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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS


CÂMPUS DE JABOTICABAL

APOSTILA

CONSERVAÇÃO DO
SOLO E DA ÁGUA

Profª Drª Carolina Fernandes

2020
Essa apostila foi elaborada com o propósito de auxiliar os graduandos em Agronomia e
Zootecnia, que cursam disciplinas relacionadas à conservação do solo e da água na
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Câmpus de Jaboticabal. Assim, os sete
capítulos apresentados reúnem textos de autores renomados nas suas respectivas áreas,
de forma a constituir material didático qualificado para a utilização em sala de aula.
Entretanto, por tratar de conceitos fundamentais da conservação do solo e da água e conter
informações técnicas importantes para a compreensão e a prevenção dos processos
responsáveis pela erosão, o presente texto também se direciona a estudantes de pós-
graduação e profissionais das ciências agrárias e áreas afins.
ÍNDICE

Página
1 Introdução à Conservação do Solo e da Água ........................................................ 01
2 Erosão .................................................................................................................... 04
2.1 Erosão eólica ..................................................................................................... 04
2.2 Erosão hídrica ................................................................................................... 05
3 Práticas Conservacionistas ..................................................................................... 10
3.1 Princípios de controle da erosão hídrica ............................................................ 10
3.2 Práticas de controle da erosão hídrica ............................................................... 11
3.2.1 Práticas de caráter mecânico ....................................................................... 11
3.2.2 Práticas de caráter vegetativo ...................................................................... 12
3.2.3 Práticas complementares ............................................................................. 14
4 Terraceamento Agrícola ......................................................................................... 16
4.1 Classificação dos terraços ................................................................................. 16
4.2 Dimensionamento dos terraços ......................................................................... 23
4.2.1 Espaçamento entre terraços......................................................................... 23
4.2.1.1 Espaçamento vertical .............................................................................. 23
4.2.1.2 Espaçamento horizontal .......................................................................... 24
4.2.2 Dimensões da seção transversal do canal do terraço................................... 25
4.2.2.1 Dimensionamento do canal do terraço em nível ou de absorção ............ 25
4.2.2.2 Dimensionamento do canal do terraço em desnível ou de drenagem ..... 28
5 Tolerância de Perdas de Solo ................................................................................. 31
6 Modelos para estimar as perdas de solo em áreas agrícolas .................................. 34
7 Equação Universal de Perdas de Solo .................................................................... 37
7.1 Fator de erosividade da chuva ........................................................................... 37
7.2 Fator de erodibilidade do solo............................................................................ 39
7.3 Fator topográfico ............................................................................................... 41
7.4 Fator de uso e manejo do solo .......................................................................... 43
7.5 Fator de práticas conservacionistas................................................................... 47
Referências Bibliográficas ......................................................................................... 48
Capítulo 1
Introdução à Conservação do Solo e da Água

O solo e a água são elementos fundamentais de sustentação dos sistemas


agrícolas e naturais. Reverter o quadro de degradação de extensas áreas; otimizar o uso
dos solos e da água, com potencial para aumentar a produção agrícola; contribuir para a
mitigação de impactos ambientais e desenvolver novos sistemas de produção, capazes de
promover a sustentabilidade ambiental, social e econômica para as gerações presentes e
futuras, são alguns dos desafios para o manejo e a conservação do solo e da água nos
diversos ambientes.
A erosão é tão antiga quanto à própria Terra, sendo designada geológica a
proveniente de fenômenos naturais que agem continuamente na crosta terrestre, como
ocorrência normal do processo de modificação desta e constituindo processo benéfico para
a formação do solo. A ação do homem quebra essa harmonia, por meio da inserção de
práticas que destroem o equilíbrio das condições naturais desse processo, dando origem
à erosão acelerada, que constitui fenômeno de grande importância em razão da rapidez
com que se processa e pelo fato de acarretar grandes prejuízos não só para a exploração
agropecuária, mas também para diversas outras atividades econômicas e ao próprio
ambiente.
A degradação dos solos afeta tanto as áreas agrícolas como as áreas com
vegetação natural e pode ser considerada, dessa forma, um dos mais importantes
problemas ambientais dos nossos dias. Cerca de 15% das terras são atingidas pela
degradação. Atualmente a erosão acelerada dos solos, tanto pelas águas (erosão hídrica)
como pelo vento (erosão eólica), é responsável por 56% e 28%, respectivamente, da
degradação dos solos no mundo. O Brasil não está imune a esses problemas e grandes
áreas do território têm sido identificadas com solos bastante degradados.
Os primeiros esforços voltados à conservação do solo e da água se concentraram
na adoção de práticas mecânicas, que, com o passar do tempo, mostraram-se insuficientes
para o controle da erosão. Somente no início da década de 70 é que se percebeu a
importância de manejar adequadamente o solo, evitando expô-lo aos efeitos das chuvas
intensas do clima tropical e subtropical que predominam no Brasil, assim como a relevância
da microbacia hidrográfica como unidade de planejamento conservacionista.
Compreendeu-se, então, que a sustentabilidade da produção agropecuária, garantindo a
segurança alimentar e a preservação ambiental, está associada ao planejamento do uso
da terra e ao manejo do solo e da água com a adoção de sistemas conservacionistas.
A evolução da conservação do solo e da água por meio do manejo ocorreu de forma
a viabilizar a agricultura brasileira, dando sustentabilidade aos sistemas de produção. Mas,

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somente a partir do início deste século, técnicos e agricultores se deram conta de que,
além de minimizar o impacto ambiental da agricultura, mitigando as perdas de solo, água,
nutrientes e matéria orgânica, estariam também contribuindo para o sequestro de carbono
e reduzindo a emissão de gases de efeito estufa. Sendo assim, é necessário também
desenvolver sistemas de produção capazes de se adaptar às mudanças climáticas,
garantindo a produção de alimentos, fibras e agroenergia e a manutenção de serviços
ambientais.
A degradação dos solos está intimamente associada ao avanço da agricultura. O
ser humano tem sido muito inteligente em termos de produzir alimentos, mas não tem sido
capaz, o suficiente, para associar o desenvolvimento com a conservação do solo e da água.
Em muitos casos, até parece que o homem se empenha em acelerar o empobrecimento
das terras: as matas são derrubadas e queimadas desordenadamente, as encostas
íngremes são aradas e gradeadas na direção da maior declividade, os pastos são
superlotados com rebanhos e as terras cultivadas são submetidas à monocultura, ano após
ano, sem proteção contra o arraste pelas enxurradas ou restituição da fertilidade natural
com fertilizantes.
É relativamente fácil perceber os sinais que revelam esse desgaste, mas é difícil
prever quais serão as más consequências futuras. A aceleração do ritmo da erosão produz
condições anormais bastante notáveis: voçorocas, pomares com árvores raquíticas e
raízes expostas, barreiras caídas em estradas, caminhos profundos nas pastagens,
entulhamento de reservatório de água, rios com águas turvas ou barrentas e inundações
em campos e cidades ribeirinhas.
O aumento de áreas degradadas em regiões anteriormente produtivas tem sido
constatado em diferentes regiões do Brasil. A erosão tem se mostrado sob diversas
intensidades, levando solos, sementes, fertilizantes e defensivos agrícolas para os lagos,
os rios, até atingir o mar. O resultado é a perda de produção e o empobrecimento dos
agricultores, o assoreamento e a contaminação dos corpos hídricos e o desmatamento
para abertura de novas áreas de produção, causando perda da biodiversidade nos
diferentes biomas brasileiros.
Para o desenvolvimento de sistemas sustentáveis nas diferentes zonas
agroecológicas é necessário a aplicação de técnicas conservacionistas adaptadas aos
diferentes ambientes e sistemas de produção agropecuária, protegendo o solo e a água e
garantindo sua funcionalidade, como a troca de ar e calor, o armazenamento e a ciclagem
de nutrientes, a decomposição da matéria orgânica, a regulação do fluxo de água e o
movimento de materiais solúveis, servindo de filtro ou de tampão para elementos e
compostos tóxicos.

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Os sistemas conservacionistas associam a redução drástica do revolvimento do
solo à rotação de diferentes usos e culturas; à manutenção permanente da cobertura do
solo; ao manejo integrado de pragas, doenças e de plantas daninhas; à seleção de
espécies vegetais e ao desenvolvimento de variedades e cultivares mais produtivas e
adaptadas; aos sistemas de adubação mais racionais; e a outras tecnologias adaptadas
aos diferentes sistemas de produção. Por serem desenvolvidos para as condições de solo
e clima existentes em cada região, os sistemas conservacionistas vêm se tornando mais
frequentes na paisagem, recuperando áreas degradadas e dando renda aos agricultores.
O objetivo da conservação dos solos agrícolas e da água é fomentar sua adequada
utilização, quando a vegetação natural é substituída por lavouras, pastagens ou
reflorestamento. Os resultados observados até agora mostram que os agricultores podem
preservar o solo e a água e proporcionar maior estabilidade a seus empreendimentos se,
para isto, tiverem vontade, os meios materiais e os conhecimentos necessários. Uma vez
que o solo e a água são a base fundamental de qualquer nação, a sua conservação
relaciona-se principalmente à produção de alimentos, assumindo assim grande
importância econômica, como garantia da própria estabilidade social do país. Portanto, a
conservação do solo e da água deve ser preocupação e responsabilidade, sem exceção,
de toda a população.
Dentro desse contexto, o desafio é compreender os processos responsáveis pela
erosão, reconhecendo que esses processos não são meramente físicos, mas também
sócio-econômicos. Os solos erodem não apenas porque chove forte, mas porque foram
desmatados e cultivados de maneira incorreta. Portanto, a prevenção da erosão depende
do nosso entendimento sobre como, onde e por que ela ocorre.

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Capítulo 2
Erosão

A erosão acelerada (caracterizada simplesmente como erosão) é o processo de


desprendimento e arraste acelerado das partículas do solo causado pela água (hídrica) e
pelo vento (eólica). A erosão do solo constitui, sem dúvida, a principal causa do
depauperamento acelerado das terras. As enxurradas, provenientes das águas de chuva
que não ficaram retidas sobre a superfície, ou não se infiltraram, transportam partículas de
solo em suspensão e elementos nutritivos essenciais em dissolução. Outras vezes, esse
transporte de partículas do solo se verifica pela ação do vento. O efeito do vento na erosão
é ocasionado pela abrasão proporcionada pelos grãos de areia e partículas de solo em
movimento.

2.1 Erosão eólica


A erosão eólica consiste no transporte de partículas do solo pela ação dos ventos,
apresentando maior importância nas regiões planas com baixa precipitação, alta incidência
de ventos e pouca vegetação para proteger o solo. No Brasil, as áreas afetadas pela erosão
eólica localizam-se, principalmente, em algumas regiões do Nordeste e do Rio Grande do
Sul.
O processo de erosão eólica consiste em três fases distintas envolvendo as
partículas de solo: a desagregação, o transporte e a deposição.
A ação abrasiva do vento resulta no desprendimento de pequenas partículas do
solo, provenientes da massa que as contém. Entretanto, quando o vento está
sobrecarregado de partículas de solo, sua ação abrasiva é muito aumentada. O impacto
dessas partículas dotadas de movimento rápido desaloja outras partículas dos agregados
do solo, tornando-as prontas para serem transportadas.
O transporte das partículas, separadas de seus agregados, é influenciado pelo seu
tamanho e pela velocidade do vento. Normalmente, as partículas de 0,5 a 1,0 mm de
diâmetro são arrastadas e as partículas de 0,1 a 0,5 mm de diâmetro movimentam-se aos
saltos. Por sua vez, as partículas menores que 0,1 mm de diâmetro podem sofrer
movimento pela suspensão, em geral iniciado pelo impacto dos seus saltos.
A deposição do sedimento ocorre quando a força da gravidade é maior que a força
de sustentação das partículas no ar. A deposição dos sedimentos transportados pelo vento
é um importante fator nas mudanças geológicas que ocorrem naturalmente na superfície
da terra. Porém, o homem tem acelerado essas mudanças desde que iniciou o cultivo do
solo sem manejá-lo adequadamente.

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As práticas de controle da erosão eólica devem ter como objetivos: aumentar a
estabilidade do solo e a rugosidade da superfície, manter o solo coberto por vegetação e
resíduos culturais e evitar a ação dos ventos sobre a área cultivada.
Uma das práticas mais empregadas pelos agricultores para o controle da erosão
eólica é a utilização de quebra-ventos. Eles consistem em uma barreira densa de árvores,
colocadas a intervalos regulares do terreno, nas regiões sujeitas a ventos fortes, de modo
a formarem anteparos contra os ventos dominantes. Sua função é fundamentalmente
reprimir a ação do vento na superfície do solo, protegendo as plantas cultivadas e o solo,
por isso deve ser o mais alto e o mais cerrado possível na direção perpendicular dos ventos
dominantes.

2.2 Erosão hídrica


A erosão hídrica pode ser definida como a remoção das partículas do solo das áreas
mais altas, pela ação das águas da chuva, o transporte dessas partículas e a sua deposição
nas áreas mais baixas ou no fundo dos lagos, rios e oceanos. No Brasil, indiscutivelmente,
a erosão hídrica é a mais importante.
O processo de erosão hídrica do solo constitui-se de três etapas distintas: as
partículas de solo se desagregam, as partículas desagregadas são transportadas e as
partículas transportadas são depositadas em algum lugar abaixo de sua origem.
A desagregação é a primeira fase do processo erosivo e consiste no
desprendimento das partículas de solo (individual ou agregados) da massa que as contém.
O processo erosivo inicia-se com a incidência das precipitações pluviométricas. Do
volume total precipitado, parte é interceptado pela vegetação, enquanto o restante atinge
a superfície do solo. Caso o solo esteja desprovido de vegetação, o volume total precipitado
atinge a sua superfície. O primeiro passo para a erosão é, portanto, o impacto direto das
gotas da chuva na superfície do solo, o que provoca a desagregação das partículas de solo
desprovido de vegetação. Se, por exemplo, a superfície do solo estiver revestida com mata,
a copa das árvores absorve a maior parte da energia cinética das gotas da chuva e o manto
de folhas sobre o solo amortece o restante do impacto advindo do segundo trajeto, da copa
das árvores até a superfície do terreno.
Com a energia de impacto, a água desagrega as partículas de solo tornando-as
mais fáceis de serem carregadas, produzindo assim o que é denominado de sedimento
(material erodido). A água da chuva provoca umedecimento dos agregados do solo,
reduzindo suas forças coesivas, enfraquecendo-os e tornando-os menos resistentes ao
desprendimento, que somente ocorre quando as forças externas, de natureza cisalhante,
superam as forças internas. Com a continuidade da ação da chuva ocorre a desintegração
dos agregados em partículas menores.

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Se o material assim desagregado não for removido por escoamento, pode ocorrer
o movimento das partículas finas e dispersas ao longo de poucos centímetros abaixo da
superfície do solo e sua deposição nos poros do solo, causando redução da
macroporosidade da camada superficial do solo. Além de ocasionar a liberação de
partículas que obstruem os poros do solo, o impacto das gotas da chuva tende também a
produzir uma camada delgada de solo expressivamente adensada, ocasionando o
selamento de sua superfície e, consequentemente, reduzindo a capacidade de infiltração
da água.
A capacidade de infiltração deve ser entendida como o volume máximo de água
que pode infiltrar no solo em um dado intervalo de tempo. Quando uma precipitação atinge
o solo com intensidade menor do que a capacidade de infiltração, toda a água penetra no
solo. A partir do instante em que a intensidade de precipitação excede a capacidade de
infiltração inicia-se o escoamento superficial, podendo ocorrer o transporte de partículas
do solo.
Grande quantidade de solo pode ser removida desde que suas partículas estejam
desagregadas e suspensas nas águas das enxurradas, pois isto as torna suscetíveis de
serem transportadas.
O transporte é a segunda fase do processo erosivo e consiste na transferência das
partículas de solo desagregadas de seu local de origem para outro, seja pelo salpicamento
decorrente do impacto das gotas da chuva, seja pelo escoamento superficial. Geralmente,
a maior parte do solo é transportada pelo escoamento superficial.
Associado ao escoamento superficial, também ocorre o desprendimento de
partículas do solo, em que o agente erosivo é decorrente da tensão cisalhante
correspondente ao próprio escoamento superficial. Assim, o desprendimento de partículas
de solo promovido pelo escoamento superficial somente ocorre quando a tensão cisalhante
associada ao escoamento superficial supera a tensão crítica de cisalhamento do solo.
A deposição é a terceira e última fase do processo erosivo e consiste na deposição
do material que foi desagregado e transportado. Isso ocorre quando a quantidade de
sedimentos contida no escoamento superficial for maior que a sua capacidade de
transporte, ou quando o escoamento superficial encontrar um obstáculo ao seu movimento.
O processo de desprendimento de partículas de solo pelo impacto das gotas de
chuva é o principal causador da erosão em entressulcos, que constitui a fase inicial da
erosão hídrica, caracterizando-se pela remoção de delgadas camadas da superfície do
solo por um fino fluxo superficial de água (fluxo laminar). A princípio, a erosão em
entressulcos é quase imperceptível, sendo notada apenas com o decorrer do tempo,
quando se aumenta a quantidade de solo removido.

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O processo de desprendimento de partículas de solo em decorrência do
escoamento superficial (fluxo turbulento) é o principal responsável pela ocorrência da
erosão em sulcos, facilmente perceptível pela formação de sulcos irregulares, em virtude
da concentração do fluxo superficial de água.
Se a enxurrada não for controlada desde seu início, os sulcos se aprofundam. O
escoamento superficial da água pode vir a transformá-los em voçorocas, que ao atingir o
horizonte C dos solos, podem alcançar profundidades de vários metros. Esse tipo de
erosão proporciona a perda total do solo, destruindo campos cultivados e, por vezes, áreas
urbanas.
O movimento do solo pela água é um processo complexo, influenciado por uma
série de fatores, dos quais quatro são considerados principais: clima da região, tipo de solo,
topografia do terreno e cobertura vegetal. Em cada caso, a intensidade do processo erosivo
é determinada pela interação ou balanço dos vários fatores, alguns favorecendo o processo
erosivo e outros se opondo a ele.
Os fatores mais importantes do clima com respeito à erosão são a distribuição e a
intensidade das chuvas.
A distribuição diz respeito à ocorrência das chuvas em uma determinada região no
decorrer do ano. As chuvas, numa região, podem se concentrar todas num período do ano,
enquanto que em outra região a mesma quantidade de chuva pode ser distribuída durante
todo o ano. Se os intervalos entre as chuvas são curtos, a umidade do solo é maior,
consequentemente, a capacidade de absorção de água do solo menor, aumentando as
possibilidades de enxurradas mais volumosas.
A intensidade refere-se à quantidade de chuva que ocorre durante um determinado
tempo. Quanto maior a intensidade da chuva, maior a perda de solo por erosão. Quando a
chuva cai mansamente, sob a forma de pequenas gotas, durante um período de várias
horas, como as garoas (baixa intensidade), há mais tempo para ser totalmente absorvida
e raramente causa estragos. Por outro lado, se essa mesma quantidade de chuva cai
rapidamente, em forma de temporais, em alguns minutos (alta intensidade) formam-se
volumosas enxurradas, podendo provocar erosões.
Certos solos são mais suscetíveis à erosão do que outros, de acordo com seus
atributos. A permeabilidade do solo e a capacidade de armazenamento de água
determinam o volume da enxurrada. As condições que mais comumente limitam a
permeabilidade do solo são: encrostamento superficial, causado pelo impacto das gotas
de chuva ou pelo tráfego de máquinas e animais; subsolos compactados e leitos rochosos.
Quanto mais próxima da superfície estiver a camada de impedimento físico, menor o
volume de água necessário para saturar o solo e causar o início do escoamento superficial.

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A textura também influencia a erodibilidade dos solos. Os solos arenosos, ricos em
macroporos e muito permeáveis, durante uma chuva de pouca intensidade, podem
absorver toda a água. Entretanto, por possuírem baixa proporção de partículas argilosas e
matéria orgânica, o escoamento das enxurradas, mesmo em pequena quantidade, pode
causar o arrastamento de grande quantidade de solo, devido à baixa coesão entre as
partículas. Nos solos argilosos, com menor macroporosidade, a capacidade de infiltração
da água é menor, resultando em maior volume de enxurrada com potencial erosivo.
Todavia, devido à maior força de coesão entre as partículas, os solos argilosos oferecem
maior resistência ao fluxo de enxurrada do que os arenosos.
A topografia do terreno, representada pela declividade, pelo comprimento de rampa
e pela forma do declive, exerce acentuada influência sobre a erosão.
Se a declividade for zero, isto é, se a área for plana, a erosão é praticamente nula,
desde que se mantenha o solo coberto para evitar o impacto das gotas da chuva. A
declividade, ou grau de inclinação do terreno, influencia no maior ou menor arrastamento
superficial das partículas do solo. Nos terrenos planos, ou apenas levemente inclinados, a
água escoa com pequena velocidade e, além de possuir menos energia, tem mais tempo
para se infiltrar. Por outro lado, nos terrenos muito inclinados, a resistência ao escoamento
da enxurrada é menor, atingindo assim maior velocidade.
Para uma mesma declividade, a erosão será tanto maior quanto maior for o
comprimento de rampa. Para um mesmo comprimento de rampa, a erosão é sempre maior
no seu final devido à maior velocidade e concentração da enxurrada.
A superfície de um terreno em declive nem sempre é um plano inclinado. Na maioria
das vezes, apresenta-se com a forma côncava, convexa ou combinações dessas.
Numa superfície curva de forma côncava, há tendência de redução da velocidade
da enxurrada do início para o final da rampa. Isto faz com que a erosão numa superfície
côncava seja menor do que numa superfície de declividade uniforme. Numa superfície
convexa, o fenômeno ocorre de modo inverso, isto é, há um aumento da velocidade da
enxurrada no final da rampa. Como no final da rampa o volume de água também é maior,
conclui-se que numa rampa convexa a erosão é maior do que numa rampa plana.
A cobertura vegetal também influencia o processo erosivo. Quanto mais protegida
pela cobertura vegetal estiver a superfície do solo contra a ação da chuva, menor será sua
propensão de ocorrência de erosão. Além de aumentar o volume de água interceptado, a
vegetação amortece a energia de impacto das gotas da chuva, reduzindo a destruição dos
agregados, a obstrução dos poros e o selamento superficial do solo. A cobertura vegetal
na superfície também reduz a velocidade do escoamento superficial, pelo aumento da
rugosidade superficial do terreno. Além disso, as raízes da vegetação exercem a função
de travamento do solo, pois as raízes emaranhadas promovem a fixação das partículas do

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solo, dificultando o seu desprendimento pela água que escorre superficialmente. Quanto
maior o número de raízes, mais proteção é oferecida ao solo.
Portanto, para controlar o processo de erosão hídrica do solo, é preciso deter não
somente o escorrimento da enxurrada, que transporta as partículas de solo, mas também,
e principalmente, a desagregação do solo, evitando o desprendimento das partículas do
solo causado pelo impacto das gotas da chuva.

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Capítulo 3
Práticas Conservacionistas

As práticas de controle do processo de erosão do solo, também designadas de


práticas conservacionistas, são todas as técnicas utilizadas para aumentar a resistência do
solo à erosão ou diminuir as forças do processo erosivo. Portanto, práticas
conservacionistas são todas as práticas que visam ao controle da erosão. Essas práticas
fazem parte da tecnologia moderna e permitem controlar a erosão, ainda que não a anulem
completamente, mas reduzindo-a a proporções insignificantes.
As práticas conservacionistas podem ser divididas em práticas de caráter mecânico,
práticas de caráter vegetativo e práticas complementares. Porém, nenhuma prática,
individualmente, é suficiente para controlar a erosão do solo de uma forma definitiva. Cada
área com problema de erosão deve ser analisada individualmente, de maneira a escolher
um conjunto de práticas mais apropriadas para cada caso, a fim de maximizar a eficiência
de seu controle.

3.1 Princípios de controle da erosão hídrica


Baseando-se no processo de erosão hídrica do solo, desagregação, transporte e
deposição, podem-se admitir três princípios de controle da erosão hídrica: o primeiro é a
redução do efeito do impacto da gota da chuva na superfície do solo, o segundo é a
redução do efeito do escoamento superficial e o terceiro é a melhoria das condições de
infiltração da água no solo.
A redução do efeito do impacto da gota da chuva na superfície do solo proporciona
a redução da desagregação das partículas do solo. Assim, para atender ao primeiro
princípio de controle da erosão hídrica, deve-se:
- evitar o impacto da gota da chuva na superfície do solo: obtido por meio de manejo
que mantenha uma adequada cobertura do solo, seja pela própria vegetação presente,
seja pelos resíduos culturais deixados na superfície do solo;
- aumentar a resistência das partículas do solo ao impacto da gota da chuva: obtido
por meio de manejo que favoreça a agregação do solo, o que pode ser conseguido pelo
aumento do teor de matéria orgânica do solo.
A redução do efeito do escoamento superficial proporciona a redução do transporte
das partículas de solo desagregadas. Assim, para atender ao segundo princípio de controle
da erosão hídrica, deve-se:
- reduzir a velocidade do escoamento superficial: obtido por meio do parcelamento
do declive;

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- aumentar a resistência do solo ao escoamento superficial: obtido por meio do
aumento da rugosidade do solo, o que pode ser conseguido pela melhoria da sua estrutura
ou pela própria cobertura do solo, viva ou morta.
A melhoria das condições de infiltração da água no solo proporciona aumento do
volume de água infiltrado e, consequentemente, redução do volume de água disponível
para o escoamento superficial. Assim, para atender ao terceiro princípio de controle da
erosão hídrica, deve-se:
- represar a água, por um intervalo de tempo, que possibilite a sua infiltração no
solo: obtido por meio da construção de barreiras, que interceptam o escoamento
superficial;
- aumentar a taxa de infiltração de água no solo: obtido por meio de melhoria nas
condições físicas do solo, o que pode ser conseguido pelo aumento da macroporosidade
do solo.

3.2 Práticas de controle da erosão hídrica

3.2.1 Práticas de caráter mecânico


São práticas que envolvem a utilização de estruturas especiais mediante a
disposição adequada de porções de terra. Alguns exemplos são citados a seguir.

a) Operações agrícolas em contorno


Também denominada de manejo da cultura em nível, essa prática consiste em
realizar as operações agrícolas, tais como preparo do solo, plantio, cultivo e colheita,
paralelamente às linhas niveladas básicas, no sentido transversal à declividade do terreno.
Ao realizar as operações agrícolas em contorno, existe um parcelamento do declive, pois
cada linha de cultura constitui um obstáculo, que se opõe ao escoamento superficial,
diminuindo sua velocidade e capacidade de arrastamento de partículas do solo.

b) Terraceamento
Consiste na construção de terraços no sentido transversal à declividade do terreno,
formando obstáculos físicos capazes de reduzir a velocidade do escoamento superficial e
de disciplinar o movimento da água sobre a superfície do terreno. O princípio de
funcionamento do terraceamento é o parcelamento do declive, ou seja, dividir uma rampa
comprida (mais sujeita à erosão) em várias rampas curtas (menos sujeitas à erosão). Com
o armazenamento da água no canal do terraço, há uma maior possibilidade de infiltração
da água no solo, porém só há aumento da infiltração na área do canal e não em toda a
área terraceada.

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c) Canais escoadouros
São construídos quando a área não possui um escoadouro natural, tal como uma
depressão vegetada, uma área de pastagem bem protegida ou uma floresta, que possa
conduzir a água das áreas terraceadas até um curso de água sem provocar erosão. Esses
canais são construídos cortando os terraços, de forma a receber toda a água conduzida
pelos seus canais, e sua declividade pode acompanhar a declividade natural da área.
Normalmente, são largos e rasos, de modo a dificultar o aumento da velocidade da água.

d) Canais divergentes
São canais construídos com dois objetivos. Um é o de escoar a água de áreas que
não tenham qualquer prática de controle de erosão, para proteger uma área terraceada em
cota inferior, conduzindo essa água de maneira segura diretamente para fora da área
terraceada até um canal escoadouro. O outro é conduzir a água recebida dos canais
escoadouros até encontrar um escoadouro natural. Os canais divergentes são,
normalmente, mais estreitos e profundos do que os canais escoadouros. Sua declividade
deve ser tal que a água não adquira velocidade para provocar erosão no seu leito.

e) Subsolagem
Consiste em se utilizar um subsolador que, ao ser puxado por um trator, se
aprofunda no solo, rompendo as camadas compactadas e, consequentemente,
aumentando a infiltração de água no solo.

3.2.2 Práticas de caráter vegetativo


São práticas que utilizam a vegetação natural, não envolvendo a movimentação de
terra. Alguns exemplos são citados a seguir.

a) Barreiras vivas ou faixas de retenção ou cordões de vegetação permanente


Constituem fileiras de plantas perenes dispostas em contorno, com as quais se
procura dividir o comprimento de rampa. Para isso, usam-se plantas com grande densidade
foliar e sistema radicular abundante. As faixas de retenção são responsáveis pela redução
da velocidade do escoamento superficial e, consequentemente, da capacidade de
transporte de sedimentos. Contudo, como há a manutenção de uma faixa com vegetação
permanente, pode-se considerar que há redução do efeito do impacto da gota da chuva na
superfície do solo, porém, somente na faixa de retenção e não em toda a área cultivada.

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b) Rotação de culturas
Consiste na sucessão de diferentes culturas em uma mesma área, visando à
exploração mais uniforme do solo. A rotação de culturas é realizada com a principal
finalidade de manter a produtividade do solo. Como as diferentes culturas exploram
diferentes profundidades de solo, a rotação de culturas propicia o aumento da infiltração
de água no solo.

c) Culturas em faixas
Consiste na disposição de culturas em faixas de largura variável, plantadas sempre
em nível, de tal forma que, a cada ano, se alternem em determinada área, plantas com
cobertura densa e outras que ofereçam menor proteção ao solo. Dessa forma, a proteção
do solo se processa como se houvesse um parcelamento da rampa. O escoamento
superficial, passando sobre a faixa de cultura menos protetora, transporta partículas de
solo, que ao penetrar na faixa de cultura mais protetora, tende a sofrer desaceleração,
proporcionando nessa faixa a deposição do sedimento transportado. No ano seguinte, a
ordem das culturas nas faixas se inverte, proporcionando, assim, um desgaste mais
uniforme da área total cultivada.

d) Semeadura direta
Consiste na semeadura de culturas sobre o resíduo da cultura anterior. O solo só é
movimentado no local de plantio, utilizando-se máquinas de semeadura direta. Assim, o
solo permanece constantemente coberto, o que evita o impacto direto da gota da chuva na
superfície do solo e aumenta a rugosidade do solo, aumentando assim a sua resistência
ao escoamento superficial.

e) Ceifa do mato
Consiste no corte rasteiro das plantas daninhas, mantendo-se a parte inferior da
planta viva no solo, de forma a manter o efeito de travamento do solo pelas suas raízes.
Assim, sobre a superfície do solo permanece uma pequena vegetação protetora,
constituída dos caules das plantas ceifadas.

f) Alternância de capinas
Consiste em realizar as capinas alternando as faixas de mobilização do solo,
deixando sempre uma ou duas faixas protegidas pela própria planta daninha logo abaixo
daquelas recém capinadas. Na próxima vez, as áreas que foram capinadas anteriormente
ficam intactas, capinando-se aquelas que não tinham sido capinadas. Além de proteger o
solo contra o impacto direto da gota da chuva, essa prática também parcela o declive, pois

13
a água que escorre livremente na faixa capinada, ao atingir a faixa não capinada, tende a
diminuir a velocidade e depositar as partículas transportadas.

g) Plantas de cobertura
São plantas utilizadas com o objetivo específico de proteger o solo durante a
estação chuvosa, evitando assim o impacto direto da gota da chuva.

h) Pastagens
Podem ser utilizadas em diversos tipos de solo e em áreas cuja declividade não
possibilite a utilização de cultivo intensivo, mas permita a exploração pecuária. Quando a
pastagem se encontra adequadamente manejada proporciona a total cobertura do solo.

i) Reflorestamento ou arborização
Essa prática também pode ser utilizada em diversos tipos de solo, porém em áreas
com declividade bastante acentuada, que não possibilite a utilização de cultivo intensivo e
nem de exploração pecuária. Quando a área de reflorestamento se encontra
adequadamente manejada proporciona a total cobertura do solo.

3.2.3 Práticas complementares


São práticas que atendem a pelo menos um dos princípios de controle da erosão,
mas não se enquadram nas de caráter mecânico nem de caráter vegetativo. Alguns
exemplos são citados a seguir.

a) Cobertura morta
Consiste na cobertura do solo com palha ou resíduos vegetais, distribuídos sobre a
superfície do solo, de maneira tão homogênea quanto possível. A cobertura morta protege
o solo contra o impacto direto da gota da chuva e oferece resistência ao escoamento
superficial.

b) Adubação verde
Consiste na incorporação de plantas especialmente cultivadas para esse fim,
constituindo-se uma das formas mais baratas e acessíveis de repor a matéria orgânica,
proporcionando melhoria na agregação do solo. Assim, com o solo melhor estruturado,
obtêm-se maior resistência ao impacto da gota da chuva e maior resistência ao
escoamento superficial.

14
c) Adubação orgânica
Consiste na adição de matéria orgânica já em estado de decomposição, o que influi
diretamente na melhoria dos atributos físicos do solo, melhorando a agregação,
aumentando a porosidade e, consequentemente, a taxa de infiltração de água no solo.

d) Adubação química e calagem


Consiste na adição de adubos químicos e calcário com o objetivo de manter e/ou
melhorar a fertilidade do solo, a fim de obter um adequado desenvolvimento da cultura em
produção. Assim, por promoverem um melhor desenvolvimento vegetal, a adubação
química e a calagem propiciam uma melhor cobertura do solo.

e) Irrigação e drenagem
Ambas promoverem um melhor desenvolvimento vegetal e, consequentemente,
uma melhor cobertura do solo.

Portanto, observa-se que dificilmente uma única prática conservacionista atende


simultaneamente aos três princípios de controle da erosão. Porém, a combinação
adequada de duas ou mais práticas pode controlar a erosão de maneira a obter a perda de
solo tolerável para a área em produção.

15
Capítulo 4
Terraceamento Agrícola

O terraceamento agrícola consiste na construção de terraços (estruturas compostas


de um dique e um canal) no sentido transversal à declividade do terreno, formando
obstáculos físicos capazes de reduzir a velocidade do escoamento superficial e de
disciplinar o movimento da água sobre a superfície do terreno.
O terraceamento agrícola é uma prática de controle da erosão hídrica de caráter
mecânico, baseando-se principalmente na redução do efeito do escoamento superficial,
por meio do parcelamento do declive. O princípio de funcionamento do terraceamento é
dividir uma rampa comprida (mais sujeita à erosão) em várias rampas curtas (menos
sujeitas à erosão). Assim, cada terraço protege a área que está abaixo dele, pois recebe o
escoamento superficial da área que está acima dele.
O terraceamento agrícola constitui-se num sistema de controle da erosão pelo
escoamento superficial, porém não evita o impacto direto das gotas da chuva na superfície
do solo. Portanto, para aprimorar a proteção da área terraceada é fundamental a
combinação de outras práticas de controle da erosão, como por exemplo, as de caráter
vegetativo, que proporcionam a proteção superficial do solo da área.
O terraceamento agrícola é uma eficiente prática de controle da erosão desde que
seja criteriosamente planejado, dimensionado, construído e conservado. Caso contrário,
pode ocasionar mais danos do que benefícios, pois o rompimento de um terraço pode levar
à destruição dos demais que estiverem à jusante, com grandes prejuízos à área cultivada.

4.1 Classificação dos terraços


Desde o início de sua utilização, os terraços vêm sofrendo variações na sua forma,
em função, sobretudo, das condições locais (clima, solo, declividade e sistema de cultivo)
e da disponibilidade de máquinas e implementos para a construção e manutenção. Daí a
existência, na atualidade, de diversos tipos de terraços que podem ser classificados de
acordo com a função, o alinhamento, a forma do perfil, a largura da base e o processo de
construção, cada um atendendo melhor as condições específicas de cada área agrícola.
Embora existam vários tipos de terraços, a sua finalidade é sempre parcelar o comprimento
da rampa, evitando que o escoamento superficial se avolume e ganhe velocidade suficiente
para causar erosão.

16
a) Quanto à função, os terraços podem ser classificados em: nível ou de absorção
e desnível ou de drenagem.
O terraço em nível ou de absorção tem a função de armazenar o volume de água
decorrente do escoamento superficial para que possa infiltrar-se no canal do terraço. Esse
tipo de terraço é construído com o canal em nível e as extremidades bloqueadas.
Normalmente, é construído em solos profundos, com alta taxa de infiltração quando
saturado e sem impedimento de drenagem. Quanto à região, deve-se optar por aquelas
com precipitações pluviométricas não muito elevadas.
O terraço em desnível ou de drenagem tem a função de retirar o excedente de água
da chuva da área terraceada de forma segura, sem que a água atinja velocidade erosível,
provocando arrastamento de partículas no leito do canal. Esse tipo de terraço é construído
com o canal em pequeno declive e pelo menos uma das extremidades abertas, pois a água
retirada deve ser conduzida até um canal escoadouro. Normalmente, é construído em solos
rasos, com taxa de infiltração baixa ou moderada e com algum impedimento de drenagem.
Quanto à região, deve-se optar por aquelas com precipitações pluviométricas elevadas.

b) Quanto ao alinhamento, os terraços podem ser classificados em: paralelos e não


paralelos.
Os terraços paralelos são construídos com espaçamento constante ao longo de
toda a sua extensão. Esse tipo de terraço é construído somente após a sistematização do
terreno, por meio de cortes e aterros, o que torna necessário o uso de máquinas que
permitam grande movimentação de terra. As vantagens desse tipo de terraço são: redução
do número de linhas mortas e de curvas muito estreitas, economia de tempo nas operações
agrícolas e redução dos prejuízos relativos à destruição de plantas devido ao pisoteio das
máquinas por ocasião das manobras. Entretanto, o custo de sistematização do terreno é
bastante elevado.
Os terraços não paralelos são construídos com espaçamento variável ao longo da
área terraceada, devido às irregularidades do terreno. Como esse tipo de terraço é
construído sobre uma linha nivelada básica, o paralelismo só ocorre em terreno regular.
Esse é o tipo de terraço comumente construído pelos agricultores brasileiros.

c) Quanto ao perfil ou à estrutura, os terraços podem ser classificados em: comum,


murundum, embutido, patamar e banqueta individual.
O terraço comum é constituído de um dique e um canal, podendo ser construído
em nível ou em desnível. Normalmente, é construído com arados terraceadores, arados de
discos ou arados de aivecas. É o tipo de terraço mais utilizado pelos agricultores brasileiros.

17
canal
dique ou camalhão
Figura 4.1 Representação esquemática de um terraço comum.
Fonte: Lombardi Neto & Drugowich (1994).

O terraço murundum é constituído apenas de um dique, podendo ser construído


somente em nível. Normalmente, é construído com a utilização de tratores com lâminas
frontais, arrastando material da camada superficial do solo, geralmente a mais rica em
nutrientes e matéria orgânica. Em áreas com esse tipo de terraço, a água fica paralisada à
montante do dique, até ser absorvida pelo solo. Se esse terraço, que não possui canal, for
construído em desnível, o escorrimento da água provoca um desbarrancamento do talude
do murundum, diminuindo sua resistência, consequentemente, facilitando seu rompimento.

Figura 4.2 Representação esquemática de um terraço murundum.


Fonte: Lombardi Neto & Drugowich (1994).

O terraço embutido também é constituído apenas de um dique, podendo ser


construído somente em nível. Normalmente, é construído com motoniveladora ou trator
com lâmina, ficando o talude praticamente na vertical. É um tipo de terraço que
praticamente não apresenta área inutilizada para o plantio.

18
A = pequena faixa perdida no plantio

Figura 4.3 Representação esquemática de um terraço embutido.


Fonte: Lombardi Neto & Drugowich (1994).

O terraço patamar é constituído de uma plataforma e um talude, sendo construído


em áreas bastante declivosas, normalmente com declividade superior a 18%. É construído
pela movimentação de terra com cortes e aterros, que resultam em patamares em forma
de escada. A plataforma deve apresentar pequena declividade em direção ao seu interior,
a fim de evitar o escoamento de água de um terreno para outro, o que poderia provocar a
erosão do talude e comprometer a estabilidade do sistema de terraceamento. O talude
deve ser revestido com grama ou outro tipo de vegetação, desde que não seja invasora.
Em razão do alto custo de construção do terraço patamar, o seu uso só é viável
economicamente para a exploração de culturas com alta rentabilidade econômica.

talude

plataforma

Figura 4.4 Representação esquemática de um terraço patamar.


Fonte: Lombardi Neto & Drugowich (1994).

19
Figura 4.5 Perfil de um terreno com terraço patamar.
Fonte: Lombardi Neto & Drugowich (1994).

O terraço banqueta individual é uma variação do terraço patamar, sendo também


conhecido por patamar descontínuo. É construído quando o terreno apresenta obstáculos,
como pedras ou afloramentos rochosos, ou existe deficiência de máquinas ou
equipamentos para a construção do terraço patamar. A banqueta individual é construída
manualmente, sendo indicada para culturas perenes, em que cada planta é cultivada em
pequeno espaço, devidamente individualizado. O processo de construção do terraço
banqueta individual é o mesmo descrito para o terraço patamar.

Figura 4.6 Representação esquemática de um terraço banqueta individual.


Fonte: Lombardi Neto & Drugowich (1994).

Figura 4.7 Perfil de um terreno com terraço banqueta individual.


Fonte: Lombardi Neto & Drugowich (1994).

20
d) Quanto à largura da base, os terraços podem ser classificados em: base estreita,
base média e base larga. Essa classificação baseia-se na largura da faixa de
movimentação de terra para construir a base do terraço.
O terraço de base estreita possui até 3 m de largura da base e é construído em
áreas declivosas, normalmente entre 12 e 18%. Nesse tipo de terraço não se pode cultivar
no dique nem no canal. A área útil para cultivo é constituída das áreas entre os terraços,
excluindo canal e dique.
O terraço de base média possui de 3 a 6 m de largura da base e é construído em
áreas um pouco menos inclinadas do que aquelas do tipo anterior, normalmente entre 8 e
12%. O cultivo pode ser realizado no dique, mas não se admite plantio dentro do canal.
O terraço de base larga possui de 6 a 12 m de largura da base e é construído em
áreas com declividade suave, normalmente até 8%. Esse tipo de terraço possui dique e
canal tão suaves que possibilita a utilização de máquinas agrícolas para plantio em toda a
área, dentro do canal e sobre o dique. O alto custo de construção desse tipo de terraço é
compensado por cultivar-se em toda a sua superfície e pela facilidade da sua manutenção.

Figura 4.8 Perfil esquemático de terraço com base estreita, média e larga.
Fonte: Lombardi Neto & Drugowich (1994).

21
e) Quanto ao processo de construção, os terraços podem ser classificados em:
Mangum e Nichols.
O terraço tipo Mangum normalmente é construído com arado fixo. Na construção
desse tipo de terraço, o trator trabalha jogando terra para cima e para baixo, sobre uma
linha nivelada básica, previamente demarcada no terreno. Ao se construir um terraço com
arado fixo, o trator praticamente abre dois sulcos. Um sulco maior pelo lado de cima do
dique e outro sulco menor pelo lado de baixo, pois o trator vai pelo lado de cima e volta
pelo lado de baixo. Esse segundo canal é feito devido ao rastro do arado, devendo ser
eliminado no final da construção.

Figura 4.9 Representação esquemática de um terraço tipo Mangum.


Fonte: Lombardi Neto & Drugowich (1994).

O terraço tipo Nichols normalmente é construído com arado reversível. Na


construção desse tipo de terraço, o trator trabalha jogando terra sempre para baixo. Ao se
construir um terraço com arado reversível, o trator abre somente um sulco do lado de cima
do dique, que é o canal do terraço. A construção desse tipo de terraço sem um arado
reversível é antieconômica, visto que o trator iria jogando terra para baixo e voltaria com o
arado levantado. Assim, o trajeto de volta seria um percurso perdido, no qual o trator estaria
deslocando-se sem, contudo, construir o terraço.

Figura 4.10 Representação esquemática de um terraço tipo Nichols.


Fonte: Lombardi Neto & Drugowich (1994).

22
4.2 Dimensionamento dos terraços
O dimensionamento de sistemas de terraceamento consiste em determinar duas de
suas características: o espaçamento entre terraços e as dimensões da seção transversal
do canal do terraço.

4.2.1 Espaçamento entre terraços


O espaçamento entre terraços é o comprimento crítico de rampa para o qual o
escoamento superficial não alcance energia suficiente para proporcionar perdas de solo
por erosão acima do limite tolerável. O espaçamento entre terraços pode ser referido como
espaçamento vertical ou espaçamento horizontal.

4.2.1.1 Espaçamento vertical


O espaçamento vertical entre dois terraços corresponde à diferença de nível entre
eles, podendo ser estimado pela equação a seguir.
u  m
EV  0,4518 K D 0,58  
 2 
onde:
EV = espaçamento vertical entre terraços (m)
K = parâmetro que depende do tipo de solo (Quadro 4.1)
D = declividade do terreno (%)
u = fator uso do solo (Quadro 4.2)
m = fator manejo do solo (Quadro 4.3)

Quadro 4.1 Agrupamento de solos segundo suas qualidades, características e resistência


à erosão e os respectivos valores do fator K.
Grupo Principais Características
Grandes Grupos
(resistência à Permeabilidade Textura Razão K
Profundidade de Solos
erosão) (horizonteA/horizonteB) (horizonteA/horizonteB) Textural(1)
média/média
muito profundo LR, LE, LV, LVr,
rápida/rápida muito argilosa/muito
A (alta) (> 2,0 m) ou profundo < 1,2 LVt, LH, LEa, 1,25
moderada/rápida argilosa
(1,0 a 2,0 m) LVa
argilosa/argilosa
arenosa/arenosa Lj, LVP, PV,
arenosa/média PVL, PLn, TE,
rápida/rápida
B (moderada) profundo (1,0 a 2,0 m) arenosa/argilosa 1,2 a 1,5 PVls, R, RPV, 1,10
rápida/moderada
média/argilosa RLV, LEa(3),
argilosa/muito argilosa LVa(3)
arenosa/média(2)
profundo (1,0 a 2,0 m) lenta/rápida
média/argilosa(2) Pml, PVp, PVls,
C (baixa) ou moderadamente lenta/moderada > 1,5 0,90
arenosa/argilosa Pc, M
profundo (0,5 a 1,0 m) rápida/moderada
arenosa/muito argilosa
moderadamente Li-b, Li-ag, gr,
rápida/moderada muito
D (muito baixa) profundo (0,5 a 1,0 m) muito variável Li-fi, Li-ac PVp 0,75
lenta/lenta variável
ou raso (0,25 a 0,5 m) (rasos)
(1)
Média da porcentagem de argila do horizonte B (excluindo B3) sobre média da porcentagem de argila do horizonte A.
(2)
Somente com mudança textural abrupta entre os horizontes A e B.
(3)
Somente aqueles com horizonte A arenoso.

23
Quadro 4.2 Grupos de culturas e os respectivos valores do fator u.
Grupo Culturas u
1 feijão, mandioca, mamona 0,50
2 amendoim, algodão, arroz, alho, cebola, girassol, fumo 0,75
soja, batatinha, melancia, abóbora, melão, leguminosas para adubação
3 1,00
verde
milho, sorgo, cana-de-açúcar, trigo, aveia, centeio, cevada, outras
4 1,25
culturas de inverno, frutíferas de ciclo curto
5 banana, café, citros, frutíferas permanentes 1,50
6 pastagens, capineiras 1,75
7 reflorestamento, cacau, seringueira 2,00

Quadro 4.3 Grupos de preparo do solo e manejo de restos culturais e os respectivos valores
do fator m.
Manejo do Solo
Grupo Restos Culturais m
Preparo Primário Preparo Secundário
grade aradora (ou
1 pesada) ou enxada grade niveladora incorporados ou queimados 0,50
rotativa
arado de disco ou
2 grade niveladora incorporados ou queimados 0,75
aivecas
parcialmente incorporados com
3 grade leve grade niveladora 1,00
ou sem rotação de culturas
parcialmente incorporados com
4 arado escarificador grade niveladora 1,50
ou sem rotação de culturas
plantio sem revolvimento do
5 não tem solo, roçadeira, rolo-faca, superfície do terreno 2,00
herbicidas (plantio direto)

Essa equação estima o espaçamento entre terraços a partir de dados obtidos em


pesquisas sobre perdas de solo e água por erosão, considerando a erodibilidade de
classes de solo identificadas em levantamentos pedológicos, a declividade da área, a
cobertura vegetal, os sistemas de preparo do solo e o manejo de restos culturais. Embora
a quantidade de dados usados para o estabelecimento desses fatores ainda seja
considerada insuficiente, essa metodologia apresenta maior suporte técnico que as
demais.

4.2.1.2 Espaçamento horizontal


O espaçamento horizontal entre dois terraços corresponde à distância entre eles
medida na horizontal, podendo ser estimado pela equação a seguir.
 EV 
EH    100
 D 
onde:
EH = espaçamento horizontal entre terraços (m)
EV = espaçamento vertical entre terraços (m)
D = declividade do terreno (%)

24
4.2.2 Dimensões da seção transversal do canal do terraço
O primeiro passo, no dimensionamento de estruturas de controle de água, é
determinar o período de retorno (recorrência) desejado, que permitirá dimensionar o
tamanho mais econômico dessas estruturas.
Para a grande maioria dos dimensionamentos de estruturas para a conservação do
solo e da água, não é necessário considerar a maior chuva que já ocorreu naquele local.
É preferível, economicamente, correr algum risco e dimensionar para um período de
retorno menor. Somente quando vidas humanas correm risco é que se projeta para as
chuvas de maiores intensidades já registradas no local.
O período de retorno de 10 anos para estimativa da enxurrada produzida nas áreas
agrícolas é o suficiente para dimensionar a seção transversal dos terraços para suportá-la
com a segurança necessária.

4.2.2.1 Dimensionamento do canal do terraço em nível ou de absorção


A seção transversal do terraço em nível deve suportar o volume máximo de
enxurrada produzido pela área a ser drenada, permitindo seu armazenamento e infiltração.
O volume de enxurrada esperado é dado pela seguinte equação.
V=ChA
onde:
V = volume máximo de enxurrada (m3)
C = coeficiente de enxurrada (Quadro 4.4)
h = chuva diária máxima para o período de retorno definido (m)
A = área a ser drenada (m2)

Quadro 4.4 Coeficientes de enxurrada para diferentes coberturas vegetal, declives do


terreno e grupos de solos.
Solos1
Cobertura vegetal Declive do terreno
A B C D
plano (0 – 5%) 0,10 0,20 0,30 0,40
floresta ondulado (5 – 10%) 0,25 0,30 0,40 0,50
acidentado (10 – 30%) 0,30 0,40 0,50 0,60
plano (0 – 5%) 0,10 0,20 0,30 0,40
pastagem ondulado (5 – 10%) 0,15 0,30 0,40 0,55
acidentado (10 – 30%) 0,25 0,35 0,50 0,60
plano (0 – 5%) 0,30 0,40 0,50 0,60
cultivado ondulado (5 – 10%) 0,40 0,50 0,60 0,70
acidentado (10 – 30%) 0,50 0,60 0,70 0,80
1 Vide classificação técnica no Quadro 4.1.

25
O coeficiente de enxurrada (C) é a relação entre o volume de água escoado na
superfície do solo e o volume precipitado, sendo variável, principalmente, segundo o solo,
a declividade do terreno e a cobertura vegetal proporcionada pela cultura.
A Figura 4.11 mostra, para o Estado de São Paulo, as isoietas das chuvas diárias
máximas (h) para o período de retorno de 10 anos.

Figura 4.11 Isoietas de chuvas diárias (24 horas) máximas, em milímetros, para período
de retorno de 10 anos.
Fonte: Lombardi Neto & Drugowich (1994).

Para um metro linear de terraço, tem-se que:


A = EH x 1,0
onde:
A = área a ser drenada para cada metro linear de canal do terraço (m2)
EH = espaçamento horizontal entre terraços (m)

Portanto, o volume máximo de enxurrada esperado é dado pela seguinte equação.


V = C h EH
onde:
V = volume máximo de enxurrada (m3)
C = coeficiente de enxurrada (Quadro 4.4)
h = chuva diária máxima para o período de retorno definido (m)
EH = espaçamento horizontal entre terraços (m)

26
Depois de calculado o valor do volume máximo de enxurrada produzido pela área
a ser drenada, pode-se calcular a área de seção transversal do canal do terraço, de acordo
com a equação a seguir.
a = V/1,0
onde:
a = área de seção do canal do terraço para cada metro linear de canal (m2)
V = volume máximo de enxurrada por m linear de canal (m3)
1,0 = um metro linear de canal (m)
Finalmente, com o valor da área de seção do canal e considerando a largura da
base do terraço (base estreita, base média, base larga), podem-se calcular as dimensões
do canal do terraço. Considerando-se a forma geométrica trapezoidal, utiliza-se a equação
a seguir.
a = y (b + zy)
onde:
a = área de seção do canal (m2)
y = profundidade do canal (m)
b = base menor do canal (m)
z = razão de inclinação do talude do canal (Quadro 4.5)

t = b + 2zy

x x

1 y

Quadro 4.5 Razão de inclinação dos taludes (z:1) para canais abertos com profundidade
menor que 1,2 m.
Tipos de solo Razão de inclinação (z:1)
turfa vertical
muito argiloso 1/2:1
argiloso ou franco siltoso 1:1
franco arenoso 3/2:1
arenoso 2:1

Recomenda-se, para efeito de margem de segurança, que a área de seção do canal


tenha suas dimensões superestimadas na faixa de 20 a 40%.

27
4.2.2.2 Dimensionamento do canal do terraço em desnível ou de drenagem
A seção transversal do terraço em desnível deve suportar a vazão máxima de
enxurrada produzida pela área a ser drenada, que é determinada pela seguinte equação.
CIA
Q
360
onde:
Q = vazão máxima de enxurrada (m3 s-1)
C = coeficiente de enxurrada (Quadro 4.4)
I = intensidade máxima da chuva para o período de retorno definido (mm h-1)
A = área a ser drenada (ha)

Para a obtenção da intensidade máxima da chuva (I), utiliza-se a equação de


intensidade, duração e frequência da precipitação.
K Ta
I
t  bc
onde:
K, a, b, c = parâmetros relativos à localidade (software Plúvio 2.1, disponível gratuitamente
no site www.ufv.br/dea/gprh)
T = período de retorno (anos)
t = tempo de duração (min)

O tempo de duração (t) é igual ao tempo de concentração da área (tc), ou seja,


tempo em que toda a área drenada contribui com o escoamento superficial na seção de
deságue. Determina-se o tempo de concentração pela equação a seguir.
tc = 0,0195 L0,77 S-0,385
onde:
tc = tempo de concentração (min)
L = comprimento máximo percorrido pelo escoamento (m)
S = razão de inclinação (m m-1)

Como L é composto pelo espaçamento horizontal entre os terraços (EH) e o


comprimento do canal do terraço (Lc), determina-se tc pelas seguintes equações.
tc = tcEH + tcLc
tcEH = 0,0195 EH0,77 (d%/100)-0,385
tcLc = 0,0195 Lc0,77 (dc%/100)-0,385
onde: d% = declividade media da área (%) e dc% = declividade do canal do terraço em
desnível (%).

28
Depois de calculada a vazão máxima de enxurrada produzida pela área a ser
drenada (Q), pode-se calcular a área de seção transversal do canal do terraço, de acordo
com a equação a seguir.
Q
a
Vp

onde:
a = área de seção do canal do terraço (m2)
Q = vazão máxima de enxurrada (m3s-1)
Vp = velocidade permissível de escoamento no canal (m s-1) (Quadro 4.6)

Quadro 4.6 Velocidade máxima permissível (m s-1) para escoamento em canais abertos.
Com vegetação
Material Sem vegetação
Regular Boa
areia muito leve 0,30 0,75 1,50
areia solta 0,50 0,90 1,50
areia grossa 0,75 1,25 1,70
solo arenoso 0,75 1,50 2,00
solo franco argiloso 1,00 1,70 2,30
solo argiloso 1,50 1,80 2,50
cascalho grosso 1,50 1,80 -----

Finalmente, com o valor da área de seção do canal e considerando a largura da


base do terraço (base estreita, base média, base larga), podem-se calcular as dimensões
do canal do terraço. Considerando-se a forma geométrica trapezoidal, utilizam-se as
equações a seguir.
a = y (b + zy)
p = b + 2y (1 + z2)1/2
Rh = a / p
onde:
a = área de seção do canal (m2)
y = profundidade do canal (m)
b = base menor do canal (m)
z = razão de inclinação do talude do canal (Quadro 4.5)
p = perímetro molhado (m)
Rh = raio hidráulico (m)

O dimensionamento do canal do terraço em desnível está finalizado se as


dimensões do canal permitir que a velocidade de enxurrada no canal (v) não ultrapasse o
valor da velocidade permissível de escoamento no canal (Vp).

29
Para o cálculo da velocidade da enxurrada no canal utiliza-se a equação a seguir.
1
v Rh2 / 3 S1/ 2
n
onde:
v = velocidade da enxurrada no canal (m s-1)
n = coeficiente de rugosidade de Manning (Quadro 4.7)
Rh = raio hidráulico (m)
S = razão de inclinação do canal (m m-1)

Quadro 4.7 Valores do coeficiente de rugosidade (n) de Manning para canais retos e
uniformes escavados na terra.
Material Valores de n
solo arenoso 0,020
solo franco arenoso 0,020
solo franco siltoso 0,020
solo franco 0,020
solo argiloso ou solo muito argiloso 0,025
cascalho fino 0,020
cascalho grosso 0,025

Considera-se como ideal que v = Vp  0,1 Vp. Assim, se v < Vp pode-se esperar que
ocorra deposição das partículas de solo no leito do canal, enquanto que se v > Vp pode-se
esperar que ocorra erosão no leito do canal. Caso a velocidade da enxurrada no canal
determinada estiver fora da faixa ideal (v = Vp  0,1 Vp), deve-se refazer o
dimensionamento, a fim de se obter valores adequados tanto para as dimensões do canal
quanto para a velocidade da enxurrada no canal, a fim de não promover erosão no leito no
canal do terraço em desnível.

30
Capítulo 5
Tolerância de Perdas de Solo

A tolerância de perdas de solo refere-se à quantidade máxima de solo perdido,


expressa geralmente em toneladas por unidade de área por ano, mantendo ainda alto nível
de produtividade das culturas por longo período de tempo. Essa tolerância reflete a perda
máxima de solo que se pode admitir, com um grau de conservação tal que mantenha uma
produção econômica em futuro previsível com os meios técnicos atuais.
A taxa de erosão encontra-se dentro dos limites de tolerância quando não for
superior à taxa de formação e renovação dos solos, tendo em vista que o estágio de
desenvolvimento de um determinado solo representa o balanço entre a formação e a
remoção por meio das forças de pedogênese e erosão.
O conhecimento do valor esperado de perdas pode ser comparado com a tolerância
de perdas de solo para aquela área. Assim, é possível determinar as combinações de
cultivo e manejo a adotar, nas quais a previsão de perdas de solo é menor do que a
tolerância, proporcionando, portanto, uma verificação satisfatória do controle da erosão.
Os métodos de estimativa da tolerância de perdas de solo por erosão, embora
utilizem atributos que influenciam a erosão do solo e tenham uma base de sustentação
lógica e racional, são empíricos, notadamente no que se refere à definição dos fatores de
ponderação utilizados para expressar o efeito de cada variável, o que conduz a estimativas
de tolerância diferentes para um mesmo solo. Aliado a isso, ainda não há consenso entre
os pesquisadores sobre o nível de tolerância de perda de solo. Entretanto, é importante
definir a tolerância para diferentes classes de solo, mesmo que por métodos empíricos,
com o objetivo de definir um critério de monitoramento da eficácia dos sistemas de manejo
do solo na redução da erosão.
Qualquer combinação de práticas agrícolas, avaliada com a utilização da Equação
Universal de Perdas de Solo (EUPS), deve resultar em perdas de solo menores que o limite
tolerável, garantindo assim o controle satisfatório do processo de erosão.
Atualmente alguns métodos têm sido utilizados para o cálculo da tolerância de
perdas de solo por erosão (T).

31
Método proposto por Lombardi Neto & Bertoni (1975), descrito por Bertol & Almeida
(2000):
T = h r 1000-1
onde:
T = tolerância de perda de solo (mm ano-1)
h = profundidade efetiva do solo (mm), limitada a 1000 mm
r = fator que expressa o efeito da relação textural entre os horizontes B e A (Quadro 5.1)
1000 = constante que expressa o período de tempo (anos) necessário para desgastar uma
camada de solo de 1000 mm de espessura, desconsiderando a formação do solo nesse
período

Quadro 5.1 Valores do fator r, proposto por Lombardi Neto & Bertoni (1975).
Relação textural B/A * r
< 1,5 1,00
1,5 – 2,5 0,75
> 2,5 0,50
* Relação textural obtida pelo quociente entre o teor médio de argila do horizonte B
(excluindo-se o B3 ou BC) e o teor médio de argila do horizonte A.

Método proposto por Lombardi Neto & Bertoni (1975), modificado por Bertol &
Almeida (2000):
T = h ra 1000-1
onde:
T = tolerância de perda de solo (mm ano-1)
h = profundidade efetiva do solo (mm), limitada a 1000 mm
ra = fator que expressa, conjuntamente, o efeito da relação textural entre os horizontes B
e A e do teor de argila do horizonte A (Quadro 5.2)
1000 = constante que expressa o período de tempo (anos) necessário para desgastar uma
camada de solo de 1000 mm de espessura, desconsiderando a formação do solo nesse
período

Quadro 5.2 Valores do fator ra, proposto por Bertol & Almeida (2000).
Teor de argila do horizonte A (%)
Relação textural B/A *
< 20 20 – 40 > 40
< 1,5 0,8 0,9 1,0
1,5 – 2,0 0,6 0,7 0,8
> 2,0 0,4 0,5 0,6
* Relação textural obtida pelo quociente entre o teor médio de argila do horizonte B
(excluindo-se o B3 ou BC) e o teor médio de argila do horizonte A.

32
Os dois métodos apresentados expressam os valores da tolerância de perdas de
solo em mm ano-1. A conversão desses valores para t ha-1 ano-1 é realizada a partir do valor
da densidade do solo, de acordo com a equação a seguir.
T (t ha-1 ano-1) = 10 ds T (mm ano-1)
onde:
T = tolerância de perda de solo
ds = densidade do solo (g cm-3)

Embora diferentes métodos sejam propostos para o cálculo da perda tolerável de


solo, ainda não há uma definição exata, tanto no aspecto da manutenção do potencial
produtivo quanto da preservação do recurso natural solo. Portanto, novos modelos devem
incluir as taxas de formação do solo e de intemperismo de materiais de origem, em
diferentes regiões climáticas, para ampliar a base de dados de tolerância de perdas dos
solos.

33
Capítulo 6
Modelos para estimar as perdas de solo em áreas agrícolas

As estimativas das taxas de erosão do solo associadas a diferentes usos e manejos


do solo são escassas e os métodos comumente empregados nas suas determinações são
onerosos e demorados. A maioria dos estudos de erosão é proveniente de trabalhos
empíricos, baseados num conjunto de dados sobre perdas de solo e agentes controladores
do processo erosivo. O manejo agrícola efetivo, visando ao controle do processo erosivo,
requer o entendimento das interações complexas entre os processos físicos, químicos,
hidrológicos e meteorológicos.
A modelagem da erosão do solo é uma forma de descrever matematicamente o
processo de desagregação, transporte e deposição de suas partículas. Assim, a estimativa
de erosão do solo é essencial para a adoção de um programa de manejo e conservação
do solo e da água, possibilitando prever os possíveis impactos proporcionados por uma
determinada cultura ou prática agrícola antes mesmo que essa tenha sido implementada.
Portanto, consiste numa ferramenta de grande importância como suporte às tomadas de
decisão, uma vez que as alternativas de manejo são numerosas, geralmente de alto custo,
e os resultados de uma prática conservacionista podem levar anos para exercer influência
na erosão.
Em sua fase inicial, os estudos relacionados à erosão limitavam-se ao entendimento
e à descrição qualitativa dos principais fatores que afetam o processo erosivo.
Posteriormente, com o desenvolvimento das pesquisas relacionadas à erosão do solo e as
contribuições científicas por parte dos pesquisadores dessa área, foi proposto um modelo
empírico de predição da erosão denominado Universal Soil Loss Equation (USLE).
Na USLE são discriminados os efeitos dos cinco fatores que regem o processo
erosivo: erosividade da chuva, erodibilidade do solo, relevo, cobertura e manejo do solo e
práticas de controle da erosão. Entretanto, a USLE não leva em consideração, de forma
individualizada, os processos físicos envolvidos na erosão do solo, como a desagregação
e o transporte das partículas do solo.
Apesar de haver consenso entre os pesquisadores de que a USLE fornece uma
boa estimativa da erosão para um período de tempo preestabelecido, algumas críticas têm
sido feitas a esse modelo. As principais limitações da USLE são: não pode ser aplicada
para a estimativa de perdas de solo para um evento específico, não contempla o processo
de deposição de sedimentos, não estima a erosão em sulcos em fase mais avançada e
refere-se aos fatores do modelo como uma média da área em estudo, não levando em
consideração a variabilidade espacial e temporal desses fatores.

34
Em função das limitações da USLE, as pesquisas continuaram a se desenvolver
com o intuito de aprimorar as estimativas das perdas de solo por meio dessa equação.
Assim, foi proposto o modelo denominado Revised Universal Soil Loss Equation (RUSLE).
Embora a estrutura da equação seja a mesma da USLE, vários conceitos da modelagem
da erosão, baseados na descrição do processo físico, foram incorporados na RUSLE para
melhorar as predições de erosão. Além disso, devido à complexidade das equações
usadas para quantificar os fatores da equação principal, foi desenvolvido um programa
computacional para facilitar a estimativa das perdas de solo.
Assim, a implementação computacional da RUSLE possibilitou a incorporação de
conceitos de base física para determinação de alguns de seus componentes,
proporcionando, dessa forma, uma reprodução mais real do sistema. Porém, embora a
RUSLE tenha sofrido consideráveis melhorias em relação à USLE, esse modelo de
predição da erosão ainda apresenta algumas limitações: sua base empírica limita muito
sua aplicação para outras condições edafoclimáticas e por não considerar o processo de
deposição não pode ser aplicada em grandes áreas onde o processo de deposição tem
importância expressiva.
Diante das limitações dos modelos de base empírica (USLE e RUSLE), a pesquisa
tem buscado um modelo alternativo para estimar as perdas de solo com base nos
fundamentos dos processos de erosão que regem a desagregação, o transporte e a
deposição das partículas do solo. Assim, foi proposto o modelo denominado Water Erosion
Prediction Project (WEPP).
O WEPP consiste em um modelo dinâmico de simulação que incorpora conceitos
de erosão em entressulcos e em sulcos. Com sua utilização, podem-se simular os
processos que ocorrem em determinada área de acordo com o estado atual do solo,
cobertura vegetal, restos culturais e umidade do solo. Para cada dia, as características do
solo e da cobertura vegetal são atualizadas. Quando ocorre uma chuva, com base nas
características atuais do terreno, determina-se se haverá produção de escoamento
superficial. Se houver, o modelo estima a desagregação, o transporte e a deposição das
partículas do solo ao longo da encosta.
Entretanto, mesmo com diversas possibilidades, o modelo WEPP ainda apresenta
algumas limitações: o grande número de parâmetros de entrada necessário para aplicação
do modelo pode limitar a sua utilização em situações onde existem poucos dados, há a
necessidade de treinamento intensivo de pessoal para a efetiva implementação e não pode
ser aplicado para predizer a erosão em voçorocas.
Diante do exposto em relação às aplicações e limitações desses três modelos de
predição da erosão (USLE, RUSLE e WEPP), considera-se a USLE um bom instrumento
para previsão das perdas de solo por erosão. Além de ser uma equação bastante

35
conhecida e estudada, a USLE exige um número de informações relativamente pequeno,
quando comparado aos modelos mais complexos. Assim, a USLE tem sido utilizada como
um guia para os profissionais da área no planejamento dos cultivos, manejos e práticas de
conservação do solo e da água.
Conforme descrito anteriormente, a USLE é um modelo de base totalmente
empírica. Portanto, a sua adaptação para as condições do Brasil está condicionada ao
desenvolvimento de uma base de dados específica para as condições edafoclimáticas
brasileiras. Entretanto, já há no Brasil muitas informações geradas por pesquisadores
brasileiros, as quais têm permitido o uso da USLE para a predição das perdas de solo, em
distintas localidades brasileiras, com um grau de confiabilidade aceitável. Portanto, a USLE
é o modelo de predição da erosão mais utilizado no Brasil, onde é conhecido como
Equação Universal de Perdas de Solo (EUPS).

36
Capítulo 7
Equação Universal de Perdas de Solo

A Equação Universal de Perdas de Solo (EUPS) é um dos modelos de predição da


erosão mais conhecidos e utilizados. Foi desenvolvido a partir de 1950 por W. H.
Wischmeier, D. D. Smith e outros pesquisadores do Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos. Após anos de estudos e pesquisas, Wischmeier e Smith (1978)
desenvolveram o modelo para a estimativa da perda média anual de solo. Esse modelo foi
obtido a partir de observações de perda de solo em mais de 10.000 parcelas-padrão com
3,5 m de largura e 22,13 m de comprimento e 9% de declividade, distribuídas em todas as
regiões dos Estados Unidos.
A EUPS exprime a ação dos principais fatores que influenciam a erosão pela chuva,
de acordo com a equação a seguir.
A=RKLSCP
onde:
A = perda de solo média anual (t ha-1 ano-1)
R = fator de erosividade da chuva (MJ mm ha-1 h-1)
K = fator de erodibilidade do solo (t ha-1/MJ mm ha-1 h-1)
LS = fator topográfico (adimensional)
C = fator de uso e manejo do solo (adimensional)
P = fator de práticas conservacionistas (adimensional)

Cada fator foi introduzido ao modelo para representar os processos críticos que
podem afetar a perda de solo em determinada encosta. Os fatores R, K, L e S são
dependentes das condições naturais, já os fatores C e P são fatores antrópicos,
relacionados às formas de ocupação e uso dos solos.

7.1 Fator de erosividade da chuva


A erosividade da chuva é representada por um índice numérico (R) que expressa a
sua capacidade de causar erosão em uma área sem proteção.
De acordo com diversas pesquisas, o índice que melhor expressa o potencial da
chuva em causar erosão, considerando-se as fases de impacto das gotas da chuva, a
desagregação do solo, a turbulência do escoamento e o transporte das partículas de solo,
é o EI30. Esse índice é o produto de duas características físicas das chuvas, energia cinética
da chuva (E) e intensidade máxima ocorrida em qualquer período de 30 minutos
consecutivos (I30). A energia cinética da chuva (E) representa a sua capacidade de

37
desagregação do solo, enquanto a máxima intensidade da chuva num intervalo de 30
minutos (I30) representa a sua capacidade de transporte das partículas desagregadas.
Para se obter o valor da energia cinética da chuva (E), expressa em MJ ha-1,
multiplica-se a energia cinética da chuva (Ec) para cada milímetro precipitado pela
respectiva precipitação (P), de acordo com a equação a seguir.
E = Ec P
onde:
E = energia cinética da chuva (MJ ha-1)
Ec = energia cinética associada à chuva que incide sobre uma área (MJ ha-1 mm-1)
P = precipitação (mm)

A energia cinética associada à chuva que incide sobre uma área (Ec), expressa em
MJ ha-1 mm-1, é obtida pela equação a seguir.
Ec  0,119  0,0873 log I
onde:
I = intensidade da chuva (mm h-1)

Considerando que o diâmetro das gotas não continua a aumentar quando a


intensidade da chuva excede 76 mm h-1, esse valor é o limite superior do campo de
definição da variável I. A partir dessa condição, a energia cinética da chuva passa a ter um
valor constante e igual a 0,283 MJ ha-1 mm-1.
Para se obter o valor da intensidade máxima da chuva ocorrida em qualquer período
de 30 minutos consecutivos (I30), utilizam-se os diagramas de pluviógrafos.
Uma vez determinado os valores de E e I30, o índice de erosão associado a essa
chuva pode ser calculado pela equação a seguir.
EI30 = E I30
onde:
EI30 = índice de erosão (MJ ha-1 multiplicado por mm h-1)
E = energia cinética da chuva (MJ ha-1)
I30 = intensidade máxima média de precipitação em 30 minutos (mm h-1)

38
A erosividade da chuva ou potencial erosivo de uma região é calculada como o
somatório dos valores anuais de EI30 dividido pelo número total de anos em que os valores
foram coletados, conforme a equação abaixo.
1 n
R  EiI30i
N i 1

onde:
R = fator de erosividade da chuva (MJ mm ha-1 h-1)
N = número de anos computados
n = número de chuvas erosivas nos N anos computados
E = energia cinética da chuva (MJ ha-1)
I30 = máxima intensidade da chuva num intervalo de 30 minutos (mm h-1)

Consideram-se chuvas erosivas aquelas maiores do que 10 mm, ou menores que


proporcionem apreciável perda de solo.
Para calcular a erosividade da chuva para um local, é recomendado que seja
estimado o valor médio do índice de erosão para um período em torno de 20 anos.

7.2 Fator de erodibilidade do solo


A erodibilidade do solo expressa a susceptibilidade do solo à erosão hídrica, sendo
dependente, entre outros fatores, dos atributos mineralógicos, químicos, morfológicos e
físicos do solo. O fator K é um valor quantitativo determinado experimentalmente em
parcelas de perdas de solo padronizadas. Essa parcela experimental, denominada parcela
unitária padrão, possui 22,13 m de comprimento (L = 22,13 m) e declividade uniforme de
9% (S = 9%), o solo é preparado de forma convencional (uma aração e duas gradagens),
morro abaixo e mantido descoberto, de maneira que os fatores LS, C e P sejam iguais a 1.
Portanto, o fator K é expresso como a perda de solo (A) por unidade de índice de erosão
da chuva (R). No caso da determinação do fator K no campo em parcelas não unitárias, ou
seja, com os valores do comprimento e da declividade diferentes de, 22,13 m e 9%,
respectivamente, o valor LS deve ser calculado. Portanto, nesse caso, o fator K é calculado
como A/RLS.
O fator K pode ser determinado utilizando-se chuva natural ou artificial (simulada).
Para o cálculo da erodibilidade (K) utilizando-se chuva natural, recomenda-se a coleta de
dados referentes aos valores de perdas de solo (A), ocasionadas pelas chuvas erosivas
(R) num período de 25 a 30 anos.
Para a determinação do fator K, no caso da chuva artificial ou simulada, instalam-
se as parcelas experimentais, com 11,0 m de comprimento (no sentido do declive) e 3,5 m

39
de largura, numa área mantida descoberta (C = 1) e preparada morro abaixo (P = 1). Em
seguida, inicia-se a aplicação da chuva artificial, com a utilização do simulador de hastes
rotativas, de acordo com o procedimento recomendado a seguir:
- realiza-se a 1ª chuva artificial com intensidade constante de 60 mm h-1, durante
60 minutos;
- 24 horas após a 1ª chuva, realiza-se a 2ª chuva artificial com intensidade constante
de 60 mm h-1, durante 30 minutos;
- 15 minutos após a 2ª chuva, realiza-se a 3ª chuva artificial com intensidade
constante de 120 mm h-1, durante 18 minutos.
Durante a ocorrência das chuvas artificiais, coletam-se amostras da enxurrada para
a quantificação das perdas de solo e água por erosão.
Deve-se ressaltar que a chuva artificial não reproduz fielmente a distribuição de
tamanhos de gotas de uma chuva natural de mesma intensidade e duração. Considera-se
que a energia cinética de uma chuva artificial é 78% menor do que a energia cinética de
uma chuva natural de mesmas características. Por isso, para o cálculo da energia cinética
da chuva artificial, utiliza-se o fator de correção (0,78), conforme a seguinte equação.
Ec  0,78 0,119  0,0873 logI
onde:
Ec = energia cinética para cada mm de chuva artificial (MJ ha-1 mm-1)
I = intensidade da chuva (mm h-1)

Em termos da utilização da EUPS, a erodibilidade do solo constitui o fator de maior


custo e morosidade para determinação, notadamente no Brasil, diante da extensão
territorial e da diversidade edáfica. Os métodos diretos, por meio da instalação de parcelas
de perdas de solo no campo, sob chuva natural ou simulada, apesar de mais precisos,
envolvem altos custos, além de demandar vários anos de coleta de dados. Assim, no Brasil,
vários pesquisadores têm desenvolvido modelos visando à estimativa da erodibilidade de
maneira indireta, com menores custos e maior rapidez e praticidade, por meio de
correlações entre atributos do solo, obtidos no campo ou no laboratório. Contudo, a
validação desses métodos indiretos depende de comparações entre os resultados obtidos
por equações estimadoras com aqueles obtidos em parcelas experimentais no campo sob
chuva natural ou simulada (métodos diretos).
Alguns métodos indiretos, que utilizam atributos físicos e químicos do solo, têm sido
avaliados por pesquisadores brasileiros. Porém, ainda não há consenso entre os
pesquisadores quanto ao método indireto que não proporcione erros em sua estimativa,
sub ou superestimando os valores observados do fator K (métodos diretos). Entretanto, os
métodos indiretos propostos por Denardin (1990) têm sido os mais utilizados no Brasil,

40
devido à facilidade de determinação dos parâmetros do solo, por meio de análises
laboratoriais. As duas equações, propostas por Denardin (1990) para a determinação do
fator K estão apresentadas a seguir.
K = 0,006084 P + 8,34286 x 10-4 MO – 1,1616 x 10-4 Al – 3,776 x 10-5 PART
onde:
K = fator de erodibilidade do solo (t h MJ-1 mm-1)
P = código referente à permeabilidade (adimensional) (Quadro 7.1)
MO = teor de matéria orgânica (g kg-1)
Al = teor de Al2O3 da fração TFSA extraído pelo ataque sulfúrico (g kg-1)
PART = partículas com diâmetro entre 0,5 e 2,0 mm (g kg-1)

K = 7,48 x 10-8 M + 0,00448059 P – 0,0631175 DMP + 1,039657 x 10-6 PROD


onde:
K = fator de erodibilidade do solo (t h MJ-1 mm-1)
M = soma dos teores de silte (g kg-1) e areia muito fina (g kg-1) multiplicados por 1000
menos o teor de argila (g kg-1)
P = código referente à permeabilidade (adimensional) (Quadro 7.1)
DMP = diâmetro médio ponderado da fração menor que 2,0 mm (mm)
PROD = produto do teor de matéria orgânica (g kg-1) pela quantidade de partículas de
diâmetro entre 0,1 e 2,0 mm (g kg-1)

Quadro 7.1 Valores do código referente à permeabilidade do solo (P).


Permeabilidade Código P
rápida 1
moderada – rápida 2
moderada 3
lenta – moderada 4
lenta 5
muito lenta 6

7.3 Fator topográfico


A intensidade da erosão hídrica é afetada tanto pela distância ao longo da qual se
processa o escoamento superficial (fator L) quanto pela declividade do terreno (fator S).
Na prática, esses dois efeitos são considerados na EUPS por meio de um termo designado
fator topográfico (LS), o qual representa a relação entre as perdas de solo em uma área
com um declive e comprimento de encosta quaisquer e as perdas que ocorrem em uma
parcela unitária padrão, com 22,13 m de comprimento e 9% de declividade.

41
O fator topográfico pode ser estimado pela equação a seguir.
m
 L 
LS    65,41sen   4,56 sen  0,065
2

 22,13 
onde:
LS = fator de comprimento e declividade de encosta (adimensional)
L = comprimento da encosta (m)
m = parâmetro de ajuste que varia em razão da declividade da encosta (Quadro 7.2)
 = ângulo de inclinação da encosta (graus)

Para o cálculo do ângulo de inclinação da encosta, utilizam-se as equações a


seguir.
d% = (EV/EH) x 100
d% = tg  x 100
tg  = d%/100
 = arctg (d%/100)
onde:
d% = declividade da encosta (%)
EV = espaçamento vertical entre terraços (m)
EH = espaçamento horizontal entre terraços (m)
tg  = tangente do ângulo 
arctg = arco tangente do ângulo 

Quadro 7.2 Valores do expoente m em função da declividade da encosta.


Declividade (%) m
d1 0,2
1d3 0,3
3<d<5 0,4
d5 0,5

O efeito do comprimento e do grau de declive assim estabelecido pressupõe


declives essencialmente uniformes (plano inclinado), isto é, não considera se eles são
côncavos ou convexos. Contudo, o uso do gradiente médio para um comprimento da
encosta pode subestimar as perdas de solo em declives convexos e superestimar as
perdas de solo em declives côncavos.
Na natureza, as encostas nem sempre têm declives uniformes, pelo contrário, o
mais comum são as conformações côncavas ou convexas. Portanto, para a determinação
do fator topográfico (LS) para encostas côncavas ou convexas devem-se, inicialmente,
dividir essas encostas em segmentos iguais e uniformes, posteriormente, calcular os

42
valores do LS para cada segmento (LSi) e da fração de perda de solo correspondente ao
referido segmento (fi), para finalmente, calcular o LS.
A fração de perda de solo para cada segmento é calculada pela seguinte equação.

im  1  i  1
m 1
fi 
Nm  1
onde:
fi = fração de perda de solo do segmento i
i = número do segmento
m = expoente em função da declividade da encosta do segmento i (Quadro 7.2)
N = número total de segmentos de mesmo comprimento no qual a encosta foi dividida

A fração de perda de solo considera o posicionamento na encosta de cada um dos


seus segmentos (i), proporcionando uma correção para o valor de LSi obtido como se esse
segmento da encosta fosse um plano inclinado com comprimento igual ao da encosta e
declividade igual a do referido segmento (i).
Portanto, calcula-se o fator topográfico (LS) para as diferentes conformações da
seguinte maneira:

côncava plano inclinado convexa

d1 d2 d3 d4 d d1 d2 d3 d4
L1 = L2 = L3 = L4 L1 = L2 = L3 = L4
L L L
n n

 LS i x fi  LS i x fi
LS 
i 1 LS = (L/22,13)m (65,41 sen2 LS 
i 1
n n
+ 4,56 sen + 0,065)
f
i 1
f
i 1

7.4 Fator de uso e manejo do solo


As perdas de solo que ocorrem em áreas cultivadas são menores que aquelas
observadas em áreas mantidas continuamente descobertas, devido à proteção que a
cultura oferece ao solo. Essa redução na perda de solo depende das combinações de
cobertura vegetal, práticas de manejo, sequência de culturas e do estádio de crescimento
e desenvolvimento da cultura durante o período das chuvas.

43
O fator uso e manejo do solo (C) é a relação esperada entre as perdas de solo de
uma área cultivada em dadas condições e as perdas correspondentes de um terreno
mantido continuamente descoberto.
Os efeitos das variáveis uso e manejo não podem ser avaliados
independentemente, devido às diversas interações que ocorrem entre eles. Assim, uma
cultura pode ser plantada continuamente em um mesmo local ou então em rotação com
outras culturas. Seus restos vegetais podem ser removidos, deixados na superfície,
incorporados próximos à superfície ou totalmente enterrados com o preparo do solo. O
preparo do solo pode deixar a superfície do terreno bastante irregular ou lisa. Portanto,
diferentes combinações dessas variáveis certamente apresentam diferentes efeitos nas
perdas de solo.
A efetividade do manejo dos restos culturais dependerá da quantidade de resíduos
existente, que, por sua vez, é função da chuva, fertilidade do solo e manejo da cultura.
A proteção da cobertura vegetal não só depende do tipo de vegetação, da
população de plantas e do seu desenvolvimento como, também, varia grandemente nos
diferentes meses ou estações do ano. A eficácia de reduzir a erosão, portanto, depende
da quantidade de chuvas erosivas que ocorrem durante esse período, quando a cultura e
as práticas de manejo apresentam uma proteção mínima.
O fator C mede o efeito combinado de todas as relações das variáveis de cobertura
e manejo anteriormente citadas. A proteção oferecida pela cobertura vegetal, durante o
seu ciclo vegetativo, é gradual. Para fins práticos, divide-se o ano agrícola em cinco
períodos ou estádios da cultura, definidos de tal modo que os efeitos de cobertura e manejo
possam ser considerados aproximadamente uniformes dentro de cada período, conforme
descrito a seguir:
- período D (preparo do solo): desde o preparo até o plantio;
- período 1 (plantio): do final do período D até um mês após o plantio;
- período 2 (estabelecimento): do final do período 1 até dois meses após o plantio;
- período 3 (crescimento e maturação): do final do período 2 até a colheita;
- período 4 (resíduo): do final do período 3 até o próximo preparo do solo.
Para a determinação do fator C, as intensidades de perdas de solo de cada período
são combinadas com dados relativos à chuva, isto é, em relação à porcentagem de
distribuição do índice de erosão (EI) anual para determinado local (Figura 7.1 e Quadro
7.3).

44
Figura 7.1 Áreas do Estado de São Paulo cuja distribuição do potencial de erosão das
chuvas é uniforme.
Fonte: Bertoni & Lombardi Neto (2005).

Quadro 7.3 Porcentagem do valor médio anual do índice de erosão que ocorre entre 01 de
julho e as datas indicadas para as áreas geográficas mostradas na Figura 7.1.
Área 01/07 01/08 01/09 01/10 01/11 01/12 01/01 01/02 01/03 01/04 01/05 01/06 01/07
1 0 2 3 5 19 30 47 66 82 88 92 97 100
2 0 1 2 4 15 23 42 64 82 92 94 98 100
3 0 1 1 2 10 18 39 62 84 95 97 99 100
4 0 0 0 1 9 21 44 66 84 95 98 99 100
5 0 1 2 3 13 21 45 68 86 95 97 99 100
6 0 1 2 4 12 21 42 65 84 95 97 99 100
7 0 1 2 4 14 24 44 65 83 94 97 99 100
8 0 0 1 4 12 22 42 63 81 95 98 99 100
9 0 2 3 6 17 25 44 65 82 93 96 98 100
10 0 2 5 9 22 30 45 63 78 88 92 96 100
11 0 1 2 5 13 22 38 61 81 94 97 99 100
12 0 2 4 7 18 24 38 59 77 90 95 98 100
13 0 2 4 9 18 27 44 59 74 88 95 99 100
14 0 2 4 7 15 21 31 47 65 81 92 98 100

O Quadro 7.4 apresenta a relação entre as perdas de solo de áreas cultivadas e as


perdas de solo em áreas descobertas para cada estádio da cultura sob diferentes sistemas
de uso e manejo.

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Quadro 7.4 Razão de perdas de solo (rp) entre área cultivada e área continuamente
descoberta.
Cobertura – sequência – manejo rp por estádio da cultura (%)
D 1 2 3 4
milho – contínuo – palha queimada 37 30 21 6 1
milho – contínuo – palha enterrada 23 19 17 4 2
milho – contínuo – palha superfície --- 5 2 1 1
algodão – contínuo – convencional 40 60 40 50 20
soja – contínuo – convencional 35 30 20 20 5
pasto (1º ano) – rotação --- --- 40 --- ---
pasto (2º ano) – rotação --- --- 0,4 --- ---
milho – rotação – após pasto 10 11 8 4 1
milho – rotação – plantio direto após pasto --- 8 5 3 1
soja – rotação após milho 15 12 20 4 3
soja – rotação plantio direto após milho --- 8 10 4 3
algodão – rotação após soja 20 20 30 15 13
cana-de-açúcar (1º ano) – convencional --- --- 15 --- ---
cana-de-açúcar (2º ano) --- --- 0,15 --- ---

O cálculo do fator C para um sistema de manejo específico é uma média ponderada


das razões de perdas de solo que ocorrem em um ano agrícola e pode ser obtido a partir
da equação a seguir.
n

 %EI rp 
i 1
i i

C n

 %EI
i 1
i

onde:
C = fator de uso e manejo do solo (adimensional)
n = número de estádios da cultura
i = estádio específico
EI = porcentagem de distribuição do índice de erosão para o estádio específico
rp = razão de perda de solo no estádio específico

Para a determinação do fator C, utiliza-se a sequência de cálculos apresentada a


seguir:
Data Estádio %EI anual EI período rp EI x rp
01/mm D
01/mm 1 diferença entre
valores no produto das duas
01/mm 2 valores no valores sucessivos
quadro 7.4 colunas anteriores
01/mm 3 quadro 7.3 da coluna anterior
01/mm 4
01/mm D ----- ----- -----
 %EI  %EI rp

46
7.5 Fator de práticas conservacionistas
O fator P é a relação entre a intensidade esperada de perdas de solo com
determinada prática conservacionista e aquelas que ocorrem quando a cultura está
plantada no sentido do declive (morro abaixo). Os valores de P para algumas práticas
conservacionistas de proteção do solo contra a erosão estão apresentados no Quadro 7.5.
Para áreas terraceadas, o valor de P deve ser igual aquele para o plantio em contorno.

Quadro 7.5 Valor de P para algumas práticas conservacionistas.


Práticas Conservacionistas Valor de P
plantio morro abaixo 1,0
plantio em contorno 0,5
plantio em contorno + alternância de capinas 0,4
cordões de vegetação permanente 0,2

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Referências Bibliográficas
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