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durante um dia e que efetivamente contribuíram de maneira positiva com o metabolismo do organismo considerado.
O efeito térmico é fundamental para a produção das frutíferas de clima temperado, que necessitam entrar em
repouso durante o inverno, e para tal exigem certo número de horas de frio, para quebrar a dormência das gemas e
retomarem o crescimento vegetativo e o desenvolvimento após o inverno. O fotoperíodo (número máximo possível
de horas de brilho solar) é outro condicionante ambiental que exerce influência no desenvolvimento das plantas,
pois algumas espécies só iniciam a fase reprodutiva quando da ocorrência de um valor crítico de fotoperíodo por
elas exigido. O ritmo anual desses elementos permite a escolha de melhores épocas de semeadura, visando ajustar o
ciclo das culturas anuais às melhores condições locais de clima, minimizando-se riscos de adversidades
meteorológicas, para que expressem sua potencialidade produtiva.
O ciclo vital dos fitopatógenos é constituído por fases típicas, e no caso de fungos, por exemplo: pré-
penetração, penetração, pós-invasão, e liberação/dispersão de esporos. Com exceção da pós-invasão, as outras fases,
por ocorrerem fora da planta, são totalmente dependentes das condições ambientais, pois temperatura e duração do
molhamento da parte aérea das plantas, por orvalho ou chuva, são essenciais para a germinação dos esporos e sua
penetração nos tecidos vegetais. O vento e a chuva atuam como agentes de dispersão carregando esporos, além do
vento causar lesões nas plantas, por atrito e agitação, e que favorecem a penetração de patógenos nos tecidos.
Conhecendo-se os efeitos desses elementos condicionantes das infestações, pode-se inferir a existência de condições
ambientais favoráveis ou não para ocorrência de pragas e de doenças, como base para seu controle e orientação
quanto a esquemas de alerta fitossanitários eficientes, econômica e ambientalmente, e de aplicação de defensivos
agrícolas.
A disponibilidade de água depende do balanço entre chuva e evapotranspiração, sendo esta última
dependente das condições da superfície (tipo de cobertura, tipo de solo) e da demanda atmosférica (disponibilidade
energética, umidade do ar, e velocidade do vento). A disponibilidade hídrica no solo pode ser quantificada pelo
balanço hídrico climatológico, evidenciando as flutuações temporais de períodos com excedente e com deficiência,
permitindo planejamento das atividades agrícolas, visando minimizar perdas. Também o teor de açúcares, a
qualidade de bebida e de fibras, e o aspecto dos frutos são afetados pelas condições ambientais. As exigências
hídricas das culturas e sua relação com as condições ambientais embasam o suporte ao planejamento e quantificação
da irrigação.
As condições meteorológicas representam fatores exógenos que afetam a fecundidade, o período de
gestação e, portanto, a eficiência reprodutiva dos animais. Durante sua vida, o animal responde diretamente às
condições físicas do ambiente, que podem lhe causar estresse físico por excesso ou deficiência de chuvas, por
temperaturas elevadas ou baixas, por ventos fortes e constantes. As condições de conforto térmico afetam
diretamente seu ganho de massa corporal (produção de carne), bem como de outros produtos (leite e ovos), além da
sua qualidade (lã). Há também efeitos indiretos, causados pelo clima, sobre o crescimento das pastagens e surtos de
doenças.
1.5. Perspectivas
Com a crescente tendência na tentativa de se minimizar os efeitos adversos da exploração agrícola sobre
o ambiente, com os consumidores impondo restrições e especificando condições de produção de alimentos, o
planejamento do uso da terra com base nos aspectos forçantes do clima procura fornecer elementos para
desenvolvimento da agricultura sustentável. A delimitação da aptidão das regiões aos cultivos quanto ao fator clima
resulta no Zoneamento Agroclimático. Essa delimitação climática, juntamente com a aptidão edáfica (solos),
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compõem o Zoneamento Agroecológico (clima e solo), que se juntando ao levantamento das condições sócio-
econômicas, definem o Zoneamento Agrícola, base para o planejamento racional do uso da terra.
Desde a semeadura até a colheita, os tratos culturais (aplicação de defensivos, irrigações, movimento de
máquinas agrícolas, etc.) são condicionados pelas condições ambientais. Logo, a tomada de decisões e o
planejamento de operações cotidianas dependem do conhecimento das condições meteorológicas prevalecentes. O
acompanhamento diário dessas condições e a utilização da previsão do tempo constitui-se em ferramenta
fundamental para a operacionalização das atividades agrícolas. A esse monitoramento diário das condições
ambientais existentes e à elaboração de informes específicos denomina-se de Agrometeorologia Operacional. Essa é
uma atividade em que se procura estabelecer harmonia entre as condições reinantes, a previsão meteorológica, e as
atividades necessárias para bom desempenho econômico. Essa é uma maneira prática de se reduzir o impacto
agroambiental imposto pela exploração desenfreada dos recursos naturais, na tentativa de se prover alimentos,
energia, e fibras para uma população crescente.
Resumindo, a Agrometeorologia tem sua principal aplicação no planejamento e na tomada de decisões
numa propriedade agrícola, seja na produção animal ou vegetal, sendo ferramenta indispensável àqueles envolvidos
no processo produtivo rural.
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35 250
30
Temperatura do ar (o C)
200
Chuva (mm/mês)
25
20 150
15 100
10
50
5
0 0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Figura 2.1. Seqüenciamento dos valores normais (1917 - 1999) de temperatura do ar e chuva em Piracicaba, SP.
Uma escala maior de variação das condições meteorológicas é a anual, que é devida ao posicionamento
relativo entre a Terra e o Sol, gerando as estações do ano. As diferenças sazonais são mais intensas à medida que se
afasta da linha do Equador. Na região equatorial, em função de uma certa constância de incidência da radiação solar
ao longo do ano, as distinções entre as estações são menos intensas. À medida que se caminha em direção aos pólos,
há acentuação nessa intensidade. Note-se que a radiação solar é o principal elemento controlador das variações tanto
na escala diária como na anual. Essas são variações que ocorrem com uma periodicidade (ciclo) previsível.
Nesse ponto, é importante fazer distinção entre as variações que ocorrem rotineiramente e aquelas que
indicam mudanças no clima. Quando se fala em mudança climática, fala-se de tendências que ocorrem nas
condições regionais, num período razoavelmente longo de tempo (décadas, séculos), para uma grande região. Os
causadores dessa mudança são os fenômenos naturais (vulcões, atividade solar), sem qualquer influência humana, e
mais aqueles desencadeados realmente pelas atividades humanas (desmatamento, poluição, urbanização). Por
exemplo, a necessidade de incorporar novas áreas na produção de alimentos pressiona o desmatamento e sua
substituição por plantas de ciclo menor, com impacto sobre o clima local e regional.
A Figura 2.2 é uma representação da variação do total anual de chuvas ocorridas em Piracicaba, SP, desde
1917 até 1999. Percebe-se que períodos razoavelmente longos (15 a 25 anos) de tendência de aumento foram
interrompidos por quedas bruscas nos totais de chuvas. Nota-se que, de 1917 até 1930 houve aumento significativo
no total de chuva anual que passou de 1110mm para cerca de 1600mm. Embora tenha ocorrido uma flutuação muito
grande, a tendência geral foi de aumento. Entre 1933 e 1948, houve tendência semelhante ao período anterior. Entre
1952 e 1965, e entre 1969 e 1975 a tendência de aumento se repetiu. De 1977 até 1982, houve um aumento brusco
seguido de uma queda igualmente brusca. De 1983 até 1999, a flutuação esteve ao redor do valor médio. A
tendência do século como um todo foi de leve aumento no total anual das chuvas. O pico de chuva de 1983
(2018mm) foi imediatamente após o episódio do El Niño mais intenso até então, e as chuvas de outono-inverno
representaram 45% do total anual. Nota-se, por este exemplo, que a análise de períodos relativamente curtos (10 a
20 anos) invariavelmente conduz a conclusões inconsistentes.
2200
2000
1800
Total Anual (mm/ano)
1600
1400
1200
1000
800
600
1918
1923
1928
1933
1938
1943
1948
1953
1958
1963
1968
1973
1978
1983
1988
1993
1998
2003
Essa análise mostra que o total anual de chuvas em Piracicaba, SP teve pouco efeito da substituição da
floresta nativa por cultivos agrícolas, principalmente pela cana-de-açúcar. Isso pode ser visto na Figura 2.3 que
mostra a variação do total anual de chuvas em Campinas, SP, desde 1890 até 1992, e da porcentagem de cobertura
florestal no Estado de São Paulo, que caiu de mais de 60%, no início do século, até cerca de 15% no final (Sentelhas
et al., 1994). Comparando-se as Figuras 2.2 e 2.3, observa-se que o mesmo fato ocorreu em Piracicaba, onde as
chuvas seguiram o mesmo ritmo encontrado em Campinas. No entanto, isso não é prova de que não haja tal
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associação, mas apenas que a localização geográfica da região mascarou qualquer associação entre porcentagem de
cobertura florestal e índices pluviométricos, nos dois locais.
Figura 2.3. Média móvel (ordem 10) da chuva anual em Campinas, SP, e a porcentagem de cobertura
florestal do Estado de São Paulo, desde 1890 até 1992. Adaptado de Sentelhas et al. (1994)
Análise semelhante deve ser feita com a temperatura do ar. É obvio que tais tendências adquirem
importância quando diversos locais mostram variações num mesmo sentido (aumento ou decréscimo). No entanto, é
importante ter em mente que algumas tendências detectadas num local podem indicar que o fenômeno seja global,
como é o caso do aumento da concentração de CO2 atmosférico, no Havaí (ver Capítulo 3).
No período de um ano, a Terra percorre aproximadamente 9,4 108 km ao redor do Sol, ou seja, ela possui
velocidade média de ≈ 30 km/s. Pela Segunda lei de Kepler, que diz que uma linha ligando a Terra ao Sol descreve
áreas iguais em tempos iguais, deduz-se que a velocidade é maior no periélio, quando a linha é menor, e menor no
afélio, quando a linha é maior.
Os movimentos aparentes do Sol em torno da Terra originam, também, uma variação espacial (no sentido
latitudinal) e temporal (durante o ano) da duração do período em que o Sol permanece acima do plano do horizonte
em um ponto sobre a superfície da Terra (Fotoperíodo, ver Capítulo 5 – item 5.6, e Tabela 5.1). Esse fenômeno
pode ser ilustrado pelo arco que o Sol descreve diariamente em torno do horizonte geográfico de um local, nas
várias épocas do ano. A Figura 2.5 ilustra o efeito combinado do movimento de translação com a inclinação do eixo
da Terra. A área clara do globo terrestre representa a área iluminada pelos raios solares. Verifica-se que durante os
Solstícios, o Sol estando acima ou abaixo da linha do equador terrestre, as áreas iluminadas são diferentes nos dois
hemisférios. No Solstício de verão para o hemisfério sul (22/12), este hemisfério fica iluminado por mais tempo que
o hemisfério norte. Imaginando-se o movimento de rotação da Terra, percebe-se que naquela data a região do
círculo polar sul fica iluminada continuamente, ou seja, o Sol não se pôe abaixo do horizonte. Enquanto isso ocorre
no sul, no círculo polar norte o Sol não aparece acima do horizonte. Seis meses depois, em 22/06, a situação se
inverte com o Sol sempre brilhando no círculo polar norte, e sempre abaixo do horizonte no pólo sul.
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Durante os Equinócios, quando o Sol está sobre a linha do equador, em todos os locais da Terra, a área
iluminada terá a mesma duração, ou seja, cerca de 12 horas de fotoperíodo.
N
Solstícios
N
22/06 22/12
S S
Inverno Verão
N N
23/09 21/03
S S
Primavera Equinócios Outono
Figura 2.5. Variação anual do fotoperíodo em função do movimento de translação da Terra.
Adaptado de Azevedo (1961).
A duração do fotoperíodo, além de sua importância em determinar o total diário de radiação solar incidente
sobre um local na Terra (ver Capítulo 5 – Radiação Solar), é importante fator ecológico, pois grande número de
espécies vegetais apresenta processo de desenvolvimento que responde a esse fator (fotoperiodismo). Por exemplo,
plantas perenes adaptadas a climas frios respondem a estímulos do fotoperíodo, pois são freqüentes as ocorrências
de curtos períodos com elevação súbita da temperatura durante o inverno. Se essas plantas responderem apenas a
estímulos de temperatura, elas sofrerão danos térmicos logo que a temperatura voltar ao normal do inverno.
Portanto, o fotoperíodo funciona como um estímulo que a planta percebe tanto para iniciar seu período de repouso
como para retornar ao período vegetativo.
A Figura 2.6, mostra como três observadores em três posições (latitudes) diferentes, sendo um no
hemisfério norte (12° N) e dois no hemisfério sul (12° S e 30° S), vêem o Sol ao meio-dia, no transcorrer de seu
caminhamento aparente N – S ao longo do ano. Os observadores situados entre os trópicos terão o Sol passando a
pino, sobre suas cabeças, duas vezes por ano (Figura 2.6a, b), enquanto que aquele situado ao sul do Trópico de
Capricórnio nunca observará tal condição (Figura 2.6c). O plano do horizonte é imaginário e tangencia a superfície
terrestre no ponto de observação, sendo perpendicular à linha do Zênite (linha imaginária que liga o centro da Terra
e o ponto na superfície, prolongando-se ao espaço acima do observador). O ângulo formado pela linha vertical
imaginária que passa pela cabeça do observador e os raios solares é chamado de Ângulo Zenital (Z). A Figura 2.6
ilustra os valores de Z ao meio-dia local, nas situações mais características das relações Terra – Sol, para os três
observadores.
Com os movimentos da Terra, verifica-se que os raios solares atingem a superfície terrestre com diferentes
ângulos zenitais, em diferentes horas e épocas do ano. Num instante qualquer, o ângulo zenital Z (Figura 2.7)
determina a quantidade de energia solar que atinge a superfície terrestre. Tomando-se como referência uma área
unitária (AN) igual a 1 m2, quando os raios solares incidem perpendicularmente sobre ela, a quantidade de energia
solar S se distribui sobre 1 m2, determinando uma intensidade IN = S / AN. Quando os raios solares se inclinam a
mesma energia S se distribui sobre uma área maior (AZ), resultando numa intensidade IZ = S / AZ. A relação IZ / IN =
AN / AZ = cos Z define a Lei do Cosseno de Lambert. Desse modo, se Z = 0°, IZ é igual a IN, pois cos 0° = 1. Quando
Z = 90o, condição observada no nascer e no pôr do sol, IZ é igual a zero (cos 90° = 0). Essa lei possibilita o
entendimento do porquê da variação diária e sazonal da intensidade da radiação solar.
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o 27
’ 12 o
11 ’
o 27
35
b
o 11 o
12 2 7’
35 o
2 7’
c
o 3’
63
30 o
5 3 o2 7’
o
Trópico de Câncer Equador - Tróp. de Capricórnio 30 S
(23o 27’N) - 22/06 21/03 e 23/09 o
(23 27’S) - 22/12
Figura 2.6. Como três observadores vêem o sol ao meio dia, estando em diferentes latitudes e épocas do ano.
Zênite
S
Z A
N
Z
Az
Figura 2.7. Ângulo zenital (Z).