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GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ


CAMPUS ALEXANDRE ALVES DE OLIVEIRA
ENGENHARIA AGRONOMICA
CLIMATOLOGIA E METEOROLOGIA AGRICOLA
PROFª LEOMARA FRANÇA

EXIGÊNCIAS CLIMÁTICAS DA CULTURA DE MILHO NO PIAUÍ

GILCIANO DE OLIVEIRA BATISTA

GEICIANO OLIVEIRA BATISTA DA CUNHA

INTRODUÇAO

O milho (Zea mays), assim como a maioria das culturas econômicas, requer a interação de
um conjunto de fatores climáticos apropriados ao seu bom desenvolvimento. Assim, submetido
a condições climáticas adversas ou, ainda, apresentasse características físicas inadequadas que
influenciariam negativamente desenvolvimento da cultura, fatores esses como: temperatura,
precipitação, fotoperíodo, radiação solar.

DESENVOLVIMENTO

Temperatura

A temperatura da planta é basicamente a mesma do ambiente que a envolve. Devido a esse


sincronismo, flutuações periódicas influenciam nos processos metabólicos que ocorrem no
interior da planta. Nos momentos em que a temperatura é mais elevada, o processo metabólico
é mais acelerado e, nos períodos mais frios, o metabolismo tende a diminuir. Essa oscilação
metabólica ocorre dentro dos limites extremos tolerados pela planta de milho, compreendido
entre 10ºC e 30ºC. Abaixo de 10ºC, por períodos longos, o crescimento da planta é quase nulo
e, sob temperaturas acima de 30ºC, também por períodos longos, durante a noite, o rendimento
de grãos decresce, em razão do consumo dos produtos metabólicos elaborados durante o dia.
Temperaturas noturnas elevadas, por longos períodos, causam diminuição do rendimento de
grãos e provocam senescência precoce das folhas. Durante o período de germinação, as
temperaturas ideais do solo para a cultura de milho estariam entre 25ºC e 30ºC, sendo que
temperaturas do solo inferiores a 10ºC ou superiores a 40ºC ocasionam prejuízo sensível à
germinação. A temperatura ideal para o desenvolvimento do milho, da emergência à floração,
está compreendida entre 24ºC e 30ºC. Por ocasião da floração, temperaturas médias superiores
a 26ºC aceleram o desenvolvimento dessa fase e, as inferiores a 15,5ºC, o retardam. Durante a
polinização, temperaturas acima de 33ºC reduzem sensivelmente a germinação do grão de
pólen. Verões com temperatura média diária inferior a 19ºC e noites com temperatura média
inferior a 12,8ºC não são recomendados para a produção de milho. Por outro lado, temperaturas

Trabalho apresentado à disciplina Climatologia e Meteorologia Agrícola no IV Bloco do curso de


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noturnas superiores a 24ºC proporcionam um aumento da respiração, ocasionando uma
diminuição da taxa de fotossimilados e consequente redução da produção. Temperaturas
inferiores a 15ºC retardam a maturação dos grãos.

Precipitação

O milho é uma cultura muito exigente em água. Entretanto, pode ser cultivado em regiões onde
as precipitações vão desde 250 mm até 5000 mm anuais, sendo que a quantidade de água
consumida pela planta, durante seu ciclo, está em torno de 600 mm. O consumo de água pela
planta, nos estádios iniciais de crescimento, num clima quente e seco, raramente excede 2,5
mm/dia. Durante o período compreendido entre o espigamento e a maturação, o consumo pode
se elevar para 5 a 7,5 mm diários. Mas se a temperatura estiver muito elevada e a umidade do
ar muito baixa, o consumo poderá chegar até 10 mm/dia. A ocorrência de déficit hídrico na
cultura do milho pode ocasionar danos em todas as fase. Na fase do crescimento vegetativo,
devido ao menor elongamento celular e à redução da massa vegetativa, há uma diminuição na
taxa fotossintética. Após o déficit hídrico, a produção de grãos é afetada diretamente, pois a
menor massa vegetativa possui menor capacidade fotossintética. Na fase do florescimento, a
ocorrência de dessecação dos estilos-estigmas (aumento do grau de protandria), aborto dos
sacos embrionários, distúrbios na meiose, aborto das espiguetas e morte dos grãos de pólen
resultarão em redução no rendimento. Déficit hídrico na fase de enchimento de grãos afetará o
metabolismo da planta e o fechamento de estômatos, reduzindo a taxa fotossintética e,
conseqüentemente, a produção de fotossimilados e sua translocação para os grãos.

Fotoperíodo

Dentre os componentes climáticos que afetam a produtividade do milho, está o fotoperíodo,


representado pelo número de horas de luz solar, o qual é um fator climático de variação sazonal,
mas que não apresenta muita variação de ano para ano. O milho é considerado uma planta de
dias curtos, embora algumas cultivares tenham pouca ou nenhuma sensibilidade às variações
do fotoperíodo. Um aumento do fotoperíodo faz com que a duração da etapa vegetativa aumente
e proporcione também um incremento no número de folhas emergidas durante a diferenciação
do pendão e do número total de folhas produzidas pela planta. Nas condições brasileiras, o
efeito do fotoperíodo na produtividade do milho é praticamente insignificante.

Radiação solar

A radiação solar está totalmente ligada a produção direta de massa no milho, portanto a relação
da massa de matéria seca acumulada e a radiação interceptada pelo vegetal num período de
tempo, obtém-se a eficiência na produção de massa da planta (ROMANO, 2005). Para a planta
realizar a fotossíntese bioquímica é necessário energia na forma de ATP e NADPH, essa energia

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é proveniente dos cloroplastos, que usam a energia luminosa na forma de radiação solar e a
convertem em energia química (ATP e NADPH), sendo está energia fundamental para os
processos fisiológicos da planta (TAIZ et al., 2009). A produção do milho está totalmente
relacionada a radiação, pois cerca de 78,5% da produtividade é dependente da radiação
luminosa (ROMANO, 2005). Segundo Bevilacqua (2012), a radiação solar é essêncial para o
desenvolvimento do milho, pois sem este o processo fotossintético é inibido e
consequentemente ocorre redução na produção, isto porque a fixação de CO2 fornece cerca de
90% da matéria seca, e uma redução de 30 a 40% da radiação por um logo período pode
acarretar na redução da produção e atraso na maturação. O máximo aproveitamento da radiação
ocorre no pré-florescimento e no enchimento de grãos, sendo está fase o período mais crítico
(RODRIGUES et al., 2011). Grossi et al. (2011), realizou um estudo sobre a influência da
radiação solar no período de 1987 a 2006, através do coeficiente de regressão constatou que a
radiação solar pode ocasionar redução na produção do milho, o coeficiente de regressão teve
uma significância de 10 % em relação ao período antes do enchimento dos grãos, indicando a
influência da radiação solar sobre a produção final. A redução de 16,85% da radiação solar de
1989 para 1992 ocasionou uma perca de 43,21% na produção, porém esta diminuição teve
influência das baixas temperaturas, pois os anos que apresentaram as menores produtividades
foram os que possuíam menor incidência solar e temperaturas mais baixas. Segundo Romano
(2005), a arquitetura de Dossel é um dos fatores que mais afetam a interceptação da luz, onde
as maiores produtividades são observadas em plantas com arquitetura ereta, onde os raios
solares possuem uma maior área para incidir, já as plantas com folhas mais pendidas possuem
taxas assimilatórias menores e consequentemente menor produtividade de grãos

Cultura do Milho no Piauí

A partir da década de 1980 iniciou-se a exploração comercial do milho nos cerrados


nordestinos, localizados no Oeste Baiano, Sul do Maranhão e no Pólo Uruçuí-Gurgéia,
localizado no Sul do Estado do Piauí. Essas regiões ocupam aproximadamente um milhão de
hectares, sendo propícias ao cultivo do milho. Isso ocorre por apresentarem condições
edafoclimáticas privilegiadas para a produção de grãos em sequeiro, além de exibirem
topografia que possibilita a instalação de agricultura mecanizada e emprego de alta tecnologia
na produção de grãos (CARVALHO et al., 2009). Nessas áreas concentram-se os grandes pólos
de desenvolvimento da cultura, onde a produtividade de milho tem ultrapassado o limite de 6,0
t ha-1, em razão do uso de tecnologias modernas de produção (OLIVEIRA et al., 2012). O
clima, segundo a classificação de Köeppen, é do tipo Aw, megatérmico, com temperaturas que
variam entre 25 e 36 ºC. A precipitação média anual varia de 900 a 1700 mm. O período de
chuvas situa-se entre janeiro e abril e o seco de maio a outubro, respectivamente (SILVA
FILHO, 1994). A evapotranspiração média anual é de 1644 mm, com média de 144 mm no mês

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de março (INMET, 2012). Segundo o IBGE, em 2020, o maior produtor de milho no estado do
Piauí foi a cidade de Uruçuí com uma produção de 553.745 tonelada do grão. As cultivares de
milho recomendadas no estado são BR 106 e BR 451 e o hibrido e BR 301, pelas boas
caracteristicas apresentadas. A variedade BR 106 é mais rústico, possui menor custo de
semente, apresenta boa estabilidade de produção e adaptabilidade a todas as regiões brasileiras,
resistência ao acamamento e ao ataque das principais pragas; a BR 451 cultivar de milho branco,
que possui excelente produtividade, é adaptada às diferentes regiões brasileiras e mais
importante: tem um alto valor protéico para o homem; o BR 301 é um hibrido, apresenta um
ciclo de aproximadamente 130 dias, boa adaptação as regiões brasileiras ,resistência a
acamamento e espigas são bem empalhada.

Referências

Estados e cidades. Municípios produtores de milho de Piauí. Estados e cidades, 2020.


Disponível em: https://www.estadosecidades.com.br/pi/pi_producao-milho.html. Acesso em:
12 jun. 2022.
LANDAU, E. C.; MAGALHÃES, P. C.; GUIMARÃES, D. P. Arvore do conhecimento
“milho”. AGEITEC: agencia EMBRAPA de tecnologia e informação. Disponível
em:https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/milho/arvore/CONTAG01_17_168200511
157.html. Acesso em: 12 jun. 2022.
LIMA, P. R. A.; RIBEIRO, J. L.; Cultivares de milho recomendadas para plantio no Piauí.
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaria - EMBRAPA- Unidade de Execução de
Pesquisa de Ambito Estadual de Teresina UEPAE, Teresina, n. 43, p. 1-3, 1989. Disponível
em: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/52451/cultivares-de-milho-
recomendadas-para-plantio-no-
piaui#:~:text=Com%20base%20nesses%20trabalhos%2C%20assim,e%20BR%20301%2C%2
0pelas%20boas. Acesso em: 12 jun. 2022.
SOUSA, N. O. S. et al. Diferentes técnicas de manejo na cultura do milho no sul do Piauí.
Enciclopédia biosfera: centro cientifico conhecer, Goiânia, v.9, n.17; p. 1097, 2013.
Disponível em: https://conhecer.org.br/ojs/index.php/biosfera/article/view/3090. Acesso em:
12 jun. 2022.

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