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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................07
2. BRUSONE ................................................................................................................09
2.1 Sintomas .................................................................................................................09
2.2 Etiologia ..................................................................................................................12
2.3 Controle...................................................................................................................13
3. MAL DO COLO .........................................................................................................15
3.1 Sintomas..................................................................................................................15
3.2 Etiologia...................................................................................................................15
3.3 Controle...................................................................................................................16
4. QUEIMA DAS GLUMELAS.......................................................................................16
4.1 Sintomas..................................................................................................................17
4.2 Etiologia...................................................................................................................17
4.3 Controle ..................................................................................................................18
5. MANCHA PARDA......................................................................................................18
5.1 Sintomas..................................................................................................................19
5.2 Etiologia...................................................................................................................20
5.3 Controle...................................................................................................................21
6. ESCALDADURA........................................................................................................22
6.1 Sintomas..................................................................................................................23
6.2 Etiologia...................................................................................................................24
6.3 Controle...................................................................................................................25
7. FALSO CARVÃO ou CARVÃO VERDE...................................................................26
7.1 Sintomas..................................................................................................................26
7.2 Etiologia...................................................................................................................27
7.3 Controle...................................................................................................................27
8. MANCHA ESTREITA................................................................................................27
8.1 Sintomas..................................................................................................................28
8.2 Etiologia...................................................................................................................29
8.3 Controle...................................................................................................................29
9. MANCHA DE GRÃOS...............................................................................................30
9.1 Sintomas..................................................................................................................30
9.2 Controle ..................................................................................................................31
10. QUEIMA DAS BAINHAS.........................................................................................31
10.1 Sintomas................................................................................................................32
10.2 Etiologia.................................................................................................................34
10.3 Controle.................................................................................................................35
11. PONTA BRANCA....................................................................................................35
11.1 Sintomas................................................................................................................35
11.2 Etiologia.................................................................................................................36
11.3 Controle.................................................................................................................37
12. PODRIDÃO DO COLMO.........................................................................................37
13. CARIE DO ARROZ (Carie-do-grão) .......................................................................38
13.1 Sintomas................................................................................................................39
13.2 Etiologia.................................................................................................................40
13.3 Ciclo da doença e epidemiologia...........................................................................40
13.4 Controle.................................................................................................................41
14. VÍRUS-DO-ENROLAMENTO-DO-ARROZ............................................................41
14.1 Sintomas................................................................................................................42
14.2 Controle ................................................................................................................44
15. CONCLUSÃO..........................................................................................................45
16. REFERÊNCIAS.......................................................................................................46
1. INTRODUÇÃO

O arroz (Oryza sativa L.) é uma das fontes alimentícias mais importantes
para metade da população mundial. No Brasil, a cultura é cultivada em todos
os Estados com sua produção concentrada nas regiões Centro-Oeste e Sul
(FERREIRA; VILLAR, 2004).
Caracteriza-se por ser uma espécie hidrófila, cujo processo evolutivo
tem levado à sua adaptação as mais variadas condições ambientais. De uma
maneira mais abrangente, são considerados dois grandes ecossistemas para a
cultura, que são o de várzeas e de terras altas, englobando todos os sistemas
de cultivo de arroz no país. (VIEIRA et al. 1999)
No Brasil, a maior parcela de produção é proveniente do ecossistema de
várzeas, onde a orizicultura irrigada é responsável por 69% da produção
nacional, uma vez que não é tão dependente das condições climáticas em
relação ao cultivo de terras altas. No país, há 33 milhões de hectares de
várzeas, com topografia e disponibilidade de águas propícias à produção de
alimentos, entretanto, apenas 3,7% dessa área são utilizados para a
orizicultura (GUIMARÃES et al., 2006).
O Brasil é o nono produtor mundial, o arroz é cultivado em todas as
regiões, sob diversos ecossistemas, tanto em terras altas como em várzeas. A
produção e a produtividade aumentaram nos últimos anos. Porém, se
consideradas as estatísticas até a década de 70, as médias eram muito baixas.
Atualmente, mesmo com ganhos expressivos na produtividade, a média ainda
está muito aquém da dos países mais evoluídos na exploração deste cereal.
Deve-se considerar que, apesar de o Brasil ser o maior produtor de arroz em
regime de terras altas do mundo, neste sistema há muito que ser feito no que
se refere à adoção de tecnologias. (VIEIRA et al. 1999)
As doenças de importância econômica no Brasil são relativamente
poucas, mas bastante prejudiciais, tanto em arroz de sequeiro como em
irrigado, e variam de acordo com o clima e com o solo. (EMBRAPA, 1995).
Várias doenças, principalmente as causadas por fungos, incidem na
cultura do arroz nos sistemas de plantios de terras altas, várzea e irrigado. A
incidência e severidade de cada doença variam em função do manejo da água,
da adubação, da resistência das cultivares e das condições ambientais. As
principais doenças da cultura no Brasil são a brusone, mancha-de-grãos,
mancha-parda e escaldadura das folhas (CORNÉLIO et al., 2004). Segundo
Balardin e Borin (2001) a redução no rendimento da cultura causados por
manchas foliares podem ser de até 50%. Vale ressaltar que existem algumas
doenças que ocasionam redução na produtividade em ambientes específicos
e outras não apresentam danos econômicos consideráveis, a exemplo disso
temos, queima das bainhas, manha estreita, carvão, vírus-do-enrolamento-do-
arroz, carvão verde, carie-do-grão e queima das glumelas. É importante
lembrar que a cultura do arroz de terras altas, é afetada por doenças
durante todo seu ciclo, que reduzem a produtividade e a qualidade
dos grãos.
A incidência e a severidade das doenças dependem da
ocorrência do patógeno virulento, do ambiente favorável e da
suscetibilidade da cultivar. Mais de 80 doenças causadas por patógenos,
incluindo fungos, bactérias, vírus e nematoides, foram registradas na literatura,
em diferentes países. O manejo integrado dessas doenças requer um conjunto
de medidas preventivas, cujos componentes são a resistência genética da
cultivar, as práticas culturais e o controle químico, tendo por objetivo o aumento
da quantidade e da qualidade do produto pela redução da população do
patógeno a níveis toleráveis. (PRABHU et al., 2006)
2. BRUSONE
Magnaporthe grisea (T.T. Hebert) Yaegashi & Udagawa (Pyricularia
grisea (Cooke) Sacc. = P oryzae Cavara).
A brusone é considerada a doença mais importante do arroz. Os
primeiros registros sobre sua ocorrência datam de 1600 e foram feitos na
China. O termo brusone é adaptado do italiano “bruzone” e foi adotado na
tradução para a língua portuguesa. Na Europa, a doença é conhecida de longa
data, tendo sido relatada na Itália em 1828. Em inglês é chamada de “blast”,
em razão da queima das folhas que provoca quando ocorre de modo severo. A
distribuição da doença é bastante ampla, sendo encontrada em praticamente
todas as regiões onde o arroz é cultivado em escala comercial. As perdas são
variáveis em função da variedade cultivada e dos fatores climáticos
prevalecentes nas áreas de cultivo. No Brasil, alguns dados revelam perdas no
peso de grãos da ordem de 8-14%, enquanto índices de 19-55% de espiguetas
vazias foram observados em experimentos conduzidos em condições de
campo. (BEDENDO et al., 2005)

2.1 Sintomas
A brusone pode ocorrer em todas as partes aéreas da planta, desde os
estádios iniciais de desenvolvimento até a fase final de produção de grãos. Nas
folhas, os sintomas típicos iniciam-se por pequenos pontos de coloração
castanha, que evoluem para manchas elípticas, com extremidades agudas, as
quais, quando isoladas e completamente desenvolvidas, variam de 1-2 cm de
comprimento por 0,3-0,5 cm de largura. Estas manchas crescem no sentido
das nervuras, apresentando um centro cinza e bordos marrom-avermelhados,
às vezes circundadas por um halo amarelado. O centro é constituído por tecido
necrosado sobre o qual são encontrados as estruturas reprodutivas do
patógeno. A dimensão do bordo está diretamente relacionada com a
resistência da variedade e com as condições climáticas, sendo estreita ou
inexistente em variedades muito suscetíveis. As manchas individualizadas
podem coalescer e tomar áreas significativas do limbo foliar; neste caso,
aparecem grandes lesões necróticas, que se estendem no sentido das
nervuras. A redução da área foliar fotossintetizante tem um reflexo direto sobre
a produção de grãos. Quando a doença ocorre severamente nos estádios
iniciais de desenvolvimento da planta, o impacto é tão grande que a queima
das folhas acaba por levar a planta à morte. (BEDENDO et al., 2005)
Nos colmos, mais precisamente na região dos entrenós, os sintomas
evidenciam-se na forma de manchas elípticas escuras, com centro cinza e
bordos marrom-avermelhados. As manchas crescem no sentido do
comprimento do colmo, podendo atingir grandes proporções. Esporos do
patógeno podem estar presentes sobre o tecido necrosado das lesões.
Os sintomas característicos nos nós são lesões de cor marrom, que
podem atingir as regiões do colmo próximas aos nós atacados. As lesões
provocam ruptura do tecido da região nodal, causando a morte das partes
situadas acima deste ponto e a quebra do colmo, que, no entanto, permanece
ligado à planta.
Nas panículas, a doença pode atingir a raque, as ramificações e o nó
basal. As manchas encontradas na raque e nas ramificações são marrons e
normalmente não apresentam forma definida; os grãos originados destas
ramificações são chochos. A infecção do nó da base da panícula é conhecida
como brusone do pescoço e tem um papel relevante na produção. O sintoma
expressa-se na forma de uma lesão marrom que circunda a região nodal,
provocando um estrangulamento da mesma. Quando as panículas são
atacadas imediatamente após a emissão até a fase de aparecimento de grãos
leitosos, a doença pode provocar o chochamento total dos grãos; as panículas
se apresentam esbranquiçadas e eriçadas, sendo facilmente identificadas no
campo. Quando as panículas são infectadas mais tardiamente, ocorre redução
no peso dos grãos ou a quebra da panícula na região afetada, caracterizando o
sintoma conhecido por pescoço quebrado”. (BEDENDO et al., 2005)
Os grãos, quando atacados, apresentam manchas marrons localizadas
nas glumas e glumelas, as quais são facilmente confundidas com manchas
causadas por outros fungos. Além da infecção externa, o patógeno pode atingir
o embrião, sendo veiculado também internamente à semente.
Fonte: Embrapa
Sintomas de Brusone em Folha de Arroz

Fonte: Embrapa
Sintomas de Bruzone do pecoço de arroz
Fonte: Embrapa
Brusone na panícula

2.2 Etiologia
O agente causal da brusone é o fungo Magnaporthe grisea, que
corresponde ao estádio anamórfico Pyricularia grisea (=P oryzae). Os conídios
são caracteristicamente piriformes, apresentando a base arredondada do ápice
mais estreito. Normalmente são encontrados dois septos por esporo; um ou
três septos raramente são observados. O conídio é hialino e geralmente
germina a partir da célula apical ou basal; germinação da célula central é pouco
frequente. Apressório é formado na extremidade do tubo germinativo. As
colônias são muito variáveis quanto à densidade e à cor do micélio: são
encontradas desde colônias ralas até cotonosas e desde colônias
esbranquiçadas até acinzentadas escuras, em função do meio de cultura e do
isolado do fungo.
Alguns fatores do ambiente podem influenciar o desenvolvimento do
fungo. A temperatura ótima para esporulação está em torno de 28°C, embora
possa ocorrer esporulação desde 10 até 35°C. A liberação de esporos não é
muito influenciada pela temperatura e normalmente ocorre na faixa de 15 a
35°C. Em relação à germinação, temperaturas compreendidas entre 25 e 28°C
favorecem o processo. Quanto à umidade, a produção de conídios sobre as
lesões tem início quando a umidade relativa atinge no mínimo 93%. Para a
germinação, há necessidade de água livre, pois raramente o esporo germina
sob condições de ar saturado. O desenvolvimento do micélio é favorecido por
umidade relativa próxima de 93%. A luz também pode ter influência sobre o
micélio e os esporos. Embora o crescimento do micélio, a germinação de
conídios e a elongação do tubo germinativo sejam processos inibidos pela luz,
a alternância da mesma tem um papel importante sobre a produção de
esporos. Estes começam a ser liberados tão logo escureça, alcançam um
máximo em poucas horas e praticamente cessam na alvorada; sob condições
de luz ou escuro contínuo a esporulação cai a níveis muito baixos, voltando a
aumentar quando os períodos de luz e escuro novamente voltarem a se
alternar. (BEDENDO et al., 2005)
O fungo apresenta uma variabilidade muito grande em relação a
características culturais, exigências nutricionais e patogenicidade. Uma série
de trabalhos tem demonstrado a ocorrência de variabilidade mesmo dentro de
isolados monospóricos. Várias raças patogênicas têm sido identificadas através
de reações de variedades de arroz inoculadas com isolados monospóricos.
O patógeno pode sobreviver, na forma de micélio ou conídio, em restos
de cultura, sementes, hospedeiras alternativas e plantas de arroz que
permanecem no campo. A disseminação ocorre principalmente através do
vento. Uma vez depositado na superfície da planta e na presença de água livre,
o conídio germina, produzindo tubo germinativo e apressório. A penetração é
feita diretamente através da cutícula, raramente pelos estômatos. A
colonização dos tecidos é facilitada por toxinas, que provocam a morte de
células, e por hifas, que se desenvolvem no tecido morto.

2.3 Controle
A severidade da brusone depende de uma série de condições
relacionadas à resistência do hospedeiro, à presença de raças do patógeno e à
prevalência de fatores do ambiente favoráveis ou não à doença.
As variedades plantadas no sistema de sequeiro são, de maneira geral,
mais suscetíveis do que aquelas cultivadas no sistema irrigado. Em razão da
variabilidade do patógeno, a resistência vertical tem sido constantemente
quebrada, sendo mais apropriado buscar a incorporação de resistência do tipo
horizontal, quando se deseja obter variedades resistentes.
A influência do ambiente é mais relevante para o arroz de sequeiro. No
sistema irrigado, a presença constante da lâmina de água no campo (mantendo
um microclima relativamente estável), o uso de insumos e defensivos e a
utilização de variedades com bom nível de resistência contribuem para diminuir
os riscos da doença. No sistema de sequeiro é comum a ocorrência de
deficiência hídrica, as variedades normalmente não possuem níveis desejáveis
de resistência e o uso de defensivos e insumos não é adequado. Assim, ênfase
maior será dada ao controle da doença para as condições de sequeiro.
(BEDENDO et al., 2005)
Em relação à instalação da cultura, é recomendado que o plantio seja
completado dentro de um período mínimo de tempo e iniciado no sentido
contrário à direção predominante do vento; que barreiras de mata sejam
mantidas dentro da área de plantio; que plantas de arroz remanescentes do
plantio anterior sejam eliminadas. Estes cuidados visam reduzir a disseminação
do patógeno na cultura. O uso de espaçamento e densidade adequados à
duração do ciclo das variedades contribui para o controle, pois promove o
arejamento da cultura, impedindo a formação de microclima favorável à
doença, além de evitar a competição por água e nutrientes, o que poder tornar
as plantas predispostas ao ataque do patógeno. (BEDENDO et al ., 2005)
A utilização de nitrogênio em excesso aumenta a suscetibilidade ao
patógeno nas folhas e nas panículas; por outro lado, sua deficiência pode
predispor as plantas à doença. O fósforo é um elemento importante para o bom
desenvolvimento da planta e, mesmo com a ocorrência da brusone, pode
contribuir para a produtividade da mesma. O potássio, aplicado no plantio,
desfavorece o patógeno, principalmente em solos deficientes.
Aspectos relacionados ao controle de ervas daninhas e à colheita
também têm sua importância. A cultura deve ser mantida no limpo para impedir
que estas plantas atuem como hospedeiros intermediários do fungo ou mesmo
tomem o microclima da cultura mais favorável ao patógeno. A colheita tardia
pode favorecer a infecção dos grãos por fungos saprófitas ou parasitas.
Recomenda-se que os grãos sejam colhidos com 22% de umidade ou quando
a panícula apresentar 2/3 dos grãos maduros.
O controle da brusone, tanto no sistema irrigado como no sistema de
sequeiro, envolve também o emprego de produtos químicos aplicados como
tratamento de sementes e em pulverização da parte aérea. Vários produtos
têm sido utilizados. A escolha dos mesmos pode ser feita de acordo com a
eficiência do fungicida, sua disponibilidade no mercado e economicidade.
Dentre os produtos comumente recomendados estão o benomyl, blasticidin-S,
carbendazin, carboxin, edifenphos, kasugamicina, kitazin, maneb, mancozeb,
thiabendazol, triciclazol e pyroquilon.

3. MAL DO COLO

Fusarium oxysporum (Schi.) Snyder & Hansen


O mal do colo do arroz é uma doença nova da cultura, tendo sido
relatada pela primeira vez em 1980, no Brasil. A doença foi inicialmente
observada em culturas de sequeiro instaladas em solos de cerrado, na região
centro-oeste. A frequência com que a doença apareceu nos plantios de 1979-
80 chamou a atenção dos pesquisadores, que passaram a investigar a sua
causa.

3.1 Sintomas
Os sintomas na parte aérea da planta caracterizam-se por leve
amarelecimento das folhas e retardamento no crescimento; estes sintomas são
mais evidentes aos 25 dias após o plantio. A diferença entre a altura das
plantas afetadas e sadias aumenta com o tempo. Tanto o amarelecimento das
folhas como a desuniformidade observada entre as plantas pode ser facilmente
confundida com deficiência nutricional, principalmente de nitrogênio. No
entanto, quando as plantas são arrancadas, pode ser observada uma
descoloração escura no nó basal do colmo, justamente na região de emissão
das raízes secundárias e adventícias; o nome da doença deriva deste
escurecimento do colo da planta. As plantas doentes apresentam o sistema
radicular pouco desenvolvido e produzem poucos perfilhos. Apesar do
subdesenvolvimento, as plantas afetadas raramente são mortas pela doença.
(BEDENDO et al., 2005)

3.2 Etiologia
O patógeno foi identificado como sendo Fusarium oxysporum, com base
na presença de microconídios, macroconídios e clamidósporos. Nos testes de
patogenicidade, sintomas idênticos aos observados no campo foram obtidos
somente para alguns isolados, sugerindo a ocorrência conjunta de isolados
patogênicos e saprofíticos. A ocorrência do patógeno também pode estar
associada a nematoides formadores de galhas nas raízes, pertencentes à
espécie Meloidogyne javanica.

3.3 Controle
A recomendação de medidas de controle exige maior conhecimento
sobre a doença. Em razão do aumento de sua importância nas regiões de
cerrado, principalmente quando o arroz é cultivado em rotação com pastagens
ou por 2-3 anos sucessivamente, seria prudente promover a rotação de cultura.

4. QUEIMA DAS GLUMELAS

Phoma sorghina (Sacc.) Boerema et al.


A queima de glumelas tem sido registrada em vários países e pode
causar perdas significativas, dependendo de condições climáticas. No Brasil, a
doença é considerada de menor importância. Assumiu, porém, sérias
proporções no ano agrícola de 79-80, na região centro-oeste. Anteriormente a
esta data, a doença vinha sendo observada desde 1975, em arroz de sequeiro,
porém sempre com baixa intensidade. A causa provável da epidemia de 79-80
foi a ocorrência de chuvas contínuas durante a fase de emissão de panículas.
Embora mais frequente em arroz de sequeiro, a queima das glumelas pode ser
encontrada esporadicamente em arroz irrigado. (PHABHU et al. 2006)
No ano da epidemia, avaliação feita em três campos severamente
atacados apontou perdas de produção da ordem de 29%, 41% e 45%. Estes
dados demonstram que, embora seja considerada de importância pequena, a
doença pode atingir proporções epidêmicas sob condições favoráveis,
principalmente se chuvas contínuas ocorrerem durante o período de emissão
de panículas pelas plantas.
4.1 Sintomas
O patógeno pode atacar as panículas desde o início da emissão até o
estádio de grão maduro. Quando ocorre infecção inicial, as panículas emergem
com grãos manchados, sendo estas manchas de coloração marrom-
avermelhada, que surgem na extremidade apical e gradualmente se espalham
por todo o grão. Quando a infecção aparece após a emergência das panículas,
durante a formação dos grãos, aparecem as manchas típicas de coloração
marrom-avermelhada com centro claro (cinza ou branco); sob condições de
umidade, numerosos picnídios podem ser encontrados sobre esta região clara
da mancha. Em alguns casos, pequenas manchas marrons do tamanho da
cabeça de um alfinete podem ser observadas nas glumelas. Em casos de
ataques severos, os grãos podem se apresentar parcialmente formados.
(PHABHU et al. 2006)

Fonte: Embrapa
Queima das Glumelas

4.2 Etiologia
O agente causal da queima das glumelas é o fungo Phoma sorghina, o
qual já foi chamado de Phyllosticta glumarum, P oryzina, P glumicola e P
orizicola. Este deuteromiceto apresenta picnídios globosos. Os conídios têm
forma ovalada a oblonga. Quando na presença de umidade, a massa de
conídios é liberada pelo picnídio na forma de um fluxo espiralado; este tipo de
extrusão permite reconhecer prontamente o patógeno.
A sobrevivência do fungo pode ocorrer em restos de cultura e sementes
contaminadas. As sementes constituem-se na principal via de disseminação do
patógeno, além de atuarem como fonte de inoculo primário.

4.3 Controle
O aparecimento esporádico da doença e a baixa intensidade de
ocorrência não justificam medidas específicas de controle. Variedades
inoculadas artificialmente mostraram diferentes graus de resistência; os
materiais mais resistentes poderão ser diretamente utilizados para plantio ou
em programas de incorporação de resistência. O uso de sementes
provenientes de lotes com boas condições de sanidade é altamente desejável;
o tratamento de sementes é recomendado como forma de reduzir o inóculo
eventualmente presente nas mesmas. (BEDENDO et al., 2005)

5. MANCHA PARDA

Cochliobolus miyabeanus Ito & Kuribayashi (Bipolaris oryzae Breda de


Haan). Sinonímia: Helminthosporium oryzae Breda de Haan e Dreschlera
oryzae Breda de Haan.
A mancha parda está amplamente distribuída nas regiões orizícolas do
mundo, sendo particularmente importante nas regiões tropicais. Em termos de
perdas, a doença carrega o estigma de ter causado a famosa “fome de
Bengala”, em 1942. Embora a doença tenha expressado seu potencial
destrutivo naquela ocasião, as perdas atribuídas a ela não são tão drásticas.
Chegam, porém, a ser significativas em função da suscetibilidade da variedade
e da ocorrência de condições ambientais favoráveis. A importância da mancha
parda tem sido subestimada pelo fato de ser frequentemente confundida com a
brusone. (PHABHU et al. 2006)
Os danos associados à doença são decorrentes da infecção dos grãos,
da redução na germinação das sementes, da morte de plântulas originadas de
sementes infectadas e da destruição de área foliar. As perdas de produção em
termos mundiais são muito variáveis. Redução da ordem de 30% já foi relatada
para ensaios conduzidos com seis variedades na região norte do Brasil. A
mancha parda normalmente ocorre tanto em culturas instaladas sob condições
irrigadas como de sequeiro.

5.1 Sintomas
Os sintomas são mais frequentemente encontrados nas folhas e nos
grãos, embora possam ser observados também no coleóptilo, nas ramificações
da panícula e na bainha. Nas folhas, as manchas jovens ou ainda não
totalmente desenvolvidas são arredondadas, de coloração marrom, pequenas.
As manchas típicas são ovaladas, de coloração marrom-avermelhada e
normalmente apresentam um centro cinza, onde podem ser encontradas as
estruturas reprodutivas do patógeno. As manchas ocorrem geralmente de
forma isolada. Podem, porém, coalescer e tomar considerável área da folha.
(BEDENDO et al., 2005)
Nos grãos, as manchas são de cor marrom escuro ou marrom-
avermelhado. Em ataques severos, as manchas podem cobrir parcial ou
totalmente a superfície dos grãos; como consequência, ocorre chochamento,
redução de peso e gessamento. Em grãos severamente atacados, a remoção
das glumas permite observar o escurecimento do endosperma causado pelo
fungo. O gessamento provoca quebra dos grãos durante o beneficiamento,
diminuindo o rendimento em termos de grãos inteiros. (BEDENDO et al., 2005)
Os coleóptilos originários de sementes infectadas podem apresentar
pequenas manchas de coloração marrom-avermelhado. Sementes
severamente atacadas normalmente sofrem redução do seu poder germinativo
e os coleóptilos provenientes das mesmas podem, inclusive, morrer.

Fonte: Embrapa

Sintomas de Mancha parda


Fonte: Fitopatologia.net
Sintomas de Mancha Parda

5.2 Etiologia
O fungo Bipolaris oryzae é classificado na subdivisão Deuteromycotina,
classe Hyphomycetes e família Dematiaceae. A fase perfeita corresponde a
Cochliobolus miyabeanus, que produz peritécios globosos, ascos cilíndricos e
ascósporos filamentosos. A forma perfeita ainda não foi constatada
no Brasil.
As hifas são de coloração escura, normalmente marrom. Os conidióforos
originam-se como ramificações laterais das hifas. As colônias são geralmente
pretas ou acinzentadas, apresentando, porém, densidade e cor bastante
diversificada em função do isolado, meio de cultura e condições de incubação.
E comum o aparecimento de setores brancos nas colônias.
Os conídios são levemente curvos, mais largos no centro e
gradativamente mais finos em direção às extremidades, onde a largura
corresponde a aproximadamente metade da região central. Quando maduros,
possuem coloração marrom e freqüentemente germinam através das células
apical e basal. Os tubos germinativos originários destas células formam
apressório. O número de núcleos presentes em cada célula do conídio pode
variar de 1-14, sendo mais comumente encontradas células binucleadas.
O desenvolvimento do fungo é influenciado por uma série de fatores
ambientais como temperatura, umidade, luz, pH e elementos nutricionais. Em
relação à temperatura, a faixa ótima para o crescimento micelial está em tomo
de 28°C, enquanto a germinação é favorecida por 25-30°C e a produção de
conídios ocorre desde 5°C até 35-38°C. O patógeno apresenta uma
variabilidade muito grande quanto à morfologia, produção de esporos,
características culturais e patogenicidade. Isolados obtidos a partir de esporos
produzidos numa mesma cultura, ou isolados provenientes de células apicais
de hifas, podem mostrar variabilidade patogênica marcante; apesar disto, não
há um consenso entre os pesquisadores em relação à existência de raças do
patógeno. A esporulação também é variável, podendo ser estimulada ou inibida
pela ausência, presença ou alternância de luz, dependendo do isolado
considerado. (BEDENDO et al., 2005)
A sobrevivência ocorre geralmente em restos de cultura, sementes
infectadas ou plantas de arroz e hospedeiros alternativos. Normalmente, o
inoculo primário está presente na semente ou no solo, sendo o inoculo
secundário disseminado pelo vento e pela chuva a partir de plantas infectadas.
A infecção é favorecida pela presença de água livre na superfície foliar.
Umidade relativa de 89%, porém, já é suficiente para que o processo ocorra. O
tubo germinativo forma um apressório, através do qual a hifa penetra
diretamente a epiderme e a colonização se desenvolve com a produção de
toxinas que matam as células do hospedeiro. Os sintomas foliares aparecem
na forma de manchas e as estruturas reprodutivas formadas sobre o tecido
necrosado passam a ser novamente disseminadas pelo vento e pelos
respingos de chuva.

5.3 Controle
A mancha parda tem sido relatada em áreas onde algum fator do
ambiente desfavorece a planta, tornando-a predisposta à doença. Em outras
palavras, a doença não é problema em culturas instaladas em solos de boa
fertilidade e que recebem bom suprimento de água. No Brasil, onde metade da
produção de arroz é proveniente do sistema de sequeiro, a doença deve
merecer atenção especial, visto que as áreas de arroz de sequeiro são
normalmente de solo pobre e sujeitas a períodos de deficiência hídrica; isto é
particularmente verdadeiro para as áreas de cerrado, nas quais está
concentrada a grande maioria das lavouras de arroz de sequeiro. As culturas
implantadas no sistema irrigado, na região sul do país, também estão sujeitas a
danos provocados pela doença, apesar das boas condições do solo e da
disponibilidade de água. Neste caso, a doença tem sido favorecida pelo plantio
de variedades suscetíveis e pela maior frequência de plantio. (BEDENDO et al.,
2005)
A doença, de acordo com o exposto, é influenciada pela ocorrência de
fatores desfavoráveis ao crescimento da planta, pelo estádio de
desenvolvimento da mesma e pela suscetibilidade da variedade. Desta forma,
as medidas de controle devem estar relacionadas com estes aspectos.
Variedades com elevado grau de resistência ainda não estão
disponíveis. Há, porém, indicações de materiais razoavelmente resistentes,
mesmo para as condições brasileiras. Na verdade, programas específicos de
melhoramento visando a obtenção de variedades resistentes são praticamente
inexistentes nas nossas condições; o que existe é a avaliação da reação à
mancha parda em variedades ou linhagens produzidas com programas de
melhoramento dirigidos para resistência à brusone.
Além do emprego de variedades com certo grau de resistência, é
recomendável a utilização de lotes de sementes sadias ou de sementes
tratadas, visando reduzir o inoculo inicial. O uso de adubação adequada e a
manutenção de um bom manejo de água podem contribuir para minimizar os
efeitos da doença. Práticas como rotação de cultura e eliminação de gramíneas
das proximidades da área cultivada com arroz podem desfavorecer a
sobrevivência do fungo. A utilização de pulverização com produtos químicos é
uma opção de controle que deve ser analisada com cuidado, principalmente
para cultivos de sequeiro, em função do baixo rendimento da cultura; no
entanto, se esta medida for adotada, deve ser lembrado que as fases finais do
ciclo da planta são as mais críticas e, portanto, a folha bandeira e os grãos
devem ser convenientemente protegidos. Alguns fungicidas como maneb,
mancozeb, chlorothalonil+tiofanato metílico e ziram podem ser empregados
para o controle preventivo da doença.

6. ESCALDADURA
Monographella albescens (Thuemen.) Parkinson et al. (Gerlachia
oryzae (Hashioka & Yokogi) W. Gams)
O primeiro relato sobre a escaldadura com arroz foi feito no Japão em
1955, embora a doença já fosse conhecida anteriormente por outros nomes.
Sua ocorrência é bastante generalizada tendo sido identificada em diferentes
partes do mundo onde o arroz é cultivado. A doença pode provocar perdas
consideráveis em vários países da América Latina, inclusive no Brasil. A
escaldadura já foi constatada em praticamente todo o território brasileiro, sendo
considerada particularmente importante na região norte; na região centro-oeste
tem sido observado um crescimento significativo da doença. Tanto as culturas
instaladas em condições irrigadas quanto às de sequeiro estão sujeitas ao
ataque do patógeno. Na cultura de sequeiro, a ocorrência de chuvas contínuas
e de longos períodos de orvalho são fatores extremamente favoráveis ao seu
desenvolvimento. Em função da prevalência destes fatores nas regiões
tropicais, a escaldadura assume um papel relevante nestas regiões.

6.1 Sintomas
A doença ocorre predominantemente nas folhas, podendo, no entanto,
ser observada também na bainha, partes da panícula e grãos. Os sintomas
típicos nas folhas iniciam-se pelo ápice e/ou pelas margens, na forma de
manchas de coloração verde-oliva opaca que contrasta com o verde das áreas
não atacadas. Os bordos das manchas não são bem definidos e apresentam-
se com aspecto de encharcamento. Posteriormente, as áreas atacadas exibem
uma sucessão de faixas concêntricas, onde pode ser observado uma
alternância de faixas marrom-claro e faixas marrom-escuro. Os bordos com
aspecto de encharcamento precedem as faixas de cor marrom à medida que a
doença progride para áreas sadias da folha. Nos bordos de uma mancha jovem
com tecidos encharcados é comum a presença de massas esbranquiçadas
contendo conídios do patógeno. Além das típicas manchas em faixas, um outro
tipo de sintoma pode aparecer nas folhas, na forma de pequenas manchas de
coloração marrom, sem forma definida, que se distribuem por toda a superfície
foliar.
Fonte: Embrapa
Sintomas de Escaldadura

Fonte: Embrapa
Escaldadura das folhas

6.2 Etiologia
O agente causal da escaldadura, tanto na sua fase imperfeita como
perfeita, foi reclassificado no início da década de 80. Atualmente, Gerlachia
oryzae é o nome que o fungo recebe como deuteromiceto. A fase perfeita
corresponde ao ascomiceto Monographella albescens. Alguns relatos da
literatura anteriores a esta data trazem a denominação de Rhynchosporium
oryzae para o estádio conidial e de Metasphaeria albescens para o estádio
ascógeno.
Os conídios são curvos, unicelulares quando jovens e bicelulados
quando maduros, hialinos, não-pedicelados e arredondados em ambas as
extremidades; raramente apresentam 2 ou 3 septos. As colônias jovens
apresentam aspecto cotonoso branco, e, posteriormente, passam a apresentar
coloração creme e massas rosadas nas quais os conídios são produzidos.
Os ascósporos são originários de peritécios esféricos de coloração
marrom escura; os ascos são cilíndricos, levemente curvos e produzem 8
esporos. Estes apresentam formato elíptico, são hialinos, normalmente com 3
septos.
O patógeno sobrevive nas sementes, restos de cultura e hospedeiros
alternativos. O desenvolvimento do fungo é favorecido por temperaturas
compreendidas entre 20 e 30°C. A germinação do conídio exige a presença de
um filme de água na superfície da folha e origina um tubo germinativo que se
desenvolve formando estruturas de vários tamanhos, semelhantes a
apressórios. A penetração ocorre através dos estômatos. As hifas
desenvolvem-se no mesófilo foliar e emergem pelos estômatos, produzindo
massas a de esporos que podem ser disseminados através da água e do
vento.

6.3 Controle
Tem sido relatado que a alta densidade de plantas e o menor a
espaçamento entre linhas aumentam a intensidade da doença. A utilização de
nitrogênio em excesso também favorece o rápido desenvolvimento das
manchas. Assim, recomenda-se que sejam observados espaçamento e
densidade adequados quando da instalação da cultura, bem como o uso de
adubação balanceada, principalmente em relação ao elemento nitrogênio.
Quanto ao emprego de variedades resistentes no controle da doença,
pouca informação existe. Algumas variedades testadas com inoculação artificial
mostraram variações quanto ao grau de resistência, demonstrando ser possível
utilizar estes materiais em programas de melhoramento, ou mesmo usá-los
diretamente.

7. FALSO CARVÃO ou CARVÃO VERDE

Ustilaginoidea virens (Cooke) Takah


Esta doença, apesar da pouca importância econômica que representa
para a cultura do arroz, chama a atenção do agricultor em razão da
sintomatologia exibida pela planta afetada. Sua ocorrência é esporádica e os
danos são insignificantes, pois a doença normalmente incide sobre poucas
panículas e, dentro da panícula, em pequeno número de grãos.

7.1 Sintomas
O falso carvão é observado tipicamente nos grãos, na forma de uma
massa arredondada de coloração verde-olivácea e aspecto pulverulento, com
tamanho variável de 4-10 mm de diâmetro; pode também se manifestar como
uma massa de tamanho reduzido contida pelas glumelas. O tipo de sintoma
depende da época de infecção dos grãos ter ocorrido mais cedo ou mais tarde.
Assim, quando a infecção atinge o ovário nos estádios iniciais de
desenvolvimento, este é destruído e torna-se gradativamente uma massa
estromática crescente, inicialmente lanuginosa, posteriormente amarelo-
alaranjada ou amarelo-esverdeada e, finalmente, verde-olivácea, de formato
globoso e aspecto pulverulento; quando a infecção é tardia, a massa
estromática não se desenvolve tanto. Pode, porém, substituir o grão, ficando
contida pelas glumelas ou recobrindo as mesmas.

Fonte: Embrapa
Sintomas de Falso Carvão
7.2 Etiologia
O agente causal da doença é o fungo Ustilaginoidea virens. Os
clamidósporos ou conídios maduros são esféricos a elípticos, equinulados,
verde-oliváceos; quando jovens são hialinos e quase lisos. Estes esporos
originam-se das hifas que compõem a massa estromática presente nos grãos.
Na fase ascógena, ainda não relatada nas condições brasileiras, o fungo
produz peritécios gregários, ascos cilíndricos com 8 esporos. Os ascósporos
são hialinos, filiformes.
O patógeno sobrevive em restos de cultura, sendo disseminado pelo
vento e pela água; as sementes também podem veicular estruturas fúngicas. A
infecção pode ocorrer desde os primeiros estádios de desenvolvimento da
planta e as hifas são geralmente encontradas nas regiões de crescimento dos
perfilhos. A infecção da panícula pode ocorrer durante um curto período que
precede a emissão da mesma, ou seja, ainda no estádio de emborrachamento
da planta. Quando a infecção ocorre nos estádios iniciais do florescimento, a
panícula exibe massas de esporos de cor verde, que representam o sintoma
típico da doença; na infecção tardia (estádio de grão maduro), os esporos
acumulam-se nas glumas, incham, separam a pálea da lema e, finalmente,
todo o grão é substituído e recoberto pelo fungo. Os esporos presentes nas
plantas infectadas são novamente dispersados pela água e pelo vento. A
presença de umidade alta (98%), chuvas contínuas durante a emissão das
panículas, temperaturas altas (28°C), solos de elevada fertilidade e excesso de
adubação nitrogenada favorecem a ocorrência da doença.

7.3 Controle
O controle específico do carvão não é comum, devido à pouca
importância da doença para a cultura. No entanto, em locais onde a doença
incide mais freqüentemente, recomenda-se fazer tratamento de sementes ou
pulverização com fungicida, alguns dias antes da emissão das panículas.

8. MANCHA ESTREITA

Sphaerulina oryzina K. Hara (Cercospora oryzae Miyake)


A ocorrência de Cercospora oryzae em plantas de arroz foi relatada pela
primeira vez, em 1910, no Japão. Atualmente, a doença já foi registrada em
todo o mundo, exceto no continente europeu.
Mesmo existindo relatos de perdas em algumas regiões do mundo,
acredita-se que nas condições brasileiras a doença tenha pouca importância. A
mancha estreita geralmente ocorre na fase final do ciclo da planta e
normalmente passa desapercebida na cultura. Quando a doença se manifesta
mais cedo, pode reduzir a área foliar fotossintetizante, provocar redução de
peso e rápida maturação dos grãos, além de diminuir o rendimento durante o
processo de beneficiamento. A relevância da doença quanto aos danos está
condicionada principalmente ao uso de variedades muito suscetíveis, fato
verificado nas décadas de 30 e 40 nos Estados Unidos.

8.1 Sintomas
As manchas típicas aparecem mais freqüentemente nas folhas. No
entanto, sob condições de ataque severo, as manchas podem ser encontradas
nas bainhas, colmos e glumelas. As lesões características são estreitas, finas,
necróticas, alongadas no sentido das nervuras, apresentando coloração
marrom-avermelhada; nas variedades resistentes as lesões tendem a ser mais
curtas, estreitas e escuras. Embora as dimensões sejam bastante variáveis, as
manchas medem em média 3-5 x 1-1,5 mm.

Fonte: Embrapa
Sintomas de Mancha de Estreita
8.2 Etiologia
O agente causal é o fungo Cercospora oryzae, um deuteromiceto cujos
conídios são cilíndricos a clavados, normalmente apresentando de 3 a 10
septos, hialinos ou levemente oliváceos. Os conidióforos são escuros, com 3
ou mais septos, e emergem pelos estômatos isoladamente ou em grupos de
dois ou três.
Na fase perfeita, o patógeno é o ascomiceto Sphaerulina oryzina.
Apresenta peritécios globosos e escuros, imersos na epiderme da planta. Os
ascos têm forma cilíndrica aclavada, sendo os ascósporos fusiformes retos ou
levemente curvos, hialinos, com três septos.
O fungo se desenvolve dentro de uma ampla faixa de temperatura. O
crescimento ótimo é conseguido entre 25-28°C. Várias raças fisiológicas têm
sido detectadas através de uma série diferencial de variedades de arroz.
A sobrevivência ocorre nos restos de cultura. Uma vez na superfície da
folha, trazidos principalmente pelo vento, os conídios germinam e penetram
pelos estômatos. A colonização dos tecidos é feita pelo crescimento intracelular
das hifas, que emergem através dos estômatos, produzindo conidióforos e
conídios, os quais são novamente disseminados pelo vento. Condições de
umidade alta e temperatura elevada (28°C) são favoráveis ao desenvolvimento
da doença.

8.3 Controle
O uso de variedades resistentes é a medida mais indicada para evitar ou
diminuir as perdas. Ao longo do tempo, diversas variedades foram produzidas
em programas de melhoramento dirigidos para mancha estreita. Embora a
doença venha merecendo pouca atenção no Brasil, a incorporação de
resistência em variedades nacionais pode ser facilitada graças à existência de
material estrangeiro com boas características agronômicas e portador de
resistência.
Outras medidas podem contribuir para o controle da doença, entre as
quais o emprego de sementes sadias ou tratadas, a eliminação do arroz
vermelho, que se constitui num hospedeiro alternativo, e mesmo a rotação de
cultura. Alguns fungicidas, como benomyl, maneb+zinco, mancozeb e ziram
têm sido recomendados para o controle do patógeno.
9. MANCHA DE GRÃOS
Agente causal: complexo fúngico Phoma sorghina; Bipolaris oryzae;
Alternaria Padwickii, Gerlachia oryzae, Nigrospora sp. Curvularia spp.,
Fusarium spp.,Epicoccum sp., Pyricularia oryzae e Trychoconiella padwickii)

A mancha de grãos é causada por mais de um patógeno fúngico e pode


ser considerado um dos principais problemas da cultura do arroz, tanto em
sistema de várzea como no de terras altas. Nas amostras provenientes de
lavouras de arroz do Estado de Roraima apenas o fungo Phoma sorghina foi
encontrado associado à doença.
Esta doença pode ocorrer desde a emissão das panículas até seu
amadurecimento. Os fatores que favorecem o desenvolvimento da doença são
a ocorrência de chuvas durante a fase de formação de grãos, o acamamento e
injúrias causadas por insetos, principalmente percevejos.

9.1 Sintomas
Os sintomas são muito variáveis, dependendo do patógeno
predominante, do estádio de infecção e das condições climáticas. Nos grãos
observam-se manchas de coloração escura com centro esbranquiçado e borda
marrom. Em condições de elevada incidência, todos os grãos da panícula são
manchados, resultando na formação de espiguetas chochas ou na redução da
massa dos grãos.

Fonte: Embrapa
Sintoma da mancha de grãos na cultura do arroz
Fonte: Embrapa

Sintoma de Mancha de Grãos

9.2 Controle
Tratamento de sementes com fungicidas para diminuir o inóculo inicial
(AGROFIT, 2009);
Realizar práticas culturais recomendadas para o controle de outros
patógenos que contribuem para redução da incidência e severidade da doença;
Os fungicidas protetores mostram redução dos sintomas e melhoria da
qualidade de grãos, sem, contudo, indicar diferenças de produtividade.

10. QUEIMA DAS BAINHAS

Thanatephorus cucumeris (A.B. Frank) Donk. (Rhizoctonia solani Kühn)


Inicialmente descrita no Japão em 1910, esta doença encontra-se
disseminada em praticamente todas as áreas do mundo onde se cultiva o
arroz, principalmente em condições irrigadas. Sua importância vem
aumentando devido ao uso de fertilizantes e de variedades altamente
produtivas; isto implica em maior perfilhamento da planta e,
consequentemente, em aumento de umidade na cultura, criando condições
favoráveis ao patógeno.
10.1 Sintomas
Os sintomas ocorrem nas bainhas e colmos, sendo inicialmente
observados próximos do nível da lâmina de água presente na cultura irrigada;
sob condições favoráveis, as lesões podem ser encontradas também nas
folhas e bainhas localizadas acima da linha da água. As manchas, nas bainhas
e colmos, são ovaladas, elípticas ou arredondadas, apresentam coloração
branco-acinzentada, com bordos de cor marrom, bem definidos; nas folhas, os
sintomas são semelhantes, porém as manchas apresentam aspecto irregular.
Ataques severos podem causar seca parcial ou total das folhas, além de
provocar acamamento das plantas.

Fonte: Embrapa

Sintoma de queima-das-bainhas em arroz


Fonte: Embrapa
Sintoma causado por Rhizoctonia solani em folhas de arroz

Fonte: Embrapa
Sintoma de Queima-das-Bainhas em arroz
10.2 Etiologia
O agente causal da queima das bainhas é o deuteromiceto Rhizoctonia
solani, que na fase perfeita corresponde a Thanatephorus cucumeris. O micélio
jovem é claro e torna-se gradativamente marrom, apresentando septação e
ramificações típicas deste fungo. Os escleródios são globosos, brancos e
tomam a coloração marrom-escura quando mais velhos, podendo alcançar até
5 mm de diâmetro. Na fase perfeita, o patógeno produz basídios sobre os quais
se desenvolvem os basidiósporos em número de 2-4. A morfologia das
estruturas produzidas pelo fungo pode variar dependendo do isolado, tendo
sido separados vários grupos morfológicos. Em relação ao grupo de
anastomose, o patógeno do arroz está incluído no grupo AGI.
A sobrevivência do fungo no solo dá-se por micélio ou escleródios. O
cultivo contínuo do arroz na mesma área aumenta os danos, pois os restos de
cultura contribuem para o aumento do inoculo. A infecção tem início quando os
escleródios, disseminados pela água da cultura irrigada, atingem as partes das
plantas localizadas na linha da água e germinam sobre a superfície vegetal. A
penetração pode ocorrer através dos estômatos ou diretamente através da
cutícula. O fungo produz apressório para, em seguida, penetrar os tecidos do
hospedeiro. O micélio desenvolve-se rapidamente tanto no interior dos tecidos
como sobre a superfície externa dos mesmos, levando ao aparecimento de
manchas típicas da doença, sobre as quais podem ser encontradas hifas e
escleródios. Estas estruturas são novamente disseminadas pela água de
irrigação.
A ocorrência de temperaturas em torno de 28°C e a presença de alta
umidade na cultura são fatores altamente favoráveis à doença; contribuem para
estas condições o emprego de adubação pesada e a alta densidade de
plantas. O microclima existente na cultura tem grande influência no
desenvolvimento da doença. Tem sido demonstrado que a severidade é maior
em solos com altos níveis de nitrogênio e fósforo, pois estes elementos
favorecem o desenvolvimento vegetativo das plantas; por outro lado, o potássio
tem promovido redução na incidência da doença.
10.3 Controle
As medidas de controle indicadas compreendem, de modo geral, o uso
de variedades resistentes e o emprego de fungicidas, entre os quais podem ser
citados benomyl, kitazin, hinosan, mancozeb e iprodione. Nas regiões
brasileiras que cultivam arroz irrigado a doença não tem sido registrada como
problema sério. Preventivamente, porém, certos cuidados devem ser tomados,
relacionados principalmente com a adubação e com a densidade de plantio.

11. PONTA BRANCA

Aphelenchoides besseyi Christie


Esta doença, causada por um nematoide, foi primeiramente estudada no
Japão em 1915. Nas décadas de 40 e 50, vários aspectos relacionados à
interação hospedeiro-patógeno e ao controle foram objetos de pesquisas mais
detalhadas. A distribuição da ponta branca é ampla, tendo sido registrada em
todos os continentes. No Brasil, a doença foi relatada pela primeira vez no Rio
Grande do Sul, em 1969, estando atualmente disseminada em praticamente
todos os locais onde o arroz é cultivado em escala comercial.
As perdas são variáveis de acordo com o local, variedade, ano e manejo
da cultura. Em países onde foram feitas estimativas de danos, constatou-se de
10-46% de perdas no rendimento. Em países de regiões tropicais, a doença
tem merecido pouca atenção por parte dos agricultores e da pesquisa, talvez
pelo fato da predominância das culturas de sequeiro, onde a doença é de
menor importância. A ponta branca apresenta maior relevância para os plantios
realizados sob condições de irrigação com lâmina de água.

11.1 Sintomas
Os sintomas mais característicos aparecem na fase adulta da planta. O
ápice das folhas exibe uma clorose bastante evidente que se torna
esbranquiçada e normalmente estende-se por 5 cm. Com o tempo, esta região
pode apresentar rasgamento do tecido e se reduzir a um filamento de tecido
necrosado. E comum nas folhas ocorrer o enrolamento da extremidade apical,
dificultando a emissão das panículas. A doença pode provocar encurtamento
das folhas, amadurecimento tardio das panículas, esterilidade e retorcimento
das glumas. As plantas afetadas podem apresentar subdesenvolvimento;
produzem panículas pequenas com menor número de grãos. Em alguns casos,
as plantas não mostram sintomas típicos.

11.2 Etiologia
O nematóide Aphelenchoides besseyi Christie é chamado de nematóide
das folhas. As fêmeas apresentam tamanho variável de 0,62-0,88 mm de
comprimento, enquanto os machos medem de 0,44-0,72 mm. A temperatura
pode influenciar a duração do ciclo do parasita. Em condições de laboratório, o
ciclo completa-se em 24 dias a 16°C e em 8 dias, a 30°C. A umidade também
tem influência sobre o patógeno, pois o mesmo só se torna ativo quando a
umidade atinge valores superiores a 70%; este nível de umidade pode ser
encontrado nas regiões de crescimento da parte aérea da planta, em folhas
dobradas e no interior das panículas, locais onde normalmente os nematóides
são encontrados.
Quando as sementes contaminadas germinam, os nematóides alcançam
as regiões de crescimento das plantas e mantêm-se como ectoparasitas,
ficando alojados entre as folhas jovens e as bainhas; durante a sucessão de
folhas, permanecem no cartucho das folhas jovens, até a emissão da última
folha (folha bandeira), da qual emergirá a panícula. Antes do florescimento,
ficam na superfície da panícula. Durante a fase de florescimento, os
nematóides atingem as glumas, onde ficam alojados até a germinação das
sementes. A disseminação dentro das plantas e para plantas vizinhas pode ser
feita através do movimento ativo do nematóide, quando ocorre molhamento da
superfície das mesmas devido a chuvas ou deposição de orvalho. O patógeno
tem na semente sua principal via de disseminação e local de sobrevivência,
podendo permanecer viável por períodos de até 8 anos. Além da semente,
várias espécies vegetais, principalmente gramíneas, podem atuar como
hospedeiros alternativos, garantindo a sobrevivência do parasita.
Um estudo relacionando número e distribuição de nematóides e estádios
de desenvolvimento da planta de arroz mostrou que poucos indivíduos são
encontrados em sementes germinando e em plântulas; à medida que a planta
perfilha e cresce, aumenta o número de nematóides encontrados nas folhas
jovens; no início deformação das panículas, ficam localizados externamente às
mesmas e, durante o florescimento, penetram nas glumas. O patógeno é mais
freqüentemente encontrado nos colmos principais do que nos colmos dos
perfilhos; na panícula, ocorre com maior frequência nas partes centrais do que
nas extremidades; os grãos bem formados contêm mais nematóides que
aqueles vazios. Em campos infestados, estes parasitas são encontrados em
grande número em plantas que apresentam sintomas; plantas aparentemente
sadias, porém, também podem abrigá-los.

11.3 Controle
O uso de variedades resistentes é uma das medidas indicadas para o
controle da doença; em vários países já foram identificadas variedades com
diferentes graus de resistência. No entanto, o tratamento químico das
sementes tem se constituído num método de controle altamente viável e
prático. O uso de produtos com ação nematicida, incluindo alguns inseticidas e
fungicidas, tem sido suficiente para controlar eficientemente o agente causal da
doença.

12. PODRIDÃO DO COLMO

Leptosphaeria salvinii Cat. (Sclerotium oryzae Catt. - fase esclerodial e


Helminthosporium sigmoideum Cav. - fase conidial).
As lesões manifestam-se inicialmente na bainha foliar, ao nível do solo,
4 a 6 semanas antes do espigamento; posteriormente, a lesão atinge o caule,
circundando-o e provocando o acamamento da planta e o chochamento dos
grãos. Nos tecidos afetados, o fungo desenvolve numerosos escleródios
negros. O estádio esclerodial, único relatado entre nós, é o mais comumente
encontrado, não só em arroz, mas também em gramíneas selvagens e é
responsável pelas infecções primárias. O controle recomendado no caso de
incidência severa é a rotação de cultura; também, paliativamente, antes da
doença atingir o colmo, pode-se recomendar a drenagem da água, o que evita
satisfatoriamente o acamamento. Além das doenças acima citadas, existem no
Brasil relatos da ocorrência de outras, geralmente aparentando ter pequena
importância. Entre elas figuram a podridão do colo e raízes, causada por
Pythium arrhenomanes Drechs; o estiolamento e morte das plantinhas,
atribuídos a fungos dos gêneros Fusarium e Pythium; a podridão das bainhas e
colmos, atribuída a fungos dos gêneros Fusarium, Sclerotium, Ophiobolus,
Rhizoctonia; lesões nos grãos, atribuídas aos fungos Curvularia lunata
(Wakker) Boedijn e Nigrospora oryzae (H. & Br.) Pech.; mancha de Phyllosticta,
causada por Phyllosticta sp.

Fonte: Embrapa

Sintomas de Podridão do Colmo

13. CARIE DO ARROZ (Carie-do-grão)

Agente causal Tilletia barclayana (Bref.) Sacc. & Syd. A cárie do grão do
arroz é uma doença de ocorrência freqüente nos países da Ásia e no Sul dos
Estados Unidos. No Brasil é motivo de peocupação recente e na Austrália
ainda não foi constatada. A infecção ocorre em poucos grãos por panícula e
danos severos podem reduzir a produção em até 15 %. Não há evidências de
produção de toxinas pelo fungo, porém o principal dano está relacionado com a
qualidade dos grãos e da semente. Em arroz parboilizado o carvão pode
causar coloração acinzentada. Uma das características da cárie do arroz, ao
contrário dos outros cereais, é a particularidade de não ser sistêmica, ou seja,
não é transmitida para a planta através da semente. (FITOPATOLOGIA.NET,
2011)
13.1 Sintomas
Os sintomas aparecem na fase de maturação do arroz e são
constatados com maior facilidade nas manhãs úmidas. A massa de esporos
(teliosporos) absorve água, aumenta o volume do grão, tornando-se visível e
cobrindo outras partes das plantas com líquido preto. Durante o dia a massa
desidrata, tornando-se pó negro, que é facilmente removido das plantas e pode
formar poeira que cobre as colhedoras de preto. As pústulas pretas sobre os
grãos que ficam quebradiços como se fosse um dente cariado. Na maioria das
vezes, o grão é totalmente substituído pelos teliosporos.

Grãos Cariados
Grão com Carie
13.2 Etiologia
O fungo produz teliósporos pretos em massa, arredondados, 18 a 23 µm
de diâmetro, às vezes apresentando curto apêndice hialino, densamente
coberto por espículos pontiagudos.

13.3 Ciclo da doença e epidemiologia


O fungo causador cárie do grão do arroz (Tilletia barclayana ), pode ser
disseminado pela semente, mas a infecção dos grãos na panícula não ocorre
via sistêmica, independe do tratamento de sementes com fungicidas e está
diretamente relacionada às condições favoráveis para a doença na fase de
floração do arroz. Os esporos sobrevivem no solo, palha e água e são
encontrados em abundância nos ambientes onde se cultiva arroz. Os esporos
podem germinar na superfície da água, expelindo esporídios no ar, que
penetram na flor do arroz, completando o ciclo biológico.
A infecção da cárie ocorre num curto período de tempo, na antese. Isto
é, logo depois da emissão da panícula, na abertura do pálea e do lema (casca
do grão de arroz), quando ocorre a liberação da antera (parte masculina que
produz pólen) e a fecundação da semente. O fungo desenvolve no endosperma
e ocupa parte ou toda a semente com a produção de massa negra de esporos.
Cada grão pode produzir até 37,5 mil esporos, que sobrevivem no solo, na
palha ou na água, entre os cultivos de arroz e podem ser disseminados pelo
vento, infectando as panículas no ano seguinte. O ambiente (umidade,
temperatura e luminosidade) e a presença de esporos devem ser favoráveis no
momento crítico de fecundação da semente de arroz, que dura poucas horas.
(FITOPATOLOGIA.NET, 2011)

13.4 Controle
O uso de fungicidas pode reduzir o índice de grãos infectados, se
aplicado na fase de emborrachamento do arroz. Porém, muitos
questionamentos a respeito da eficiência de produtos, doses, época de
aplicação, resistência genética, e outros meios de controle, deverão ser
esclarecidos pela pesquisa nas próximas safras. Baseado em observações de
campo, sugere-se prevenir maiores danos e perdas com por esta doença,
através da alternância de cultivares e medidas de manejo que reduzam o
excessivo crescimento vegetativo das plantas, especialmente pela adubação
desequilibrada.

14. VÍRUS-DO-ENROLAMENTO-DO-ARROZ

Agente causal RSNV – Rice stripe necrosis vírus. O vírus RSNV


pertence atualmente ao grupo dos Benyvirus, possui partículas alongadas de
RNA de duplo filamento com dimensões que variam de 110 a 380 nm de
comprimento e 20 nm de diâmetro. Este vírus é transmitido para as plantas de
arroz através de um vetor, o protozoário Polymyxa graminis.
P. graminis, é habitante natural do solo, onde permanece por longos
anos, mediante a formação de estruturas de sobrevivência denominadas de
cistosoros. Estas estruturas dão origem a células dotadas de flagelos
denominados zoósporos, as quais podem se deslocar através da água de uma
planta doente para uma planta sadia. Os cistosoros presentes no solo também
podem ser disseminados de diversas formas tais como, maquinaria agrícola,
ferramentas ou botas. É provável ainda, que a forma mais importante de
disseminação do patógeno, para áreas mais distantes, seja através da semente
do arroz, embora não tenha sido comprovado que o vírus possa infectá-la. No
entanto, a presença de partículas de solo contendo cistosoros aderidos às
sementes viabiliza esta forma de disseminação do patógeno. Além do RSNV,
P. graminis é vetor de diversas outras viroses de importância econômica em
outros cereais, como trigo, aveia, cevada, sorgo, triticale, etc.
(FITOPATOLOGIA.NET, 2011)

14.1 Sintomas
Em torno de 30 a 40 dias após a semeadura, as plantas infectadas
começam a mostrar os primeiros sintomas e até mesmo morrer. As folhas
apresentam listras amareladas (cloróticas) e ficam retorcidas. Mais tarde, as
panículas também podem ficar retorcidas (forma de espiral), em casos de alta
intensidade da doença. As raízes das plantas infectadas podem apresentar-se
dobradas e logo se tornam necróticas. Na lavoura, os sintomas da virose
ocorrem em áreas delimitadas, ou seja, em reboleira. (FITOPATOLOGIA.NET,
2011)
Planta atacada pelo Vírus

Plantas mortas pelo RSNV


14.2 Controle
As principais estratégias de controle para o enrolamento do arroz
baseiam-se em práticas adotadas para controlar outros vírus transmitidos por
P. graminis. Portanto, medidas preventivas são as mais indicadas para o
controle desta virose. Entre estas, ressalta-se o uso de sementes provenientes
de regiões produtoras não infestadas por RSNV, a restrição ao ingresso, em
áreas livres do patógeno, de ferramentas, implementos, terra, água ou
sementes de lavouras comprovadamente contaminadas. Também, como forma
de controle, recomenda-se a rotação com espécies não gramíneas (sempre
que possível), o manejo cuidadoso da água de irrigação e de suas fontes,
evitando que a água de uma área contaminada possa arrastar partículas de
solo e matéria orgânica para áreas não contaminadas. O manejo da adubação,
a época de plantio e uso de agentes de biocontrole também são fatores
importante para minimizar os danos desta virose. (FITOPATOLOGIA.NET,
2011)
16. REFERÊNCIAS

VIEIRA, N.R. de A. V.; SANTOS, A. B. dos; SANT’ANA, E.P. A cultura do


arroz no Brasil. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 1999. 633p.

FERREIRA, C.M.; VILLAR, P.M. del. Aspectos da produção e do mercado de


arroz. Informe Agropecuário, v.25, n.222, p.11-18, 2004.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Doenças do


arroz. Arquivo do Agrônomo N°10. Goiânia: EMBRAPA-CNPAF, 1995. 5p.

CORNÉLIO, V.M. das O.; CARVALHO, V.L.; PRABHU, A.S. Doenças do Arroz.
Informe Agropecuário, v.25, n.222, p.11-18, 2004.

BALARDIN, R.S.; BORIN, R.C. Doenças na cultura do arroz irrigado. Santa


Maria: [s.n], 2001. 48p.il.

GUIMARÃES, C. M.; SANTOS, A. B.; MAGALHÃES JUNIOR, A. M.; et al.


Sistema de cultivo. In: SANTOS, A. B.; STONE, L. F.; VIEIRA, N. R. A. Cultura
do Arroz no Brasil. v. 2, p. 53-96, 2006.

BEDENDO, I.P.; PRABHU, A.S. Doenças do Arroz. In: KIMATI, H.; AMORIM,
L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A. Manual de
Fitopatologia. 4 ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 2005. p. 79-90.

AGROFIT: Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários. Disponível em:


<http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>. Acesso
em: 10 nov.2011.

PHABHU, A. S.; FILLIPI, M. C. C.; RIBEIRO, A. S. Doenças e seu controle. In:


SANTOS, A. B.; STONE, L. F.; VIEIRA, N. R. A. A Cultura do Arroz no Brasil
(2º ed.). EMBRAPA/CNPAF. Santo Antônio – GO. p. 561-590, 2006.

FITOPATOLOGIA.NET, Grandes Culturas Arroz. Disponível em.


http://www6.ufrgs.br/agronomia/fitossan/fitopatologia/ficha.php?id=249 acesso
em 12 de novembro de 2011.

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