 Fósforo

Há redução no crescimento da planta, com presença de folhas de cor verde-esura


intensa. A deficiência reduz a fotossíntese, o acúmulo e a translocação dos carboidratos
para as maçãs, resultando em plantas pequenas, com folhas mais avermelhadas com
manchas ferruginosas nas bordas e ressecamento. Pode haver avermelhamento no caule.
Se a deficiência é severa, há queda de botões florais, redução do tamanho e baixa retenção
da maçãs, com consequentemente redução da produtividade.

3.4 Potássio
Em pré-florescimento é caracterizada pela clorose internerval das folhas do
baixeiro, seguida de necrose nas margens e queda; como consequência há encurtamento
do ciclo, a má formação dos capulhos, a redução da produtividade e da qualidade das
fibras (CARVALHO et al., 2011).

3.5 Cálcio

As deficiências não são comuns no campo. Em geral, são manifestados apenas os


efeitos da acidez do solo e da pobreza dos demais nutrientes (CARVALHO et al., 2011).
Os sintomas de cálcio são: menor crescimento, curvatura das margens das folhas, colapso
dos pecíolos, redução do florescimento e perda de maçãs (ROSOLEM; BASTOS, 1997)

3.6 Magnésio

A deficiência do nutriente provoca lento crescimento do algodoeiro, clorose nas


folhas do baixeiro, geralmente clorose internerval , enquanto o resto do limbo foliar pode
tornar-se vermelho-púrpura (CARVALHO et al., 2011).

3.7 Enxofre

A deficiência reduz a fotossíntese, afetando a produtividade e a qualidade da fibra.


As plantas têm menor crescimento, emitem poucos ramos e apresentam folhas no ponteiro
de cor verde-amarelada (CARVALHO et al., 2011).

3.8 Boro

Os sintomas ocorrem nas partes jovens, nos tecidos de condução e nos órgãos de
propagação. São comuns amarelecimento, endurecimento e enrugamento das folhas do
ponteiro; presença de anéis concêntricos verde-escuros nos pecíolos e nas hastes, com
necrose interna na medula, no período e florescimento/frutificação, que podem surgir
também nos ramos e na haste principal.

3.9 Outros micronutrientes (manganês, cloro, molibdênio, ferro, cobre e zinco


O sintoma típico de deficiência de manganês é a clorose internerval em folhas
jovens, pois o manganês é pouco móvel na planta; clorose marginal das folhas mais
jovens, que ficam enrugadas e têm o limbo com bordas voltadas para baixo, associado
com a ocorrência de entrenós mais curtos e queda de folhas em plantas deficientes
(ROSOLEM; BASTOS, 1997).
Dificilmente Cl, Mo, Fe, Cu e Zn apresentam deficiências visuais no campo.

3.10 Calagem

A acidez do solo com presença de alumínio trocável e, ou, baixos teores de cálcio
e magnésio, diminui o desenvolvimento radicular, o crescimento e a produtividade do
algodoeiro. No cerrado, é comum usar a saturação por bases para determinar a quantidade
de calcário. Porém, em solos arenosos, sã mais apropriados critérios de neutralização do
alumínio ou do aumento dos teores de Ca e Mg trocáveis, considerando o maior valor
encontrado pelas seguintes equações (SOUSA; LOBATO, 2004c):
NC (t/ha) = (2 x Al) x f ou NC (t/ha) = 2 – (Ca +Mg) x f
O algodoeiro produz bem em saturação por bases variando de 45 a 80%. Em geral,
saturações de 50% a 60% e pH em água máximo de 6,5 (FERREIRA et al., 2009) são
suficientes para obter boa produtividade, embora existam variedades que respondem a
saturações de 70 a 80%. A sensibilidade ao manganês pode explicar essa exigência. A
calagem deve ser feita para atender à cultura mais mais sensível usada no sistema de
rotação de culturas, que é o algodoeiro, e a faixa de 50 a 60% de saturação atende à
maioria das variedades em uso no cerrado. Assim, deve-se fazer recalagem sempre que o
limite inferior da faixa for alcançado.

3.11 Gessagem

O algodoeiro tem sistema radicular profundo, usado para aumentar sua capacidade
de absorção de água e nutrientes. Assim, além da correção da acidez da camada
superficial, é necessário eliminar qualquer restrição química nas camadas subsuperficiais,
que é feita pelo aumento de bases trocáveis lixiviadas da superfície pelo uso do gesso.
As maiores possibilidades de resposta ao gesso em produtividade ocorrem quando
o teor de cálcio nas profundidades de 20 a 40 cm e de 40 a 60 cm for inferior a 0,5
cmolc/dm3 e a saturação de alumínio na CTC efetiva dessas mesmas camadas {Al /
(Ca+Mg+K+Na) x 100} for superior a 20% (SOUSA, LOBATO, 2004c).

3.12 Cálculo de Nutrientes e Adubação

Laudo de análise de solo

• Dados referentes à Fazenda Experimental Capim Branco, safra 2015/2016


Havia aproximadamente 30 kg do formulado NPK 4-23-18 disponível.
Para o cálculo da área:
44,5m x 65= 2892,5m2 para o experimento com algodão branco;
44,5m x 50m= 2225m2 para o experimento com algodão colorido;
Total de 5117,5m2 para a área total do experimento.

• Calculo para aplicação de Nitrogênio (N)


Para o plantio, de acordo com Borém e Freire (2014), o recomendado de N é de 15-20 kg
de N/ha, desta forma, foram aplicados 20 kg/ha.
A fonte utilizada foi uréia, a qual contém 45 kg de N para cada 100 kg de ureia.
Portanto
100 kg ureia ------45 kg N
X -------------------20N
X= 44,5 kg de ureia/ha

Porém, temos 5117,5 m2


44,5kg ureia---------10.000m2
X ---------------------5117,5m2
X =22,7 kg ureia

• Cálculo para aplicação de fósforo (P)

Segundo as amostragens de solo realizadas na área, verificamos 6,15 mg/dm3 de P.


É recomendado elevar o teor de P para 12mg/dm3, sendo necessário elevar este valor em
6mg/dm3.
Quando multiplicamos mg/dm3 por 2, transformamos o valor para kg/ha.
Então temos:
6mg/dm3 x 2= 12,3kg/ha de fósforo para aplicar na área.
Porém o supersimples é composto não apenas de fósforo, mas de 18 % de P2O5. Torna-
se necessário corrigir este valor para que se tenha a quantidade necessária de P2O5,
chegando a 12,3 kg de P.
Multiplicando por 2,29 o valor de P, encontramos a quantidade de P 2O5 necessário,
portanto:
12,3kg de P x 2,29= 28 Kg de P2O5.
Como o supersimples tem 18 kg de P em 100 kg do produto, temos:
100 kg ------18 kg de P2O5
X ------------28 kg de P2O5
X= 116 kg de SS/ha
Como temos 5117,5 m2 , serão necessários 79,6 kg de SS.

• Cálculo para aplicação de Pótassio (K)


Devido a ausência de potássio disponível, utilizamos o presente no formulado já citado
anteriormente, o qual possuía 5,4 kg de K em 30kg de formulado.

1 Passo: transformar cmolc de K em g de K:


K cmolc x 390 = K/dm3 ---- x 2 = K Kg/ha
K/0,8301= K2O/ha

4. Doenças e seu controle

O algodoeiro está sujeito a ação de cerca de 250 patógenos, dos quais 221 são
fungos, um é bactéria, 16 são vírus, dez são nematoides e dois, micoplasmas, cuja a
importância relativa depende das condições edafoclimáticas, das cultivares utilizadas e
da presença do agente causal patogênico. Existem doenças mais recentes, emergentes,
como a mancha de mirotécio, mancha de coriespora e ferrugem tropical. Ainda existem
doenças que são esporádicas, como murchamento avermelhado, mosaico comum e
vermelhão, e as que estão restritas a regiões com microclima específico, como mofo-
branco e mela. E ainda há doenças cujo diagnóstico não está bem estabelecido, como o
hard-lock.
O método ideal de manejo de doenças do algodoeiro é a utilização de cultivares
resistentes. O controle genético tem utilizado resistência completa, parcial e múltipla, que
é desejada pelos agricultores. Atualmente, não há genótipos comerciais com níveis
satisfatórios de resistência múltipla à maior parte dos patógenos importantes (limitantes
do rendimento).
Desta forma, a medida mais utilizada para o manejo de doenças é a aplicação de
fungicidas. São eficazes tanto fungicidas protetores como sistêmicos triazóis e
benzimidazóis.
Outra medida importante de manejo de doenças é a utilização de sementes de
qualidade, sadias e adequadamente tratadas; a maior parte dos patógenos importantes do
algodoeiro é transportada e transmitida pelas sementes. Testes de sanidade podem
determinar a incidência de patógenos nas sementes, orientando a liberação de um lote
para ser utilizado como material de propagação.
A adoção de medidas de manejo integrado, ou produção integrada, utilizando
tecnologias geradas e recomendadas pela pesquisa, contribui para diminuir o custo da
produção e aumentar o rendimento do cultivo do algodoeiro. E isto é fundamental para a
sustentabilidade da cotonicultura no Brasil.

5. Pragas e seu controle

Na cotonicultura moderna, apesar da necessidade de uso de herbicidas e


fungicidas, o manejo de pragas é de fundamental importância devido ao alto número de
espécies que atacam a cultura em todo o seu ciclo de desenvolvimento. Assim, o número
de pulverizações com inseticidas deve ser racionado ao mínimo possível, utilizando as
técnicas disponíveis nos programas de manejo integrado.
Segundo Papa (2003), os avanços tecnológicos em destaque na defesa
fitossanitária são:
Monitoramento: Técnicos treinados e confiáveis podem fornecer com frequência um
diagnostico preciso da situação qualitativa e quantitativa referente á ocorrência de pragas,
doenças e plantas daninhas presentes em cada talhão do algodão, subsidiando as tomadas
de decisão sobre medidas diretas de controle e racionalização do uso de defensivos.
Nível de dano econômico: Define-se como nível de dano econômico a densidade
populacional da praga que causa prejuízos à cultura, iguais ao custo de adoção de medidas
de controle, ou seja, menor densidade populacional capaz de causar perdas econômicas.
Feromônios: Auxilia o monitoramento e reduz os riscos de intoxicação do ambiente.
Controle biológico: A utilização de organismos vivos passa a representar crescente
segmento comercial, e muitas indústrias já estão no mercado com vários produtos
alternativos.
Silício e indutores de resistência: O silício age, deixando a folha mais resistente, o que
provoca desgaste nas mandíbulas das lagartas, reduzindo a ingestão e prejudicando o
desenvolvimento da largarta. Os indutores de resistência são produtos que agem na planta
deixando-as mais resistentes ao ataque de pragas e doenças.
Controle químico: Considerando-se que a melhor maneira de avaliar o sucesso de um
sistema proposto, entre várias opções, é a sua adoção e permanência de sua aceitação após
anos de uso, o controle químico é até então a forma mais utilizada, e mais importante para
o controle de pragas.
Algodão Bt: atualmente, encontram-se liberados para plantio cultivares transgênicos que
expressam proteína Bt (Bacillus thurigiensis), a que causa a morte de muitos insetos,
principalmente lepdópteros (FONTES et al., 2002).
5.1Cálculo de Aplicações de Produtos Fitossanitários

Aplicações/procedimentos área experimental algodão safra 15/16

Aplicações/Procedi
Data Dose/hectare Dose no experimento
mentos
Gli Over 11/12/2015 1,5L/ha 150mL
Gramoxone 23/12/2015 1,5L/ha 150mL
Tratamento de
23/12/2015 - -
Sementes
300mL/100Kg
TS - Standak 23/12/2015 8mL
de semente
450mL/100Kg
TS - VitavaxThiram 23/12/2015 13mL
de semente
Semeadura 28/12/2015 - -
Dual Gold 28/12/2015 1,25L/ha 875mL
Urge 750 SP 07/01/2016 400g/ha 200g
Tiger 100 EC 07/01/2016 500mL/ha 250mL
Tiger 100 EC 20/01/2016 500mL/ha 250mL
Galil 22/01/2016 400mL/ha 180mL
Karate Zeon 250
22/01/2016 100 mL/ha 100 mL/ha
CS
Exemplo utilizando o produto Mospilan, segundo a tabela acima:

PRAGAS DOSE/ 100L de água DOSE/ Hectare


CULTURAS (Nomes comum / g p.c./100 L ou g p.c./ha ou (g
científico) (g.i.a./100L) i.a./ha)
Pulgão-do-algodoeiro
ALGODÃO (Aphis gossypii) -- -- 100 (20)

Recomendação para a praga acima citada, na cultura do algodoeiro:

• Pulgão: Iniciar os tratamentos imediatamente após surgirem os primeiros pulgões,


repetindo as aplicações a cada 10 dias se for constatada a presença da praga.
• Volume de calda: 200 L/ha.
Dados:
• Área: 50 linhas de 115 metros (Experimento algodão branco – 65 metros;
Experimento algodão colorido – 50 metros):
(50 + 65) * 50 = 5.750 m2

• Segundo a recomendação da bula, utiliza-se 100 gramas de produto comercial


por hectare (1 ha – 10.000 m2 ):
100g ____________ 10.000 m2
X ____________ 5.750 m2
X= 57,5 gramas

• Cálculo do volume de calda ser utilizada para a aplicação


200 L ___________ 1 ha (10.000 m2)
X___________ 5.750 m²
X= 115 litros

• Cálculo do número de bombas necessárias


Bomba costal: capacidade de 20 litros
115 litros/ 20 litro = 5,75 - aproximadamente 6 bombas

• Cálculo da quantidade de produto comercial por bomba


57,5 gramas / 6 bombas = 9,58 ~ aproximadamente 9,6 gramas

• Regulagem do pulverizador costal e carrinho


1) Medir 10 metros em linha reta com a trena (exemplo: 12 segundos);
2) Caminhar com a bomba ou carinho este percurso cronometrando o tempo;
3) Após registrar o tempo, coletar o volume pulverizado pelo bico, num
recipiente graduado em ml, para sabermos qual a vazão neste percurso
(exemplo: 50 ml);
4) Velocidade (V)= 36/T = 36/12= 3km/h;
5) Se dividir por 3,6 transforma para metros por segundos (m/s), neste caso:
6) V= 0,83m/s
7) Jogando na formula abaixo:
l/min(por bico)= (l/ha x km/h x E)/60.000= 0,48 l/min
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