Você está na página 1de 11

Viabilidade Climática x Produção

Qual é a diferença entre clima e tempo?


Esses dois conceitos têm significados diferentes na meteorologia.
O tempo se refere às condições atmosféricas registradas em um período de tempo curto
- a onda de frio que deve chegar ao Brasil é um exemplo disso.
O clima, por outro lado, é um panorama mais prolongado e completo dos padrões de
tempo. Ele se refere às condições que prevalecem em uma região ou em toda a Terra,
e pode ser estudado com uma análise das tendências históricas.
Sendo assim, quando falam em clima, os cientistas estão se referindo à situação do
planeta todo, ao longo do tempo. Ou seja, mesmo que esteja fazendo mais frio que a
média em uma região específica, o mundo como um todo está, na média, mais quente -
é isso que apontam centenas de estudos feitos por cientistas no mundo todo ao longo
de décadas.
Esse aquecimento da temperatura média da Terra - que cientistas creditam aos gases
de efeitos estufa produzidos por ação humana - provoca eventos climáticos extremos,
desde inundações na África até seca no Brasil, passando por invernos muito mais
rigorosos na América do Norte.
"Ou seja, estamos falando de grandes flutuações. E esses eventos climáticos tendem a
ficar cada vez mais frequentes e exagerados", explicou à BBC News Brasil Alexandre
Köberle, pesquisador do Grantham Institute na Universidade Imperial College London,
em entrevista em 2019.
Em sua página na internet voltada para crianças, a Agência Espacial Americana (Nasa)
dá um exemplo simples para deixar clara a diferença entre os dois conceitos: um dia
chuvoso na cidade de Phoenix (capital do Estado americano do Arizona) não muda o
fato de que o Estado do Arizona tem um clima seco.
A Nasa também explica que devemos esperar tempos frios mesmo que as temperaturas
do planeta estejam aumentando de forma geral.
"O caminho até um mundo mais quente terá muitos episódios de tempos extremamente
quentes e extremamente frios", diz o site da agência.
Isso porque as mudanças climáticas alteram a forma como correntes marítimas,
correntes de vento e outros fenômenos meteorológicos funcionam ao redor do mundo,
gerando eventos meteorológicos extremos - tanto de frio quanto de calor.

Zoneamento agrícola
O zoneamento agrícola tem por objetivo identificar e classificar zonas homogêneas
quanto às condições para o desenvolvimento de determinada atividade, com vistas ao
incremento da produtividade e da renda agrícola em bases sustentáveis. Existem dois
tipos principais: zoneamento de aptidão climática e zoneamento agrícola de risco
climático. O primeiro utiliza-se das variáveis solo, clima e planta e seu objetivo é mostrar
o potencial produtivo de uma cultura em uma determinada região. O segundo, além de
analisar estas três variáveis, utiliza-se de funções estatísticas com o objetivo de
quantificar o risco de perda das lavouras, devido à ocorrência de eventos climáticos
adversos, sobretudo a seca.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) adotou o zoneamento de
risco climático como ferramenta orientadora da política agrícola para o Governo Federal
nas questões de crédito e seguro agrícola, desde 1995. O zoneamento identifica as
melhores épocas de plantio para as culturas, de acordo com o tipo de solo, para cada
município brasileiro, assim como apresenta recomendações de cultivares.
O Mapa divulga, anualmente, por meio de portarias, o zoneamento agrícola para a safra,
indicando os municípios que podem contar com apoio financeiro para a execução da
safra. Em contrapartida, nos municípios ou épocas não recomendadas devido ao alto
risco de perda, o produtor não poderá obter crédito de custeio ou seguro agrícola junto
às instituições bancárias que operam os recursos do Governo.
Entre os principais resultados alcançados pelo Programa de Zoneamento Agrícola do
Mapa, destacam-se:

• redução das perdas de produção agrícola devido a eventos climáticos;


• retorno do capital aplicado em operações de crédito agrícola;
• diminuição de indenizações pagas pelo Proagro e por seguradoras privadas.

Relação entre clima e agricultura: entenda a seguir sobre os principais fatores climáticos
que influenciam nas nossas lavouras.
Não tem como falarmos de agricultura sem falar do clima. Quase tudo o que acontece
no ambiente agrícola depende direta ou indiretamente dele.
É só analisar as práticas agrícolas de plantio e colheita, por exemplo.
Só se realiza o plantio se houver condições climáticas ideais para aquela cultura se
desenvolver.
Já quando falamos de colheita de campos de produção de soja ou milho, o ideal é que
no final do ciclo não haja oscilações na umidade do grão. Isso é mais garantido quando
essa etapa coincide com épocas mais secas.
Veja neste artigo a relação entre clima e agricultura no plantio e na colheita, além dos
impactos das mudanças climáticas e ferramentas para um planejamento agrícola de
precisão.
Como o clima pode interferir na atividade agrícola?
O clima é fundamental para a agricultura, pois dele dependem a maioria das práticas
agrícolas.
Um dos principais fatores que são influenciados pelo clima é o zoneamento agrícola.
Todas as culturas possuem um para a sua produção.
Em um zoneamento agrícola são levados em consideração o clima, o solo e o ciclo das
cultivares a fim de definir os riscos climáticos envolvidos na condução das lavouras que
podem ocasionar perdas na produção agrícola.
A temperatura e a umidade são os fatores que mais podem afetar a produtividade das
lavouras.
Isso porque cada cultura tem uma condição específica na qual se desenvolve melhor e,
que não depende apenas da estação do ano mais adequada para aquele cultivo, mas
sim da temperatura e precipitação mais favoráveis.
Assim, é muito importante saber relacionar os dados que temos em mãos, para tomar a
melhor decisão sobre os tratos culturais como plantio, irrigação e a colheita.

Zoneamento agrícola da cultura de milho realizado pela ferramenta Zarc

(Fonte: Embrapa)

Como vimos, cada cultura tem uma condição ideal para que sua germinação, emergência
e desenvolvimento ocorram da melhor forma possível.
Para o milho, por exemplo, a melhor temperatura para germinação está entre 32 e 35°C,
já para a soja, esta temperatura é de 32°C.
Lembre-se que temperatura e umidade são fundamentais para a germinação das
sementes, pois quanto mais tempo demorar para a semente germinar, mais sujeita ela
estará a condições adversas.
A soja se desenvolve melhor em regiões onde as temperaturas ficam entre 20 e 30ºC,
com temperatura ideal para o desenvolvimento em torno de 30°C.
Já, quando pensamos nas exigências hídricas das culturas, nos referimos à quantidade
de água que a cultura precisa durante todo o seu ciclo.
Para soja, por exemplo, a demanda hídrica fica entre 450 e 850 mm, dependendo das
variações do clima. Para a cultura do milho, este valor fica ao redor de 650 mm.
Vale lembrar que a quantidade de água é importante, porém, ela precisa acontecer nas
épocas adequadas, de acordo com a exigência da cultura.
Relação entre clima e agricultura: Clima ideal para colheita
A colheita de grãos como a soja e o milho deve ocorrer na época adequada.
O principal fator que leva a perdas nestas culturas é a umidade do grão. Em soja, os
grãos devem ser colhidos com umidade entre 13% a 15%.
Entendemos esse fator como o ponto de colheita ideal, pois a partir deste momento os
grãos estarão sujeitos a perdas.
Caso seu objetivo seja a produção de sementes de soja, este fator é ainda mais
importante, pois a partir do momento que se atinge a maturidade fisiológica e que o ponto
de colheita é alcançado, as sementes ficam sujeitas às adversidades do clima, o que
pode reduzir viabilidade e vigor.
Assim, em torno de 15 dias antes da colheita, comece a monitorar a umidade da semente
e quando atingir 15% você já pode iniciar.
Para a colheita, dê preferência ao período da manhã, pois é quando se tem temperaturas
mais amenas e a umidade do ar mais elevada, ajudando a reduzir as perdas.
Como a seca interfere na agricultura
A falta ou excesso de água prejudicam todas as culturas. Porque assim como vimos,
cada etapa da cultura necessita de uma quantidade de água ideal.
A água é um fator fundamental em todas as etapas, desde a germinação até a maturação
das sementes.
A falta do recurso natural no início do plantio pode afetar a germinação das sementes,
pois a quantidade deve ser suficiente para todo o processo de embebição, ativação da
respiração, indução do crescimento e protrusão da raiz primária.
Por outro lado, a falta de água durante o desenvolvimento da planta reduz a área foliar,
a taxa fotossintética, que por consequência leva a um menor acúmulo de fotoassimilados
e ao menor desenvolvimento das sementes.
Como resultado, a ocorrência de seca durante o florescimento das culturas leva à
redução do número de sementes.
Impacto das mudanças climáticas na agricultura
Alguns estudos já foram e outros estão sendo realizados para analisar os impactos
econômicos das mudanças climáticas na agricultura.
Esses estudos mostram a redução de produtividade das principais culturas afetadas pelo
aumento da temperatura ou alteração no ciclo da água.
No caso do milho, o principal fator é o menor período para o enchimento dos grãos. Já
no caso da soja, as perdas são relacionadas ao menor ciclo de cultivo, reduzindo também
o período de enchimento de grãos.
Veja nas tabelas abaixo o impacto das mudanças climáticas nas atuais áreas de “baixo
risco” adequadas ao cultivo.
relação entre clima e agricultura

RECE – Relatório Especial sobre os Cenários de Emissões


(Fonte: Margulis et al., 2010)
relação entre clima e agricultura

(Fonte: Banco Mundial)


Planejamento climático de precisão
Depois de tudo que vimos neste artigo, sabemos como é importante fazer o planejamento
da lavoura levando em consideração as condições climáticas.
Para isso, deve-se alinhar cada vez mais o clima com a agricultura, contando com
ferramentas que auxiliem na tomada de decisão.
Hoje, já é possível ter acesso a diversas informações sobre o clima de sua propriedade.
Você pode usar diversos aplicativos para isso, como por exemplo, o Aegro que é
integrado com o Climatempo.
No software de gestão rural, além de ter o controle das operações da fazenda, é possível
ter acesso aos seguintes dados meteorológicos:
Previsões de 24h (temperatura, velocidade e direção do vento);
Previsões de 15 dias (janela de pulverização, temperatura, probabilidade e precipitação
de chuva, umidade e evapotranspiração, vento e rajada);
Históricos de 1 mês (pluviométrico, precipitação e precipitação acumulada).

Integração Climatempo Aegro

A meteorologia na gestão do agronegócio


Isso é crucial para o agronegócio, tanto no que diz respeito aos grandes latifúndios,
quanto aos pequenos produtores. A seguir, iremos mostrar como a meteorologia pode
contribuir para o bom desempenho da sua produção agrícola.

Conceito de meteorologia
Meteorologia é a ciência que estuda todos os fenômenos atmosféricos da Terra, o que
inclui a previsão do tempo e a climatologia. Quando aplicada ao agronegócio, a
meteorologia pode ser muito útil no estabelecimento do rendimento agrícola, o balanço
energético do ecossistema, entre outras contribuições.

Quais as tecnologias empregadas na meteorologia?


Metos Brasil - Estações meteorológicas são instrumentos e sensores instalados em locais planos para colher dados
que servirão para a análise do tempo e do clima.

Assim, além da temperatura do ar, esses equipamentos são capazes de coletar:

Direção e a velocidade dos ventos;


Umidade relativa do ar;
Radiação solar;
Regime de chuvas;
Entre vários outros fatores atmosféricos.

Detectores de raios
Esses equipamentos são fundamentais para o agronegócio, uma vez que essa atividade
é comumente realizada a céu aberto, ambiente de incidência de raios. Assim, uma
detecção precoce dos raios pode prevenir problemas tanto com as pessoas envolvidas
na atividade, quanto nas criações e plantações.

A atuação dos detectores de raios é baseada na instalação de antenas capazes de


detectar mudanças eletromagnéticas na troposfera com uma precisão bastante alta.

Uso de satélites
Satélites são sensores bastante sensíveis capazes de detectar variações de
temperatura, ainda que pequenas, sendo instalados, comumente, a 800 km de altitude.
Eles detectam e monitoram o avanço de queimadas, por exemplo. Estes são grandes
aliados da meteorologia.

Satélite na órbita da terra.


Satélites meteorológicos monitoram a Terra em órbita. Detectam, por exemplo variações
de temperatura.
Radiossondas
São equipamentos empregados principalmente na detecção da direção do vento, da
temperatura, pressão e umidade do ambiente.

Monitoramento náutico
É utilizado para obter informações climáticas oceânicas.

Como o monitoramento meteorológico pode ser feito


Dados meteorológicos podem ser obtidos facilmente, por meio de órgãos especializados.
Abaixo, listamos algumas das possibilidades que podem ser utilizadas para analisar o
tempo:

Boletins de tempo
Essa é a forma mais simples de acompanhar as condições meteorológicas, já que os
boletins do tempo são amplamente divulgados pelos mais variados veículos da mídia:
TV, rádio, internet, jornais entre outros.

Homem acessa informações do tempo pelo notebook.


É possível acompanhar a condição da meteorologia pela internet.
Porém, o ponto negativo dos boletins do tempo é o seu curto alcance, por transmitir
informações relativas a curtos espaços de tempo, a previsibilidade necessária para o
sucesso do agronegócio fica prejudicada.

Uso de alertas
Alguns órgãos públicos, como a Defesa Civil, podem transmitir alertas aos celulares
sobre eventos climáticos de grande porte.

Previsão de curto prazo


Essas previsões, realizadas com base em cálculos e simulações baseadas em
informações atuais da atmosfera, fornecem dados úteis para a tomada de decisões
imediatas.

Previsão de longo prazo


Tecnologia meteorológica pode ser utilizada para fazer previsões a longo prazo, incluindo
informações relativas a várias semanas, meses ou estações inteiras. Assim, é possível
planejar safras de anos que ainda virão, a ocorrência de fenômenos naturais de grande
porte, como El Niño e La Niña, ou a análise de ocorrência de chuvas em longos períodos
do tempo.

Quais as vantagens de fazer monitoramento meteorológico no agronegócio?


Evitar prejuízos
Quando se tem controle sobre o comportamento de alguns eventos naturais, tais como
o posicionamento do vento e o comportamento da chuva, por exemplo, é possível ter
controle sobre atividades fundamentais no agronegócio, tais como a aplicação de
pesticidas, a plantação de espécies adequadas ao clima, entre outros.

Chuva ameaçando plantio agrícola


Chuva intensa pode afetar diretamente o agronegócio. Ter uma informação antecipada
da meteorologia pode reduzir prejuízos.
É importante ressaltar que o agronegócio é o setor da economia que sofre mais impactos
com desastres naturais, daí a extrema importância do estudo da meteorologia.

Melhor planejamento
Planejamento estratégico é de extrema importância para o agronegócio. Muitas
atividades, como a irrigação, o preparo do solo e a semeadura, por exemplo, só devem
ser planejadas e realizadas com base em fatores climáticos.

Além disso, fatores climáticos podem interferir no comportamento do consumidor, o que


permite que a produção seja direcionada para os produtos com maior procura.

Maior produtividade
Com o planejamento estratégico sendo feito de acordo com as condições climáticas, as
ações passam a ser bem executadas e a produtividade aumenta, isso faz com que a
meteorologia gere mais lucro para o negócio.

Construção de histórico da propriedade agrícola


Controle de fatores climáticos e seu registro adequado, permitem a construção de um
histórico dos acontecimentos da propriedade, o que gera um modo de ação padronizado,
caso os eventos se repitam.

Competitividade
Sabemos que o agronegócio tem se tornado, nos últimos anos, um ambiente bastante
competitivo e o diferencial para o bom posicionamento no mercado pode ser o controle
e a aplicação de ferramentas tecnológicas para a melhora da produção. Nesse sentido,
prever acontecimentos climáticos permite maior crescimento e lucratividade.

Importância do seguro meteorológico


Apesar de eficientes, as ferramentas de previsão e controle climatológico podem não ser
suficientes para proteger a produção agropecuária. Um desastre climático repentino,
como chuvas mais intensas que o esperado, queda de granizo ou alagamentos, por
exemplo, pode destruir o trabalho de anos, colocando em risco, inclusive, a continuidade
das atividades naquela propriedade.
Homem mostra granizo com as mãos
Apesar de todos os avanços da meteorologia, fenômenos da natureza, como granizo,
prejudicam o agronegócio.
Assim, a adesão a um seguro rural que cubra a sua produção pode fazer muita diferença
para seus negócios, uma vez que protege o investimento realizado pelo produtor no
plantio, manutenção e colheita da lavoura, reduzindo os riscos da produção agrícola,
podendo optar por uma cobertura voltada para a agricultura, para a pecuária, ou até
mesmo por um seguro de vida aos envolvidos na produção. É fundamental que o
produtor escolha pelo tipo de seguro mais adequado ao perfil do seu negócio.

Referencias:

Embrapa
CNM

Você também pode gostar